Programa de Curso Antropologia Política PPGAS-MN 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ANTROPOLOGIA SOCIAL

Disciplina: Antropologia Política (ANT007).


Professor: Carlos Guilherme do Valle.
Período: 2019.
Créditos: 04. Horas-aula: 60.
4ª feira, 8:55-12:30 hs.

Ementa: O problema do poder na Antropologia: definições e abordagens. Modalidades


de sistemas políticos. Estruturas de poder e formas de diferenciação social. Parentesco e
poder. Simbolismo, ritualização e poder. Ideologia e cultura. Estado, poder e
administração. Dinâmica do faccionalismo e do conflito social. Mudança social e
política.

Objetivos: Esse curso tem como meta propiciar uma reflexão sistemática e crítica sobre
os fenômenos do poder, da dominação e da ação política, orientando-se, porém, por uma
abordagem preocupada de modo mais saliente pelas relações, intercessões e impasses
entre Estado, políticas públicas/administração pública e movimentos/ativismos sociais.
Pretende, assim, estabelecer aportes teóricos e instrumentos analíticos que contribuam
para a reflexão da antropologia política a partir de um foco bem específico. Contudo, o
curso não será exaustivo, mas buscará considerar as principais discussões teóricas,
eventualmente balizadas por estudos etnográficos. Não será tampouco um curso cuja
continuidade seja cronológica, ainda que seu desdobramento possibilite certos traços de
articulação entre perspectivas e correntes teóricas que se apresentaram historicamente
na Antropologia (conforme as outras disciplinas oferecidas no semestre pelo PPGAS).

Haverá igualmente preocupação de entender como os estudos das dinâmicas políticas


repercutem nas considerações metodológicas em Antropologia. Esse ponto tem especial
relevância na medida que metodologia e teoria estão profundamente associados nas
pesquisas etnográficas. Igualmente, um conjunto amplo de categorias, conceituações,
noções e instrumentos analíticos será colocado em discussão. O curso privilegiará a
leitura de textos teóricos e trabalhos etnográficos, alguns “clássicos” e outros
contemporâneos, oferecendo formas variadas de descrição antropológica. Deve-se
atentar que o programa poderá ser alterado de acordo com as possibilidades do docente
e os interesses dos participantes, o que se definirá a partir da realidade dos que vierem a
cursá-lo.

Será essencial tanto a leitura regular dos textos antes das aulas bem como sua discussão
nas sessões do curso. Espera-se o conhecimento instrumental de língua estrangeira,
(especialmente inglês). Bibliografia complementar poderá ser oferecida aos alunos
interessados. O registro das discussões em sala de aula por meio de anotação será
também sempre útil. Pretendo disponibilizar a bibliografia do curso por meio do SIGAA
(arquivos pdf), embora eventualmente textos em xerox possam ser disponibilizados.
A avaliação será feita por meio de trabalho final - questões elaboradas pelo docente,
apoiando-se na literatura discutida, a ser entregue depois do término das aulas,
considerando os prazos estabelecidos pelo PPGAS.

Programa:

Aula 1 – Apresentação do curso e do programa. Dia 13/março.


KUSCHNIR, Karina. “Antropologia e política”. RBCS, Vol. 22, n. 64. 2007.
SOARES, Luiz E. “Antropologia e ciência política: memória, etnografia e definição do
ator social”. Anuário Antropológico, 94, Brasília; UnB, 1995.
TEIXEIRA, Carla C.; SOUZA LIMA, Antonio C. de. “A antropologia da administração
e da governança no Brasil: área temática ou ponto de dispersão”. In: DUARTE, Luiz F.
Dias (org.). Horizontes das Ciências Sociais no Brasil: Antropologia. São Paulo:
ANPOCS, 2010.
VINCENT, Joan. “Political Anthropology”. In: Barnard, Alan; Spencer, Jonathan.
(orgs.). Encyclopedia of Social and Cultural Anthropology. Londres: Routledge, 1996.
pgs. 644-653.

Aula 2: Max Weber.


WEBER, Max. “Os Tipos de Dominação”. Em: Economia e Sociedade. Vol. 1. Brasília:
Editora da UNB. 2000 [1915-1921].
WEBER, Max. 1974 - "Burocracia"; "O significado da disciplina"; In: ___. Ensaios de
sociologia. 3a ed.. Rio de Janeiro: Zahar Editores, pp. 97-153; 229-282; 292- 308.

Aula 3: Georg Simmel.


SIMMEL, Georg. “O Conflito como sociação”. Revista Brasileira de Sociologia da
Emoção, 10 (30), 2011.
SIMMEL, Georg. “Conflict”. In: Anthony J. Blasi et al (eds) ___ Sociology. Inquiries
into the construction of social forms. Leiden/Boston: Brill. 2009.
SIMMEL, Georg. “A Tríade”. In: Maria Cláudia Pereira Coelho (org.). Estudos sobre
interação. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2013.
____ . “A sociologia do segredo e das sociedades secretas”. Revista de Ciências
Humanas. Vol. 43, n. 1, 2009, pg. 219-242.

Aula 4: Aportes complementares.


EVANS-PRITCHARD, E.E. “Antropología e Historia”. In: ____ . Ensayos de
Antropologia Social. Madrid: Siglo XXI de España Editores, S.A. 1974.
BENSA, Alban. “Da micro-história a uma antropologia crítica”. In: REVEL, Jacques
(org). Jogos de escalas: a experiência da microanálise. Rio de Janeiro: Editora FGV,
1998.
LIMA, Antonio Carlos de Souza; VIANNA, Adriana R. B. “História, Antropologia e
Relações de poder – algumas considerações em torno de saberes e fazeres sobre o
social”. In: Jurandir Malerba (org.). A velha história: teoria, método e historiografia.
Campinas: Papirus. 1996.
ELIAS, Norbert. “Processos de formação de Estados e construção de nações”. Escritos
& Ensaios, 1. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2002.
Aula 5 - Sistemas Políticos numa ótica tradicional.

RADCLIFFE-BROWN, Alfred. R. “Prefácio”. Em: Em: FORTES, Meyer & EVANS-


PRITCHARD, E.E., eds. Sistemas Políticos Africanos. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian. 1981.
FORTES, Meyer & EVANS-PRITCHARD, E. E. “Introdução”. Em: ___. eds. Sistemas
Políticos Africanos. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. 1981.
EVANS-PRITCHARD, E.E. “O sistema político”. In: ___ Os Nuer. São Paulo:
Perspectiva, 1978.

Complementar:
BALANDIER, Georges. “Parentesco e poder”. In: _____ Antropologia Política. Lisboa:
Editorial Presença, 1980.

Aula 6 – Sistemas políticos II: variação e pluralidade.


LEACH, Edmund R. Sistemas Políticos da Alta Birmânia. São Paulo: Edusp, 1995. Ler
as seguintes partes: “Prefácio”, nota introdutória e suplementar; introdução; Capítulos 6
e 7 (“Gumlao e Gumsa” e “Gumsa e Chan”) e “Conclusão”.

Aula 7 – Processos e Dinâmicas Políticas:


VAN VELSEN, Jan. “A análise situacional e o método de estudo de caso detalhado”.
In: Feldman-Bianco, Bela (org.). Antropologia das Sociedades Contemporâneas. São
Paulo: Global. 1987. [1958]
BALANDIER, Georges. “A noção de situação colonial”. Cadernos de Campo, n.3,
USP, 1993.
OLIVEIRA Filho, João Pacheco de. “Os obstáculos ao estudo do contato”. In: ____ .
“O nosso governo”: os Tikuna e o regime tutelar. São Paulo: Marco Zero, Brasilia:
MCT/CNPq, 1988.

Aula 8 –Patronagem, mediações e intermediações:


WOLF, Eric. “Parentesco, amizade e relações patrono-cliente em sociedades
complexas”. Em: Bela Feldman-Bianco e Gustavo Lins Ribeiro (org). Antropologia e
Poder: contribuições de Eric R. Wolf. São Paulo/Brasília: EdUNB, Imprensa Oficial do
Estado de São Paulo/Editora UNICAMP. 2003.
BOISSEVAIN, Jeremy. “Apresentando ‘amigos de amigos: redes sociais,
manipuladores e coalizões”. Em: Feldman-Bianco, Bela (org.). Antropologia das
Sociedades Contemporâneas. São Paulo: Global. 1987. [1974].
VALLE, Carlos Guilherme do. “Apresentação: Etnicidade e mediação como política e
cultura”. In: ____ (org.) Etnicidade e mediação. São Paulo: Annablume, 2016.

Aula 9 - Poder, Simbolismo e Ritual:


PEIRANO, Mariza. “Prefácio” e “A análise antropológica de rituais”. In: ____ (org.). O
dito e o feito: ensaios de antropologia dos rituais. Rio de Janeiro: Relume Dumará.
COHEN, Abner. “Relações de poder e comportamento simbólico” e “A dialética da
interdependência simbólico-política”. Em: ___ . 1978. Homem bidimensional. Rio de
Janeiro: Zahar Editores.
GLUCKMAN, Max. “Rituais de rebelião no sudeste da África”. Série Tradução.
Volume 1. Brasília: DAN/UnB.
GEERTZ, Clifford. “Centros, reis e carisma: reflexões sobre o simbolismo do poder”.
In: O Saber Local. Petrópolis: Editora Vozes.1999 [1983].
Aula 10 – Ideologia, crença e performatividade da linguagem (política):
GEERTZ, Clifford. “A ideologia como sistema cultural”. A Interpretação das Culturas.
Rio de Janeiro: Zahar Editores. 1978.
BOURDIEU, Pierre. “Sobre o poder simbólico”. Em: ____ . O poder simbólico.
Lisboa/Rio de Janeiro: DIFEL/Bertrand Brasil.
KLEMPERER, Victor. A linguagem do terceiro Reich. Rio de Janeiro: Contraponto,
2009. (capítulo a definir).
DARNTON, Robert. “O beijo de Lamourette”. In: ____ O Beijo de Lamourette: mídia,
cultura e revolução. São Paulo: Companhia das Letras. 1990.
PINHEIRO-MACHADO, Rosana; SCALCO, Lucia. “Da esperança ao ódio: juventude,
política e pobreza do lulismo ao bolsonarismo. Cadernos IHUideias. Ano 16, n. 278,
2018.

Aula 11 – Mobilização política e os movimentos sociais:


CARDOSO, Ruth. “Movimentos sociais urbanos: balanço crítico”; “Movimentos
sociais na América Latina”. In: ____ Ruth Cardoso. Obra reunida. São Paulo:
Mameluco, 2011.
ALONSO, Angela. “As teorias dos movimentos sociais: um balanço do debate”. Lua
Nova. 76. São Paulo, 2009.
GOHN, Maria da Glória. “Abordagens teóricas no estudo dos movimentos sociais na
América Latina”. Caderno CRH, vol. 21, n.54. Salvador, 2008.
JASPER, James M. “Las emociones y los movimientos sociales: veinte años de teoria y
investigatión”. Revista Latinoamericana de estúdios sobre cuerpos, emociones y
sociedad. N. 10, 2012/2013. Argentina.
GAMSON, Joshua Gamson. “Must identity movements self destruct? A queer
dilemma”. Social Problems, vol. 42, n. 3, 1995.

Aula 12 – Foucault & Anthropology:


FOUCAULT, Michel. “Genealogia e Poder”; “Soberania e Disciplina”; “A
governamentalidade”. Em: Microfísica do Poder. Rio de Janeiro: Graal. 1979.
ABÉLÈS, Marc. “Foucault and political anthropology”. ISSJ 191. UNESCO, 2009.

Aula 13 – Estado e políticas públicas:


NADER, Laura. “Up the anthropologist: perspectives gained from studying up”. In:
Dell H. Hymes (ed.). Reinventing Anthropology. Nova Iorque: Pantheon Books, 1972.
ABRAHMS, Philip. “Notes on the difficulty of studying the State”. Journal of
Historical Sociology. Vol. 1, n.1, 1988.
MITCHELL, Timothy. “Society, economy and the State effect”. In: Steinmetz, George
(ed.). State/Culture: State formation after the cultural turn. Ithaca: Cornell University
Press, 1999.
SHORE, Cris e WRIGHT, Susan. “Policy: a new field of anthropology”. Em: ___ .
Anthropology of Policy: critical perspectives on governance and power. Londres:
Routledge. 1997.

Aula 14 - Estado-Nação, poder tutelar & administração pública:


SOUZA LIMA, Antonio Carlos. Um Grande Cerco de Paz: poder tutelar, indianidade
e formação do Estado no Brasil. Petrópolis: Vozes. 1995. (Capitulos especificos).
SOUZA LIMA, Antonio C. de. “Sobre gestar e gerir a desigualdade: pontos de
investigação e diálogo”. Em: Gestar e gerir: estudos para uma antropologia da
administração pública no Brasil. Rio de Janeiro: Relume Dumará. 2002.
SOUZA LIMA, Antonio C. de. “Dossiê Fazendo Estado”. Revista de Antropologia, v.
55, n.2, 2012.
SOUZA LIMA, Antonio C. de; CASTRO, João Paulo M e. “Notas para uma abordagem
antropológica das políticas públicas”. Anthropológicas. 26 (2). 2015.
CASTILHO, Sérgio; SOUZA LIMA, Antonio Carlos de; TEIXEIRA, Carla C.
“Etnografando burocratas, elites e corporações: a pesquisa entre estratos
hierarquicamente superiores em sociedades contemporâneas”. In: ____ . Antropologia
das práticas de poder, reflexões etnográficas entre burocratas, elites e corporações. Rio
de Janeiro: Contra Capa, 2014.

Aula 15: Às margens do Estado: políticas da vida e necropolítica.


DAS, Veena: POOLE, Deborah. “El Estado y suas margenes. Etnografias comparadas”.
Cuadernos de Antropologia Social. N. 27, 2008.
MBEMBE, Achille. “Necropolítica”. Arte & Ensaios. Revista do PPGAV/EBA/UFRJ,
n. 32, 2016.
FASSIN, Didier. “Compaixão e repressão: a economia moral das políticas de imigração
na França”. Ponto Urbe, 15, 2014.
ARETXAGA, Begona. “A fictional reality: paramilitary death squads and the
construction of State Terror in Spain”. In: Sluka, Jeffrey A. (ed.). Death squad: the
Anthropology of State Terror. Philadelphia: University of Pennsylvania Press. 2000.,

Bibliografia complementar:
ABELES, Marc. “State”. In: Barnard, Alan; Spencer, Jonathan. (orgs.). Encyclopedia of
Social and Cultural Anthropology. Londres: Routledge, 1996. pgs. 644-653.
ANDERSON, Benedict. Imagined Communities. Londres: Verso. 1991. Prefácio,
Introdução e Capítulos 2,3,4, 11.
AUSTIN, John. L. Cómo hacer cosas con palabras. Buenos Aires: Paidós, 2006.
BARNES, John A. “Redes sociais e processo político”. In: Feldman-Bianco, Bela
(org.). Antropologia das Sociedades Contemporâneas. São Paulo: Global. 1987.
BARTH, Fredrik. Political Leadership among Swat Pathans. Londres: The Athlone
Press. [1968] 1959.
BARTH, Fredrik. “Metodologias comparativas na análise dos dados antropológicos”.
In: ___ ; LASK, Tomke (org.). O guru, o iniciador e outras variações antropológicas.
Rio de Janeiro. Contra Capa, 2000.
BEZERRRA, Marcos Otávio. Em nome das “Bases”: política, favor e dependência
pessoal. Rio de Janeiro: Relume Dumará. 1999.
BHABHA, Homi K. “DissemiNação: o tempo, a narrativa e as margens da nação
moderna”. Em: O Local da Cultura. Belo Horizonte: Editora UFMG. 2003.
BOISSEVAIN, Jeremy. “Patronage in Sicily”. Man, 1 (1). 1966.
BOURDIEU, Pierre. “Structures, Habitus, Power: basis for a theory of symbolic
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GRIMES, Ronald. Symbol and Conquest: Public Ritual and Drama in Santa Fe, New
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HERZFELD, Michael. Intimidade cultural. Poética social no Estado-Nação. Lisboa.
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HERZFELD, Michael. A produção social da indiferença. Explorando as raízes
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OLIVEIRA Fº, João Pacheco de. “Os Caxixós do Capão do Zezinho: uma comunidade
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