Acupuntura E Medicina Tradicional Japonesa: KANGENDÔ - Escola Brasileira de Terapias Japonesas

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ACUPUNTURA E MEDICINA

TRADICIONAL JAPONESA
SENSEI VALÉRIO LIMA

CURSO DE EXTENSÃO E PÓS-GRADUAÇÃO EM ACUPUNTURA JAPONESA

KANGENDÔ - Escola Brasileira de Terapias Japonesas

Conteúdo licenciado para Tatiane de Freitas - [email protected]


FICHA TÉCNICA
DIRETOR/FUNDADOR:
Sensei Valério Lima

PROFESSOR CONTEUDISTA:
Prof. Sensei Valério Lima

5ª EDIÇÃO – 2021

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SUMÁRIO
• OS CLÁSSICOS PRINCIPAIS DA ACUPUNTURA NEIJING E NANJING - 4
• HISTÓRIA E DESENVOLVIMENTO DA ACUPUNTURA NO JAPÃO - 5
• IMPORTAÇÃO DA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA E SEU DESENVOLVIMENTO NO JAPÃO – 7
• A FORMALIZAÇÃO DA MEDICINA TRADICIONAL JAPONESA - 9
• IKIGAI E KAIZEN - 11
• DOJÔ - 14
• KATA - 16
• WAZA - 17
• KIHON - 18
• WA - 19
• CARACTÉRISTICAS E DIFERENÇAS ENTRE A ACUPUNTURA JAPONESA E A CHINESA - 22
• OS PRINCIPAIS ESTILOS DA ACUPUNTURA JAPONESA - 24

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OS CLÁSSICOS PRINCIPAIS DA ACUPUNTURA
NEIJING E NANJING
Todo conhecimento para ser transmitido, disseminado e deixado para posteridade necessita ser sistematizado e escrito, segundo a tradição o clássico de medicina interna do
imperador amarelo, é fruto da narrativa dos diálogos do lendário imperador amarelo com seu ministro Qi Bo, na verdade suspeitam que este livros foi escrito por vários médicos, se
tornado o principal cânone da medicina tradicional chinesa e oriental! Este clássico é dividido em dois livros, o Suwen, traduzido por questões fundamentais ou básicas, esse tratado
discorre sobre questões importantes e básicas da medicina chinesa como; concepção das patologias humanas seus tratamentos, prescrições, ciclos da natureza como as estações, os
ciclos que envolvem a vida humana desde o seu nascimento, maturação e envelhecimento e diagnóstico na medicina oriental.
Já o Ling shu que pode ser traduzido por eixo ou pivô espiritual, faz parte de um tratado sobre tratamento de acupuntura nele especialmente é descrito às nove agulhas que são
utilizadas nos mais variados tratamentos dentro da Medicina oriental.
No entanto a acupuntura japonesa passou a ser determinada especialmente por um outro clássico conhecido por Nanjing, conhecido por clássico das dificuldades, nele são descritas
81 questões envolvendo, especialmente diagnóstico e tratamento realizado nos doze principais canais da acupuntura. Esse livro norteou as bases de todo o trabalho dos vários estilos
da acunpuntura japonesa, especialmente o da Keiraku Chiryo (terapia de meridiano).
Nele são integrados os conceitos principais da doutrina do yin e yang, cinco elementos. Um dos enfoques principais do clássico das dificuldades, são suas prescrições acerca do
tratamento realizado a partir dos pontos dos cinco elementos e dos conceitos de circulação de Ki no corpo. Além disso o Nanjing da grande ênfase ao estudo da pulsologia,
especialmente o das seis posições, executado sobre a artéria radial, onde se localiza o meridiano do pulmão, a partir desta avaliação é possível identificar os padrões de desequilíbrio
do indivíduo, especialmente no que tange os desequilíbrios yin e yang nos 12 canais da pequena circulação. Grande parte da acupuntura japonesa e todo seu estudo é baseado nesse
livro. Sabe-se que aproximadamente 40% dos acupunturistas no Japão são cegos, no entanto estes conseguem realizar um diagnóstico preciso, somente tocando o pulso da artéria
radial. Eles desenvolveram um diagnóstico preciso através da posologia, determinando os desequilíbrios e selecionando os pontos dos cinco elementos mais favoráveis para o
reequilíbrio do corpo e dos meridianos através de técnicas de suplementação e drenagem. Fazendo uso especialmente da puntura nos pontos dos cinco elementos, conhecidos na
acupuntura chinesa como Shu antigos.
No Japão sabemos que dentro dos estilos que fazem uso da pulsologia das seis posições como os métodos da terapia de meridiano, Toyohari e Tokai, é fundamenta a utilização do
método de feedback, esse com certeza é um dos principais aspectos que diferenciam a acupuntura japonesa das demais praticadas no mundo. Essa continua avaliação do pulso e do
abdômen, realmente são aspectos fundamentais, responsáveis por grande parte do resultado e efeito da acupuntura, pois além de dar uma percepção nítida e claro do que está se
passando e ocorrendo dentro do corpo e dos canais de acupuntura quando, estes recebem os estímulos, seja através das agulhas, moxas ou magnetos. Este continuo procedimento
garante que o tratamento executado produziu efeitos satisfatórios, isso pode ser percebido por um praticante experiente de um desses estilos através principalmente da modificação
da qualidade do pulso, ou até mesmo da textura e sensibilidade do abdômen.
Diferentemente do Neijing que propõe o agulhamento seja realizado nas proximidades do meridiano afetado, especialmente nos casos de dores. O Nanjing adota seleção dos pontos
de acupuntura a partir do desequilíbrio apresentado; seja yin ou yang nos canais e determinado pela pulsologia das seis posições, levando em consideração as cinco fases e seus
respectivos pontos nos canais. 4

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HISTÓRIA E DESENVOLVIMENTO DA
ACUPUNTURA NO JAPÃO

A acupuntura surgiu na China há aproximadamente 3 mil anos, no período da Dinastia Shang, e se desenvolveu juntamente com os vários ramos que compõem a medicina tradicional
chinesa, como a herbologia, a moxabustão, a terapia alimentar, as massagens e os exercícios físico-energéticos do Chikung. Toda medicina antiga da China era pautada e elaborada
dentro de vários sistemas que objetivavam a manutenção da saúde e longevidade deste povo.

Para que a medicina chinesa chegasse e se desenvolvesse no Japão, um longo processo de intercâmbio cultural, educacional, econômico e religioso perdurou por vários séculos.
Como bem se sabe, o Japão importou, tanto da China quanto da Coreia, todas as bases que formaram os alicerces socioculturais e filosófico/educacionais de seu povo, inicialmente
incorporando à sua cultura as escritas pictográficas dos kanjis, posteriormente as religiões budistas e taoístas, os conceitos filosóficos e espirituais do confucionismo e, ainda, os
sistemas médicos oriundos da China.
Da antiguidade até os dias atuais, os japoneses mostraram-se especialistas em aprimorar e desenvolver todo e qualquer conhecimento adquirido e importado de outra cultura. Na
acupuntura, isto não se fez diferente e, ao longo dos séculos, os japoneses aprimoraram este conhecimento até desenvolverem sua medicina tradicional própria e em um sistema
bem refinado e particular de acupuntura.
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HISTÓRIA E DESENVOLVIMENTO DA
ACUPUNTURA NO JAPÃO
Existem aspectos socioculturais e econômicos que diferem de forma marcante tanto o desenvolvimento quanto o estilo de ambos os sistemas de acupuntura. Ao contrário da China,
que teve a acupuntura associada especialmente à herbologia e a padronizou como parte integrante do estado, disponibilizando seu acesso à população de massa; o Japão manteve
sempre uma íntima relação da acupuntura com a massagem, sua atuação sempre foi voltada para o âmbito privado. Diante desses aspectos, subentende-se que no Japão a prática da
acupuntura tomou um rumo bem peculiar, pois, tendo em vista o ganho monetário, o praticante japonês se viu naturalmente pressionado a desenvolver uma técnica altamente
refinada e indolor e que produzisse resultados imediatos, para que cada centavo pago por ela fosse valorizado pelos adeptos dessa arte de cura.

Outro aspecto que difere claramente a prática chinesa da japonesa, refere-se ao âmbito da diagnose, tanto nas técnicas empregadas, quanto no próprio material utilizado nas práticas
da acupuntura. Considerando que a arte japonesa se desenvolveu e se adequou para praticantes com deficiência visual, foi dado um grande enfoque na palpação para o diagnóstico,
desenvolvendo no praticante japonês uma sensibilidade tátil especial na localização de pontos, meridianos e na pulsologia, além do diagnóstico do hara, que caracteriza uma das
especialidades do acupunturista japonês; enquanto que no estilo chinês prevalece o interrogatório que, em alguns estilos, associa-se também com a pulsologia e a análise da língua.

No que diz respeito às agulhas, há uma grande disparidade entre os estilos, pois os chineses preferem agulhas maiores e de calibre mais espesso, os japoneses, no entanto, fazem uso
de agulhas muito delgadas que são inseridas obrigatoriamente com mandril (shinkan), de maneira muito superficial e com estímulo muito suave, uma vez que o estilo japonês busca
atuar sobre o Wei chi (energia defensiva), enquanto que nas técnicas chinesas a estimulação é mais forte e profunda produzindo o que é conhecido como techi, visando atingir o Yong
chi (energia nutridora).

Outro aspecto marcante da acupuntura nipônica é o uso bem particular da moxabustão como parte integrante e complementar do tratamento da acupuntura. Essa forma japonesa de
utilização da moxaterapia é uma prática muito antiga que teve seu conhecimento perdido na China e chegou ao Japão através da Coreia, tornando-se uma arte muito popular no país
do sol nascente. Conhecida formalmente no Japão por ÔKyu, esse estilo é muito forte e clássico no país, que já teve grandes mestres ao longo da história, como Sawada Ken e Isaburo
Fukaya, dois grandes especialistas na moxaterapia japonesa. Essa arte faz uso de pequenos cones da moxa amarela de forma direta e indireta na pele, tanto em pontos clássicos da
acupuntura como em pontos não convencionais.

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IMPORTAÇÃO DA MEDICINA TRADICIONAL
CHINESA E SEU DESENVOLVIMENTO NO JAPÃO

Entre os séculos V e VI, a medicina tradicional chinesa foi levada da China para o Japão através da península coreana, devido ao intercâmbio religioso e econômico promovido pela
famosa rota da seda. Durante esse período, vários monges budistas especializados em herbologia, acupuntura e massagens transitaram por essa rota, possibilitando a expansão do
budismo e levando consigo as ciências médicas da China e da Coréia.

Por volta do século VII, o governo japonês estabeleceu contato direto com a China, enviando para a capital chinesa inúmeros sacerdotes e eruditos para estudarem, traduzirem e
copilarem várias fontes da cultura chinesa, dentre elas os principais textos médicos.

Em 701, houve a promulgação do código Taihõ, que estabeleceu o primeiro sistema legal no Japão voltado para os assuntos médicos, o Ishitsuryo, que se aplicava à pratica e ao
ensino médico no Japão, dando origem ao Tenyaku-ryo, o antigo ministério da saúde, trabalho e bem-estar, responsável por criar o departamento oficial de acupuntura e moxabustão,
outorgando os três graus de professor, terapeuta e

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IMPORTAÇÃO DA MEDICINA TRADICIONAL
CHINESA E SEU DESENVOLVIMENTO NO JAPÃO

estudante de acupuntura. No período subsequente, Nara, todos os aspectos da medicina oriental foram estudados e praticados assiduamente, dando o pontapé inicial para a
profissionalização e qualificação da acupuntura no Japão que, em períodos precedentes, mantinha uma estreita relação com a religião, pois grande parte desse conhecimento ainda
estava muito atrelada aos monges budistas que praticavam tanto a acupuntura quanto a medicina herbária do kampo, sendo os primeiros a difundirem essas artes no Japão. Com a
instituição do código Taihõ, a formalização da profissão e do ensino da acupuntura, o número de monges terapeutas tornou-se cada vez menor.

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A FORMALIZAÇÃO DA MEDICINA
TRADICIONAL JAPONESA

Até o início do século X (período Heian), o sistema médico praticado no Japão nada mais era que uma imitação do sistema médico chinês. Nessa época, os médicos japoneses
tomaram a iniciativa de compilar suas próprias farmacopeias, e, em 984 dC, Yasuyori Tamba compilou o Ishimpô, o primeiro tratado e o mais antigo livro de medicina existente no
Japão, com 30 volumes de citações de numerosos textos médicos chineses. O Ishimpô tornou-se um texto definitivo, no qual se podia rastrear todas as raízes da medicina japonesa
até a medicina chinesa. Nele foram compiladas citações sistemáticas de vários textos clássicos chineses de mais de 200 títulos que envolviam não somente medicina, mas também
história e aspectos filosóficos e espirituais do Tao, confucionismo e budismo. Muitas dessas citações estavam perdidas na própria China. Isso fez do Ishimpô uma das mais
importantes fontes para o estudo da medicina chinesa antiga, pois Tamba não copiou simplesmente os textos originais, mas traçou uma visão particular dos textos antigos, por
exemplo, sobre a definição de energia espiritual como sendo superior à energia do corpo. Isso permitiu edificar na visão posterior da acupuntura japonesa que o processo de
adoecimento acontece inicialmente no nível espiritual, passando para o energético (canais de energia), para aí culminar no físico, por meio das inúmeras patologias e sintomatologias,
visão superior à chinesa que focaliza tão somente entre os níveis energético e físico, e é obscurecida nos padrões das síndromes.
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A FORMALIZAÇÃO DA MEDICINA
TRADICIONAL JAPONESA
Já em meados do século XII, o Japão passou por um período de transição, em que o controle da família imperial caiu novamente e se estabeleceram novas relações comerciais com a
China, após três séculos de relativo isolamento; com isso, novas ideias médicas adentraram o Japão. Durante este período de tumulto político no Japão medieval, o poder e o controle
dos médicos sofrerem um drástica queda, fazendo com que os monges budistas novamente voltassem a exercer um papel de destaque na importação do conhecimento médico
chinês e adaptação de novos conceitos, bem como a retomada da sua atuação como terapeutas e acupuntores, difundindo os cuidados médicos entre a população em geral nessa
mesma época, a prática da moxabustão tornou-se bastante difundida, sobretudo através dos monges nos templos budistas, como parte da prática religiosa.

As primeiras escolas de medicina tradicional japonesa

No final do século XVI, em meio a uma crise política e social que precedeu a unificação do Japão, muitos textos clássicos foram importados e traduzidos para o japonês. Nesse
período, um médico se destacou entre os demais: seu nome era Manase Dosan (1507-1594) e, apesar de destacado fitoterapeuta da arte médica do kampô, cuja medicina herbária
havia roubado o terreno da acupuntura, paradoxalmente foi o grande responsável pela revivificação dessa técnica.

O que podemos considerar como japonização da medicina tradicional chinesa ocorreu entre os séculos XIV, período Muromachi, e o século XVII, período Edo esse processo foi
favorecido pelo retorno do mestre Sanki Tashiro ao Japão, trazendo consigo o que era considerada a medicina mais avançada da China: Jin Yuan ou Li Zhu. Seu principal discípulo foi
Dosan Manase, que se tornou o responsável por estabelecer as bases para escola Gosei ou Goseihoha de Acupuntura.

Entre os séculos XVI e XVII, juntamente com a escola Gosei de Manase, floresceram mais duas novas e diferentes abordagens da medicina no Japão: as escolas Koho e Rampo. A
escola Koho ou Kohoha, conhecida como escola das fórmulas clássicas, surgiu no final do século XVII (período Edo) e foi essencial para a aceleração da japonização da medicina
chinesa, pois foi inspirada pela revivificação dos conceitos médicos da discussão de desordens induzidas por frio, eliminando as teorias especulativas da escola Gosei. A escola Koho
defendia o retorno às teorias práticas da medicina chinesa. Foi nessa escola que se defendeu a teoria de kiketsusui (energia vital, sangue e fluidos corporais), trazendo a ideia inicial
das toxinas doku (venenos) e Oketsu (sangue estagnado) na área abdominal do hara, estabelecendo um método inovador de diagnóstico abdominal: o Fukushin.

Já a escola Rampo surgiu entre médicos japoneses influenciados pela medicina ocidental trazida por jesuítas holandeses através do intercâmbio comercial e religioso entre esses dois
países após os trezentos anos de isolamento do Japão.
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IKIGAI E KAIZEN – O REFINAMENTO JAPONÊS
Para falar de refinamento do povo japonês, gostaria de mencionar a minha vivencia pessoal. A primeira vez que fui ao Japão foi um momento novo, apesar de estar há anos
familiarizado com cultura desse país. Me surpreendi em vários aspectos, os japoneses são muito refinados em vários aspectos, especialmente, no que diz respeito ao trato com as
pessoas, o cuidado, a percepção. Isto é muito visível quando se entra em contato com esse povo.
Antes mesmo de ir ao Japão conhecia algumas regras de etiquetas que fazem todo diferença quando você é apresentado aos japoneses, uma delas é presentear as pessoas as quais
você gosta, respeita ou que são importantes para você. Quando fui a primeira vez ao Japão em 2016, para o congresso da Wfas, sabia que iria conhecer e estudar com respeitados
mestres da acupuntura no Japão, preparei-me, colocando em minha mala de Omiyages (presentes), como manifestação da gratidão por estar junto a estes mestres.
Uma situação em que me surpreendeu bastante, aconteceu durante o seminário sobre as técnicas de Kanshin –ho, agulhamento através do uso do mandril, do estilo de Wachi
Sugiyama, este curso foi ministrado, pelo Sensei Oura Jinkan, que é catedrático da famosa escola Toyoshinkyu, fundada por Yanagiya Sorei, o principal líder da Terapia de Meridano no
Japão. Tivemos aula na sede da escola Toyoshinkyu e na ocasião eu, o sensei Yoshihiro Odo e os demais, ao finalizar o curso, entregamos os presentes para e ele, nos despedimos e
seguimos para a abertura do congresso da wfas em Tsukuba. O mais curioso que: já no congresso, o Sensei Oura foi ao nosso encontro e nos presenteou com vários omiyages
(lembrancinhas tradicionais do Japão), o fato é que mesmo não estando palestrando ele se dirigiu ao congresso para nos retribuir a gentileza, isso é muito comum na cultura
japonesa, ou seja, sempre que você recebe um presente, um auxilio ou cortesia, eles procuram retribuir isso de uma forma ou de outra.
Neste ponto o povo japonês é extremamente gentil e educado. Era incrível passávamos o dia estudando com esses mestres e ao final do curso eles ainda tinham energia para nos
levar para jantar e brindar a conclusão do curso - kampai.
O povo japonês possui muito forte e intrínseco em sua cultura, o cuidado com outro, isso se dá pois, dentro desta cultura, o foco não é o indivíduo, mas sim o coletivo, o grupo.
Primeiro se pensa no grupo, depois no individual. Me recordo outra experiência muito marcante que traduz bem o senso de coletividade do povo japonês. Esse fato ocorreu após a
finalização do tradicional treinamento de Akinomine, que participei em Yamagata em 2017 quando me tornar yamabushi, após dois anos de viagens ao Japão. Ao final do
treinamento de 2017, dormimos em Tsuruoka, e precisávamos pegar um ônibus em Haguro para a estação de Tsuruoka , logo uma das pessoas ofereceu carona para mim, outro
colega também falou que se fosse possível gostaria de ir junto, no entanto, todos já haviam ido embora e outro praticante iria ficar sozinho para pegar um táxi, ele pagaria sozinho a
viagem. Percebendo o fato, a esposa do meu mestre, Makiko San, sugeriu que todos fossem de táxi e dividissem o valor; rapidamente todos entendemos que não era certo irmos de
carona e outro colega ficar e pagar sozinho o taxi, dispensamos a carona e dividimos o taxi. O povo japonês tem no seu trato, na forma que cuida do ambiente, um refinamento e uma
fineza inata. Essa forma de lidar com os lugares, pessoas e situações diárias se disseminou, na cultura, nos negócios, nas artes marciais e nas terapias, sobretudo a acupuntura.
Percebemos isso na forma de tocar, nas formas suaves de agulhamento, na forma do cuidado com o paciente, na forma de confeccionar os cones de moxa e de aplica-los sobre a
pele, nos estímulos e manipulações gentis das agulhas durante o tratamentos. É nítido, nesse povo, um refinamento, uma busca constante pelo aprimoramento.
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IKIGAI E KAIZEN – O REFINAMENTO JAPONÊS
A busca por esta lapidação e continuo aprimoramento foi fundamental para evolução da acupuntura, no país do sol nascente. Existe um conceito intrínseco no inconsciente, na
essência do povo japonês, ele é especialmente conhecido no mundo corporativo e influenciou todos os seguimentos desta nação, bem como contribuiu com a evolução e
desenvolvimento de um estilo próprio de acupuntura praticado no Japão. Ele é conhecido por Kaizen. Significa “melhoria ou aprimoramento contínuo”. O conceito e a filosofia do
Kaizen foi e ainda é aplicado nos dias atuais nas grandes empresas do Japão, como Toyota, Mitsubishi e etc. , influenciou não só o mundo corporativo, mas a vida do povo japonês
seja: na cultura, educação, religião e arte.
A Filosofia do Kaizen teve um grande impacto na cultura do Japão, especialmente a partir da revolução Meiji (1968 – 1912), que marcou o fim do período feudal e do shogunato dos
samurai, a modernização e abertura gradativa deste país para modernidade e industrialização. Essa revolução foi feita pelo imperador Mutsuhito, ou imperador Meiji (império
iluminado), nesse período de transição o Japão voltou para as suas raízes, principalmente espirituais. O imperador Meiji, apesar de abrir o Japão para as influencias ocidentais e a
industrialização, procurou preservar os aspectos filosóficos e culturais desse povo, inclusive escrevendo poemas, que fortaleciam o sentimento de coletividade e unidade deste povo.
Uma de suas regras de ouro “dar o máximo de si em tudo o que executar”. A ideia de Kaizen possui uma relação simbiótica com esse conceito de dar o máximo de si ou de cumprir da
melhor forma o seu dever. Esse é um dos princípios do Reiki, criado pelo Mikao Usui, entusiasta das escritas do imperador Meiji. Conhecido por Gyo hageme, que pode ser traduzido
por “trabalhar duro, ou trabalhar com afinco”. A ideia contida nesses princípios é que: é fundamental o esforço e dedicação em tudo que se propuser a fazer, dando sempre o seu
melhor. Está frase resume bem a essência da filosofia do Kaizen; “hoje melhor que ontem, amanhã melhor que hoje!”

Para seguir este princípio é fundamental o compromisso com a autodisciplina, autoanalise e busca pela superação, sempre visando a lapidação e aprimoramento. A constante busca
pelo aprendizado e desenvolvimento se faz mister neste processo de melhoria contínua; ou seja é necessário investir tempo, energia, esforço e dinheiro no estudo. Ao longo de mais
de vinte anos trilhados dentro da senda do caminho da cura e do autoconhecimento, não medi esforços, tempo e dinheiro. Viajei por todo Brasil e para o outo lado do continente, em
busca dos melhores cursos e dos mais renomados professores. Sem esforço, dedicação e empenho jamais cruzaremos a nossa zona de conforto, rumo ao aprimoramento pessoal e
profissional, os frutos que colhemos neste campo é inversamente proporcional ao esforço e dedicação que semeamos. Obviamente que, para colocarmos toda nossa energia em algo
em nossas vidas é fundamental sabermos o que alimenta e vivifica nosso ser, o nosso espírito, em suma é ter consciência do que nos move.
Atrelado ao conceito de Kaizen temos outro conceito – não menos importante e talvez primário ao conceito de Kaizen – que é a ideia de Ikigai – Iki, significa Vida e Gai – Valer a
Pena. O que faz a vida valer a pena ou o que te move, o que te faz levantar todos os dias pela manhã e encarar um dia de trabalho, as dificuldades e supera-las. Qual é o seu propósito
de vida, algo que te motiva, que te realiza. Identificar esse propósito de vida é fundamental para que trilhe o caminho do autoconhecimento e aprimoramento, seja em sua profissão
ou na vida pessoal.

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IKIGAI E KAIZEN – O REFINAMENTO JAPONÊS
Por isso, vemos os artistas de shodô, praticantes da arte tradicional de caligrafia buscarem o traço perfeito, nos kanjis escritos no papel de arroz, assim como os adeptos da cerimônia
do chá, conhecida por chadô, fazerem com que cada momento seja único, através das minucias e ao mesmo tempo simplicidade, executada em cada rito da cerimonia, em busca da
perfeição na cerimônia do chá. A ideia implícita de excelência também faz parte da arte do arqueiro zen, conhecida por Kyudô, nela o praticante treina seu corpo e sua mente para se
fundirem com o arco e a flecha, para que essa se torne uma extensão da sua mente e do seu corpo, para que assim possa se atingir o alvo com perfeição. Ambas as artes são
consideradas um Dô, um caminho sem fim de aprimoramento do corpo e da mente. Na verdade ouvi várias vezes meu mestre yamabushi, Sendatsu Fumihiro Hoshino, dizer, “ este
caminho não terá fim”; ou seja o autoaprimoramento e a lapidação é algo para ser praticado até o fim dos nossos dias, daí a grande importância de encontrar o seu Ikigai, pois ao
descobrirmos aquilo que acenda a chama que alimenta nossa vida, conseguiremos ao longo do tempo nos tornarmos hoje melhores do que ontem, e amanhã, melhor do que hoje,
se realizamos algo que gostamos, as chances de nos tornarmos realmente bons no que escolhemos serão infinitamente grandes, o resto vai depender do tanto de esforço, dedicação
e tempo que será investido. Assim como diz o jargão popular, “Escolhe um trabalho de que gostes e não terás que trabalhar nem um dia na tua vida.”
E assim que, aos 19 anos de idade optei pelas terapias orientais e em seguida pela acupuntura. Essa busca pelo sentido da vida influenciou diretamente na minha busca pela
acupuntura japonesa, pois ainda jovem descobri o que me motivava era cuidar de pessoas, ser um mediador e facilitador no processo de cura das pessoas. E ao longo de todos estes
anos e até o fim dos meus dias, me dedicarei à lapidação, estudo e muita prática.
Complementarmente descobri minha aptidão para lecionar que também é algo que alimenta minha alma, poder multiplicar este benefício a um número cada vez maior de pessoas.
Ao ensinar posso utilizar chama do meu ikigai para acender a chama de outaras pessoas, e para mim isso não tem preço. Com isso um grande parte da minha rotina é dedicada a
transmissão da minha experiência e vivencia através de cursos e seminários em várias partes do Brasil e do mundo.

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DOJÔ
A palavra Dojô( 道場),significa literalmente lugar do caminho, ou lugar de praticar, trilhar e percorrer ao longo da vida, uma arte ou filosofia, que implique não somente em aprender
um oficio ou técnica, mas uma filosofia de vida prática, para lapidar não só o corpo e a mente mas, o caráter do indivíduo. A palavra dojô foi extraída do zen budismo e pode ser
entendida como lugar da iluminação, pois este era o lugar onde os monges praticavam meditação, especialmente o zazen, que é a meditação formal realizada dentro do budismo zen.
Contudo esta palavra se tornou mais conhecida especialmente dentro do Budô, que é o termo genérico para designar as artes marciais japonesas ou o caminho marcial, como do
Judô, Aikidô, kendô e Karatê. O Kanji final Dô 道 é idêntico ao caractere chinês que descreve a palavra Tao 道,ambos possuem o significado de caminho, contudo no taoísmo o Tao
não é apenas um caminho físico e espiritual; é identificado com o absoluto que, por divisão, gerou os opostos/complementares, manifestos no símbolo cósmico do Tai chi, conhecido
através das 2 forças opostas e complementares do yin e yang, como vemos em uma das passagens do Tao te Ching, o livro do caminho perfeito escrito por Lao Tsé:
O Tao gerou um.
O um gerou o dois.
O dois gerou três.
O três gerou as dez mil coisas.
As dez mil coisas carregam o Yin e abraçam o Yang.
Elas atingem a harmonia ao combinar as forças.
Seguir o Tao, é caminhar em direção ao ideal do sábio taoísta, que é viver de acordo com o fluxo da natureza, e se integrar ao plano absoluto inefável, incomensurável e incognoscível
que está além das percepções e compreensões da razão e dos cinco sentidos. Diferentemente do chineses que possuem uma abordagem mais metafísica do caminho, o caminho
proposto pelos japoneses é pautado em uma filosofia de vida prática, enriquecida pela constante lapidação da mente, através do corpo. Isso pode ser percebido claramente dentro
de um dojô de artes marciais, onde uma série de condutas e etiquetas, contribuem para o aprimoramento do indivíduo, envolvendo desde o respeito e cuidado com o lugar físico,
bem como com seus colegas de treino e com seu sensei. Aliados à disciplina e um sistema educacional que passa essencialmente pela memória e cognição do corpo, diferentemente
da forma tradicional que conhecemos, feita através de uma absorção puramente intelectual. A disciplina zen Budista é uma exemplo vivo disso, onde grande parte do treinamento
realizado em um monastério é pautado, pelo trabalho diário árduo conhecido por Samu, que passa pela limpeza, organização e manutenção do templo, a outra parte é voltada para a
prática da meditação zazen que é focada no corpo pois, para os budistas é considerado uma extensão fundamental da mente, é pelo treinamento contínuo de uma postura física
muito específica, realizada durante várias sessões de meditação, cada uma de 40 minutos, que o praticante treina sua mente. Nas artes tradicionais japonesas o treinamento é muito
similar ao dos monges, a limpeza, a etiqueta, postura, respeito e a constante observação e repetição das técnicas é a via principal de desenvolvimento e aprendizado. Quando
adentrei nas artes marciais em 2004, através da prática do Aikidô, passei por um grande conflito, pois apesar de ter passado grande parte da minha juventude envolto em atividades
esportivas como futebol e o surf, à época fazia graduação de licenciatura em Filosofia, na Universidade Federal de Goiás, e apesar do meu grande interesse no estudo da filosofia
oriental, os cursos de filosofia tinham sua base na filosofia ocidental, focadas exclusivamente, no intelecto.
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DOJÔ
Ao iniciar a pratica do Aikidô sentia muita a falta de explicações, de teoria de conceitos e de história, contudo, à duras penas aprendi e percebi que os conceitos e teorias acerca do
Aikidô, não me auxiliariam absolutamente em nada, em meu desenvolvimento pessoal e técnico dentro do Dojo, pois os mecanismos de aprendizado e desenvolvimento das artes
marciais nipônicas passam por uma outra esfera, este é o campo da observação constante e da repetição contínua da técnica. É através dos sentidos e percepções do corpo que
afiamos e desenvolvemos a mente. É no exercício diário de tentar imitar o sensei, que assimilamos e absorvemos os wazas (técnicas), este apesar de ser um caminho difícil e duro é o
mais direto e seguro, ao longo de várias gerações esse conhecimento vem sido transmitido de forma segura ininterrupta. Tenho uma enorme gratidão com as artes marciais, pois elas
preparam solidamente os alicerces e as bases necessárias, para meu aprendizado e desenvolvimento nas artes de cura japonesa, sobre tudo na acupuntura, pois diferente do estilo
Chinês de acupuntura, que é fortemente influenciado por anos de desenvolvimento teórico e filosófico, o estilo japonês é mais pragmático e focado sobre tudo na prática, claro que
ambas são muito importantes, no entanto a teoria pode ser facilmente absorvida em livros e texto, já para nos desenvolvermos na prática, a figura do sensei é uma condição
imprescindível. A palavra sensei significa “aquele que nasceu antes” uma alusão a pessoa que veio primeiro ou que possui mais tempo de experiência e prática; seja, nas artes
marciais, no magistério ou no ensino das artes de cura. Ao percorrer e trilhar por mais tempo o caminho, o sensei possui: experiência, conhecimento e a autoridade para transmitir
de forma segura, o conhecimento a pratica e os macetes necessários para o desenvolvimento, aprimoramento e aprendizado do aluno. Como disse é imitando, repetindo
exaustivamente e assimilando o estilo e a forma do sensei por longos anos, que um dia o discípulo, quando amadurecer poderá desenvolver sua própria forma de aplicar a sua técnica
e seu próprio estilo. Esta percepção vai ao encontro da célebre frase de um dos grandes gênios da acupuntura no Japão, Yoshio Manaka, que disse: On-Ko Chi-Shin, 温故知新
“Aquecer o antigo, conhecer o novo”.
Ou seja para criar algo é imprescindível ser orientado pelos ensinamentos dos antigos, sua metodologia, macetes e qualidade técnica-sensitiva, para assim, poder desenvolver algo
sólido, eficaz e efetivo.
Contudo nos dias atuais com a velocidade da tecnologia e das informações da tecnologia as maneiras de ensino tem se modificado e, pouco a pouco estão se tornando virtuais, esta
parece ser um modificação irreversível da modernidade, sobre tudo após a pandemia do COVID-19 em 2020, apesar de perceber a possibilidade da expansão e disseminação do
conhecimento, sei que existe conhecimentos que só podem ser assimilados no dia a dia de um dojo e na convivência direta e sinestésica com um sensei, alias existem disciplinas da
acupuntura como o diagnóstico pelo pulso (miyakushin), que realmente só pode ser desenvolvido dentro do sistema tradicional japonês de feedback, onde se pode observar a
contínua alteração da qualidade do pulso através do estímulos empregados nos pontos e checados por alguém que possua maestria nesta arte.

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KATA
Kata
O Kata é base fundamental do ensino nas artes marciais, bem como nas artes de cura japonesa, como a acupuntura, moxaterapia e shiatsu. A palavra kata(型), pode ser traduzida por
forma形 e representa a sequência, maneira ou forma de executar uma técnica, é através do kata que o indivíduo treina seu corpo e sua mente a partir da repetição contínua de uma
sequência. Nas artes marciais isso é feito através de um conjunto de movimentos de ataque e defesa, que por exemplo simulam uma luta imaginaria. A essência do Kata nas artes
marciais criam uma luta invisível sem a presença de um oponente real, assim a pratica constante, produz especialmente uma memória corporal a através da continua repetição. Para
simular uma situação real de luta ou combate, com o objetivo de desenvolver a habilidade e destreza necessárias no praticante, para que este possa realizar as técnicas de defesa e
ataque, sem que pense ou reflita sobre elas, nesta condição os movimentos emergem quase que instintivamente a partido corpo. O objetivo do kata é ajudar no desenvolvimento das
aptidões psicológicas e físicas necessárias para um verdadeiro combate. O Kata diz respeito a forma de faze ou executar uma técnica (Waza), em geral se levou anos para um mestre
desenvolver um kata dentro de um estilo de arte marcial, este possui conceitos didáticos, muito bem elaborados, e uma das características do Kata é fazer com que o praticante
permaneça o tempo inteiro em estado de plena atenção, com certeza também é uma maneira de manter a mente focada no momento presente. Algo tão necessário em uma
situação real de vida e morte. Para isso o Kata é divido e realizado em partes até que toda sequencia seja aprendida, da mesma forma se dá nas terapias tradicionais japonesas.
Na acupuntura japonesa alguns katas são básicos e fundamentais para o avanço do estudante nas técnicas e estilos, como por exemplo as práticas de agulhamento indolor do kanshin
–Ho, onde o praticante necessita a priori, aprender como manusear a agulha e o mandril em uma única mão e coloca-la dentro do tubo guia (shinkan); com apenas um das mãos,
para que assim deixe a outra mão livre para buscar, localiza e preparar os pontos onde serão inseridas as agulhas, esta técnica é conhecida por katate sokan, e deve ser realizada com
rapidez e maestria, irei explanar em mais detalhes, neste livro mais adiante sobre está técnica. Nas técnicas de moxa japonesa, também existe um kata básico onde se confecciona
pequenos cones de moxa amarela com a mão não dominante, utilizando o dedo polegar e indicador ,a mão dominante fixa a moxa em uma pequena tabua de madeira e deve-se com
o incenso acende-la e a paga-las com o dedo indicador e polegar, é necessário executar essa sequência de modos que entre a produção e queima dos cones o praticante consiga
queimar de 20 a 40 cones por minuto. Dentro da cultura do Kaizen que permeia a acupuntura japonesa, assim como todos os ramos que envolvem as empresas de manufatura e
também a área da educação, preza –se pela rapidez e perfeição na execução das técnicas, fabricação e produção. Esse passo a passo do kata é fundamental, para o desenvolver a
habilidade, proficiência e precisão na realização das técnicas, e isso passa pela cognição e assimilação do corpo e da mente. Após desenvolvida essa memória corporal, o kata se torna
para o praticante uma segunda natureza – feita com pouca atenção conscienciosa – e disponível. Ao exemplo como andar de bicicleta, dirigir um carro, digitar. As pessoas que
aprenderam a dirigir não pensam muito sobre usar os controles do carro. Elas podem focar toda sua atenção nos caminhos que serão percorridos. Por exemplo ao aprender a colocar
a agulha no tubo guia com uma única mão o acupunturista pode focar sua atenção e percepção na busca pelos os pontos que estão mais favoráveis para o tratamento; utilizado a
outra mão, isso faz com que a técnica ganhe uma dinâmica maior e melhor. Para muitos o Kata ou a forma é uma prisão, contudo nesta perspectiva dos japonesas ele é a libertação,
como vemos em uma das frases de Chuang Tzu:

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WAZA
“A armadilha para pegar o peixe existe por causa do peixe. Uma vez que você pegou o peixe, você pode esquecer a armadilha. As armadilhas de coelho existem por causa dos coelhos.
Uma vez que você pegou o coelho, você pode esquecer a armadilha. As palavras existem por conta dos significados. Uma vez que você já conhece o significado, você pode esquecer as
palavras”.

Waza
Ao praticar um kata dentro de um dojo, seremos apresentados aos Wazas (技), ou conjuntos de técnicas que compõem as artes marciais, por exemplo como as técnicas de Suwari
waza, realizadas no solo na posição de seiza ou Tachi waza, Técnicas realizadas em pés, ou até mesmo os atemi wazas, técnicas de pressão em pontos vitais do corpo, muito comuns
nas práticas do jujútsu tradicional. O mesmo se dá nas terapias japonesas, especialmente a acupuntura, onde teremos técnicas especificas desde a preparação do ponto de
acupuntura com as técnicas de junen, e as formas de inserção e manipulação da agulha no corpo, como seppi, jakutaku,senen jutsu. Além daquelas voltadas para suplementação Ho-
ho, e dispersão Sha-ho. Na Moxaterapia também temos inúmeras técnicas diferente de acordo com o estilo praticado, seja de forma direta ou indireta na pele. Tudo isso faz parte do
que conhecemos como waza, e são fundamentais para que o acupunturista desenvolva os recursos terapêuticos realizados dentro de um sistema ou estilo de acupuntura. Ao
decompormos o Kanji da palavra waza encontramos as palavras ferramenta e mão(才=手(て)tem relação com mão支える , que nos transmite a ideia de trabalho ou treinamento e
através deste treinamento continuo e diário que desenvolvemos destreza e habilidade técnica, fruto da experiência. Incluindo os macete que são concebidos a partir da pratica
cotidiana. No Japão essa ideia é muito bem sintetizada na filosofia pratica do: Hyakuren-Jitoku (百練自得) “Treinar cem vezes e assimilar com o corpo”. Compreendi isso
essencialmente na pratica especialmente com os ensinamentos de dois senseis japoneses, o sensei Yoshihiro Odo com que tive a oportunidade de me aprimora nas técnicas de
kanshin –ho, e moxaterapia onde passávamos praticamente um final de semana inteiro voltado para treinar o método de katate sokan e agulhamento com o uso do mandril, bem
como as continuas confecções dos pequenos cones de moxa. Também em uma das minha viagens para o Japão onde fui me especializar em Shoni hari (acupuntura pediátrica) tive a
oportunidade de estudar com um dos grande mestres da acupuntura pediátrica do Japão, o sensei Masanori Tanioka, herdeiro da acupuntura infantil da Escola Daishi-ryú em Osaka,
uma parte do seu treinamento era voltado para bater na cabeça da agulha “Daishi” de shoni hari, utiliza dentro do estilo familiar do mestre Tanioka, o treino consistia em bater num
ritmo de 150 batidinhas por minuto, realizando um ciclo de 3.000 batidinhas sem interrupções, sua sugestão era que nós pudéssemos treinar diariamente 1 a 3 ciclos de 3.000
batidas na cabeça da agulha por dia, para assim aprimorarmos a nossa técnica de agulhamento.

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KIHON
O Kihon (基本) representa as bases e os fundamentos presentes nas arte marcial e nas terapias tradicionais japonesas. Nas artes marciais japonesas, como Karatê, Judô ou as escolas
de Jujutsu como o Hakkoryu e Hakko denshin, para que o praticante se gradue e avance no caminho faz –se necessário que aprenda e domine um conjunto de técnicas básicas para
assim evoluir e se aprimorar dentro de uma escola ou estilo.
Por exemplo no Hakkoryu Jujutsu ou no Hakko Denshin escolas imãs nas quais eu alcancei o grau de Nidan, para evoluir da faixa branca e chegar na faixa preta o praticante necessita
ao longo de anos assimilar um conjunto de técnicas e fundamentos, além passar por constantes avaliações e exames até ascender a faixa preta. Na maioria das escolas de artes
marciais esse processo de graduação se divide em duas etapas, antes do grau de shodan(faixa preta) e depois do grau de shodan, antes da faixa preta a graduação se dá de forma
decrescente do 6º ou º5 Kyu até o Shodan que é considerado o 1º Grau.E depois do shodan a graduação passa a ser no sentido crescente até o grau de Judan(10°), como podemos
perceber o a faixa preta é considerada praticamente o início do caminho de desenvolvimento do artista marcial, isso aponta que o desenvolvimento desse caminho é sem fim, e
implica não somente em aprender técnicas de defesa pessoal, mas é um caminho de aprimoramento do caráter e do espirito do praticante, nas terapias tradicionais japonesa, o
Kihon também é uma elemento crucial no desenvolvimento do terapeuta, pois sem uma boa base o indivíduo terá dificuldade em avançar nas técnica e se aprimorar.No método de
Reiki tradicional japonês, por exemplo a graduação também segue o formato das artes marciais, dividida em três grandes graus e seis subníveis, em uma sequência decrescente,
como podemos ver:
Nível 6 – Dai Loku Tou – Shoden – Os primeiros ensinamentos;
Nível 5 – Dai Go Tou – Shoden;
Nível 4 – Dai Yon Tou – Shoden;
Nível 3 – Dai San Tou – Shoden;
Nível 2 – Okuden Zenki – Okuden (ensinamentos profundos) – Primeiros ensinamentos;
Nível 1 – Okuden Koeki – Okuden – Segundos ensinamentos;
Nível de Ensino – Shinpiden – Ensinamentos Misteriosos.

Assim, como nas artes, marciais o praticantes só avançava para um outro nível, após dominar um conjunto de técnicas ou Kihon, para avançar para o segundo grau no reiki, o reikiano
necessitava dominar as técnicas de Byosen, percepção das áreas onde se acumulavam as toxinas e consequentemente os desequilíbrios energéticos, sem desenvolver essa
sensibilidade, o praticante não poderia passar para outro grau, pois, este conhecimento, seria básico para absorção e desenvolvimento das demais técnicas. Na moxaterapia japonesa
também é a mesma coisa, o moxaterapeuta necessita desenvolver fundamentos básicos, como confeccionar os cones, fixa-los no corpo, queima-los, com rapidez, segurança e
efetividade, caso não desenvolva essas bases, não é possível aprender as várias formas de tratamento e se aprimorar na arte terapêutica da moxa.

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WA
A palavra WA pode significar harmonia, entendimento ou pacificidade, é um elemento intrínseco na cultura japonesa. O Japão ficou conhecido como o país do WA ou também terra
do sol nascente, isto se deve a sua localização, no extremo leste da Ásia, zona marcada por constantes incidências de furacões, tufões , tsunamis e erupções vulcânicas, sua
localização ao extrema leste e em um conjunto de placas tectônicas formadas entre as quatro grandes ilhas, são os principais motivos, pelos quais o Japão passa por constantes
desastres naturais. Este país recebeu ao longo da sua história uma forte influência da China, especialmente no que diz respeito a cultura, filosofia, medicina, arte, vestimentas e
escrita; devido a esta influência, toda vez que os chineses olhavam ao leste, na localização do Japão se precipitava o alvorecer, e foi assim, que se passou a mencionar o Japão como
país do sol nascente.
Credita-se aos comerciantes e jesuítas portugueses, como os primeiros a levarem a palavra Japão a Europa, O veneziano Marco Polo, também ajudou na disseminação do nome
Japão, no seu livro “O Milhão” onde são descritas suas viagens e aventuras pela Ásia entre 1276 e 1291.
No momento em que o primeiro embaixador japonês foi enviado para a capital oriental chinesa, da dinastia Han, em 57 d.C., o Japão passou a ser chamado de “Wa” (Wo), um forma
de designar o povo japonês.
Por volta de 600 d.C., o Príncipe Regente do Japão, Shotoku (574-622 d.C.), que era um admirador da cultura e filosofia chinesa, enviou emissários para estudarem a filosofia
confucionista e o budismo, para assim introduzir vários aspectos desta cultura no Japão, assim como o calendário chinês, sistema de estradas e construção de templos budista no
Japão, bem como o modelo educacional de Confúcio, em um dos antigos livros de história da dinastia Tang na China se vê a referência ao Japão como Wa (倭).
A etimologia do termo wa, significa obediente, dócil, submisso, manso, etc. Embora não fosse um significado ruim, os antigos japoneses, odiavam esse nome porque foneticamente,
o som se assemelhava a um termo que significava “anão” ou “pessoa muito baixa”. Em geral apesar do povo japonês possuir uma estatura de baixa a mediana, eles não ficaram muito
contentes com este estereótipo, modificaram o Kanji original de Wa(倭), por este outro Kanji, Wa (和), que significa, “paz e harmonia”. Esta ideia de passividade, se tornou tão
importante dentro da cultura japonesa, que príncipe Regente do Japão, Shotoku, estabeleceu um artigo dentro da constituição do Japão sobre o tema, isso pressupõe as influências
do confucionismo importadas da China para o Japão, com a ideia de cooperação mutua, especialmente no que diz respeito ao equilíbrio nas relações humanas. Essa ideia de
harmonia passou a influenciar tudo no Japão desde arte, religião, caligrafia e a cultura em geral como vemos na cerimônia do do Chá, na Caligrafia do Shodô, na arte de arranjo
Floral conhecida por Ikebana, e não foi diferente na medicina oriental, a Acupuntura japonesa em especial, sofreu grande influência deste conceito de harmonia e equilíbrio, se
observamos um jardim zen budista toda sua forma e sua estrutura é pautada para que se transmita a sensação de harmonia e equilíbrio, assim como no arranjo floral, as quantidade
de flores a harmonia entre as cores, juntos aos outros arranjos, faz com que nada ali esteja a mais ou a menos, essa é a ideia de equilíbrio. Na caligrafia, a busca por traços
harmônicos e perfeitos com linhas especificas que representem o estado de espirito do caligrafo. NA arte do arqueiro zen, corpo e mente devem estar sincronizados para que o alvo
seja atingido com precisão.

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WA
Nas artes marciais armadas e desarmadas não deve ser diferente, o Aikidoka, deve buscar a sincronicidade dos movimentos associadas com a leveza e a força da técnica, assim como
o espadachim do Aidô deve fazer de sua Katana a extensão do seu corpo, o acupunturista e sua agulha devem se torna unos, o espirito do acupuntor deve permear o corpo da agulha,
para que já ao seu contato com a pele do paciente modifique segundo sua vontade e estimulo a força vital que percorre os canais do paciente, fazendo com que este reencontre seu
estado natural de equilíbrio e harmonia. Especialmente na forma gentil de se aplicar a acupuntura japonesa, em seus estímulos, sempre modulando estes, para que não passe da
medida necessária que corpo necessite para o despertar da cura, isso também se estenda ao ambiente de trabalho, pois ao chegar em um ambiente harmônico e organizado o
paciente passa receber os primeiros estímulos de tranquilidade e harmonia e isso já refletirá em seu tratamento, talvez por isso os japoneses concedam tanto valor a organização e a
limpeza, de suas casas, escolas, templos, dojos e consultórios. Basta observamos, as crianças do ensino fundamental que desde a mais tenra idade, aprendem a contribuir com a
limpeza do seu ambiente de convivência, assim também é dentro dos dojos de artes marciais ,onde as vezes se limpa mais o dojo do que se treina, o conceito que está por trás desta
conduta é a de limpar e organizar a sua própria mente, ao praticarmos uma forma externa, como a da limpeza treinamos a nossa própria mente para se manter equilibrada e
organizada. O conceito de Wa deve estar presente nos detalhes da nossa vida e sobre tudo em uma profissão da área da saúde como a de terapeuta integrativos. Isso faz uma grande
diferença na vida e nos resultados conquistados com o tratamento.
Ao falar do conceito de WA sempre me vem a mente uma das frases, ditas a mim pelo mestre Fujimoto em um dos treinamento que fiz com ele no Japão, “ 鍼を愛しなさい。”Hari
o aí shinasai”. “O acupunturista deve amar a agulha”. A primeira vista entendi essa frase com o sentido de que como a agulha é o principal instrumento que faz com que nós
acupunturistas ganhemos a nossa vida, devemos ama-la e sermos gratos, no entanto ao longo do tempo e de experiência tive uma nova compreensão sobre essa frase, e para mim
ficou claro que amar a agulha é entrar em harmonia como se tornássemos unos, é fundir seu espirito com a agulha, para que ela se torne uma extensão da sua mente, e seja como
uma vara mágica ou um cajado do mago, sem o mago e a sua mente o cajado será somente um pedaço de pau, assim como a agulha sem o acupunturista será somente um filete de
metal, é fundamental que não sejamos espetadores de agulhas, pois se assim fizermos, não atuaremos como mediadores entre as energias celestes que descendem em direção a
terra e as energias terrestres que ascendem em direção ao seu, ao colocarmos a nossa mente em harmonia com a agulha e paciente podemos facilitar o fluxos da energia pelo corpo
dos nossos pacientes catalisando o seu estado de autocura.
O objetivo do tratamento da acupuntura é encontrar essa harmonia, haja visto que a doença é resultado de um estado de desarmonia, mental, físico e emocional. O indivíduo
adoece, exatamente por estar em um estado de desarmonia. O objetivo do acupunturista é resgatar esse estado de harmonia perdido pelo paciente. Para isso o terapeuta deve estar
atento e consciente de sua postura, sua fala, sua vestimentas e a organização do seu consultório, para envolver desde seu primeiro contato visual e de comunicação até o seu
primeiro toque no cliente. Despertando o estado de equilíbrio latente em cada um deles. Suas técnicas necessitam serem precisas, assim como seus estímulos, toque e fala. Um
fatores crucias para obter um bom resultado nos tratamentos se devem não só a uma técnica apurada e precisa, mas a empatia e confiança, sobretudo entre paciente e terapeuta,
pois esta com certeza é determinante para o resultado final, caso o terapeuta não a conquiste, seja através do carisma, postura ou fala, o percurso será bem mais difícil de avançar
nos resultado, obvio que o efeito do primeiro encontro seja, pela técnica, afinidade serão preponderantes na continuidade do tratamento e em seus resultados.
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CARACTÉRISTICAS E DIFERENÇAS ENTRE A
ACUPUNTURA JAPONESA E A CHINESA
1. No que diz respeito a tamanho e espessura da agulha

O estilo japonês em detrimento ao chinês opta por agulhas bem finas, que são inseridas através do tubo guia (Shinkan), a partir de leves batidas no cabo da agulha. Sua inserção é
bastante superficial e em geral atinge entre 2 a 4 mm de profundidade. Já o estilo chinês prefere agulhas maiores e mais grossas com inserção profunda de 4 a 15 mm.
A acupuntura japonesa visa atuar sobre a energia defensiva Wei ki, enquanto que a chinesa realiza punções mais profundas e com manipulações fortes para despertar o techi, que é
uma forte sensação de choque ou irradiação no percurso do meridiano. O objetivo da profundidade da inserção no estilo chinês e atuar sobre a energia yong ki (energia nutridora)

Características:
Agulhas japonesas

Muito finas com espessuras de 0,10, 0,12, 0,14 e 0,16;

Inserção superficial- em geral de 2 a 4 mm, com tubo guia;

Agulhas chinesas
Mais grossas e maiores 0,20, 0,25, 0,30;

Inserção profunda- em geral de 4 a 15 mm dependendo da região. Inserção manual sem tubo guia;

2. Tipo e intensidade do estimulo

Estilo Japonês

Estímulo suave e gentil;

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CARACTÉRISTICAS E DIFERENÇAS ENTRE A
ACUPUNTURA JAPONESA E A CHINESA
Os japoneses possuem um senso muito forte de responsabilidade quanto à quantidade de estímulo oferecido em uma sessão de acupuntura, pois para eles uma quantidade um
pouco maior de estímulo pode superar a capacidade fisiológica do corpo e, eventualmente, ocasionar uma piora dos sintomas apresentados.

Estilo Chinês

No estilo chinês não se tem este tipo de cuidado e muitas vezes afirma-se que pode haver uma piora após a sessão para depois o corpo reagir e obter uma melhora.

Quantidade de agulhas - Estilo japonês

Número reduzido de agulhas em geral, no máximo 10 agulhas de retenção;

Obs.: lembrando que alguns estilos utilizam somente uma agulha no tratamento conhecido por Ipponhari.

Inserção unilateral.

Estilo chinês
Em geral de 10 até 30 agulhas de retenção;

Na maioria dos estilos chineses as agulhas são fixadas de forma bilateral.

4. Habilidade técnica
O estilo de acupuntura japonesa

Neste estilo de acupuntura é exigido do praticante uma habilidade aguçada no que diz respeito tanto à maneira da inserção da agulha, quanto à sensibilidade táctil de localização de
pontos através da palpação.

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CARACTÉRISTICAS E DIFERENÇAS ENTRE A
ACUPUNTURA JAPONESA E A CHINESA
A inserção da agulha deve ser treinada por anos até que o praticante consiga inserir a agulha de forma completamente indolor; além disso, os olhos do praticante japonês devem
estar nas mãos para que se possa localizar com precisão os tsubos e os pontos pessoais do paciente.

Estilo chinês

Já a maioria dos estilos chineses de acupuntura não se preocupam muito com a forma de inserção da agulha e, para muitos, o fato de sentir dor durante a inserção faz parte do
próprio processo terapêutico. Eles também desconsideram esse longo processo de palpação utilizado no estilo japonês.

● Diagnóstico;

● Forma de utilização da moxabustão;

● Diretrizes e filosofia de tratamento;

● O estado da mente do praticante;

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OS PRINCIPAIS ESTILOS DA ACUPUNTURA
JAPONESA
Waichi Sugyama e a invenção do mandril

Temos em Sugiyama uma linha divisória, um marco na acupuntura do Japão, pois ele é o grande responsável pela criação do tubo-guia ou mandril, conhecido no Japão por Shinkan e,
ainda, reconhecido pela criação das quatorze técnicas secretas de manipulação e estímulo através do uso do mandril.

Wachi Sugiyama era cego e descendia de uma família de samurais do clã Uemon. Naquela época no Japão, os cegos só tinham duas formas de ganhar a vida: como praticantes da
massagem tradicional japonesa (Anma) ou acupunturistas. Sugyama optou por se tornar acupuntor e foi estudar em uma escola tradicional da época do estilo Yamase. No entanto,
após alguns anos de estudo, foi desencorajado pelo próprio mestre do estilo, que afirmou que ele jamais conseguiria se tornar um bom acupunturista, pois não havia desenvolvido a
habilidade de inserir a agulha de forma indolor. Após esse acontecimento, Sugiyama resolveu empreender em um retiro na caverna de Benzaiten Munakata, a equivalente no Japão à
Deusa hindu da sabedoria Sarasvati, buscando a iluminação e inspiração espiritual para sua vida. Após 21 dias de jejum e recitação de mantras para Benzaiten, Sugiyama saiu da
caverna sem ter recebido a inspiração que tanto buscava, mas ao deixar a caverna, tropeçou em uma grande pedra e ao cair teve seu pé perfurado por uma farpa de pinho. Sem
conseguir extrair o espinho do pé, ao tatear o chão encontrou um pequeno tubo de bambu, que utilizou contra a pele extraindo por dentro do tubo a farpa do espinho de forma
completamente indolor. Após essa experiência teve a inspiração de criar o tubo guia para a condução da agulha de forma indolor, criando seu próprio estilo que revolucionou a
acupuntura no Japão, abrindo caminho para a abertura de mais de 45 escolas de acupuntura voltadas para deficientes visuais. Sugiyama foi um dos grandes responsáveis pela
popularização da acupuntura e moxabustão no Japão, pois consegui o patrocínio e apoio do governo.

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OS PRINCIPAIS ESTILOS DA ACUPUNTURA
JAPONESA
1. O ESTILO DASHIN DE ACUPUNTURA ABDOMINAL

Foi também durante o período Edo que se desenvolveram inúmeros estilos de acupuntura, pois, a partir dessa época foram introduzidas, pela primeira vez no Japão, as agulhas de
prata e ouro, favorecendo a criação de vários estilos como o da escola Dashin, criada por Mubunsai, monge zen budista do séc. XVII, responsável pela criação de um sistema
totalmente não invasivo, aplicado somente na área do abdôme (hara) através de agulhas espessas, tanto de prata quanto de ouro, com a ponta abaulada e estimulada por leves
batidas de um pequeno martelo de madeira de formato chato sobre as áreas reflexas dos órgãos no abdômen, com o objetivo de expurgar do corpo tanto os Dokus (venenos,
toxinas), como o Oketsu (sangue estagnado nos grandes órgãos). Ambos são os principais responsáveis pelo bloqueio de Ki quanto de sangue, na região do hara, considerada pelos
japoneses a principal sede ou centro vital do corpo. Isai Misono, Filho de Mubun e acupunturista da corte do Shogun, foi quem difundiu e ensinou a arte secreta do Mubun Dashin.

O clássico Shindo Hiketsu Shu (Compilação de Acupuntura Secreta) descreve as principais características e formas de tratamento através do estilo de Mubun, que promove um
estímulo muito peculiar através do movimento de ondas (hado) emitido pela vibração da batida do martelo nas agulhas de prata ou de ouro.

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OS PRINCIPAIS ESTILOS DA ACUPUNTURA
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2. ESTILO SAWADA KEN (1877 / 1938)

Sawada foi um dos mais famosos e eminentes mestres Hari e kyu do período Meiji no Japão, estudante de Taijutsu, uma antiga arte samurai e de seitai: a arte japonesa de
alinhamento osteo-articular. Aperfeiçoou e desenvolveu grande parte de seus estudos no longo período que viveu na Coreia. Sawada pertenceu à famosa classe de estilo de
acupuntura não universitária, que via na prática a maior aliada ao desenvolvimento e aprimoramento da acupuntura. Seu estilo não priorizava os pontos tradicionais da acupuntura,
mas os pontos vivos e pessoais dos pacientes, pontos estes que mantinham uma relação intrínseca não só com o sintoma apresentado pelo paciente mas, a priori, com a raiz original
da doença. Esses pontos, segundo ele, eram diferentes e únicos em cada paciente e cabia ao acupuntor e moxaterapeuta localizá-los através de técnicas específicas de palpação,
sobretudo na região do hara e das costas, principalmente aqueles pontos que se apresentavam endurecidos (koris) e sensíveis à palpação em geral. Sawada fazia uso da técnica de
uma única agulha (ippon hari), estimulando a superficialização da energia Jaki (energia perversa, maléfica), para depois eliminá-la do corpo através da queima de moxa nesses pontos
que, em geral, após a inserção superficial da agulha, apresentavam-se avermelhados nas áreas próximas da agulha. Sawada ficou muito famoso no Japão e, pelo que consta, ele
atendia quase 100 pacientes por dia e obtinha resultados expressivos em seus tratamentos. Com o passar dos anos ele voltou às agulhas.
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OS PRINCIPAIS ESTILOS DA ACUPUNTURA
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3. ESTILO FUKAYA (1901 – 1974)

Isaburo Fukaya nasceu em Tóquio em 1901 e, até os dias atuais, é considerado um dos maiores mestres de moxa (ôkyu) no Japão. Sua história de vida é muito curiosa, pois, quando
estudava direito na universidade Nippon Nichidai e se preparava para tornar-se monge budista, contraiu uma grave doença que o impossibilitou de continuar seus estudos e o deixou
acamado por cinco anos. Inconformado, buscou o tratamento de moxaterapia e curou-se completamente, fazendo com que se sentisse renascido. A partir daí resolveu devotar-se ao
estudo e prática da moxaterapia, criando um estilo próprio de ensino e tratamento, através da moxa (Artemísia vulgaris). Seu estilo, assim como o de Sawada, preconizava a
localização e tratamento através dos famosos pontos vivos ou operantes, descobertos por meio de um minucioso exame palpatório em cada um dos pacientes. A sua grande inovação
foi a utilização de um tubo de bambu oco com a abertura em um dos lados, para que, quando pressionado ao término da queima da moxa, aproximadamente a 1mm da pele,
promovesse não só a interrupção da queima dos cones de moxa antes que esses atingissem a pele produzindo bolhas, mas também produzisse um efeito único de penetração do
calor nos pontos e meridianos.

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OS PRINCIPAIS ESTILOS DA ACUPUNTURA
JAPONESA
4. ESTILO MANAKA (1911-1989)

Yoshio Manaka foi um grande médico japonês do séc. XX, graduado pela Kyoto Imperial University Medical School e PhD pela Kyoto Imperial University Medical School. Manaka
também era poeta, escritor, artista e pesquisador; um mediador cultural entre a China e Japão. Cirurgião do Exército Japonês, responsável por tratar com a acupuntura inúmeros
soldados feridos, Manaka atuou como pesquisador da acupuntura e sistematizou um novo mapa dos pontos de alarme (Boketsu) na década de 70. Esteve sempre envolvido com
inúmeras pesquisas comprobatórias do fenômeno de óxido-redução nos pontos de acupuntura. Também é reconhecido pela criação dos fios magnéticos de Ion Pumping, que permite
o fluxo de elétrons em um único sentido, tendo por objetivo criar uma espécie de ponte de transferência de energia a partir da polaridade contrária, positivo e negativo, transferindo
os íons positivos para lugares saudáveis.

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OS PRINCIPAIS ESTILOS DA ACUPUNTURA
JAPONESA
5. ESTILO AKABANE

Hinaishin e Kyutoshin
Kobei Akabane foi um grande acupuntor, moxaterapeuta e pesquisador da acupuntura japonesa. Sua grande contribuição se deu em 1952, quando, ao tratar um paciente de mesmo
nome (Akabane), que era portador de diabetes, optou por tratar os pontos insensíveis nos pés com moxa (kyu), os famosos pontos Seiketsu, localizados nos cantos ungueais dos
dedos. Ao dar continuidade ao tratamento, ele percebeu a melhora drástica em seu paciente. Com isso, resolveu direcionar sua pesquisa aos pontos seiketsu. A partir das
experiências com esses pontos, Akabane percebeu que poderia avaliar os meridianos através da sensibilidade ao calor nos pontos seiketsu. Suas pesquisas apontaram para a energia
maléfica Jaki, sobre tudo aquela proveniente do frio e do vento, como sendo a principal responsável pelo desequilíbrio e alterações energéticas nos meridianos. Através desses
estudos, Akabane resolveu utilizar pequenas agulhas hipodérmicas (Hinaishin) de forma subcutânea com o objetivo de estimular o corpo a expurgar a energia Jaki para fora do
organismo e dos meridianos, fazendo com que o fluxo energético dos meridianos se restabelecesse. Segundo a lei de Osamu presente no Nanjing, a presença da energia Jaki pode ser
percebida através da vermelhidão formada ao redor da agulha.
A utilização das agulhas hinaishin de forma subcutânea é completamente indolor e, em geral, é associada também por Akabane ao Kyutoshin. Kyu significa moxa, Shin, agulha e To,
ponta; literalmente, a palavra kyutoshin significa moxa fixada no cabo da agulha. Associada com o Hinaishin, esse método é muitíssimo eficaz no tratamento de inúmeras doenças e
dores crônicas.
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OS PRINCIPAIS ESTILOS DA ACUPUNTURA
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6. ESTILO NAGANO

A combinação da medicina oriental com a fisiologia ocidental.


Kyoshi Nagano foi um dos grandes mestres da acupuntura japonesa. Deficiente visual assim com Sugiyama, Nagano formou-se como fisioterapeuta e acupunturista pela escola
especializada em deficientes visuais de Oita, no Japão.
Desenvolveu uma nova abordagem para a acupuntura Japonesa ao combinar os princípios tradicionais com a visão da fisiologia ocidental e a teoria do estresse do Dr. Hans Seyle.
O estilo de acupuntura japonesa desenvolvido por Nagano tornou-se um sistema completo, pois, além de abordar aspectos tradicionais da acupuntura assim como a utilização dos
pontos dos cinco elementos, ele desenvolveu também uma abordagem própria de diagnóstico pelo hara.
Nagano utilizou uma visão e uma linguagem acessíveis ao mundo ocidental, por meio de seus estudos sobre o sistema nervoso autônomo, o sistema hormonal e o sistema
imunológico. Além de seus tratamentos específicos do Inoki (sistema digestório), da desintoxicação hepática e sanguínea (oketsu), Nagano desenvolveu inúmeros protocolos de
tratamento combinando os conceitos da medicina oriental com a ocidental, atuando sobre desde a parte estrutural do corpo como coluna, quadril e pescoço, até os aspectos mais
sutis da medicina oriental, assim como o seu tratamento tradicional de água e metal.
O método Nagano tornou-se famoso pelo seu rápido efeito terapêutico na clínica diária, pois alivia instantaneamente os sintomas enquanto equilibra os meridianos através dos
tradicionais pontos dos cinco elementos.

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OS PRINCIPAIS ESTILOS DA ACUPUNTURA
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7. ESTILO TADASHI IRIE

Tadashi Irie foi um famoso acupunturista e farmacêutico da década de 70, um dos primeiros alunos do Dr. Yoshio Manaka e um dos continuadores de seu trabalho, pois foi através
dos fundamentos de Manaka e da utilização dos fios de Ion pumping que Tadashi Irie desenvolveu seu método de tratamento voltado para os meridianos distintos e meridianos
tendino musculares.

Após anos de pesquisa, o Dr. Tadashi Irie desenvolveu um sistema próprio, o qual utilizava o Irie Finger Test, um método similar o teste bidigital O-ring test de Yoshiaki Omura para
encontrar pontos pessoais do paciente e diagnose do pulso e de pontos de alarme assim como pontos do abdome (Hara). No caso do método desenvolvido por Tadashi, coloca-se o
dedo indicador de uma mão no ponto ou área a ser testado, enquanto o dedo indicador da outra mão é esfregado sobre a parte superior do dedo adjacente. Uma experiência de
resistência adesiva entre o polegar e o dedo indicador é um reflexo de que a área que está sendo testada está doente.
Com o tratamento dos meridianos distintos, o dr. Tadashi tratava tanto com os fios de ion pumping, quanto com pequenas tachinhas metálicas com esparadrapo e papel de alumínio
como eletrodos. Existe também o tratamento através de agulhas inseridas superficialmente na pele; no entanto, este método tem sido substituído pelas formas menos invasivas.

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OS PRINCIPAIS ESTILOS DA ACUPUNTURA
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7. ESTILO TADASHI IRIE
A outra forma de trabalho do Dr. Irie está focada nos meridianos tedino musculares, através do uso da agulha de contato aquecida para tratar pontos de dor ou sintomas. Esse
método foi desenvolvido inicialmente pelo Dr. Hirata através do nome Nesshin Shigeki Ryoho, em 1930, que utilizava a aplicação de calor para tratar várias doenças, nas chamadas 12
bandas do corpo ou zonas de Hirata. Existem várias formas de aquecer a agulha de contato, inicialmente isso era feito com uma vela e posteriormente foi desenvolvido um aparelho
elétrico de emissão de calor em hastes metálicas tipo um ferro de solda. Essa agulha utilizada pelo Dr. Irie é conhecida por Nesshin ou terapia de agulha quente. Nesshin 热针" (Ne
como calor = Netsu 热, shin =

agulha 针) é um dos estilos japoneses de terapia de meridianos através de uma forma

de manuseio de uma haste de metal quente para estimular delicadamente meridianos e áreas do corpo. Ela foi desenvolvida pela acupunturista Yokoyama. A técnica é baseada na
agulha irie aquecida para tratar meridianos tendino musculares, segundo Tadashi Irie, tal sistema é muito difundido tanto dentro quanto fora do Japão.

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OS PRINCIPAIS ESTILOS DA ACUPUNTURA
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8. ESTILO KEIRAKU CHIRYO
A terapia de meridiano e sua abordagem neoclássica da acupuntura.
A Terapia de Meridiano é fruto do espírito nacionalista do povo japonês e de sua constante busca pela perfeição e aprimoramento. A terapia de meridiano desenvolveu-se no início da
década de 20, tendo como líder Yanagiya Sorei, um jovem e genial acupuntor, que defendia o estudo sistemático dos clássicos que já aos 16 anos entrou para a primeira escola de
acupuntura para aqueles que possuíam o sentido da visão, pois, até então, as escolas de acupuntura eram exclusivas para os cegos. Ele devotou-se ao estudo integral desta arte
adquirindo ainda bem jovem sua licença para praticar acupuntura, tornando-se um dos grandes pesquisadores da época através de uma nova abordagem da acupuntura baseada na
compreensão dos clássicos, dentre eles o Nanjing (o clássico das dificuldades).

Iniciando em 1927 sua própria escola de acupuntura e, reunido vários adeptos para o seu ideal, deu origem ao que ficou conhecido como Keiraku Chiryo (terapia de meridiano).

Ao se graduar em filosofia oriental, Sorei tornou-se ainda mais fixo em seus estudo e ideais e, junto com Okabe Fukuji, um de seus primeiros alunos, Takeyama Shinichiro, jornalista
deu um renomado jornal de Osaka e Inou, formaram em 1939 um sociedade voltada para o estudo intensivo dos clássicos da acupuntura. Através do estudo dos clássicos, a terapia
de meridiano passou a desenvolver uma maneira sistemática de tratamento e diagnóstico. Trazendo um grande respaldo para acupuntura praticada no Japão, tornando-se até os dias
de hoje um dos estilos mais praticados dentro e fora do Japão.

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9. ESTILO TOYOHARI
E o refinamento da Terapia de Meridiano

O Estilo de acupuntura Toyohari foi desenvolvido pelo mestre Kodo Fukushima. O senhor Kodo fazia parte das forças armadas do Japão e, quando estava em ação, perdeu a visão,
ficando completamente impossibilitado de continuar a exercer sua profissão, sendo aposentado por invalidez. Após este momento traumático, ele resolveu estudar acupuntura.

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10. SISTEMA HARI
O retorno à abordagem espiritual da acupuntura

O sistema Hari é fruto de anos de estudo e pesquisa do Mestre Koei Kuwahara, no campo da Terapia de meridiano, Aikidô, chikung medicinal, Kototama, Okidô e anos a fio de estudo
da acupuntura com renomados mestres como: Kodo Fukushima, Ikeda, Shudo Denmei, Tanyoka, dentre outros. Com mais de 30 anos voltados para o Aikidô e anos de prática e estudo
da acupuntura com afinco, como os 15 anos que ficou ao lado do mestre Kodo Fukushima, deram ao sensei Kuwahara experiência e conhecimentos suficientes para desenvolver um
estilo próprio de acupuntura.

O sistema Hari possui sua base na acupuntura clássica da terapia de meridiano e do sistema Toyohari; no entanto, o poder deste sistema emerge da combinação das práticas e
posturas corporais advindas do Akidô e do poder espiritual do kotodama/kototama.
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OS PRINCIPAIS ESTILOS DA ACUPUNTURA
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10. SISTEMA HARI

Na prática da acupuntura Hari, sua atuação vai além do físico e energético e atinge o campo espiritual do indivíduo que está sendo tratado. Segundo o sensei Koei Kuwahara, o
sistema Hari faz parte de um retorno à acupuntura original, que era considerada antes de tudo um tratamento espiritual, pois, segundo ele, adoecemos inicialmente no campo
espiritual e a ressonância deste reflete-se nos demais campos, como o energético, afetando os meridianos e, posteriormente, atingindo o corpo físico. Assim como o estilo Keiraku
Chiryo e Toyohari, o sistema Hari enfatiza o tratamento de raiz, em detrimento ao tratamento sintomático.
Tendo como principal técnica o método de tonificação Ho Ho, através de uma finíssima agulha de prata conhecida por ute te ou agulha Inoue, a sua principal característica é possuir a
ponta arredondada como a de um polegar, o que faz com que ela não seja inserida na pele. Com isso, o praticante Hari toca suavemente essa agulha na pele, canalizando através de
Kotodama/Kototama as vibrações adequadas que irão modificar o estado espiritual e energético do paciente.
O Mestre Koei Kuwahara atualmente está radicado na cidade de Boston - EUA, onde possui sua clínica particular e sua escola de acupuntura.

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11. ESTILO SHONISHIN
A acupuntura pediátrica japonesa

No Japão existe um estilo próprio de acupuntura, voltado quase que exclusivamente para o tratamento de crianças. Esse método é conhecido por "shonishin”, palavra que vem do
chinês “Erzhen" e significa "agulha ou agulhamento de crianças”. Esse sistema surgiu durante o período Edo (do século XVII ao século XIX) e se popularizou na era Showa em meados
do século XX.

O método consiste em uma forma especializada de acupuntura que faz uso de instrumentos e agulhas metálicas, que, em geral, são deslizados de forma suave e superficial sobre a
pele da criança ou bebê, com o intuito de regular e promover o livre fluxo de Ki nos meridianos do corpo da criança. Enquanto que a acupuntura realizada em adultos envolve a
inserção de agulhas, o shonishin é uma forma completamente não invasiva de acupuntura, que utiliza várias agulhas e instrumentos dos mais diferentes formatos e tamanhos
somente sobre a pele do bebê.

Segundo inúmeros relatos, a prática regular do shonishin ajuda a promover e manter tanto a saúde física como mental da criança, tornando-as mais fortes e tranquilas, auxiliando
inclusive em seu crescimento e desenvolvimento.
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