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ALUNOS DO PROJETO MISSÃO
ÃO O
LEGISLAÇÃO MISSÃO
GUARDA MUNICIPAL DE FORTALEZA - CE

• CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988


• CÓDIGO PENAL
• CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
• LEI Nº 13.022/2014 (ESTATUTO GERAL DAS GUARDAS)
• LEI Nº 11.343/06 (LEI DE DROGAS)
• LEI Nº 7.716/1989 (CRIMES RESULTANTES DE PRECONCEITOS DE RAÇA OU DE COR)
• LEI Nº 8.069/1990 (ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE)
• LEI N. 9.605/1998 (LEI DE CRIMES AMBIENTAIS)
• LEI Nº 9.503/1997 (CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO)
• LEI Nº 10.826/2003 (ESTATUTO DO DESARMAMENTO)
• LEI Nº 11.340/2006 (LEI MARIA DA PENHA)
• LEI Nº 13.869/19 (LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE)
• LEI ORGÂNICA DO MUNICÍPIO DE FORTALEZA - CE
• LEI MUNICIPAL Nº 6.794/1990 (ESTATUTO DOS SERVIDORES DO MUNICÍPIO DE FORTALEZA - CE)
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA TÍTULO II
DO BRASIL DE 1988 DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
CAPÍTULO I
Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos
TÍTULO I
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza, garantindo-se
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
pela união indissolúvel dos Estados e Municípios
País a inviolabilidade do direito à vida, à
e do Distrito Federal, constitui-se em Estado
liberdade, à igualdade, à segurança e à
Democrático de Direito e tem como fundamentos:
propriedade, nos termos seguintes:
I - a soberania;
I - homens e mulheres são iguais em direitos e
II - a cidadania
obrigações, nos termos desta Constituição;
III - a dignidade da pessoa humana;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de
IV - os valores sociais do trabalho e da livre
fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
iniciativa;
III - ninguém será submetido a tortura nem a
V - o pluralismo político.
tratamento desumano ou degradante;
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo,
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo
que o exerce por meio de representantes eleitos
vedado o anonimato;
ou diretamente, nos termos desta Constituição.
V - é assegurado o direito de resposta,
Art. 2º São Poderes da União, independentes e
proporcional ao agravo, além da indenização por
harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e
dano material, moral ou à imagem;
o Judiciário.
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da
crença, sendo assegurado o livre exercício dos
República Federativa do Brasil:
cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação
III - erradicar a pobreza e a marginalização e
de assistência religiosa nas entidades civis e
reduzir as desigualdades sociais e regionais;
militares de internação coletiva;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo
de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
de crença religiosa ou de convicção filosófica ou
outras formas de discriminação.
política, salvo se as invocar para eximir-se de
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se
obrigação legal a todos imposta e recusar-se a
nas suas relações internacionais pelos seguintes
cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
princípios:
IX - é livre a expressão da atividade intelectual,
I - independência nacional;
artística, científica e de comunicação,
II - prevalência dos direitos humanos;
independentemente de censura ou licença;
III - autodeterminação dos povos;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a
IV - não-intervenção;
honra e a imagem das pessoas, assegurado o
V - igualdade entre os Estados;
direito a indenização pelo dano material ou moral
VI - defesa da paz;
decorrente de sua violação;
VII - solução pacífica dos conflitos;
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo,
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
ninguém nela podendo penetrar sem
IX - cooperação entre os povos para o progresso
consentimento do morador, salvo em caso de
da humanidade;
flagrante delito ou desastre, ou para prestar
X - concessão de asilo político.
socorro, ou, durante o dia, por determinação
Parágrafo único. A República Federativa do
judicial;
Brasil buscará a integração econômica, política,
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e
social e cultural dos povos da América Latina,
das comunicações telegráficas, de dados e das
visando à formação de uma comunidade latino-
comunicações telefônicas, salvo, no último caso,
americana de nações.
por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que
a lei estabelecer para fins de investigação criminal
ou instrução processual penal;
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que
ofício ou profissão, atendidas as qualificações a lei fixar;
profissionais que a lei estabelecer; XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação a) a proteção às participações individuais em
e resguardado o sigilo da fonte, quando obras coletivas e à reprodução da imagem e voz
necessário ao exercício profissional; humanas, inclusive nas atividades desportivas;
XV - é livre a locomoção no território nacional em b) o direito de fiscalização do aproveitamento
tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos econômico das obras que criarem ou de que
termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele participarem aos criadores, aos intérpretes e às
sair com seus bens; respectivas representações sindicais e
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem associativas;
armas, em locais abertos ao público, XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos
independentemente de autorização, desde que industriais privilégio temporário para sua
não frustrem outra reunião anteriormente utilização, bem como proteção às criações
convocada para o mesmo local, sendo apenas industriais, à propriedade das marcas, aos
exigido prévio aviso à autoridade competente; nomes de empresas e a outros signos distintivos,
XVII - é plena a liberdade de associação para fins tendo em vista o interesse social e o
lícitos, vedada a de caráter paramilitar; desenvolvimento tecnológico e econômico do
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, País;
a de cooperativas independem de autorização, XXX - é garantido o direito de herança;
sendo vedada a interferência estatal em seu XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros
funcionamento; situados no País será regulada pela lei brasileira
XIX - as associações só poderão ser em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros,
compulsoriamente dissolvidas ou ter suas sempre que não lhes seja mais favorável a lei
atividades suspensas por decisão judicial, pessoal do "de cujus";
exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a
julgado; defesa do consumidor;
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos
ou a permanecer associado; públicos informações de seu interesse particular,
XXI - as entidades associativas, quando ou de interesse coletivo ou geral, que serão
expressamente autorizadas, têm legitimidade prestadas no prazo da lei, sob pena de
para representar seus filiados judicial ou responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo
extrajudicialmente; seja imprescindível à segurança da sociedade e
XXII - é garantido o direito de propriedade; do Estado;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função XXXIV - são a todos assegurados,
social; independentemente do pagamento de taxas:
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para a) o direito de petição aos Poderes Públicos em
desapropriação por necessidade ou utilidade defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso
pública, ou por interesse social, mediante justa e de poder;
prévia indenização em dinheiro, ressalvados os b) a obtenção de certidões em repartições
casos previstos nesta Constituição; públicas, para defesa de direitos e esclarecimento
XXV - no caso de iminente perigo público, a de situações de interesse pessoal;
autoridade competente poderá usar de XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder
propriedade particular, assegurada ao proprietário Judiciário lesão ou ameaça a direito;
indenização ulterior, se houver dano; XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o
XXVI - a pequena propriedade rural, assim ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
definida em lei, desde que trabalhada pela família, XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
não será objeto de penhora para pagamento de XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com
débitos decorrentes de sua atividade produtiva, a organização que lhe der a lei, assegurados:
dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu a) a plenitude de defesa;
desenvolvimento; b) o sigilo das votações;
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo c) a soberania dos veredictos;
de utilização, publicação ou reprodução de suas d) a competência para o julgamento dos crimes
dolosos contra a vida;
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o LII - não será concedida extradição de estrangeiro
defina, nem pena sem prévia cominação legal; por crime político ou de opinião;
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para LIII - ninguém será processado nem sentenciado
beneficiar o réu; senão pela autoridade competente;
XLI - a lei punirá qualquer discriminação LIV - ninguém será privado da liberdade ou de
atentatória dos direitos e liberdades seus bens sem o devido processo legal;
fundamentais; LV - aos litigantes, em processo judicial ou
XLII - a prática do racismo constitui crime administrativo, e aos acusados em geral são
inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de assegurados o contraditório e ampla defesa,
reclusão, nos termos da lei; com os meios e recursos a ela inerentes;
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas
insuscetíveis de graça ou anistia a prática da obtidas por meios ilícitos;
tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas LVII - ninguém será considerado culpado até o
afins, o terrorismo e os definidos como crimes trânsito em julgado de sentença penal
hediondos, por eles respondendo os mandantes, condenatória;
os executores e os que, podendo evitá-los, se LVIII - o civilmente identificado não será
omitirem; submetido a identificação criminal, salvo nas
XLIV - constitui crime inafiançável e hipóteses previstas em lei;
imprescritível a ação de grupos armados, civis ou LIX - será admitida ação privada nos crimes de
militares, contra a ordem constitucional e o Estado ação pública, se esta não for intentada no prazo
Democrático; legal;
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos
condenado, podendo a obrigação de reparar o atos processuais quando a defesa da intimidade
dano e a decretação do perdimento de bens ser, ou o interesse social o exigirem;
nos termos da lei, estendidas aos sucessores e LXI - ninguém será preso senão em flagrante
contra eles executadas, até o limite do valor do delito ou por ordem escrita e fundamentada de
patrimônio transferido; autoridade judiciária competente, salvo nos casos
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e de transgressão militar ou crime propriamente
adotará, entre outras, as seguintes: militar, definidos em lei;
a) privação ou restrição da liberdade; LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde
b) perda de bens; se encontre serão comunicados imediatamente
c) multa; ao juiz competente e à família do preso ou à
d) prestação social alternativa; pessoa por ele indicada;
e) suspensão ou interdição de direitos; LXIII - o preso será informado de seus direitos,
XLVII - não haverá penas: entre os quais o de permanecer calado, sendo-
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, lhe assegurada a assistência da família e de
nos termos do art. 84, XIX; advogado;
b) de caráter perpétuo; LXIV - o preso tem direito à identificação dos
c) de trabalhos forçados; responsáveis por sua prisão ou por seu
d) de banimento; interrogatório policial;
e) cruéis; LXV - a prisão ilegal será imediatamente
XLVIII - a pena será cumprida em relaxada pela autoridade judiciária;
estabelecimentos distintos, de acordo com a LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela
natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; mantido, quando a lei admitir a liberdade
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à provisória, com ou sem fiança;
integridade física e moral; LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a
L - às presidiárias serão asseguradas condições do responsável pelo inadimplemento voluntário e
para que possam permanecer com seus filhos inescusável de obrigação alimentícia e a do
durante o período de amamentação; depositário infiel;
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre
naturalizado, em caso de crime comum, praticado que alguém sofrer ou se achar ameaçado de
antes da naturalização, ou de comprovado sofrer violência ou coação em sua liberdade de
envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
drogas afins, na forma da lei;
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança LXXIX - é assegurado, nos termos da lei, o direito
para proteger direito líquido e certo, não à proteção dos dados pessoais, inclusive nos
amparado por habeas corpus ou habeas data, meios digitais.
quando o responsável pela ilegalidade ou abuso § 1º As normas definidoras dos direitos e garantias
de poder for autoridade pública ou agente de fundamentais têm aplicação imediata.
pessoa jurídica no exercício de atribuições do § 2º Os direitos e garantias expressos nesta
Poder Público; Constituição não excluem outros decorrentes do
LXX - o mandado de segurança coletivo pode regime e dos princípios por ela adotados, ou dos
ser impetrado por: tratados internacionais em que a República
a) partido político com representação no Federativa do Brasil seja parte.
Congresso Nacional; § 3º Os tratados e convenções internacionais
b) organização sindical, entidade de classe ou sobre direitos humanos que forem aprovados,
associação legalmente constituída e em em cada Casa do Congresso Nacional, em dois
funcionamento há pelo menos um ano, em turnos, por três quintos dos votos dos
defesa dos interesses de seus membros ou respectivos membros, serão equivalentes às
associados; emendas constitucionais.
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção § 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal
sempre que a falta de norma regulamentadora Penal Internacional a cuja criação tenha
torne inviável o exercício dos direitos e manifestado adesão.
liberdades constitucionais e das prerrogativas
inerentes à nacionalidade, à soberania e à CAPÍTULO II
cidadania; Dos Direitos Sociais
LXXII - conceder-se-á habeas data:
a) para assegurar o conhecimento de informações Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde,
relativas à pessoa do impetrante, constantes de a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte,
registros ou bancos de dados de entidades o lazer, a segurança, a previdência social, a
governamentais ou de caráter público; proteção à maternidade e à infância, a assistência
b) para a retificação de dados, quando não se aos desamparados, na forma desta Constituição.
prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou Parágrafo único. Todo brasileiro em situação de
administrativo; vulnerabilidade social terá direito a uma renda
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para básica familiar, garantida pelo poder público em
propor ação popular que vise a anular ato lesivo programa permanente de transferência de renda,
ao patrimônio público ou de entidade de que o cujas normas e requisitos de acesso serão
Estado participe, à moralidade administrativa, ao determinados em lei, observada a legislação fiscal
meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, e orçamentária.
ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e
de custas judiciais e do ônus da sucumbência; rurais, além de outros que visem à melhoria de
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica sua condição social:
integral e gratuita aos que comprovarem I - relação de emprego protegida contra
insuficiência de recursos; despedida arbitrária ou sem justa causa, nos
LXXV - o Estado indenizará o condenado por termos de lei complementar, que preverá
erro judiciário, assim como o que ficar preso indenização compensatória, dentre outros
além do tempo fixado na sentença; direitos;
LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente II - seguro-desemprego, em caso de desemprego
pobres, na forma da lei: involuntário;
a) o registro civil de nascimento; III - fundo de garantia do tempo de serviço;
b) a certidão de óbito; IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente
LXXVII - são gratuitas as ações de habeas unificado, capaz de atender a suas necessidades
corpus e habeas data, e, na forma da lei, os atos vitais básicas e às de sua família com moradia,
necessários ao exercício da cidadania. alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário,
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e higiene, transporte e previdência social, com
administrativo, são assegurados a razoável reajustes periódicos que lhe preservem o poder
duração do processo e os meios que garantam a aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para
celeridade de sua tramitação. qualquer fim;
V - piso salarial proporcional à extensão e à XXV - assistência gratuita aos filhos e
complexidade do trabalho; dependentes desde o nascimento até 5 (cinco)
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto anos de idade em creches e pré-escolas;
em convenção ou acordo coletivo; XXVI - reconhecimento das convenções e
VII - garantia de salário, nunca inferior ao acordos coletivos de trabalho;
mínimo, para os que percebem remuneração XXVII - proteção em face da automação, na forma
variável; da lei;
VIII - décimo terceiro salário com base na XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a
remuneração integral ou no valor da cargo do empregador, sem excluir a indenização a
aposentadoria; que este está obrigado, quando incorrer em dolo
IX - remuneração do trabalho noturno superior à ou culpa;
do diurno; XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das
X - proteção do salário na forma da lei, relações de trabalho, com prazo prescricional de
constituindo crime sua retenção dolosa; cinco anos para os trabalhadores urbanos e
XI - participação nos lucros, ou resultados, rurais, até o limite de dois anos após a extinção
desvinculada da remuneração, e, do contrato de trabalho;
excepcionalmente, participação na gestão da XXX - proibição de diferença de salários, de
empresa, conforme definido em lei; exercício de funções e de critério de admissão por
XII - salário-família pago em razão do dependente motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;
do trabalhador de baixa renda nos termos da lei; XXXI - proibição de qualquer discriminação no
XIII - duração do trabalho normal não superior a tocante a salário e critérios de admissão do
oito horas diárias e quarenta e quatro trabalhador portador de deficiência;
semanais, facultada a compensação de horários e XXXII - proibição de distinção entre trabalho
a redução da jornada, mediante acordo ou manual, técnico e intelectual ou entre os
convenção coletiva de trabalho; profissionais respectivos;
XIV - jornada de seis horas para o trabalho XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou
realizado em turnos ininterruptos de insalubre a menores de dezoito e de qualquer
revezamento, salvo negociação coletiva; trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na
XV - repouso semanal remunerado, condição de aprendiz, a partir de quatorze anos;
preferencialmente aos domingos; XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador
XVI - remuneração do serviço extraordinário com vínculo empregatício permanente e o
superior, no mínimo, em cinquenta por cento à trabalhador avulso.
do normal; Parágrafo único. São assegurados à categoria
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, dos trabalhadores domésticos os direitos previstos
pelo menos, um terço a mais do que o salário nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII,
normal; XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas
emprego e do salário, com a duração de cento e em lei e observada a simplificação do
vinte dias; cumprimento das obrigações tributárias, principais
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e
lei; suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II,
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua
mediante incentivos específicos, nos termos da lei; integração à previdência social.
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de Art. 8º É livre a associação profissional ou
serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos sindical, observado o seguinte:
termos da lei; I - a lei não poderá exigir autorização do Estado
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, para a fundação de sindicato, ressalvado o
por meio de normas de saúde, higiene e registro no órgão competente, vedadas ao Poder
segurança; Público a interferência e a intervenção na
XXIII - adicional de remuneração para as organização sindical;
atividades penosas, insalubres ou perigosas, na II - é vedada a criação de mais de uma
forma da lei; organização sindical, em qualquer grau,
XXIV - aposentadoria; representativa de categoria profissional ou
econômica, na mesma base territorial, que será
definida pelos trabalhadores ou empregadores com valor igual para todos, e, nos termos da lei,
interessados, não podendo ser inferior à área de mediante:
um Município; I - plebiscito;
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e II - referendo;
interesses coletivos ou individuais da categoria, III - iniciativa popular.
inclusive em questões judiciais ou administrativas; § 1º O alistamento eleitoral e o voto são:
IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
em se tratando de categoria profissional, será II - facultativos para:
descontada em folha, para custeio do sistema a) os analfabetos;
confederativo da representação sindical b) os maiores de setenta anos;
respectiva, independentemente da contribuição c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito
prevista em lei; anos.
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter- § 2º Não podem alistar-se como eleitores os
se filiado a sindicato; estrangeiros e, durante o período do serviço
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos militar obrigatório, os conscritos.
nas negociações coletivas de trabalho; § 3º São condições de elegibilidade, na forma
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser da lei:
votado nas organizações sindicais; I - a nacionalidade brasileira;
VIII - é vedada a dispensa do empregado II - o pleno exercício dos direitos políticos;
sindicalizado a partir do registro da candidatura III - o alistamento eleitoral;
a cargo de direção ou representação sindical e, se IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
eleito, ainda que suplente, até um ano após o final V - a filiação partidária;
do mandato, salvo se cometer falta grave nos VI - a idade mínima de:
termos da lei. a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-
Parágrafo único. As disposições deste artigo Presidente da República e Senador;
aplicam-se à organização de sindicatos rurais e de b) trinta anos para Governador e Vice-
colônias de pescadores, atendidas as condições Governador de Estado e do Distrito Federal;
que a lei estabelecer. c) vinte e um anos para Deputado Federal,
Art. 9º É assegurado o direito de greve, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-
competindo aos trabalhadores decidir sobre a Prefeito e juiz de paz;
oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses d) dezoito anos para Vereador.
que devam por meio dele defender. § 4º São inelegíveis os inalistáveis e os
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades analfabetos.
essenciais e disporá sobre o atendimento das § 5º O Presidente da República, os Governadores
necessidades inadiáveis da comunidade. de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os quem os houver sucedido, ou substituído no curso
responsáveis às penas da lei. dos mandatos poderão ser reeleitos para um
Art. 10. É assegurada a participação dos único período subsequente.
trabalhadores e empregadores nos colegiados dos § 6º Para concorrerem a outros cargos, o
órgãos públicos em que seus interesses Presidente da República, os Governadores de
profissionais ou previdenciários sejam objeto de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem
discussão e deliberação. renunciar aos respectivos mandatos até seis
Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos meses antes do pleito.
empregados, é assegurada a eleição de um § 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do
representante destes com a finalidade exclusiva titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou
de promover-lhes o entendimento direto com os afins, até o segundo grau ou por adoção, do
empregadores. Presidente da República, de Governador de
Estado ou Território, do Distrito Federal, de
CAPÍTULO IV Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos
Dos Direitos Políticos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular
de mandato eletivo e candidato à reeleição.
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo § 8º O militar alistável é elegível, atendidas as
sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, seguintes condições:
I - se contar menos de dez anos de serviço, TÍTULO III
deverá afastar-se da atividade; DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
II - se contar mais de dez anos de serviço, será CAPÍTULO I
agregado pela autoridade superior e, se eleito, Da Organização Político-Administrativa
passará automaticamente, no ato da diplomação,
para a inatividade. Art. 18. A organização político-administrativa da
§ 9º. Lei complementar estabelecerá outros casos República Federativa do Brasil compreende a
de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a União, os Estados, o Distrito Federal e os
fim de proteger a probidade administrativa, a Municípios, todos autônomos, nos termos desta
moralidade para exercício de mandato Constituição.
considerada vida pregressa do candidato, e a § 1º Brasília é a Capital Federal.
normalidade e legitimidade das eleições contra a § 2º Os Territórios Federais integram a União, e
influência do poder econômico ou o abuso do sua criação, transformação em Estado ou
exercício de função, cargo ou emprego na reintegração ao Estado de origem serão reguladas
administração direta ou indireta. em lei complementar.
§ 10. O mandato eletivo poderá ser impugnado § 3º Os Estados podem incorporar-se entre si,
ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias subdividir-se ou desmembrar-se para se
contados da diplomação, instruída a ação com anexarem a outros, ou formarem novos Estados
provas de abuso do poder econômico, corrupção ou Territórios Federais, mediante aprovação da
ou fraude. população diretamente interessada, através de
§ 11. A ação de impugnação de mandato tramitará plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei
em segredo de justiça, respondendo o autor, na complementar.
forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé. § 4º A criação, a incorporação, a fusão e o
§ 12. Serão realizadas concomitantemente às desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei
eleições municipais as consultas populares sobre estadual, dentro do período determinado por Lei
questões locais aprovadas pelas Câmaras Complementar Federal, e dependerão de
Municipais e encaminhadas à Justiça Eleitoral até consulta prévia, mediante plebiscito, às
90 (noventa) dias antes da data das eleições, populações dos Municípios envolvidos, após
observados os limites operacionais relativos ao divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal,
número de quesitos. apresentados e publicados na forma da lei.
§ 13. As manifestações favoráveis e contrárias às Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao
questões submetidas às consultas populares nos Distrito Federal e aos Municípios:
termos do § 12 ocorrerão durante as campanhas I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas,
eleitorais, sem a utilização de propaganda subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento
gratuita no rádio e na televisão. ou manter com eles ou seus representantes
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, relações de dependência ou aliança, ressalvada,
cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: na forma da lei, a colaboração de interesse
I - cancelamento da naturalização por sentença público;
transitada em julgado; II - recusar fé aos documentos públicos;
II - incapacidade civil absoluta; III - criar distinções entre brasileiros ou
III - condenação criminal transitada em julgado, preferências entre si.
enquanto durarem seus efeitos;
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta
CAPÍTULO II
ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º,
Da União
VIII;
V - improbidade administrativa, nos termos do art.
Art. 20. São bens da União:
37, § 4º.
I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral
vierem a ser atribuídos;
entrará em vigor na data de sua publicação, não
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa
se aplicando à eleição que ocorra até um ano da
das fronteiras, das fortificações e construções
data de sua vigência.
militares, das vias federais de comunicação e à
preservação ambiental, definidas em lei;
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água especialmente as de crédito, câmbio e
em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais capitalização, bem como as de seguros e de
de um Estado, sirvam de limites com outros previdência privada;
países, ou se estendam a território estrangeiro ou IX - elaborar e executar planos nacionais e
dele provenham, bem como os terrenos marginais regionais de ordenação do território e de
e as praias fluviais; desenvolvimento econômico e social;
IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas X - manter o serviço postal e o correio aéreo
limítrofes com outros países; as praias marítimas; nacional;
as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, XI - explorar, diretamente ou mediante
destas, as que contenham a sede de Municípios, autorização, concessão ou permissão, os serviços
exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público de telecomunicações, nos termos da lei, que
e a unidade ambiental federal, e as referidas no disporá sobre a organização dos serviços, a
art. 26, II; criação de um órgão regulador e outros aspectos
V - os recursos naturais da plataforma continental institucionais;
e da zona econômica exclusiva; XII - explorar, diretamente ou mediante
VI - o mar territorial; autorização, concessão ou permissão:
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e
VIII - os potenciais de energia hidráulica; imagens;
IX - os recursos minerais, inclusive os do b) os serviços e instalações de energia elétrica e o
subsolo; aproveitamento energético dos cursos de água,
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios em articulação com os Estados onde se situam os
arqueológicos e pré-históricos; potenciais hidroenergéticos;
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos c) a navegação aérea, aeroespacial e a
índios. infraestrutura aeroportuária;
§ 1º É assegurada, nos termos da lei, à União, aos d) os serviços de transporte ferroviário e
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras
participação no resultado da exploração de nacionais, ou que transponham os limites de
petróleo ou gás natural, de recursos hídricos Estado ou Território;
para fins de geração de energia elétrica e de e) os serviços de transporte rodoviário
outros recursos minerais no respectivo território, interestadual e internacional de passageiros;
plataforma continental, mar territorial ou zona f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
econômica exclusiva, ou compensação financeira XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o
por essa exploração. Ministério Público do Distrito Federal e dos
§ 2º A faixa de até cento e cinquenta quilômetros Territórios e a Defensoria Pública dos Territórios;
de largura, ao longo das fronteiras terrestres, XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia
designada como faixa de fronteira, é considerada penal, a polícia militar e o corpo de bombeiros
fundamental para defesa do território nacional, e militar do Distrito Federal, bem como prestar
sua ocupação e utilização serão reguladas em lei. assistência financeira ao Distrito Federal para a
Art. 21. Compete à União: execução de serviços públicos, por meio de
I - manter relações com Estados estrangeiros e fundo próprio;
participar de organizações internacionais; XV - organizar e manter os serviços oficiais de
II - declarar a guerra e celebrar a paz; estatística, geografia, geologia e cartografia de
III - assegurar a defesa nacional; âmbito nacional;
IV - permitir, nos casos previstos em lei XVI - exercer a classificação, para efeito
complementar, que forças estrangeiras transitem indicativo, de diversões públicas e de
pelo território nacional ou nele permaneçam programas de rádio e televisão;
temporariamente; XVII - conceder anistia;
V - decretar o estado de sítio, o estado de XVIII - planejar e promover a defesa permanente
defesa e a intervenção federal; contra as calamidades públicas, especialmente
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio as secas e as inundações;
de material bélico; XIX - instituir sistema nacional de
VII - emitir moeda; gerenciamento de recursos hídricos e definir
VIII - administrar as reservas cambiais do País e critérios de outorga de direitos de seu uso;
fiscalizar as operações de natureza financeira,
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e
urbano, inclusive habitação, saneamento básico e metalurgia;
transportes urbanos; XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;
XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o XIV - populações indígenas;
sistema nacional de viação; XV - emigração e imigração, entrada, extradição e
XXII - executar os serviços de polícia marítima, expulsão de estrangeiros;
aeroportuária e de fronteiras; XVI - organização do sistema nacional de
XXIII - explorar os serviços e instalações emprego e condições para o exercício de
nucleares de qualquer natureza e exercer profissões;
monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o XVII - organização judiciária, do Ministério Público
enriquecimento e reprocessamento, a do Distrito Federal e dos Territórios e da
industrialização e o comércio de minérios Defensoria Pública dos Territórios, bem como
nucleares e seus derivados, atendidos os organização administrativa destes;
seguintes princípios e condições: XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e
a) toda atividade nuclear em território nacional de geologia nacionais;
somente será admitida para fins pacíficos e XIX - sistemas de poupança, captação e garantia
mediante aprovação do Congresso Nacional; da poupança popular;
b) sob regime de permissão, são autorizadas a XX - sistemas de consórcios e sorteios;
comercialização e a utilização de radioisótopos XXI - normas gerais de organização, efetivos,
para pesquisa e uso agrícolas e industriais; material bélico, garantias, convocação,
c) sob regime de permissão, são autorizadas a mobilização, inatividades e pensões das polícias
produção, a comercialização e a utilização de militares e dos corpos de bombeiros militares;
radioisótopos para pesquisa e uso médicos; XXII - competência da polícia federal e das
d) a responsabilidade civil por danos nucleares polícias rodoviária e ferroviária federais;
independe da existência de culpa; XXIII - seguridade social;
XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;
trabalho; XXV - registros públicos;
XXV - estabelecer as áreas e as condições para XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;
o exercício da atividade de garimpagem, em XXVII - normas gerais de licitação e contratação,
forma associativa. em todas as modalidades, para as administrações
XXVI - organizar e fiscalizar a proteção e o públicas diretas, autárquicas e fundacionais da
tratamento de dados pessoais, nos termos da União, Estados, Distrito Federal e Municípios,
lei. obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as
Art. 22. Compete privativamente à União legislar empresas públicas e sociedades de economia
sobre: mista, nos termos do art. 173, § 1°, III;
I - direito civil, comercial, penal, processual, XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial,
eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e defesa marítima, defesa civil e mobilização
do trabalho; nacional;
II - desapropriação; XXIX - propaganda comercial.
III - requisições civis e militares, em caso de XXX - proteção e tratamento de dados pessoais.
iminente perigo e em tempo de guerra; Parágrafo único. Lei complementar poderá
IV - águas, energia, informática, telecomunicações autorizar os Estados a legislar sobre questões
e radiodifusão; específicas das matérias relacionadas neste
V - serviço postal; artigo.
VI - sistema monetário e de medidas, títulos e Art. 23. É competência comum da União, dos
garantias dos metais; Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
VII - política de crédito, câmbio, seguros e I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e
transferência de valores; das instituições democráticas e conservar o
VIII - comércio exterior e interestadual; patrimônio público;
IX - diretrizes da política nacional de transportes; II - cuidar da saúde e assistência pública, da
X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, proteção e garantia das pessoas portadoras de
marítima, aérea e aeroespacial; deficiência;
XI - trânsito e transporte; III - proteger os documentos, as obras e outros
bens de valor histórico, artístico e cultural, os
monumentos, as paisagens naturais notáveis e os XIII - assistência jurídica e Defensoria pública;
sítios arqueológicos; XIV - proteção e integração social das pessoas
IV - impedir a evasão, a destruição e a portadoras de deficiência;
descaracterização de obras de arte e de outros XV - proteção à infância e à juventude;
bens de valor histórico, artístico ou cultural; XVI - organização, garantias, direitos e deveres
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à das polícias civis.
educação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à § 1º No âmbito da legislação concorrente, a
inovação; competência da União limitar-se-á a estabelecer
VI - proteger o meio ambiente e combater a normas gerais.
poluição em qualquer de suas formas; § 2º A competência da União para legislar sobre
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; normas gerais não exclui a competência
VIII - fomentar a produção agropecuária e suplementar dos Estados.
organizar o abastecimento alimentar; § 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os
IX - promover programas de construção de Estados exercerão a competência legislativa
moradias e a melhoria das condições plena, para atender a suas peculiaridades.
habitacionais e de saneamento básico; § 4º A superveniência de lei federal sobre
X - combater as causas da pobreza e os fatores normas gerais suspende a eficácia da lei
de marginalização, promovendo a integração estadual, no que lhe for contrário.
social dos setores desfavorecidos;
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as CAPÍTULO III
concessões de direitos de pesquisa e exploração Dos Estados Federados
de recursos hídricos e minerais em seus
territórios; Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se
XII - estabelecer e implantar política de educação pelas Constituições e leis que adotarem,
para a segurança do trânsito. observados os princípios desta Constituição.
Parágrafo único. Leis complementares fixarão § 1º São reservadas aos Estados as
normas para a cooperação entre a União e os competências que não lhes sejam vedadas por
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo esta Constituição.
em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do § 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou
bem-estar em âmbito nacional. mediante concessão, os serviços locais de gás
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao canalizado, na forma da lei, vedada a edição de
Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: medida provisória para a sua regulamentação.
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, § 3º Os Estados poderão, mediante lei
econômico e urbanístico; complementar, instituir regiões metropolitanas,
II - orçamento; aglomerações urbanas e microrregiões,
III - juntas comerciais; constituídas por agrupamentos de municípios
IV - custas dos serviços forenses; limítrofes, para integrar a organização, o
V - produção e consumo; planejamento e a execução de funções públicas
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da de interesse comum.
natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:
proteção do meio ambiente e controle da poluição; I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes,
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste
artístico, turístico e paisagístico; caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da
VIII - responsabilidade por dano ao meio União;
ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que
valor artístico, estético, histórico, turístico e estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob
paisagístico; domínio da União, Municípios ou terceiros;
IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à
tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação; União;
X - criação, funcionamento e processo do juizado IV - as terras devolutas não compreendidas entre
de pequenas causas; as da União.
XI - procedimentos em matéria processual; Art. 27. O número de Deputados à Assembleia
XII - previdência social, proteção e defesa da Legislativa corresponderá ao triplo da
saúde;
representação do Estado na Câmara dos I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos
Deputados e, atingido o número de trinta e seis, Vereadores, para mandato de quatro anos,
será acrescido de tantos quantos forem os mediante pleito direto e simultâneo realizado em
Deputados Federais acima de doze. todo o País;
§ 1º Será de quatro anos o mandato dos II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada
Deputados Estaduais, aplicando- sê-lhes as regras no primeiro domingo de outubro do ano anterior ao
desta Constituição sobre sistema eleitoral, término do mandato dos que devam suceder,
inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda aplicadas as regras do art. 77, no caso de
de mandato, licença, impedimentos e incorporação Municípios com mais de duzentos mil eleitores;
às Forças Armadas. III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º
§ 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será de janeiro do ano subsequente ao da eleição;
fixado por lei de iniciativa da Assembleia IV - para a composição das Câmaras Municipais,
Legislativa, na razão de, no máximo, setenta e será observado o limite máximo de:
cinco por cento daquele estabelecido, em a) 9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até
espécie, para os Deputados Federais, observado 15.000 (quinze mil) habitantes;
o que dispõem os arts. 39, § 4º, 57, § 7º, 150, II, b) 11 (onze) Vereadores, nos Municípios de mais
153, III, e 153, § 2º, I. de 15.000 (quinze mil) habitantes e de até 30.000
§ 3º Compete às Assembleias Legislativas dispor (trinta mil) habitantes;
sobre seu regimento interno, polícia e serviços c) 13 (treze) Vereadores, nos Municípios com
administrativos de sua secretaria, e prover os mais de 30.000 (trinta mil) habitantes e de até
respectivos cargos. 50.000 (cinquenta mil) habitantes;
§ 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no d) 15 (quinze) Vereadores, nos Municípios de
processo legislativo estadual. mais de 50.000 (cinquenta mil) habitantes e de até
Art. 28. A eleição do Governador e do Vice- 80.000 (oitenta mil) habitantes;
Governador de Estado, para mandato de 4 e) 17 (dezessete) Vereadores, nos Municípios de
(quatro) anos, realizar-se-á no primeiro domingo mais de 80.000 (oitenta mil) habitantes e de até
de outubro, em primeiro turno, e no último 120.000 (cento e vinte mil) habitantes;
domingo de outubro, em segundo turno, se f) 19 (dezenove) Vereadores, nos Municípios de
houver, do ano anterior ao do término do mandato mais de 120.000 (cento e vinte mil) habitantes e
de seus antecessores, e a posse ocorrerá em 6 de de até 160.000 (cento sessenta mil) habitantes;
janeiro do ano subsequente, observado, quanto ao g) 21 (vinte e um) Vereadores, nos Municípios de
mais, o disposto no art. 77 desta Constituição. mais de 160.000 (cento e sessenta mil) habitantes
§ 1º Perderá o mandato o Governador que e de até 300.000 (trezentos mil) habitantes;
assumir outro cargo ou função na administração h) 23 (vinte e três) Vereadores, nos Municípios de
pública direta ou indireta, ressalvada a posse em mais de 300.000 (trezentos mil) habitantes e de
virtude de concurso público e observado o até 450.000 (quatrocentos e cinquenta mil)
disposto no art. 38, I, IV e V. habitantes;
§ 2º Os subsídios do Governador, do Vice- i) 25 (vinte e cinco) Vereadores, nos Municípios de
Governador e dos Secretários de Estado serão mais de 450.000 (quatrocentos e cinquenta mil)
fixados por lei de iniciativa da Assembleia habitantes e de até 600.000 (seiscentos mil)
Legislativa, observado o que dispõem os arts. 37, habitantes;
XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. j) 27 (vinte e sete) Vereadores, nos Municípios de
mais de 600.000 (seiscentos mil) habitantes e de
CAPÍTULO IV até 750.000 (setecentos cinquenta mil) habitantes;
Dos Municípios k) 29 (vinte e nove) Vereadores, nos Municípios
de mais de 750.000 (setecentos e cinquenta mil)
Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, habitantes e de até 900.000 (novecentos mil)
votada em dois turnos, com o interstício mínimo habitantes;
de dez dias, e aprovada por dois terços dos l) 31 (trinta e um) Vereadores, nos Municípios de
membros da Câmara Municipal, que a mais de 900.000 (novecentos mil) habitantes e de
promulgará, atendidos os princípios estabelecidos até 1.050.000 (um milhão e cinquenta mil)
nesta Constituição, na Constituição do respectivo habitantes;
Estado e os seguintes preceitos: m) 33 (trinta e três) Vereadores, nos Municípios de
mais de 1.050.000 (um milhão e cinquenta mil)
habitantes e de até 1.200.000 (um milhão e estabelecidos na respectiva Lei Orgânica e os
duzentos mil) habitantes; seguintes limites máximos:
n) 35 (trinta e cinco) Vereadores, nos Municípios a) em Municípios de até dez mil habitantes, o
de mais de 1.200.000 (um milhão e duzentos mil) subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a
habitantes e de até 1.350.000 (um milhão e vinte por cento do subsídio dos Deputados
trezentos e cinquenta mil) habitantes; Estaduais;
o) 37 (trinta e sete) Vereadores, nos Municípios de b) em Municípios de dez mil e um a cinquenta
1.350.000 (um milhão e trezentos e cinquenta mil) mil habitantes, o subsídio máximo dos
habitantes e de até 1.500.000 (um milhão e Vereadores corresponderá a trinta por cento do
quinhentos mil) habitantes; subsídio dos Deputados Estaduais;
p) 39 (trinta e nove) Vereadores, nos Municípios c) em Municípios de cinquenta mil e um a cem
de mais de 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil habitantes, o subsídio máximo dos
mil) habitantes e de até 1.800.000 (um milhão e Vereadores corresponderá a quarenta por cento
oitocentos mil) habitantes; do subsídio dos Deputados Estaduais;
q) 41 (quarenta e um) Vereadores, nos Municípios d) em Municípios de cem mil e um a trezentos
de mais de 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) mil habitantes, o subsídio máximo dos
habitantes e de até 2.400.000 (dois milhões e Vereadores corresponderá a cinquenta por cento
quatrocentos mil) habitantes; do subsídio dos Deputados Estaduais;
r) 43 (quarenta e três) Vereadores, nos Municípios e) em Municípios de trezentos mil e um a
de mais de 2.400.000 (dois milhões e quinhentos mil habitantes, o subsídio máximo
quatrocentos mil) habitantes e de até 3.000.000 dos Vereadores corresponderá a sessenta por
(três milhões) de habitantes; cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
s) 45 (quarenta e cinco) Vereadores, nos f) em Municípios de mais de quinhentos mil
Municípios de mais de 3.000.000 (três milhões) de habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
habitantes e de até 4.000.000 (quatro milhões) de corresponderá a setenta e cinco por cento do
habitantes; subsídio dos Deputados Estaduais;
t) 47 (quarenta e sete) Vereadores, nos Municípios VII - o total da despesa com a remuneração dos
de mais de 4.000.000 (quatro milhões) de Vereadores não poderá ultrapassar o montante de
habitantes e de até 5.000.000 (cinco milhões) de cinco por cento da receita do Município;
habitantes; VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas
u) 49 (quarenta e nove) Vereadores, nos opiniões, palavras e votos no exercício do
Municípios de mais de 5.000.000 (cinco milhões) mandato e na circunscrição do Município;
de habitantes e de até 6.000.000 (seis milhões) de IX - proibições e incompatibilidades, no exercício
habitantes; da vereança, similares, no que couber, ao disposto
v) 51 (cinquenta e um) Vereadores, nos nesta Constituição para os membros do
Municípios de mais de 6.000.000 (seis milhões) de Congresso Nacional e na Constituição do
habitantes e de até 7.000.000 (sete milhões) de respectivo Estado para os membros da
habitantes; Assembleia Legislativa;
w) 53 (cinquenta e três) Vereadores, nos X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de
Municípios de mais de 7.000.000 (sete milhões) de Justiça;
habitantes e de até 8.000.000 (oito milhões) de XI - organização das funções legislativas e
habitantes; e fiscalizadoras da Câmara Municipal;
x) 55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos XII - cooperação das associações representativas
Municípios de mais de 8.000.000 (oito milhões) de no planejamento municipal;
habitantes; XIII - iniciativa popular de projetos de lei de
V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos interesse específico do Município, da cidade ou de
Secretários Municipais fixados por lei de iniciativa bairros, através de manifestação de, pelo menos,
da Câmara Municipal, observado o que dispõem cinco por cento do eleitorado;
os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § XIV - perda do mandato do Prefeito, nos termos do
2º, I; art. 28, parágrafo único.
VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pelas Art. 29-A. O total da despesa do Poder Legislativo
respectivas Câmaras Municipais em cada Municipal, incluídos os subsídios dos Vereadores
legislatura para a subsequente, observado o que e excluídos os gastos com inativos, não poderá
dispõe esta Constituição, observados os critérios ultrapassar os seguintes percentuais, relativos ao
somatório da receita tributária e das transferências VII - prestar, com a cooperação técnica e
previstas no § 5° do art. 153 e nos arts. 158 e 159, financeira da União e do Estado, serviços de
efetivamente realizado no exercício anterior: atendimento à saúde da população;
I - 7% (sete por cento) para Municípios com VIII - promover, no que couber, adequado
população de até 100.000 (cem mil) habitantes; ordenamento territorial, mediante planejamento e
II - 6% (seis por cento) para Municípios com controle do uso, do parcelamento e da ocupação
população entre 100.000 (cem mil) e 300.000 do solo urbano;
(trezentos mil) habitantes; IX - promover a proteção do patrimônio histórico-
III - 5% (cinco por cento) para Municípios com cultural local, observada a legislação e a ação
população entre 300.001 (trezentos mil e um) e fiscalizadora federal e estadual.
500.000 (quinhentos mil) habitantes; Art. 31.A fiscalização do Município será exercida
IV - 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos por pelo Poder Legislativo Municipal, mediante
cento) para Municípios com população entre controle externo, e pelos sistemas de controle
500.001 (quinhentos mil e um) e 3.000.000 (três interno do Poder Executivo Municipal, na forma
milhões) de habitantes; da lei.
V - 4% (quatro por cento) para Municípios com § 1º O controle externo da Câmara Municipal
população entre 3.000.001 (três milhões e um) e será exercido com o auxílio dos Tribunais de
8.000.000 (oito milhões) de habitantes; Contas dos Estados ou do Município ou dos
VI - 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cento) Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios,
para Municípios com população acima de onde houver.
8.000.001 (oito milhões e um) habitantes. § 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão
§ 1° A Câmara Municipal não gastará mais de competente sobre as contas que o Prefeito deve
setenta por cento de sua receita com folha de anualmente prestar, só deixará de prevalecer por
pagamento, incluído o gasto com o subsídio de decisão de dois terços dos membros da Câmara
seus Vereadores. Municipal.
§ 2° Constitui crime de responsabilidade do § 3º As contas dos Municípios ficarão, durante
Prefeito Municipal: sessenta dias, anualmente, à disposição de
I - efetuar repasse que supere os limites definidos qualquer contribuinte, para exame e apreciação, o
neste artigo; qual poderá questionar-lhes a legitimidade, nos
II - não enviar o repasse até o dia vinte de cada termos da lei.
mês; ou § 4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos
III - enviá-lo a menor em relação à proporção ou órgãos de Contas Municipais.
fixada na Lei Orçamentária.
§ 3° Constitui crime de responsabilidade do TÍTULO III
Presidente da Câmara Municipal o desrespeito ao DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
§ 1° deste artigo. CAPÍTULO VII
Art. 30. Compete aos Municípios: Da Administração Pública
Seção I
I - legislar sobre assuntos de interesse local;
Disposições Gerais
II - suplementar a legislação federal e a estadual
no que couber;
III - instituir e arrecadar os tributos de sua Art. 37. A administração pública direta e indireta
competência, bem como aplicar suas rendas, sem de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá
publicar balancetes nos prazos fixados em lei; aos princípios de legalidade, impessoalidade,
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada moralidade, publicidade e eficiência e, também,
a legislação estadual; ao seguinte:
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime I - os cargos, empregos e funções públicas são
de concessão ou permissão, os serviços públicos acessíveis aos brasileiros que preencham os
de interesse local, incluído o de transporte requisitos estabelecidos em lei, assim como aos
coletivo, que tem caráter essencial; estrangeiros, na forma da lei;
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira II - a investidura em cargo ou emprego público
da União e do Estado, programas de educação depende de aprovação prévia em concurso
infantil e de ensino fundamental; público de provas ou de provas e títulos, de
acordo com a natureza e a complexidade do cargo
ou emprego, na forma prevista em lei, Federal, o subsídio mensal do Governador no
ressalvadas as nomeações para cargo em âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos
comissão declarado em lei de livre nomeação e Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do
exoneração; Poder Legislativo e o subsidio dos
III - o prazo de validade do concurso público será Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado
de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por
período; cento do subsídio mensal, em espécie, dos
IV - durante o prazo improrrogável previsto no Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito
edital de convocação, aquele aprovado em do Poder Judiciário, aplicável este limite aos
concurso público de provas ou de provas e títulos membros do Ministério Público, aos Procuradores
será convocado com prioridade sobre novos e aos Defensores Públicos;
concursados para assumir cargo ou emprego, na XII - os vencimentos dos cargos do Poder
carreira; Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser
V - as funções de confiança, exercidas superiores aos pagos pelo Poder Executivo;
exclusivamente por servidores ocupantes de XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de
cargo efetivo, e os cargos em comissão, a quaisquer espécies remuneratórias para o efeito
serem preenchidos por servidores de carreira de remuneração de pessoal do serviço público;
nos casos, condições e percentuais mínimos XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por
previstos em lei, destinam-se apenas às servidor público não serão computados nem
atribuições de direção, chefia e acumulados para fins de concessão de
assessoramento; acréscimos ulteriores;
VI - é garantido ao servidor público civil o direito à XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes
livre associação sindical; de cargos e empregos públicos são irredutíveis,
VII - o direito de greve será exercido nos termos ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV deste
e nos limites definidos em lei específica; artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, §
VIII - a lei reservará percentual dos cargos e 2º, I;
empregos públicos para as pessoas portadoras XVI - é vedada a acumulação remunerada de
de deficiência e definirá os critérios de sua cargos públicos, exceto, quando houver
admissão; compatibilidade de horários, observado em
IX - a lei estabelecerá os casos de contratação qualquer caso o disposto no inciso XI:
por tempo determinado para atender a a) a de dois cargos de professor;
necessidade temporária de excepcional b) a de um cargo de professor com outro técnico
interesse público; ou científico;
X - a remuneração dos servidores públicos e o c) a de dois cargos ou empregos privativos de
subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente profissionais de saúde, com profissões
poderão ser fixados ou alterados por lei regulamentadas;
específica, observada a iniciativa privativa em XVII - a proibição de acumular estende-se a
cada caso, assegurada revisão geral anual, empregos e funções e abrange autarquias,
sempre na mesma data e sem distinção de fundações, empresas públicas, sociedades de
índices; economia mista, suas subsidiárias, e sociedades
XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de controladas, direta ou indiretamente, pelo poder
cargos, funções e empregos públicos da público;
administração direta, autárquica e fundacional, dos XVIII - a administração fazendária e seus
membros de qualquer dos Poderes da União, dos servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos competência e jurisdição, precedência sobre os
detentores de mandato eletivo e dos demais demais setores administrativos, na forma da lei;
agentes políticos e os proventos, pensões ou outra XIX - somente por lei específica poderá ser criada
espécie remuneratória, percebidos autarquia e autorizada a instituição de empresa
cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pública, de sociedade de economia mista e de
pessoais ou de qualquer outra natureza, não fundação, cabendo à lei complementar, neste
poderão exceder o subsídio mensal, em último caso, definir as áreas de sua atuação;
espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal XX - depende de autorização legislativa, em cada
Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios, caso, a criação de subsidiárias das entidades
o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito mencionadas no inciso anterior, assim como a
participação de qualquer delas em empresa § 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição
privada; para ilícitos praticados por qualquer agente,
XXI - ressalvados os casos especificados na servidor ou não, que causem prejuízos ao erário,
legislação, as obras, serviços, compras e ressalvadas as respectivas ações de
alienações serão contratados mediante processo ressarcimento.
de licitação pública que assegure igualdade de § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de
condições a todos os concorrentes, com cláusulas direito privado prestadoras de serviços públicos
que estabeleçam obrigações de pagamento, responderão pelos danos que seus agentes,
mantidas as condições efetivas da proposta, nos nessa qualidade, causarem a terceiros,
termos da lei, o qual somente permitirá as assegurado o direito de regresso contra o
exigências de qualificação técnica e econômica responsável nos casos de dolo ou culpa.
indispensáveis à garantia do cumprimento das § 7º A lei disporá sobre os requisitos e as
obrigações. restrições ao ocupante de cargo ou emprego da
XXII - as administrações tributárias da União, dos administração direta e indireta que possibilite o
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, acesso a informações privilegiadas.
atividades essenciais ao funcionamento do § 8º A autonomia gerencial, orçamentária e
Estado, exercidas por servidores de carreiras financeira dos órgãos e entidades da
específicas, terão recursos prioritários para a administração direta e indireta poderá ser
realização de suas atividades e atuarão de forma ampliada mediante contrato, a ser firmado entre
integrada, inclusive com o compartilhamento de seus administradores e o poder público, que tenha
cadastros e de informações fiscais, na forma da por objeto a fixação de metas de desempenho
lei ou convênio. para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor
§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, sobre:
serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá I - o prazo de duração do contrato;
ter caráter educativo, informativo ou de II - os controles e critérios de avaliação de
orientação social, dela não podendo constar desempenho, direitos, obrigações e
nomes, símbolos ou imagens que caracterizem responsabilidade dos dirigentes;
promoção pessoal de autoridades ou servidores III - a remuneração do pessoal.
públicos. § 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas
§ 2º A não observância do disposto nos incisos II e públicas e às sociedades de economia mista, e
III implicará a nulidade do ato e a punição da suas subsidiárias, que receberem recursos da
autoridade responsável, nos termos da lei. União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos
§ 3º A lei disciplinará as formas de participação Municípios para pagamento de despesas de
do usuário na administração pública direta e pessoal ou de custeio em geral.
indireta, regulando especialmente: § 10. É vedada a percepção simultânea de
I - as reclamações relativas à prestação dos proventos de aposentadoria decorrentes do art. 40
serviços públicos em geral, asseguradas a ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de
manutenção de serviços de atendimento ao cargo, emprego ou função pública, ressalvados os
usuário e a avaliação periódica, externa e cargos acumuláveis na forma desta Constituição,
interna, da qualidade dos serviços; os cargos eletivos e os cargos em comissão
II - o acesso dos usuários a registros declarados em lei de livre nomeação e
administrativos e a informações sobre atos de exoneração.
governo, observado o disposto no art. 5º, X e § 11. Não serão computadas, para efeito dos
XXXIII; limites remuneratórios de que trata o inciso XI do
III - a disciplina da representação contra o caput deste artigo, as parcelas de caráter
exercício negligente ou abusivo de cargo, indenizatório previstas em lei.
emprego ou função na administração pública. § 12. Para os fins do disposto no inciso XI do
§ 4º Os atos de improbidade administrativa caput deste artigo, fica facultado aos Estados e
importarão a suspensão dos direitos políticos, a ao Distrito Federal fixar, em seu âmbito, mediante
perda da função pública, a indisponibilidade dos emenda às respectivas Constituições e Lei
bens e o ressarcimento ao erário, na forma e Orgânica, como limite único, o subsídio mensal
gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação dos Desembargadores do respectivo Tribunal de
penal cabível. Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco
centésimos por cento do subsídio mensal dos
Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se Seção II
aplicando o disposto neste parágrafo aos Dos Servidores Públicos
subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais e
dos Vereadores. Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e
§ 13. O servidor público titular de cargo efetivo os Municípios instituirão, no âmbito de sua
poderá ser readaptado para exercício de cargo competência, regime jurídico único e planos de
cujas atribuições e responsabilidades sejam carreira para os servidores da administração
compatíveis com a limitação que tenha sofrido em pública direta, das autarquias e das fundações
sua capacidade física ou mental, enquanto públicas.
permanecer nesta condição, desde que possua a Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e
habilitação e o nível de escolaridade exigidos para os Municípios instituirão conselho de política de
o cargo de destino, mantida a remuneração do administração e remuneração de pessoal,
cargo de origem. integrado por servidores designados pelos
§ 14. A aposentadoria concedida com a utilização respectivos Poderes.
de tempo de contribuição decorrente de cargo, § 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos
emprego ou função pública, inclusive do Regime demais componentes do sistema remuneratório
Geral de Previdência Social, acarretará o observará:
rompimento do vínculo que gerou o referido I - a natureza, o grau de responsabilidade e a
tempo de contribuição. complexidade dos cargos componentes de cada
§ 15. É vedada a complementação de carreira;
aposentadorias de servidores públicos e de II - os requisitos para a investidura;
pensões por morte a seus dependentes que não III - as peculiaridades dos cargos.
seja decorrente do disposto nos §§ 14 a 16 do art. § 2º A União, os Estados e o Distrito Federal
40 ou que não seja prevista em lei que extinga manterão escolas de governo para a formação e
regime próprio de previdência social. o aperfeiçoamento dos servidores públicos,
§ 16. Os órgãos e entidades da administração constituindo-se a participação nos cursos um dos
pública, individual ou conjuntamente, devem requisitos para a promoção na carreira, facultada,
realizar avaliação das políticas públicas, para isso, a celebração de convênios ou contratos
inclusive com divulgação do objeto a ser avaliado entre os entes federados.
e dos resultados alcançados, na forma da lei. § 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo
Art. 38. Ao servidor público da administração público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII,
direta, autárquica e fundacional, no exercício de XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX,
mandato eletivo, aplicam-se as seguintes podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados
disposições: de admissão quando a natureza do cargo o exigir.
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual § 4º O membro de Poder, o detentor de mandato
ou distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários
ou função; Estaduais e Municipais serão remunerados
II - investido no mandato de Prefeito, será exclusivamente por subsídio fixado em parcela
afastado do cargo, emprego ou função, sendo-lhe única, vedado o acréscimo de qualquer
facultado optar pela sua remuneração; gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de
III - investido no mandato de Vereador, havendo representação ou outra espécie remuneratória,
compatibilidade de horários, perceberá as obedecido, em qualquer caso, o disposto no art.
vantagens de seu cargo, emprego ou função, sem 37, X e XI.
prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não § 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal
havendo compatibilidade, será aplicada a norma e dos Municípios poderá estabelecer a relação
do inciso anterior; entre a maior e a menor remuneração dos
IV - em qualquer caso que exija o afastamento servidores públicos, obedecido, em qualquer caso,
para o exercício de mandato eletivo, seu tempo de o disposto no art. 37, XI.
serviço será contado para todos os efeitos legais, § 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário
exceto para promoção por merecimento; publicarão anualmente os valores do subsídio e da
V - na hipótese de ser segurado de regime remuneração dos cargos e empregos públicos.
próprio de previdência social, permanecerá § 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal
filiado a esse regime, no ente federativo de e dos Municípios disciplinará a aplicação de
origem.
recursos orçamentários provenientes da economia § 4º É vedada a adoção de requisitos ou critérios
com despesas correntes em cada órgão, autarquia diferenciados para concessão de benefícios em
e fundação, para aplicação no desenvolvimento de regime próprio de previdência social, ressalvado o
programas de qualidade e produtividade, disposto nos §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º.
treinamento e desenvolvimento, modernização, § 4º-A. Poderão ser estabelecidos por lei
reaparelhamento e racionalização do serviço complementar do respectivo ente federativo idade
público, inclusive sob a forma de adicional ou e tempo de contribuição diferenciados para
prêmio de produtividade. aposentadoria de servidores com deficiência,
§ 8º A remuneração dos servidores públicos previamente submetidos a avaliação
organizados em carreira poderá ser fixada nos biopsicossocial realizada por equipe
termos do § 4º. multiprofissional e interdisciplinar.
§ 9º É vedada a incorporação de vantagens de § 4º-B. Poderão ser estabelecidos por lei
caráter temporário ou vinculadas ao exercício de complementar do respectivo ente federativo idade
função de confiança ou de cargo em comissão à e tempo de contribuição diferenciados para
remuneração do cargo efetivo. aposentadoria de ocupantes do cargo de agente
Art. 40. O regime próprio de previdência social penitenciário, de agente socioeducativo ou de
dos servidores titulares de cargos efetivos terá policial dos órgãos de que tratam o inciso IV do
caráter contributivo e solidário, mediante caput do art. 51, o inciso XIII do caput do art. 52 e
contribuição do respectivo ente federativo, de os incisos I a IV do caput do art. 144.
servidores ativos, de aposentados e de § 4º-C. Poderão ser estabelecidos por lei
pensionistas, observados critérios que preservem complementar do respectivo ente federativo idade
o equilíbrio financeiro e atuarial. § 1º O e tempo de contribuição diferenciados para
servidor abrangido por regime próprio de aposentadoria de servidores cujas atividades
previdência social será aposentado: sejam exercidas com efetiva exposição a
I - por incapacidade permanente para o trabalho, agentes químicos, físicos e biológicos
no cargo em que estiver investido, quando prejudiciais à saúde, ou associação desses
insuscetível de readaptação, hipótese em que será agentes, vedada a caracterização por categoria
obrigatória a realização de avaliações periódicas profissional ou ocupação.
para verificação da continuidade das condições § 5º Os ocupantes do cargo de professor terão
que ensejaram a concessão da aposentadoria, na idade mínima reduzida em 5 (cinco) anos em
forma de lei do respectivo ente federativo; relação às idades decorrentes da aplicação do
II - compulsoriamente, com proventos disposto no inciso III do § 1º, desde que
proporcionais ao tempo de contribuição, aos 70 comprovem tempo de efetivo exercício das
(setenta) anos de idade, ou aos 75 (setenta e funções de magistério na educação infantil e no
cinco) anos de idade, na forma de lei ensino fundamental e médio fixado em lei
complementar; complementar do respectivo ente federativo.
III - no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) § 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes
anos de idade, se mulher, e aos 65 (sessenta e dos cargos acumuláveis na forma desta
cinco) anos de idade, se homem, e, no âmbito dos Constituição, é vedada a percepção de mais de
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na uma aposentadoria à conta de regime próprio de
idade mínima estabelecida mediante emenda às previdência social, aplicando-se outras vedações,
respectivas Constituições e Leis Orgânicas, regras e condições para a acumulação de
observados o tempo de contribuição e os demais benefícios previdenciários estabelecidas no
requisitos estabelecidos em lei complementar do Regime Geral de Previdência Social.
respectivo ente federativo. § 7º Observado o disposto no § 2º do art. 201,
§ 2º Os proventos de aposentadoria não poderão quando se tratar da única fonte de renda formal
ser inferiores ao valor mínimo a que se refere o § auferida pelo dependente, o benefício de
2º do art. 201 ou superiores ao limite máximo pensão por morte será concedido nos termos de
estabelecido para o Regime Geral de Previdência lei do respectivo ente federativo, a qual tratará de
Social, observado o disposto nos §§ 14 a 16. forma diferenciada a hipótese de morte dos
§ 3º As regras para cálculo de proventos de servidores de que trata o § 4º-B decorrente de
aposentadoria serão disciplinadas em lei do agressão sofrida no exercício ou em razão da
respectivo ente federativo. função.
§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios correspondente regime de previdência
para preservar-lhes, em caráter permanente, o complementar.
valor real, conforme critérios estabelecidos em lei. § 17. Todos os valores de remuneração
§ 9º O tempo de contribuição federal, estadual, considerados para o cálculo do benefício previsto
distrital ou municipal será contado para fins de no § 3° serão devidamente atualizados, na forma
aposentadoria, observado o disposto nos §§ 9º e da lei.
9º-A do art. 201, e o tempo de serviço § 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de
correspondente será contado para fins de aposentadorias e pensões concedidas pelo regime
disponibilidade. de que trata este artigo que superem o limite
§ 10. A lei não poderá estabelecer qualquer forma máximo estabelecido para os benefícios do regime
de contagem de tempo de contribuição fictício. geral de previdência social de que trata o art. 201,
§ 11. Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à com percentual igual ao estabelecido para os
soma total dos proventos de inatividade, inclusive servidores titulares de cargos efetivos.
quando decorrentes da acumulação de cargos ou § 19. Observados critérios a serem estabelecidos
empregos públicos, bem como de outras em lei do respectivo ente federativo, o servidor
atividades sujeitas a contribuição para o regime titular de cargo efetivo que tenha completado
geral de previdência social, e ao montante as exigências para a aposentadoria voluntária e
resultante da adição de proventos de inatividade que opte por permanecer em atividade poderá
com remuneração de cargo acumulável na forma fazer jus a um abono de permanência
desta Constituição, cargo em comissão declarado equivalente, no máximo, ao valor da sua
em lei de livre nomeação e exoneração, e de contribuição previdenciária, até completar a idade
cargo eletivo. para aposentadoria compulsória.
§ 12. Além do disposto neste artigo, serão § 20. É vedada a existência de mais de um regime
observados, em regime próprio de previdência próprio de previdência social e de mais de um
social, no que couber, os requisitos e critérios órgão ou entidade gestora desse regime em cada
fixados para o Regime Geral de Previdência ente federativo, abrangidos todos os poderes,
Social. órgãos e entidades autárquicas e fundacionais,
§ 13. Aplica-se ao agente público ocupante, que serão responsáveis pelo seu financiamento,
exclusivamente, de cargo em comissão observados os critérios, os parâmetros e a
declarado em lei de livre nomeação e exoneração, natureza jurídica definidos na lei complementar de
de outro cargo temporário, inclusive mandato que trata o § 22.
eletivo, ou de emprego público, o Regime Geral de § 22. Vedada a instituição de novos regimes
Previdência Social. próprios de previdência social, lei complementar
§ 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os federal estabelecerá, para os que já existam,
Municípios instituirão, por lei de iniciativa do normas gerais de organização, de funcionamento
respectivo Poder Executivo, regime de e de responsabilidade em sua gestão, dispondo,
previdência complementar para servidores entre outros aspectos, sobre:
públicos ocupantes de cargo efetivo, observado o I - requisitos para sua extinção e consequente
limite máximo dos benefícios do Regime Geral de migração para o Regime Geral de Previdência
Previdência Social para o valor das Social;
aposentadorias e das pensões em regime próprio II - modelo de arrecadação, de aplicação e de
de previdência social, ressalvado o disposto no § utilização dos recursos;
16. III - fiscalização pela União e controle externo e
§ 15. O regime de previdência complementar de social;
que trata o § 14 oferecerá plano de benefícios IV - definição de equilíbrio financeiro e atuarial;
somente na modalidade contribuição definida, V - condições para instituição do fundo com
observará o disposto no art. 202 e será efetivado finalidade previdenciária de que trata o art. 249 e
por intermédio de entidade fechada de previdência para vinculação a ele dos recursos provenientes
complementar ou de entidade aberta de de contribuições e dos bens, direitos e ativos de
previdência complementar. § 16. Somente qualquer natureza;
mediante sua prévia e expressa opção, o VI - mecanismos de equacionamento do deficit
disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao atuarial;
servidor que tiver ingressado no serviço público
até a data da publicação do ato de instituição do
VII - estruturação do órgão ou entidade gestora do IV - polícias civis;
regime, observados os princípios relacionados V - polícias militares e corpos de bombeiros
com governança, controle interno e transparência; militares.
VIII - condições e hipóteses para VI - polícias penais federal, estaduais e distrital.
responsabilização daqueles que desempenhem § 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão
atribuições relacionadas, direta ou indiretamente, permanente, organizado e mantido pela União e
com a gestão do regime; estruturado em carreira, destina-se a:
IX - condições para adesão a consórcio público; I - apurar infrações penais contra a ordem política
X - parâmetros para apuração da base de cálculo e social ou em detrimento de bens, serviços e
e definição de alíquota de contribuições ordinárias interesses da União ou de suas entidades
e extraordinárias. autárquicas e empresas públicas, assim como
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo outras infrações cuja prática tenha repercussão
exercício os servidores nomeados para cargo de interestadual ou internacional e exija repressão
provimento efetivo em virtude de concurso público. uniforme, segundo se dispuser em lei;
§ 1º O servidor público estável só perderá o II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de
cargo: entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o
I - em virtude de sentença judicial transitada em descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e
julgado; de outros órgãos públicos nas respectivas áreas
II - mediante processo administrativo em que lhe de competência;
seja assegurada ampla defesa; III - exercer as funções de polícia marítima,
III - mediante procedimento de avaliação periódica aeroportuária e de fronteiras;
de desempenho, na forma de lei complementar, IV - exercer, com exclusividade, as funções de
assegurada ampla defesa. polícia judiciária da União.
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão § 2º A polícia rodoviária federal, órgão
do servidor estável, será ele reintegrado, e o permanente, organizado e mantido pela União e
eventual ocupante da vaga, se estável, estruturado em carreira, destina-se, na forma da
reconduzido ao cargo de origem, sem direito a lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias
indenização, aproveitado em outro cargo ou posto federais.
em disponibilidade com remuneração § 3º A polícia ferroviária federal, órgão
proporcional ao tempo de serviço. permanente, organizado e mantido pela União e
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua estruturado em carreira, destina-se, na forma da
desnecessidade, o servidor estável ficará em lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias
disponibilidade, com remuneração federais.
proporcional ao tempo de serviço, até seu § 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de
adequado aproveitamento em outro cargo. polícia de carreira, incumbem, ressalvada a
§ 4º Como condição para a aquisição da competência da União, as funções de polícia
estabilidade, é obrigatória a avaliação especial de judiciária e a apuração de infrações penais,
desempenho por comissão instituída para essa exceto as militares.
finalidade. § 5º Às polícias militares cabem a polícia
ostensiva e a preservação da ordem pública;
TÍTULO V aos corpos de bombeiros militares, além das
DA DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES atribuições definidas em lei, incumbe a execução
DEMOCRÁTICAS de atividades de defesa civil.
CAPÍTULO III § 5º-A. Às polícias penais, vinculadas ao órgão
Da Segurança Pública administrador do sistema penal da unidade
federativa a que pertencem, cabe a segurança
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, dos estabelecimentos penais.
direito e responsabilidade de todos, é exercida § 6º As polícias militares e os corpos de bombeiros
para a preservação da ordem pública e da militares, forças auxiliares e reserva do Exército
incolumidade das pessoas e do patrimônio, subordinam-se, juntamente com as polícias civis
através dos seguintes órgãos: e as polícias penais estaduais e distrital, aos
I - polícia federal; Governadores dos Estados, do Distrito Federal
II - polícia rodoviária federal; e dos Territórios.
III - polícia ferroviária federal;
§ 7º A lei disciplinará a organização e o I - parcelamento ou edificação compulsórios;
funcionamento dos órgãos responsáveis pela II - imposto sobre a propriedade predial e territorial
segurança pública, de maneira a garantir a urbana progressivo no tempo;
eficiência de suas atividades. III - desapropriação com pagamento mediante
§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas títulos da dívida pública de emissão previamente
municipais destinadas à proteção de seus bens, aprovada pelo Senado Federal, com prazo de
serviços e instalações, conforme dispuser a lei. resgate de até dez anos, em parcelas anuais,
quilombolas e violação aos direitos de que trata iguais e sucessivas, assegurados o valor real da
este Estatuto. indenização e os juros legais.
§ 9º A remuneração dos servidores policiais Art. 183. Aquele que possuir como sua área
integrantes dos órgãos relacionados neste artigo urbana de até duzentos e cinquenta metros
será fixada na forma do § 4º do art. 39. quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e
§ 10. A segurança viária, exercida para a sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou
preservação da ordem pública e da incolumidade de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde
das pessoas e do seu patrimônio nas vias que não seja proprietário de outro imóvel urbano
públicas: ou rural.
I - compreende a educação, engenharia e § 1º O título de domínio e a concessão de uso
fiscalização de trânsito, além de outras atividades serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a
previstas em lei, que assegurem ao cidadão o ambos, independentemente do estado civil.
direito à mobilidade urbana eficiente; e § 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo
II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito possuidor mais de uma vez.
Federal e dos Municípios, aos respectivos órgãos § 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por
ou entidades executivos e seus agentes de usucapião.
trânsito, estruturados em Carreira, na forma da lei.
CAPÍTULO VII
CAPÍTULO II Da Família, da Criança, do Adolescente, do
Da Política Urbana Jovem e do Idoso

Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, Art. 226. A família, base da sociedade, tem
executada pelo Poder Público municipal, conforme especial proteção do Estado.
diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo § 1º O casamento é civil e gratuita a celebração.
ordenar o pleno desenvolvimento das funções § 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos
sociais da cidade e garantir o bem- estar de termos da lei.
seus habitantes. § 3º Para efeito da proteção do Estado, é
§ 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara reconhecida a união estável entre o homem e a
Municipal, obrigatório para cidades com mais mulher como entidade familiar, devendo a lei
de vinte mil habitantes, é o instrumento básico facilitar sua conversão em casamento.
da política de desenvolvimento e de expansão § 4º Entende-se, também, como entidade familiar
urbana. a comunidade formada por qualquer dos pais e
§ 2º A propriedade urbana cumpre sua função seus descendentes.
social quando atende às exigências fundamentais § 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade
de ordenação da cidade expressas no plano conjugal são exercidos igualmente pelo homem e
diretor. pela mulher.
§ 3º As desapropriações de imóveis urbanos § 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo
serão feitas com prévia e justa indenização em divórcio.
dinheiro. § 7º Fundado nos princípios da dignidade da
§ 4º É facultado ao Poder Público municipal, pessoa humana e da paternidade responsável, o
mediante lei específica para área incluída no plano planejamento familiar é livre decisão do casal,
diretor, exigir, nos termos da lei federal, do competindo ao Estado propiciar recursos
proprietário do solo urbano não edificado, educacionais e científicos para o exercício desse
subutilizado ou não utilizado, que promova seu direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte
adequado aproveitamento, sob pena, de instituições oficiais ou privadas.
sucessivamente, de:
§ 8º O Estado assegurará a assistência à família aplicação de qualquer medida privativa da
na pessoa de cada um dos que a integram, liberdade;
criando mecanismos para coibir a violência no VI - estímulo do Poder Público, através de
âmbito de suas relações. assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios,
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do nos termos da lei, ao acolhimento, sob a forma
Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao de guarda, de criança ou adolescente órfão ou
jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à abandonado;
saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à VII - programas de prevenção e atendimento
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao especializado à criança, ao adolescente e ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar e jovem dependente de entorpecentes e drogas
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda afins.
forma de negligência, discriminação, exploração, § 4º A lei punirá severamente o abuso, a violência
violência, crueldade e opressão. e a exploração sexual da criança e do
§ 1º O Estado promoverá programas de adolescente.
assistência integral à saúde da criança, do § 5º A adoção será assistida pelo Poder Público,
adolescente e do jovem, admitida a participação na forma da lei, que estabelecerá casos e
de entidades não governamentais, mediante condições de sua efetivação por parte de
políticas específicas e obedecendo aos seguintes estrangeiros.
preceitos: § 6º Os filhos, havidos ou não da relação do
I - aplicação de percentual dos recursos públicos casamento, ou por adoção, terão os mesmos
destinados à saúde na assistência materno- direitos e qualificações, proibidas quaisquer
infantil; designações discriminatórias relativas à filiação.
II - criação de programas de prevenção e § 7º No atendimento dos direitos da criança e do
atendimento especializado para as pessoas adolescente levar-se-á em consideração o
portadoras de deficiência física, sensorial ou disposto no art. 204.
mental, bem como de integração social do § 8º A lei estabelecerá:
adolescente e do jovem portador de deficiência, I - o estatuto da juventude, destinado a regular
mediante o treinamento para o trabalho e a os direitos dos jovens;
convivência, e a facilitação do acesso aos bens e II - o plano nacional de juventude, de duração
serviços coletivos, com a eliminação de obstáculos decenal, visando à articulação das várias esferas
arquitetônicos e de todas as formas de do poder público para a execução de políticas
discriminação. públicas.
§ 2º A lei disporá sobre normas de construção dos Art. 228. São penalmente inimputáveis os
logradouros e dos edifícios de uso público e de menores de dezoito anos, sujeitos às normas da
fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim legislação especial.
de garantir acesso adequado às pessoas Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e
portadoras de deficiência. educar os filhos menores, e os filhos maiores têm
§ 3º O direito a proteção especial abrangerá os o dever de ajudar e amparar os pais na velhice,
seguintes aspectos: carência ou enfermidade.
I - idade mínima de quatorze anos para admissão Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o
ao trabalho, observado o disposto no art. 7º, dever de amparar as pessoas idosas,
XXXIII; assegurando sua participação na comunidade,
II - garantia de direitos previdenciários e defendendo sua dignidade e bem-estar e
trabalhistas; garantindo-lhes o direito à vida.
III - garantia de acesso do trabalhador adolescente § 1º Os programas de amparo aos idosos serão
e jovem à escola; executados preferencialmente em seus lares.
IV - garantia de pleno e formal conhecimento da § 2º Aos maiores de sessenta e cinco anos é
atribuição de ato infracional, igualdade na garantida a gratuidade dos transportes
relação processual e defesa técnica por coletivos urbanos.
profissional habilitado, segundo dispuser a
legislação tutelar específica;
V - obediência aos princípios de brevidade,
excepcionalidade e respeito à condição peculiar
de pessoa em desenvolvimento, quando da
CÓDIGO PENAL resultado se produza, só responde pelos atos já
(DECRETO-LEI Nº 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO praticados.
DE 1940)
Arrependimento posterior
PARTE GERAL
TÍTULO II Art. 16 Nos crimes cometidos sem violência ou
DO CRIME grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou
restituída a coisa, até o recebimento da
Relação de causalidade denúncia ou da queixa, por ato voluntário do
agente, a pena será reduzida de um a dois
Art. 13 O resultado, de que depende a existência terços.
do crime, somente é imputável a quem lhe deu
causa. Considera-se causa a ação ou omissão Crime impossível
sem a qual o resultado não teria ocorrido.
Art. 17 Não se pune a tentativa quando, por
Superveniência de causa independente ineficácia absoluta do meio ou por absoluta
impropriedade do objeto, é impossível
§ 1º A superveniência de causa relativamente consumar-se o crime.
independente exclui a imputação quando, por si
só, produziu o resultado; os fatos anteriores, Crime doloso e culposo
entretanto, imputam-se a quem os praticou.
Art. 18 Diz-se o crime:
Relevância da omissão I - doloso, quando o agente quis o resultado ou
assumiu o risco de produzi-lo;
§ 2º A omissão é penalmente relevante quando o II - culposo, quando o agente deu causa ao
omitente devia e podia agir para evitar o resultado por imprudência, negligência ou
resultado. O dever de agir incumbe a quem: imperícia.
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou Parágrafo único. Salvo os casos expressos em
vigilância; lei, ninguém pode ser punido por fato previsto
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade como crime, senão quando o pratica dolosamente.
de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco Agravação pelo resultado
da ocorrência do resultado.
Art. 19 Pelo resultado que agrava especialmente a
Crime consumado e tentado pena, só responde o agente que o houver
causado ao menos culposamente.
Art. 14 Diz-se o crime:
I - consumado, quando nele se reúnem todos os Erro sobre elementos do tipo
elementos de sua definição legal;
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se Art. 20 O erro sobre elemento constitutivo do tipo
consuma por circunstâncias alheias à vontade legal de crime exclui o dolo, mas permite a
do agente. punição por crime culposo, se previsto em lei.
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário,
pune-se a tentativa com a pena correspondente Descriminantes putativas
ao crime consumado, diminuída de um a dois
terços. § 1º É isento de pena quem, por erro plenamente
justificado pelas circunstâncias, supõe situação
Desistência voluntária e arrependimento eficaz de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima.
Não há isenção de pena quando o erro deriva de
Art. 15 O agente que, voluntariamente, desiste culpa e o fato é punível como crime culposo.
de prosseguir na execução ou impede que o
Erro determinado por terceiro outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo
sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável
§ 2º Responde pelo crime o terceiro que exigir-se.
determina o erro. § 1º Não pode alegar estado de necessidade
quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo.
§ 2º Embora seja razoável exigir-se o sacrifício
Erro sobre a pessoa
do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida
de um a dois terços.
§ 3º O erro quanto à pessoa contra a qual o crime
é praticado não isenta de pena. Não se
consideram, neste caso, as condições ou Legítima defesa
qualidades da vítima, senão as da pessoa contra
quem o agente queria praticar o crime. Art. 25 Entende-se em legítima defesa quem,
usando moderadamente dos meios necessários,
repele injusta agressão, atual ou iminente, a
Erro sobre a ilicitude do fato
direito seu ou de outrem.
Parágrafo único. Observados os requisitos
Art. 21 O desconhecimento da lei é
previstos no caput deste artigo, considera-se
inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se
também em legítima defesa o agente de
inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá
segurança pública que repele agressão ou risco
diminuí-la de um sexto a um terço.
de agressão a vítima mantida refém durante a
Parágrafo único. Considera-se evitável o erro se
prática de crimes.
o agente atua ou se omite sem a consciência da
ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas
circunstâncias, ter ou atingir essa consciência. PARTE ESPECIAL
TÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
Coação irresistível e obediência hierárquica
CAPÍTULO I
Dos crimes contra a vida
Art. 22 Se o fato é cometido sob coação
irresistível ou em estrita obediência a ordem,
não manifestamente ilegal, de superior Homicídio simples
hierárquico, só é punível o autor da coação ou da
ordem. Art. 121 Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por
Exclusão de ilicitude
motivo de relevante valor social ou moral, ou
sob o domínio de violenta emoção, logo em
Art. 23 Não há crime quando o agente pratica o
seguida a injusta provocação da vítima, o juiz
fato:
pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no Homicídio qualificado
exercício regular de direito.
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa,
Excesso punível
ou por outro motivo torpe;
II - por motivo fútil;
Parágrafo único. O agente, em qualquer das
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo,
hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso
asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel,
doloso ou culposo.
ou de que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante
Estado de necessidade dissimulação ou outro recurso que dificulte ou
torne impossível à defesa do ofendido;
Art. 24 Considera-se em estado de necessidade V - para assegurar a execução, a ocultação, a
quem pratica o fato para salvar de perigo atual, impunidade ou vantagem de outro crime:
que não provocou por sua vontade, nem podia de
VI - contra a mulher por razões da condição de § 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3
sexo feminino (um terço) até a metade se o crime for praticado:
VII - contra autoridade ou agente descrito nos arts. I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses
142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do posteriores ao parto;
sistema prisional e da Força Nacional de II - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos,
Segurança Pública, no exercício da função ou com deficiência ou com doenças degenerativas
em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, que acarretem condição limitante ou de
companheiro ou parente consanguíneo até vulnerabilidade física ou mental;
terceiro grau, em razão dessa condição: III - na presença física ou virtual de descendente
VIII - com emprego de arma de fogo de uso ou de ascendente da vítima;
restrito ou proibido: IV - em descumprimento das medidas
IX - contra menor de 14 (quatorze) anos: protetivas de urgência previstas nos incisos
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. I, II e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de 7
§ 2°-A Considera-se que há razões de condição de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha).
de sexo feminino quando o crime envolve:
I - violência doméstica e familiar; Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio
II - menosprezo ou discriminação à condição de ou a automutilação
mulher.
§ 2º-B. A pena do homicídio contra menor de 14 Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se
(quatorze) anos é aumentada de: ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio
I - 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é material para que o faça:
pessoa com deficiência ou com doença que Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
implique o aumento de sua vulnerabilidade; anos.
II - 2/3 (dois terços) se o autor é ascendente, § 1º Se da automutilação ou da tentativa de
padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, suicídio resulta lesão corporal de natureza grave
companheiro, tutor, curador, preceptor ou ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art.
empregador da vítima ou por qualquer outro título 129 deste Código:
tiver autoridade sobre ela. Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
§ 2º Se o suicídio se consuma ou se da
Homicídio culposo automutilação resulta morte:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
§ 3º Se o homicídio é culposo: § 3º A pena é duplicada:
Pena - detenção, de um a três anos. I - se o crime é praticado por motivo egoístico,
§ 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada torpe ou fútil;
de 1/3 (um terço), se o crime resulta de II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por
inobservância de regra técnica de profissão, qualquer causa, a capacidade de resistência.
arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar § 4º A pena é aumentada até o dobro se a
imediato socorro à vítima, não procura diminuir conduta é realizada por meio da rede de
as consequências do seu ato, ou foge para evitar computadores, de rede social ou transmitida
prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a em tempo real.
pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é § 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é
praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual.
ou maior de 60 (sessenta) anos. § 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo
§ 5º Na hipótese de homicídio culposo, o juiz resulta em lesão corporal de natureza
poderá deixar de aplicar a pena, se as gravíssima e é cometido contra menor de 14
consequências da infração atingirem o próprio (quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade
agente de forma tão grave que a sanção penal se ou deficiência mental, não tem o necessário
torne desnecessária. discernimento para a prática do ato, ou que, por
§ 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até qualquer outra causa, não pode oferecer
a metade se o crime for praticado por milícia resistência, responde o agente pelo crime descrito
privada, sob o pretexto de prestação de serviço de no § 2º do art. 129 deste Código.
segurança, ou por grupo de extermínio. § 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é
cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou
contra quem não tem o necessário discernimento Aborto no caso de gravidez resultante de
para a prática do ato, ou que, por qualquer outra estupro
causa, não pode oferecer resistência, responde o
agente pelo crime de homicídio, nos termos do II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é
art. 121 deste Código. precedido de consentimento da gestante ou,
quando incapaz, de seu representante legal.
Infanticídio
CAPÍTULO II
Art. 123 Matar, sob a influência do estado Das lesões corporais
puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo
após:
Lesão corporal de natureza leve
Pena - detenção, de dois a seis anos.
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a
Aborto provocado pela gestante ou com seu saúde de outrem:
consentimento Pena - detenção, de três meses a um ano.

Art. 124 Provocar aborto em si mesma ou


Lesão corporal de natureza grave
consentir que outrem lhe provoque:
Pena - detenção, de um a três anos.
§ 1º Se resulta:
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por
Aborto provocado por terceiro mais de trinta dias;
II - perigo de vida;
Art. 125 Provocar aborto, sem o consentimento III - debilidade permanente de membro, sentido
da gestante: ou função;
Pena - reclusão, de três a dez anos. IV - aceleração de parto:
Art. 126 Provocar aborto com o consentimento Pena - reclusão, de um a cinco anos.
da gestante:
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Lesão corporal gravíssima
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo
anterior, se a gestante não é maior de quatorze
§ 2° Se resulta:
anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
consentimento é obtido mediante fraude, grave
II - enfermidade incurável;
ameaça ou violência.
III - perda ou inutilização do membro, sentido ou
função;
Forma qualificada IV - deformidade permanente;
V - aborto:
Art. 127 As penas cominadas nos dois artigos Pena - reclusão, de dois a oito anos.
anteriores são aumentadas de um terço, se, em
consequência do aborto ou dos meios
Lesão corporal seguida de morte
empregados para provocá-lo, a gestante sofre
lesão corporal de natureza grave; e são
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias
duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe
evidenciam que o agente não quis o resultado,
sobrevém a morte.
nem assumiu o risco de produzi-lo:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Aborto necessário § 4° Se o agente comete o crime impelido por
motivo de relevante valor social ou moral ou
Art. 128 Não se pune o aborto praticado por sob o domínio de violenta emoção, logo em
médico: seguida a injusta provocação da vítima, o juiz
I - se não há outro meio de salvar a vida da pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
gestante; § 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode
ainda substituir a pena de detenção pela de
multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis:
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo moléstia venérea, de que sabe ou deve saber
anterior; que está contaminado:
II - se as lesões são recíprocas. Pena - detenção, de três meses a um ano, ou
multa.
Lesão corporal culposa § 1º Se é intenção do agente transmitir a
moléstia:
§ 6° Se a lesão é culposa: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Pena - detenção, de dois meses a um ano. § 2º Somente se procede mediante
§ 7° Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se representação.
ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4° e 6° do
art. 121 deste Código. Perigo de contágio de moléstia grave
§ 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º
do art. 121. Art. 131 Praticar, com o fim de transmitir a
outrem moléstia grave de que está contaminado,
Violência Doméstica ato capaz de produzir o contágio:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 9° Se a lesão for praticada contra ascendente,
descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou Perigo para a vida ou saúde de outrem
com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda,
prevalecendo-se o agente das relações Art. 132 Expor a vida ou a saúde de outrem a
domésticas, de coabitação ou de perigo direto e iminente:
hospitalidade: Pena - detenção, de três meses a um ano, se o
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) fato não constitui crime mais grave.
anos. Parágrafo único. A pena é aumentada de um
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1° a 3° deste sexto a um terço se a exposição da vida ou da
artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § saúde de outrem a perigo decorre do transporte
9° deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um de pessoas para a prestação de serviços em
terço). estabelecimentos de qualquer natureza, em
§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena desacordo com as normas legais.
será aumentada de um terço se o crime for
cometido contra pessoa portadora de Abandono de incapaz
deficiência.
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade Art. 133 Abandonar pessoa que está sob seu
ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por
Constituição Federal, integrantes do sistema qualquer motivo, incapaz de defender-se dos
prisional e da Força Nacional de Segurança riscos resultantes do abandono:
Pública, no exercício da função ou em decorrência Pena - detenção, de seis meses a três anos.
dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou § 1º Se do abandono resulta lesão corporal de
parente consanguíneo até terceiro grau, em razão natureza grave:
dessa condição, a pena é aumentada de um a Pena - reclusão, de um a cinco anos.
dois terços. § 2º Se resulta a morte:
§ 13. Se a lesão for praticada contra a mulher, por Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
razões da condição do sexo feminino, nos § 3º As penas cominadas neste artigo aumentam-
termos do § 2º-A do art. 121 deste Código: se de um terço:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro anos). I - se o abandono ocorre em lugar ermo;
II - se o agente é ascendente ou descendente;
CAPÍTULO III cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima;
Da periclitação da vida e da saúde III - se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos.

Perigo de contágio venéreo Exposição ou abandono de recém-nascido

Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações Art. 134 Expor ou abandonar recém-nascido, para
sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de ocultar desonra própria:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. § 3º Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é
§ 1º Se do fato resulta lesão corporal de praticado contra pessoa menor de 14 (catorze)
natureza grave: anos.
Pena - detenção, de um a três anos.
§ 2º Se resulta a morte: CAPÍTULO IV
Pena - detenção, de dois a seis anos. Da rixa

Omissão de socorro Rixa

Art. 135 Deixar de prestar assistência, quando Art. 137 Participar de rixa, salvo para separar os
possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança contendores:
abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida Pena - detenção, de quinze dias a dois meses,
ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente ou multa.
perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da Parágrafo único. Se ocorre morte ou lesão
autoridade pública: corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. da participação na rixa, a pena de detenção, de
Parágrafo único. A pena é aumentada de seis meses a dois anos.
metade, se da omissão resulta lesão corporal de
natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.
CAPÍTULO V
Dos crimes contra a honra
Condicionamento de atendimento médico-
hospitalar emergencial
Calúnia

Art. 135-A Exigir cheque-caução, nota


Art. 138 Caluniar alguém, imputando-lhe
promissória ou qualquer garantia, bem como o
falsamente fato definido como crime:
preenchimento prévio de formulários
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e
administrativos, como condição para o
multa.
atendimento médico-hospitalar emergencial:
§ 1º Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano,
a imputação, a propala ou divulga.
e multa.
§ 2º É punível a calúnia contra os mortos.
Parágrafo único. A pena é aumentada até o
dobro se da negativa de atendimento resulta
Exceção da verdade
lesão corporal de natureza grave, e até o triplo
se resulta a morte.
§ 3º Admite-se a prova da verdade, salvo:
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação
Maus-tratos
privada, o ofendido não foi condenado por
sentença irrecorrível;
Art. 136 Expor a perigo a vida ou a saúde de
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas
pessoa sob sua autoridade, guarda ou
indicadas no nº I do art. 141;
vigilância, para fim de educação, ensino,
III - se do crime imputado, embora de ação
tratamento ou custódia, quer privando-a de
pública, o ofendido foi absolvido por sentença
alimentação ou cuidados indispensáveis, quer
irrecorrível.
sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado,
quer abusando de meios de correção ou disciplina:
Difamação
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou
multa.
Art. 139 Difamar alguém, imputando-lhe fato
§ 1º Se do fato resulta lesão corporal de
ofensivo à sua reputação:
natureza grave: Pena - detenção, de três meses a um ano, e
Pena - reclusão, de um a quatro anos. multa.
§ 2º Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Exceção da verdade Exclusão do crime

Parágrafo único. A exceção da verdade somente Art. 142 Não constituem injúria ou difamação
se admite se o ofendido é funcionário público e punível:
a ofensa é relativa ao exercício de suas funções. I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da
causa, pela parte ou por seu procurador;
Injúria II - a opinião desfavorável da crítica literária,
artística ou científica, salvo quando inequívoca a
Art. 140 Injuriar alguém, ofendendo-lhe a intenção de injuriar ou difamar;
dignidade ou o decoro: III - o conceito desfavorável emitido por
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. funcionário público, em apreciação ou informação
§ 1º O juiz pode deixar de aplicar a pena: que preste no cumprimento de dever do ofício.
I - quando o ofendido, de forma reprovável, Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III,
provocou diretamente a injúria; responde pela injúria ou pela difamação quem lhe
II - no caso de retorsão imediata, que consista dá publicidade.
em outra injúria.
§ 2º Se a injúria consiste em violência ou vias de Retratação
fato, que, por sua natureza ou pelo meio
empregado, se considerem aviltantes: Art. 143 O querelado que, antes da sentença, se
Pena - detenção, de três meses a um ano, e retrata cabalmente da calúnia ou da difamação,
multa, além da pena correspondente à violência. fica isento de pena.
§ 3º Se a injúria consiste na utilização de Parágrafo único. Nos casos em que o querelado
elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, tenha praticado a calúnia ou a difamação
origem ou a condição de pessoa idosa ou utilizando-se de meios de comunicação, a
portadora de deficiência: retratação dar-se-á, se assim desejar o ofendido,
Pena - reclusão de um a três anos e multa. pelos mesmos meios em que se praticou a
ofensa.
Disposições comuns Art. 144 Se, de referências, alusões ou frases, se
infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga
Art. 141 As penas cominadas neste Capítulo ofendido pode pedir explicações em juízo.
aumentam-se de um terço, se qualquer dos Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do
crimes é cometido: juiz, não as dá satisfatórias, responde pela
I - contra o Presidente da República, ou contra ofensa.
chefe de governo estrangeiro; Art. 145 Nos crimes previstos neste Capítulo
II - contra funcionário público, em razão de suas somente se procede mediante queixa, salvo
funções, ou contra os Presidentes do Senado quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência
Federal, da Câmara dos Deputados ou do resulta lesão corporal.
Supremo Tribunal Federal; Parágrafo único. Procede-se mediante
III - na presença de várias pessoas, ou por meio requisição do Ministro da Justiça, no caso do
que facilite a divulgação da calúnia, da difamação inciso I do caput do art. 141 deste Código, e
ou da injúria. mediante representação do ofendido, no caso do
IV - contra criança, adolescente, pessoa maior de inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do §
60 (sessenta) anos ou pessoa com deficiência, 3° do art. 140 deste Código.
exceto na hipótese prevista no § 3º do art. 140
deste Código. CAPÍTULO VI
§ 1º Se o crime é cometido mediante paga ou Dos Crimes Contra A Liberdade Individual
promessa de recompensa, aplica-se a pena em Seção I
dobro. Dos crimes contra a liberdade pessoal
§ 2º Se o crime é cometido ou divulgado em
quaisquer modalidades das redes sociais da rede Constrangimento ilegal
mundial de computadores, aplica-se em triplo a
pena. Art. 146 Constranger alguém, mediante violência
ou grave ameaça, ou depois de lhe haver Violência psicológica contra a mulher
reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade
de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou Art. 147-B. Causar dano emocional à mulher que
a fazer o que ela não manda: a prejudique e perturbe seu pleno
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou desenvolvimento ou que vise a degradar ou a
multa. controlar suas ações, comportamentos, crenças e
§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e decisões, mediante ameaça, constrangimento,
em dobro, quando, para a execução do crime, se humilhação, manipulação, isolamento, chantagem,
reúnem mais de três pessoas, ou há emprego ridicularização, limitação do direito de ir e vir ou
de armas. qualquer outro meio que cause prejuízo à sua
§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as saúde psicológica e autodeterminação:
correspondentes à violência. Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
§ 3º - Não se compreendem na disposição deste anos, e multa, se a conduta não constitui crime
artigo: mais grave.
I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o
consentimento do paciente ou de seu
Sequestro e cárcere privado
representante legal, se justificada por iminente
perigo de vida;
Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade,
II - a coação exercida para impedir suicídio.
mediante sequestro ou cárcere privado:
Pena - reclusão, de um a três anos.
Ameaça § 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco
anos:
Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito I - se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge
ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de ou companheiro do agente ou maior de 60
causar-lhe mal injusto e grave: (sessenta) anos;
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. II - se o crime é praticado mediante internação da
Parágrafo único - Somente se procede mediante vítima em casa de saúde ou hospital;
representação. III - se a privação da liberdade dura mais de
quinze dias;
Perseguição IV -se o crime é praticado contra menor de 18
(dezoito) anos;
Art. 147-A. Perseguir alguém, reiteradamente e V - se o crime é praticado com fins libidinosos.
por qualquer meio, ameaçando-lhe a integridade § 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-
física ou psicológica, restringindo-lhe a tratos ou da natureza da detenção, grave
capacidade de locomoção ou, de qualquer forma, sofrimento físico ou moral:
invadindo ou perturbando sua esfera de liberdade Pena - reclusão, de dois a oito anos.
ou privacidade.
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) Redução a condição análoga à de escravo
anos, e multa.
§ 1º A pena é aumentada de metade se o crime é Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de
cometido: escravo, quer submetendo-o a trabalhos
I - contra criança, adolescente ou idoso; forçados ou a jornada exaustiva, quer
II - contra mulher por razões da condição de sujeitando-o a condições degradantes de
sexo feminino, nos termos do § 2º-A do art. 121 trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua
deste Código; locomoção em razão de dívida contraída com o
III - mediante concurso de 2 (duas) ou mais empregador ou preposto:
pessoas ou com o emprego de arma. Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa,
§ 2º As penas deste artigo são aplicáveis sem além da pena correspondente à violência.
prejuízo das correspondentes à violência. § 1° Nas mesmas penas incorre quem:
§ 3º Somente se procede mediante I - cerceia o uso de qualquer meio de transporte
representação. por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no
local de trabalho;
II - mantém vigilância ostensiva no local de ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou
trabalho ou se apodera de documentos ou em suas dependências:
objetos pessoais do trabalhador, com o fim de Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
retê-lo no local de trabalho. § 1º Se o crime é cometido durante a noite, ou
§ 2° A pena é aumentada de metade, se o crime em lugar ermo, ou com o emprego de violência
é cometido: ou de arma, ou por duas ou mais pessoas:
I - contra criança ou adolescente; Pena - detenção, de seis meses a dois anos,
II - por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, além da pena correspondente à violência.
religião ou origem. § 3º - Não constitui crime a entrada ou
permanência em casa alheia ou em suas
Tráfico de Pessoas dependências:
I - durante o dia, com observância das
Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, formalidades legais, para efetuar prisão ou outra
transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, diligência;
mediante grave ameaça, violência, coação, fraude II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando
ou abuso, com a finalidade de: algum crime está sendo ali praticado ou na
I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do iminência de o ser.
corpo; § 4° A expressão "casa" compreende:
II - submetê-la a trabalho em condições análogas I - qualquer compartimento habitado;
à de escravo; II - aposento ocupado de habitação coletiva;
III - submetê-la a qualquer tipo de servidão; III - compartimento não aberto ao público, onde
IV - adoção ilegal; ou alguém exerce profissão ou atividade.
V - exploração sexual. § 5º Não se compreendem na expressão "casa":
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra
multa. habitação coletiva, enquanto aberta, salvo a
§ 1° A pena é aumentada de um terço até a restrição do n.º II do parágrafo anterior;
metade se: II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo
I - o crime for cometido por funcionário público gênero.
no exercício de suas funções ou a pretexto de
exercê-las; Seção III
II - o crime for cometido contra criança, Dos crimes contra a
adolescente ou pessoa idosa ou com deficiência; Inviolabilidade de correspondência
III - o agente se prevalecer de relações de
parentesco, domésticas, de coabitação, de Violação de correspondência
hospitalidade, de dependência econômica, de
autoridade ou de superioridade hierárquica Art. 151 Devassar indevidamente o conteúdo de
inerente ao exercício de emprego, cargo ou correspondência fechada, dirigida a outrem:
função; ou Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do
território nacional.
Sonegação ou destruição de correspondência
§ 2° A pena é reduzida de um a dois terços se o
agente for primário e não integrar organização
§ 1º Na mesma pena incorre:
criminosa.
I - quem se apossa indevidamente de
correspondência alheia, embora não fechada e,
Seção II no todo ou em parte, a sonega ou destrói;
Dos crimes contra a inviolabilidade do
domicílio
Violação de comunicação telegráfica,
radioelétrica ou telefônica
Violação de domicílio
II - quem indevidamente divulga, transmite a
Art. 150 Entrar ou permanecer, clandestina ou outrem ou utiliza abusivamente comunicação
astuciosamente, ou contra a vontade expressa telegráfica ou radioelétrica dirigida a terceiro, ou
conversação telefônica entre outras pessoas;
III - quem impede a comunicação ou a Violação do segredo profissional
conversação referidas no número anterior;
IV - quem instala ou utiliza estação ou aparelho Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa,
radioelétrico, sem observância de disposição segredo, de que tem ciência em razão de função,
legal. ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação
§ 2º As penas aumentam-se de metade, se há possa produzir dano a outrem:
dano para outrem. Pena - detenção, de três meses a um ano, ou
§ 3º Se o agente comete o crime, com abuso de multa de um conto a dez contos de réis.
função em serviço postal, telegráfico, radioelétrico Parágrafo único - Somente se procede mediante
ou telefônico: representação.
Pena - detenção, de um a três anos.
§ 4º Somente se procede mediante
Invasão de dispositivo informático
representação, salvo nos casos do § 1º, IV, e do
§ 3º.
Art. 154-A. Invadir dispositivo informático de uso
alheio, conectado ou não à rede de computadores,
Correspondência comercial com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou
informações sem autorização expressa ou tácita
Art. 152 - Abusar da condição de sócio ou do usuário do dispositivo ou de instalar
empregado de estabelecimento comercial ou vulnerabilidades para obter vantagem ilícita:
industrial para, no todo ou em parte, desviar, Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
sonegar, subtrair ou suprimir correspondência, ou multa.
revelar a estranho seu conteúdo: § 1° Na mesma pena incorre quem produz,
Pena - detenção, de três meses a dois anos. oferece, distribui, vende ou difunde dispositivo ou
Parágrafo único - Somente se procede mediante programa de computador com o intuito de
representação. permitir a prática da conduta definida no caput.
§ 2° Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) a 2/3
Seção IV (dois terços) se da invasão resulta prejuízo
Dos crimes contra a inviolabilidade dos econômico.
segredos § 3° Se da invasão resultar a obtenção de
conteúdo de comunicações eletrônicas privadas,
Divulgação de segredo segredos comerciais ou industriais, informações
sigilosas, assim definidas em lei, ou o controle
Art. 153 Divulgar alguém, sem justa causa, remoto não autorizado do dispositivo invadido:
conteúdo de documento particular ou de Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e
correspondência confidencial, de que é multa.
destinatário ou detentor, e cuja divulgação possa § 4° Na hipótese do § 3°, aumenta-se a pena de
produzir dano a outrem: um a dois terços se houver divulgação,
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, comercialização ou transmissão a terceiro, a
de trezentos mil réis a dois contos de réis. qualquer título, dos dados ou informações obtidos.
§ 1º Somente se procede mediante § 5° Aumenta-se a pena de um terço à metade
representação. se o crime for praticado contra:
§ 1°-A. Divulgar, sem justa causa, informações I - Presidente da República, governadores e
sigilosas ou reservadas, assim definidas em lei, prefeitos;
contidas ou não nos sistemas de informações ou II - Presidente do Supremo Tribunal Federal
banco de dados da Administração Pública: III - Presidente da Câmara dos Deputados, do
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e Senado Federal, de Assembleia Legislativa de
multa. Estado, da Câmara Legislativa do Distrito Federal
§ 2° Quando resultar prejuízo para a ou de Câmara Municipal; ou
Administração Pública, a ação penal será IV - dirigente máximo da administração direta e
incondicionada. indireta federal, estadual, municipal ou do Distrito
Federal.
Ação penal § 2º - Não é punível a subtração de coisa comum
fungível, cujo valor não excede a quota a que tem
Art. 154-B. Nos crimes definidos no art. 154-A, direito o agente.
somente se procede mediante representação,
salvo se o crime é cometido contra a CAPÍTULO II
administração pública direta ou indireta de Do roubo e da extorsão
qualquer dos Poderes da União, Estados, Distrito
Federal ou Municípios ou contra empresas Roubo
concessionárias de serviços públicos.
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou
TÍTULO II para outrem, mediante grave ameaça ou
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO violência a pessoa, ou depois de havê-la, por
CAPÍTULO I qualquer meio, reduzido à impossibilidade de
Do furto resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
Furto § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois
de subtraída a coisa, emprega violência contra
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a
alheia móvel: impunidade do crime ou a detenção da coisa para
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. si ou para terceiro.
§ 1º A pena aumenta-se de um terço, se o crime é § 2º - A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até
praticado durante o repouso noturno. metade:
§ 2º Se o criminoso é primário, e é de pequeno II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a III - se a vítima está em serviço de transporte de
pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de valores e o agente conhece tal circunstância.
um a dois terços, ou aplicar somente a pena de IV - se a subtração for de veículo automotor que
multa. venha a ser transportado para outro Estado ou
§ 3º Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica para o exterior;
ou qualquer outra que tenha valor econômico. V - se o agente mantém a vítima em seu poder,
restringindo sua liberdade.
Furto qualificado VI - se a subtração for de substâncias
explosivas ou de acessórios que, conjunta ou
isoladamente, possibilitem sua fabricação,
§ 4º A pena é de reclusão de dois a oito anos, e
montagem ou emprego;
multa, se o crime é cometido:
VII - se a violência ou grave ameaça é exercida
I - com destruição ou rompimento de obstáculo
com emprego de arma branca;
à subtração da coisa;
§ 2º-A. A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços):
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude,
I - se a violência ou ameaça é exercida com
escalada ou destreza;
emprego de arma de fogo;
III - com emprego de chave falsa;
II - se há destruição ou rompimento de
IV - mediante concurso de duas ou mais
obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de
pessoas.
artefato análogo que cause perigo comum.
§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida
Furto de coisa comum
com emprego de arma de fogo de uso restrito
ou proibido, aplica-se em dobro a pena prevista
Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou no caput deste artigo.
sócio, para si ou para outrem, a quem § 3º - Se da violência resulta:
legitimamente a detém, a coisa comum: I - lesão corporal grave, a pena é de reclusão de
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa;
multa. II - morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30
§ 1º - Somente se procede mediante (trinta) anos, e multa.
representação.
Extorsão CAPÍTULO III
Da usurpação
Art. 158 Constranger alguém, mediante violência
ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si Alteração de limites
ou para outrem indevida vantagem econômica,
a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer Art. 161 - Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou
alguma coisa: qualquer outro sinal indicativo de linha divisória,
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. para apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais imóvel alheia:
pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
a pena de um terço até metade.
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante
Usurpação de águas
violência o disposto no § 3º do artigo anterior.
§ 3° Se o crime é cometido mediante a restrição
§ 1º - Na mesma pena incorre quem:
da liberdade da vítima, e essa condição é
I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de
necessária para a obtenção da vantagem
outrem, águas alheias;
econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12
(doze) anos, além da multa; se resulta lesão
corporal grave ou morte, aplicam-se as penas Esbulho possessório
previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente.
II - invade, com violência a pessoa ou grave
Extorsão mediante sequestro ameaça, ou mediante concurso de mais de duas
pessoas, terreno ou edifício alheio, para o fim de
esbulho possessório.
Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter,
§ 2º - Se o agente usa de violência, incorre
para si ou para outrem, qualquer vantagem,
também na pena a esta cominada.
como condição ou preço do resgate:
§ 3º - Se a propriedade é particular, e não há
Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
emprego de violência, somente se procede
§ 1° Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e
mediante queixa.
quatro) horas, se o sequestrado é menor de 18
(dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se
o crime é cometido por bando ou quadrilha. Supressão ou alteração de marca em animais
Pena - reclusão, de doze a vinte anos.
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de Art. 162 - Suprimir ou alterar, indevidamente, em
natureza grave: gado ou rebanho alheio, marca ou sinal indicativo
Pena - reclusão, de 16 (dezesseis) a 24 (vinte e de propriedade:
quatro anos). Pena - detenção, de seis meses a três anos, e
§ 3º - Se resulta a morte: multa.
Pena - reclusão, de 24 (vinte e quatro) a 30
(trinta) anos. CAPÍTULOIV
§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o Do dano
concorrente que o denunciar à autoridade,
facilitando a libertação do sequestrado, terá sua Dano
pena reduzida de um a dois terços.
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa
Extorsão indireta alheia:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de
dívida, abusando da situação de alguém, Dano qualificado
documento que pode dar causa a procedimento
criminal contra a vítima ou contra terceiro: Parágrafo único - Se o crime é cometido:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. I - com violência à pessoa ou grave ameaça;
II - com emprego de substância inflamável ou Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
explosiva, se o fato não constitui crime mais § 1º - A pena é aumentada de um terço, quando
grave; o agente recebeu a coisa:
III - contra o patrimônio da União, de Estado, do I - em depósito necessário;
Distrito Federal, de Município ou de autarquia, II - na qualidade de tutor, curador, síndico,
fundação pública, empresa pública, sociedade de liquidatário, inventariante, testamenteiro ou
economia mista ou empresa concessionária de depositário judicial;
serviços públicos; III - em razão de ofício, emprego ou profissão.
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo
considerável para a vítima: Apropriação indébita previdenciária
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e
multa, além da pena correspondente à violência. Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência
social as contribuições recolhidas dos
Introdução ou abandono de animais em contribuintes, no prazo e forma legal ou
propriedade alheia convencional:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e
Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em multa.
propriedade alheia, sem consentimento de quem § 1° Nas mesmas penas incorre quem deixar de:
de direito, desde que o fato resulte prejuízo: I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, importância destinada à previdência social que
ou multa. tenha sido descontada de pagamento efetuado a
segurados, a terceiros ou arrecadada do público;
Dano em coisa de valor artístico, arqueológico II – recolher contribuições devidas à previdência
ou histórico social que tenham integrado despesas contábeis
ou custos relativos à venda de produtos ou à
Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa prestação de serviços;
tombada pela autoridade competente em virtude III - pagar benefício devido a segurado, quando as
de valor artístico, arqueológico ou histórico: respectivas cotas ou valores já tiverem sido
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e reembolsados à empresa pela previdência social.
multa. § 2° É extinta a punibilidade se o agente,
espontaneamente, declara, confessa e efetua o
pagamento das contribuições, importâncias ou
Alteração de local especialmente protegido
valores e presta as informações devidas à
previdência social, na forma definida em lei ou
Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade
regulamento, antes do início da ação fiscal.
competente, o aspecto de local especialmente
§ 3° É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena
protegido por lei:
ou aplicar somente a de multa se o agente for
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou
primário e de bons antecedentes, desde que:
multa.
I - tenha promovido, após o início da ação fiscal e
antes de oferecida a denúncia, o pagamento da
Ação penal contribuição social previdenciária, inclusive
acessórios; ou
Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do II - o valor das contribuições devidas, inclusive
seu parágrafo e do art. 164, somente se procede acessórios, seja igual ou inferior àquele
mediante queixa. estabelecido pela previdência social,
administrativamente, como sendo o mínimo para o
CAPÍTULO V ajuizamento de suas execuções fiscais.
Da apropriação indébita § 4° A faculdade prevista no § 3o deste artigo não
se aplica aos casos de parcelamento de
Apropriação indébita contribuições cujo valor, inclusive dos
acessórios, seja superior àquele estabelecido,
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de administrativamente, como sendo o mínimo para o
que tem a posse ou a detenção: ajuizamento de suas execuções fiscais.
Apropriação de coisa havida por erro, caso ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu
fortuito ou força da natureza vender a terceiro, mediante pagamento em
prestações, silenciando sobre qualquer dessas
Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia circunstâncias;
vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou
força da natureza: Defraudação de penhor
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou
multa. III - defrauda, mediante alienação não consentida
Parágrafo único - Na mesma pena incorre: pelo credor ou por outro modo, a garantia
pignoratícia, quando tem a posse do objeto
Apropriação de tesouro empenhado;

I - quem acha tesouro em prédio alheio e se Fraude na entrega de coisa


apropria, no todo ou em parte, da quota a que tem
direito o proprietário do prédio; IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade
de coisa que deve entregar a alguém;
Apropriação de coisa achada
Fraude para recebimento de indenização ou
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se valor de seguro
apropria, total ou parcialmente, deixando de
restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa
entregá-la à autoridade competente, dentro no própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou
prazo de quinze dias. agrava as consequências da lesão ou doença,
Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo, com o intuito de haver indenização ou valor de
aplica-se o disposto no art. 155, § 2º. seguro;

CAPÍTULO VI Fraude no pagamento por meio de cheque


Do estelionato e outras fraudes
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de
Estelionato fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o
pagamento.
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem,
vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou Fraude eletrônica
mantendo alguém em erro, mediante artifício,
ardil, ou qualquer outro meio fraudulento: § 2º-A. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de (oito) anos, e multa, se a fraude é cometida com
quinhentos mil réis a dez contos de réis. a utilização de informações fornecidas pela vítima
§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno ou por terceiro induzido a erro por meio de redes
valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena sociais, contatos telefônicos ou envio de correio
conforme o disposto no art. 155, § 2º. eletrônico fraudulento, ou por qualquer outro meio
fraudulento análogo.
Disposição de coisa alheia como própria § 2º-B. A pena prevista no § 2º-A deste artigo,
considerada a relevância do resultado gravoso,
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem: aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços),
I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação se o crime é praticado mediante a utilização de
ou em garantia coisa alheia como própria; servidor mantido fora do território nacional.
§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o
crime é cometido em detrimento de entidade de
Alienação ou oneração fraudulenta de coisa
direito público ou de instituto de economia popular,
própria
assistência social ou beneficência.
II - vende, permuta, dá em pagamento ou em
garantia coisa própria inalienável, gravada de
Estelionato contra idoso ou vulnerável Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou
multa.
§ 4º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) ao § 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a
dobro, se o crime é cometido contra idoso ou qualidade ou o peso de metal ou substituir, no
vulnerável, considerada a relevância do resultado mesmo caso, pedra verdadeira por falsa ou por
gravoso. outra de menor valor; vender pedra falsa por
§ 5º Somente se procede mediante verdadeira; vender, como precioso, metal de ou
representação, salvo se a vítima for: outra qualidade:
I - a Administração Pública, direta ou indireta; Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
II - criança ou adolescente; § 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º.
III - pessoa com deficiência mental; ou
IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou Outras fraudes
incapaz.
Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-
Duplicata simulada se em hotel ou utilizar-se de meio de transporte
sem dispor de recursos para efetuar o
Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda pagamento:
que não corresponda à mercadoria vendida, em Pena - detenção, de quinze dias a dois meses,
quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado. ou multa.
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e Parágrafo único - Somente se procede mediante
multa. representação, e o juiz pode, conforme as
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá circunstâncias, deixar de aplicar a pena.
aquele que falsificar ou adulterar a escrituração do
Livro de Registro de Duplicatas. Fraudes e abusos na fundação ou
administração de sociedade por ações
Abuso de incapazes
Art. 177 - Promover a fundação de sociedade por
Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, ações, fazendo, em prospecto ou em comunicação
de necessidade, paixão ou inexperiência de ao público ou à assembleia, afirmação falsa
menor, ou da alienação ou debilidade mental de sobre a constituição da sociedade, ou ocultando
outrem, induzindo qualquer deles à prática de ato fraudulentamente fato a ela relativo:
suscetível de produzir efeito jurídico, em prejuízo Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa,
próprio ou de terceiro: se o fato não constitui crime contra a economia
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. popular.
§ 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato não
constitui crime contra a economia popular:
Induzimento à especulação
I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por
ações, que, em prospecto, relatório, parecer,
Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio,
balanço ou comunicação ao público ou à
da inexperiência ou da simplicidade ou
assembleia, faz afirmação falsa sobre as
inferioridade mental de outrem, induzindo-o à
condições econômicas da sociedade, ou oculta
prática de jogo ou aposta, ou à especulação com
fraudulentamente, no todo ou em parte, fato a elas
títulos ou mercadorias, sabendo ou devendo saber
relativo;
que a operação é ruinosa:
II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove,
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
por qualquer artifício, falsa cotação das ações ou
de outros títulos da sociedade;
Fraude no comércio III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à
sociedade ou usa, em proveito próprio ou de
Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade terceiro, dos bens ou haveres sociais, sem prévia
comercial, o adquirente ou consumidor: autorização da assembleia geral;
I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende,
mercadoria falsificada ou deteriorada; por conta da sociedade, ações por ela emitidas,
II - entregando uma mercadoria por outra: salvo quando a lei o permite;
V - o diretor ou o gerente que, como garantia de Receptação qualificada
crédito social, aceita em penhor ou em caução
ações da própria sociedade; § 1º Adquirir, receber, transportar, conduzir,
VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar,
em desacordo com este, ou mediante balanço remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer
falso, distribui lucros ou dividendos fictícios; forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no
VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por exercício de atividade comercial ou industrial,
interposta pessoa, ou conluiado com acionista, coisa que deve saber ser produto de crime:
consegue a aprovação de conta ou parecer; Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.
VIII - o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V § 2º Equipara-se à atividade comercial, para efeito
e VII; do parágrafo anterior, qualquer forma de
IX - o representante da sociedade anônima comércio irregular ou clandestino, inclusive o
estrangeira, autorizada a funcionar no País, que exercício em residência.
pratica os atos mencionados nos ns. I e II, ou dá § 3º Adquirir ou receber coisa que, por sua
falsa informação ao Governo. natureza ou pela desproporção entre o valor e
§ 2º - Incorre na pena de detenção, de seis o preço, ou pela condição de quem a oferece,
meses a dois anos, e multa, o acionista que, a deve presumir-se obtida por meio criminoso:
fim de obter vantagem para si ou para outrem, Pena - detenção, de um mês a um ano, ou
negocia o voto nas deliberações de assembleia multa, ou ambas as penas.
geral. § 4º A receptação é punível, ainda que
desconhecido ou isento de pena o autor do
Emissão irregular de conhecimento de crime de que proveio a coisa.
depósito ou "warrant" § 5º Na hipótese do § 3º, se o criminoso é
primário, pode o juiz, tendo em consideração as
Art. 178 Emitir conhecimento de depósito ou circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Na
warrant, em desacordo com disposição legal: receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. art. 155.
§ 6° Tratando-se de bens do patrimônio da União,
Fraude à execução de Estado, do Distrito Federal, de Município ou de
autarquia, fundação pública, empresa pública,
Art. 179 Fraudar execução, alienando, desviando, sociedade de economia mista ou empresa
destruindo ou danificando bens, ou simulando concessionária de serviços públicos, aplica-se em
dívidas: dobro a pena prevista no caput deste artigo.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou
multa. Receptação de animal
Parágrafo único - Somente se procede mediante
queixa. Art. 180-A Adquirir, receber, transportar, conduzir,
ocultar, ter em depósito ou vender, com a
CAPÍTULO VII finalidade de produção ou de comercialização,
Da receptação semovente domesticável de produção, ainda que
abatido ou dividido em partes, que deve saber
Receptação ser produto de crime:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e
multa.
Art. 180 Adquirir, receber, transportar, conduzir ou
ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que
sabe ser produto de crime, ou influir para que CAPÍTULO VIII
terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: Disposições gerais
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Art. 181 É isento de pena quem comete qualquer
dos crimes previstos neste título, em prejuízo:
I - do cônjuge, na constância da sociedade
conjugal;
II - de ascendente ou descendente, seja o Importunação sexual
parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou
natural. Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua
Art. 182 Somente se procede mediante anuência ato libidinoso com o objetivo de
representação, se o crime previsto neste título é satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro:
cometido em prejuízo: Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente ato não constitui crime mais grave.
separado;
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
Assédio sexual
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente
coabita.
Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de
Art. 183 Não se aplica o disposto nos dois artigos
obter vantagem ou favorecimento sexual,
anteriores:
prevalecendo-se o agente da sua condição de
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em
superior hierárquico ou ascendência inerentes
geral, quando haja emprego de grave ameaça ou
ao exercício de emprego, cargo ou função.
violência à pessoa;
Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos
II - ao estranho que participa do crime.
§ 2° A pena é aumentada em até um terço se a
III - se o crime é praticado contra pessoa com
vítima é menor de 18 (dezoito) anos.
idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.

CAPÍTULO I-A
TÍTULO VI
DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL Da Exposição Da Intimidade Sexual
CAPÍTULO I
Dos crimes contra a liberdade sexual Registro não autorizado da intimidade sexual

Estupro Art. 216-B. Produzir, fotografar, filmar ou registrar,


por qualquer meio, conteúdo com cena de nudez
Art. 213. Constranger alguém, mediante ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e
violência ou grave ameaça, a ter conjunção privado sem autorização dos participantes:
carnal ou a praticar ou permitir que com ele se Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano,
pratique outro ato libidinoso: e multa.
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem
§ 1° Se da conduta resulta lesão corporal de realiza montagem em fotografia, vídeo, áudio ou
natureza grave ou se a vítima é menor de 18 qualquer outro registro com o fim de incluir pessoa
(dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: em cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. caráter íntimo.
§ 2° Se da conduta resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. CAPÍTULO II
Dos Crimes Sexuais Contra Vulnerável
Violação sexual mediante fraude
Estupro de vulnerável
Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro
ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar
outro meio que impeça ou dificulte a livre outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze)
manifestação de vontade da vítima: anos:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o § 1° Incorre na mesma pena quem pratica as
fim de obter vantagem econômica, aplica-se ações descritas no caput com alguém que, por
também multa. enfermidade ou deficiência mental, não tem o
necessário discernimento para a prática do ato, ou
que, por qualquer outra causa, não pode
oferecer resistência.
§ 3° Se da conduta resulta lesão corporal de Divulgação de cena de estupro ou de cena de
natureza grave: estupro de vulnerável, de cena de sexo ou de
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. pornografia
§ 4° Se da conduta resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. Art. 218-C. Oferecer, trocar, disponibilizar,
§ 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e transmitir, vender ou expor à venda, distribuir,
4º deste artigo aplicam-se independentemente do publicar ou divulgar, por qualquer meio - inclusive
consentimento da vítima ou do fato de ela ter por meio de comunicação de massa ou
mantido relações sexuais anteriormente ao sistema de informática ou telemática -,
crime. fotografia, vídeo ou outro registro audiovisual que
contenha cena de estupro ou de estupro de
Corrupção de menores vulnerável ou que faça apologia ou induza a sua
prática, ou, sem o consentimento da vítima, cena
Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) de sexo, nudez ou pornografia:
anos a satisfazer a lascívia de outrem: Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. fato não constitui crime mais grave.
§ 1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3
Satisfação de lascívia mediante presença de (dois terços) se o crime é praticado por agente
criança ou adolescente que mantém ou tenha mantido relação íntima de
afeto com a vítima ou com o fim de vingança ou
Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém humilhação.
menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a
presenciar, conjunção carnal ou outro ato Exclusão de ilicitude
libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de
outrem: § 2º Não há crime quando o agente pratica as
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. condutas descritas no caput deste artigo em
publicação de natureza jornalística, científica,
Favorecimento da prostituição ou de outra cultural ou acadêmica com a adoção de recurso
forma de exploração sexual de criança ou que impossibilite a identificação da vítima,
adolescente ou de vulnerável. ressalvada sua prévia autorização, caso seja
maior de 18 (dezoito) anos.
Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à
prostituição ou outra forma de exploração sexual TÍTULO X
alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA
CAPÍTULO I
enfermidade ou deficiência mental, não tem o
Da Moeda Falsa
necessário discernimento para a prática do
ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a
Moeda Falsa
abandone:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos.
§ 1° Se o crime é praticado com o fim de obter Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a,
vantagem econômica, aplica-se também multa. moeda metálica ou papel-moeda de curso legal
§ 2° Incorre nas mesmas penas: no país ou no estrangeiro:
I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa.
libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e § 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta
maior de 14 (catorze) anos na situação descrita própria ou alheia, importa ou exporta, adquire,
no caput deste artigo; vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz
II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo na circulação moeda falsa.
local em que se verifiquem as práticas referidas no § 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como
caput deste artigo. verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à
§ 3° Na hipótese do inciso II do § 2°, constitui circulação, depois de conhecer a falsidade, é
efeito obrigatório da condenação a cassação da punido com detenção, de seis meses a dois
licença de localização e de funcionamento do anos, e multa.
estabelecimento.
§ 3º - É punido com reclusão, de três a quinze CAPÍTULO II
anos, e multa, o funcionário público ou diretor, Da Falsidade De Títulos E Outros Papéis
gerente, ou fiscal de banco de emissão que Públicos
fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão:
I - de moeda com título ou peso inferior ao
Falsificação de papéis públicos
determinado em lei;
II - de papel-moeda em quantidade superior à
Art. 293 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-
autorizada.
os:
§ 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e
I - selo destinado a controle tributário, papel
faz circular moeda, cuja circulação não estava
selado ou qualquer papel de emissão legal
ainda autorizada.
destinado à arrecadação de tributo;
II - papel de crédito público que não seja moeda
Crimes assimilados ao de moeda falsa de curso legal;
III - vale postal;
Art. 290 - Formar cédula, nota ou bilhete IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de
representativo de moeda com fragmentos de caixa econômica ou de outro estabelecimento
cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros; suprimir, mantido por entidade de direito público;
em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o fim V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro
de restituí-los à circulação, sinal indicativo de sua documento relativo à arrecadação de rendas
inutilização; restituir à circulação cédula, nota ou públicas ou a depósito ou caução por que o
bilhete em tais condições, ou já recolhidos para o poder público seja responsável;
fim de inutilização: VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. de transporte administrada pela União, por Estado
Parágrafo único - O máximo da reclusão é ou por Município:
elevado a doze anos e multa, se o crime é Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
cometido por funcionário que trabalha na § 1° Incorre na mesma pena quem:
repartição onde o dinheiro se achava recolhido, ou I - usa, guarda, possui ou detém qualquer dos
nela tem fácil ingresso, em razão do cargo. papéis falsificados a que se refere este artigo;
II - importa, exporta, adquire, vende, troca, cede,
Petrechos para falsificação de moeda empresta, guarda, fornece ou restitui à circulação
selo falsificado destinado a controle tributário;
Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título III - importa, exporta, adquire, vende, expõe à
oneroso ou gratuito, possuir ou guardar venda, mantém em depósito, guarda, troca, cede,
maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer empresta, fornece, porta ou, de qualquer forma,
objeto especialmente destinado à falsificação de utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício
moeda: de atividade comercial ou industrial, produto ou
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. mercadoria:
a) em que tenha sido aplicado selo que se destine
Emissão de título ao portador sem permissão a controle tributário, falsificado;
legal b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação
tributária determina a obrigatoriedade de sua
Art. 292 - Emitir, sem permissão legal, nota, aplicação.
bilhete, ficha, vale ou título que contenha § 2º Suprimir, em qualquer desses papéis, quando
promessa de pagamento em dinheiro ao legítimos, com o fim de torná-los novamente
portador ou a que falte indicação do nome da utilizáveis, carimbo ou sinal indicativo de sua
pessoa a quem deva ser pago: inutilização:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Parágrafo único - Quem recebe ou utiliza como § 3º Incorre na mesma pena quem usa, depois de
dinheiro qualquer dos documentos referidos neste alterado, qualquer dos papéis a que se refere o
artigo incorre na pena de detenção, de quinze parágrafo anterior.
dias a três meses, ou multa. § 4º Quem usa ou restitui à circulação, embora
recebido de boa-fé, qualquer dos papéis
falsificados ou alterados, a que se referem este
artigo e o seu § 2º, depois de conhecer a § 1º Se o agente é funcionário público, e comete
falsidade ou alteração, incorre na pena de o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a
detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. pena de sexta parte.
§ 5° Equipara-se a atividade comercial, para os § 2º Para os efeitos penais, equiparam-se a
fins do inciso III do § 1o, qualquer forma de documento público o emanado de entidade
comércio irregular ou clandestino, inclusive o paraestatal, o título ao portador ou transmissível
exercido em vias, praças ou outros logradouros por endosso, as ações de sociedade comercial, os
públicos e em residências. livros mercantis e o testamento particular.
§ 3° Nas mesmas penas incorre quem insere ou
Petrechos de falsificação faz inserir:
I - na folha de pagamento ou em documento de
Art. 294 - Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou informações que seja destinado a fazer prova
guardar objeto especialmente destinado à perante a previdência social, pessoa que não
falsificação de qualquer dos papéis referidos no possua a qualidade de segurado obrigatório;
artigo anterior: II - na Carteira de Trabalho e Previdência Social
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. do empregado ou em documento que deva
Art. 295 - Se o agente é funcionário público, e produzir efeito perante a previdência social,
comete o crime prevalecendo-se do cargo, declaração falsa ou diversa da que deveria ter
aumenta-se a pena de sexta parte. sido escrita;
III - em documento contábil ou em qualquer outro
documento relacionado com as obrigações da
CAPÍTULO III
empresa perante a previdência social, declaração
Da falsidade documental
falsa ou diversa da que deveria ter constado.
§ 4° Nas mesmas penas incorre quem omite, nos
Falsificação do selo ou sinal público documentos mencionados no § 3°, nome do
segurado e seus dados pessoais, a remuneração,
Art. 296 - Falsificar, fabricando-os ou alterando- a vigência do contrato de trabalho ou de prestação
os: de serviços.
I - selo público destinado a autenticar atos
oficiais da União, de Estado ou de Município; Falsificação de documento particular
II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de
direito público, ou a autoridade, ou sinal público
Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte,
de tabelião:
documento particular ou alterar documento
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
particular verdadeiro:
§ 1º Incorre nas mesmas penas:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado;
II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal
verdadeiro em prejuízo de outrem ou em proveito Falsificação de cartão
próprio ou alheio.
III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de Parágrafo único. Para fins do disposto no caput,
marcas, logotipos, siglas ou quaisquer outros equipara-se a documento particular o cartão de
símbolos utilizados ou identificadores de órgãos crédito ou débito.
ou entidades da Administração Pública.
§ 2º - Se o agente é funcionário público, e Falsidade ideológica
comete o crime prevalecendo-se do cargo,
aumenta-se a pena de sexta parte. Art. 299 Omitir, em documento público ou
particular, declaração que dele devia constar, ou
Falsificação de documento público nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou
diversa da que devia ser escrita, com o fim de
Art. 297 Falsificar, no todo ou em parte, prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a
documento público, ou alterar documento público verdade sobre fato juridicamente relevante:
verdadeiro: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. o documento é público, e reclusão de um a três
anos, e multa, de quinhentos mil réis a cinco quando a reprodução ou a alteração está
contos de réis, se o documento é particular. visivelmente anotada na face ou no verso do selo
Parágrafo único - Se o agente é funcionário ou peça:
público, e comete o crime prevalecendo-se do Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
cargo, ou se a falsificação ou alteração é de Parágrafo único - Na mesma pena incorre quem,
assentamento de registro civil, aumenta-se a para fins de comércio, faz uso do selo ou peça
pena de sexta parte. filatélica.

Falso reconhecimento de firma ou letra Uso de documento falso

Art. 300 - Reconhecer, como verdadeira, no Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis
exercício de função pública, firma ou letra que o falsificados ou alterados, a que se referem os arts.
não seja: 297 a 302:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.
o documento é público; e de um a três anos, e
multa, se o documento é particular. Supressão de documento

Certidão ou atestado ideologicamente falso Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em


benefício próprio ou de outrem, ou em prejuízo
Art. 301 - Atestar ou certificar falsamente, em alheio, documento público ou particular
razão de função pública, fato ou circunstância verdadeiro, de que não podia dispor:
que habilite alguém a obter cargo público, isenção Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se
de ônus ou de serviço de caráter público, ou o documento é público, e reclusão, de um a
qualquer outra vantagem: cinco anos, e multa, se o documento é
Pena - detenção, de dois meses a um ano. particular.

Falsidade material de atestado ou certidão CAPÍTULO IV


De outras falsidades
§ 1º - Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou
certidão, ou alterar o teor de certidão ou de Falsificação do sinal empregado no contraste
atestado verdadeiro, para prova de fato ou de metal precioso ou na fiscalização
circunstância que habilite alguém a obter cargo alfandegária, ou para outros fins
público, isenção de ônus ou de serviço de caráter
público, ou qualquer outra vantagem: Art. 306 - Falsificar, fabricando-o ou alterando-o,
Pena - detenção, de três meses a dois anos. marca ou sinal empregado pelo poder público no
§ 2º - Se o crime é praticado com o fim de lucro, contraste de metal precioso ou na fiscalização
aplica-se, além da pena privativa de liberdade, a alfandegária, ou usar marca ou sinal dessa
de multa. natureza, falsificado por outrem:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Falsidade de atestado médico Parágrafo único - Se a marca ou sinal falsificado
é o que usa a autoridade pública para o fim de
Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua fiscalização sanitária, ou para autenticar ou
profissão, atestado falso: encerrar determinados objetos, ou comprovar o
Pena - detenção, de um mês a um ano. cumprimento de formalidade legal:
Parágrafo único - Se o crime é cometido com o Pena - reclusão ou detenção, de um a três anos,
fim de lucro, aplica-se também multa. e multa.

Reprodução ou adulteração de selo ou peça Falsa identidade


filatélica
Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa
Art. 303 - Reproduzir ou alterar selo ou peça identidade para obter vantagem, em proveito
filatélica que tenha valor para coleção, salvo próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou comprometer a credibilidade do certame,
multa, se o fato não constitui elemento de crime conteúdo sigiloso de:
mais grave. I - concurso público;
Art. 308 - Usar, como próprio, passaporte, título II - avaliação ou exame públicos;
de eleitor, caderneta de reservista ou qualquer III - processo seletivo para ingresso no ensino
documento de identidade alheia ou ceder a superior; ou
outrem, para que dele se utilize, documento IV - exame ou processo seletivo previstos em lei:
dessa natureza, próprio ou de terceiro: Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, multa.
e multa, se o fato não constitui elemento de crime § 1° Nas mesmas penas incorre quem permite ou
mais grave. facilita, por qualquer meio, o acesso de pessoas
não autorizadas às informações mencionadas
Fraude de lei sobre estrangeiro no caput.
§ 2° Se da ação ou omissão resulta dano à
Art. 309 - Usar o estrangeiro, para entrar ou administração pública:
permanecer no território nacional, nome que não Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e
é o seu: multa.
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. § 3° Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o
Parágrafo único - Atribuir a estrangeiro falsa fato é cometido por funcionário público.
qualidade para promover-lhe a entrada em
território nacional: TÍTULO XI
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA
Art. 310 - Prestar-se a figurar como proprietário ou
CAPÍTULO I
possuidor de ação, título ou valor pertencente a Dos crimes praticados por funcionário público
estrangeiro, nos casos em que a este é vedada contra a administração em geral
por lei a propriedade ou a posse de tais bens:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e Peculato
multa.
Art. 312 Apropriar-se o funcionário público de
Adulteração de sinal identificador de veículo dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel,
automotor público ou particular, de que tem a posse em
razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito
Art. 311 - Adulterar ou remarcar número de chassi próprio ou alheio:
ou qualquer sinal identificador de veículo Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
automotor, de seu componente ou equipamento: § 1º Aplica-se a mesma pena, se o funcionário
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa. público, embora não tendo a posse do dinheiro,
§ 1º - Se o agente comete o crime no exercício da valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que
função pública ou em razão dela, a pena é seja subtraído, em proveito próprio ou alheio,
aumentada de um terço. valendo-se de facilidade que lhe proporciona a
§ 2º - Incorre nas mesmas penas o funcionário qualidade de funcionário.
público que contribui para o licenciamento ou
registro do veículo remarcado ou adulterado, Peculato culposo
fornecendo indevidamente material ou
informação oficial.
§ 2º Se o funcionário concorre culposamente
para o crime de outrem:
CAPÍTULO V Pena - detenção, de três meses a um ano.
Das fraudes em certames de interesse público § 3º No caso do parágrafo anterior, a reparação do
dano, se precede à sentença irrecorrível,
Fraudes em certames de interesse público extingue a punibilidade; se lhe é posterior,
reduz de metade a pena imposta.
Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente,
com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de
Peculato mediante erro de outrem Concussão

Art. 313 Apropriar-se de dinheiro ou qualquer Art. 316 Exigir, para si ou para outrem, direta ou
utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por indiretamente, ainda que fora da função ou antes
erro de outrem: de assumi-la, mas em razão dela, vantagem
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. indevida:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e
Inserção de dados falsos em sistema de multa.
informações
Excesso de exação
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário
autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou § 1º Se o funcionário exige tributo ou contribuição
excluir indevidamente dados corretos nos social que sabe ou deveria saber indevido, ou,
sistemas informatizados ou bancos de dados da quando devido, emprega na cobrança meio
Administração Pública com o fim de obter vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza.
vantagem indevida para si ou para outrem ou Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e
para causar dano: multa.
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e § 2º Se o funcionário desvia, em proveito próprio
multa. ou de outrem, o que recebeu indevidamente para
recolher aos cofres públicos:
Modificação ou alteração não autorizada de Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
sistema de informações
Corrupção passiva
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário,
sistema de informações ou programa de Art. 317 Solicitar ou receber, para si ou para
informática sem autorização ou solicitação de outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da
autoridade competente: função ou antes de assumi-la, mas em razão
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa
anos, e multa. de tal vantagem:
Parágrafo único. As penas são aumentadas de Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e
um terço até a metade se da modificação ou multa.
alteração resulta dano para a Administração § 1º A pena é aumentada de um terço, se, em
Pública ou para o administrado. consequência da vantagem ou promessa, o
funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer
Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou ato de ofício ou o pratica infringindo dever
documento funcional.
§ 2º Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou
Art. 314 Extraviar livro oficial ou qualquer retarda ato de ofício, com infração de dever
documento, de que tem a guarda em razão do funcional, cedendo a pedido ou influência de
cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou outrem:
parcialmente: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou
Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato multa.
não constitui crime mais grave.
Facilitação de contrabando ou descaminho
Emprego irregular de verbas ou rendas
públicas Art. 318 Facilitar, com infração de dever
funcional, a prática de contrabando ou
Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas descaminho (art. 334):
aplicação diversa da estabelecida em lei: Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. multa.
Prevaricação § 2º Se o fato ocorre em lugar compreendido na
faixa de fronteira:
Art. 319 Retardar ou deixar de praticar, Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra
disposição expressa de lei, para satisfazer Exercício funcional ilegalmente antecipado ou
interesse ou sentimento pessoal: prolongado
Pena - detenção, de três meses a um ano, e
multa. Art. 324 Entrar no exercício de função pública
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou antes de satisfeitas as exigências legais, ou
agente público, de cumprir seu dever de vedar ao continuar a exercê-la, sem autorização, depois de
preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou saber oficialmente que foi exonerado, removido,
similar, que permita a comunicação com outros substituído ou suspenso:
presos ou com o ambiente externo: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. multa.

Condescendência criminosa Violação de sigilo funcional

Art. 320 Deixar o funcionário, por indulgência, de Art. 325 Revelar fato de que tem ciência em razão
responsabilizar subordinado que cometeu do cargo e que deva permanecer em segredo, ou
infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte facilitar-lhe a revelação:
competência, não levar o fato ao conhecimento da Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou
autoridade competente: multa, se o fato não constitui crime mais grave.
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou § 1° Nas mesmas penas deste artigo incorre
multa. quem:
I - permite ou facilita, mediante atribuição,
Advocacia administrativa fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer
outra forma, o acesso de pessoas não
Art. 321 Patrocinar, direta ou indiretamente, autorizadas a sistemas de informações ou banco
interesse privado perante a administração de dados da Administração Pública;
pública, valendo-se da qualidade de funcionário: II - se utiliza, indevidamente, do acesso restrito.
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. § 2° Se da ação ou omissão resulta dano à
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo: Administração Pública ou a outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, além Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e
da multa. multa.

Violência arbitrária Violação do sigilo de proposta de concorrência

Art. 322 Praticar violência, no exercício de função Art. 326 Devassar o sigilo de proposta de
ou a pretexto de exercê-la: concorrência pública, ou proporcionar a terceiro o
Pena - detenção, de seis meses a três anos, ensejo de devassá-lo:
além da pena correspondente à violência. Pena - Detenção, de três meses a um ano, e
multa.
Abandono de função
Funcionário público
Art. 323 Abandonar cargo público, fora dos casos
permitidos em lei: Art. 327 Considera-se funcionário público, para os
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou efeitos penais, quem, embora transitoriamente
multa. ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou
§ 1º Se do fato resulta prejuízo público: função pública.
Pena - detenção, de três meses a um ano, e § 1º Equipara-se a funcionário público quem
multa. exerce cargo, emprego ou função em entidade
paraestatal, e quem trabalha para empresa
prestadora de serviço contratada ou conveniada
para a execução de atividade típica da Tráfico de Influência
Administração Pública.
§ 2º A pena será aumentada da terça parte Art. 332 Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si
quando os autores dos crimes previstos neste ou para outrem, vantagem ou promessa de
Capítulo forem ocupantes de cargos em vantagem, a pretexto de influir em ato praticado
comissão ou de função de direção ou por funcionário público no exercício da função:
assessoramento de órgão da administração Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e
direta, sociedade de economia mista, empresa multa.
pública ou fundação instituída pelo poder público. Parágrafo único. A pena é aumentada da
metade, se o agente alega ou insinua que a
CAPÍTULO II vantagem é também destinada ao funcionário.
Dos crimes praticados por particular contra a
administração em geral Corrupção ativa

Usurpação de função pública Art. 333 Oferecer ou prometer vantagem


indevida a funcionário público, para determiná-lo a
Art. 328 Usurpar o exercício de função pública: praticar, omitir ou retardar ato de ofício:
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e
multa. multa.
Parágrafo único - Se do fato o agente aufere Parágrafo único - A pena é aumentada de um
vantagem: terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o
pratica infringindo dever funcional.
Resistência
Descaminho
Art. 329 Opor-se à execução de ato legal,
mediante violência ou ameaça a funcionário Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento
competente para executá-lo ou a quem lhe esteja de direito ou imposto devido pela entrada, pela
prestando auxílio: saída ou pelo consumo de mercadoria.
Pena - detenção, de dois meses a dois anos. Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
§ 1º Se o ato, em razão da resistência, não se § 1° Incorre na mesma pena quem:
executa: I - pratica navegação de cabotagem, fora dos
Pena - reclusão, de um a três anos. casos permitidos em lei;
§ 2º As penas deste artigo são aplicáveis sem II - pratica fato assimilado, em lei especial, a
prejuízo das correspondentes à violência. descaminho;
III - vende, expõe à venda, mantém em depósito
Desobediência ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio
ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
Art. 330 Desobedecer à ordem legal de industrial, mercadoria de procedência estrangeira
funcionário público: que introduziu clandestinamente no País ou
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e importou fraudulentamente ou que sabe ser
multa. produto de introdução clandestina no território
nacional ou de importação fraudulenta por parte
Desacato de outrem;
IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio
ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
Art. 331 Desacatar funcionário público no
industrial, mercadoria de procedência
exercício da função ou em razão dela:
estrangeira, desacompanhada de
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou
documentação legal ou acompanhada de
multa.
documentos que sabe serem falsos.
§ 2° Equipara-se às atividades comerciais, para os
efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio
irregular ou clandestino de mercadorias Inutilização de edital ou de sinal
estrangeiras, inclusive o exercido em residências.
§ 3° A pena aplica-se em dobro se o crime de Art. 336 Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar
descaminho é praticado em transporte aéreo, ou conspurcar edital afixado por ordem de
marítimo ou fluvial. funcionário público; violar ou inutilizar selo ou
sinal empregado, por determinação legal ou por
Contrabando ordem de funcionário público, para identificar ou
cerrar qualquer objeto:
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria Pena - detenção, de um mês a um ano, ou
proibida: multa.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos.
§ 1° Incorre na mesma pena quem: Subtração ou inutilização de livro ou
I - pratica fato assimilado, em lei especial, a documento
contrabando;
II - importa ou exporta clandestinamente Art. 337 Subtrair, ou inutilizar, total ou
mercadoria que dependa de registro, análise ou parcialmente, livro oficial, processo ou documento
autorização de órgão público competente; confiado à custódia de funcionário, em razão de
III - reinsere no território nacional mercadoria ofício, ou de particular em serviço público:
brasileira destinada à exportação; Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato
IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito não constitui crime mais grave.
ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio
ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
Sonegação de contribuição previdenciária
industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira;
V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio
Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social
ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
previdenciária e qualquer acessório, mediante as
industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira.
seguintes condutas:
§ 2º Equipara-se às atividades comerciais, para os
I - omitir de folha de pagamento da empresa ou
efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio
de documento de informações previsto pela
irregular ou clandestino de mercadorias
legislação previdenciária segurados empregado,
estrangeiras, inclusive o exercido em
empresário, trabalhador avulso ou trabalhador
residências.
autônomo ou a este equiparado que lhe prestem
§ 3° A pena aplica-se em dobro se o crime de
serviços;
contrabando é praticado em transporte aéreo,
II - deixar de lançar mensalmente nos títulos
marítimo ou fluvial.
próprios da contabilidade da empresa as quantias
descontadas dos segurados ou as devidas pelo
Impedimento, perturbação ou fraude de empregador ou pelo tomador de serviços;
concorrência III - omitir, total ou parcialmente, receitas ou
lucros auferidos, remunerações pagas ou
Art. 335 Impedir, perturbar ou fraudar creditadas e demais fatos geradores de
concorrência pública ou venda em hasta contribuições sociais previdenciárias:
pública, promovida pela administração federal, Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e
estadual ou municipal, ou por entidade multa.
paraestatal; afastar ou procurar afastar § 1° É extinta a punibilidade se o agente,
concorrente ou licitante, por meio de violência, espontaneamente, declara e confessa as
grave ameaça, fraude ou oferecimento de contribuições, importâncias ou valores e presta as
vantagem: informações devidas à previdência social, na
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou forma definida em lei ou regulamento, antes do
multa, além da pena correspondente à violência. início da ação fiscal.
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem § 2° É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena
se abstém de concorrer ou licitar, em razão da ou aplicar somente a de multa se o agente for
vantagem oferecida. primário e de bons antecedentes, desde que:
II - o valor das contribuições devidas, inclusive
acessórios, seja igual ou inferior àquele
estabelecido pela previdência social, esta, verificada a procedência das informações,
administrativamente, como sendo o mínimo para o mandará instaurar inquérito.
ajuizamento de suas execuções fiscais. § 4° O inquérito, nos crimes em que a ação
§ 3° Se o empregador não é pessoa jurídica e pública depender de representação, não poderá
sua folha de pagamento mensal não ultrapassa R$ sem ela ser iniciado.
1.510,00 (um mil, quinhentos e dez reais), o juiz § 5° Nos crimes de ação privada, a autoridade
poderá reduzir a pena de um terço até a metade policial somente poderá proceder a inquérito a
ou aplicar apenas a de multa. requerimento de quem tenha qualidade para
§ 4° O valor a que se refere o parágrafo anterior intentá-la.
será reajustado nas mesmas datas e nos Art. 6° Logo que tiver conhecimento da prática
mesmos índices do reajuste dos benefícios da da infração penal, a autoridade policial deverá:
previdência social. I - dirigir-se ao local, providenciando para que
não se alterem o estado e conservação das
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL coisas, até a chegada dos peritos criminais;
(DECRETO-LEI Nº 3.689, DE 3 DE OUTUBRO II - apreender os objetos que tiverem relação
DE 1941) com o fato, após liberados pelos peritos criminais;
III - colher todas as provas que servirem para o
esclarecimento do fato e suas circunstâncias;
TÍTULO II
IV - ouvir o ofendido;
DO INQUÉRITO POLICIAL
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for
aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll,
Art.4° A polícia judiciária será exercida pelas
deste Livro, devendo o respectivo termo ser
autoridades policiais no território de suas
assinado por duas testemunhas que Ihe tenham
respectivas circunscrições e terá por fim a
ouvido a leitura;
apuração das infrações penais e da sua autoria.
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e
Parágrafo único. A competência definida neste
coisas e a acareações;
artigo não excluirá a de autoridades
VII - determinar, se for caso, que se proceda a
administrativas, a quem por lei seja cometida a
exame de corpo de delito e a quaisquer outras
mesma função.
perícias;
Art. 5° Nos crimes de ação pública o inquérito
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo
policial será iniciado:
processo datiloscópico, se possível, e fazer
I - de ofício;
juntar aos autos sua folha de antecedentes;
II - mediante requisição da autoridade judiciária
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o
ou do Ministério Público, ou a requerimento do
ponto de vista individual, familiar e social, sua
ofendido ou de quem tiver qualidade para
condição econômica, sua atitude e estado de
representá-lo.
ânimo antes e depois do crime e durante ele, e
§ 1° O requerimento a que se refere o n° II conterá
quaisquer outros elementos que contribuírem para
sempre que possível:
a apreciação do seu temperamento e caráter.
a) a narração do fato, com todas as
X - colher informações sobre a existência de
circunstâncias;
filhos, respectivas idades e se possuem alguma
b) a individualização do indiciado ou seus sinais
deficiência e o nome e o contato de eventual
característicos e as razões de convicção ou de
responsável pelos cuidados dos filhos, indicado
presunção de ser ele o autor da infração, ou os
pela pessoa presa.
motivos de impossibilidade de o fazer;
Art. 7° Para verificar a possibilidade de haver a
c) a nomeação das testemunhas, com indicação
infração sido praticada de determinado modo, a
de sua profissão e residência.
autoridade policial poderá proceder à reprodução
§ 2° Do despacho que indeferir o requerimento de
simulada dos fatos, desde que esta não
abertura de inquérito caberá recurso para o chefe
contrarie a moralidade ou a ordem pública.
de Polícia.
Art. 8° Havendo prisão em flagrante, será
§ 3° Qualquer pessoa do povo que tiver
observado o disposto no Capítulo II do Título IX
conhecimento da existência de infração penal em
deste Livro.
que caiba ação pública poderá, verbalmente ou
Art. 9° Todas as peças do inquérito policial serão,
por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e
num só processado, reduzidas a escrito ou
datilografadas e, neste caso, rubricadas pela Art. 13-B. Se necessário à prevenção e à
autoridade. repressão dos crimes relacionados ao tráfico de
Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de pessoas, o membro do Ministério Público ou o
10 dias, se o indiciado tiver sido preso em delegado de polícia poderão requisitar, mediante
flagrante, ou estiver preso preventivamente, autorização judicial, às empresas prestadoras de
contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em serviço de telecomunicações e/ou telemática que
que se executar a ordem de prisão, ou no prazo disponibilizem imediatamente os meios técnicos
de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança adequados – como sinais, informações e outros –
ou sem ela. que permitam a localização da vítima ou dos
§ 1° A autoridade fará minucioso relatório do que suspeitos do delito em curso.
tiver sido apurado e enviará autos ao juiz § 1° Para os efeitos deste artigo, sinal significa
competente. posicionamento da estação de cobertura,
§ 2° No relatório poderá a autoridade indicar setorização e intensidade de radiofrequência.
testemunhas que não tiverem sido inquiridas, § 2° Na hipótese de que trata o caput, o sinal:
mencionando o lugar onde possam ser I - não permitirá acesso ao conteúdo da
encontradas. comunicação de qualquer natureza, que
§ 3° Quando o fato for de difícil elucidação, e o dependerá de autorização judicial, conforme
indiciado estiver solto, a autoridade poderá disposto em lei;
requerer ao juiz a devolução dos autos, para II - deverá ser fornecido pela prestadora de
ulteriores diligências, que serão realizadas no telefonia móvel celular por período não superior a
prazo marcado pelo juiz. 30 (trinta) dias, renovável por uma única vez, por
Art. 11. Os instrumentos do crime, bem como os igual período;
objetos que interessarem à prova, acompanharão III - para períodos superiores àquele de que trata o
os autos do inquérito. inciso II, será necessária a apresentação de
Art. 12. O inquérito policial acompanhará a ordem judicial.
denúncia ou queixa, sempre que servir de base a § 3° Na hipótese prevista neste artigo, o inquérito
uma ou outra. policial deverá ser instaurado no prazo máximo de
Art. 13. Incumbirá ainda à autoridade policial: 72 (setenta e duas) horas, contado do registro
I - fornecer às autoridades judiciárias as da respectiva ocorrência policial.
informações necessárias à instrução e § 4° Não havendo manifestação judicial no prazo
julgamento dos processos; de 12 (doze) horas, a autoridade competente
II - realizar as diligências requisitadas pelo juiz requisitará às empresas prestadoras de serviço de
ou pelo Ministério Público; telecomunicações e/ou telemática que
III - cumprir os mandados de prisão expedidos disponibilizem imediatamente os meios técnicos
pelas autoridades judiciárias; adequados – como sinais, informações e outros –
IV - representar acerca da prisão preventiva. que permitam a localização da vítima ou dos
Art. 13-A. Nos crimes previstos nos arts. suspeitos do delito em curso, com imediata
148, 149 e 149-A, no § 3º do art. 158 e no art. 159 comunicação ao juiz.
do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e
1940 (Código Penal), e no art. 239 da Lei no 8.069, o indiciado poderão requerer qualquer
de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do diligência, que será realizada ou não, a juízo da
Adolescente), o membro do Ministério Público ou o autoridade.
delegado de polícia poderá requisitar, de Art. 14-A. Nos casos em que servidores
quaisquer órgãos do poder público ou de vinculados às instituições dispostas no art. 144 da
empresas da iniciativa privada, dados e Constituição Federal figurarem como investigados
informações cadastrais da vítima ou de em inquéritos policiais, inquéritos policiais militares
suspeitos. e demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto
Parágrafo único. A requisição, que será atendida for a investigação de fatos relacionados ao uso da
no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, conterá: força letal praticados no exercício profissional,
I - o nome da autoridade requisitante; de forma consumada ou tentada, incluindo as
II - o número do inquérito policial; e situações dispostas no art. 23 do Decreto-Lei nº
III - a identificação da unidade de polícia 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal),
judiciária responsável pela investigação. o indiciado poderá constituir defensor.
§ 1º Para os casos previstos no caput deste base para a denúncia, a autoridade policial poderá
artigo, o investigado deverá ser citado da proceder a novas pesquisas, se de outras
instauração do procedimento investigatório, provas tiver notícia.
podendo constituir defensor no prazo de até 48 Art. 19. Nos crimes em que não couber ação
(quarenta e oito) horas a contar do recebimento pública, os autos do inquérito serão remetidos ao
da citação. juízo competente, onde aguardarão a iniciativa
§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste do ofendido ou de seu representante legal, ou
artigo com ausência de nomeação de defensor serão entregues ao requerente, se o pedir,
pelo investigado, a autoridade responsável pela mediante traslado.
investigação deverá intimar a instituição a que Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o
estava vinculado o investigado à época da sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido
ocorrência dos fatos, para que essa, no prazo de pelo interesse da sociedade.
48 (quarenta e oito) horas, indique defensor para Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes
a representação do investigado. que lhe forem solicitados, a autoridade policial não
§ 3º Havendo necessidade de indicação de poderá mencionar quaisquer anotações referentes
defensor nos termos do § 2º deste artigo, a defesa a instauração de inquérito contra os
caberá preferencialmente à Defensoria Pública, requerentes.
e, nos locais em que ela não estiver instalada, a Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado
União ou a Unidade da Federação correspondente dependerá sempre de despacho nos autos e
à respectiva competência territorial do somente será permitida quando o interesse da
procedimento instaurado deverá disponibilizar sociedade ou a conveniência da investigação o
profissional para acompanhamento e realização exigir.
de todos os atos relacionados à defesa Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não
administrativa do investigado. excederá de três dias, será decretada por
§ 4º A indicação do profissional a que se refere o § despacho fundamentado do Juiz, a requerimento
3º deste artigo deverá ser precedida de da autoridade policial, ou do órgão do Ministério
manifestação de que não existe defensor público Público, respeitado, em qualquer hipótese, o
lotado na área territorial onde tramita o inquérito e disposto no artigo 89, inciso III, do Estatuto da
com atribuição para nele atuar, hipótese em que Ordem dos Advogados do Brasil (Lei n. 4.215, de
poderá ser indicado profissional que não integre 27 de abril de 1963)
os quadros próprios da Administração. Art. 22. No Distrito Federal e nas comarcas em
§ 5º Na hipótese de não atuação da Defensoria que houver mais de uma circunscrição policial, a
Pública, os custos com o patrocínio dos autoridade com exercício em uma delas poderá,
interesses dos investigados nos procedimentos de nos inquéritos a que esteja procedendo, ordenar
que trata este artigo correrão por conta do diligências em circunscrição de outra,
orçamento próprio da instituição a que este independentemente de precatórias ou
esteja vinculado à época da ocorrência dos fatos requisições, e bem assim providenciará, até que
investigados. compareça a autoridade competente, sobre
§ 6º As disposições constantes deste artigo se qualquer fato que ocorra em sua presença, noutra
aplicam aos servidores militares vinculados às circunscrição.
instituições dispostas no art. 142 da Constituição Art. 23. Ao fazer a remessa dos autos do
Federal, desde que os fatos investigados digam inquérito ao juiz competente, a autoridade policial
respeito a missões para a Garantia da Lei e da oficiará ao Instituto de Identificação e Estatística,
Ordem. ou repartição congênere, mencionando o juízo a
Art. 15. Se o indiciado for menor, ser-lhe-á que tiverem sido distribuídos, e os dados relativos
nomeado curador pela autoridade policial. à infração penal e à pessoa do indiciado.
Art. 16. O Ministério Público não poderá requerer
a devolução do inquérito à autoridade policial, TÍTULO VII
senão para novas diligências, imprescindíveis ao DA PROVA
oferecimento da denúncia.
Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre
arquivar autos de inquérito. apreciação da prova produzida em contraditório
Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do judicial, não podendo fundamentar sua decisão
inquérito pela autoridade judiciária, por falta de
exclusivamente nos elementos informativos Art. 158-A. Considera-se cadeia de custódia o
colhidos na investigação, ressalvadas as provas conjunto de todos os procedimentos utilizados
cautelares, não repetíveis e antecipadas. para manter e documentar a história cronológica
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das do vestígio coletado em locais ou em vítimas de
pessoas serão observadas as restrições crimes, para rastrear sua posse e manuseio a
estabelecidas na lei civil partir de seu reconhecimento até o descarte.
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem § 1º O início da cadeia de custódia dá-se com a
a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício preservação do local de crime ou com
I - ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, procedimentos policiais ou periciais nos quais
a produção antecipada de provas consideradas seja detectada a existência de vestígio.
urgentes e relevantes, observando a § 2º O agente público que reconhecer um
necessidade, adequação e proporcionalidade da elemento como de potencial interesse para a
medida; produção da prova pericial fica responsável por
II - determinar, no curso da instrução, ou antes sua preservação.
de proferir sentença, a realização de diligências § 3º Vestígio é todo objeto ou material bruto,
para dirimir dúvida sobre ponto relevante. visível ou latente, constatado ou recolhido, que se
Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser relaciona à infração penal.
desentranhadas do processo, as provas ilícitas, Art. 158-B. A cadeia de custódia compreende o
assim entendidas as obtidas em violação a rastreamento do vestígio nas seguintes etapas:
normas constitucionais ou legais. I - reconhecimento: ato de distinguir um elemento
§ 1° São também inadmissíveis as provas como de potencial interesse para a produção da
derivadas das ilícitas, salvo quando não prova pericial;
evidenciado o nexo de causalidade entre umas e II - isolamento: ato de evitar que se altere o
outras, ou quando as derivadas puderem ser estado das coisas, devendo isolar e preservar o
obtidas por uma fonte independente das ambiente imediato, mediato e relacionado aos
primeiras. vestígios e local de crime;
§ 2° Considera-se fonte independente aquela que III - fixação: descrição detalhada do vestígio
por si só, seguindo os trâmites típicos e de conforme se encontra no local de crime ou no
praxe, próprios da investigação ou instrução corpo de delito, e a sua posição na área de
criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto exames, podendo ser ilustrada por fotografias,
da prova. filmagens ou croqui, sendo indispensável a sua
§ 3° Preclusa a decisão de desentranhamento da descrição no laudo pericial produzido pelo perito
prova declarada inadmissível, esta será responsável pelo atendimento;
inutilizada por decisão judicial, facultado às IV - coleta: ato de recolher o vestígio que será
partes acompanhar o incidente. submetido à análise pericial, respeitando suas
§ 5º O juiz que conhecer do conteúdo da prova características e natureza;
declarada inadmissível não poderá proferir a V - acondicionamento: procedimento por meio do
sentença ou acórdão. qual cada vestígio coletado é embalado de forma
individualizada, de acordo com suas
CAPÍTULO II características físicas, químicas e biológicas, para
Do Exame Do Corpo De Delito, Da Cadeia De posterior análise, com anotação da data, hora e
Custódia E Das Perícias Em Geral nome de quem realizou a coleta e o
acondicionamento;
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, VI - transporte: ato de transferir o vestígio de um
será indispensável o exame de corpo de delito, local para o outro, utilizando as condições
direto ou indireto, não podendo supri-lo a adequadas (embalagens, veículos, temperatura,
confissão do acusado. entre outras), de modo a garantir a manutenção de
Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à suas características originais, bem como o
realização do exame de corpo de delito quando se controle de sua posse;
tratar de crime que envolva: VII - recebimento: ato formal de transferência da
I - violência doméstica e familiar contra mulher; posse do vestígio, que deve ser documentado
II - violência contra criança, adolescente, idoso ou com, no mínimo, informações referentes ao
pessoa com deficiência. número de procedimento e unidade de polícia
judiciária relacionada, local de origem, nome de
quem transportou o vestígio, código de § 5º O lacre rompido deverá ser acondicionado
rastreamento, natureza do exame, tipo do vestígio, no interior do novo recipiente.
protocolo, assinatura e identificação de quem o Art. 158-E. Todos os Institutos de Criminalística
recebeu; deverão ter uma central de custódia destinada à
VIII - processamento: exame pericial em si, guarda e controle dos vestígios, e sua gestão deve
manipulação do vestígio de acordo com a ser vinculada diretamente ao órgão central de
metodologia adequada às suas características perícia oficial de natureza criminal.
biológicas, físicas e químicas, a fim de se obter o § 1º Toda central de custódia deve possuir os
resultado desejado, que deverá ser formalizado serviços de protocolo, com local para
em laudo produzido por perito; conferência, recepção, devolução de materiais e
IX - armazenamento: procedimento referente à documentos, possibilitando a seleção, a
guarda, em condições adequadas, do material a classificação e a distribuição de materiais,
ser processado, guardado para realização de devendo ser um espaço seguro e apresentar
contra perícia, descartado ou transportado, com condições ambientais que não interfiram nas
vinculação ao número do laudo correspondente; características do vestígio.
X - descarte: procedimento referente à liberação § 2º Na central de custódia, a entrada e a saída de
do vestígio, respeitando a legislação vigente e, vestígio deverão ser protocoladas, consignando-
quando pertinente, mediante autorização judicial. se informações sobre a ocorrência no inquérito
Art. 158-C. A coleta dos vestígios deverá ser que a eles se relacionam.
realizada preferencialmente por perito oficial, que § 3º Todas as pessoas que tiverem acesso ao
dará o encaminhamento necessário para a central vestígio armazenado deverão ser identificadas e
de custódia, mesmo quando for necessária a deverão ser registradas a data e a hora do
realização de exames complementares. acesso.
§ 1º Todos vestígios coletados no decurso do § 4º Por ocasião da tramitação do vestígio
inquérito ou processo devem ser tratados como armazenado, todas as ações deverão ser
descrito nesta Lei, ficando órgão central de perícia registradas, consignando-se a identificação do
oficial de natureza criminal responsável por responsável pela tramitação, a destinação, a data
detalhar a forma do seu cumprimento. e horário da ação.
§ 2º É proibida a entrada em locais isolados bem Art. 158-F. Após a realização da perícia, o
como a remoção de quaisquer vestígios de locais material deverá ser devolvido à central de
de crime antes da liberação por parte do perito custódia, devendo nela permanecer.
responsável, sendo tipificada como fraude Parágrafo único. Caso a central de custódia não
processual a sua realização. possua espaço ou condições de armazenar
Art. 158-D. O recipiente para acondicionamento determinado material, deverá a autoridade policial
do vestígio será determinado pela natureza do ou judiciária determinar as condições de depósito
material. do referido material em local diverso, mediante
§ 1º Todos os recipientes deverão ser selados requerimento do diretor do órgão central de perícia
com lacres, com numeração individualizada, de oficial de natureza criminal.
forma a garantir a inviolabilidade e a idoneidade Art. 159. O exame de corpo de delito e outras
do vestígio durante o transporte. perícias serão realizados por perito oficial,
§ 2º O recipiente deverá individualizar o vestígio, portador de diploma de curso superior.
preservar suas características, impedir § 1º Na falta de perito oficial, o exame será
contaminação e vazamento, ter grau de realizado por 2 (duas) pessoas idôneas,
resistência adequado e espaço para registro de portadoras de diploma de curso superior
informações sobre seu conteúdo. preferencialmente na área específica, dentre as
§ 3º O recipiente só poderá ser aberto pelo perito que tiverem habilitação técnica relacionada com a
que vai proceder à análise e, motivadamente, por natureza do exame.
pessoa autorizada. § 2º Os peritos não oficiais prestarão o
§ 4º Após cada rompimento de lacre, deve se compromisso de bem e fielmente desempenhar o
fazer constar na ficha de acompanhamento de encargo.
vestígio o nome e a matrícula do responsável, a § 3° Serão facultadas ao Ministério Público, ao
data, o local, a finalidade, bem como as assistente de acusação, ao ofendido, ao
informações referentes ao novo lacre utilizado. querelante e ao acusado a formulação de quesitos
e indicação de assistente técnico.
§ 4º O assistente técnico atuará a partir de sua Parágrafo único. O administrador de cemitério
admissão pelo juiz e após a conclusão dos público ou particular indicará o lugar da sepultura,
exames e elaboração do laudo pelos peritos sob pena de desobediência. No caso de recusa
oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão. ou de falta de quem indique a sepultura, ou de
§ 5º Durante o curso do processo judicial, é encontrar-se o cadáver em lugar não destinado a
permitido às partes, quanto à perícia: inumações, a autoridade procederá às pesquisas
I - requerer a oitiva dos peritos para necessárias, o que tudo constará do auto.
esclarecerem a prova ou para responderem a Art. 164. Os cadáveres serão sempre
quesitos, desde que o mandado de intimação e os fotografados na posição em que forem
quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam encontrados, bem como, na medida do possível,
encaminhados com antecedência mínima de 10 todas as lesões externas e vestígios deixados no
(dez) dias, podendo apresentar as respostas em local do crime.
laudo complementar; Art. 165. Para representar as lesões
II - indicar assistentes técnicos que poderão encontradas no cadáver, os peritos, quando
apresentar pareceres em prazo a ser fixado pelo possível, juntarão ao laudo do exame provas
juiz ou ser inquiridos em audiência. fotográficas, esquemas ou desenhos, devidamente
§ 6º Havendo requerimento das partes, o material rubricados.
probatório que serviu de base à perícia será Art. 166. Havendo dúvida sobre a identidade do
disponibilizado no ambiente do órgão oficial, cadáver exumado, proceder-se-á ao
que manterá sempre sua guarda, e na presença reconhecimento pelo Instituto de Identificação e
de perito oficial, para exame pelos assistentes, Estatística ou repartição congênere ou pela
salvo se for impossível a sua conservação. inquirição de testemunhas, lavrando-se auto de
§ 7º Tratando-se de perícia complexa que reconhecimento e de identidade, no qual se
abranja mais de uma área de conhecimento descreverá o cadáver, com todos os sinais e
especializado, poder-se-á designar a atuação de indicações.
mais de um perito oficial, e a parte indicar mais Parágrafo único. Em qualquer caso, serão
de um assistente técnico. arrecadados e autenticados todos os objetos
Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, encontrados, que possam ser úteis para a
onde descreverão minuciosamente o que identificação do cadáver.
examinarem, e responderão aos quesitos Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo
formulados. de delito, por haverem desaparecido os vestígios,
Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.
no prazo máximo de 10 dias, podendo este prazo Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o
ser prorrogado, em casos excepcionais, a primeiro exame pericial tiver sido incompleto,
requerimento dos peritos. proceder-se-á a exame complementar por
Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser determinação da autoridade policial ou judiciária,
feito em qualquer dia e a qualquer hora. de ofício, ou a requerimento do Ministério
Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu
horas depois do óbito, salvo se os peritos, pela defensor.
evidência dos sinais de morte, julgarem que possa § 1° No exame complementar, os peritos terão
ser feita antes daquele prazo, o que declararão no presente o auto de corpo de delito, a fim de
auto. suprir-lhe a deficiência ou retificá-lo.
Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, § 2° Se o exame tiver por fim precisar a
bastará o simples exame externo do cadáver, classificação do delito no art. 129, § 1o, I, do
quando não houver infração penal que apurar, ou Código Penal, deverá ser feito logo que decorra o
quando as lesões externas permitirem precisar a prazo de 30 dias, contado da data do crime.
causa da morte e não houver necessidade de § 3° A falta de exame complementar poderá ser
exame interno para a verificação de alguma suprida pela prova testemunhal.
circunstância relevante. Art. 169. Para o efeito de exame do local onde
Art. 163. Em caso de exumação para exame houver sido praticada a infração, a autoridade
cadavérico, a autoridade providenciará para que, providenciará imediatamente para que não se
em dia e hora previamente marcados, se realize a altere o estado das coisas até a chegada dos
diligência, da qual se lavrará auto circunstanciado. peritos, que poderão instruir seus laudos com
fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos.
Parágrafo único. Os peritos registrarão, no infração, a fim de se Ihes verificar a natureza e a
laudo, as alterações do estado das coisas e eficiência.
discutirão, no relatório, as consequências dessas Art. 176. A autoridade e as partes poderão
alterações na dinâmica dos fatos. formular quesitos até o ato da diligência.
Art. 170. Nas perícias de laboratório, os peritos Art. 177. No exame por precatória, a nomeação
guardarão material suficiente para a dos peritos far-se-á no juízo deprecado.
eventualidade de nova perícia. Sempre que Havendo, porém, no caso de ação privada,
conveniente, os laudos serão ilustrados com acordo das partes, essa nomeação poderá ser
provas fotográficas, ou microfotográficas, feita pelo juiz deprecante.
desenhos ou esquemas. Parágrafo único. Os quesitos do juiz e das
Art. 171. Nos crimes cometidos com destruição partes serão transcritos na precatória.
ou rompimento de obstáculo a subtração da coisa, Art. 178. No caso do art. 159, o exame será
ou por meio de escalada, os peritos, além de requisitado pela autoridade ao diretor da
descrever os vestígios, indicarão com que repartição, juntando-se ao processo o laudo
instrumentos, por que meios e em que época assinado pelos peritos.
presumem ter sido o fato praticado. Art. 179. No caso do § 1o do art. 159, o escrivão
Art. 172. Proceder-se-á, quando necessário, à lavrará o auto respectivo, que será assinado pelos
avaliação de coisas destruídas, deterioradas ou peritos e, se presente ao exame, também pela
que constituam produto do crime. autoridade.
Parágrafo único. Se impossível a avaliação Parágrafo único. No caso do art. 160, parágrafo
direta, os peritos procederão à avaliação por meio único, o laudo, que poderá ser datilografado, será
dos elementos existentes nos autos e dos que subscrito e rubricado em suas folhas por todos os
resultarem de diligências. peritos.
Art. 173. No caso de incêndio, os peritos Art. 180. Se houver divergência entre os peritos,
verificarão a causa e o lugar em que houver serão consignadas no auto do exame as
começado, o perigo que dele tiver resultado para a declarações e respostas de um e de outro, ou
vida ou para o patrimônio alheio, a extensão do cada um redigirá separadamente o seu laudo, e a
dano e o seu valor e as demais circunstâncias que autoridade nomeará um terceiro; se este divergir
interessarem à elucidação do fato. de ambos, a autoridade poderá mandar proceder a
Art. 174. No exame para o reconhecimento de novo exame por outros peritos.
escritos, por comparação de letra, observar-se-á Art. 181. No caso de inobservância de
o seguinte: formalidades, ou no caso de omissões,
I - a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir obscuridades ou contradições, a autoridade
o escrito será intimada para o ato, se for judiciária mandará suprir a formalidade,
encontrada; complementar ou esclarecer o laudo.
II - para a comparação, poderão servir quaisquer Parágrafo único. A autoridade poderá também
documentos que a dita pessoa reconhecer ou já ordenar que se proceda a novo exame, por outros
tiverem sido judicialmente reconhecidos como de peritos, se julgar conveniente.
seu punho, ou sobre cuja autenticidade não Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo,
houver dúvida; podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em
III - a autoridade, quando necessário, requisitará, parte.
para o exame, os documentos que existirem em Art. 183. Nos crimes em que não couber ação
arquivos ou estabelecimentos públicos, ou nestes pública, observar-se-á o disposto no art. 19.
realizará a diligência, se daí não puderem ser Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de
retirados; delito, o juiz ou a autoridade policial negará a
IV - quando não houver escritos para a perícia requerida pelas partes, quando não for
comparação ou forem insuficientes os exibidos, a necessária ao esclarecimento da verdade.
autoridade mandará que a pessoa escreva o que
Ihe for ditado. Se estiver ausente a pessoa, mas CAPÍTULO XI
em lugar certo, esta última diligência poderá ser Da Busca e Da Apreensão
feita por precatória, em que se consignarão as
palavras que a pessoa será intimada a escrever. Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal.
Art. 175. Serão sujeitos a exame os
instrumentos empregados para a prática da
§ 1° Proceder-se-á à busca domiciliar, quando ao morador, ou a quem o represente, intimando-o,
fundadas razões a autorizarem, para: em seguida, a abrir a porta.
a) prender criminosos; § 1° Se a própria autoridade der a busca,
b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios declarará previamente sua qualidade e o objeto
criminosos; da diligência.
c) apreender instrumentos de falsificação ou de § 2° Em caso de desobediência, será
contrafação e objetos falsificados ou contrafeitos; arrombada a porta e forçada a entrada.
d) apreender armas e munições, instrumentos § 3° Recalcitrando o morador, será permitido o
utilizados na prática de crime ou destinados a fim emprego de força contra coisas existentes no
delituoso; interior da casa, para o descobrimento do que se
e) descobrir objetos necessários à prova de procura.
infração ou à defesa do réu; § 4° Observar-se-á o disposto nos §§ 2° e 3°,
f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas quando ausentes os moradores, devendo, neste
ao acusado ou em seu poder, quando haja caso, ser intimado a assistir à diligência qualquer
suspeita de que o conhecimento do seu conteúdo vizinho, se houver e estiver presente.
possa ser útil à elucidação do fato; § 5° Se é determinada a pessoa ou coisa que se
g) apreender pessoas vítimas de crimes; vai procurar, o morador será intimado a mostrá-la.
h) colher qualquer elemento de convicção. § 6° Descoberta a pessoa ou coisa que se
§ 2° Proceder-se-á à busca pessoal quando procura, será imediatamente apreendida e posta
houver fundada suspeita de que alguém oculte sob custódia da autoridade ou de seus agentes.
consigo arma proibida ou objetos mencionados § 7° Finda a diligência, os executores lavrarão
nas letras b a f e letra h do parágrafo anterior. auto circunstanciado, assinando-o com duas
Art. 241. Quando a própria autoridade policial ou testemunhas presenciais, sem prejuízo do
judiciária não a realizar pessoalmente, a busca disposto no § 4°.
domiciliar deverá ser precedida da expedição de Art. 246. Aplicar-se-á também o disposto no
mandado. artigo anterior, quando se tiver de proceder a
Art. 242. A busca poderá ser determinada de busca em compartimento habitado ou em
ofício ou a requerimento de qualquer das partes. aposento ocupado de habitação coletiva ou em
Art. 243. O mandado de busca deverá: compartimento não aberto ao público, onde
I - indicar, o mais precisamente possível, a casa alguém exercer profissão ou atividade.
em que será realizada a diligência e o nome do Art. 247. Não sendo encontrada a pessoa ou
respectivo proprietário ou morador; ou, no caso coisa procurada, os motivos da diligência serão
de busca pessoal, o nome da pessoa que terá de comunicados a quem tiver sofrido a busca, se o
sofrê-la ou os sinais que a identifiquem; requerer.
II - mencionar o motivo e os fins da diligência; Art. 248. Em casa habitada, a busca será feita
III - ser subscrito pelo escrivão e assinado pela de modo que não moleste os moradores mais do
autoridade que o fizer expedir. que o indispensável para o êxito da diligência.
§ 1° Se houver ordem de prisão, constará do Art. 249. A busca em mulher será feita por outra
próprio texto do mandado de busca. mulher, se não importar retardamento ou prejuízo
§ 2° Não será permitida a apreensão de da diligência.
documento em poder do defensor do acusado, Art. 250. A autoridade ou seus agentes poderão
salvo quando constituir elemento do corpo de penetrar no território de jurisdição alheia, ainda
delito. que de outro Estado, quando, para o fim de
Art. 244. A busca pessoal independerá de apreensão, forem no seguimento de pessoa ou
mandado, no caso de prisão ou quando houver coisa, devendo apresentar-se à competente
fundada suspeita de que a pessoa esteja na autoridade local, antes da diligência ou após,
posse de arma proibida ou de objetos ou papéis conforme a urgência desta.
que constituam corpo de delito, ou quando a § 1° Entender-se-á que a autoridade ou seus
medida for determinada no curso de busca agentes vão em seguimento da pessoa ou
domiciliar. coisa, quando:
Art. 245. As buscas domiciliares serão a) tendo conhecimento direto de sua remoção ou
executadas de dia, salvo se o morador consentir transporte, a seguirem sem interrupção, embora
que se realizem à noite, e, antes de penetrarem na depois a percam de vista;
casa, os executores mostrarão e lerão o mandado
b) ainda que não a tenham avistado, mas § 5º O juiz poderá, de ofício ou a pedido das
sabendo, por informações fidedignas ou partes, revogar a medida cautelar ou substituí-la
circunstâncias indiciárias, que está sendo quando verificar a falta de motivo para que
removida ou transportada em determinada subsista, bem como voltar a decretá-la, se
direção, forem ao seu encalço. sobrevierem razões que a justifiquem.
§ 2° Se as autoridades locais tiverem fundadas § 6º A prisão preventiva somente será
razões para duvidar da legitimidade das pessoas determinada quando não for cabível a sua
que, nas referidas diligências, entrarem pelos seus substituição por outra medida cautelar,
distritos, ou da legalidade dos mandados que observado o art. 319 deste Código, e o não
apresentarem, poderão exigir as provas dessa cabimento da substituição por outra medida
legitimidade, mas de modo que não se frustre a cautelar deverá ser justificado de forma
diligência. fundamentada nos elementos presentes do caso
concreto, de forma individualizada.
TÍTULO IX Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em
DA PRISÃO, DAS MEDIDAS CAUTELARES E flagrante delito ou por ordem escrita e
DA LIBERDADE PROVISÓRIA fundamentada da autoridade judiciária
CAPÍTULO I competente, em decorrência de prisão cautelar
Disposições Gerais ou em virtude de condenação criminal
transitada em julgado.
Art. 282. As medidas cautelares previstas neste § 1° As medidas cautelares previstas neste Título
Título deverão ser aplicadas observando-se a: não se aplicam à infração a que não for isolada,
I - necessidade para aplicação da lei penal, para a cumulativa ou alternativamente cominada pena
investigação ou a instrução criminal e, nos casos privativa de liberdade.
expressamente previstos, para evitar a prática § 2° A prisão poderá ser efetuada em qualquer
de infrações penais; dia e a qualquer hora, respeitadas as restrições
II - adequação da medida à gravidade do crime, relativas à inviolabilidade do domicílio.
circunstâncias do fato e condições pessoais do Art. 284. Não será permitido o emprego de força,
indiciado ou acusado. salvo a indispensável no caso de resistência ou
§ 1° As medidas cautelares poderão ser aplicadas de tentativa de fuga do preso.
isolada ou cumulativamente. Art. 285. A autoridade que ordenar a prisão fará
§ 2º As medidas cautelares serão decretadas pelo expedir o respectivo mandado.
juiz a requerimento das partes ou, quando no Parágrafo único. O mandado de prisão:
curso da investigação criminal, por representação a) será lavrado pelo escrivão e assinado pela
da autoridade policial ou mediante autoridade;
requerimento do Ministério Público. b) designará a pessoa, que tiver de ser presa, por
§ 3º Ressalvados os casos de urgência ou de seu nome, alcunha ou sinais característicos;
perigo de ineficácia da medida, o juiz, ao c) mencionará a infração penal que motivar a
receber o pedido de medida cautelar, determinará prisão;
a intimação da parte contrária, para se d) declarará o valor da fiança arbitrada, quando
manifestar no prazo de 5 (cinco) dias, afiançável a infração;
acompanhada de cópia do requerimento e das e) será dirigido a quem tiver qualidade para dar-
peças necessárias, permanecendo os autos em lhe execução.
juízo, e os casos de urgência ou de perigo Art. 286. O mandado será passado em duplicata,
deverão ser justificados e fundamentados em e o executor entregará ao preso, logo depois da
decisão que contenha elementos do caso concreto prisão, um dos exemplares com declaração do dia,
que justifiquem essa medida excepcional. hora e lugar da diligência. Da entrega deverá o
§ 4º No caso de descumprimento de qualquer preso passar recibo no outro exemplar; se
das obrigações impostas, o juiz, mediante recusar, não souber ou não puder escrever, o fato
requerimento do Ministério Público, de seu será mencionado em declaração, assinada por
assistente ou do querelante, poderá substituir a duas testemunhas.
medida, impor outra em cumulação, ou, em último Art. 287. Se a infração for inafiançável, a falta de
caso, decretar a prisão preventiva, nos termos exibição do mandado não obstará a prisão, e o
do parágrafo único do art. 312 deste Código. preso, em tal caso, será imediatamente
apresentado ao juiz que tiver expedido o
mandado, para a realização de audiência de § 5° Havendo dúvidas das autoridades locais
custódia. sobre a legitimidade da pessoa do executor ou
Art. 288. Ninguém será recolhido à prisão, sem sobre a identidade do preso, aplica-se o disposto
que seja exibido o mandado ao respectivo diretor no § 2° do art. 290 deste Código.
ou carcereiro, a quem será entregue cópia § 6° O Conselho Nacional de Justiça
assinada pelo executor ou apresentada a guia regulamentará o registro do mandado de prisão a
expedida pela autoridade competente, devendo que se refere o caput deste artigo.
ser passado recibo da entrega do preso, com Art. 290. Se o réu, sendo perseguido, passar ao
declaração de dia e hora. território de outro município ou comarca, o
Parágrafo único. O recibo poderá ser passado executor poderá efetuar-lhe a prisão no lugar onde
no próprio exemplar do mandado, se este for o o alcançar, apresentando-o imediatamente à
documento exibido. autoridade local, que, depois de lavrado, se for o
Art. 289. Quando o acusado estiver no território caso, o auto de flagrante, providenciará para a
nacional, fora da jurisdição do juiz processante, remoção do preso.
será deprecada a sua prisão, devendo constar da § 1° Entender-se-á que o executor vai em
precatória o inteiro teor do mandado. perseguição do réu, quando:
§ 1° Havendo urgência, o juiz poderá requisitar a a) tendo-o avistado, for perseguindo-o sem
prisão por qualquer meio de comunicação, do interrupção, embora depois o tenha perdido de
qual deverá constar o motivo da prisão, bem como vista;
o valor da fiança se arbitrada. b) sabendo, por indícios ou informações
§ 2° A autoridade a quem se fizer a requisição fidedignas, que o réu tenha passado, há pouco
tomará as precauções necessárias para averiguar tempo, em tal ou qual direção, pelo lugar em que o
a autenticidade da comunicação. procure, for no seu encalço.
§ 3° O juiz processante deverá providenciar a § 2° Quando as autoridades locais tiverem
remoção do preso no prazo máximo de 30 (trinta) fundadas razões para duvidar da legitimidade da
dias, contados da efetivação da medida. pessoa do executor ou da legalidade do
Art. 289-A. O juiz competente providenciará o mandado que apresentar, poderão pôr em
imediato registro do mandado de prisão em custódia o réu, até que fique esclarecida a
banco de dados mantido pelo Conselho Nacional dúvida.
de Justiça para essa finalidade. Art. 291. A prisão em virtude de mandado
§ 1° Qualquer agente policial poderá efetuar a entender-se-á feita desde que o executor,
prisão determinada no mandado de prisão fazendo-se conhecer do réu, Ihe apresente o
registrado no Conselho Nacional de Justiça, ainda mandado e o intime a acompanhá-lo.
que fora da competência territorial do juiz que o Art. 292. Se houver, ainda que por parte de
expediu. terceiros, resistência à prisão em flagrante ou à
§ 2° Qualquer agente policial poderá efetuar a determinada por autoridade competente, o
prisão decretada, ainda que sem registro no executor e as pessoas que o auxiliarem poderão
Conselho Nacional de Justiça, adotando as usar dos meios necessários para defender-se ou
precauções necessárias para averiguar a para vencer a resistência, do que tudo se lavrará
autenticidade do mandado e comunicando ao juiz auto subscrito também por duas testemunhas.
que a decretou, devendo este providenciar, em Parágrafo único. é vedado o uso de algemas em
seguida, o registro do mandado na forma do caput mulheres grávidas durante os atos médico-
deste artigo. hospitalares preparatórios para a realização do
§ 3° A prisão será imediatamente comunicada ao parto e durante o trabalho de parto, bem como em
juiz do local de cumprimento da medida o qual mulheres durante o período de puerpério
providenciará a certidão extraída do registro do imediato.
Conselho Nacional de Justiça e informará ao juízo Art. 293. Se o executor do mandado verificar, com
que a decretou. segurança, que o réu entrou ou se encontra em
§ 4° O preso será informado de seus direitos, alguma casa, o morador será intimado a entregá-
nos termos do inciso LXIII do art. 5o da lo, à vista da ordem de prisão. Se não for
Constituição Federal e, caso o autuado não obedecido imediatamente, o executor convocará
informe o nome de seu advogado, será duas testemunhas e, sendo dia, entrará à força
comunicado à Defensoria Pública. na casa, arrombando as portas, se preciso; sendo
noite, o executor, depois da intimação ao
morador, se não for atendido, fará guardar todas estabelecimentos militares, de acordo com os
as saídas, tornando a casa incomunicável, e, respectivos regulamentos.
logo que amanheça, arrombará as portas e Art. 297. Para o cumprimento de mandado
efetuará a prisão. expedido pela autoridade judiciária, a autoridade
Parágrafo único. O morador que se recusar a policial poderá expedir tantos outros quantos
entregar o réu oculto em sua casa será levado à necessários às diligências, devendo neles ser
presença da autoridade, para que se proceda fielmente reproduzido o teor do mandado
contra ele como for de direito. original.
Art. 294. No caso de prisão em flagrante, Art. 299. A captura poderá ser requisitada, à vista
observar-se-á o disposto no artigo anterior, no que de mandado judicial, por qualquer meio de
for aplicável. comunicação, tomadas pela autoridade, a quem
Art. 295. Serão recolhidos a quartéis ou a prisão se fizer a requisição, as precauções necessárias
especial, à disposição da autoridade competente, para averiguar a autenticidade desta.
quando sujeitos a prisão antes de condenação Art. 300. As pessoas presas provisoriamente
definitiva: ficarão separadas das que já estiverem
I - os ministros de Estado; definitivamente condenadas, nos termos da lei
II - os governadores ou interventores de Estados de execução penal.
ou Territórios, o prefeito do Distrito Federal, seus Parágrafo único. O militar preso em flagrante
respectivos secretários, os prefeitos municipais, os delito, após a lavratura dos procedimentos legais,
vereadores e os chefes de Polícia; será recolhido a quartel da instituição a que
III - os membros do Parlamento Nacional, do pertencer, onde ficará preso à disposição das
Conselho de Economia Nacional e das autoridades competentes.
Assembleias Legislativas dos Estados;
IV - os cidadãos inscritos no "Livro de Mérito"; CAPÍTULO II
V - os oficiais das Forças Armadas e os militares Da Prisão Em Flagrante
dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios;
VI - os magistrados; Art. 301. Qualquer do povo poderá e as
VII - os diplomados por qualquer das faculdades autoridades policiais e seus agentes deverão
superiores da República; prender quem quer que seja encontrado em
VIII - os ministros de confissão religiosa; flagrante delito.
IX - os ministros do Tribunal de Contas; Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:
X - os cidadãos que já tiverem exercido I - está cometendo a infração penal;
efetivamente a função de jurado, salvo quando II - acaba de cometê-la;
excluídos da lista por motivo de incapacidade para III - é perseguido, logo após, pela autoridade,
o exercício daquela função; pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em
XI - os delegados de polícia e os guardas-civis dos situação que faça presumir ser autor da infração;
Estados e Territórios, ativos e inativos. IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos,
§ 1° A prisão especial, prevista neste Código ou armas, objetos ou papéis que façam presumir ser
em outras leis, consiste exclusivamente no ele autor da infração.
recolhimento em local distinto da prisão comum. Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-
§ 2° Não havendo estabelecimento específico para se o agente em flagrante delito enquanto não
o preso especial, este será recolhido em cela cessar a permanência.
distinta do mesmo estabelecimento. Art. 304. Apresentado o preso à autoridade
§ 3° A cela especial poderá consistir em competente, ouvirá esta o condutor e colherá,
alojamento coletivo, atendidos os requisitos de desde logo, sua assinatura, entregando a este
salubridade do ambiente, pela concorrência dos cópia do termo e recibo de entrega do preso.
fatores de aeração, insolação e condicionamento Em seguida, procederá à oitiva das testemunhas
térmico adequados à existência humana. que o acompanharem e ao interrogatório do
§ 4° O preso especial não será transportado acusado sobre a imputação que lhe é feita,
juntamente com o preso comum. colhendo, após cada oitiva suas respectivas
§ 5° Os demais direitos e deveres do preso assinaturas, lavrando, a autoridade, afinal, o auto.
especial serão os mesmos do preso comum. § 1° Resultando das respostas fundada a suspeita
Art. 296. Os inferiores e praças de pré, onde for contra o conduzido, a autoridade mandará
possível, serão recolhidos à prisão, em
recolhê-lo à prisão, exceto no caso de livrar-se Art. 309. Se o réu se livrar solto, deverá ser posto
solto ou de prestar fiança, e prosseguirá nos em liberdade, depois de lavrado o auto de prisão
atos do inquérito ou processo, se para isso for em flagrante.
competente; se não o for, enviará os autos à Art. 310. Após receber o auto de prisão em
autoridade que o seja. flagrante, no prazo máximo de até 24 (vinte e
§ 2° A falta de testemunhas da infração não quatro) horas após a realização da prisão, o juiz
impedirá o auto de prisão em flagrante; mas, deverá promover audiência de custódia com a
nesse caso, com o condutor, deverão assiná-lo presença do acusado, seu advogado constituído
pelo menos duas pessoas que hajam ou membro da Defensoria Pública e o membro do
testemunhado a apresentação do preso à Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz
autoridade. deverá, fundamentadamente:
§ 3° Quando o acusado se recusar a assinar, não I - relaxar a prisão ilegal; ou
souber ou não puder fazê-lo, o auto de prisão em II - converter a prisão em flagrante em preventiva,
flagrante será assinado por duas testemunhas, quando presentes os requisitos constantes do art.
que tenham ouvido sua leitura na presença deste. 312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou
§ 4° Da lavratura do auto de prisão em flagrante insuficientes as medidas cautelares diversas da
deverá constar a informação sobre a existência prisão; ou
de filhos, respectivas idades e se possuem III - conceder liberdade provisória, com ou sem
alguma deficiência e o nome e o contato de fiança.
eventual responsável pelos cuidados dos filhos, § 1º Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em
indicado pela pessoa presa. flagrante, que o agente praticou o fato em
Art. 305. Na falta ou no impedimento do escrivão, qualquer das condições constantes dos incisos I, II
qualquer pessoa designada pela autoridade ou III do caput do art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848,
lavrará o auto, depois de prestado o compromisso de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal),
legal. poderá, fundamentadamente, conceder ao
Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local acusado liberdade provisória, mediante termo
onde se encontre serão comunicados de comparecimento obrigatório a todos os atos
imediatamente ao juiz competente, ao Ministério processuais, sob pena de revogação.
Público e à família do preso ou à pessoa por ele § 2º Se o juiz verificar que o agente é reincidente
indicada. ou que integra organização criminosa armada ou
§ 1° Em até 24 (vinte e quatro) horas após a milícia, ou que porta arma de fogo de uso restrito,
realização da prisão, será encaminhado ao juiz deverá denegar a liberdade provisória, com ou
competente o auto de prisão em flagrante e, caso sem medidas cautelares.
o autuado não informe o nome de seu advogado, § 3º A autoridade que deu causa, sem motivação
cópia integral para a Defensoria Pública. idônea, à não realização da audiência de custódia
§ 2° No mesmo prazo, será entregue ao preso, no prazo estabelecido no caput deste artigo
mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela responderá administrativa, civil e penalmente
autoridade, com o motivo da prisão, o nome do pela omissão.
condutor e os das testemunhas. § 4º Transcorridas 24 (vinte e quatro) horas após
Art. 307. Quando o fato for praticado em o decurso do prazo estabelecido no caput deste
presença da autoridade, ou contra esta, no artigo, a não realização de audiência de custódia
exercício de suas funções, constarão do auto a sem motivação idônea ensejará também a
narração deste fato, a voz de prisão, as ilegalidade da prisão, a ser relaxada pela
declarações que fizer o preso e os depoimentos autoridade competente, sem prejuízo da
das testemunhas, sendo tudo assinado pela possibilidade de imediata decretação de prisão
autoridade, pelo preso e pelas testemunhas e preventiva.
remetido imediatamente ao juiz a quem couber
tomar conhecimento do fato delituoso, se não o for ESTATUTO GERAL DAS GUARDAS
a autoridade que houver presidido o auto. (LEI Nº 13.022/2014)
Art. 308. Não havendo autoridade no lugar em
que se tiver efetuado a prisão, o preso será logo
CAPÍTULO I
apresentado à do lugar mais próximo.
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 1º Esta Lei institui normas gerais para as respeito aos direitos fundamentais das pessoas;
guardas municipais, disciplinando o § 8º do art. VI - exercer as competências de trânsito que lhes
144 da Constituição Federal. forem conferidas, nas vias e logradouros
Art. 2º Incumbe às guardas municipais, municipais, nos termos da Lei nº 9.503, de 23 de
instituições de caráter civil, uniformizadas e setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro),
armadas conforme previsto em lei, a função de ou de forma concorrente, mediante convênio
proteção municipal preventiva, ressalvadas as celebrado com órgão de trânsito estadual ou
competências da União, dos Estados e do Distrito municipal;
Federal. VII - proteger o patrimônio ecológico, histórico,
cultural, arquitetônico e ambiental do Município,
CAPÍTULO II inclusive adotando medidas educativas e
DOS PRINCÍPIOS preventivas;
VIII - cooperar com os demais órgãos de defesa
Art. 3º São princípios mínimos de atuação das civil em suas atividades;
guardas municipais: IX - interagir com a sociedade civil para discussão
I - proteção dos direitos humanos fundamentais, de soluções de problemas e projetos locais
do exercício da cidadania e das liberdades voltados à melhoria das condições de segurança
públicas; das comunidades;
II - preservação da vida, redução do sofrimento e X - estabelecer parcerias com os órgãos estaduais
diminuição das perdas; e da União, ou de Municípios vizinhos, por meio
III - patrulhamento preventivo; da celebração de convênios ou consórcios, com
IV - compromisso com a evolução social da vistas ao desenvolvimento de ações preventivas
comunidade; e integradas;
V - uso progressivo da força. XI - articular-se com os órgãos municipais de
políticas sociais, visando à adoção de ações
interdisciplinares de segurança no Município;
CAPÍTULO III
XII - integrar-se com os demais órgãos de poder
DAS COMPETÉNCIAS
de polícia administrativa, visando a contribuir para
a normatização e a fiscalização das posturas e
Art. 4º É competência geral das guardas
ordenamento urbano municipal;
municipais a proteção de bens, serviços,
XIII - garantir o atendimento de ocorrências
logradouros públicos municipais e instalações do
emergenciais, ou prestá-lo direta e imediatamente
Município.
quando deparar-se com elas;
Parágrafo único. Os bens mencionados no caput
XIV - encaminhar ao delegado de polícia, diante
abrangem os de uso comum, os de uso especial e
de flagrante delito, o autor da infração,
os dominiais.
preservando o local do crime, quando possível e
Art. 5º São competências específicas das
sempre que necessário;
guardas municipais, respeitadas as competências
XV - contribuir no estudo de impacto na segurança
dos órgãos federais e estaduais:
local, conforme plano diretor municipal, por
I - zelar pelos bens, equipamentos e prédios
ocasião da construção de empreendimentos de
públicos do Município;
grande porte;
II - prevenir e inibir, pela presença e vigilância,
XVI - desenvolver ações de prevenção primária à
bem como coibir, infrações penais ou
violência, isoladamente ou em conjunto com os
administrativas e atos infracionais que atentem
demais órgãos da própria municipalidade, de
contra os bens, serviços e instalações municipais;
outros Municípios ou das esferas estadual e
III - atuar, preventiva e permanentemente, no
federal;
território do Município, para a proteção sistêmica
XVII - auxiliar na segurança de grandes eventos e
da população que utiliza os bens, serviços e
na proteção de autoridades e dignatários; e
instalações municipais;
XVIII - atuar mediante ações preventivas na
IV - colaborar, de forma integrada com os órgãos
segurança escolar, zelando pelo entorno e
de segurança pública, em ações conjuntas que
participando de ações educativas com o corpo
contribuam com a paz social;
discente e docente das unidades de ensino
V - colaborar com a pacificação de conflitos que
municipal, de forma a colaborar com a
seus integrantes presenciarem, atentando para o
implantação da cultura de paz na comunidade CAPÍTULO V
local. DAS EXIGÊNCIAS PARA INVESTIDURA
Parágrafo único. No exercício de suas
competências, a guarda municipal poderá Art. 10. São requisitos básicos para investidura
colaborar ou atuar conjuntamente com órgãos em cargo público na guarda municipal:
de segurança pública da União, dos Estados e do I - nacionalidade brasileira;
Distrito Federal ou de congêneres de Municípios II - gozo dos direitos políticos;
vizinhos e, nas hipóteses previstas nos incisos XIII III - quitação com as obrigações militares e
e XIV deste artigo, diante do comparecimento de eleitorais;
órgão descrito nos incisos do caput do art. 144 da IV - nível médio completo de escolaridade;
Constituição Federal , deverá a guarda municipal V - idade mínima de 18 (dezoito) anos;
prestar todo o apoio à continuidade do VI - aptidão física, mental e psicológica; e
atendimento. VII - idoneidade moral comprovada por
investigação social e certidões expedidas perante
CAPÍTULO IV o Poder Judiciário estadual, federal e distrital.
DA CRIAÇÃO Parágrafo único. Outros requisitos poderão ser
estabelecidos em lei municipal.
Art. 6º O Município pode criar, por lei, sua guarda
municipal. CAPÍTULO VI
Parágrafo único. A guarda municipal é DA CAPACITAÇÃO
subordinada ao chefe do Poder Executivo
municipal. Art. 11. O exercício das atribuições dos cargos da
Art. 7º As guardas municipais não poderão ter guarda municipal requer capacitação específica,
efetivo superior a: com matriz curricular compatível com suas
I - 0,4% (quatro décimos por cento) da população, atividades.
em Municípios com até 50.000 (cinquenta mil) Parágrafo único. Para fins do disposto no caput,
habitantes; poderá ser adaptada a matriz curricular nacional
II - 0,3% (três décimos por cento) da população, para formação em segurança pública, elaborada
em Municípios com mais de 50.000 (cinquenta mil) pela Secretaria Nacional de Segurança Pública
e menos de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, (Senasp) do Ministério da Justiça.
desde que o efetivo não seja inferior ao disposto Art. 12. É facultada ao Município a criação de
no inciso I; órgão de formação, treinamento e
III - 0,2% (dois décimos por cento) da população, aperfeiçoamento dos integrantes da guarda
em Municípios com mais de 500.000 (quinhentos municipal, tendo como princípios norteadores os
mil) habitantes, desde que o efetivo não seja mencionados no art. 3º.
inferior ao disposto no inciso II. § 1º Os Municípios poderão firmar convênios
Parágrafo único. Se houver redução da ou consorciar-se, visando ao atendimento do
população referida em censo ou estimativa oficial disposto no caput deste artigo.
da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e § 2º O Estado poderá, mediante convênio com
Estatística (IBGE), é garantida a preservação do os Municípios interessados, manter órgão de
efetivo existente, o qual deverá ser ajustado à formação e aperfeiçoamento centralizado, em cujo
variação populacional, nos termos de lei municipal. conselho gestor seja assegurada a participação
Art. 8º Municípios limítrofes podem, mediante dos Municípios conveniados.
consórcio público, utilizar, reciprocamente, os § 3º O órgão referido no § 2º não pode ser o
serviços da guarda municipal de maneira mesmo destinado a formação, treinamento ou
compartilhada. aperfeiçoamento de forças militares.
Art. 9º A guarda municipal é formada por
servidores públicos integrantes de carreira única e
CAPÍTULO VII
plano de cargos e salários, conforme disposto em
DO CONTROLE
lei municipal.
Art. 13. O funcionamento das guardas municipais
será acompanhado por órgãos próprios,
permanentes, autônomos e com atribuições de § 2º Para ocupação dos cargos em todos os níveis
fiscalização, investigação e auditoria, mediante: da carreira da guarda municipal, deverá ser
I - controle interno, exercido por corregedoria, observado o percentual mínimo para o sexo
naquelas com efetivo superior a 50 (cinquenta) feminino, definido em lei municipal.
servidores da guarda e em todas as que utilizam § 3º Deverá ser garantida a progressão funcional
arma de fogo, para apurar as infrações da carreira em todos os níveis.
disciplinares atribuídas aos integrantes de seu Art. 16. Aos guardas municipais é autorizado o
quadro; e porte de arma de fogo, conforme previsto em lei.
II - controle externo, exercido por ouvidoria, Parágrafo único. Suspende-se o direito ao porte
independente em relação à direção da respectiva de arma de fogo em razão de restrição médica,
guarda, qualquer que seja o número de servidores decisão judicial ou justificativa da adoção da
da guarda municipal, para receber, examinar e medida pelo respectivo dirigente.
encaminhar reclamações, sugestões, elogios e Art. 17. A Agência Nacional de Telecomunicações
denúncias acerca da conduta de seus dirigentes e (Anatel) destinará linha telefônica de número 153
integrantes e das atividades do órgão, propor e faixa exclusiva de frequência de rádio aos
soluções, oferecer recomendações e informar os Municípios que possuam guarda municipal.
resultados aos interessados, garantindo-lhes Art. 18. É assegurado ao guarda municipal o
orientação, informação e resposta. recolhimento à cela, isoladamente dos demais
§ 1º O Poder Executivo municipal poderá criar presos, quando sujeito à prisão antes de
órgão colegiado para exercer o controle social condenação definitiva.
das atividades de segurança do Município,
analisar a alocação e aplicação dos recursos CAPÍTULO IX
públicos e monitorar os objetivos e metas da DAS VEDAÇÕES
política municipal de segurança e, posteriormente,
a adequação e eventual necessidade de Art. 19. A estrutura hierárquica da guarda
adaptação das medidas adotadas face aos municipal não pode utilizar denominação
resultados obtidos. idêntica à das forças militares, quanto aos
§ 2º Os corregedores e ouvidores terão mandato postos e graduações, títulos, uniformes, distintivos
cuja perda será decidida pela maioria absoluta e condecorações.
da Câmara Municipal, fundada em razão
relevante e específica prevista em lei municipal.
CAPÍTULO X
Art. 14. Para efeito do disposto no inciso I do
DA REPRESENTATIVIDADE
caput do art. 13, a guarda municipal terá código
de conduta próprio, conforme dispuser lei
Art. 20. É reconhecida a representatividade das
municipal.
guardas municipais no Conselho Nacional de
Parágrafo único. As guardas municipais não
Segurança Pública, no Conselho Nacional das
podem ficar sujeitas a regulamentos disciplinares
Guardas Municipais e, no interesse dos
de natureza militar.
Municípios, no Conselho Nacional de Secretários
e Gestores Municipais de Segurança Pública.
CAPÍTULO VIII
DAS PRERROGATIVAS
CAPÍTULO XI
DISPOSIÇÕES DIVERSAS E TRANSITÓRIAS
Art. 15. Os cargos em comissão das guardas
municipais deverão ser providos por membros
Art. 21. As guardas municipais utilizarão uniforme
efetivos do quadro de carreira do órgão ou
equipamentos padronizados, preferencialmente,
entidade.
na cor azul-marinho.
§ 1º Nos primeiros 4 (quatro) anos de
Art. 22. Aplica-se esta Lei a todas as guardas
funcionamento, a guarda municipal poderá ser
municipais existentes na data de sua publicação, a
dirigida por profissional estranho a seus quadros,
cujas disposições devem adaptar-se no prazo de 2
preferencialmente com experiência ou
(dois) anos.
formação na área de segurança ou defesa
Parágrafo único. É assegurada a utilização de
social, atendido o disposto no caput .
outras denominações consagradas pelo uso, como
guarda civil, guarda civil municipal, guarda § 1º Entende-se por Sisnad o conjunto ordenado
metropolitana e guarda civil metropolitana. de princípios, regras, critérios e recursos materiais
e humanos que envolvem as políticas, planos,
LEI DE DROGAS programas, ações e projetos sobre drogas,
(LEI N° 11.343/2006) incluindo-se nele, por adesão, os Sistemas de
Políticas Públicas sobre Drogas dos Estados,
Distrito Federal e Municípios.
TÍTULO I
§ 2º O Sisnad atuará em articulação com o
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Sistema Único de Saúde - SUS, e com o Sistema
Único de Assistência Social - SUAS.
Art. 1º Esta Lei institui o Sistema Nacional de
Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad;
prescreve medidas para prevenção do uso CAPÍTULO I
indevido, atenção e reinserção social de Dos Princípios E Dos Objetivos Do Sistema
usuários e dependentes de drogas; estabelece Nacional De Políticas Públicas Sobre Drogas
normas para repressão à produção não
autorizada e ao tráfico ilícito de drogas e define Art. 4º São princípios do Sisnad:
crimes. I - o respeito aos direitos fundamentais da
Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram- pessoa humana, especialmente quanto à sua
se como drogas as substâncias ou os produtos autonomia e à sua liberdade;
capazes de causar dependência, assim II - o respeito à diversidade e às especificidades
especificados em lei ou relacionados em listas populacionais existentes;
atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo III - a promoção dos valores éticos, culturais e de
da União. cidadania do povo brasileiro, reconhecendo-os
Art. 2º Ficam proibidas, em todo o território como fatores de proteção para o uso indevido de
nacional, as drogas, bem como o plantio, a drogas e outros comportamentos correlacionados;
cultura, a colheita e a exploração de vegetais e IV - a promoção de consensos nacionais, de
substratos dos quais possam ser extraídas ou ampla participação social, para o estabelecimento
produzidas drogas, ressalvada a hipótese de dos fundamentos e estratégias do Sisnad;
autorização legal ou regulamentar, bem como o V-a promoção da responsabilidade
que estabelece a Convenção de Viena, das compartilhada entre Estado e Sociedade,
Nações Unidas, sobre Substâncias Psicotrópicas, reconhecendo a importância da participação social
de 1971, a respeito de plantas de uso estritamente nas atividades do Sisnad;
ritualístico-religioso. VI - o reconhecimento da intersetorialidade dos
Parágrafo único. Pode a União autorizar o fatores correlacionados com o uso indevido de
plantio, a cultura e a colheita dos vegetais drogas, com a sua produção não autorizada e o
referidos no caput deste artigo, exclusivamente seu tráfico ilícito;
para fins medicinais ou científicos, em local e VII - a integração das estratégias nacionais e
prazo predeterminados, mediante fiscalização, internacionais de prevenção do uso indevido,
respeitadas as ressalvas supramencionadas. atenção e reinserção social de usuários e
dependentes de drogas e de repressão à sua
produção não autorizada e ao seu tráfico ilícito;
TÍTULO II
VIII - a articulação com os órgãos do Ministério
DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS
Público e dos Poderes Legislativo e Judiciário
PÚBLICAS SOBRE DROGAS
visando à cooperação mútua nas atividades do
Sisnad;
Art. 3º O Sisnad tem a finalidade de articular,
IX - a adoção de abordagem multidisciplinar que
integrar, organizar e coordenar as atividades
reconheça a interdependência e a natureza
relacionadas com:
complementar das atividades de prevenção do
I - a prevenção do uso indevido, a atenção e a
uso indevido, atenção e reinserção social de
reinserção social de usuários e dependentes de
usuários e dependentes de drogas, repressão da
drogas;
produção não autorizada e do tráfico ilícito de
II - a repressão da produção não autorizada e do
drogas;
tráfico ilícito de drogas.
X - a observância do equilíbrio entre as atividades IV - estabelecer diretrizes sobre a organização e
de prevenção do uso indevido, atenção e funcionamento do Sisnad e suas normas de
reinserção social de usuários e dependentes de referência;
drogas e de repressão à sua produção não V - elaborar objetivos, ações estratégicas, metas,
autorizada e ao seu tráfico ilícito, visando a prioridades, indicadores e definir formas de
garantir a estabilidade e o bem-estar social; financiamento e gestão das políticas sobre drogas;
XI - a observância às orientações e normas VIII - promover a integração das políticas sobre
emanadas do Conselho Nacional Antidrogas - drogas com os Estados, o Distrito Federal e os
Conad. Municípios;
Art. 5º O Sisnad tem os seguintes objetivos: IX - financiar, com Estados, Distrito Federal e
I - contribuir para a inclusão social do cidadão, Municípios, a execução das políticas sobre
visando a torná-lo menos vulnerável a assumir drogas, observadas as obrigações dos integrantes
comportamentos de risco para o uso indevido de do Sisnad
drogas, seu tráfico ilícito e outros comportamentos X - estabelecer formas de colaboração com
correlacionados; Estados, Distrito Federal e Municípios para a
II - promover a construção e a socialização do execução das políticas sobre drogas;
conhecimento sobre drogas no país; XI - garantir publicidade de dados e informações
III - promover a integração entre as políticas de sobre repasses de recursos para financiamento
prevenção do uso indevido, atenção e das políticas sobre drogas;
reinserção social de usuários e dependentes de XII - sistematizar e divulgar os dados estatísticos
drogas e de repressão à sua produção não nacionais de prevenção, tratamento, acolhimento,
autorizada e ao tráfico ilícito e as políticas públicas reinserção social e econômica e repressão ao
setoriais dos órgãos do Poder Executivo da União, tráfico ilícito de drogas;
Distrito Federal, Estados e Municípios; XIII - adotar medidas de enfretamento aos crimes
IV - assegurar as condições para a coordenação, transfronteiriços; e
a integração e a articulação das atividades de que XIV - estabelecer uma política nacional de
trata o art. 3º desta Lei. controle de fronteiras, visando a coibir o
ingresso de drogas no País.
CAPÍTULO II
Do Sistema Nacional De Políticas Públicas CAPÍTULO II-A
Sobre Drogas Da Formulação Das Políticas Sobre Drogas
Seção I Seção I
Da Composição do Sistema Nacional de Do Plano Nacional de Políticas sobre Drogas
Políticas Públicas sobre Drogas
Art. 8º-D. São objetivos do Plano Nacional de
Art. 7º A organização do Sisnad assegura a Políticas sobre Drogas, dentre outros:
orientação central e a execução descentralizada I - promover a interdisciplinaridade e integração
das atividades realizadas em seu âmbito, nas dos programas, ações, atividades e projetos dos
esferas federal, distrital, estadual e municipal e se órgãos e entidades públicas e privadas nas áreas
constitui matéria definida no regulamento desta de saúde, educação, trabalho, assistência social,
Lei. previdência social, habitação, cultura, desporto e
lazer, visando à prevenção do uso de drogas,
atenção e reinserção social dos usuários ou
Seção II
dependentes de drogas;
Das Competências
II - viabilizar a ampla participação social na
formulação, implementação e avaliação das
Art. 8º-A. Compete à União: políticas sobre drogas;
I - formular e coordenar a execução da Política III - priorizar programas, ações, atividades e
Nacional sobre Drogas; projetos articulados com os estabelecimentos de
II - elaborar o Plano Nacional de Políticas sobre ensino, com a sociedade e com a família para a
Drogas, em parceria com Estados, Distrito prevenção do uso de drogas;
Federal, Municípios e a sociedade; IV - ampliar as alternativas de inserção social e
III - coordenar o Sisnad; econômica do usuário ou dependente de drogas,
promovendo programas que priorizem a melhoria tratamento, acolhimento, reinserção social e
de sua escolarização e a qualificação profissional; econômica e repressão ao tráfico ilícito de drogas;
V - promover o acesso do usuário ou dependente IV - promover a realização de estudos, com o
de drogas a todos os serviços públicos; objetivo de subsidiar o planejamento das
VI - estabelecer diretrizes para garantir a políticas sobre drogas;
efetividade dos programas, ações e projetos das V - propor políticas públicas que permitam a
políticas sobre drogas; integração e a participação do usuário ou
VII - fomentar a criação de serviço de dependente de drogas no processo social,
atendimento telefônico com orientações e econômico, político e cultural no respectivo ente
informações para apoio aos usuários ou federado; e
dependentes de drogas; VI - desenvolver outras atividades relacionadas às
VIII - articular programas, ações e projetos de políticas sobre drogas em consonância com o
incentivo ao emprego, renda e capacitação para o Sisnad e com os respectivos planos.
trabalho, com objetivo de promover a inserção
profissional da pessoa que haja cumprido o plano CAPÍTULO IV
individual de atendimento nas fases de tratamento Do Acompanhamento E Da Avaliação Das
ou acolhimento; Políticas Sobre Drogas
IX - promover formas coletivas de organização
para o trabalho, redes de economia solidária e o Art. 16. As instituições com atuação nas áreas da
cooperativismo, como forma de promover atenção à saúde e da assistência social que
autonomia ao usuário ou dependente de drogas atendam usuários ou dependentes de drogas
egresso de tratamento ou acolhimento, devem comunicar ao órgão competente do
observando-se as especificidades regionais; respectivo sistema municipal de saúde os casos
X - propor a formulação de políticas públicas atendidos e os óbitos ocorridos, preservando a
que conduzam à efetivação das diretrizes e identidade das pessoas, conforme orientações
princípios previstos no art. 22; emanadas da União.
XI - articular as instâncias de saúde, assistência Art. 17. Os dados estatísticos nacionais de
social e de justiça no enfrentamento ao abuso de repressão ao tráfico ilícito de drogas integrarão
drogas; e sistema de informações do Poder Executivo.
XII - promover estudos e avaliação dos
resultados das políticas sobre drogas.
TÍTULO III
§ 1º O plano de que trata o caput terá duração de
DAS ATIVIDADES DE PREVENÇÃO DO USO
5 (cinco) anos a contar de sua aprovação. INDEVIDO, ATENÇÃO E REINSERÇÃO SOCIAL
§ 2º O poder público deverá dar a mais ampla DE USUÁRIOS E DEPENDENTES DE DROGAS
divulgação ao conteúdo do Plano Nacional de
CAPÍTULO I
Políticas sobre Drogas.
Da Prevenção
Seção I
Seção II Das Diretrizes
Dos Conselhos de Políticas sobre Drogas
Art. 18. Constituem atividades de prevenção do
Art. 8º-E. Os conselhos de políticas sobre uso indevido de drogas, para efeito desta Lei,
drogas, constituídos por Estados, Distrito Federal aquelas direcionadas para a redução dos fatores
e Municípios, terão os seguintes objetivos: de vulnerabilidade e risco e para a promoção e o
I - auxiliar na elaboração de políticas sobre fortalecimento dos fatores de proteção.
drogas; Art. 19. As atividades de prevenção do uso
II - colaborar com os órgãos governamentais no indevido de drogas devem observar os seguintes
planejamento e na execução das políticas sobre princípios e diretrizes:
drogas, visando à efetividade das políticas sobre I - o reconhecimento do uso indevido de drogas
drogas; como fator de interferência na qualidade de vida
III - propor a celebração de instrumentos de do indivíduo e na sua relação com a comunidade à
cooperação, visando à elaboração de programas, qual pertence;
ações, atividades e projetos voltados à prevenção, II - a adoção de conceitos objetivos e de
fundamentação científica como forma de orientar
as ações dos serviços públicos comunitários e Seção II
privados e de evitar preconceitos e Da Semana Nacional de Políticas Sobre Drogas
estigmatização das pessoas e dos serviços que
as atendam; Art. 19-A. Fica instituída a Semana Nacional de
III - o fortalecimento da autonomia e da Políticas sobre Drogas, comemorada anualmente,
responsabilidade individual em relação ao uso na quarta semana de junho.
indevido de drogas; § 1º No período de que trata o caput, serão
IV - o compartilhamento de responsabilidades e a intensificadas as ações de:
colaboração mútua com as instituições do setor I - difusão de informações sobre os problemas
privado e com os diversos segmentos sociais, decorrentes do uso de drogas;
incluindo usuários e dependentes de drogas e II - promoção de eventos para o debate público
respectivos familiares, por meio do sobre as políticas sobre drogas;
estabelecimento de parcerias; III - difusão de boas práticas de prevenção,
V - a adoção de estratégias preventivas tratamento, acolhimento e reinserção social e
diferenciadas e adequadas às especificidades econômica de usuários de drogas;
socioculturais das diversas populações, bem como IV - divulgação de iniciativas, ações e
das diferentes drogas utilizadas; campanhas de prevenção do uso indevido de
VI - o reconhecimento do “não-uso”, do drogas;
“retardamento do uso” e da redução de riscos V - mobilização da comunidade para a
como resultados desejáveis das atividades de participação nas ações de prevenção e
natureza preventiva, quando da definição dos enfrentamento às drogas;
objetivos a serem alcançados; VI - mobilização dos sistemas de ensino previstos
VII - o tratamento especial dirigido às parcelas na Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 - Lei
mais vulneráveis da população, levando em de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, na
consideração as suas necessidades específicas; realização de atividades de prevenção ao uso de
VIII - a articulação entre os serviços e drogas.
organizações que atuam em atividades de
prevenção do uso indevido de drogas e a rede de
CAPÍTULO II
atenção a usuários e dependentes de drogas e Das Atividades De Prevenção, Tratamento,
respectivos familiares;
Acolhimento E De Reinserção Social E
IX - o investimento em alternativas esportivas,
Econômica De Usuários Ou Dependentes De
culturais, artísticas, profissionais, entre outras,
Drogas
como forma de inclusão social e de melhoria da Seção I
qualidade de vida;
Disposições Gerais
X - o estabelecimento de políticas de formação
continuada na área da prevenção do uso indevido
Art. 20. Constituem atividades de atenção ao
de drogas para profissionais de educação nos 3
usuário e dependente de drogas e respectivos
(três) níveis de ensino;
familiares, para efeito desta Lei, aquelas que
XI - a implantação de projetos pedagógicos de
visem à melhoria da qualidade de vida e à
prevenção do uso indevido de drogas, nas
redução dos riscos e dos danos associados ao
instituições de ensino público e privado, alinhados
uso de drogas.
às Diretrizes Curriculares Nacionais e aos
Art. 21. Constituem atividades de reinserção
conhecimentos relacionados a drogas;
social do usuário ou do dependente de drogas e
XII - a observância das orientações e normas
respectivos familiares, para efeito desta Lei,
emanadas do Conad;
aquelas direcionadas para sua integração ou
XIII - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de
reintegração em redes sociais.
controle social de políticas setoriais específicas.
Art. 22. As atividades de atenção e as de
Parágrafo único. As atividades de prevenção do
reinserção social do usuário e do dependente de
uso indevido de drogas dirigidas à criança e ao
drogas e respectivos familiares devem observar os
adolescente deverão estar em consonância com
seguintes princípios e diretrizes:
as diretrizes emanadas pelo Conselho Nacional
I - respeito ao usuário e ao dependente de
dos Direitos da Criança e do Adolescente -
drogas, independentemente de quaisquer
Conanda.
condições, observados os direitos fundamentais
da pessoa humana, os princípios e diretrizes do modalidades de tratamento ambulatorial, incluindo
Sistema Único de Saúde e da Política Nacional de excepcionalmente formas de internação em
Assistência Social; unidades de saúde e hospitais gerais nos termos
II - a adoção de estratégias diferenciadas de de normas dispostas pela União e articuladas com
atenção e reinserção social do usuário e do os serviços de assistência social e em etapas que
dependente de drogas e respectivos familiares permitam:
que considerem as suas peculiaridades I - articular a atenção com ações preventivas que
socioculturais; atinjam toda a população;
III - definição de projeto terapêutico II - orientar-se por protocolos técnicos
individualizado, orientado para a inclusão social predefinidos, baseados em evidências científicas,
e para a redução de riscos e de danos sociais e à oferecendo atendimento individualizado ao
saúde; usuário ou dependente de drogas com abordagem
IV - atenção ao usuário ou dependente de drogas preventiva e, sempre que indicado, ambulatorial;
e aos respectivos familiares, sempre que possível, III - preparar para a reinserção social e econômica,
de forma multidisciplinar e por equipes respeitando as habilidades e projetos individuais
multiprofissionais; por meio de programas que articulem educação,
V - observância das orientações e normas capacitação para o trabalho, esporte, cultura e
emanadas do Conad; acompanhamento individualizado; e
VI - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de IV - acompanhar os resultados pelo SUS, Suas e
controle social de políticas setoriais específicas. Sisnad, de forma articulada.
VII - estímulo à capacitação técnica e § 1º Caberá à União dispor sobre os protocolos
profissional; técnicos de tratamento, em âmbito nacional.
VIII - efetivação de políticas de reinserção social § 2º A internação de dependentes de drogas
voltadas à educação continuada e ao trabalho; somente será realizada em unidades de saúde ou
IX - observância do plano individual de hospitais gerais, dotados de equipes
atendimento na forma do art. 23-B desta Lei; multidisciplinares e deverá ser obrigatoriamente
X - orientação adequada ao usuário ou autorizada por médico devidamente registrado no
dependente de drogas quanto às consequências Conselho Regional de Medicina - CRM do Estado
lesivas do uso de drogas, ainda que ocasional. onde se localize o estabelecimento no qual se
dará a internação.
Seção II § 3º São considerados 2 (dois) tipos de internação:
Da Educação na Reinserção Social e I - internação voluntária: aquela que se dá com
Econômica o consentimento do dependente de drogas;
II - internação involuntária: aquela que se dá,
Art. 22-A. As pessoas atendidas por órgãos sem o consentimento do dependente, a pedido
integrantes do Sisnad terão atendimento nos de familiar ou do responsável legal ou, na absoluta
programas de educação profissional e tecnológica, falta deste, de servidor público da área de saúde,
educação de jovens e adultos e alfabetização. da assistência social ou dos órgãos públicos
integrantes do Sisnad, com exceção de servidores
da área de segurança pública, que constate a
Seção IV
existência de motivos que justifiquem a medida.
Do Tratamento Do Usuário Ou Dependente De
§ 4º A internação voluntária:
Drogas
I - deverá ser precedida de declaração escrita da
pessoa solicitante de que optou por este regime
Art. 23. As redes dos serviços de saúde da União,
de tratamento;
dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios
II - seu término dar-se-á por determinação do
desenvolverão programas de atenção ao usuário
médico responsável ou por solicitação escrita
e ao dependente de drogas, respeitadas as
da pessoa que deseja interromper o tratamento.
diretrizes do Ministério da Saúde e os princípios
§ 5º A internação involuntária:
explicitados no art. 22 desta Lei, obrigatória a
I - deve ser realizada após a formalização da
previsão orçamentária adequada.
decisão por médico responsável;
Art. 23-A. O tratamento do usuário ou dependente
II - será indicada depois da avaliação sobre o tipo
de drogas deverá ser ordenado em uma rede de
de droga utilizada, o padrão de uso e na hipótese
atenção à saúde, com prioridade para as
comprovada da impossibilidade de utilização de
outras alternativas terapêuticas previstas na rede § 3º O PIA deverá contemplar a participação dos
de atenção à saúde; familiares ou responsáveis, os quais têm o dever
III - perdurará apenas pelo tempo necessário à de contribuir com o processo, sendo esses, no
desintoxicação, no prazo máximo de 90 caso de crianças e adolescentes, passíveis de
(noventa) dias, tendo seu término determinado responsabilização civil, administrativa e criminal,
pelo médico responsável; nos termos da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990
IV - a família ou o representante legal poderá, a - Estatuto da Criança e do Adolescente.
qualquer tempo, requerer ao médico a § 4º O PIA será inicialmente elaborado sob a
interrupção do tratamento. responsabilidade da equipe técnica do primeiro
§ 6º A internação, em qualquer de suas projeto terapêutico que atender o usuário ou
modalidades, só será indicada quando os dependente de drogas e será atualizado ao longo
recursos extra-hospitalares se mostrarem das diversas fases do atendimento.
insuficientes. § 5º Constarão do plano individual, no mínimo:
§ 7º Todas as internações e altas de que trata esta I - os resultados da avaliação multidisciplinar;
Lei deverão ser informadas, em, no máximo, de 72 II - os objetivos declarados pelo atendido;
(setenta e duas) horas, ao Ministério Público, à III - a previsão de suas atividades de integração
Defensoria Pública e a outros órgãos de social ou capacitação profissional;
fiscalização, por meio de sistema informatizado IV - atividades de integração e apoio à família;
único, na forma do regulamento desta Lei. V - formas de participação da família para
§ 8º É garantido o sigilo das informações efetivo cumprimento do plano individual;
disponíveis no sistema referido no § 7º e o acesso VI - designação do projeto terapêutico mais
será permitido apenas às pessoas autorizadas a adequado para o cumprimento do previsto no
conhecê-las, sob pena de responsabilidade. plano; e
§ 9º É vedada a realização de qualquer VII - as medidas específicas de atenção à saúde
modalidade de internação nas comunidades do atendido.
terapêuticas acolhedoras. § 6º O PIA será elaborado no prazo de até 30
§ 10. O planejamento e a execução do projeto (trinta) dias da data do ingresso no atendimento.
terapêutico individual deverão observar, no que § 7º As informações produzidas na avaliação e as
couber, o previsto na Lei nº 10.216, de 6 de abril registradas no plano individual de atendimento são
de 2001, que dispõe sobre a proteção e os direitos consideradas sigilosas.
das pessoas portadoras de transtornos mentais e Art. 24. A União, os Estados, o Distrito Federal e
redireciona o modelo assistencial em saúde os Municípios poderão conceder benefícios às
mental. instituições privadas que desenvolverem
programas de reinserção no mercado de
Seção V trabalho, do usuário e do dependente de drogas
Plano Individual De Atendimento encaminhados por órgão oficial.
Art. 25. As instituições da sociedade civil, sem
Art. 23-B. O atendimento ao usuário ou fins lucrativos, com atuação nas áreas da
dependente de drogas na rede de atenção à atenção à saúde e da assistência social, que
saúde dependerá de: atendam usuários ou dependentes de drogas
I - avaliação prévia por equipe técnica poderão receber recursos do Funad,
multidisciplinar e multissetorial; e condicionados à sua disponibilidade orçamentária
II - elaboração de um Plano Individual de e financeira.
Atendimento - PIA. Art. 26. O usuário e o dependente de drogas que,
§ 1º A avaliação prévia da equipe técnica em razão da prática de infração penal, estiverem
subsidiará a elaboração e execução do projeto cumprindo pena privativa de liberdade ou
terapêutico individual a ser adotado, levantando no submetidos a medida de segurança, têm
mínimo: garantidos os serviços de atenção à sua saúde,
I - o tipo de droga e o padrão de seu uso; e definidos pelo respectivo sistema penitenciário.
II - o risco à saúde física e mental do usuário ou
dependente de drogas ou das pessoas com as
quais convive.
Seção VI plantas destinadas à preparação de pequena
Acolhimento Em Comunidade Terapêutica quantidade de substância ou produto capaz de
Acolhedora causar dependência física ou psíquica.
§ 2º Para determinar se a droga destinava-se a
Art. 26-A. O acolhimento do usuário ou consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à
dependente de drogas na comunidade quantidade da substância apreendida, ao local e
terapêutica acolhedora caracteriza-se por: às condições em que se desenvolveu a ação, às
I - oferta de projetos terapêuticos ao usuário ou circunstâncias sociais e pessoais, bem como à
dependente de drogas que visam à abstinência; conduta e aos antecedentes do agente.
II - adesão e permanência voluntária, § 3º As penas previstas nos incisos II e III do
formalizadas por escrito, entendida como uma caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo
etapa transitória para a reinserção social e máximo de 5 (cinco) meses.
econômica do usuário ou dependente de drogas; § 4º Em caso de reincidência, as penas previstas
III - ambiente residencial, propício à formação de nos incisos II e III do caput deste artigo serão
vínculos, com a convivência entre os pares, aplicadas pelo prazo máximo de 10 (dez) meses.
atividades práticas de valor educativo e a § 5º A prestação de serviços à comunidade será
promoção do desenvolvimento pessoal, cumprida em programas comunitários, entidades
vocacionada para acolhimento ao usuário ou educacionais ou assistenciais, hospitais,
dependente de drogas em vulnerabilidade social; estabelecimentos congêneres, públicos ou
IV - avaliação médica prévia; privados sem fins lucrativos, que se ocupem,
V - elaboração de plano individual de preferencialmente, da prevenção do consumo ou
atendimento na forma do art. 23-B desta Lei; e da recuperação de usuários e dependentes de
VI - vedação de isolamento físico do usuário ou drogas.
dependente de drogas. § 6º Para garantia do cumprimento das medidas
§ 1º Não são elegíveis para o acolhimento as educativas a que se refere o caput, nos incisos I,
pessoas com comprometimentos biológicos e II e III, a que injustificadamente se recuse o
psicológicos de natureza grave que mereçam agente, poderá o juiz submetê-lo,
atenção médico-hospitalar contínua ou de sucessivamente a:
emergência, caso em que deverão ser I - admoestação verbal;
encaminhadas à rede de saúde. II - multa.
§ 7º O juiz determinará ao Poder Público que
coloque à disposição do infrator, gratuitamente,
CAPÍTULO III
estabelecimento de saúde, preferencialmente
Dos Crimes E Das Penas
ambulatorial, para tratamento especializado.
Art. 29. Na imposição da medida educativa a que
Art. 27. As penas previstas neste Capítulo
se refere o inciso II do § 6º do art. 28, o juiz,
poderão ser aplicadas isolada ou
atendendo à reprovabilidade da conduta, fixará o
cumulativamente, bem como substituídas a
número de dias-multa, em quantidade nunca
qualquer tempo, ouvidos o Ministério Público e o
inferior a 40 (quarenta) nem superior a 100
defensor.
(cem), atribuindo depois a cada um, segundo a
capacidade econômica do agente, o valor de um
Porte de drogas para consumo pessoal trinta avos até 3 (três) vezes o valor do maior
salário mínimo.
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, Parágrafo único. Os valores decorrentes da
transportar ou trouxer consigo, para consumo imposição da multa a que se refere o § 6º do art.
pessoal, drogas sem autorização ou em 28 serão creditados à conta do Fundo Nacional
desacordo com determinação legal ou Antidrogas.
regulamentar será submetido às seguintes penas: Art. 30. Prescrevem em 2 (dois) anos a
I - advertência sobre os efeitos das drogas; imposição e a execução das penas, observado, no
II - prestação de serviços à comunidade; tocante à interrupção do prazo, o disposto nos
III - medida educativa de comparecimento a arts. 107 e seguintes do Código Penal.
programa ou curso educativo.
§ 1º Às mesmas medidas submete-se quem, para
seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe
TÍTULO IV tem em depósito, transporta, traz consigo ou
DA REPRESSÃO À PRODUÇÃO NÃO guarda, ainda que gratuitamente, sem
AUTORIZADA E AO TRÁFICO ILÍCITO DE autorização ou em desacordo com determinação
DROGAS legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou
CAPÍTULO I produto químico destinado à preparação de
Disposições Gerais drogas;
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem
Art. 31. É indispensável a licença prévia da autorização ou em desacordo com determinação
autoridade competente para produzir, extrair, legal ou regulamentar, de plantas que se
fabricar, transformar, preparar, possuir, manter em constituam em matéria-prima para a preparação
depósito, importar, exportar, reexportar, remeter, de drogas;
transportar, expor, oferecer, vender, comprar, III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de
trocar, ceder ou adquirir, para qualquer fim, drogas que tem a propriedade, posse, administração,
ou matéria-prima destinada à sua preparação, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele
observadas as demais exigências legais. se utilize, ainda que gratuitamente, sem
Art. 32. As plantações ilícitas serão autorização ou em desacordo com determinação
imediatamente destruídas pelo delegado de legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de
polícia na forma do art. 50-A, que recolherá drogas.
quantidade suficiente para exame pericial, de tudo IV - vende ou entrega drogas ou matéria-prima,
lavrando auto de levantamento das condições insumo ou produto químico destinado à
encontradas, com a delimitação do local, preparação de drogas, sem autorização ou em
asseguradas as medidas necessárias para a desacordo com a determinação legal ou
preservação da prova. regulamentar, a agente policial disfarçado,
§ 3º Em caso de ser utilizada a queimada para quando presentes elementos probatórios
destruir a plantação, observar-se-á, além das razoáveis de conduta criminal preexistente.
cautelas necessárias à proteção ao meio
ambiente, o disposto no Decreto nº 2.661, de 8 de Induzimento, Instigação ou Auxílio ao Uso
julho de 1998, no que couber, dispensada a Indevido de Drogas
autorização prévia do órgão próprio do Sistema
Nacional do Meio Ambiente - Sisnama. § 2º Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso
§ 4º As glebas cultivadas com plantações ilícitas indevido de droga:
serão expropriadas, conforme o disposto no art. Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e
243 da Constituição Federal, de acordo com a multa de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa.
legislação em vigor. § 3º Oferecer droga, eventualmente e sem
objetivo de lucro, a pessoa de seu
CAPÍTULO II relacionamento, para juntos a consumirem:
Dos Crimes Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano,
e pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e
quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas
Tráfico de Drogas
previstas no art. 28.
§ 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar,
artigo, as penas poderão ser reduzidas de um
produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda,
sexto a dois terços, desde que o agente seja
oferecer, ter em depósito, transportar, trazer
primário, de bons antecedentes, não se dedique
consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a
às atividades criminosas nem integre
consumo ou fornecer drogas, ainda que
organização criminosa.
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo
com determinação legal ou regulamentar:
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e Tráfico de Maquinário
pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e
quinhentos) dias-multa. Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar,
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: oferecer, vender, distribuir, entregar a qualquer
I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, título, possuir, guardar ou fornecer, ainda que
adquire, vende, expõe à venda, oferece, fornece, gratuitamente, maquinário, aparelho, instrumento
ou qualquer objeto destinado à fabricação, Condução de Embarcação ou Aeronave sob
preparação, produção ou transformação de Efeito de Drogas
drogas, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar: Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e o consumo de drogas, expondo a dano potencial
pagamento de 1.200 (mil e duzentos) a 2.000 a incolumidade de outrem:
(dois mil) dias-multa. Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três)
anos, além da apreensão do veículo, cassação
Associação para o Tráfico de Drogas da habilitação respectiva ou proibição de obtê-la,
pelo mesmo prazo da pena privativa de liberdade
Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas aplicada, e pagamento de 200 (duzentos) a 400
para o fim de praticar, reiteradamente ou não, (quatrocentos) dias-multa.
qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e Parágrafo único. As penas de prisão e multa,
§ 1º, e 34 desta Lei: aplicadas cumulativamente com as demais, serão
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e de 4 (quatro) a 6 (seis) anos e de 400
pagamento de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e (quatrocentos) a 600 (seiscentos) dias-multa, se o
duzentos) dias-multa. veículo referido no caput deste artigo for de
Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput transporte coletivo de passageiros.
deste artigo incorre quem se associa para a
prática reiterada do crime definido no art. 36 Causas de Aumento de Pena
desta Lei.
Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta
Financiamento e Custeio do Tráfico de Drogas Lei são aumentadas de um sexto a dois terços,
se:
Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer I - a natureza, a procedência da substância ou do
dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e produto apreendido e as circunstâncias do fato
34 desta Lei: evidenciarem a transnacionalidade do delito;
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de
pagamento de 1.500 (mil e quinhentos) a 4.000 função pública ou no desempenho de missão de
(quatro mil) dias-multa. educação, poder familiar, guarda ou vigilância;
III - a infração tiver sido cometida nas
Colaboração como Informante dependências ou imediações de
estabelecimentos prisionais, de ensino ou
Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo, hospitalares, de sedes de entidades estudantis,
organização ou associação destinados à prática sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou
de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de
caput e § 1º, e 34 desta Lei: recintos onde se realizem espetáculos ou
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e diversões de qualquer natureza, de serviços de
pagamento de 300 (trezentos) a 700 (setecentos) tratamento de dependentes de drogas ou de
dias-multa. reinserção social, de unidades militares ou
policiais ou em transportes públicos;
IV - o crime tiver sido praticado com violência,
Prescrição Culposa de Drogas
grave ameaça, emprego de arma de fogo, ou
qualquer processo de intimidação difusa ou
Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente,
coletiva;
drogas, sem que delas necessite o paciente, ou
V - caracterizado o tráfico entre Estados da
fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo
Federação ou entre estes e o Distrito Federal;
com determinação legal ou regulamentar:
VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
ou adolescente ou a quem tenha, por qualquer
anos, e pagamento de 50 (cinquenta) a 200
motivo, diminuída ou suprimida a capacidade de
(duzentos) dias-multa.
entendimento e determinação;
Parágrafo único. O juiz comunicará a
VII - o agente financiar ou custear a prática do
condenação ao Conselho Federal da categoria
crime.
profissional a que pertença o agente.
Colaboração Voluntária Parágrafo único. Quando absolver o agente,
reconhecendo, por força pericial, que este
Art. 41. O indiciado ou acusado que colaborar apresentava, à época do fato previsto neste artigo,
voluntariamente com a investigação policial e o as condições referidas no caput deste artigo,
processo criminal na identificação dos demais co- poderá determinar o juiz, na sentença, o seu
autores ou partícipes do crime e na recuperação encaminhamento para tratamento médico
total ou parcial do produto do crime, no caso de adequado.
condenação, terá pena reduzida de um terço a Art. 46. As penas podem ser reduzidas de um
dois terços. terço a dois terços se, por força das
circunstâncias previstas no art. 45 desta Lei, o
agente não possuía, ao tempo da ação ou da
Fixação das Penas
omissão, a plena capacidade de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
Art. 42. O juiz, na fixação das penas, considerará,
acordo com esse entendimento.
com preponderância sobre o previsto no art. 59 do
Art. 47. Na sentença condenatória, o juiz, com
Código Penal, a natureza e a quantidade da
base em avaliação que ateste a necessidade de
substância ou do produto, a personalidade e a
encaminhamento do agente para tratamento,
conduta social do agente.
realizada por profissional de saúde com
competência específica na forma da lei,
Fixação da Multa determinará que a tal se proceda, observado o
disposto no art. 26 desta Lei.
Art. 43. Na fixação da multa a que se referem os
arts. 33 a 39 desta Lei, o juiz, atendendo ao que CAPÍTULO III
dispõe o art. 42 desta Lei, determinará o número
Do Procedimento Penal
de dias-multa, atribuindo a cada um, segundo as
condições econômicas dos acusados, valor não
Art. 48. O procedimento relativo aos processos
inferior a um trinta avos nem superior a 5 (cinco)
por crimes definidos neste Título rege-se pelo
vezes o maior salário-mínimo.
disposto neste Capítulo, aplicando-se,
Parágrafo único. As multas, que em caso de
subsidiariamente, as disposições do Código de
concurso de crimes serão impostas sempre
Processo Penal e da Lei de Execução Penal.
cumulativamente, podem ser aumentadas até o
§ 1º O agente de qualquer das condutas previstas
décuplo se, em virtude da situação econômica do
no art. 28 desta Lei, salvo se houver concurso
acusado, considerá-las o juiz ineficazes, ainda que
com os crimes previstos nos arts. 33 a 37 desta
aplicadas no máximo.
Lei, será processado e julgado na forma dos arts.
Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e
60 e seguintes da Lei nº 9.099, de 26 de setembro
§ 1º, e 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e
de 1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais
insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e
Criminais.
liberdade provisória, vedada a conversão de suas
§ 2º Tratando-se da conduta prevista no art. 28
penas em restritivas de direitos.
desta Lei, não se imporá prisão em flagrante,
Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput
devendo o autor do fato ser imediatamente
deste artigo, dar-se-á o livramento condicional
encaminhado ao juízo competente ou, na falta
após o cumprimento de dois terços da pena,
deste, assumir o compromisso de a ele
vedada sua concessão ao reincidente específico.
comparecer, lavrando-se termo circunstanciado
e providenciando-se as requisições dos exames e
Isenção de Pena perícias necessários.
§ 3º Se ausente a autoridade judicial, as
Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão providências previstas no § 2º deste artigo serão
da dependência, ou sob o efeito, proveniente de tomadas de imediato pela autoridade policial, no
caso fortuito ou força maior, de droga, era, ao local em que se encontrar, vedada a detenção do
tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha agente.
sido a infração penal praticada, inteiramente § 4º Concluídos os procedimentos de que trata o §
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de 2º deste artigo, o agente será submetido a exame
determinar-se de acordo com esse entendimento. de corpo de delito, se o requerer ou se a
autoridade de polícia judiciária entender Art. 51. O inquérito policial será concluído no
conveniente, e em seguida liberado. prazo de 30 (trinta) dias, se o indiciado estiver
§ 5º Para os fins do disposto no art. 76 da Lei nº preso, e de 90 (noventa) dias, quando solto.
9.099, de 1995, que dispõe sobre os Juizados Parágrafo único. Os prazos a que se refere este
Especiais Criminais, o Ministério Público poderá artigo podem ser duplicados pelo juiz, ouvido o
propor a aplicação imediata de pena prevista no Ministério Público, mediante pedido justificado da
art. 28 desta Lei, a ser especificada na proposta. autoridade de polícia judiciária.
Art. 49. Tratando-se de condutas tipificadas nos Art. 52. Findos os prazos a que se refere o art. 51
arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 desta Lei, o juiz, desta Lei, a autoridade de polícia judiciária,
sempre que as circunstâncias o recomendem, remetendo os autos do inquérito ao juízo:
empregará os instrumentos protetivos de I - relatará sumariamente as circunstâncias do
colaboradores e testemunhas previstos na Lei nº fato, justificando as razões que a levaram à
9.807, de 13 de julho de 1999. classificação do delito, indicando a quantidade e
natureza da substância ou do produto apreendido,
Seção I o local e as condições em que se desenvolveu a
Da Investigação ação criminosa, as circunstâncias da prisão, a
conduta, a qualificação e os antecedentes do
Art. 50. Ocorrendo prisão em flagrante, a agente; ou
autoridade de polícia judiciária fará, II - requererá sua devolução para a realização de
imediatamente, comunicação ao juiz competente, diligências necessárias.
remetendo-lhe cópia do auto lavrado, do qual será Parágrafo único. A remessa dos autos far-se-á
dada vista ao órgão do Ministério Público, em sem prejuízo de diligências complementares:
24 (vinte e quatro) horas. I - necessárias ou úteis à plena elucidação do fato,
§ 1º Para efeito da lavratura do auto de prisão em cujo resultado deverá ser encaminhado ao juízo
flagrante e estabelecimento da materialidade do competente até 3 (três) dias antes da audiência
delito, é suficiente o laudo de constatação da de instrução e julgamento;
natureza e quantidade da droga, firmado por II - necessárias ou úteis à indicação dos bens,
perito oficial ou, na falta deste, por pessoa direitos e valores de que seja titular o agente, ou
idônea. que figurem em seu nome, cujo resultado deverá
§ 2º O perito que subscrever o laudo a que se ser encaminhado ao juízo competente até 3 (três)
refere o § 1º deste artigo não ficará impedido de dias antes da audiência de instrução e
participar da elaboração do laudo definitivo. julgamento.
§ 3º Recebida cópia do auto de prisão em Art. 53. Em qualquer fase da persecução criminal
flagrante, o juiz, no prazo de 10 (dez) dias, relativa aos crimes previstos nesta Lei, são
certificará a regularidade formal do laudo de permitidos, além dos previstos em lei, mediante
constatação e determinará a destruição das autorização judicial e ouvido o Ministério
drogas apreendidas, guardando-se amostra Público, os seguintes procedimentos
necessária à realização do laudo definitivo. investigatórios:
§ 4º A destruição das drogas será executada pelo I - a infiltração por agentes de polícia, em tarefas
delegado de polícia competente no prazo de 15 de investigação, constituída pelos órgãos
(quinze) dias na presença do Ministério Público e especializados pertinentes;
da autoridade sanitária. II - a não-atuação policial sobre os portadores de
§ 5º O local será vistoriado antes e depois de drogas, seus precursores químicos ou outros
efetivada a destruição das drogas referida no § 3º, produtos utilizados em sua produção, que se
sendo lavrado auto circunstanciado pelo encontrem no território brasileiro, com a finalidade
delegado de polícia, certificando-se neste a de identificar e responsabilizar maior número de
destruição total delas. integrantes de operações de tráfico e distribuição,
Art. 50-A. A destruição das drogas apreendidas sem prejuízo da ação penal cabível.
sem a ocorrência de prisão em flagrante será feita Parágrafo único. Na hipótese do inciso II deste
por incineração, no prazo máximo de 30 (trinta) artigo, a autorização será concedida desde que
dias contados da data da apreensão, guardando- sejam conhecidos o itinerário provável e a
se amostra necessária à realização do laudo identificação dos agentes do delito ou de
definitivo. colaboradores.
Seção II atestar dependência de drogas, quando se
Da Instrução Criminal realizará em 90 (noventa) dias.
Art. 57. Na audiência de instrução e julgamento,
Art. 54. Recebidos em juízo os autos do inquérito após o interrogatório do acusado e a inquirição
policial, de Comissão Parlamentar de Inquérito ou das testemunhas, será dada a palavra,
peças de informação, dar-se-á vista ao Ministério sucessivamente, ao representante do Ministério
Público para, no prazo de 10 (dez) dias, adotar Público e ao defensor do acusado, para
uma das seguintes providências: sustentação oral, pelo prazo de 20 (vinte)
I - requerer o arquivamento; minutos para cada um, prorrogável por mais 10
II - requisitar às diligências que entender (dez), a critério do juiz.
necessárias; Parágrafo único. Após proceder ao interrogatório,
III - oferecer denúncia, arrolar até 5 (cinco) o juiz indagará das partes se restou algum fato
testemunhas e requerer as demais provas que para ser esclarecido, formulando as perguntas
entender pertinentes. correspondentes se o entender pertinente e
Art. 55. Oferecida a denúncia, o juiz ordenará a relevante.
notificação do acusado para oferecer defesa Art. 58. Encerrados os debates, proferirá o juiz
prévia, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. sentença de imediato, ou o fará em 10 (dez)
§ 1º Na resposta, consistente em defesa preliminar dias, ordenando que os autos para isso lhe sejam
e exceções, o acusado poderá arguir conclusos.
preliminares e invocar todas as razões de Art. 59. Nos crimes previstos nos arts. 33, caput e
defesa, oferecer documentos e justificações, § 1º, e 34 a 37 desta Lei, o réu não poderá apelar
especificar as provas que pretende produzir e, até sem recolher-se à prisão, salvo se for primário e
o número de 5 (cinco), arrolar testemunhas. de bons antecedentes, assim reconhecido na
§ 2º As exceções serão processadas em apartado, sentença condenatória.
nos termos dos arts. 95 a 113 do Decreto-Lei nº
3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de CAPÍTULO IV
Processo Penal. Da Apreensão, Arrecadação E Destinação De
§ 3º Se a resposta não for apresentada no prazo, Bens Do Acusado
o juiz nomeará defensor para oferecê-la em 10
(dez) dias, concedendo-lhe vista dos autos no ato Art. 60. O juiz, a requerimento do Ministério
de nomeação. Público ou do assistente de acusação, ou
§ 4º Apresentada a defesa, o juiz decidirá em 5 mediante representação da autoridade de polícia
(cinco) dias. judiciária, poderá decretar, no curso do inquérito
§ 5º Se entender imprescindível, o juiz, no prazo ou da ação penal, a apreensão e outras medidas
máximo de 10 (dez) dias, determinará a assecuratórias nos casos em que haja suspeita
apresentação do preso, realização de diligências, de que os bens, direitos ou valores sejam produto
exames e perícias. do crime ou constituam proveito dos crimes
Art. 56. Recebida a denúncia, o juiz designará dia previstos nesta Lei, procedendo-se na forma dos
e hora para a audiência de instrução e arts. 125 e seguintes do Decreto-Lei nº 3.689, de 3
julgamento, ordenará a citação pessoal do de outubro de 1941 - Código de Processo Penal.
acusado, a intimação do Ministério Público, do § 3º Na hipótese do art. 366 do Decreto-Lei nº
assistente, se for o caso, e requisitará os laudos 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de
periciais. Processo Penal, o juiz poderá determinar a prática
§ 1º Tratando-se de condutas tipificadas como de atos necessários à conservação dos bens,
infração do disposto nos arts. 33, caput e § 1º, e direitos ou valores.
34 a 37 desta Lei, o juiz, ao receber a denúncia, § 4º A ordem de apreensão ou sequestro de bens,
poderá decretar o afastamento cautelar do direitos ou valores poderá ser suspensa pelo juiz,
denunciado de suas atividades, se for funcionário ouvido o Ministério Público, quando a sua
público, comunicando ao órgão respectivo. execução imediata puder comprometer as
§ 2º A audiência a que se refere o caput deste investigações.
artigo será realizada dentro dos 30 (trinta) dias § 5º Decretadas quaisquer das medidas previstas
seguintes ao recebimento da denúncia, salvo se no caput deste artigo, o juiz facultará ao acusado
determinada a realização de avaliação para que, no prazo de 5 (cinco) dias, apresente
provas, ou requeira a produção delas, acerca da e os bens apreendidos, a descrição e
origem lícita do bem ou do valor objeto da decisão, especificação dos objetos, as informações sobre
exceto no caso de veículo apreendido em quem os tiver sob custódia e o local em que se
transporte de droga ilícita. encontrem.
§ 6º Provada a origem lícita do bem ou do valor, o § 3º O juiz determinará a avaliação dos bens
juiz decidirá por sua liberação, exceto no caso de apreendidos, que será realizada por oficial de
veículo apreendido em transporte de droga ilícita, justiça, no prazo de 5 (cinco) dias a contar da
cuja destinação observará o disposto nos arts. 61 autuação, ou, caso sejam necessários
e 62 desta Lei, ressalvado o direito de terceiro de conhecimentos especializados, por avaliador
boa-fé. nomeado pelo juiz, em prazo não superior a 10
Art. 60-A. Se as medidas assecuratórias de que (dez) dias.
trata o art. 60 desta Lei recaírem sobre moeda § 4º Feita a avaliação, o juiz intimará o órgão
estrangeira, títulos, valores mobiliários ou cheques gestor do Funad, o Ministério Público e o
emitidos como ordem de pagamento, será interessado para se manifestarem no prazo de 5
determinada, imediatamente, a sua conversão (cinco) dias e, dirimidas eventuais divergências,
em moeda nacional. homologará o valor atribuído aos bens.
§ 1º A moeda estrangeira apreendida em espécie § 9º O Ministério Público deve fiscalizar o
deve ser encaminhada a instituição financeira, ou cumprimento da regra estipulada no § 1º deste
equiparada, para alienação na forma prevista pelo artigo.
Conselho Monetário Nacional. § 10. Aplica-se a todos os tipos de bens
§ 2º Na hipótese de impossibilidade da alienação a confiscados a regra estabelecida no § 1º deste
que se refere o § 1º deste artigo, a moeda artigo.
estrangeira será custodiada pela instituição § 11. Os bens móveis e imóveis devem ser
financeira até decisão sobre o seu destino. vendidos por meio de hasta pública,
§ 3º Após a decisão sobre o destino da moeda preferencialmente por meio eletrônico,
estrangeira a que se refere o § 2º deste artigo, assegurada a venda pelo maior lance, por preço
caso seja verificada a inexistência de valor de não inferior a 50% (cinquenta por cento) do valor
mercado, seus espécimes poderão ser destruídos da avaliação judicial.
ou doados à representação diplomática do país § 12. O juiz ordenará às secretarias de fazenda e
de origem. aos órgãos de registro e controle que efetuem as
§ 4º Os valores relativos às apreensões feitas averbações necessárias, tão logo tenha
antes da data de entrada em vigor da Medida conhecimento da apreensão.
Provisória nº 885, de 17 de junho de 2019, e que § 13. Na alienação de veículos, embarcações ou
estejam custodiados nas dependências do Banco aeronaves, a autoridade de trânsito ou o órgão
Central do Brasil devem ser transferidos à Caixa congênere competente para o registro, bem como
Econômica Federal, no prazo de 360 (trezentos e as secretarias de fazenda, devem proceder à
sessenta) dias, para que se proceda à alienação regularização dos bens no prazo de 30 (trinta)
ou custódia, de acordo com o previsto nesta Lei. dias, ficando o arrematante isento do pagamento
Art. 61. A apreensão de veículos, embarcações, de multas, encargos e tributos anteriores, sem
aeronaves e quaisquer outros meios de transporte prejuízo de execução fiscal em relação ao antigo
e dos maquinários, utensílios, instrumentos e proprietário.
objetos de qualquer natureza utilizados para a § 14. Eventuais multas, encargos ou tributos
prática, habitual ou não, dos crimes definidos pendentes de pagamento não podem ser
nesta Lei será imediatamente comunicada pela cobrados do arrematante ou do órgão público
autoridade de polícia judiciária responsável pela alienante como condição para regularização dos
investigação ao juízo competente. bens.
§ 1º O juiz, no prazo de 30 (trinta) dias contado § 15. Na hipótese de que trata o § 13 deste artigo,
da comunicação de que trata o caput, determinará a autoridade de trânsito ou o órgão congênere
a alienação dos bens apreendidos, excetuadas as competente para o registro poderá emitir novos
armas, que serão recolhidas na forma da identificadores dos bens.
legislação específica. Art. 62. Comprovado o interesse público na
§ 2º A alienação será realizada em autos utilização de quaisquer dos bens de que trata o
apartados, dos quais constará a exposição art. 61, os órgãos de polícia judiciária, militar e
sucinta do nexo de instrumentalidade entre o delito rodoviária poderão deles fazer uso, sob sua
responsabilidade e com o objetivo de sua § 2º Na hipótese de absolvição do acusado em
conservação, mediante autorização judicial, decisão judicial, o valor do depósito será devolvido
ouvido o Ministério Público e garantida a prévia a ele pela Caixa Econômica Federal no prazo de
avaliação dos respectivos bens. até 3 (três) dias úteis, acrescido de juros, na
§ 1º-A. O juízo deve cientificar o órgão gestor do forma estabelecida pelo § 4º do art. 39 da Lei nº
Funad para que, em 10 (dez) dias, avalie a 9.250, de 26 de dezembro de 1995.
existência do interesse público mencionado no § 3º Na hipótese de decretação do seu perdimento
caput deste artigo e indique o órgão que deve em favor da União, o valor do depósito será
receber o bem. transformado em pagamento definitivo,
§ 1º-B. Têm prioridade, para os fins do § 1º-A respeitados os direitos de eventuais lesados e de
deste artigo, os órgãos de segurança pública que terceiros de boa-fé.
participaram das ações de investigação ou § 4º Os valores devolvidos pela Caixa Econômica
repressão ao crime que deu causa à medida. Federal, por decisão judicial, devem ser efetuados
§ 2º A autorização judicial de uso de bens como anulação de receita do Funad no exercício
deverá conter a descrição do bem e a respectiva em que ocorrer a devolução.
avaliação e indicar o órgão responsável por sua § 5º A Caixa Econômica Federal deve manter o
utilização. controle dos valores depositados ou devolvidos.
§ 3º O órgão responsável pela utilização do bem Art. 63. Ao proferir a sentença, o juiz decidirá
deverá enviar ao juiz periodicamente, ou a sobre:
qualquer momento quando por este solicitado, I - o perdimento do produto, bem, direito ou valor
informações sobre seu estado de conservação. apreendido ou objeto de medidas assecuratórias;
§ 4º Quando a autorização judicial recair sobre e
veículos, embarcações ou aeronaves, o juiz II - o levantamento dos valores depositados em
ordenará à autoridade ou ao órgão de registro e conta remunerada e a liberação dos bens
controle a expedição de certificado provisório utilizados nos termos do art. 62.
de registro e licenciamento em favor do órgão § 1º Os bens, direitos ou valores apreendidos em
ao qual tenha deferido o uso ou custódia, ficando decorrência dos crimes tipificados nesta Lei ou
este livre do pagamento de multas, encargos e objeto de medidas assecuratórias, após decretado
tributos anteriores à decisão de utilização do bem seu perdimento em favor da União, serão
até o trânsito em julgado da decisão que decretar revertidos diretamente ao Funad.
o seu perdimento em favor da União. § 2º O juiz remeterá ao órgão gestor do Funad
§ 5º Na hipótese de levantamento, se houver relação dos bens, direitos e valores declarados
indicação de que os bens utilizados na forma perdidos, indicando o local em que se encontram e
deste artigo sofreram depreciação superior a entidade ou o órgão em cujo poder estejam,
àquela esperada em razão do transcurso do para os fins de sua destinação nos termos da
tempo e do uso, poderá o interessado requerer legislação vigente.
nova avaliação judicial. § 4º Transitada em julgado a sentença
§ 6º Constatada a depreciação de que trata o § 5º, condenatória, o juiz do processo, de ofício ou a
o ente federado ou a entidade que utilizou o bem requerimento do Ministério Público, remeterá à
indenizará o detentor ou proprietário dos bens. Senad relação dos bens, direitos e valores
Art. 62-A. O depósito, em dinheiro, de valores declarados perdidos em favor da União,
referentes ao produto da alienação ou a indicando, quanto aos bens, o local em que se
numerários apreendidos ou que tenham sido encontram e a entidade ou o órgão em cujo poder
convertidos deve ser efetuado na Caixa estejam, para os fins de sua destinação nos
Econômica Federal, por meio de documento de termos da legislação vigente.
arrecadação destinado a essa finalidade. § 4º-A. Antes de encaminhar os bens ao órgão
§ 1º Os depósitos a que se refere o caput deste gestor do Funad, o juíz deve:
artigo devem ser transferidos, pela Caixa I - ordenar às secretarias de fazenda e aos órgãos
Econômica Federal, para a conta única do de registro e controle que efetuem as averbações
Tesouro Nacional, independentemente de necessárias, caso não tenham sido realizadas
qualquer formalidade, no prazo de 24 (vinte e quando da apreensão; e
quatro) horas, contado do momento da realização II - determinar, no caso de imóveis, o registro de
do depósito, onde ficarão à disposição do Funad. propriedade em favor da União no cartório de
registro de imóveis competente, nos termos do
caput e do parágrafo único do art. 243 da assegurada a venda pelo maior lance, por preço
Constituição Federal, afastada a responsabilidade não inferior a 50% (cinquenta por cento) do valor
de terceiros prevista no inciso VI do caput do art. da avaliação.
134 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 § 2º O edital do leilão a que se refere o § 1º deste
(Código Tributário Nacional), bem como artigo será amplamente divulgado em jornais de
determinar à Secretaria de Coordenação e grande circulação e em sítios eletrônicos oficiais,
Governança do Patrimônio da União a principalmente no Município em que será
incorporação e entrega do imóvel, tornando-o livre realizado, dispensada a publicação em diário
e desembaraçado de quaisquer ônus para sua oficial.
destinação. § 3º Nas alienações realizadas por meio de
§ 6º Na hipótese do inciso II do caput, decorridos sistema eletrônico da administração pública, a
360 (trezentos e sessenta) dias do trânsito em publicidade dada pelo sistema substituirá a
julgado e do conhecimento da sentença pelo publicação em diário oficial e em jornais de grande
interessado, os bens apreendidos, os que tenham circulação.
sido objeto de medidas assecuratórias ou os § 4º Na alienação de imóveis, o arrematante fica
valores depositados que não forem reclamados livre do pagamento de encargos e tributos
serão revertidos ao Funad. anteriores, sem prejuízo de execução fiscal em
Art. 63-A. Nenhum pedido de restituição será relação ao antigo proprietário.
conhecido sem o comparecimento pessoal do § 5º Na alienação de veículos, embarcações ou
acusado, podendo o juiz determinar a prática de aeronaves deverão ser observadas as disposições
atos necessários à conservação de bens, direitos dos §§ 13 e 15 do art. 61 desta Lei.
ou valores. § 6º Aplica-se às alienações de que trata este
Art. 63-B. O juiz determinará a liberação total ou artigo a proibição relativa à cobrança de multas,
parcial dos bens, direitos e objeto de medidas encargos ou tributos prevista no § 14 do art. 61
assecuratórias quando comprovada a licitude de desta Lei.
sua origem, mantendo-se a constrição dos bens, § 7º A Senad, do Ministério da Justiça e
direitos e valores necessários e suficientes à Segurança Pública, pode celebrar convênios ou
reparação dos danos e ao pagamento de instrumentos congêneres com órgãos e
prestações pecuniárias, multas e custas entidades da União, dos Estados, do Distrito
decorrentes da infração penal. Federal ou dos Municípios, bem como com
Art. 63-C. Compete à Senad, do Ministério da comunidades terapêuticas acolhedoras, a fim de
Justiça e Segurança Pública, proceder à dar imediato cumprimento ao estabelecido neste
destinação dos bens apreendidos e não artigo.
leiloados em caráter cautelar, cujo perdimento § 8º Observados os procedimentos licitatórios
seja decretado em favor da União, por meio das previstos em lei, fica autorizada a contratação da
seguintes modalidades: iniciativa privada para a execução das ações de
I - alienação, mediante: avaliação, de administração e de alienação dos
a) licitação; bens a que se refere esta Lei.
b) doação com encargo a entidades ou órgãos Art. 63-D. Compete ao Ministério da Justiça e
públicos, bem como a comunidades terapêuticas Segurança Pública regulamentar os
acolhedoras que contribuam para o alcance das procedimentos relativos à administração, à
finalidades do Funad; ou preservação e à destinação dos recursos
c) venda direta, observado o disposto no inciso II provenientes de delitos e atos ilícitos e estabelecer
do caput do art. 24 da Lei nº 8.666, de 21 de os valores abaixo dos quais se deve proceder à
junho de 1993; sua destruição ou inutilização.
II - incorporação ao patrimônio de órgão da Art. 63-E. O produto da alienação dos bens
administração pública, observadas as finalidades apreendidos ou confiscados será revertido
do Funad; integralmente ao Funad, nos termos do parágrafo
III - destruição; ou único do art. 243 da Constituição Federal, vedada
IV - inutilização. a sub-rogação sobre o valor da arrematação para
§ 1º A alienação por meio de licitação deve ser saldar eventuais multas, encargos ou tributos
realizada na modalidade leilão, para bens móveis pendentes de pagamento.
e imóveis, independentemente do valor de
avaliação, isolado ou global, de bem ou de lotes,
Parágrafo único. O disposto no caput deste organismos internacionais e, quando necessário,
artigo não prejudica o ajuizamento de execução deles solicitará a colaboração, nas áreas de:
fiscal em relação aos antigos devedores. I - intercâmbio de informações sobre legislações,
Art. 63-F. Na hipótese de condenação por experiências, projetos e programas voltados para
infrações às quais esta Lei comine pena máxima atividades de prevenção do uso indevido, de
superior a 6 (seis) anos de reclusão, poderá ser atenção e de reinserção social de usuários e
decretada a perda, como produto ou proveito do dependentes de drogas;
crime, dos bens correspondentes à diferença entre II - intercâmbio de inteligência policial sobre
o valor do patrimônio do condenado e aquele produção e tráfico de drogas e delitos conexos,
compatível com o seu rendimento lícito. em especial o tráfico de armas, a lavagem de
§ 1º A decretação da perda prevista no caput dinheiro e o desvio de precursores químicos;
deste artigo fica condicionada à existência de III - intercâmbio de informações policiais e
elementos probatórios que indiquem conduta judiciais sobre produtores e traficantes de drogas
criminosa habitual, reiterada ou profissional do e seus precursores químicos.
condenado ou sua vinculação a organização
criminosa. TÍTULO VI
§ 2º Para efeito da perda prevista no caput deste DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
artigo, entende-se por patrimônio do condenado
todos os bens: Art. 66. Para fins do disposto no parágrafo único
I - de sua titularidade, ou sobre os quais tenha do art. 1º desta Lei, até que seja atualizada a
domínio e benefício direto ou indireto, na data da terminologia da lista mencionada no preceito,
infração penal, ou recebidos posteriormente; e denominam-se drogas substâncias
II - transferidos a terceiros a título gratuito ou entorpecentes, psicotrópicas, precursoras e
mediante contraprestação irrisória, a partir do outras sob controle especial, da Portaria SVS/MS
início da atividade criminal. nº 344, de 12 de maio de 1998.
§ 3º O condenado poderá demonstrar a Art. 67. A liberação dos recursos previstos na Lei
inexistência da incompatibilidade ou a nº 7.560, de 19 de dezembro de 1986, em favor de
procedência lícita do patrimônio. Estados e do Distrito Federal, dependerá de sua
Art. 64. A União, por intermédio da Senad, poderá adesão e respeito às diretrizes básicas contidas
firmar convênio com os Estados, com o Distrito nos convênios firmados e do fornecimento de
Federal e com organismos orientados para a dados necessários à atualização do sistema
prevenção do uso indevido de drogas, a atenção e previsto no art. 17 desta Lei, pelas respectivas
a reinserção social de usuários ou dependentes e polícias judiciárias.
a atuação na repressão à produção não Art. 67-A. Os gestores e entidades que recebam
autorizada e ao tráfico ilícito de drogas, com vistas recursos públicos para execução das políticas
na liberação de equipamentos e de recursos sobre drogas deverão garantir o acesso às suas
por ela arrecadados, para a implantação e instalações, à documentação e a todos os
execução de programas relacionados à questão elementos necessários à efetiva fiscalização
das drogas. pelos órgãos competentes.
Art. 68. A União, os Estados, o Distrito Federal e
TÍTULO V os Municípios poderão criar estímulos fiscais e
DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL outros, destinados às pessoas físicas e jurídicas
que colaborem na prevenção do uso indevido de
Art. 65. De conformidade com os princípios da drogas, atenção e reinserção social de usuários e
não-intervenção em assuntos internos, da dependentes e na repressão da produção não
igualdade jurídica e do respeito à integridade autorizada e do tráfico ilícito de drogas.
territorial dos Estados e às leis e aos Art. 69. No caso de falência ou liquidação
regulamentos nacionais em vigor, e observado o extrajudicial de empresas ou estabelecimentos
espírito das Convenções das Nações Unidas e hospitalares, de pesquisa, de ensino, ou
outros instrumentos jurídicos internacionais congêneres, assim como nos serviços de saúde
relacionados à questão das drogas, de que o que produzirem, venderem, adquirirem,
Brasil é parte, o governo brasileiro prestará, consumirem, prescreverem ou fornecerem drogas
quando solicitado, cooperação a outros países e ou de qualquer outro em que existam essas
substâncias ou produtos, incumbe ao juízo perante DEFINE OS CRIMES RESULTANTES DE
o qual tramite o feito: PRECONCEITO DE RAÇA OU DE COR
I - determinar, imediatamente à ciência da falência (LEI Nº 7.716/89)
ou liquidação, sejam lacradas suas instalações;
II - ordenar à autoridade sanitária competente a Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os
urgente adoção das medidas necessárias ao crimes resultantes de discriminação ou
recebimento e guarda, em depósito, das drogas preconceito de raça, cor, etnia, religião ou
arrecadadas; procedência nacional.
III - dar ciência ao órgão do Ministério Público, Art. 3º Impedir ou obstar o acesso de alguém,
para acompanhar o feito. devidamente habilitado, a qualquer cargo da
§ 1º Da licitação para alienação de substâncias ou Administração Direta ou Indireta, bem como das
produtos não proscritos referidos no inciso II do concessionárias de serviços públicos.
caput deste artigo, só podem participar pessoas Pena - reclusão de dois a cinco anos.
jurídicas regularmente habilitadas na área de Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem,
saúde ou de pesquisa científica que comprovem por motivo de discriminação de raça, cor, etnia,
a destinação lícita a ser dada ao produto a ser religião ou procedência nacional, obstar a
arrematado. promoção funcional.
§ 2º Ressalvada a hipótese de que trata o § 3º Art. 4º Negar ou obstar emprego em empresa
deste artigo, o produto não arrematado será, ato privada.
contínuo à hasta pública, destruído pela Pena - reclusão de dois a cinco anos.
autoridade sanitária, na presença dos Conselhos §1° Incorre na mesma pena quem, por motivo de
Estaduais sobre Drogas e do Ministério Público. discriminação de raça ou de cor ou práticas
§ 3º Figurando entre o praceado e não resultantes do preconceito de descendência ou
arrematadas especialidades farmacêuticas em origem nacional ou étnica:
condições de emprego terapêutico, ficarão elas I - deixar de conceder os equipamentos
depositadas sob a guarda do Ministério da Saúde, necessários ao empregado em igualdade de
que as destinará à rede pública de saúde. condições com os demais trabalhadores;
Art. 70. O processo e o julgamento dos crimes II - impedir a ascensão funcional do empregado
previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei, se ou obstar outra forma de benefício profissional;
caracterizado ilícito transnacional, são da III - proporcionar ao empregado tratamento
competência da Justiça Federal. diferenciado no ambiente de trabalho,
Parágrafo único. Os crimes praticados nos especialmente quanto ao salário.
Municípios que não sejam sede de vara federal § 2° Ficará sujeito às penas de multa e de
serão processados e julgados na vara federal da prestação de serviços à comunidade, incluindo
circunscrição respectiva. atividades de promoção da igualdade racial, quem,
Art. 72. Encerrado o processo criminal ou em anúncios ou qualquer outra forma de
arquivado o inquérito policial, o juiz, de ofício, recrutamento de trabalhadores, exigir aspectos
mediante representação da autoridade de polícia de aparência próprios de raça ou etnia para
judiciária, ou a requerimento do Ministério Público, emprego cujas atividades não justifiquem essas
determinará a destruição das amostras exigências.
guardadas para contraprova, certificando nos Art. 5º Recusar ou impedir acesso a
autos. estabelecimento comercial, negando-se a servir,
Art. 73. A União poderá estabelecer convênios atender ou receber cliente ou comprador.
com os Estados e o com o Distrito Federal, Pena - reclusão de um a três anos.
visando à prevenção e repressão do tráfico ilícito Art. 6º Recusar, negar ou impedir a inscrição ou
e do uso indevido de drogas, e com os Municípios, ingresso de aluno em estabelecimento de ensino
com o objetivo de prevenir o uso indevido delas e público ou privado de qualquer grau.
de possibilitar a atenção e reinserção social de Pena - reclusão de três a cinco anos.
usuários e dependentes de drogas. Parágrafo único. Se o crime for praticado contra
menor de dezoito anos a pena é agravada de 1/3
(um terço).
Art. 7º Impedir o acesso ou recusar hospedagem Pena - reclusão de dois a cinco anos e multa.
em hotel, pensão, estalagem, ou qualquer § 3º No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá
estabelecimento similar. determinar, ouvido o Ministério Público ou a
Pena - reclusão de três a cinco anos. pedido deste, ainda antes do inquérito policial, sob
Art. 8º Impedir o acesso ou recusar atendimento pena de desobediência:
em restaurantes, bares, confeitarias, ou locais I - o recolhimento imediato ou a busca e
semelhantes abertos ao público. apreensão dos exemplares do material
Pena - reclusão de um a três anos. respectivo;
Art. 9º Impedir o acesso ou recusar atendimento II - a cessação das respectivas transmissões
em estabelecimentos esportivos, casas de radiofônicas, televisivas, eletrônicas ou da
diversões, ou clubes sociais abertos ao público. publicação por qualquer meio;
Pena - reclusão de um a três anos. III - a interdição das respectivas mensagens ou
Art. 10. Impedir o acesso ou recusar atendimento páginas de informação na rede mundial de
em salões de cabeleireiros, barbearias, termas ou computadores.
casas de massagem ou estabelecimento com as § 4º Na hipótese do § 2º, constitui efeito da
mesmas finalidades. condenação, após o trânsito em julgado da
Pena - reclusão de um a três anos. decisão, a destruição do material apreendido
Art. 11. Impedir o acesso às entradas sociais
em edifícios públicos ou residenciais e elevadores ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
ou escada de acesso aos mesmos: (LEI Nº 8.069/90)
Pena - reclusão de um a três anos.
Art. 12. Impedir o acesso ou uso de transportes
TÍTULO I
públicos, como aviões, navios barcas, barcos,
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
ônibus, trens, metrô ou qualquer outro meio de
transporte concedido.
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral
Pena - reclusão de um a três anos.
à criança e ao adolescente.
Art. 13. Impedir ou obstar o acesso de alguém ao
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta
serviço em qualquer ramo das Forças Armadas.
Lei, a pessoa até doze anos de idade
Pena - reclusão de dois a quatro anos.
incompletos, e adolescente aquela entre doze e
Art. 14. Impedir ou obstar, por qualquer meio ou
dezoito anos de idade.
forma, o casamento ou convivência familiar e
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei,
social.
aplica-se excepcionalmente este Estatuto às
Pena - reclusão de dois a quatro anos.
pessoas entre dezoito e vinte e um anos de
Art. 16. Constitui efeito da condenação a perda
idade.
do cargo ou função pública, para o servidor
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos
público, e a suspensão do funcionamento do
os direitos fundamentais inerentes à pessoa
estabelecimento particular por prazo não superior
humana, sem prejuízo da proteção integral de que
a três meses.
trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por
Art. 18. Os efeitos de que tratam os arts. 16 e 17
outros meios, todas as oportunidades e
desta Lei não são automáticos, devendo ser
facilidades, a fim de lhes facultar o
motivadamente declarados na sentença.
desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e
Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a
social, em condições de liberdade e de dignidade.
discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia,
Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta
religião ou procedência nacional.
Lei aplicam-se a todas as crianças e
Pena - reclusão de um a três anos e multa.
adolescentes, sem discriminação de nascimento,
§ 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular
situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor,
símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou
religião ou crença, deficiência, condição pessoal
propaganda que utilizem a cruz suástica ou
de desenvolvimento e aprendizagem, condição
gamada, para fins de divulgação do nazismo.
econômica, ambiente social, região e local de
Pena - reclusão de dois a cinco anos e multa.
moradia ou outra condição que diferencie as
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é
pessoas, as famílias ou a comunidade em que
cometido por intermédio dos meios de
vivem.
comunicação social ou publicação de qualquer
natureza:
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da trimestre da gestação, ao estabelecimento em que
sociedade em geral e do poder público assegurar, será realizado o parto, garantido o direito de opção
com absoluta prioridade, a efetivação dos da mulher.
direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, § 3° Os serviços de saúde onde o parto for
à educação, ao esporte, ao lazer, à realizado assegurarão às mulheres e aos seus
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao filhos recém-nascidos alta hospitalar
respeito, à liberdade e à convivência familiar e responsável e contrarreferência na atenção
comunitária. primária, bem como o acesso a outros serviços e
Parágrafo único. A garantia de prioridade a grupos de apoio à amamentação.
compreende: § 4° Incumbe ao poder público proporcionar
a) primazia de receber proteção e socorro em assistência psicológica à gestante e à mãe, no
quaisquer circunstâncias; período pré e pós-natal, inclusive como forma de
b) precedência de atendimento nos serviços prevenir ou minorar as consequências do estado
públicos ou de relevância pública; puerperal.
c) preferência na formulação e na execução das § 5° A assistência referida no § 4° deste artigo
políticas sociais públicas; deverá ser prestada também a gestantes e mães
d) destinação privilegiada de recursos públicos que manifestem interesse em entregar seus
nas áreas relacionadas com a proteção à filhos para adoção, bem como a gestantes e
infância e à juventude. mães que se encontrem em situação de privação
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será de liberdade.
objeto de qualquer forma de negligência, § 6° A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um)
discriminação, exploração, violência, crueldade e acompanhante de sua preferência durante o
opressão, punido na forma da lei qualquer período do pré-natal, do trabalho de parto e do
atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos pós-parto imediato.
fundamentais. § 7° A gestante deverá receber orientação sobre
Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em aleitamento materno, alimentação complementar
conta os fins sociais a que ela se dirige, as saudável e crescimento e desenvolvimento infantil,
exigências do bem comum, os direitos e deveres bem como sobre formas de favorecer a criação de
individuais e coletivos, e a condição peculiar da vínculos afetivos e de estimular o desenvolvimento
criança e do adolescente como pessoas em integral da criança.
desenvolvimento. § 8° A gestante tem direito a acompanhamento
saudável durante toda a gestação e a parto
TÍTULO II natural cuidadoso, estabelecendo-se a aplicação
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS de cesariana e outras intervenções cirúrgicas por
CAPÍTULO I motivos médicos.
Do Direito à Vida e à Saúde § 9° A atenção primária à saúde fará a busca
ativa da gestante que não iniciar ou que
Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a abandonar as consultas de pré-natal, bem como
proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação da puérpera que não comparecer às consultas
de políticas sociais públicas que permitam o pós-parto.
nascimento e o desenvolvimento sadio e § 10. Incumbe ao poder público garantir, à
harmonioso, em condições dignas de existência. gestante e à mulher com filho na primeira infância
Art. 8° É assegurado a todas as mulheres o que se encontrem sob custódia em unidade de
acesso aos programas e às políticas de saúde privação de liberdade, ambiência que atenda às
da mulher e de planejamento reprodutivo e, às normas sanitárias e assistenciais do Sistema
gestantes, nutrição adequada, atenção Único de Saúde para o acolhimento do filho, em
humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério e articulação com o sistema de ensino competente,
atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal visando ao desenvolvimento integral da criança.
integral no âmbito do Sistema Único de Saúde. Art. 8º-A. Fica instituída a Semana Nacional de
§ 1° O atendimento pré-natal será realizado por Prevenção da Gravidez na Adolescência, a ser
profissionais da atenção primária. realizada anualmente na semana que incluir o dia
§ 2° Os profissionais de saúde de referência da 1º de fevereiro, com o objetivo de disseminar
gestante garantirão sua vinculação, no último informações sobre medidas preventivas e
educativas que contribuam para a redução da a) fenilcetonúria e outras hiperfenilalaninemias;
incidência da gravidez na adolescência. b) hipotireoidismo congênito;
Parágrafo único. As ações destinadas a efetivar c) doença falciforme e outras hemoglobinopatias;
o disposto no caput deste artigo ficarão a cargo d) fibrose cística;
do poder público, em conjunto com organizações e) hiperplasia adrenal congênita;
da sociedade civil, e serão dirigidas f) deficiência de biotinidase;
prioritariamente ao público adolescente. g) toxoplasmose congênita;
Art. 9º O poder público, as instituições e os II - etapa 2:
empregadores propiciarão condições adequadas a) galactosemias;
ao aleitamento materno, inclusive aos filhos de b) aminoacidopatias
mães submetidas a medida privativa de liberdade. c) distúrbios do ciclo da ureia;
§ 1° Os profissionais das unidades primárias de d) distúrbios da betaoxidação dos ácidos graxos;
saúde desenvolverão ações sistemáticas, III - etapa 3: doenças lisossômicas;
individuais ou coletivas, visando ao planejamento, IV - etapa 4: imunodeficiências primárias;
à implementação e à avaliação de ações de V - etapa 5: atrofia muscular espinhal.
promoção, proteção e apoio ao aleitamento § 2º A delimitação de doenças a serem rastreadas
materno e à alimentação complementar saudável, pelo teste do pezinho, no âmbito do PNTN, será
de forma contínua. revisada periodicamente, com base em evidências
§ 2° Os serviços de unidades de terapia intensiva científicas, considerados os benefícios do
neonatal deverão dispor de banco de leite rastreamento, do diagnóstico e do tratamento
humano ou unidade de coleta de leite humano. precoce, priorizando as doenças com maior
Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos prevalência no País, com protocolo de tratamento
de atenção à saúde de gestantes, públicos e aprovado e com tratamento incorporado no
particulares, são obrigados a: Sistema Único de Saúde.
I - manter registro das atividades desenvolvidas, § 3º O rol de doenças constante do § 1º deste
através de prontuários individuais, pelo prazo de artigo poderá ser expandido pelo poder público
dezoito anos; com base nos critérios estabelecidos no § 2º deste
II - identificar o recém-nascido mediante o registro artigo.
de sua impressão plantar e digital e da impressão § 4º Durante os atendimentos de pré-natal e de
digital da mãe, sem prejuízo de outras formas puerpério imediato, os profissionais de saúde
normatizadas pela autoridade administrativa devem informar a gestante e os acompanhantes
competente; sobre a importância do teste do pezinho e sobre
III - proceder a exames visando ao diagnóstico e as eventuais diferenças existentes entre as
terapêutica de anormalidades no metabolismo do modalidades oferecidas no Sistema Único de
recém-nascido, bem como prestar orientação aos Saúde e na rede privada de saúde.
pais; Art. 11. É assegurado acesso integral às linhas
IV - fornecer declaração de nascimento onde de cuidado voltadas à saúde da criança e do
constem necessariamente as intercorrências do adolescente, por intermédio do Sistema Único de
parto e do desenvolvimento do neonato; Saúde, observado o princípio da equidade no
V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao acesso a ações e serviços para promoção,
neonato a permanência junto à mãe. proteção e recuperação da saúde.
VI - acompanhar a prática do processo de § 1° A criança e o adolescente com deficiência
amamentação, prestando orientações quanto à serão atendidos, sem discriminação ou
técnica adequada, enquanto a mãe permanecer segregação, em suas necessidades gerais de
na unidade hospitalar, utilizando o corpo técnico já saúde e específicas de habilitação e reabilitação.
existente. § 2° Incumbe ao poder público fornecer
§ 1º Os testes para o rastreamento de doenças gratuitamente, àqueles que necessitarem,
no recém-nascido serão disponibilizados pelo medicamentos, órteses, próteses e outras
Sistema Único de Saúde, no âmbito do Programa tecnologias assistivas relativas ao tratamento,
Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), na forma habilitação ou reabilitação para crianças e
da regulamentação elaborada pelo Ministério da adolescentes, de acordo com as linhas de cuidado
Saúde, com implementação de forma escalonada, voltadas às suas necessidades específicas.
de acordo com a seguinte ordem de progressão: § 3° Os profissionais que atuam no cuidado diário
I - etapa 1: ou frequente de crianças na primeira infância
receberão formação específica e permanente para orientações sobre saúde bucal. (Incluído pela Lei
a detecção de sinais de risco para o nº 13.257, de 2016)
desenvolvimento psíquico, bem como para o § 4° A criança com necessidade de cuidados
acompanhamento que se fizer necessário. odontológicos especiais será atendida pelo
Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à Sistema Único de Saúde.
saúde, inclusive as unidades neonatais, de terapia § 5º É obrigatória a aplicação a todas as
intensiva e de cuidados intermediários, deverão crianças, nos seus primeiros dezoito meses de
proporcionar condições para a permanência em vida, de protocolo ou outro instrumento construído
tempo integral de um dos pais ou responsável, com a finalidade de facilitar a detecção, em
nos casos de internação de criança ou consulta pediátrica de acompanhamento da
adolescente. criança, de risco para o seu desenvolvimento
Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de psíquico.
castigo físico, de tratamento cruel ou degradante e
de maus-tratos contra criança ou adolescente CAPÍTULO II
serão obrigatoriamente comunicados ao Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à
Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem Dignidade
prejuízo de outras providências legais.
§ 1° As gestantes ou mães que manifestem Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à
interesse em entregar seus filhos para adoção liberdade, ao respeito e à dignidade como
serão obrigatoriamente encaminhadas, sem pessoas humanas em processo de
constrangimento, à Justiça da Infância e da desenvolvimento e como sujeitos de direitos
Juventude. civis, humanos e sociais garantidos na
§ 2° Os serviços de saúde em suas diferentes Constituição e nas leis.
portas de entrada, os serviços de assistência Art. 16. O direito à liberdade compreende os
social em seu componente especializado, o Centro seguintes aspectos:
de Referência Especializado de Assistência Social I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e
(Creas) e os demais órgãos do Sistema de espaços comunitários, ressalvadas as restrições
Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente legais;
deverão conferir máxima prioridade ao II - opinião e expressão;
atendimento das crianças na faixa etária da III - crença e culto religioso;
primeira infância com suspeita ou confirmação IV - brincar, praticar esportes e divertir-se;
de violência de qualquer natureza, formulando V - participar da vida familiar e comunitária, sem
projeto terapêutico singular que inclua intervenção discriminação;
em rede e, se necessário, acompanhamento VI - participar da vida política, na forma da lei;
domiciliar. VII - buscar refúgio, auxílio e orientação.
Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá Art. 17. O direito ao respeito consiste na
programas de assistência médica e odontológica inviolabilidade da integridade física, psíquica e
para a prevenção das enfermidades que moral da criança e do adolescente, abrangendo a
ordinariamente afetam a população infantil, e preservação da imagem, da identidade, da
campanhas de educação sanitária para pais, autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos
educadores e alunos. espaços e objetos pessoais.
§ 1° É obrigatória a vacinação das crianças nos Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da
casos recomendados pelas autoridades sanitárias. criança e do adolescente, pondo-os a salvo de
§ 2° O Sistema Único de Saúde promoverá a qualquer tratamento desumano, violento,
atenção à saúde bucal das crianças e das aterrorizante, vexatório ou constrangedor.
gestantes, de forma transversal, integral e Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito
intersetorial com as demais linhas de cuidado de ser educados e cuidados sem o uso de
direcionadas à mulher e à criança. castigo físico ou de tratamento cruel ou
§ 3° A atenção odontológica à criança terá função degradante, como formas de correção, disciplina,
educativa protetiva e será prestada, inicialmente, educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais,
antes de o bebê nascer, por meio de pelos integrantes da família ampliada, pelos
aconselhamento pré-natal, e, posteriormente, no responsáveis, pelos agentes públicos executores
sexto e no décimo segundo anos de vida, com de medidas socioeducativas ou por qualquer
pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, em ambiente que garanta seu desenvolvimento
educá-los ou protegê-los. integral.
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, § 1° Toda criança ou adolescente que estiver
considera-se: inserido em programa de acolhimento familiar ou
I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou institucional terá sua situação reavaliada, no
punitiva aplicada com o uso da força física máximo, a cada 3 (três) meses, devendo a
sobre a criança ou o adolescente que resulte em: autoridade judiciária competente, com base em
a) sofrimento físico; ou relatório elaborado por equipe interprofissional ou
b) lesão; multidisciplinar, decidir de forma fundamentada
II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou pela possibilidade de reintegração familiar ou
forma cruel de tratamento em relação à criança ou pela colocação em família substituta, em
ao adolescente que: quaisquer das modalidades previstas no art. 28
a) humilhe; ou desta Lei.
b) ameace gravemente; ou § 2° A permanência da criança e do adolescente
c) ridicularize. em programa de acolhimento institucional não se
Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família prolongará por mais de 18 (dezoito meses), salvo
ampliada, os responsáveis, os agentes públicos comprovada necessidade que atenda ao seu
executores de medidas socioeducativas ou superior interesse, devidamente fundamentada
qualquer pessoa encarregada de cuidar de pela autoridade judiciária.
crianças e de adolescentes, tratá-los, educá-los ou § 3° A manutenção ou a reintegração de criança
protegê-los que utilizarem castigo físico ou ou adolescente à sua família terá preferência em
tratamento cruel ou degradante como formas de relação a qualquer outra providência, caso em
correção, disciplina, educação ou qualquer outro que será esta incluída em serviços e programas
pretexto estarão sujeitos, sem prejuízo de outras de proteção, apoio e promoção, nos termos do §
sanções cabíveis, às seguintes medidas, que 1° do art. 23, dos incisos I e IV do caput do art.
serão aplicadas de acordo com a gravidade do 101 e dos incisos I a IV do caput do art. 129 desta
caso: Lei.
I - encaminhamento a programa oficial ou § 4° Será garantida a convivência da criança e do
comunitário de proteção à família; adolescente com a mãe ou o pai privado de
II - encaminhamento a tratamento psicológico ou liberdade, por meio de visitas periódicas
psiquiátrico; promovidas pelo responsável ou, nas hipóteses de
III - encaminhamento a cursos ou programas de acolhimento institucional, pela entidade
orientação; responsável, independentemente de autorização
IV - obrigação de encaminhar a criança a judicial.
tratamento especializado; § 5° Será garantida a convivência integral da
V - advertência. criança com a mãe adolescente que estiver em
VI - garantia de tratamento de saúde acolhimento institucional.
especializado à vítima. § 6° A mãe adolescente será assistida por equipe
Parágrafo único. As medidas previstas neste especializada multidisciplinar.
artigo serão aplicadas pelo Conselho Tutelar, Art. 19-A. A gestante ou mãe que manifeste
sem prejuízo de outras providências legais. interesse em entregar seu filho para adoção,
antes ou logo após o nascimento, será
CAPÍTULO III encaminhada à Justiça da Infância e da
Do Direito à Convivência Familiar e Juventude.
Comunitária § 1° A gestante ou mãe será ouvida pela equipe
Seção I interprofissional da Justiça da Infância e da
Disposições Gerais Juventude, que apresentará relatório à autoridade
judiciária, considerando inclusive os eventuais
Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser efeitos do estado gestacional e puerperal.
criado e educado no seio de sua família e, § 2° De posse do relatório, a autoridade judiciária
excepcionalmente, em família substituta, poderá determinar o encaminhamento da gestante
assegurada a convivência familiar e comunitária, ou mãe, mediante sua expressa concordância, à
rede pública de saúde e assistência social para
atendimento especializado.
§ 3° A busca à família extensa, conforme definida § 2º Podem ser padrinhos ou madrinhas pessoas
nos termos do parágrafo único do art. 25 desta maiores de 18 (dezoito) anos não inscritas nos
Lei, respeitará o prazo máximo de 90 (noventa) cadastros de adoção, desde que cumpram os
dias, prorrogável por igual período. requisitos exigidos pelo programa de
§ 4° Na hipótese de não haver a indicação do apadrinhamento de que fazem parte.
genitor e de não existir outro representante da § 3° Pessoas jurídicas podem apadrinhar criança
família extensa apto a receber a guarda, a ou adolescente a fim de colaborar para o seu
autoridade judiciária competente deverá decretar desenvolvimento.
a extinção do poder familiar e determinar a § 4° O perfil da criança ou do adolescente a ser
colocação da criança sob a guarda provisória de apadrinhado será definido no âmbito de cada
quem estiver habilitado a adotá-la ou de entidade programa de apadrinhamento, com prioridade para
que desenvolva programa de acolhimento familiar crianças ou adolescentes com remota
ou institucional. possibilidade de reinserção familiar ou
§ 5° Após o nascimento da criança, a vontade da colocação em família adotiva.
mãe ou de ambos os genitores, se houver pai § 5° Os programas ou serviços de apadrinhamento
registral ou pai indicado, deve ser manifestada na apoiados pela Justiça da Infância e da Juventude
audiência a que se refere o § 1°do art. 166 desta poderão ser executados por órgãos públicos ou
Lei, garantido o sigilo sobre a entrega. por organizações da sociedade civil.
§ 6º Na hipótese de não comparecerem à § 6° Se ocorrer violação das regras de
audiência nem o genitor nem representante da apadrinhamento, os responsáveis pelo programa e
família extensa para confirmar a intenção de pelos serviços de acolhimento deverão
exercer o poder familiar ou a guarda, a autoridade imediatamente notificar a autoridade judiciária
judiciária suspenderá o poder familiar da mãe, e competente.
a criança será colocada sob a guarda provisória Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do
de quem esteja habilitado a adotá-la. casamento, ou por adoção, terão os mesmos
§ 7° Os detentores da guarda possuem o prazo direitos e qualificações, proibidas quaisquer
de 15 (quinze) dias para propor a ação de designações discriminatórias relativas à filiação.
adoção, contado do dia seguinte à data do Art. 21. O poder familiar será exercido, em
término do estágio de convivência. igualdade de condições, pelo pai e pela mãe, na
§ 8° Na hipótese de desistência pelos genitores - forma do que dispuser a legislação civil,
manifestada em audiência ou perante a equipe assegurado a qualquer deles o direito de, em caso
interprofissional - da entrega da criança após o de discordância, recorrer à autoridade judiciária
nascimento, a criança será mantida com os competente para a solução da divergência.
genitores, e será determinado pela Justiça da Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento,
Infância e da Juventude o acompanhamento guarda e educação dos filhos menores, cabendo-
familiar pelo prazo de 180 (cento e oitenta) lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de
dias. cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais.
§ 9° É garantido à mãe o direito ao sigilo sobre o Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os
nascimento, respeitado o disposto no art. 48 desta responsáveis, têm direitos iguais e deveres e
Lei. responsabilidades compartilhados no cuidado e
§ 10. Serão cadastrados para adoção recém- na educação da criança, devendo ser resguardado
nascidos e crianças acolhidas não procuradas por o direito de transmissão familiar de suas crenças e
suas famílias no prazo de 30 (trinta) dias, contado culturas, assegurados os direitos da criança
a partir do dia do acolhimento. estabelecidos nesta Lei.
Art. 19-B. A criança e o adolescente em programa Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais
de acolhimento institucional ou familiar poderão não constitui motivo suficiente para a perda ou a
participar de programa de apadrinhamento. suspensão do poder familiar .
§ 1 O apadrinhamento consiste em estabelecer e § 1° Não existindo outro motivo que por si só
proporcionar à criança e ao adolescente vínculos autorize a decretação da medida, a criança ou o
externos à instituição para fins de convivência adolescente será mantido em sua família de
familiar e comunitária e colaboração com o seu origem, a qual deverá obrigatoriamente ser
desenvolvimento nos aspectos social, moral, incluída em serviços e programas oficiais de
físico, cognitivo, educacional e financeiro. proteção, apoio e promoção.
§ 2º A condenação criminal do pai ou da mãe não implicações da medida, e terá sua opinião
implicará a destituição do poder familiar, exceto devidamente considerada.
na hipótese de condenação por crime doloso § 2° Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de
sujeito à pena de reclusão contra outrem idade, será necessário seu consentimento,
igualmente titular do mesmo poder familiar ou colhido em audiência.
contra filho, filha ou outro descendente. § 3°Na apreciação do pedido levar-se-á em conta
Art. 24. A perda e a suspensão do poder o grau de parentesco e a relação de afinidade ou
familiar serão decretadas judicialmente, em de afetividade, a fim de evitar ou minorar as
procedimento contraditório, nos casos previstos na consequências decorrentes da medida.
legislação civil, bem como na hipótese de § 4° Os grupos de irmãos serão colocados sob
descumprimento injustificado dos deveres e adoção, tutela ou guarda da mesma família
obrigações a que alude o art. 22. substituta, ressalvada a comprovada existência
de risco de abuso ou outra situação que justifique
Seção II plenamente a excepcionalidade de solução
Da Família Natural diversa, procurando-se, em qualquer caso, evitar
o rompimento definitivo dos vínculos
Art. 25. Entende-se por família natural a fraternais.
comunidade formada pelos pais ou qualquer deles § 5°A colocação da criança ou adolescente em
e seus descendentes. família substituta será precedida de sua
Parágrafo único. Entende-se por família preparação gradativa e acompanhamento
extensa ou ampliada aquela que se estende para posterior, realizados pela equipe interprofissional a
além da unidade pais e filhos ou da unidade do serviço da Justiça da Infância e da Juventude,
casal, formada por parentes próximos com os preferencialmente com o apoio dos técnicos
quais a criança ou adolescente convive e mantém responsáveis pela execução da política municipal
vínculos de afinidade e afetividade. de garantia do direito à convivência familiar.
Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento § 6° Em se tratando de criança ou adolescente
poderão ser reconhecidos pelos pais, conjunta ou indígena ou proveniente de comunidade
separadamente, no próprio termo de nascimento, remanescente de quilombo, é ainda obrigatório:
por testamento, mediante escritura ou outro I - que sejam consideradas e respeitadas sua
documento público, qualquer que seja a origem da identidade social e cultural, os seus costumes e
filiação. tradições, bem como suas instituições, desde que
Parágrafo único. O reconhecimento pode não sejam incompatíveis com os direitos
preceder o nascimento do filho ou suceder-lhe ao fundamentais reconhecidos por esta Lei e pela
falecimento, se deixar descendentes. Constituição Federal;
Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação II - que a colocação familiar ocorra prioritariamente
é direito personalíssimo, indisponível e no seio de sua comunidade ou junto a membros
imprescritível, podendo ser exercitado contra os da mesma etnia;
pais ou seus herdeiros, sem qualquer restrição, III - a intervenção e oitiva de representantes do
observado o segredo de Justiça. órgão federal responsável pela política indigenista,
no caso de crianças e adolescentes indígenas, e
de antropólogos, perante a equipe interprofissional
Seção III
ou multidisciplinar que irá acompanhar o caso.
Da Família Substituta
Art. 29. Não se deferirá colocação em família
Subseção I
substituta à pessoa que revele, por qualquer
Disposições Gerais
modo, incompatibilidade com a natureza da
medida ou não ofereça ambiente familiar
Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á
adequado.
mediante guarda, tutela ou adoção,
Art. 30. A colocação em família substituta não
independentemente da situação jurídica da
admitirá transferência da criança ou adolescente a
criança ou adolescente, nos termos desta Lei.
terceiros ou a entidades governamentais ou não-
§ 1° Sempre que possível, a criança ou o
governamentais, sem autorização judicial.
adolescente será previamente ouvido por equipe
Art. 31. A colocação em família substituta
interprofissional, respeitado seu estágio de
estrangeira constitui medida excepcional,
desenvolvimento e grau de compreensão sobre as
somente admissível na modalidade de adoção.
Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o famílias selecionadas, capacitadas e
responsável prestará compromisso de bem e acompanhadas que não estejam no cadastro de
fielmente desempenhar o encargo, mediante adoção.
termo nos autos. § 4° Poderão ser utilizados recursos federais,
estaduais, distritais e municipais para a
Subseção II manutenção dos serviços de acolhimento em
Da Guarda família acolhedora, facultando-se o repasse de
recursos para a própria família acolhedora.
Art. 33. A guarda obriga a prestação de Art. 35. A guarda poderá ser revogada a
assistência material, moral e educacional à criança qualquer tempo, mediante ato judicial
ou adolescente, conferindo a seu detentor o direito fundamentado, ouvido o Ministério Público.
de opor-se a terceiros, inclusive aos pais.
§ 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de Subseção III
fato, podendo ser deferida, liminar ou Da Tutela
incidentalmente, nos procedimentos de tutela e
adoção, exceto no de adoção por estrangeiros. Art. 36. A tutela será deferida, nos termos da lei
§ 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora civil, a pessoa de até 18 (dezoito) anos
dos casos de tutela e adoção, para atender a incompletos.
situações peculiares ou suprir a falta eventual dos Parágrafo único. O deferimento da tutela
pais ou responsável, podendo ser deferido o pressupõe a prévia decretação da perda ou
direito de representação para a prática de atos suspensão do poder familiar e implica
determinados. necessariamente o dever de guarda.
§ 3º A guarda confere à criança ou adolescente a Art. 37. O tutor nomeado por testamento ou
condição de dependente, para todos os fins e qualquer documento autêntico, conforme previsto
efeitos de direito, inclusive previdenciários. no parágrafo único do art. 1.729 da Lei n o 10.406,
§ 4°Salvo expressa e fundamentada determinação de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil , deverá,
em contrário, da autoridade judiciária competente, no prazo de 30 (trinta) dias após a abertura da
ou quando a medida for aplicada em preparação sucessão, ingressar com pedido destinado ao
para adoção, o deferimento da guarda de criança controle judicial do ato, observando o
ou adolescente a terceiros não impede o procedimento previsto nos arts. 165 a 170 desta
exercício do direito de visitas pelos pais, assim Lei.
como o dever de prestar alimentos, que serão Parágrafo único. Na apreciação do pedido, serão
objeto de regulamentação específica, a pedido do observados os requisitos previstos nos arts. 28 e
interessado ou do Ministério Público. 29 desta Lei, somente sendo deferida a tutela à
Art. 34. O poder público estimulará, por meio de pessoa indicada na disposição de última vontade,
assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, se restar comprovado que a medida é vantajosa
o acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ao tutelando e que não existe outra pessoa em
ou adolescente afastado do convívio familiar. melhores condições de assumi-la.
§ 1° A inclusão da criança ou adolescente em Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela o disposto
programas de acolhimento familiar terá preferência no art. 24.
a seu acolhimento institucional, observado, em
qualquer caso, o caráter temporário e Subseção IV
excepcional da medida, nos termos desta Lei. Da Adoção
§ 2° Na hipótese do §1° deste artigo a pessoa ou
casal cadastrado no programa de acolhimento Art. 39. A adoção de criança e de adolescente
familiar poderá receber a criança ou adolescente reger-se-á segundo o disposto nesta Lei.
mediante guarda, observado o disposto nos arts. § 1° A adoção é medida excepcional e
28 a 33 desta Lei. irrevogável, à qual se deve recorrer apenas
§ 3° A União apoiará a implementação de serviços quando esgotados os recursos de manutenção da
de acolhimento em família acolhedora como criança ou adolescente na família natural ou
política pública, os quais deverão dispor de equipe extensa, na forma do parágrafo único do art. 25
que organize o acolhimento temporário de desta Lei.
crianças e de adolescentes em residências de § 2°É vedada a adoção por procuração.
§ 3° Em caso de conflito entre direitos e interesses Art. 44. Enquanto não der conta de sua
do adotando e de outras pessoas, inclusive seus administração e saldar o seu alcance, não pode o
pais biológicos, devem prevalecer os direitos e tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado.
os interesses do adotando. Art. 45. A adoção depende do consentimento
Art. 40. O adotando deve contar com, no máximo, dos pais ou do representante legal do adotando.
dezoito anos à data do pedido, salvo se já estiver § 1º. O consentimento será dispensado em
sob a guarda ou tutela dos adotantes. relação à criança ou adolescente cujos pais sejam
Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao desconhecidos ou tenham sido destituídos
adotado, com os mesmos direitos e deveres, do poder familiar.
inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer § 2º. Em se tratando de adotando maior de doze
vínculo com pais e parentes, salvo os anos de idade, será também necessário o seu
impedimentos matrimoniais. consentimento.
§ 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o Art. 46. A adoção será precedida de estágio de
filho do outro, mantêm-se os vínculos de filiação convivência com a criança ou adolescente, pelo
entre o adotado e o cônjuge ou concubino do prazo máximo de 90 (noventa) dias, observadas
adotante e os respectivos parentes. a idade da criança ou adolescente e as
§ 2º É recíproco o direito sucessório entre o peculiaridades do caso.
adotado, seus descendentes, o adotante, seus § 1° O estágio de convivência poderá ser
ascendentes, descendentes e colaterais até o 4º dispensado se o adotando já estiver sob a tutela
grau, observada a ordem de vocação ou guarda legal do adotante durante tempo
hereditária. suficiente para que seja possível avaliar a
Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) conveniência da constituição do vínculo.
anos, independentemente do estado civil. § 2° A simples guarda de fato não autoriza, por si
§ 1º Não podem adotar os ascendentes e os só, a dispensa da realização do estágio de
irmãos do adotando. convivência.
§ 2° Para adoção conjunta, é indispensável que os § 2°-A. O prazo máximo estabelecido
adotantes sejam casados civilmente ou no caput deste artigo pode ser prorrogado por
mantenham união estável, comprovada a até igual período, mediante decisão fundamentada
estabilidade da família. da autoridade judiciária.
§ 3º O adotante há de ser, pelo menos, § 3° Em caso de adoção por pessoa ou casal
dezesseis anos mais velho do que o adotando. residente ou domiciliado fora do País, o estágio de
§ 4° Os divorciados, os judicialmente separados e convivência será de, no mínimo, 30 (trinta) dias e,
os ex-companheiros podem adotar no máximo, 45 (quarenta e cinco) dias,
conjuntamente, contanto que acordem sobre a prorrogável por até igual período, uma única vez,
guarda e o regime de visitas e desde que o mediante decisão fundamentada da autoridade
estágio de convivência tenha sido iniciado na judiciária.
constância do período de convivência e que seja § 3°-A. Ao final do prazo previsto no § 3° deste
comprovada a existência de vínculos de afinidade artigo, deverá ser apresentado laudo
e afetividade com aquele não detentor da guarda, fundamentado pela equipe mencionada no § 4°
que justifiquem a excepcionalidade da concessão. deste artigo, que recomendará ou não o
§ 5° Nos casos do § 4° deste artigo, desde que deferimento da adoção à autoridade judiciária.
demonstrado efetivo benefício ao adotando, § 4° O estágio de convivência será acompanhado
será assegurada a guarda compartilhada, pela equipe interprofissional a serviço da Justiça
conforme previsto no art. 1.584 da Lei n o 10.406, da Infância e da Juventude, preferencialmente
de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil. com apoio dos técnicos responsáveis pela
§ 6° A adoção poderá ser deferida ao adotante execução da política de garantia do direito à
que, após inequívoca manifestação de vontade, convivência familiar, que apresentarão relatório
vier a falecer no curso do procedimento, antes de minucioso acerca da conveniência do
prolatada a sentença. deferimento da medida.
Art. 43. A adoção será deferida quando § 5° O estágio de convivência será cumprido no
apresentar reais vantagens para o adotando e território nacional, preferencialmente na comarca
fundar-se em motivos legítimos. de residência da criança ou adolescente, ou, a
critério do juiz, em cidade limítrofe, respeitada, em
qualquer hipótese, a competência do juízo da Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada
comarca de residência da criança. comarca ou foro regional, um registro de crianças
Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por e adolescentes em condições de serem adotados
sentença judicial, que será inscrita no registro e outro de pessoas interessadas na adoção.
civil mediante mandado do qual não se fornecerá § 1º O deferimento da inscrição dar-se-á após
certidão. prévia consulta aos órgãos técnicos do juizado,
§ 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes ouvido o Ministério Público.
como pais, bem como o nome de seus § 2º Não será deferida a inscrição se o interessado
ascendentes. não satisfizer os requisitos legais, ou verificada
§ 2º O mandado judicial, que será arquivado, qualquer das hipóteses previstas no art. 29.
cancelará o registro original do adotado. § 3° A inscrição de postulantes à adoção será
§ 3°A pedido do adotante, o novo registro poderá precedida de um período de preparação
ser lavrado no Cartório do Registro Civil do psicossocial e jurídica, orientado pela equipe
Município de sua residência. técnica da Justiça da Infância e da Juventude,
§ 4° Nenhuma observação sobre a origem do ato preferencialmente com apoio dos técnicos
poderá constar nas certidões do registro. responsáveis pela execução da política municipal
§ 5° A sentença conferirá ao adotado o nome do de garantia do direito à convivência familiar.
adotante e, a pedido de qualquer deles, poderá § 4° Sempre que possível e recomendável, a
determinar a modificação do prenome. preparação referida no §3° deste artigo incluirá o
§ 6° Caso a modificação de prenome seja contato com crianças e adolescentes em
requerida pelo adotante, é obrigatória a oitiva do acolhimento familiar ou institucional em condições
adotando, observado o disposto nos §§ 1° e 2° do de serem adotados, a ser realizado sob a
art. 28 desta Lei. orientação, supervisão e avaliação da equipe
§ 7° A adoção produz seus efeitos a partir do técnica da Justiça da Infância e da Juventude,
trânsito em julgado da sentença constitutiva, com apoio dos técnicos responsáveis pelo
exceto na hipótese prevista no § 6° do art. 42 programa de acolhimento e pela execução da
desta Lei, caso em que terá força retroativa à data política municipal de garantia do direito à
do óbito. convivência familiar.
§ 8° O processo relativo à adoção assim como § 5° Serão criados e implementados cadastros
outros a ele relacionados serão mantidos em estaduais e nacional de crianças e adolescentes
arquivo, admitindo-se seu armazenamento em em condições de serem adotados e de pessoas ou
microfilme ou por outros meios, garantida a sua casais habilitados à adoção.
conservação para consulta a qualquer tempo. § 6° Haverá cadastros distintos para pessoas ou
§ 9º Terão prioridade de tramitação os processos casais residentes fora do País, que somente
de adoção em que o adotando for criança ou serão consultados na inexistência de postulantes
adolescente com deficiência ou com doença nacionais habilitados nos cadastros mencionados
crônica. no § 5°deste artigo.
§ 10. O prazo máximo para conclusão da ação de § 7° As autoridades estaduais e federais em
adoção será de 120 (cento e vinte) dias, matéria de adoção terão acesso integral aos
prorrogável uma única vez por igual período, cadastros, incumbindo-lhes a troca de informações
mediante decisão fundamentada da autoridade e a cooperação mútua, para melhoria do sistema.
judiciária. § 8° A autoridade judiciária providenciará, no
Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua prazo de 48 (quarenta e oito) horas, a inscrição
origem biológica, bem como de obter acesso das crianças e adolescentes em condições de
irrestrito ao processo no qual a medida foi aplicada serem adotados que não tiveram colocação
e seus eventuais incidentes, após completar 18 familiar na comarca de origem, e das pessoas ou
(dezoito) anos. casais que tiveram deferida sua habilitação à
Parágrafo único. O acesso ao processo de adoção nos cadastros estadual e nacional
adoção poderá ser também deferido ao adotado referidos no § 5° deste artigo, sob pena de
menor de 18 (dezoito) anos, a seu pedido, responsabilidade.
assegurada orientação e assistência jurídica e § 9° Compete à Autoridade Central Estadual zelar
psicológica. pela manutenção e correta alimentação dos
Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece cadastros, com posterior comunicação à
o poder familiar dos pais naturais. Autoridade Central Federal Brasileira.
§ 10. Consultados os cadastros e verificada a II - que foram esgotadas todas as possibilidades
ausência de pretendentes habilitados de colocação da criança ou adolescente em
residentes no País com perfil compatível e família adotiva brasileira, com a comprovação,
interesse manifesto pela adoção de criança ou certificada nos autos, da inexistência de adotantes
adolescente inscrito nos cadastros existentes, será habilitados residentes no Brasil com perfil
realizado o encaminhamento da criança ou compatível com a criança ou adolescente, após
adolescente à adoção internacional. consulta aos cadastros mencionados nesta Lei;
§ 11. Enquanto não localizada pessoa ou casal III - que, em se tratando de adoção de
interessado em sua adoção, a criança ou o adolescente, este foi consultado, por meios
adolescente, sempre que possível e adequados ao seu estágio de desenvolvimento, e
recomendável, será colocado sob guarda de que se encontra preparado para a medida,
família cadastrada em programa de mediante parecer elaborado por equipe
acolhimento familiar. interprofissional, observado o disposto nos §§ 1° e
§ 12. A alimentação do cadastro e a convocação 2° do art. 28 desta Lei.
criteriosa dos postulantes à adoção serão § 2° Os brasileiros residentes no exterior terão
fiscalizadas pelo Ministério Público. preferência aos estrangeiros, nos casos de
§ 13. Somente poderá ser deferida adoção em adoção internacional de criança ou adolescente
favor de candidato domiciliado no Brasil não brasileiro.
cadastrado previamente nos termos desta Lei § 3° A adoção internacional pressupõe a
quando: intervenção das Autoridades Centrais Estaduais e
I - se tratar de pedido de adoção unilateral; Federal em matéria de adoção internacional.
II - for formulada por parente com o qual a criança Art. 52. A adoção internacional observará o
ou adolescente mantenha vínculos de afinidade e procedimento previsto nos arts. 165 a 170 desta
afetividade; Lei, com as seguintes adaptações:
III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou I - a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em
guarda legal de criança maior de 3 (três) anos ou adotar criança ou adolescente brasileiro, deverá
adolescente, desde que o lapso de tempo de formular pedido de habilitação à adoção perante a
convivência comprove a fixação de laços de Autoridade Central em matéria de adoção
afinidade e afetividade, e não seja constatada a internacional no país de acolhida, assim entendido
ocorrência de má-fé ou qualquer das situações aquele onde está situada sua residência habitual;
previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei. II - se a Autoridade Central do país de acolhida
§ 14. Nas hipóteses previstas no § 13 deste considerar que os solicitantes estão habilitados e
artigo, o candidato deverá comprovar, no curso do aptos para adotar, emitirá um relatório que
procedimento, que preenche os requisitos contenha informações sobre a identidade, a
necessários à adoção, conforme previsto nesta capacidade jurídica e adequação dos solicitantes
Lei. para adotar, sua situação pessoal, familiar e
§ 15. Será assegurada prioridade no cadastro médica, seu meio social, os motivos que os
a pessoas interessadas em adotar criança ou animam e sua aptidão para assumir uma adoção
adolescente com deficiência, com doença crônica internacional;
ou com necessidades específicas de saúde, além III - a Autoridade Central do país de acolhida
de grupo de irmãos. enviará o relatório à Autoridade Central Estadual,
Art. 51. Considera-se adoção internacional com cópia para a Autoridade Central Federal
aquela na qual o pretendente possui residência Brasileira;
habitual em país-parte da Convenção de Haia, IV - o relatório será instruído com toda a
de 29 de maio de 1993, Relativa à Proteção das documentação necessária, incluindo estudo
Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção psicossocial elaborado por equipe interprofissional
Internacional, promulgada pelo Decreto n o 3.087, habilitada e cópia autenticada da legislação
de 21 junho de 1999 , e deseja adotar criança em pertinente, acompanhada da respectiva prova de
outro país-parte da Convenção. vigência;
§ 1° A adoção internacional de criança ou V - os documentos em língua estrangeira serão
adolescente brasileiro ou domiciliado no Brasil devidamente autenticados pela autoridade
somente terá lugar quando restar comprovado: consular, observados os tratados e convenções
I - que a colocação em família adotiva é a solução internacionais, e acompanhados da respectiva
adequada ao caso concreto; tradução, por tradutor público juramentado;
VI - a Autoridade Central Estadual poderá fazer I - perseguir unicamente fins não lucrativos, nas
exigências e solicitar complementação sobre o condições e dentro dos limites fixados pelas
estudo psicossocial do postulante estrangeiro à autoridades competentes do país onde estiverem
adoção, já realizado no país de acolhida; sediados, do país de acolhida e pela Autoridade
VII - verificada, após estudo realizado pela Central Federal Brasileira;
Autoridade Central Estadual, a compatibilidade da II - ser dirigidos e administrados por pessoas
legislação estrangeira com a nacional, além do qualificadas e de reconhecida idoneidade moral,
preenchimento por parte dos postulantes à medida com comprovada formação ou experiência para
dos requisitos objetivos e subjetivos necessários atuar na área de adoção internacional,
ao seu deferimento, tanto à luz do que dispõe esta cadastradas pelo Departamento de Polícia Federal
Lei como da legislação do país de acolhida, será e aprovadas pela Autoridade Central Federal
expedido laudo de habilitação à adoção Brasileira, mediante publicação de portaria do
internacional, que terá validade por, no máximo, 1 órgão federal competente;
(um) ano; III - estar submetidos à supervisão das
VIII - de posse do laudo de habilitação, o autoridades competentes do país onde estiverem
interessado será autorizado a formalizar pedido de sediados e no país de acolhida, inclusive quanto à
adoção perante o Juízo da Infância e da sua composição, funcionamento e situação
Juventude do local em que se encontra a criança financeira;
ou adolescente, conforme indicação efetuada pela IV - apresentar à Autoridade Central Federal
Autoridade Central Estadual. Brasileira, a cada ano, relatório geral das
§ 1° Se a legislação do país de acolhida assim o atividades desenvolvidas, bem como relatório de
autorizar, admite-se que os pedidos de habilitação acompanhamento das adoções internacionais
à adoção internacional sejam intermediados por efetuadas no período, cuja cópia será
organismos credenciados. encaminhada ao Departamento de Polícia Federal;
§ 2° Incumbe à Autoridade Central Federal V - enviar relatório pós-adotivo semestral para a
Brasileira o credenciamento de organismos Autoridade Central Estadual, com cópia para a
nacionais e estrangeiros encarregados de Autoridade Central Federal Brasileira, pelo período
intermediar pedidos de habilitação à adoção mínimo de 2 (dois) anos. O envio do relatório será
internacional, com posterior comunicação às mantido até a juntada de cópia autenticada do
Autoridades Centrais Estaduais e publicação nos registro civil, estabelecendo a cidadania do país
órgãos oficiais de imprensa e em sítio próprio da de acolhida para o adotado;
internet. VI - tomar as medidas necessárias para garantir
§ 3° Somente será admissível o credenciamento que os adotantes encaminhem à Autoridade
de organismos que: Central Federal Brasileira cópia da certidão de
I - sejam oriundos de países que ratificaram a registro de nascimento estrangeira e do certificado
Convenção de Haia e estejam devidamente de nacionalidade tão logo lhes sejam concedidos.
credenciados pela Autoridade Central do país § 5° A não apresentação dos relatórios referidos
onde estiverem sediados e no país de acolhida do no § 4°deste artigo pelo organismo credenciado
adotando para atuar em adoção internacional no poderá acarretar a suspensão de seu
Brasil; credenciamento.
II - satisfizerem as condições de integridade moral, § 6° O credenciamento de organismo nacional ou
competência profissional, experiência e estrangeiro encarregado de intermediar pedidos
responsabilidade exigidas pelos países de adoção internacional terá validade de 2 (dois)
respectivos e pela Autoridade Central Federal anos.
Brasileira; § 7° A renovação do credenciamento poderá ser
III - forem qualificados por seus padrões éticos e concedida mediante requerimento protocolado na
sua formação e experiência para atuar na área de Autoridade Central Federal Brasileira nos 60
adoção internacional; (sessenta) dias anteriores ao término do
IV - cumprirem os requisitos exigidos pelo respectivo prazo de validade.
ordenamento jurídico brasileiro e pelas normas § 8° Antes de transitada em julgado a decisão que
estabelecidas pela Autoridade Central Federal concedeu a adoção internacional, não será
Brasileira. permitida a saída do adotando do território
§ 4° Os organismos credenciados deverão nacional.
ainda:
§ 9° Transitada em julgado a decisão, a autoridade do Artigo 17 da referida Convenção, será
judiciária determinará a expedição de alvará com automaticamente recepcionada com o
autorização de viagem, bem como para obtenção reingresso no Brasil.
de passaporte, constando, obrigatoriamente, as § 1° Caso não tenha sido atendido o disposto na
características da criança ou adolescente adotado, Alínea “c” do Artigo 17 da Convenção de Haia,
como idade, cor, sexo, eventuais sinais ou traços deverá a sentença ser homologada pelo
peculiares, assim como foto recente e a aposição Superior Tribunal de Justiça.
da impressão digital do seu polegar direito, § 2° O pretendente brasileiro residente no
instruindo o documento com cópia autenticada da exterior em país não ratificante da Convenção de
decisão e certidão de trânsito em julgado. Haia, uma vez reingressado no Brasil, deverá
§ 10. A Autoridade Central Federal Brasileira requerer a homologação da sentença
poderá, a qualquer momento, solicitar informações estrangeira pelo Superior Tribunal de Justiça.
sobre a situação das crianças e adolescentes Art. 52-C. Nas adoções internacionais, quando o
adotados Brasil for o país de acolhida, a decisão da
§ 11. A cobrança de valores por parte dos autoridade competente do país de origem da
organismos credenciados, que sejam criança ou do adolescente será conhecida pela
considerados abusivos pela Autoridade Central Autoridade Central Estadual que tiver processado
Federal Brasileira e que não estejam o pedido de habilitação dos pais adotivos, que
devidamente comprovados, é causa de seu comunicará o fato à Autoridade Central Federal e
descredenciamento. determinará as providências necessárias à
§ 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge não expedição do Certificado de Naturalização
podem ser representados por mais de uma Provisório.
entidade credenciada para atuar na cooperação § 1° A Autoridade Central Estadual, ouvido o
em adoção internacional. Ministério Público, somente deixará de reconhecer
§ 13. A habilitação de postulante estrangeiro ou os efeitos daquela decisão se restar demonstrado
domiciliado fora do Brasil terá validade máxima de que a adoção é manifestamente contrária à
1 (um) ano, podendo ser renovada. ordem pública ou não atende ao interesse
§ 14. É vedado o contato direto de superior da criança ou do adolescente.
representantes de organismos de adoção, § 2° Na hipótese de não reconhecimento da
nacionais ou estrangeiros, com dirigentes de adoção, prevista no § 1°deste artigo, o Ministério
programas de acolhimento institucional ou familiar, Público deverá imediatamente requerer o que for
assim como com crianças e adolescentes em de direito para resguardar os interesses da criança
condições de serem adotados, sem a devida ou do adolescente, comunicando-se as
autorização judicial. providências à Autoridade Central Estadual, que
§ 15. A Autoridade Central Federal Brasileira fará a comunicação à Autoridade Central Federal
poderá limitar ou suspender a concessão de novos Brasileira e à Autoridade Central do país de
credenciamentos sempre que julgar necessário, origem.
mediante ato administrativo fundamentado. Art. 52-D. Nas adoções internacionais, quando o
Art. 52-A. É vedado, sob pena de Brasil for o país de acolhida e a adoção não tenha
responsabilidade e descredenciamento, o repasse sido deferida no país de origem porque a sua
de recursos provenientes de organismos legislação a delega ao país de acolhida, ou, ainda,
estrangeiros encarregados de intermediar pedidos na hipótese de, mesmo com decisão, a criança ou
de adoção internacional a organismos nacionais o adolescente ser oriundo de país que não tenha
ou a pessoas físicas. aderido à Convenção referida, o processo de
Parágrafo único. Eventuais repasses somente adoção seguirá as regras da adoção nacional.
poderão ser efetuados via Fundo dos Direitos da
Criança e do Adolescente e estarão sujeitos às CAPÍTULO IV
deliberações do respectivo Conselho de Direitos Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e
da Criança e do Adolescente ao Lazer
Art. 52-B. A adoção por brasileiro residente no
exterior em país ratificante da Convenção de Haia, Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à
cujo processo de adoção tenha sido processado educação, visando ao pleno desenvolvimento de
em conformidade com a legislação vigente no país sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania
de residência e atendido o disposto na Alínea “c”
e qualificação para o trabalho, assegurando-se- Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação
lhes: de matricular seus filhos ou pupilos na rede
I - igualdade de condições para o acesso e regular de ensino.
permanência na escola; Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de
II - direito de ser respeitado por seus educadores; ensino fundamental comunicarão ao Conselho
III - direito de contestar critérios avaliativos, Tutelar os casos de:
podendo recorrer às instâncias escolares I - maus-tratos envolvendo seus alunos;
superiores; II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão
IV - direito de organização e participação em escolar, esgotados os recursos escolares;
entidades estudantis; III - elevados níveis de repetência.
V - acesso à escola pública e gratuita, próxima de Art. 57. O poder público estimulará pesquisas,
sua residência, garantindo-se vagas no mesmo experiências e novas propostas relativas a
estabelecimento a irmãos que frequentem a calendário, seriação, currículo, metodologia,
mesma etapa ou ciclo de ensino da educação didática e avaliação, com vistas à inserção de
básica. crianças e adolescentes excluídos do ensino
Parágrafo único. É direito dos pais ou fundamental obrigatório.
responsáveis ter ciência do processo Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão
pedagógico, bem como participar da definição os valores culturais, artísticos e históricos próprios
das propostas educacionais. do contexto social da criança e do adolescente,
Art. 53-A. É dever da instituição de ensino, clubes garantindo-se a estes a liberdade da criação e o
e agremiações recreativas e de estabelecimentos acesso às fontes de cultura.
congêneres assegurar medidas de Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e
conscientização, prevenção e enfrentamento ao da União, estimularão e facilitarão a destinação de
uso ou dependência de drogas ilícitas. recursos e espaços para programações culturais,
Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e esportivas e de lazer voltadas para a infância e a
ao adolescente: juventude.
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito,
inclusive para os que a ele não tiveram acesso na CAPÍTULO V
idade própria; Do Direito à Profissionalização e à Proteção no
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e Trabalho
gratuidade ao ensino médio;
III - atendimento educacional especializado aos Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores
portadores de deficiência, preferencialmente na de quatorze anos de idade, salvo na condição de
rede regular de ensino; aprendiz.
IV - atendimento em creche e pré-escola às Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes
crianças de zero a cinco anos de idade; é regulada por legislação especial, sem prejuízo
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da do disposto nesta Lei.
pesquisa e da criação artística, segundo a Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação
capacidade de cada um; técnico-profissional ministrada segundo as
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às diretrizes e bases da legislação de educação em
condições do adolescente trabalhador; vigor.
VII - atendimento no ensino fundamental, através Art. 63. A formação técnico-profissional
de programas suplementares de material didático- obedecerá aos seguintes princípios:
escolar, transporte, alimentação e assistência à I - garantia de acesso e frequência obrigatória ao
saúde. ensino regular;
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é II - atividade compatível com o desenvolvimento
direito público subjetivo. do adolescente;
§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo III - horário especial para o exercício das
poder público ou sua oferta irregular importa atividades.
responsabilidade da autoridade competente. Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de
§ 3º Compete ao poder público recensear os idade é assegurada bolsa de aprendizagem.
educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a
chamada e zelar, junto aos pais ou responsável,
pela frequência à escola.
Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de de castigo físico ou de tratamento cruel ou
quatorze anos, são assegurados os direitos degradante e difundir formas não violentas de
trabalhistas e previdenciários. educação de crianças e de adolescentes, tendo
Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é como principais ações:
assegurado trabalho protegido. I - a promoção de campanhas educativas
Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em permanentes para a divulgação do direito da
regime familiar de trabalho, aluno de escola criança e do adolescente de serem educados e
técnica, assistido em entidade governamental ou cuidados sem o uso de castigo físico ou de
não-governamental, é vedado trabalho: tratamento cruel ou degradante e dos
I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas instrumentos de proteção aos direitos humanos;
de um dia e as cinco horas do dia seguinte; II - a integração com os órgãos do Poder
II - perigoso, insalubre ou penoso; Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria
III - realizado em locais prejudiciais à sua Pública, com o Conselho Tutelar, com os
formação e ao seu desenvolvimento físico, Conselhos de Direitos da Criança e do
psíquico, moral e social; Adolescente e com as entidades não
IV - realizado em horários e locais que não governamentais que atuam na promoção,
permitam a frequência à escola. proteção e defesa dos direitos da criança e do
Art. 68. O programa social que tenha por base o adolescente;
trabalho educativo, sob responsabilidade de III - a formação continuada e a capacitação dos
entidade governamental ou não-governamental profissionais de saúde, educação e assistência
sem fins lucrativos, deverá assegurar ao social e dos demais agentes que atuam na
adolescente que dele participe condições de promoção, proteção e defesa dos direitos da
capacitação para o exercício de atividade regular criança e do adolescente para o desenvolvimento
remunerada. das competências necessárias à prevenção, à
§ 1º Entende-se por trabalho educativo a atividade identificação de evidências, ao diagnóstico e ao
laboral em que as exigências pedagógicas enfrentamento de todas as formas de violência
relativas ao desenvolvimento pessoal e social do contra a criança e o adolescente;
educando prevalecem sobre o aspecto IV - o apoio e o incentivo às práticas de resolução
produtivo. pacífica de conflitos que envolvam violência
§ 2º A remuneração que o adolescente recebe contra a criança e o adolescente;
pelo trabalho efetuado ou a participação na V - a inclusão, nas políticas públicas, de ações
venda dos produtos de seu trabalho não que visem a garantir os direitos da criança e do
desfigura o caráter educativo. adolescente, desde a atenção pré-natal, e de
Art. 69. O adolescente tem direito à atividades junto aos pais e responsáveis com o
profissionalização e à proteção no trabalho, objetivo de promover a informação, a reflexão, o
observados os seguintes aspectos, entre outros: debate e a orientação sobre alternativas ao uso de
I - respeito à condição peculiar de pessoa em castigo físico ou de tratamento cruel ou
desenvolvimento; degradante no processo educativo;
II - capacitação profissional adequada ao mercado VI - a promoção de espaços intersetoriais locais
de trabalho. para a articulação de ações e a elaboração de
planos de atuação conjunta focados nas famílias
TÍTULO III em situação de violência, com participação de
DA PREVENÇÃO profissionais de saúde, de assistência social e de
CAPÍTULO I educação e de órgãos de promoção, proteção e
Disposições Gerais defesa dos direitos da criança e do adolescente.
VII - a promoção de estudos e pesquisas, de
Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência estatísticas e de outras informações relevantes às
de ameaça ou violação dos direitos da criança e consequências e à frequência das formas de
do adolescente. violência contra a criança e o adolescente para a
Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito Federal sistematização de dados nacionalmente unificados
e os Municípios deverão atuar de forma e a avaliação periódica dos resultados das
articulada na elaboração de políticas públicas medidas adotadas;
e na execução de ações destinadas a coibir o uso VIII - o respeito aos valores da dignidade da
pessoa humana, de forma a coibir a violência, o
tratamento cruel ou degradante e as formas adolescentes, punível, na forma deste Estatuto, o
violentas de educação, correção ou disciplina; injustificado retardamento ou omissão, culposos
IX - a promoção e a realização de campanhas ou dolosos.
educativas direcionadas ao público escolar e à Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a
sociedade em geral e a difusão desta Lei e dos informação, cultura, lazer, esportes, diversões,
instrumentos de proteção aos direitos humanos espetáculos e produtos e serviços que respeitem
das crianças e dos adolescentes, incluídos os sua condição peculiar de pessoa em
canais de denúncia existentes; desenvolvimento.
X - a celebração de convênios, de protocolos, de Art. 72. As obrigações previstas nesta Lei não
ajustes, de termos e de outros instrumentos de excluem da prevenção especial outras decorrentes
promoção de parceria entre órgãos dos princípios por ela adotados.
governamentais ou entre estes e entidades não Art. 73. A inobservância das normas de prevenção
governamentais, com o objetivo de implementar importará em responsabilidade da pessoa física ou
programas de erradicação da violência, de jurídica, nos termos desta Lei.
tratamento cruel ou degradante e de formas
violentas de educação, correção ou disciplina; CAPÍTULO II
XI - a capacitação permanente das Polícias Civil e Da Prevenção Especial
Militar, da Guarda Municipal, do Corpo de Seção I
Bombeiros, dos profissionais nas escolas, dos Da informação, Cultura, Lazer, Esportes,
Conselhos Tutelares e dos profissionais Diversões e Espetáculos
pertencentes aos órgãos e às áreas referidos no
inciso II deste caput, para que identifiquem Art. 74. O poder público, através do órgão
situações em que crianças e adolescentes competente, regulará as diversões e
vivenciam violência e agressões no âmbito familiar espetáculos públicos, informando sobre a
ou institucional; natureza deles, as faixas etárias a que não se
XII - a promoção de programas educacionais que recomendem, locais e horários em que sua
disseminem valores éticos de irrestrito respeito à apresentação se mostre inadequada.
dignidade da pessoa humana, bem como de Parágrafo único. Os responsáveis pelas
programas de fortalecimento da parentalidade diversões e espetáculos públicos deverão afixar,
positiva, da educação sem castigos físicos e de em lugar visível e de fácil acesso, à entrada do
ações de prevenção e enfrentamento da violência local de exibição, informação destacada sobre a
doméstica e familiar contra a criança e o natureza do espetáculo e a faixa etária
adolescente; especificada no certificado de classificação.
XIII - o destaque, nos currículos escolares de Art. 75. Toda criança ou adolescente terá acesso
todos os níveis de ensino, dos conteúdos relativos às diversões e espetáculos públicos classificados
à prevenção, à identificação e à resposta à como adequados à sua faixa etária.
violência doméstica e familiar. Parágrafo único. As crianças menores de dez
Parágrafo único. As famílias com crianças e anos somente poderão ingressar e permanecer
adolescentes com deficiência terão prioridade de nos locais de apresentação ou exibição quando
atendimento nas ações e políticas públicas de acompanhadas dos pais ou responsável.
prevenção e proteção. Art. 76. As emissoras de rádio e televisão
Art. 70-B. As entidades, públicas e privadas, que somente exibirão, no horário recomendado para o
atuem nas áreas da saúde e da educação, além público infanto juvenil, programas com finalidades
daquelas às quais se refere o art. 71 desta Lei, educativas, artísticas, culturais e informativas.
entre outras, devem contar, em seus quadros, com Parágrafo único. Nenhum espetáculo será
pessoas capacitadas a reconhecer e a apresentado ou anunciado sem aviso de sua
comunicar ao Conselho Tutelar, suspeitas ou classificação, antes de sua transmissão,
casos de crimes praticados contra a criança e o apresentação ou exibição.
adolescente. Art. 77. Os proprietários, diretores, gerentes e
Parágrafo único. São igualmente responsáveis funcionários de empresas que explorem a venda
pela comunicação de que trata este artigo, as ou aluguel de fitas de programação em vídeo
pessoas encarregadas, por razão de cargo, cuidarão para que não haja venda ou locação em
função, ofício, ministério, profissão ou ocupação,
do cuidado, assistência ou guarda de crianças e
desacordo com a classificação atribuída pelo Seção III
órgão competente. Da Autorização para Viajar
Parágrafo único. As fitas a que alude este artigo
deverão exibir, no invólucro, informação sobre a Art. 83. Nenhuma criança ou adolescente menor
natureza da obra e a faixa etária a que se de 16 (dezesseis) anos poderá viajar para fora da
destinam. comarca onde reside desacompanhado dos pais
Art. 78. As revistas e publicações contendo ou dos responsáveis sem expressa autorização
material impróprio ou inadequado a crianças e judicial.
adolescentes deverão ser comercializadas em § 1º A autorização não será exigida quando:
embalagem lacrada, com a advertência de seu a) tratar-se de comarca contígua à da residência
conteúdo. da criança ou do adolescente menor de 16
Parágrafo único. As editoras cuidarão para que (dezesseis) anos, se na mesma unidade da
as capas que contenham mensagens Federação, ou incluída na mesma região
pornográficas ou obscenas sejam protegidas com metropolitana;
embalagem opaca. b) a criança ou o adolescente menor de 16
Art. 79. As revistas e publicações destinadas ao (dezesseis) anos estiver acompanhado:
público infanto-juvenil não poderão conter 1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro
ilustrações, fotografias, legendas, crônicas ou grau, comprovado documentalmente o
anúncios de bebidas alcoólicas, tabaco, armas e parentesco;
munições, e deverão respeitar os valores éticos e 2) de pessoa maior, expressamente autorizada
sociais da pessoa e da família. pelo pai, mãe ou responsável.
Art. 80. Os responsáveis por estabelecimentos § 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos
que explorem comercialmente bilhar, sinuca ou pais ou responsável, conceder autorização válida
congênere ou por casas de jogos, assim por dois anos.
entendidas as que realizem apostas, ainda que Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a
eventualmente, cuidarão para que não seja autorização é dispensável, se a criança ou
permitida a entrada e a permanência de adolescente:
crianças e adolescentes no local, afixando aviso I - estiver acompanhado de ambos os pais ou
para orientação do público. responsável;
II - viajar na companhia de um dos pais,
Seção II autorizado expressamente pelo outro através de
Dos Produtos e Serviços documento com firma reconhecida.
Art. 85. Sem prévia e expressa autorização
Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao judicial, nenhuma criança ou adolescente nascido
adolescente de: em território nacional poderá sair do País em
I - armas, munições e explosivos; companhia de estrangeiro residente ou domiciliado
II - bebidas alcoólicas; no exterior.
III - produtos cujos componentes possam causar
dependência física ou psíquica ainda que por PARTE ESPECIAL
utilização indevida; TÍTULO I
IV - fogos de estampido e de artifício, exceto DA POLÍTICA DE ATENDIMENTO
aqueles que pelo seu reduzido potencial sejam CAPÍTULO I
incapazes de provocar qualquer dano físico em Disposições Gerais
caso de utilização indevida;
V - revistas e publicações a que alude o art. 78; Art. 86. A política de atendimento dos direitos da
VI - bilhetes lotéricos e equivalentes. criança e do adolescente far-se-á através de um
Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou conjunto articulado de ações governamentais e
adolescente em hotel, motel, pensão ou não-governamentais, da União, dos estados, do
estabelecimento congênere, salvo se autorizado Distrito Federal e dos municípios.
ou acompanhado pelos pais ou responsável. Art. 87. São linhas de ação da política de
atendimento:
I - políticas sociais básicas;
II - serviços, programas, projetos e benefícios de origem ou, se tal solução se mostrar
assistência social de garantia de proteção social e comprovadamente inviável, sua colocação em
de prevenção e redução de violações de direitos, família substituta, em quaisquer das modalidades
seus agravamentos ou reincidências; previstas no art. 28 desta Lei;
III - serviços especiais de prevenção e VII - mobilização da opinião pública para a
atendimento médico e psicossocial às vítimas de indispensável participação dos diversos
negligência, maus-tratos, exploração, abuso, segmentos da sociedade.
crueldade e opressão; VIII - especialização e formação continuada dos
IV - serviço de identificação e localização de pais, profissionais que trabalham nas diferentes áreas
responsável, crianças e adolescentes da atenção à primeira infância, incluindo os
desaparecidos; conhecimentos sobre direitos da criança e sobre
V - proteção jurídico-social por entidades de desenvolvimento infantil;
defesa dos direitos da criança e do adolescente. IX - formação profissional com abrangência dos
VI - políticas e programas destinados a prevenir ou diversos direitos da criança e do adolescente que
abreviar o período de afastamento do convívio favoreça a intersetorialidade no atendimento da
familiar e a garantir o efetivo exercício do direito à criança e do adolescente e seu desenvolvimento
convivência familiar de crianças e adolescentes; integral;
VII - campanhas de estímulo ao acolhimento sob X - realização e divulgação de pesquisas sobre
forma de guarda de crianças e adolescentes desenvolvimento infantil e sobre prevenção da
afastados do convívio familiar e à adoção, violência.
especificamente inter-racial, de crianças maiores Art. 89. A função de membro do conselho nacional
ou de adolescentes, com necessidades e dos conselhos estaduais e municipais dos
específicas de saúde ou com deficiências e de direitos da criança e do adolescente é considerada
grupos de irmãos. de interesse público relevante e não será
Art. 88. São diretrizes da política de remunerada.
atendimento:
I - municipalização do atendimento; CAPÍTULO II
II - criação de conselhos municipais, estaduais e Das Entidades de Atendimento
nacional dos direitos da criança e do adolescente, Seção I
órgãos deliberativos e controladores das ações em Disposições Gerais
todos os níveis, assegurada a participação popular
paritária por meio de organizações Art. 90. As entidades de atendimento são
representativas, segundo leis federal, estaduais e responsáveis pela manutenção das próprias
municipais; unidades, assim como pelo planejamento e
III - criação e manutenção de programas execução de programas de proteção e sócio-
específicos, observada a descentralização político- educativos destinados a crianças e adolescentes,
administrativa; em regime de:
IV - manutenção de fundos nacional, estaduais e I - orientação e apoio sócio-familiar;
municipais vinculados aos respectivos conselhos II - apoio sócio-educativo em meio aberto;
dos direitos da criança e do adolescente; III - colocação familiar;
V - integração operacional de órgãos do Judiciário, IV - acolhimento institucional;
Ministério Público, Defensoria, Segurança Pública V - prestação de serviços à comunidade;
e Assistência Social, preferencialmente em um VI - liberdade assistida;
mesmo local, para efeito de agilização do VII - semiliberdade; e
atendimento inicial a adolescente a quem se VIII - internação.
atribua autoria de ato infracional; § 1° As entidades governamentais e não
VI - integração operacional de órgãos do governamentais deverão proceder à inscrição de
Judiciário, Ministério Público, Defensoria, seus programas, especificando os regimes de
Conselho Tutelar e encarregados da execução atendimento, na forma definida neste artigo, no
das políticas sociais básicas e de assistência Conselho Municipal dos Direitos da Criança e
social, para efeito de agilização do atendimento de do Adolescente, o qual manterá registro das
crianças e de adolescentes inseridos em inscrições e de suas alterações, do que fará
programas de acolhimento familiar ou institucional,
com vista na sua rápida reintegração à família de
comunicação ao Conselho Tutelar e à autoridade renovação, observado o disposto no § 1° deste
judiciária. artigo.
§ 2° Os recursos destinados à implementação e Art. 92. As entidades que desenvolvam programas
manutenção dos programas relacionados neste de acolhimento familiar ou institucional deverão
artigo serão previstos nas dotações orçamentárias adotar os seguintes princípios:
dos órgãos públicos encarregados das áreas de I - preservação dos vínculos familiares e promoção
Educação, Saúde e Assistência Social, dentre da reintegração familiar;
outros, observando-se o princípio da prioridade II - integração em família substituta, quando
absoluta à criança e ao adolescente esgotados os recursos de manutenção na família
preconizado pelo caput do art. 227 da natural ou extensa;
Constituição Federal e pelo caput e parágrafo III - atendimento personalizado e em pequenos
único do art. 4 o desta Lei. grupos;
§ 3° Os programas em execução serão IV - desenvolvimento de atividades em regime de
reavaliados pelo Conselho Municipal dos Direitos co-educação;
da Criança e do Adolescente, no máximo, a cada V - não desmembramento de grupos de irmãos;
2 (dois) anos, constituindo-se critérios para VI - evitar, sempre que possível, a transferência
renovação da autorização de funcionamento: para outras entidades de crianças e adolescentes
I - o efetivo respeito às regras e princípios desta abrigados;
Lei, bem como às resoluções relativas à VII - participação na vida da comunidade local;
modalidade de atendimento prestado expedidas VIII - preparação gradativa para o desligamento;
pelos Conselhos de Direitos da Criança e do IX - participação de pessoas da comunidade no
Adolescente, em todos os níveis; processo educativo.
II - a qualidade e eficiência do trabalho § 1° O dirigente de entidade que desenvolve
desenvolvido, atestadas pelo Conselho Tutelar, programa de acolhimento institucional é
pelo Ministério Público e pela Justiça da Infância e equiparado ao guardião, para todos os efeitos de
da Juventude; direito.
III - em se tratando de programas de acolhimento § 2° Os dirigentes de entidades que desenvolvem
institucional ou familiar, serão considerados os programas de acolhimento familiar ou institucional
índices de sucesso na reintegração familiar ou de remeterão à autoridade judiciária, no máximo a
adaptação à família substituta, conforme o caso. cada 6 (seis) meses, relatório circunstanciado
Art. 91. As entidades não-governamentais acerca da situação de cada criança ou
somente poderão funcionar depois de adolescente acolhido e sua família, para fins da
registradas no Conselho Municipal dos Direitos reavaliação prevista no § 1° do art. 19 desta Lei.
da Criança e do Adolescente, o qual comunicará § 3° Os entes federados, por intermédio dos
o registro ao Conselho Tutelar e à autoridade Poderes Executivo e Judiciário, promoverão
judiciária da respectiva localidade. conjuntamente a permanente qualificação dos
§ 1° Será negado o registro à entidade que: profissionais que atuam direta ou indiretamente
a) não ofereça instalações físicas em condições em programas de acolhimento institucional e
adequadas de habitabilidade, higiene, salubridade destinados à colocação familiar de crianças e
e segurança; adolescentes, incluindo membros do Poder
b) não apresente plano de trabalho compatível Judiciário, Ministério Público e Conselho Tutelar.
com os princípios desta Lei; § 4° Salvo determinação em contrário da
c) esteja irregularmente constituída; autoridade judiciária competente, as entidades que
d) tenha em seus quadros pessoas inidôneas. desenvolvem programas de acolhimento familiar
e) não se adequar ou deixar de cumprir as ou institucional, se necessário com o auxílio do
resoluções e deliberações relativas à modalidade Conselho Tutelar e dos órgãos de assistência
de atendimento prestado expedidas pelos social, estimularão o contato da criança ou
Conselhos de Direitos da Criança e do adolescente com seus pais e parentes, em
Adolescente, em todos os níveis. cumprimento ao disposto nos incisos I e VIII do
§ 2° O registro terá validade máxima de 4 caput deste artigo.
(quatro) anos, cabendo ao Conselho Municipal § 5° As entidades que desenvolvem programas de
dos Direitos da Criança e do Adolescente, acolhimento familiar ou institucional somente
periodicamente, reavaliar o cabimento de sua poderão receber recursos públicos se
comprovado o atendimento dos princípios, e segurança e os objetos necessários à higiene
exigências e finalidades desta Lei. pessoal;
§ 6° O descumprimento das disposições desta Lei VIII - oferecer vestuário e alimentação suficientes
pelo dirigente de entidade que desenvolva e adequados à faixa etária dos adolescentes
programas de acolhimento familiar ou institucional atendidos;
é causa de sua destituição, sem prejuízo da IX - oferecer cuidados médicos, psicológicos,
apuração de sua responsabilidade administrativa, odontológicos e farmacêuticos;
civil e criminal. X - propiciar escolarização e profissionalização;
§ 7° Quando se tratar de criança de 0 (zero) a 3 XI - propiciar atividades culturais, esportivas e de
(três) anos em acolhimento institucional, dar-se-á lazer;
especial atenção à atuação de educadores de XII - propiciar assistência religiosa àqueles que
referência estáveis e qualitativamente desejarem, de acordo com suas crenças;
significativos, às rotinas específicas e ao XIII - proceder a estudo social e pessoal de cada
atendimento das necessidades básicas, incluindo caso;
as de afeto como prioritárias. XIV - reavaliar periodicamente cada caso, com
Art. 93. As entidades que mantenham programa intervalo máximo de seis meses, dando ciência
de acolhimento institucional poderão, em caráter dos resultados à autoridade competente;
excepcional e de urgência, acolher crianças e XV - informar, periodicamente, o adolescente
adolescentes sem prévia determinação da internado sobre sua situação processual;
autoridade competente, fazendo comunicação XVI - comunicar às autoridades competentes
do fato em até 24 (vinte e quatro) horas ao Juiz todos os casos de adolescentes portadores de
da Infância e da Juventude, sob pena de moléstias infecto-contagiosas;
responsabilidade. XVII - fornecer comprovante de depósito dos
Parágrafo único. Recebida a comunicação, a pertences dos adolescentes;
autoridade judiciária, ouvido o Ministério Público e XVIII - manter programas destinados ao apoio e
se necessário com o apoio do Conselho Tutelar acompanhamento de egressos;
local, tomará as medidas necessárias para XIX - providenciar os documentos necessários ao
promover a imediata reintegração familiar da exercício da cidadania àqueles que não os
criança ou do adolescente ou, se por qualquer tiverem;
razão não for isso possível ou recomendável, para XX - manter arquivo de anotações onde constem
seu encaminhamento a programa de acolhimento data e circunstâncias do atendimento, nome do
familiar, institucional ou a família substituta, adolescente, seus pais ou responsável, parentes,
observado o disposto no § 2 o do art. 101 desta endereços, sexo, idade, acompanhamento da sua
Lei. formação, relação de seus pertences e demais
Art. 94. As entidades que desenvolvem dados que possibilitem sua identificação e a
programas de internação têm as seguintes individualização do atendimento.
obrigações, entre outras: § 1° Aplicam-se, no que couber, as obrigações
I - observar os direitos e garantias de que são constantes deste artigo às entidades que mantêm
titulares os adolescentes; programas de acolhimento institucional e familiar.
II - não restringir nenhum direito que não tenha § 2º No cumprimento das obrigações a que alude
sido objeto de restrição na decisão de internação; este artigo as entidades utilizarão
III - oferecer atendimento personalizado, em preferencialmente os recursos da comunidade.
pequenas unidades e grupos reduzidos; Art. 94-A. As entidades, públicas ou privadas, que
IV - preservar a identidade e oferecer ambiente de abriguem ou recepcionem crianças e
respeito e dignidade ao adolescente; adolescentes, ainda que em caráter temporário,
V - diligenciar no sentido do restabelecimento e da devem ter, em seus quadros, profissionais
preservação dos vínculos familiares; capacitados a reconhecer e reportar ao
VI - comunicar à autoridade judiciária, Conselho Tutelar suspeitas ou ocorrências de
periodicamente, os casos em que se mostre maus-tratos.
inviável ou impossível o reatamento dos vínculos
familiares;
VII - oferecer instalações físicas em condições
adequadas de habitabilidade, higiene, salubridade
Seção II I - por ação ou omissão da sociedade ou do
Da Fiscalização das Entidades Estado;
II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou
Art. 95. As entidades governamentais e não- responsável;
governamentais referidas no art. 90 serão III - em razão de sua conduta
fiscalizadas pelo Judiciário, pelo Ministério Público
e pelos Conselhos Tutelares. CAPÍTULO II
Art. 96. Os planos de aplicação e as prestações Das Medidas Específicas de Proteção
de contas serão apresentados ao estado ou ao
município, conforme a origem das dotações Art. 99. As medidas previstas neste Capítulo
orçamentárias. poderão ser aplicadas isolada ou
Art. 97. São medidas aplicáveis às entidades de cumulativamente, bem como substituídas a
atendimento que descumprirem obrigação qualquer tempo.
constante do art. 94, sem prejuízo da Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão
responsabilidade civil e criminal de seus dirigentes em conta as necessidades pedagógicas,
ou prepostos: preferindo-se aquelas que visem ao
I - às entidades governamentais: fortalecimento dos vínculos familiares e
a) advertência; comunitários.
b) afastamento provisório de seus dirigentes; Parágrafo único. São também princípios que
c) afastamento definitivo de seus dirigentes; regem a aplicação das medidas:
d) fechamento de unidade ou interdição de I - condição da criança e do adolescente como
programa. sujeitos de direitos: crianças e adolescentes são
II - às entidades não-governamentais: os titulares dos direitos previstos nesta e em
a) advertência; outras Leis, bem como na Constituição Federal;
b) suspensão total ou parcial do repasse de II - proteção integral e prioritária: a interpretação
verbas públicas; e aplicação de toda e qualquer norma contida
c) interdição de unidades ou suspensão de nesta Lei deve ser voltada à proteção integral e
programa; prioritária dos direitos de que crianças e
d) cassação do registro. adolescentes são titulares;
§ 1° Em caso de reiteradas infrações cometidas III - responsabilidade primária e solidária do
por entidades de atendimento, que coloquem em poder público: a plena efetivação dos direitos
risco os direitos assegurados nesta Lei, deverá ser assegurados a crianças e a adolescentes por esta
o fato comunicado ao Ministério Público ou Lei e pela Constituição Federal, salvo nos casos
representado perante autoridade judiciária por esta expressamente ressalvados, é de
competente para as providências cabíveis, responsabilidade primária e solidária das 3 (três)
inclusive suspensão das atividades ou esferas de governo, sem prejuízo da
dissolução da entidade. municipalização do atendimento e da possibilidade
§ 2° As pessoas jurídicas de direito público e as da execução de programas por entidades não
organizações não governamentais responderão governamentais;
pelos danos que seus agentes causarem às IV - interesse superior da criança e do
crianças e aos adolescentes, caracterizado o adolescente: a intervenção deve atender
descumprimento dos princípios norteadores das prioritariamente aos interesses e direitos da
atividades de proteção específica. criança e do adolescente, sem prejuízo da
consideração que for devida a outros interesses
TÍTULO II legítimos no âmbito da pluralidade dos interesses
DAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO presentes no caso concreto;
CAPÍTULO I V - privacidade: a promoção dos direitos e
Disposições Gerais proteção da criança e do adolescente deve ser
efetuada no respeito pela intimidade, direito à
Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao imagem e reserva da sua vida privada;
adolescente são aplicáveis sempre que os direitos VI - intervenção precoce: a intervenção das
reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou autoridades competentes deve ser efetuada logo
violados: que a situação de perigo seja conhecida;
VII - intervenção mínima: a intervenção deve ser VI - inclusão em programa oficial ou comunitário
exercida exclusivamente pelas autoridades e de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e
instituições cuja ação seja indispensável à efetiva toxicômanos;
promoção dos direitos e à proteção da criança e VII - acolhimento institucional;
do adolescente; VIII - inclusão em programa de acolhimento
VIII - proporcionalidade e atualidade: a familiar;
intervenção deve ser a necessária e adequada à IX - colocação em família substituta.
situação de perigo em que a criança ou o § 1° O acolhimento institucional e o acolhimento
adolescente se encontram no momento em que a familiar são medidas provisórias e excepcionais,
decisão é tomada; utilizáveis como forma de transição para
IX - responsabilidade parental: a intervenção reintegração familiar ou, não sendo esta
deve ser efetuada de modo que os pais assumam possível, para colocação em família substituta,
os seus deveres para com a criança e o não implicando privação de liberdade.
adolescente; § 2° Sem prejuízo da tomada de medidas
X - prevalência da família: na promoção de emergenciais para proteção de vítimas de
direitos e na proteção da criança e do adolescente violência ou abuso sexual e das providências a
deve ser dada prevalência às medidas que os que alude o art. 130 desta Lei, o afastamento da
mantenham ou reintegrem na sua família natural criança ou adolescente do convívio familiar é de
ou extensa ou, se isso não for possível, que competência exclusiva da autoridade judiciária
promovam a sua integração em família adotiva; e importará na deflagração, a pedido do Ministério
XI - obrigatoriedade da informação: a criança e Público ou de quem tenha legítimo interesse, de
o adolescente, respeitado seu estágio de procedimento judicial contencioso, no qual se
desenvolvimento e capacidade de compreensão, garanta aos pais ou ao responsável legal o
seus pais ou responsável devem ser informados exercício do contraditório e da ampla defesa.
dos seus direitos, dos motivos que determinaram a § 3° Crianças e adolescentes somente poderão
intervenção e da forma como esta se processa; ser encaminhados às instituições que executam
XII - oitiva obrigatória e participação: a criança programas de acolhimento institucional,
e o adolescente, em separado ou na companhia governamentais ou não, por meio de uma Guia de
dos pais, de responsável ou de pessoa por si Acolhimento, expedida pela autoridade
indicada, bem como os seus pais ou responsável, judiciária, na qual obrigatoriamente constará,
têm direito a ser ouvidos e a participar nos atos e dentre outros:
na definição da medida de promoção dos direitos I - sua identificação e a qualificação completa de
e de proteção, sendo sua opinião devidamente seus pais ou de seu responsável, se conhecidos;
considerada pela autoridade judiciária competente, II - o endereço de residência dos pais ou do
observado o disposto nos §§ 1° e 2° do art. 28 responsável, com pontos de referência;
desta Lei. III - os nomes de parentes ou de terceiros
Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses interessados em tê-los sob sua guarda;
previstas no art. 98, a autoridade competente IV - os motivos da retirada ou da não
poderá determinar, dentre outras, as seguintes reintegração ao convívio familiar.
medidas: § 4° Imediatamente após o acolhimento da criança
I - encaminhamento aos pais ou responsável, ou do adolescente, a entidade responsável pelo
mediante termo de responsabilidade; programa de acolhimento institucional ou familiar
II - orientação, apoio e acompanhamento elaborará um plano individual de atendimento,
temporários; visando à reintegração familiar, ressalvada a
III - matrícula e frequência obrigatórias em existência de ordem escrita e fundamentada em
estabelecimento oficial de ensino fundamental; contrário de autoridade judiciária competente,
IV - inclusão em serviços e programas oficiais caso em que também deverá contemplar sua
ou comunitários de proteção, apoio e promoção colocação em família substituta, observadas as
da família, da criança e do adolescente; regras e princípios desta Lei.
V - requisição de tratamento médico, psicológico § 5° O plano individual será elaborado sob a
ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou responsabilidade da equipe técnica do respectivo
ambulatorial; programa de atendimento e levará em
consideração a opinião da criança ou do
adolescente e a oitiva dos pais ou do informações pormenorizadas sobre a situação
responsável. jurídica de cada um, bem como as providências
§ 6° Constarão do plano individual, dentre outros: tomadas para sua reintegração familiar ou
I - os resultados da avaliação interdisciplinar; colocação em família substituta, em qualquer das
II - os compromissos assumidos pelos pais ou modalidades previstas no art. 28 desta Lei.
responsável; e § 12. Terão acesso ao cadastro o Ministério
III - a previsão das atividades a serem Público, o Conselho Tutelar, o órgão gestor da
desenvolvidas com a criança ou com o Assistência Social e os Conselhos Municipais dos
adolescente acolhido e seus pais ou responsável, Direitos da Criança e do Adolescente e da
com vista na reintegração familiar ou, caso seja Assistência Social, aos quais incumbe deliberar
esta vedada por expressa e fundamentada sobre a implementação de políticas públicas
determinação judicial, as providências a serem que permitam reduzir o número de crianças e
tomadas para sua colocação em família substituta, adolescentes afastados do convívio familiar e
sob direta supervisão da autoridade judiciária. abreviar o período de permanência em programa
§ 7° O acolhimento familiar ou institucional de acolhimento.
ocorrerá no local mais próximo à residência dos Art. 102. As medidas de proteção de que trata
pais ou do responsável e, como parte do este Capítulo serão acompanhadas da
processo de reintegração familiar, sempre que regularização do registro civil.
identificada a necessidade, a família de origem § 1º Verificada a inexistência de registro anterior,
será incluída em programas oficiais de orientação, o assento de nascimento da criança ou
de apoio e de promoção social, sendo facilitado e adolescente será feito à vista dos elementos
estimulado o contato com a criança ou com o disponíveis, mediante requisição da autoridade
adolescente acolhido. judiciária.
§ 8° Verificada a possibilidade de reintegração § 2º Os registros e certidões necessários à
familiar, o responsável pelo programa de regularização de que trata este artigo são isentos
acolhimento familiar ou institucional fará imediata de multas, custas e emolumentos, gozando de
comunicação à autoridade judiciária, que dará absoluta prioridade.
vista ao Ministério Público, pelo prazo de 5 (cinco) § 3° Caso ainda não definida a paternidade, será
dias, decidindo em igual prazo. deflagrado procedimento específico destinado à
§ 9° Em sendo constatada a impossibilidade de sua averiguação, conforme previsto pela Lei n o
reintegração da criança ou do adolescente à 8.560, de 29 de dezembro de 1992.
família de origem, após seu encaminhamento a § 4° Nas hipóteses previstas no § 3 o deste artigo,
programas oficiais ou comunitários de orientação, é dispensável o ajuizamento de ação de
apoio e promoção social, será enviado relatório investigação de paternidade pelo Ministério
fundamentado ao Ministério Público, no qual Público se, após o não comparecimento ou a
conste a descrição pormenorizada das recusa do suposto pai em assumir a paternidade
providências tomadas e a expressa a ele atribuída, a criança for encaminhada para
recomendação, subscrita pelos técnicos da adoção.
entidade ou responsáveis pela execução da § 5° Os registros e certidões necessários à
política municipal de garantia do direito à inclusão, a qualquer tempo, do nome do pai no
convivência familiar, para a destituição do poder assento de nascimento são isentos de multas,
familiar, ou destituição de tutela ou guarda. custas e emolumentos, gozando de absoluta
§ 10. Recebido o relatório, o Ministério Público prioridade.
terá o prazo de 15 (quinze) dias para o ingresso § 6° São gratuitas, a qualquer tempo, a
com a ação de destituição do poder familiar, averbação requerida do reconhecimento de
salvo se entender necessária a realização de paternidade no assento de nascimento e a
estudos complementares ou de outras certidão correspondente.
providências indispensáveis ao ajuizamento da
demanda.
§ 11. A autoridade judiciária manterá, em cada
comarca ou foro regional, um cadastro contendo
informações atualizadas sobre as crianças e
adolescentes em regime de acolhimento familiar e
institucional sob sua responsabilidade, com
TÍTULO III sua liberdade sem o devido processo legal.
DA PRÁTICA DE ATO INFRACIONAL Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre
CAPÍTULO I outras, as seguintes garantias:
Disposições Gerais I - pleno e formal conhecimento da atribuição de
ato infracional, mediante citação ou meio
Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta equivalente;
descrita como crime ou contravenção penal. II - igualdade na relação processual, podendo
Art. 104. São penalmente inimputáveis os confrontar-se com vítimas e testemunhas e
menores de dezoito anos, sujeitos às medidas produzir todas as provas necessárias à sua
previstas nesta Lei. defesa;
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve III - defesa técnica por advogado;
ser considerada a idade do adolescente à data do IV - assistência judiciária gratuita e integral aos
fato. necessitados, na forma da lei;
Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança V - direito de ser ouvido pessoalmente pela
corresponderão as medidas previstas no art. 101. autoridade competente;
VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou
responsável em qualquer fase do procedimento.
CAPÍTULO II
Dos Direitos Individuais
CAPÍTULO IV
Art. 106. Nenhum adolescente será privado de Das Medidas Sócio-Educativas
Seção I
sua liberdade senão em flagrante de ato
infracional ou por ordem escrita e Disposições Gerais
fundamentada da autoridade judiciária
competente. Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a
Parágrafo único. O adolescente tem direito à autoridade competente poderá aplicar ao
identificação dos responsáveis pela sua adolescente as seguintes medidas:
apreensão, devendo ser informado acerca de seus I - advertência;
direitos. II - obrigação de reparar o dano;
Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e III - prestação de serviços à comunidade;
o local onde se encontra recolhido serão IV - liberdade assistida;
incontinenti comunicados à autoridade judiciária V - inserção em regime de semiliberdade;
competente e à família do apreendido ou à VI - internação em estabelecimento educacional;
pessoa por ele indicada. VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e § 1º A medida aplicada ao adolescente levará em
sob pena de responsabilidade, a possibilidade de conta a sua capacidade de cumpri-la, as
liberação imediata. circunstâncias e a gravidade da infração.
Art. 108. A internação, antes da sentença, pode § 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum,
ser determinada pelo prazo máximo de quarenta será admitida a prestação de trabalho forçado.
e cinco dias. § 3º Os adolescentes portadores de doença ou
Parágrafo único. A decisão deverá ser deficiência mental receberão tratamento
fundamentada e basear-se em indícios individual e especializado, em local adequado às
suficientes de autoria e materialidade, suas condições.
demonstrada a necessidade imperiosa da medida. Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o disposto nos
Art. 109. O adolescente civilmente identificado arts. 99 e 100.
não será submetido a identificação compulsória Art. 114. A imposição das medidas previstas nos
pelos órgãos policiais, de proteção e judiciais, incisos II a VI do art. 112 pressupõe a existência
salvo para efeito de confrontação, havendo dúvida de provas suficientes da autoria e da
fundada. materialidade da infração, ressalvada a hipótese
de remissão, nos termos do art. 127.
Parágrafo único. A advertência poderá ser
CAPÍTULO III
aplicada sempre que houver prova da
Das Garantias Processuais
materialidade e indícios suficientes da autoria.
Art. 110. Nenhum adolescente será privado de
Seção II outra medida, ouvido o orientador, o Ministério
Da Advertência Público e o defensor.
Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a
Art. 115. A advertência consistirá em supervisão da autoridade competente, a
admoestação verbal, que será reduzida a termo realização dos seguintes encargos, entre outros:
e assinada. I - promover socialmente o adolescente e sua
família, fornecendo-lhes orientação e inserindo-
os, se necessário, em programa oficial ou
Seção III
comunitário de auxílio e assistência social;
Da Obrigação de Reparar o Dano
II - supervisionar a frequência e o
aproveitamento escolar do adolescente,
Art. 116. Em se tratando de ato infracional com
promovendo, inclusive, sua matrícula;
reflexos patrimoniais, a autoridade poderá
III - diligenciar no sentido da profissionalização
determinar, se for o caso, que o adolescente
do adolescente e de sua inserção no mercado de
restitua a coisa, promova o ressarcimento do
trabalho;
dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo
IV - apresentar relatório do caso.
da vítima.
Parágrafo único. Havendo manifesta
impossibilidade, a medida poderá ser substituída Seção VI
por outra adequada. Do Regime de Semi-liberdade

Art. 120. O regime de semiliberdade pode ser


Seção IV
determinado desde o início, ou como forma de
Da Prestação de Serviços à Comunidade
transição para o meio aberto, possibilitada a
realização de atividades externas,
Art. 117. A prestação de serviços comunitários
independentemente de autorização judicial.
consiste na realização de tarefas gratuitas de
§ 1º São obrigatórias a escolarização e a
interesse geral, por período não excedente a
profissionalização, devendo, sempre que possível,
seis meses, junto a entidades assistenciais,
ser utilizados os recursos existentes na
hospitais, escolas e outros estabelecimentos
comunidade.
congêneres, bem como em programas
§ 2º A medida não comporta prazo determinado
comunitários ou governamentais.
aplicando-se, no que couber, as disposições
Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas
relativas à internação.
conforme as aptidões do adolescente, devendo
ser cumpridas durante jornada máxima de oito
horas semanais, aos sábados, domingos e Seção VII
feriados ou em dias úteis, de modo a não Da Internação
prejudicar a frequência à escola ou à jornada
normal de trabalho. Art. 121. A internação constitui medida privativa
da liberdade, sujeita aos princípios de brevidade,
excepcionalidade e respeito à condição peculiar
Seção V
de pessoa em desenvolvimento.
Da Liberdade Assistida
§ 1º Será permitida a realização de atividades
externas, a critério da equipe técnica da entidade,
Art. 118. A liberdade assistida será adotada
salvo expressa determinação judicial em
sempre que se afigurar a medida mais adequada
contrário.
para o fim de acompanhar, auxiliar e orientar o
§ 2º A medida não comporta prazo determinado,
adolescente.
devendo sua manutenção ser reavaliada,
§ 1º A autoridade designará pessoa capacitada
mediante decisão fundamentada, no máximo a
para acompanhar o caso, a qual poderá ser
cada seis meses.
recomendada por entidade ou programa de
§ 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de
atendimento.
internação excederá a três anos.
§ 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo
§ 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo
mínimo de seis meses, podendo a qualquer
anterior, o adolescente deverá ser liberado,
tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por
colocado em regime de semiliberdade ou de XIII - ter acesso aos meios de comunicação
liberdade assistida. social;
§ 5º A liberação será compulsória aos vinte e um XIV - receber assistência religiosa, segundo a
anos de idade. sua crença, e desde que assim o deseje;
§ 6º Em qualquer hipótese a desinternação será XV - manter a posse de seus objetos pessoais e
precedida de autorização judicial, ouvido o dispor de local seguro para guardá-los,
Ministério Público. recebendo comprovante daqueles porventura
§ 7° A determinação judicial mencionada no § 1 o depositados em poder da entidade;
poderá ser revista a qualquer tempo pela XVI - receber, quando de sua desinternação, os
autoridade judiciária. documentos pessoais indispensáveis à vida em
Art. 122. A medida de internação só poderá ser sociedade.
aplicada quando: § 1° Em nenhum caso haverá
I - tratar-se de ato infracional cometido mediante incomunicabilidade.
grave ameaça ou violência a pessoa; § 2º A autoridade judiciária poderá suspender
II - por reiteração no cometimento de outras temporariamente a visita, inclusive de pais ou
infrações graves; responsável, se existirem motivos sérios e
III - por descumprimento reiterado e injustificável fundados de sua prejudicialidade aos interesses
da medida anteriormente imposta. do adolescente.
§ 1° O prazo de internação na hipótese do inciso Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade
III deste artigo não poderá ser superior a 3 (três) física e mental dos internos, cabendo-lhe adotar
meses, devendo ser decretada judicialmente após as medidas adequadas de contenção e
o devido processo legal. segurança.
§ 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a
internação, havendo outra medida adequada. CAPÍTULO V
Art. 123. A internação deverá ser cumprida em Da Remissão
entidade exclusiva para adolescentes, em local
distinto daquele destinado ao abrigo, obedecida Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial
rigorosa separação por critérios de idade, para apuração de ato infracional, o representante
compleição física e gravidade da infração. do Ministério Público poderá conceder a remissão,
Parágrafo único. Durante o período de como forma de exclusão do processo,
internação, inclusive provisória, serão atendendo às circunstâncias e consequências do
obrigatórias atividades pedagógicas. fato, ao contexto social, bem como à
Art. 124. São direitos do adolescente privado de personalidade do adolescente e sua maior ou
liberdade, entre outros, os seguintes: menor participação no ato infracional.
I - entrevistar-se pessoalmente com o Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a
representante do Ministério Público; concessão da remissão pela autoridade judiciária
II - peticionar diretamente a qualquer autoridade; importará na suspensão ou extinção do
III - avistar-se reservadamente com seu defensor; processo.
IV - ser informado de sua situação processual, Art. 127. A remissão não implica necessariamente
sempre que solicitada; o reconhecimento ou comprovação da
V - ser tratado com respeito e dignidade; responsabilidade, nem prevalece para efeito de
VI - permanecer internado na mesma localidade antecedentes, podendo incluir eventualmente a
ou naquela mais próxima ao domicílio de seus aplicação de qualquer das medidas previstas em
pais ou responsável; lei, exceto a colocação em regime de
VII - receber visitas, ao menos, semanalmente; semiliberdade e a internação.
VIII - corresponder-se com seus familiares e Art. 128. A medida aplicada por força da remissão
amigos; poderá ser revista judicialmente, a qualquer
IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene tempo, mediante pedido expresso do
e asseio pessoal; adolescente ou de seu representante legal, ou do
X - habitar alojamento em condições adequadas Ministério Público.
de higiene e salubridade;
XI - receber escolarização e profissionalização;
XII - realizar atividades culturais, esportivas e de
lazer:
TÍTULO IV permitida recondução por novos processos de
DAS MEDIDAS PERTINENTES AOS PAIS OU escolha.
RESPONSÁVEL Art. 133. Para a candidatura a membro do
Conselho Tutelar, serão exigidos os seguintes
Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou requisitos:
responsável: I - reconhecida idoneidade moral;
I - encaminhamento a serviços e programas II - idade superior a vinte e um anos;
oficiais ou comunitários de proteção, apoio e III - residir no município.
promoção da família; Art. 134. Lei municipal ou distrital disporá sobre o
II - inclusão em programa oficial ou comunitário local, dia e horário de funcionamento do Conselho
de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e Tutelar, inclusive quanto à remuneração dos
toxicômanos; respectivos membros, aos quais é assegurado o
III - encaminhamento a tratamento psicológico direito a:
ou psiquiátrico; I - cobertura previdenciária;
IV - encaminhamento a cursos ou programas de II - gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas
orientação; de 1/3 (um terço) do valor da remuneração
V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e mensal;
acompanhar sua frequência e aproveitamento III - licença-maternidade;
escolar; IV - licença-paternidade;
VI - obrigação de encaminhar a criança ou V - gratificação natalina.
adolescente a tratamento especializado; Parágrafo único. Constará da lei orçamentária
VII - advertência; municipal e da do Distrito Federal previsão dos
VIII - perda da guarda; recursos necessários ao funcionamento do
IX - destituição da tutela; Conselho Tutelar e à remuneração e formação
X - suspensão ou destituição do poder familiar. continuada dos conselheiros tutelares.
Parágrafo único. Na aplicação das medidas Art. 135. O exercício efetivo da função de
previstas nos incisos IX e X deste artigo, observar- conselheiro constituirá serviço público relevante
se-á o disposto nos arts. 23 e 24. e estabelecerá presunção de idoneidade moral.
Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos,
opressão ou abuso sexual impostos pelos pais ou CAPÍTULO II
responsável, a autoridade judiciária poderá Das Atribuições do Conselho
determinar, como medida cautelar, o afastamento
do agressor da moradia comum. Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar:
Parágrafo único. Da medida cautelar constará, I - atender as crianças e adolescentes nas
ainda, a fixação provisória dos alimentos de hipóteses previstas nos arts. 98 e 105, aplicando
que necessitem a criança ou o adolescente as medidas previstas no art. 101, I a VII;
dependentes do agressor. II - atender e aconselhar os pais ou responsável,
aplicando as medidas previstas no art. 129, I a VII;
TÍTULO V III - promover a execução de suas decisões,
DO CONSELHO TUTELAR podendo para tanto:
CAPÍTULO I a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde,
Disposições Gerais educação, serviço social, previdência, trabalho e
segurança;
Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente b) representar junto à autoridade judiciária nos
e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela casos de descumprimento injustificado de suas
sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos deliberações.
da criança e do adolescente, definidos nesta Lei. IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de
Art. 132. Em cada Município e em cada Região fato que constitua infração administrativa ou
Administrativa do Distrito Federal haverá, no penal contra os direitos da criança ou
mínimo, 1 (um) Conselho Tutelar como órgão adolescente;
integrante da administração pública local, V - encaminhar à autoridade judiciária os casos
composto de 5 (cinco) membros, escolhidos pela de sua competência;
população local para mandato de 4 (quatro) anos,
VI - providenciar a medida estabelecida pela público ou privado, que constitua violência
autoridade judiciária, dentre as previstas no art. doméstica e familiar contra a criança e o
101, de I a VI, para o adolescente autor de ato adolescente;
infracional; XIX - receber e encaminhar, quando for o caso, as
VII - expedir notificações; informações reveladas por noticiantes ou
VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito denunciantes relativas à prática de violência, ao
de criança ou adolescente quando necessário; uso de tratamento cruel ou degradante ou de
IX - assessorar o Poder Executivo local na formas violentas de educação, correção ou
elaboração da proposta orçamentária para disciplina contra a criança e o adolescente;
planos e programas de atendimento dos direitos XX - representar à autoridade judicial ou ao
da criança e do adolescente; Ministério Público para requerer a concessão de
X - representar, em nome da pessoa e da família, medidas cautelares direta ou indiretamente
contra a violação dos direitos previstos no art. 220, relacionada à eficácia da proteção de noticiante ou
§ 3º, inciso II, da Constituição Federal; denunciante de informações de crimes que
XI - representar ao Ministério Público para efeito envolvam violência doméstica e familiar contra a
das ações de perda ou suspensão do poder criança e o adolescente.
familiar, após esgotadas as possibilidades de Parágrafo único. Se, no exercício de suas
manutenção da criança ou do adolescente junto à atribuições, o Conselho Tutelar entender
família natural. necessário o afastamento do convívio familiar,
XII - promover e incentivar, na comunidade e nos comunicará incontinenti o fato ao Ministério
grupos profissionais, ações de divulgação e Público, prestando-lhe informações sobre os
treinamento para o reconhecimento de sintomas motivos de tal entendimento e as providências
de maus-tratos em crianças e adolescentes. tomadas para a orientação, o apoio e a promoção
XIII - adotar, na esfera de sua competência, ações social da família.
articuladas e efetivas direcionadas à identificação Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar
da agressão, à agilidade no atendimento da somente poderão ser revistas pela autoridade
criança e do adolescente vítima de violência judiciária a pedido de quem tenha legítimo
doméstica e familiar e à responsabilização do interesse.
agressor;
XIV - atender à criança e ao adolescente vítima CAPÍTULO III
ou testemunha de violência doméstica e Da Competência
familiar, ou submetido a tratamento cruel ou
degradante ou a formas violentas de educação, Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra de
correção ou disciplina, a seus familiares e a competência constante do art. 147.
testemunhas, de forma a prover orientação e
aconselhamento acerca de seus direitos e dos
CAPÍTULO IV
encaminhamentos necessários;
Da Escolha dos Conselheiros
XV - representar à autoridade judicial ou policial
para requerer o afastamento do agressor do lar,
Art. 139. O processo para a escolha dos membros
do domicílio ou do local de convivência com a
do Conselho Tutelar será estabelecido em lei
vítima nos casos de violência doméstica e familiar
municipal e realizado sob a responsabilidade do
contra a criança e o adolescente;
Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
XVI - representar à autoridade judicial para
Adolescente, e a fiscalização do Ministério
requerer a concessão de medida protetiva de
Público.
urgência à criança ou ao adolescente vítima ou
§ 1° O processo de escolha dos membros do
testemunha de violência doméstica e familiar, bem
Conselho Tutelar ocorrerá em data unificada em
como a revisão daquelas já concedidas; XVII -
todo o território nacional a cada 4 (quatro)
representar ao Ministério Público para requerer a
anos, no primeiro domingo do mês de outubro do
propositura de ação cautelar de antecipação de
ano subsequente ao da eleição presidencial.
produção de prova nas causas que envolvam
§ 2° A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá
violência contra a criança e o adolescente;
no dia 10 de janeiro do ano subsequente ao
XVIII - tomar as providências cabíveis, na esfera
processo de escolha.
de sua competência, ao receber comunicação da
ocorrência de ação ou omissão, praticada em local
§ 3 No processo de escolha dos membros do Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito do
Conselho Tutelar, é vedado ao candidato doar, fato não poderá identificar a criança ou
oferecer, prometer ou entregar ao eleitor bem ou adolescente, vedando-se fotografia, referência a
vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive nome, apelido, filiação, parentesco, residência e,
brindes de pequeno valor. inclusive, iniciais do nome e sobrenome.
Art. 144. A expedição de cópia ou certidão de atos
CAPÍTULO V a que se refere o artigo anterior somente será
Dos Impedimentos deferida pela autoridade judiciária competente, se
demonstrado o interesse e justificada a finalidade.
Art. 140. São impedidos de servir no mesmo
Conselho marido e mulher, ascendentes e CAPÍTULO II
descendentes, sogro e genro ou nora, irmãos, Da Justiça da Infância e da Juventude
cunhados, durante o cunhadio, tio e sobrinho, SEÇÃO I
padrasto ou madrasta e enteado. Disposições Gerais
Parágrafo único. Estende-se o impedimento do
conselheiro, na forma deste artigo, em relação à Art. 145. Os estados e o Distrito Federal poderão
autoridade judiciária e ao representante do criar varas especializadas e exclusivas da
Ministério Público com atuação na Justiça da infância e da juventude, cabendo ao Poder
Infância e da Juventude, em exercício na comarca, Judiciário estabelecer sua proporcionalidade por
foro regional ou distrital. número de habitantes, dotá-las de infra-estrutura e
dispor sobre o atendimento, inclusive em plantões.
TÍTULO VI
DO ACESSO À JUSTIÇA Seção II
CAPÍTULO I Do Juiz
Disposições Gerais
Art. 146. A autoridade a que se refere esta Lei é o
Art. 141. É garantido o acesso de toda criança Juiz da Infância e da Juventude, ou o juiz que
ou adolescente à Defensoria Pública, ao Ministério exerce essa função, na forma da lei de
Público e ao Poder Judiciário, por qualquer de organização judiciária local.
seus órgãos. Art. 147. A competência será determinada:
§ 1º A assistência judiciária gratuita será I - pelo domicílio dos pais ou responsável;
prestada aos que dela necessitarem, através de II - pelo lugar onde se encontre a criança ou
defensor público ou advogado nomeado. adolescente, à falta dos pais ou responsável.
§ 2º As ações judiciais da competência da Justiça § 1º Nos casos de ato infracional, será
da Infância e da Juventude são isentas de custas competente a autoridade do lugar da ação ou
e emolumentos, ressalvada a hipótese de omissão, observadas as regras de conexão,
litigância de má-fé. continência e prevenção.
Art. 142. Os menores de dezesseis anos serão § 2º A execução das medidas poderá ser delegada
representados e os maiores de dezesseis e à autoridade competente da residência dos pais
menores de vinte e um anos assistidos por seus ou responsável, ou do local onde sediar-se a
pais, tutores ou curadores, na forma da legislação entidade que abrigar a criança ou adolescente.
civil ou processual. § 3º Em caso de infração cometida através de
Parágrafo único. A autoridade judiciária dará transmissão simultânea de rádio ou televisão, que
curador especial à criança ou adolescente, atinja mais de uma comarca, será competente,
sempre que os interesses destes colidirem com os para aplicação da penalidade, a autoridade
de seus pais ou responsável, ou quando carecer judiciária do local da sede estadual da emissora
de representação ou assistência legal ainda que ou rede, tendo a sentença eficácia para todas as
eventual. transmissoras ou retransmissoras do respectivo
Art. 143. E vedada a divulgação de atos judiciais, estado.
policiais e administrativos que digam respeito a Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é
crianças e adolescentes a que se atribua autoria competente para:
de ato infracional. I - conhecer de representações promovidas pelo
Ministério Público, para apuração de ato
infracional atribuído a adolescente, aplicando as b) certames de beleza.
medidas cabíveis; § 1º Para os fins do disposto neste artigo, a
II - conceder a remissão, como forma de autoridade judiciária levará em conta, dentre
suspensão ou extinção do processo; outros fatores:
III - conhecer de pedidos de adoção e seus a) os princípios desta Lei;
incidentes; b) as peculiaridades locais;
IV - conhecer de ações civis fundadas em c) a existência de instalações adequadas;
interesses individuais, difusos ou coletivos afetos à d) o tipo de frequência habitual ao local;
criança e ao adolescente, observado o disposto no e) a adequação do ambiente a eventual
art. 209; participação ou frequência de crianças e
V - conhecer de ações decorrentes de adolescentes;
irregularidades em entidades de atendimento, f) a natureza do espetáculo.
aplicando as medidas cabíveis; § 2º As medidas adotadas na conformidade deste
VI - aplicar penalidades administrativas nos casos artigo deverão ser fundamentadas, caso a caso,
de infrações contra norma de proteção à criança vedadas as determinações de caráter geral.
ou adolescente;
VII - conhecer de casos encaminhados pelo Seção III
Conselho Tutelar, aplicando as medidas cabíveis. Dos Serviços Auxiliares
Parágrafo único. Quando se tratar de criança ou
adolescente nas hipóteses do art. 98, é também Art. 150. Cabe ao Poder Judiciário, na elaboração
competente a Justiça da Infância e da Juventude de sua proposta orçamentária, prever recursos
para o fim de: para manutenção de equipe interprofissional,
a) conhecer de pedidos de guarda e tutela; destinada a assessorar a Justiça da Infância e da
b) conhecer de ações de destituição do poder Juventude.
familiar, perda ou modificação da tutela ou guarda; Art. 151. Compete à equipe interprofissional
c) suprir a capacidade ou o consentimento para o dentre outras atribuições que lhe forem reservadas
casamento; pela legislação local, fornecer subsídios por
d) conhecer de pedidos baseados em escrito, mediante laudos, ou verbalmente, na
discordância paterna ou materna, em relação ao audiência, e bem assim desenvolver trabalhos de
exercício do poder familiar; aconselhamento, orientação, encaminhamento,
e) conceder a emancipação, nos termos da lei prevenção e outros, tudo sob a imediata
civil, quando faltarem os pais; subordinação à autoridade judiciária, assegurada
f) designar curador especial em casos de a livre manifestação do ponto de vista técnico.
apresentação de queixa ou representação, ou de Parágrafo único. Na ausência ou insuficiência de
outros procedimentos judiciais ou extrajudiciais em servidores públicos integrantes do Poder Judiciário
que haja interesses de criança ou adolescente; responsáveis pela realização dos estudos
g) conhecer de ações de alimentos; psicossociais ou de quaisquer outras espécies de
h) determinar o cancelamento, a retificação e o avaliações técnicas exigidas por esta Lei ou por
suprimento dos registros de nascimento e óbito. determinação judicial, a autoridade judiciária
Art. 149. Compete à autoridade judiciária poderá proceder à nomeação de perito, nos
disciplinar, através de portaria, ou autorizar, termos do art. 156 da Lei no 13.105, de 16 de
mediante alvará: março de 2015 (Código de Processo Civil) .
I - a entrada e permanência de criança ou
adolescente, desacompanhado dos pais ou
CAPÍTULO III
responsável, em: Dos Procedimentos
a) estádio, ginásio e campo desportivo;
Seção I
b) bailes ou promoções dançantes;
Disposições Gerais
c) boate ou congêneres;
d) casa que explore comercialmente diversões
Art. 152. Aos procedimentos regulados nesta Lei
eletrônicas;
aplicam-se subsidiariamente as normas gerais
e) estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e
previstas na legislação processual pertinente.
televisão.
§ 1º É assegurada, sob pena de responsabilidade,
II - a participação de criança e adolescente em:
prioridade absoluta na tramitação dos
a) espetáculos públicos e seus ensaios;
processos e procedimentos previstos nesta disposto no § 10 do art. 101 desta Lei, e
Lei, assim como na execução dos atos e observada a Lei n° 13.431, de 4 de abril de 2017
diligências judiciais a eles referentes. § 2° Em sendo os pais oriundos de comunidades
§ 2º Os prazos estabelecidos nesta Lei e indígenas, é ainda obrigatória a intervenção,
aplicáveis aos seus procedimentos são contados junto à equipe interprofissional ou multidisciplinar
em dias corridos, excluído o dia do começo e referida no § 1° deste artigo, de representantes do
incluído o dia do vencimento, vedado o prazo em órgão federal responsável pela política indigenista,
dobro para a Fazenda Pública e o Ministério observado o disposto no § 6 o do art. 28 desta Lei.
Público. § 3º A concessão da liminar será,
Art. 153. Se a medida judicial a ser adotada não preferencialmente, precedida de entrevista da
corresponder a procedimento previsto nesta ou em criança ou do adolescente perante equipe
outra lei, a autoridade judiciária poderá investigar multidisciplinar e de oitiva da outra parte, nos
os fatos e ordenar de ofício as providências termos da Lei nº 13.431, de 4 de abril de 2017.
necessárias, ouvido o Ministério Público. § 4º Se houver indícios de ato de violação de
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se direitos de criança ou de adolescente, o juiz
aplica para o fim de afastamento da criança ou do comunicará o fato ao Ministério Público e
adolescente de sua família de origem e em outros encaminhará os documentos pertinentes.
procedimentos necessariamente contenciosos. Art. 158. O requerido será citado para, no prazo
Art. 154. Aplica-se às multas o disposto no art. de dez dias, oferecer resposta escrita, indicando
214. as provas a serem produzidas e oferecendo desde
logo o rol de testemunhas e documentos.
Seção II § 1° A citação será pessoal, salvo se esgotados
Da Perda e da Suspensão do Poder Familiar todos os meios para sua realização.
§ 2° requerido privado de liberdade deverá ser
Art. 155. O procedimento para a perda ou a citado pessoalmente.
suspensão do poder familiar terá início por § 3° Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de
provocação do Ministério Público ou de quem justiça houver procurado o citando em seu
tenha legítimo interesse. domicílio ou residência sem o encontrar, deverá,
Art. 156. A petição inicial indicará: havendo suspeita de ocultação, informar qualquer
I - a autoridade judiciária a que for dirigida; pessoa da família ou, em sua falta, qualquer
II - o nome, o estado civil, a profissão e a vizinho do dia útil em que voltará a fim de efetuar a
residência do requerente e do requerido, citação, na hora que designar, nos termos do art.
dispensada a qualificação em se tratando de 252 e seguintes da Lei n o 13.105, de 16 de março
pedido formulado por representante do Ministério de 2015 (Código de Processo Civil) .
Público; § 4° Na hipótese de os genitores encontrarem-se
III - a exposição sumária do fato e o pedido; em local incerto ou não sabido, serão citados por
IV - as provas que serão produzidas, oferecendo, edital no prazo de 10 (dez) dias, em publicação
desde logo, o rol de testemunhas e documentos. única, dispensado o envio de ofícios para a
Art. 157. Havendo motivo grave, poderá a localização.
autoridade judiciária, ouvido o Ministério Público, Art. 159. Se o requerido não tiver possibilidade
decretar a suspensão do poder familiar , liminar de constituir advogado, sem prejuízo do próprio
ou incidentalmente, até o julgamento definitivo da sustento e de sua família, poderá requerer, em
causa, ficando a criança ou adolescente confiado cartório, que lhe seja nomeado dativo, ao qual
a pessoa idônea, mediante termo de incumbirá a apresentação de resposta, contando-
responsabilidade. se o prazo a partir da intimação do despacho de
§ 1° Recebida a petição inicial, a autoridade nomeação.
judiciária determinará, concomitantemente ao Parágrafo único. Na hipótese de requerido
despacho de citação e independentemente de privado de liberdade, o oficial de justiça deverá
requerimento do interessado, a realização de perguntar, no momento da citação pessoal, se
estudo social ou perícia por equipe deseja que lhe seja nomeado defensor.
interprofissional ou multidisciplinar para comprovar Art. 160. Sendo necessário, a autoridade judiciária
a presença de uma das causas de suspensão ou requisitará de qualquer repartição ou órgão público
destituição do poder familiar, ressalvado o a apresentação de documento que interesse à
causa, de ofício ou a requerimento das partes ou caberá ao juiz, no caso de notória inviabilidade de
do Ministério Público. manutenção do poder familiar, dirigir esforços para
Art. 161. Se não for contestado o pedido e tiver preparar a criança ou o adolescente com vistas à
sido concluído o estudo social ou a perícia colocação em família substituta.
realizada por equipe interprofissional ou Parágrafo único. A sentença que decretar a
multidisciplinar, a autoridade judiciária dará vista perda ou a suspensão do poder familiar será
dos autos ao Ministério Público, por 5 (cinco) averbada à margem do registro de nascimento da
dias, salvo quando este for o requerente, e criança ou do adolescente.
decidirá em igual prazo.
§ 1º A autoridade judiciária, de ofício ou a Seção III
requerimento das partes ou do Ministério Público, Da Destituição da Tutela
determinará a oitiva de testemunhas que
comprovem a presença de uma das causas de Art. 164. Na destituição da tutela, observar-se-á o
suspensão ou destituição do poder familiar procedimento para a remoção de tutor previsto na
previstas nos arts. 1.637 e 1.638 da Lei n o lei processual civil e, no que couber, o disposto na
10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), ou seção anterior.
no art. 24 desta Lei.
§ 3° Se o pedido importar em modificação de
Seção IV
guarda, será obrigatória, desde que possível e
Da Colocação em Família Substituta
razoável, a oitiva da criança ou adolescente,
respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau
Art. 165. São requisitos para a concessão de
de compreensão sobre as implicações da medida.
pedidos de colocação em família substituta:
§ 4º É obrigatória a oitiva dos pais sempre que
I - qualificação completa do requerente e de seu
eles forem identificados e estiverem em local
eventual cônjuge, ou companheiro, com expressa
conhecido, ressalvados os casos de não
anuência deste;
comparecimento perante a Justiça quando
II - indicação de eventual parentesco do
devidamente citados.
requerente e de seu cônjuge, ou companheiro,
§ 5° Se o pai ou a mãe estiverem privados de
com a criança ou adolescente, especificando se
liberdade, a autoridade judicial requisitará sua
tem ou não parente vivo;
apresentação para a oitiva.
III - qualificação completa da criança ou
Art. 162. Apresentada a resposta, a autoridade
adolescente e de seus pais, se conhecidos;
judiciária dará vista dos autos ao Ministério
IV - indicação do cartório onde foi inscrito
Público, por cinco dias, salvo quando este for o
nascimento, anexando, se possível, uma cópia da
requerente, designando, desde logo, audiência de
respectiva certidão;
instrução e julgamento.
V - declaração sobre a existência de bens, direitos
§ 2° Na audiência, presentes as partes e o
ou rendimentos relativos à criança ou ao
Ministério Público, serão ouvidas as testemunhas,
adolescente.
colhendo-se oralmente o parecer técnico, salvo
Parágrafo único. Em se tratando de adoção,
quando apresentado por escrito, manifestando-se
observar-se-ão também os requisitos específicos.
sucessivamente o requerente, o requerido e o
Art. 166. Se os pais forem falecidos, tiverem sido
Ministério Público, pelo tempo de 20 (vinte)
destituídos ou suspensos do poder familiar, ou
minutos cada um, prorrogável por mais 10 (dez)
houverem aderido expressamente ao pedido de
minutos.
colocação em família substituta, este poderá ser
§ 3° A decisão será proferida na audiência,
formulado diretamente em cartório, em petição
podendo a autoridade judiciária,
assinada pelos próprios requerentes, dispensada
excepcionalmente, designar data para sua leitura
a assistência de advogado.
no prazo máximo de 5 (cinco) dias.
§ 1° Na hipótese de concordância dos pais, o
§ 4° Quando o procedimento de destituição de
juiz:
poder familiar for iniciado pelo Ministério
I - na presença do Ministério Público, ouvirá as
Público, não haverá necessidade de nomeação
partes, devidamente assistidas por advogado ou
de curador especial em favor da criança ou
por defensor público, para verificar sua
adolescente.
concordância com a adoção, no prazo máximo de
Art. 163. O prazo máximo para conclusão do
10 (dez) dias, contado da data do protocolo da
procedimento será de 120 (cento e vinte) dias, e
petição ou da entrega da criança em juízo, Parágrafo único. A perda ou a modificação da
tomando por termo as declarações; e guarda poderá ser decretada nos mesmos autos
II - declarará a extinção do poder familiar. do procedimento, observado o disposto no art. 35.
§ 2° O consentimento dos titulares do poder Art. 170. Concedida a guarda ou a tutela,
familiar será precedido de orientações e observar-se-á o disposto no art. 32, e, quanto à
esclarecimentos prestados pela equipe adoção, o contido no art. 47.
interprofissional da Justiça da Infância e da Parágrafo único. A colocação de criança ou
Juventude, em especial, no caso de adoção, sobre adolescente sob a guarda de pessoa inscrita em
a irrevogabilidade da medida. programa de acolhimento familiar será
§ 3° São garantidos a livre manifestação de comunicada pela autoridade judiciária à entidade
vontade dos detentores do poder familiar e o por este responsável no prazo máximo de 5
direito ao sigilo das informações. (cinco) dias.
§ 4° O consentimento prestado por escrito não
terá validade se não for ratificado na audiência a Seção V
que se refere o § 1° deste artigo. Da Apuração de Ato Infracional Atribuído a
§ 5° O consentimento é retratável até a data da Adolescente
realização da audiência especificada no § 1° deste
artigo, e os pais podem exercer o Art. 171. O adolescente apreendido por força
arrependimento no prazo de 10 (dez) dias, de ordem judicial será, desde logo,
contado da data de prolação da sentença de encaminhado à autoridade judiciária.
extinção do poder familiar. Art. 172. O adolescente apreendido em flagrante
§ 6° O consentimento somente terá valor se for de ato infracional será, desde logo, encaminhado
dado após o nascimento da criança. à autoridade policial competente.
§ 7° A família natural e a família substituta Parágrafo único. Havendo repartição policial
receberão a devida orientação por intermédio de especializada para atendimento de adolescente e
equipe técnica interprofissional a serviço da em se tratando de ato infracional praticado em co-
Justiça da Infância e da Juventude, autoria com maior, prevalecerá a atribuição da
preferencialmente com apoio dos técnicos repartição especializada, que, após as
responsáveis pela execução da política municipal providências necessárias e conforme o caso,
de garantia do direito à convivência familiar. encaminhará o adulto à repartição policial própria.
Art. 167. A autoridade judiciária, de ofício ou a Art. 173. Em caso de flagrante de ato infracional
requerimento das partes ou do Ministério Público, cometido mediante violência ou grave ameaça
determinará a realização de estudo social ou, se a pessoa, a autoridade policial, sem prejuízo do
possível, perícia por equipe interprofissional, disposto nos arts. 106, parágrafo único, e 107,
decidindo sobre a concessão de guarda provisória, deverá:
bem como, no caso de adoção, sobre o estágio de I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as
convivência. testemunhas e o adolescente;
Parágrafo único. Deferida a concessão da guarda II - apreender o produto e os instrumentos da
provisória ou do estágio de convivência, a criança infração;
ou o adolescente será entregue ao interessado, III - requisitar os exames ou perícias necessários à
mediante termo de responsabilidade. comprovação da materialidade e autoria da
Art. 168. Apresentado o relatório social ou o laudo infração.
pericial, e ouvida, sempre que possível, a criança Parágrafo único. Nas demais hipóteses de
ou o adolescente, dar-se-á vista dos autos ao flagrante, a lavratura do auto poderá ser
Ministério Público, pelo prazo de cinco dias, substituída por boletim de ocorrência
decidindo a autoridade judiciária em igual prazo. circunstanciada.
Art. 169. Nas hipóteses em que a destituição da Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou
tutela, a perda ou a suspensão do poder familiar responsável, o adolescente será prontamente
constituir pressuposto lógico da medida principal liberado pela autoridade policial, sob termo de
de colocação em família substituta, será compromisso e responsabilidade de sua
observado o procedimento contraditório previsto apresentação ao representante do Ministério
nas Seções II e III deste Capítulo. Público, no mesmo dia ou, sendo impossível, no
primeiro dia útil imediato, exceto quando, pela
gravidade do ato infracional e sua repercussão Art. 180. Adotadas as providências a que alude o
social, deva o adolescente permanecer sob artigo anterior, o representante do Ministério
internação para garantia de sua segurança Público poderá:
pessoal ou manutenção da ordem pública. I - promover o arquivamento dos autos;
Art. 175. Em caso de não liberação, a autoridade II - conceder a remissão;
policial encaminhará, desde logo, o adolescente III - representar à autoridade judiciária para
ao representante do Ministério Público, aplicação de medida sócio-educativa.
juntamente com cópia do auto de apreensão ou Art. 181. Promovido o arquivamento dos autos
boletim de ocorrência. ou concedida a remissão pelo representante do
§ 1º Sendo impossível a apresentação imediata, a Ministério Público, mediante termo fundamentado,
autoridade policial encaminhará o adolescente à que conterá o resumo dos fatos, os autos serão
entidade de atendimento, que fará a conclusos à autoridade judiciária para
apresentação ao representante do Ministério homologação.
Público no prazo de vinte e quatro horas. § 1º Homologado o arquivamento ou a remissão, a
§ 2º Nas localidades onde não houver entidade de autoridade judiciária determinará, conforme o
atendimento, a apresentação far-se-á pela caso, o cumprimento da medida.
autoridade policial. À falta de repartição policial § 2º Discordando, a autoridade judiciária fará
especializada, o adolescente aguardará a remessa dos autos ao Procurador-Geral de
apresentação em dependência separada da Justiça, mediante despacho fundamentado, e este
destinada a maiores, não podendo, em qualquer oferecerá representação, designará outro membro
hipótese, exceder o prazo referido no parágrafo do Ministério Público para apresentá-la, ou
anterior. ratificará o arquivamento ou a remissão, que só
Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a então estará a autoridade judiciária obrigada a
autoridade policial encaminhará imediatamente ao homologar.
representante do Ministério Público cópia do auto Art. 182. Se, por qualquer razão, o representante
de apreensão ou boletim de ocorrência. do Ministério Público não promover o
Art. 177. Se, afastada a hipótese de flagrante, arquivamento ou conceder a remissão, oferecerá
houver indícios de participação de adolescente na representação à autoridade judiciária, propondo
prática de ato infracional, a autoridade policial a instauração de procedimento para aplicação da
encaminhará ao representante do Ministério medida sócio-educativa que se afigurar a mais
Público relatório das investigações e demais adequada.
documentos. § 1º A representação será oferecida por petição,
Art. 178. O adolescente a quem se atribua autoria que conterá o breve resumo dos fatos e a
de ato infracional não poderá ser conduzido ou classificação do ato infracional e, quando
transportado em compartimento fechado de necessário, o rol de testemunhas, podendo ser
veículo policial, em condições atentatórias à sua deduzida oralmente, em sessão diária instalada
dignidade, ou que impliquem risco à sua pela autoridade judiciária.
integridade física ou mental, sob pena de § 2º A representação independe de prova pré-
responsabilidade. constituída da autoria e materialidade.
Art. 179. Apresentado o adolescente, o Art. 183. O prazo máximo e improrrogável para a
representante do Ministério Público, no mesmo dia conclusão do procedimento, estando o
e à vista do auto de apreensão, boletim de adolescente internado provisoriamente, será de
ocorrência ou relatório policial, devidamente quarenta e cinco dias.
autuados pelo cartório judicial e com informação Art. 184. Oferecida a representação, a autoridade
sobre os antecedentes do adolescente, procederá judiciária designará audiência de apresentação do
imediata e informalmente à sua oitiva e, em adolescente, decidindo, desde logo, sobre a
sendo possível, de seus pais ou responsável, decretação ou manutenção da internação,
vítima e testemunhas. observado o disposto no art. 108 e parágrafo.
Parágrafo único. Em caso de não apresentação, § 1º O adolescente e seus pais ou responsável
o representante do Ministério Público notificará os serão cientificados do teor da representação, e
pais ou responsável para apresentação do notificados a comparecer à audiência,
adolescente, podendo requisitar o concurso das acompanhados de advogado.
polícias civil e militar.
§ 2º Se os pais ou responsável não forem designará nova data, determinando sua condução
localizados, a autoridade judiciária dará curador coercitiva.
especial ao adolescente. Art. 188. A remissão, como forma de extinção ou
§ 3º Não sendo localizado o adolescente, a suspensão do processo, poderá ser aplicada em
autoridade judiciária expedirá mandado de busca qualquer fase do procedimento, antes da
e apreensão, determinando o sobrestamento do sentença.
feito, até a efetiva apresentação. Art. 189. A autoridade judiciária não aplicará
§ 4º Estando o adolescente internado, será qualquer medida, desde que reconheça na
requisitada a sua apresentação, sem prejuízo da sentença:
notificação dos pais ou responsável. I - estar provada a inexistência do fato;
Art. 185. A internação, decretada ou mantida pela II - não haver prova da existência do fato;
autoridade judiciária, não poderá ser cumprida III - não constituir o fato ato infracional;
em estabelecimento prisional. IV - não existir prova de ter o adolescente
§ 1º Inexistindo na comarca entidade com as concorrido para o ato infracional.
características definidas no art. 123, o adolescente Parágrafo único. Na hipótese deste artigo,
deverá ser imediatamente transferido para a estando o adolescente internado, será
localidade mais próxima. imediatamente colocado em liberdade.
§ 2º Sendo impossível a pronta transferência, o Art. 190. A intimação da sentença que aplicar
adolescente aguardará sua remoção em medida de internação ou regime de semi-liberdade
repartição policial, desde que em seção isolada será feita:
dos adultos e com instalações apropriadas, não I - ao adolescente e ao seu defensor;
podendo ultrapassar o prazo máximo de cinco II - quando não for encontrado o adolescente, a
dias, sob pena de responsabilidade. seus pais ou responsável, sem prejuízo do
Art. 186. Comparecendo o adolescente, seus pais defensor.
ou responsável, a autoridade judiciária procederá § 1º Sendo outra a medida aplicada, a intimação
à oitiva dos mesmos, podendo solicitar opinião de far-se-á unicamente na pessoa do defensor.
profissional qualificado. § 2º Recaindo a intimação na pessoa do
§ 1º Se a autoridade judiciária entender adequada adolescente, deverá este manifestar se deseja ou
a remissão, ouvirá o representante do Ministério não recorrer da sentença.
Público, proferindo decisão.
§ 2º Sendo o fato grave, passível de aplicação de Seção V-A
medida de internação ou colocação em regime de Da Infiltração de Agentes de Polícia para a
semi-liberdade, a autoridade judiciária, verificando Investigação de Crimes contra a Dignidade
que o adolescente não possui advogado Sexual de Criança e de Adolescente
constituído, nomeará defensor, designando,
desde logo, audiência em continuação, podendo Art. 190-A. A infiltração de agentes de polícia
determinar a realização de diligências e estudo do na internet com o fim de investigar os crimes
caso. previstos nos arts. 240 , 241 , 241-A , 241-B , 241-
§ 3º O advogado constituído ou o defensor C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-A , 217-A ,
nomeado, no prazo de três dias contado da 218 , 218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de 7
audiência de apresentação, oferecerá defesa de dezembro de 1940 (Código Penal) , obedecerá
prévia e rol de testemunhas. às seguintes regras:
§ 4º Na audiência em continuação, ouvidas as I - será precedida de autorização judicial
testemunhas arroladas na representação e na devidamente circunstanciada e fundamentada,
defesa prévia, cumpridas as diligências e juntado que estabelecerá os limites da infiltração para
o relatório da equipe interprofissional, será dada a obtenção de prova, ouvido o Ministério Público;
palavra ao representante do Ministério Público e II - dar-se-á mediante requerimento do
ao defensor, sucessivamente, pelo tempo de vinte Ministério Público ou representação de
minutos para cada um, prorrogável por mais delegado de polícia e conterá a demonstração de
dez, a critério da autoridade judiciária, que em sua necessidade, o alcance das tarefas dos
seguida proferirá decisão. policiais, os nomes ou apelidos das pessoas
Art. 187. Se o adolescente, devidamente investigadas e, quando possível, os dados de
notificado, não comparecer, injustificadamente à
audiência de apresentação, a autoridade judiciária
conexão ou cadastrais que permitam a Parágrafo único. O procedimento sigiloso de que
identificação dessas pessoas; trata esta Seção será numerado e tombado em
III - não poderá exceder o prazo de 90 (noventa) livro específico.
dias, sem prejuízo de eventuais renovações, Art. 190-E. Concluída a investigação, todos os
desde que o total não exceda a 720 (setecentos e atos eletrônicos praticados durante a operação
vinte) dias e seja demonstrada sua efetiva deverão ser registrados, gravados, armazenados e
necessidade, a critério da autoridade judicial. encaminhados ao juiz e ao Ministério Público,
§ 1º A autoridade judicial e o Ministério Público juntamente com relatório circunstanciado.
poderão requisitar relatórios parciais da Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados
operação de infiltração antes do término do prazo citados no caput deste artigo serão reunidos em
de que trata o inciso II do § 1 º deste artigo. autos apartados e apensados ao processo criminal
§ 2 º Para efeitos do disposto no inciso I do § 1 º juntamente com o inquérito policial, assegurando-
deste artigo, consideram-se: se a preservação da identidade do agente
I - dados de conexão: informações referentes a policial infiltrado e a intimidade das crianças e
hora, data, início, término, duração, endereço de dos adolescentes envolvidos.
Protocolo de Internet (IP) utilizado e terminal de
origem da conexão; Seção VI
II - dados cadastrais: informações referentes a Da Apuração de Irregularidades em Entidade
nome e endereço de assinante ou de usuário de Atendimento
registrado ou autenticado para a conexão a quem
endereço de IP, identificação de usuário ou código Art. 191. O procedimento de apuração de
de acesso tenha sido atribuído no momento da irregularidades em entidade governamental e não-
conexão. governamental terá início mediante portaria da
§ 3 º A infiltração de agentes de polícia na internet autoridade judiciária ou representação do
não será admitida se a prova puder ser obtida Ministério Público ou do Conselho Tutelar, onde
por outros meios. conste, necessariamente, resumo dos fatos.
Art. 190-B. As informações da operação de Parágrafo único. Havendo motivo grave, poderá
infiltração serão encaminhadas diretamente ao juiz a autoridade judiciária, ouvido o Ministério Público,
responsável pela autorização da medida, que decretar liminarmente o afastamento
zelará por seu sigilo. provisório do dirigente da entidade, mediante
Parágrafo único. Antes da conclusão da decisão fundamentada.
operação, o acesso aos autos será reservado ao Art. 192. O dirigente da entidade será citado para,
juiz, ao Ministério Público e ao delegado de polícia no prazo de dez dias, oferecer resposta escrita,
responsável pela operação, com o objetivo de podendo juntar documentos e indicar as provas a
garantir o sigilo das investigações. produzir.
Art. 190-C. Não comete crime o policial que Art. 193. Apresentada ou não a resposta, e sendo
oculta a sua identidade para, por meio da necessário, a autoridade judiciária designará
internet, colher indícios de autoria e materialidade audiência de instrução e julgamento, intimando as
dos crimes previstos nos arts. 240 , 241 , 241-A , partes.
241-B , 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-A § 1º Salvo manifestação em audiência, as partes e
, 217-A , 218 , 218-A e 218-B do Decreto-Lei nº o Ministério Público terão cinco dias para oferecer
2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal) . alegações finais, decidindo a autoridade judiciária
Parágrafo único. O agente policial infiltrado que em igual prazo.
deixar de observar a estrita finalidade da § 2º Em se tratando de afastamento provisório ou
investigação responderá pelos excessos definitivo de dirigente de entidade governamental,
praticados. a autoridade judiciária oficiará à autoridade
Art. 190-D. Os órgãos de registro e cadastro administrativa imediatamente superior ao
público poderão incluir nos bancos de dados afastado, marcando prazo para a substituição.
próprios, mediante procedimento sigiloso e § 3º Antes de aplicar qualquer das medidas, a
requisição da autoridade judicial, as informações autoridade judiciária poderá fixar prazo para a
necessárias à efetividade da identidade fictícia remoção das irregularidades verificadas.
criada. Satisfeitas as exigências, o processo será extinto,
sem julgamento de mérito.
§ 4º A multa e a advertência serão impostas ao Seção VIII
dirigente da entidade ou programa de Da Habilitação de Pretendentes à Adoção
atendimento.
Art. 197-A. Os postulantes à adoção,
Seção VII domiciliados no Brasil, apresentarão petição
Da Apuração de Infração Administrativa às inicial na qual conste:
Normas de Proteção à Criança e ao I - qualificação completa;
Adolescente II - dados familiares;
III - cópias autenticadas de certidão de nascimento
Art. 194. O procedimento para imposição de ou casamento, ou declaração relativa ao período
penalidade administrativa por infração às normas de união estável;
de proteção à criança e ao adolescente terá início IV - cópias da cédula de identidade e inscrição no
por representação do Ministério Público, ou do Cadastro de Pessoas Físicas;
Conselho Tutelar, ou auto de infração elaborado V - comprovante de renda e domicílio;
por servidor efetivo ou voluntário credenciado, e VI - atestados de sanidade física e mental
assinado por duas testemunhas, se possível. VII - certidão de antecedentes criminais;
§ 1º No procedimento iniciado com o auto de VIII - certidão negativa de distribuição cível.
infração, poderão ser usadas fórmulas Art. 197-B. A autoridade judiciária, no prazo de 48
impressas, especificando-se a natureza e as (quarenta e oito) horas, dará vista dos autos ao
circunstâncias da infração. Ministério Público, que no prazo de 5 (cinco) dias
§ 2º Sempre que possível, à verificação da poderá:
infração seguir-se-á a lavratura do auto, I - apresentar quesitos a serem respondidos pela
certificando-se, em caso contrário, dos motivos do equipe interprofissional encarregada de elaborar o
retardamento. estudo técnico a que se refere o art. 197-C desta
Art. 195. O requerido terá prazo de dez dias para Lei;
apresentação de defesa, contado da data da II - requerer a designação de audiência para oitiva
intimação, que será feita: dos postulantes em juízo e testemunhas;
I - pelo autuante, no próprio auto, quando este for III - requerer a juntada de documentos
lavrado na presença do requerido; complementares e a realização de outras
II - por oficial de justiça ou funcionário diligências que entender necessárias.
legalmente habilitado, que entregará cópia do Art. 197-C. Intervirá no feito, obrigatoriamente,
auto ou da representação ao requerido, ou a seu equipe interprofissional a serviço da Justiça da
representante legal, lavrando certidão; Infância e da Juventude, que deverá elaborar
III - por via postal, com aviso de recebimento, se estudo psicossocial, que conterá subsídios que
não for encontrado o requerido ou seu permitam aferir a capacidade e o preparo dos
representante legal; postulantes para o exercício de uma paternidade
IV - por edital, com prazo de trinta dias, se incerto ou maternidade responsável, à luz dos requisitos e
ou não sabido o paradeiro do requerido ou de seu princípios desta Lei.
representante legal. § 1° É obrigatória a participação dos postulantes
Art. 196. Não sendo apresentada a defesa no em programa oferecido pela Justiça da Infância e
prazo legal, a autoridade judiciária dará vista dos da Juventude, preferencialmente com apoio dos
autos do Ministério Público, por cinco dias, técnicos responsáveis pela execução da política
decidindo em igual prazo. municipal de garantia do direito à convivência
Art. 197. Apresentada a defesa, a autoridade familiar e dos grupos de apoio à adoção
judiciária procederá na conformidade do artigo devidamente habilitados perante a Justiça da
anterior, ou, sendo necessário, designará Infância e da Juventude, que inclua preparação
audiência de instrução e julgamento. psicológica, orientação e estímulo à adoção inter-
Parágrafo único. Colhida a prova oral, racial, de crianças ou de adolescentes com
manifestar-se-ão sucessivamente o Ministério deficiência, com doenças crônicas ou com
Público e o procurador do requerido, pelo tempo necessidades específicas de saúde, e de grupos
de vinte minutos para cada um, prorrogável por de irmãos.
mais dez, a critério da autoridade judiciária, que § 2° Sempre que possível e recomendável, a
em seguida proferirá sentença. etapa obrigatória da preparação referida no § 1°
deste artigo incluirá o contato com crianças e criança ou do adolescente depois do trânsito em
adolescentes em regime de acolhimento familiar julgado da sentença de adoção importará na sua
ou institucional, a ser realizado sob orientação, exclusão dos cadastros de adoção e na vedação
supervisão e avaliação da equipe técnica da de renovação da habilitação, salvo decisão
Justiça da Infância e da Juventude e dos grupos judicial fundamentada, sem prejuízo das demais
de apoio à adoção, com apoio dos técnicos sanções previstas na legislação vigente.
responsáveis pelo programa de acolhimento Art. 197-F. O prazo máximo para conclusão da
familiar e institucional e pela execução da política habilitação à adoção será de 120 (cento e vinte)
municipal de garantia do direito à convivência dias, prorrogável por igual período, mediante
familiar. decisão fundamentada da autoridade judiciária.
§ 3° É recomendável que as crianças e os
adolescentes acolhidos institucionalmente ou por CAPÍTULO IV
família acolhedora sejam preparados por equipe Dos Recursos
interprofissional antes da inclusão em família
adotiva. Art. 198. Nos procedimentos afetos à Justiça da
Art. 197-D. Certificada nos autos a conclusão da Infância e da Juventude, inclusive os relativos à
participação no programa referido no art. 197-C execução das medidas socioeducativas, adotar-
desta Lei, a autoridade judiciária, no prazo de 48 se-á o sistema recursal da Lei n° 5.869, de 11 de
(quarenta e oito) horas, decidirá acerca das janeiro de 1973 (Código de Processo Civil), com
diligências requeridas pelo Ministério Público e as seguintes adaptações:
determinará a juntada do estudo psicossocial, I - os recursos serão interpostos
designando, conforme o caso, audiência de independentemente de preparo;
instrução e julgamento. II - em todos os recursos, salvo nos embargos de
Parágrafo único. Caso não sejam requeridas declaração, o prazo para o Ministério Público e
diligências, ou sendo essas indeferidas, a para a defesa será sempre de 10 (dez) dias;
autoridade judiciária determinará a juntada do III - os recursos terão preferência de julgamento
estudo psicossocial, abrindo a seguir vista dos e dispensarão revisor;
autos ao Ministério Público, por 5 (cinco) dias, VII - antes de determinar a remessa dos autos à
decidindo em igual prazo. superior instância, no caso de apelação, ou do
Art. 197-E. Deferida a habilitação, o postulante instrumento, no caso de agravo, a autoridade
será inscrito nos cadastros referidos no art. 50 judiciária proferirá despacho fundamentado,
desta Lei, sendo a sua convocação para a adoção mantendo ou reformando a decisão, no prazo de
feita de acordo com ordem cronológica de cinco dias;
habilitação e conforme a disponibilidade de VIII - mantida a decisão apelada ou agravada, o
crianças ou adolescentes adotáveis. escrivão remeterá os autos ou o instrumento à
§ 1° A ordem cronológica das habilitações superior instância dentro de vinte e quatro horas,
somente poderá deixar de ser observada pela independentemente de novo pedido do recorrente;
autoridade judiciária nas hipóteses previstas no § se a reformar, a remessa dos autos dependerá de
13 do art. 50 desta Lei, quando comprovado ser pedido expresso da parte interessada ou do
essa a melhor solução no interesse do Ministério Público, no prazo de cinco dias,
adotando. contados da intimação.
§ 2° A habilitação à adoção deverá ser renovada Art. 199. Contra as decisões proferidas com base
no mínimo trienalmente mediante avaliação por no art. 149 caberá recurso de apelação.
equipe interprofissional. Art. 199-A. A sentença que deferir a adoção
§ 3° Quando o adotante candidatar-se a uma nova produz efeito desde logo, embora sujeita a
adoção, será dispensável a renovação da apelação, que será recebida exclusivamente no
habilitação, bastando a avaliação por equipe efeito devolutivo, salvo se se tratar de adoção
interprofissional. internacional ou se houver perigo de dano
§ 4° Após 3 (três) recusas injustificadas, pelo irreparável ou de difícil reparação ao adotando.
habilitado, à adoção de crianças ou adolescentes Art. 199-B. A sentença que destituir ambos ou
indicados dentro do perfil escolhido, haverá qualquer dos genitores do poder familiar fica
reavaliação da habilitação concedida. sujeita a apelação, que deverá ser recebida
§ 5° A desistência do pretendente em relação à apenas no efeito devolutivo.
guarda para fins de adoção ou a devolução da
Art. 199-C. Os recursos nos procedimentos de ou esclarecimentos e, em caso de não
adoção e de destituição de poder familiar, em face comparecimento injustificado, requisitar condução
da relevância das questões, serão processados coercitiva, inclusive pela polícia civil ou militar;
com prioridade absoluta, devendo ser b) requisitar informações, exames, perícias e
imediatamente distribuídos, ficando vedado que documentos de autoridades municipais, estaduais
aguardem, em qualquer situação, oportuna e federais, da administração direta ou indireta,
distribuição, e serão colocados em mesa para bem como promover inspeções e diligências
julgamento sem revisão e com parecer urgente do investigatórias;
Ministério Público. c) requisitar informações e documentos a
Art. 199-D. O relator deverá colocar o processo particulares e instituições privadas;
em mesa para julgamento no prazo máximo de 60 VII - instaurar sindicâncias, requisitar diligências
(sessenta) dias, contado da sua conclusão. investigatórias e determinar a instauração de
Parágrafo único. O Ministério Público será inquérito policial, para apuração de ilícitos ou
intimado da data do julgamento e poderá na infrações às normas de proteção à infância e à
sessão, se entender necessário, apresentar juventude;
oralmente seu parecer. VIII - zelar pelo efetivo respeito aos direitos e
Art. 199-E. O Ministério Público poderá requerer garantias legais assegurados às crianças e
a instauração de procedimento para apuração de adolescentes, promovendo as medidas judiciais e
responsabilidades se constatar o descumprimento extrajudiciais cabíveis;
das providências e do prazo previstos nos artigos IX - impetrar mandado de segurança, de injunção
anteriores. e habeas corpus, em qualquer juízo, instância ou
tribunal, na defesa dos interesses sociais e
CAPÍTULO V individuais indisponíveis afetos à criança e ao
Do Ministério Público adolescente;
X - representar ao juízo visando à aplicação de
Art. 200. As funções do Ministério Público penalidade por infrações cometidas contra as
previstas nesta Lei serão exercidas nos termos da normas de proteção à infância e à juventude, sem
respectiva lei orgânica. prejuízo da promoção da responsabilidade civil e
Art. 201. Compete ao Ministério Público: penal do infrator, quando cabível;
I - conceder a remissão como forma de exclusão XI - inspecionar as entidades públicas e
do processo; particulares de atendimento e os programas de
II - promover e acompanhar os procedimentos que trata esta Lei, adotando de pronto as medidas
relativos às infrações atribuídas a adolescentes; administrativas ou judiciais necessárias à remoção
III - promover e acompanhar as ações de de irregularidades porventura verificadas;
alimentos e os procedimentos de suspensão e XII - requisitar força policial, bem como a
destituição do poder familiar, nomeação e colaboração dos serviços médicos, hospitalares,
remoção de tutores, curadores e guardiães, bem educacionais e de assistência social, públicos ou
como oficiar em todos os demais procedimentos privados, para o desempenho de suas atribuições.
da competência da Justiça da Infância e da XIII - intervir, quando não for parte, nas causas
Juventude; cíveis e criminais decorrentes de violência
IV - promover, de ofício ou por solicitação dos doméstica e familiar contra a criança e o
interessados, a especialização e a inscrição de adolescente.
hipoteca legal e a prestação de contas dos tutores, § 1º A legitimação do Ministério Público para as
curadores e quaisquer administradores de bens de ações cíveis previstas neste artigo não impede a
crianças e adolescentes nas hipóteses do art. 98; de terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo
V - promover o inquérito civil e a ação civil pública dispuserem a Constituição e esta Lei.
para a proteção dos interesses individuais, difusos § 2º As atribuições constantes deste artigo não
ou coletivos relativos à infância e à adolescência, excluem outras, desde que compatíveis com a
inclusive os definidos no art. 220, § 3º inciso II, da finalidade do Ministério Público.
Constituição Federal ; § 3º O representante do Ministério Público, no
VI - instaurar procedimentos administrativos e, exercício de suas funções, terá livre acesso a
para instruí-los: todo local onde se encontre criança ou
a) expedir notificações para colher depoimentos adolescente.
§ 4º O representante do Ministério Público será § 2º A ausência do defensor não determinará o
responsável pelo uso indevido das adiamento de nenhum ato do processo, devendo o
informações e documentos que requisitar, nas juiz nomear substituto, ainda que provisoriamente,
hipóteses legais de sigilo. ou para o só efeito do ato.
§ 5º Para o exercício da atribuição de que trata o § 3º Será dispensada a outorga de mandato,
inciso VIII deste artigo, poderá o representante do quando se tratar de defensor nomeado ou, sido
Ministério Público: constituído, tiver sido indicado por ocasião de ato
a) reduzir a termo as declarações do reclamante, formal com a presença da autoridade judiciária.
instaurando o competente procedimento, sob sua
presidência; CAPÍTULO VII
b) entender-se diretamente com a pessoa ou Da Proteção Judicial dos Interesses
autoridade reclamada, em dia, local e horário Individuais, Difusos e Coletivos
previamente notificados ou acertados;
c) efetuar recomendações visando à melhoria dos Art. 208. Regem-se pelas disposições desta Lei
serviços públicos e de relevância pública afetos à as ações de responsabilidade por ofensa aos
criança e ao adolescente, fixando prazo razoável direitos assegurados à criança e ao adolescente,
para sua perfeita adequação. referentes ao não oferecimento ou oferta irregular:
Art. 202. Nos processos e procedimentos em que I - do ensino obrigatório;
não for parte, atuará obrigatoriamente o II - de atendimento educacional especializado aos
Ministério Público na defesa dos direitos e portadores de deficiência;
interesses de que cuida esta Lei, hipótese em III - de atendimento em creche e pré-escola às
que terá vista dos autos depois das partes, crianças de zero a cinco anos de idade;
podendo juntar documentos e requerer diligências, IV - de ensino noturno regular, adequado às
usando os recursos cabíveis. condições do educando;
Art. 203. A intimação do Ministério Público, em V - de programas suplementares de oferta de
qualquer caso, será feita pessoalmente. material didático-escolar, transporte e assistência
Art. 204. A falta de intervenção do Ministério à saúde do educando do ensino fundamental;
Público acarreta a nulidade do feito, que será VI - de serviço de assistência social visando à
declarada de ofício pelo juiz ou a requerimento de proteção à família, à maternidade, à infância e à
qualquer interessado. adolescência, bem como ao amparo às crianças e
Art. 205. As manifestações processuais do adolescentes que dele necessitem;
representante do Ministério Público deverão ser VII - de acesso às ações e serviços de saúde;
fundamentadas. VIII - de escolarização e profissionalização dos
adolescentes privados de liberdade.
CAPÍTULO VI IX - de ações, serviços e programas de orientação,
Do Advogado apoio e promoção social de famílias e destinados
ao pleno exercício do direito à convivência familiar
Art. 206. A criança ou o adolescente, seus pais ou por crianças e adolescentes.
responsável, e qualquer pessoa que tenha X - de programas de atendimento para a execução
legítimo interesse na solução da lide poderão das medidas socioeducativas e aplicação de
intervir nos procedimentos de que trata esta Lei, medidas de proteção.
através de advogado, o qual será intimado para XI - de políticas e programas integrados de
todos os atos, pessoalmente ou por publicação atendimento à criança e ao adolescente vítima ou
oficial, respeitado o segredo de justiça. testemunha de violência.
Parágrafo único. Será prestada assistência § 1° As hipóteses previstas neste artigo não
judiciária integral e gratuita àqueles que dela excluem da proteção judicial outros interesses
necessitarem. individuais, difusos ou coletivos, próprios da
Art. 207. Nenhum adolescente a quem se atribua infância e da adolescência, protegidos pela
a prática de ato infracional, ainda que ausente ou Constituição e pela Lei.
foragido, será processado sem defensor. § 2° A investigação do desaparecimento de
§ 1º Se o adolescente não tiver defensor, ser-lhe-á crianças ou adolescentes será realizada
nomeado pelo juiz, ressalvado o direito de, a todo imediatamente após notificação aos órgãos
tempo, constituir outro de sua preferência. competentes, que deverão comunicar o fato aos
portos, aeroportos, Polícia Rodoviária e liminarmente ou após justificação prévia,
companhias de transporte interestaduais e citando o réu.
internacionais, fornecendo-lhes todos os dados § 2º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo
necessários à identificação do desaparecido. anterior ou na sentença, impor multa diária ao
Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão réu, independentemente de pedido do autor, se for
propostas no foro do local onde ocorreu ou suficiente ou compatível com a obrigação, fixando
deva ocorrer a ação ou omissão, cujo juízo terá prazo razoável para o cumprimento do preceito.
competência absoluta para processar a causa, § 3º A multa só será exigível do réu após o trânsito
ressalvadas a competência da Justiça Federal e a em julgado da sentença favorável ao autor, mas
competência originária dos tribunais superiores. será devida desde o dia em que se houver
Art. 210. Para as ações cíveis fundadas em configurado o descumprimento.
interesses coletivos ou difusos, consideram-se Art. 214. Os valores das multas reverterão ao
legitimados concorrentemente: fundo gerido pelo Conselho dos Direitos da
I - o Ministério Público; Criança e do Adolescente do respectivo
II - a União, os estados, os municípios, o Distrito município.
Federal e os territórios; § 1º As multas não recolhidas até trinta dias após
III - as associações legalmente constituídas há o trânsito em julgado da decisão serão exigidas
pelo menos um ano e que incluam entre seus através de execução promovida pelo Ministério
fins institucionais a defesa dos interesses e Público, nos mesmos autos, facultada igual
direitos protegidos por esta Lei, dispensada a iniciativa aos demais legitimados.
autorização da assembleia, se houver prévia § 2º Enquanto o fundo não for regulamentado, o
autorização estatutária. dinheiro ficará depositado em estabelecimento
§ 1º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre oficial de crédito, em conta com correção
os Ministérios Públicos da União e dos estados na monetária.
defesa dos interesses e direitos de que cuida esta Art. 215. O juiz poderá conferir efeito suspensivo
Lei. aos recursos, para evitar dano irreparável à parte.
§ 2º Em caso de desistência ou abandono da ação Art. 216. Transitada em julgado a sentença que
por associação legitimada, o Ministério Público ou impuser condenação ao poder público, o juiz
outro legitimado poderá assumir a titularidade determinará a remessa de peças à autoridade
ativa. competente, para apuração da responsabilidade
Art. 211. Os órgãos públicos legitimados poderão civil e administrativa do agente a que se atribua a
tomar dos interessados compromisso de ação ou omissão.
ajustamento de sua conduta às exigências Art. 217. Decorridos sessenta dias do trânsito em
legais, o qual terá eficácia de título executivo julgado da sentença condenatória sem que a
extrajudicial. associação autora lhe promova a execução,
Art. 212. Para defesa dos direitos e interesses deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada igual
protegidos por esta Lei, são admissíveis todas as iniciativa aos demais legitimados.
espécies de ações pertinentes. Art. 218. O juiz condenará a associação autora a
§ 1º Aplicam-se às ações previstas neste Capítulo pagar ao réu os honorários advocatícios arbitrados
as normas do Código de Processo Civil. na conformidade do § 4º do art. 20 da Lei n.º
§ 2º Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de
pública ou agente de pessoa jurídica no exercício Processo Civil), quando reconhecer que a
de atribuições do poder público, que lesem direito pretensão é manifestamente infundada.
líquido e certo previsto nesta Lei, caberá ação Parágrafo único. Em caso de litigância de má-
mandamental, que se regerá pelas normas da lei fé, a associação autora e os diretores
do mandado de segurança. responsáveis pela propositura da ação serão
Art. 213. Na ação que tenha por objeto o solidariamente condenados ao décuplo das
cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, custas, sem prejuízo de responsabilidade por
o juiz concederá a tutela específica da obrigação perdas e danos.
ou determinará providências que assegurem o Art. 219. Nas ações de que trata este Capítulo,
resultado prático equivalente ao do adimplemento. não haverá adiantamento de custas,
§ 1º Sendo relevante o fundamento da demanda emolumentos, honorários periciais e quaisquer
e havendo justificado receio de ineficácia do outras despesas.
provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela
Art. 220. Qualquer pessoa poderá e o servidor TÍTULO VII
público deverá provocar a iniciativa do Ministério DOS CRIMES E DAS INFRAÇÕES
Público, prestando-lhe informações sobre fatos ADMINISTRATIVAS
que constituam objeto de ação civil, e indicando- CAPÍTULO I
lhe os elementos de convicção. Dos Crimes
Art. 221. Se, no exercício de suas funções, os Seção I
juízos e tribunais tiverem conhecimento de fatos Disposições Gerais
que possam ensejar a propositura de ação civil,
remeterão peças ao Ministério Público para as Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes
providências cabíveis. praticados contra a criança e o adolescente, por
Art. 222. Para instruir a petição inicial, o ação ou omissão, sem prejuízo do disposto na
interessado poderá requerer às autoridades legislação penal.
competentes as certidões e informações que julgar Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta
necessárias, que serão fornecidas no prazo de Lei as normas da Parte Geral do Código Penal e,
quinze dias. quanto ao processo, as pertinentes ao Código
Art. 223. O Ministério Público poderá instaurar, de Processo Penal.
sob sua presidência, inquérito civil, ou requisitar, § 1º Aos crimes cometidos contra a criança e o
de qualquer pessoa, organismo público ou adolescente, independentemente da pena
particular, certidões, informações, exames ou prevista, não se aplica a Lei nº 9.099, de 26 de
perícias, no prazo que assinalar, o qual não setembro de 1995.
poderá ser inferior a dez dias úteis. § 2º Nos casos de violência doméstica e familiar
§ 1º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas contra a criança e o adolescente, é vedada a
todas as diligências, se convencer da inexistência aplicação de penas de cesta básica ou de outras
de fundamento para a propositura da ação cível, de prestação pecuniária, bem como a
promoverá o arquivamento dos autos do substituição de pena que implique o pagamento
inquérito civil ou das peças informativas, isolado de multa.
fazendo-o fundamentadamente. Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de
§ 2º Os autos do inquérito civil ou as peças de ação pública incondicionada.
informação arquivados serão remetidos, sob pena Art. 227-A Os efeitos da condenação prevista no
de se incorrer em falta grave, no prazo de três inciso I do caput do art. 92 do Decreto-Lei nº
dias, ao Conselho Superior do Ministério Público. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal),
§ 3º Até que seja homologada ou rejeitada a para os crimes previstos nesta Lei, praticados por
promoção de arquivamento, em sessão do servidores públicos com abuso de autoridade, são
Conselho Superior do Ministério público, poderão condicionados à ocorrência de reincidência.
as associações legitimadas apresentar razões Parágrafo único. A perda do cargo, do mandato
escritas ou documentos, que serão juntados aos ou da função, nesse caso, independerá da pena
autos do inquérito ou anexados às peças de aplicada na reincidência.
informação.
§ 4º A promoção de arquivamento será submetida
Seção II
a exame e deliberação do Conselho Superior do
Dos Crimes em Espécie
Ministério Público, conforme dispuser o seu
regimento.
Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o
§ 5º Deixando o Conselho Superior de homologar
dirigente de estabelecimento de atenção à saúde
a promoção de arquivamento, designará, desde
de gestante de manter registro das atividades
logo, outro órgão do Ministério Público para o
desenvolvidas, na forma e prazo referidos no art.
ajuizamento da ação.
10 desta Lei, bem como de fornecer à parturiente
Art. 224. Aplicam-se subsidiariamente, no que
ou a seu responsável, por ocasião da alta médica,
couber, as disposições da Lei n.º 7.347, de 24 de
declaração de nascimento, onde constem as
julho de 1985.
intercorrências do parto e do desenvolvimento do
neonato:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Parágrafo único. Se o crime é culposo:
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.
Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato
de estabelecimento de atenção à saúde de destinado ao envio de criança ou adolescente
gestante de identificar corretamente o neonato e para o exterior com inobservância das
a parturiente, por ocasião do parto, bem como formalidades legais ou com o fito de obter lucro:
deixar de proceder aos exames referidos no art. Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa.
10 desta Lei: Parágrafo único. Se há emprego de violência,
Pena - detenção de seis meses a dois anos. grave ameaça ou fraude:
Parágrafo único. Se o crime é culposo: Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa. da pena correspondente à violência.
Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar,
liberdade, procedendo à sua apreensão sem estar filmar ou registrar, por qualquer meio, cena de
em flagrante de ato infracional ou inexistindo sexo explícito ou pornográfica, envolvendo
ordem escrita da autoridade judiciária criança ou adolescente:
competente: Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e
Pena - detenção de seis meses a dois anos. multa.
Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele § 1° Incorre nas mesmas penas quem agencia,
que procede à apreensão sem observância das facilita, recruta, coage, ou de qualquer modo
formalidades legais. intermedeia a participação de criança ou
Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável adolescente nas cenas referidas no caput deste
pela apreensão de criança ou adolescente de artigo, ou ainda quem com esses contracena.
fazer imediata comunicação à autoridade § 2° Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o
judiciária competente e à família do apreendido ou agente comete o crime:
à pessoa por ele indicada: I - no exercício de cargo ou função pública ou a
Pena - detenção de seis meses a dois anos. pretexto de exercê-la;
Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob II - prevalecendo-se de relações domésticas, de
sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou coabitação ou de hospitalidade; ou
a constrangimento: III - prevalecendo-se de relações de parentesco
Pena - detenção de seis meses a dois anos. consanguíneo ou afim até o terceiro grau, ou por
Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem adoção, de tutor, curador, preceptor, empregador
justa causa, de ordenar a imediata liberação de da vítima ou de quem, a qualquer outro título,
criança ou adolescente, tão logo tenha tenha autoridade sobre ela, ou com seu
conhecimento da ilegalidade da apreensão: consentimento.
Pena - detenção de seis meses a dois anos. Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia,
Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo
fixado nesta Lei em benefício de adolescente explícito ou pornográfica envolvendo criança ou
privado de liberdade: adolescente:
Pena - detenção de seis meses a dois anos. Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e
Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de multa.
autoridade judiciária, membro do Conselho Tutelar Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar,
ou representante do Ministério Público no transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por
exercício de função prevista nesta Lei: qualquer meio, inclusive por meio de sistema de
Pena - detenção de seis meses a dois anos. informática ou telemático, fotografia, vídeo ou
Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao outro registro que contenha cena de sexo explícito
poder de quem o tem sob sua guarda em virtude ou pornográfica envolvendo criança ou
de lei ou ordem judicial, com o fim de colocação adolescente:
em lar substituto: Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e
Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa. multa.
Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho § 1° Nas mesmas penas incorre quem:
ou pupilo a terceiro, mediante paga ou I - assegura os meios ou serviços para o
recompensa: armazenamento das fotografias, cenas ou
Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa. imagens de que trata o caput deste artigo;
Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem II - assegura, por qualquer meio, o acesso por
oferece ou efetiva a paga ou recompensa. rede de computadores às fotografias, cenas ou
imagens de que trata o caput deste artigo.
§ 2° As condutas tipificadas nos incisos I e II do § Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre
1° deste artigo são puníveis quando o responsável quem:
legal pela prestação do serviço, oficialmente I - facilita ou induz o acesso à criança de material
notificado, deixa de desabilitar o acesso ao contendo cena de sexo explícito ou pornográfica
conteúdo ilícito de que trata o caput deste artigo. com o fim de com ela praticar ato libidinoso;
Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por II - pratica as condutas descritas no caput deste
qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de artigo com o fim de induzir criança a se exibir de
registro que contenha cena de sexo explícito ou forma pornográfica ou sexualmente explícita.
pornográfica envolvendo criança ou adolescente: Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e Lei, a expressão “cena de sexo explícito ou
multa. pornográfica” compreende qualquer situação que
§ 1° A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois envolva criança ou adolescente em atividades
terços) se de pequena quantidade o material a sexuais explícitas, reais ou simuladas, ou exibição
que se refere o caput deste artigo. dos órgãos genitais de uma criança ou
§ 2° Não há crime se a posse ou o adolescente para fins primordialmente sexuais.
armazenamento tem a finalidade de comunicar Art. 242. Vender, fornecer ainda que
às autoridades competentes a ocorrência das gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a
condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-A e criança ou adolescente arma, munição ou
241-C desta Lei, quando a comunicação for feita explosivo:
por: Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos.
I - agente público no exercício de suas funções; Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou
II - membro de entidade, legalmente constituída, entregar, ainda que gratuitamente, de qualquer
que inclua, entre suas finalidades institucionais, o forma, a criança ou a adolescente, bebida
recebimento, o processamento e o alcoólica ou, sem justa causa, outros produtos
encaminhamento de notícia dos crimes referidos cujos componentes possam causar dependência
neste parágrafo; física ou psíquica:
III - representante legal e funcionários Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e
responsáveis de provedor de acesso ou serviço multa, se o fato não constitui crime mais grave.
prestado por meio de rede de computadores, até o Art. 244. Vender, fornecer ainda que
recebimento do material relativo à notícia feita à gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a
autoridade policial, ao Ministério Público ou ao criança ou adolescente fogos de estampido ou de
Poder Judiciário. artifício, exceto aqueles que, pelo seu reduzido
§ 3° As pessoas referidas no § 2 o deste artigo potencial, sejam incapazes de provocar qualquer
deverão manter sob sigilo o material ilícito dano físico em caso de utilização indevida:
referido. Pena - detenção de seis meses a dois anos, e
Art. 241-C. Simular a participação de criança ou multa.
adolescente em cena de sexo explícito ou Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente,
pornográfica por meio de adulteração, montagem como tais definidos no caput do art. 2 o desta Lei,
ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer à prostituição ou à exploração sexual:
outra forma de representação visual: Pena - reclusão de quatro a dez anos e multa,
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e além da perda de bens e valores utilizados na
multa. prática criminosa em favor do Fundo dos Direitos
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas da Criança e do Adolescente da unidade da
quem vende, expõe à venda, disponibiliza, Federação (Estado ou Distrito Federal) em que foi
distribui, publica ou divulga por qualquer meio, cometido o crime, ressalvado o direito de terceiro
adquire, possui ou armazena o material produzido de boa-fé.
na forma do caput deste artigo. § 1° Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o
Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou gerente ou o responsável pelo local em que se
constranger, por qualquer meio de verifique a submissão de criança ou adolescente
comunicação, criança, com o fim de com ela às práticas referidas no caput deste artigo.
praticar ato libidinoso: § 2° Constitui efeito obrigatório da condenação a
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e cassação da licença de localização e de
multa. funcionamento do estabelecimento.
Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de determinação da autoridade judiciária ou Conselho
menor de 18 (dezoito) anos, com ele praticando Tutelar:
infração penal ou induzindo-o a praticá-la: Pena - multa de três a vinte salários de referência,
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
§ 1° Incorre nas penas previstas no caput deste Art. 250. Hospedar criança ou adolescente
artigo quem pratica as condutas ali tipificadas desacompanhado dos pais ou responsável, ou
utilizando-se de quaisquer meios eletrônicos, sem autorização escrita desses ou da autoridade
inclusive salas de bate-papo da internet. judiciária, em hotel, pensão, motel ou congênere:
§ 2° As penas previstas no caput deste artigo são Pena - multa.
aumentadas de um terço no caso de a infração § 1º Em caso de reincidência, sem prejuízo da
cometida ou induzida estar incluída no rol do art. 1 pena de multa, a autoridade judiciária poderá
o da Lei n° 8.072, de 25 de julho de 1990. determinar o fechamento do estabelecimento por
até 15 (quinze) dias.
CAPÍTULO II § 2º Se comprovada a reincidência em período
Das Infrações Administrativas inferior a 30 (trinta) dias, o estabelecimento será
definitivamente fechado e terá sua licença
Art. 245. Deixar o médico, professor ou cassada.
responsável por estabelecimento de atenção à Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por
saúde e de ensino fundamental, pré-escola ou qualquer meio, com inobservância do disposto nos
creche, de comunicar à autoridade competente arts. 83, 84 e 85 desta Lei:
os casos de que tenha conhecimento, envolvendo Pena - multa de três a vinte salários de referência,
suspeita ou confirmação de maus-tratos contra aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
criança ou adolescente: Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou
Pena - multa de três a vinte salários de referência, espetáculo público de afixar, em lugar visível e de
aplicando-se o dobro em caso de reincidência. fácil acesso, à entrada do local de exibição,
Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de informação destacada sobre a natureza da
entidade de atendimento o exercício dos direitos diversão ou espetáculo e a faixa etária
constantes nos incisos II, III, VII, VIII e XI do art. especificada no certificado de classificação:
124 desta Lei: Pena - multa de três a vinte salários de referência,
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
aplicando-se o dobro em caso de reincidência. Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou
Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem quaisquer representações ou espetáculos, sem
autorização devida, por qualquer meio de indicar os limites de idade a que não se
comunicação, nome, ato ou documento de recomendem:
procedimento policial, administrativo ou judicial Pena - multa de três a vinte salários de referência,
relativo a criança ou adolescente a que se atribua duplicada em caso de reincidência, aplicável,
ato infracional: separadamente, à casa de espetáculo e aos
Pena - multa de três a vinte salários de referência, órgãos de divulgação ou publicidade.
aplicando-se o dobro em caso de reincidência. Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão,
§ 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou espetáculo ou sem aviso de sua classificação:
parcialmente, fotografia de criança ou Pena - multa de vinte a cem salários de
adolescente envolvido em ato infracional, ou referência; duplicada em caso de reincidência a
qualquer ilustração que lhe diga respeito ou se autoridade judiciária poderá determinar a
refira a atos que lhe sejam atribuídos, de forma a suspensão da programação da emissora por até
permitir sua identificação, direta ou indiretamente. dois dias.
§ 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou
ou emissora de rádio ou televisão, além da pena congênere classificado pelo órgão competente
prevista neste artigo, a autoridade judiciária como inadequado às crianças ou adolescentes
poderá determinar a apreensão da publicação. admitidos ao espetáculo:
Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, Pena - multa de vinte a cem salários de
os deveres inerentes ao poder familiar ou referência; na reincidência, a autoridade poderá
decorrente de tutela ou guarda, bem assim determinar a suspensão do espetáculo ou o
fechamento do estabelecimento por até quinze
dias.
Art. 256. Vender ou locar a criança ou Medida Administrativa - interdição do
adolescente fita de programação em vídeo, em estabelecimento comercial até o recolhimento da
desacordo com a classificação atribuída pelo multa aplicada.
órgão competente:
Pena - multa de três a vinte salários de referência; Disposições Finais e Transitórias
em caso de reincidência, a autoridade judiciária
poderá determinar o fechamento do Art. 259. A União, no prazo de noventa dias
estabelecimento por até quinze dias. contados da publicação deste Estatuto, elaborará
Art. 257. Descumprir obrigação constante dos projeto de lei dispondo sobre a criação ou
arts. 78 e 79 desta Lei: adaptação de seus órgãos às diretrizes da política
Pena - multa de três a vinte salários de referência, de atendimento fixadas no art. 88 e ao que
duplicando-se a pena em caso de reincidência, estabelece o Título V do Livro II.
sem prejuízo de apreensão da revista ou Parágrafo único. Compete aos estados e
publicação. municípios promoverem a adaptação de seus
Art. 258. Deixar o responsável pelo órgãos e programas às diretrizes e princípios
estabelecimento ou o empresário de observar o estabelecidos nesta Lei.
que dispõe esta Lei sobre o acesso de criança ou Art. 260. Os contribuintes poderão efetuar
adolescente aos locais de diversão, ou sobre sua doações aos Fundos dos Direitos da Criança e
participação no espetáculo: do Adolescente nacional, distrital, estaduais ou
Pena - multa de três a vinte salários de referência; municipais, devidamente comprovadas, sendo
em caso de reincidência, a autoridade judiciária essas integralmente deduzidas do imposto de
poderá determinar o fechamento do renda, obedecidos os seguintes limites:
estabelecimento por até quinze dias. I - 1% (um por cento) do imposto sobre a renda
Art. 258-A. Deixar a autoridade competente de devido apurado pelas pessoas jurídicas tributadas
providenciar a instalação e operacionalização com base no lucro real; e
dos cadastros previstos no art. 50 e no § 11 do art. II - 6% (seis por cento) do imposto sobre a renda
101 desta Lei: apurado pelas pessoas físicas na Declaração de
Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ Ajuste Anual, observado o disposto no art. 22 da
3.000,00 (três mil reais). Lei n o 9.532, de 10 de dezembro de 1997.
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas a § 1° Na definição das prioridades a serem
autoridade que deixa de efetuar o atendidas com os recursos captados pelos fundos
cadastramento de crianças e de adolescentes nacional, estaduais e municipais dos direitos da
em condições de serem adotadas, de pessoas ou criança e do adolescente, serão consideradas as
casais habilitados à adoção e de crianças e disposições do Plano Nacional de Promoção,
adolescentes em regime de acolhimento Proteção e Defesa do Direito de Crianças e
institucional ou familiar. Adolescentes à Convivência Familiar e
Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro ou Comunitária e as do Plano Nacional pela Primeira
dirigente de estabelecimento de atenção à saúde Infância.
de gestante de efetuar imediato § 2° Os conselhos nacional, estaduais e
encaminhamento à autoridade judiciária de municipais dos direitos da criança e do
caso de que tenha conhecimento de mãe ou adolescente fixarão critérios de utilização, por
gestante interessada em entregar seu filho para meio de planos de aplicação, das dotações
adoção: subsidiadas e demais receitas, aplicando
Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ necessariamente percentual para incentivo ao
3.000,00 (três mil reais). acolhimento, sob a forma de guarda, de crianças e
Parágrafo único. Incorre na mesma pena o adolescentes e para programas de atenção
funcionário de programa oficial ou comunitário integral à primeira infância em áreas de maior
destinado à garantia do direito à convivência carência socioeconômica e em situações de
familiar que deixa de efetuar a comunicação calamidade.
referida no caput deste artigo. § 3º Departamento da Receita Federal, do
Art. 258-C. Descumprir a proibição estabelecida Ministério da Economia, Fazenda e Planejamento,
no inciso II do art. 81: regulamentará a comprovação das doações
Pena - multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$ feitas aos fundos, nos termos deste artigo.
10.000,00 (dez mil reais);
§ 4º Ministério Público determinará em cada Art. 260-B. A doação de que trata o inciso I do art.
comarca a forma de fiscalização da aplicação, 260 poderá ser deduzida:
pelo Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do I - do imposto devido no trimestre, para as
Adolescente, dos incentivos fiscais referidos neste pessoas jurídicas que apuram o imposto
artigo. trimestralmente; e
§ 5 Observado o disposto no § 4° do art. 3 o da Lei II - do imposto devido mensalmente e no ajuste
n° 9.249, de 26 de dezembro de 1995, a dedução anual, para as pessoas jurídicas que apuram o
de que trata o inciso I do caput : imposto anualmente.
I - será considerada isoladamente, não se Parágrafo único. A doação deverá ser efetuada
submetendo a limite em conjunto com outras dentro do período a que se refere a apuração do
deduções do imposto; e imposto.
II - não poderá ser computada como despesa Art. 260-C. As doações de que trata o art. 260
operacional na apuração do lucro real. desta Lei podem ser efetuadas em espécie ou em
Art. 260-A. A partir do exercício de 2010, ano- bens.
calendário de 2009, a pessoa física poderá optar Parágrafo único. As doações efetuadas em
pela doação de que trata o inciso II do caput do espécie devem ser depositadas em conta
art. 260 diretamente em sua Declaração de Ajuste específica, em instituição financeira pública,
Anual. vinculadas aos respectivos fundos de que trata o
§ 1° A doação de que trata o caput poderá ser art. 260.
deduzida até os seguintes percentuais aplicados Art. 260-D. Os órgãos responsáveis pela
sobre o imposto apurado na declaração: administração das contas dos Fundos dos Direitos
III - 3% (três por cento) a partir do exercício de da Criança e do Adolescente nacional, estaduais,
2012. distrital e municipais devem emitir recibo em
§ 2° A dedução de que trata o caput: favor do doador, assinado por pessoa competente
I - está sujeita ao limite de 6% (seis por cento) do e pelo presidente do Conselho correspondente,
imposto sobre a renda apurado na declaração de especificando:
que trata o inciso II do caput do art. 260; I - número de ordem;
II - não se aplica à pessoa física que: II - nome, Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica
a) utilizar o desconto simplificado; (CNPJ) e endereço do emitente;
b) apresentar declaração em formulário; ou III - nome, CNPJ ou Cadastro de Pessoas Físicas
c) entregar a declaração fora do prazo; (CPF) do doador;
III - só se aplica às doações em espécie; e IV - data da doação e valor efetivamente recebido;
IV - não exclui ou reduz outros benefícios ou e
deduções em vigor. V - ano-calendário a que se refere a doação.
§ 3° O pagamento da doação deve ser efetuado § 1° O comprovante de que trata o caput deste
até a data de vencimento da primeira quota ou artigo pode ser emitido anualmente, desde que
quota única do imposto, observadas instruções discrimine os valores doados mês a mês.
específicas da Secretaria da Receita Federal do § 2° No caso de doação em bens, o comprovante
Brasil. deve conter a identificação dos bens, mediante
§ 4° O não pagamento da doação no prazo descrição em campo próprio ou em relação anexa
estabelecido no § 3° implica a glosa definitiva ao comprovante, informando também se houve
desta parcela de dedução, ficando a pessoa física avaliação, o nome, CPF ou CNPJ e endereço dos
obrigada ao recolhimento da diferença de imposto avaliadores.
devido apurado na Declaração de Ajuste Anual Art. 260-E. Na hipótese da doação em bens, o
com os acréscimos legais previstos na legislação. doador deverá:
§ 5° A pessoa física poderá deduzir do imposto I - comprovar a propriedade dos bens, mediante
apurado na Declaração de Ajuste Anual as documentação hábil;
doações feitas, no respectivo ano-calendário, aos II - baixar os bens doados na declaração de bens
fundos controlados pelos Conselhos dos Direitos e direitos, quando se tratar de pessoa física, e na
da Criança e do Adolescente municipais, distrital, escrituração, no caso de pessoa jurídica; e
estaduais e nacional concomitantemente com a III - considerar como valor dos bens doados:
opção de que trata o caput , respeitado o limite a) para as pessoas físicas, o valor constante da
previsto no inciso II do art. 260. última declaração do imposto de renda, desde que
não exceda o valor de mercado;
b) para as pessoas jurídicas, o valor contábil dos Parágrafo único. O descumprimento do disposto
bens. nos arts. 260-G e 260-I sujeitará os infratores a
Parágrafo único. O preço obtido em caso de responder por ação judicial proposta pelo
leilão não será considerado na determinação do Ministério Público, que poderá atuar de ofício, a
valor dos bens doados, exceto se o leilão for requerimento ou representação de qualquer
determinado por autoridade judiciária. cidadão.
Art. 260-F. Os documentos a que se referem os Art. 260-K. A Secretaria de Direitos Humanos
arts. 260-D e 260-E devem ser mantidos pelo da Presidência da República (SDH/PR)
contribuinte por um prazo de 5 (cinco) anos para encaminhará à Secretaria da Receita Federal do
fins de comprovação da dedução perante a Brasil, até 31 de outubro de cada ano, arquivo
Receita Federal do Brasil. eletrônico contendo a relação atualizada dos
Art. 260-G. Os órgãos responsáveis pela Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente
administração das contas dos Fundos dos Direitos nacional, distrital, estaduais e municipais, com a
da Criança e do Adolescente nacional, estaduais, indicação dos respectivos números de inscrição no
distrital e municipais devem: CNPJ e das contas bancárias específicas
I - manter conta bancária específica destinada mantidas em instituições financeiras públicas,
exclusivamente a gerir os recursos do Fundo; destinadas exclusivamente a gerir os recursos dos
II - manter controle das doações recebidas; e Fundos.
III - informar anualmente à Secretaria da Receita Art. 260-L. A Secretaria da Receita Federal do
Federal do Brasil as doações recebidas mês a Brasil expedirá as instruções necessárias à
mês, identificando os seguintes dados por doador: aplicação do disposto nos arts. 260 a 260-K.
a) nome, CNPJ ou CPF; Art. 261. A falta dos conselhos municipais dos
b) valor doado, especificando se a doação foi em direitos da criança e do adolescente, os registros,
espécie ou em bens. inscrições e alterações a que se referem os arts.
Art. 260-H. Em caso de descumprimento das 90, parágrafo único, e 91 desta Lei serão
obrigações previstas no art. 260-G, a Secretaria efetuados perante a autoridade judiciária da
da Receita Federal do Brasil dará conhecimento comarca a que pertencer a entidade.
do fato ao Ministério Público. Parágrafo único. A União fica autorizada a
Art. 260-I. Os Conselhos dos Direitos da Criança repassar aos estados e municípios, e os estados
e do Adolescente nacional, estaduais, distrital e aos municípios, os recursos referentes aos
municipais divulgarão amplamente à comunidade: programas e atividades previstos nesta Lei, tão
I - o calendário de suas reuniões; logo estejam criados os conselhos dos direitos da
II - as ações prioritárias para aplicação das criança e do adolescente nos seus respectivos
políticas de atendimento à criança e ao níveis.
adolescente; Art. 262. Enquanto não instalados os Conselhos
III - os requisitos para a apresentação de projetos Tutelares, as atribuições a eles conferidas serão
a serem beneficiados com recursos dos Fundos exercidas pela autoridade judiciária.
dos Direitos da Criança e do Adolescente
nacional, estaduais, distrital ou municipais; LEI DOS CRIMES AMBIENTAIS
IV - a relação dos projetos aprovados em cada (LEI Nº 9.605/98)
ano-calendário e o valor dos recursos previstos
para implementação das ações, por projeto;
CAPÍTULO III
V - o total dos recursos recebidos e a respectiva
Da apreensão do produto e do instrumento de
destinação, por projeto atendido, inclusive com
infração Administrativa ou de crime
cadastramento na base de dados do Sistema de
Informações sobre a Infância e a Adolescência; e
Art. 25. Verificada a infração, serão apreendidos
VI - a avaliação dos resultados dos projetos
seus produtos e instrumentos, lavrando-se os
beneficiados com recursos dos Fundos dos
respectivos autos.
Direitos da Criança e do Adolescente nacional,
§ 1° Os animais serão prioritariamente libertados
estaduais, distrital e municipais.
em seu habitat ou, sendo tal medida inviável ou
Art. 260-J. O Ministério Público determinará, em
não recomendável por questões sanitárias,
cada Comarca, a forma de fiscalização da
entregues a jardins zoológicos, fundações ou
aplicação dos incentivos fiscais referidos no art.
entidades assemelhadas, para guarda e
260 desta Lei.
cuidados sob a responsabilidade de técnicos de vida ocorrendo dentro dos limites do território
habilitados. brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras.
§ 2° Até que os animais sejam entregues às § 4º A pena é aumentada de metade, se o crime
instituições mencionadas no § 1° deste artigo, o é praticado:
órgão autuante zelará para que eles sejam I - contra espécie rara ou considerada ameaçada
mantidos em condições adequadas de de extinção, ainda que somente no local da
acondicionamento e transporte que garantam o infração;
seu bem-estar físico. II - em período proibido à caça;
§ 3º Tratando-se de produtos perecíveis ou III - durante a noite;
madeiras, serão estes avaliados e doados a IV - com abuso de licença;
instituições científicas, hospitalares, penais e V - em unidade de conservação;
outras com fins beneficentes. VI - com emprego de métodos ou instrumentos
§ 4° Os produtos e subprodutos da fauna não capazes de provocar destruição em massa.
perecíveis serão destruídos ou doados a § 5º A pena é aumentada até o triplo, se o crime
instituições científicas, culturais ou educacionais. decorre do exercício de caça profissional.
§ 5º Os instrumentos utilizados na prática da § 6º As disposições deste artigo não se aplicam
infração serão vendidos, garantida a sua aos atos de pesca.
descaracterização por meio da reciclagem. Art. 30. Exportar para o exterior peles e couros de
anfíbios e répteis em bruto, sem a autorização da
CAPÍTULO V autoridade ambiental competente:
Dos Crimes Contra O Meio Ambiente Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Seção I Art. 31. Introduzir espécime animal no País, sem
Dos Crimes contra a Fauna parecer técnico oficial favorável e licença
expedida por autoridade competente:
Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar Pena - detenção, de três meses a um ano, e
espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota multa.
migratória, sem a devida permissão, licença ou Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir
autorização da autoridade competente, ou em ou mutilar animais silvestres, domésticos ou
desacordo com a obtida: domesticados, nativos ou exóticos:
Pena - detenção de seis meses a um ano, e Pena - detenção, de três meses a um ano, e
multa. multa.
§ 1º Incorre nas mesmas penas: § 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza
I - quem impede a procriação da fauna, sem experiência dolorosa ou cruel em animal vivo,
licença, autorização ou em desacordo com a ainda que para fins didáticos ou científicos,
obtida; quando existirem recursos alternativos.
II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, § 1º-A Quando se tratar de cão ou gato, a pena
abrigo ou criadouro natural; para as condutas descritas no caput deste artigo
III - quem vende, expõe à venda, exporta ou será de reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos,
adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, multa e proibição da guarda.
utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da § 2º A pena é aumentada de um sexto a um
fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem terço, se ocorre morte do animal.
como produtos e objetos dela oriundos, Art. 33. Provocar, pela emissão de efluentes ou
provenientes de criadouros não autorizados ou carreamento de materiais, o perecimento de
sem a devida permissão, licença ou autorização espécimes da fauna aquática existentes em rios,
da autoridade competente. lagos, açudes, lagoas, baías ou águas
§ 2º No caso de guarda doméstica de espécie jurisdicionais brasileiras:
silvestre não considerada ameaçada de extinção, Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou
pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixar ambas cumulativamente.
de aplicar a pena. Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas:
§ 3° São espécimes da fauna silvestre todos I - quem causa degradação em viveiros, açudes
aqueles pertencentes às espécies nativas, ou estações de aquicultura de domínio público;
migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou II - quem explora campos naturais de
terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo invertebrados aquáticos e algas, sem licença,
permissão ou autorização da autoridade normas de proteção:
competente; Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou
III - quem fundeia embarcações ou lança detritos ambas as penas cumulativamente.
de qualquer natureza sobre bancos de moluscos Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena
ou corais, devidamente demarcados em carta será reduzida à metade.
náutica. Art. 38-A. Destruir ou danificar vegetação primária
Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja ou secundária, em estágio avançado ou médio de
proibida ou em lugares interditados por órgão regeneração, do Bioma Mata Atlântica, ou utilizá-la
competente: com infringência das normas de proteção:
Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, ou
ou ambas as penas cumulativamente. multa, ou ambas as penas cumulativamente.
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena
quem: será reduzida à metade.
I - pesca espécies que devam ser preservadas ou Art. 39. Cortar árvores em floresta considerada de
espécimes com tamanhos inferiores aos preservação permanente, sem permissão da
permitidos; autoridade competente:
II - pesca quantidades superiores às permitidas, Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou
ou mediante a utilização de aparelhos, petrechos, ambas as penas cumulativamente.
técnicas e métodos não permitidos; Art. 40. Causar dano direto ou indireto às
III - transporta, comercializa, beneficia ou Unidades de Conservação e às áreas de que trata
industrializa espécimes provenientes da coleta, o art. 27 do Decreto nº 99.274, de 6 de junho de
apanha e pesca proibidas. 1990, independentemente de sua localização:
Art. 35. Pescar mediante a utilização de: Pena - reclusão, de um a cinco anos.
I - explosivos ou substâncias que, em contato com § 1° Entende-se por Unidades de Conservação
a água, produzam efeito semelhante; de Proteção Integral as Estações Ecológicas, as
II - substâncias tóxicas, ou outro meio proibido Reservas Biológicas, os Parques Nacionais, os
pela autoridade competente: Monumentos Naturais e os Refúgios de Vida
Pena - reclusão de um ano a cinco anos. Silvestre.
Art. 36. Para os efeitos desta Lei, considera-se § 2° A ocorrência de dano afetando espécies
pesca todo ato tendente a retirar, extrair, coletar, ameaçadas de extinção no interior das Unidades
apanhar, apreender ou capturar espécimes dos de Conservação de Proteção Integral será
grupos dos peixes, crustáceos, moluscos e considerada circunstância agravante para a
vegetais hidróbios, suscetíveis ou não de fixação da pena.
aproveitamento econômico, ressalvadas as § 3º Se o crime for culposo, a pena será reduzida
espécies ameaçadas de extinção, constantes nas à metade.
listas oficiais da fauna e da flora. § 1° Entende-se por Unidades de Conservação
Art. 37. Não é crime o abate de animal, quando de Uso Sustentável as Áreas de Proteção
realizado: Ambiental, as Áreas de Relevante Interesse
I - em estado de necessidade, para saciar a fome Ecológico, as Florestas Nacionais, as Reservas
do agente ou de sua família; Extrativistas, as Reservas de Fauna, as Reservas
II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos de Desenvolvimento Sustentável e as Reservas
da ação predatória ou destruidora de animais, Particulares do Patrimônio Natural.
desde que legal e expressamente autorizado pela § 2° A ocorrência de dano afetando espécies
autoridade competente; ameaçadas de extinção no interior das Unidades
IV - por ser nocivo o animal, desde que assim de Conservação de Uso Sustentável será
caracterizado pelo órgão competente. considerada circunstância agravante para a
fixação da pena.
Seção II § 3° Se o crime for culposo, a pena será reduzida
Dos Crimes contra a Flora à metade.
Art. 41. Provocar incêndio em mata ou floresta:
Art. 38. Destruir ou danificar floresta considerada Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa.
de preservação permanente, mesmo que em Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é
formação, ou utilizá-la com infringência das de detenção de seis meses a um ano, e multa.
Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltar domínio público ou devolutas, sem autorização do
balões que possam provocar incêndios nas órgão competente:
florestas e demais formas de vegetação, em áreas Pena - reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e
urbanas ou qualquer tipo de assentamento multa.
humano: § 1° Não é crime a conduta praticada quando
Pena - detenção de um a três anos ou multa, ou necessária à subsistência imediata pessoal do
ambas as penas cumulativamente. agente ou de sua família.
Art. 44. Extrair de florestas de domínio público ou § 2° Se a área explorada for superior a 1.000 ha
consideradas de preservação permanente, sem (mil hectares), a pena será aumentada de 1 (um)
prévia autorização, pedra, areia, cal ou qualquer ano por milhar de hectare.
espécie de minerais: Art. 51. Comercializar motosserra ou utilizá-la em
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e florestas e nas demais formas de vegetação, sem
multa. licença ou registro da autoridade competente:
Art. 45. Cortar ou transformar em carvão madeira Pena - detenção, de três meses a um ano, e
de lei, assim classificada por ato do Poder Público, multa.
para fins industriais, energéticos ou para qualquer Art. 52. Penetrar em Unidades de Conservação
outra exploração, econômica ou não, em conduzindo substâncias ou instrumentos próprios
desacordo com as determinações legais: para caça ou para exploração de produtos ou
Pena - reclusão, de um a dois anos, e multa. subprodutos florestais, sem licença da autoridade
Art. 46. Receber ou adquirir, para fins comerciais competente:
ou industriais, madeira, lenha, carvão e outros Pena - detenção, de seis meses a um ano, e
produtos de origem vegetal, sem exigir a exibição multa.
de licença do vendedor, outorgada pela autoridade Art. 53. Nos crimes previstos nesta Seção, a pena
competente, e sem munir-se da via que deverá é aumentada de um sexto a um terço se:
acompanhar o produto até final beneficiamento: I - do fato resulta a diminuição de águas
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e naturais, a erosão do solo ou a modificação do
multa. regime climático;
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas II - o crime é cometido:
quem vende, expõe à venda, tem em depósito, a) no período de queda das sementes;
transporta ou guarda madeira, lenha, carvão e b) no período de formação de vegetações;
outros produtos de origem vegetal, sem licença c) contra espécies raras ou ameaçadas de
válida para todo o tempo da viagem ou do extinção, ainda que a ameaça ocorra somente no
armazenamento, outorgada pela autoridade local da infração;
competente. d) em época de seca ou inundação;
Art. 48. Impedir ou dificultar a regeneração natural e) durante a noite, em domingo ou feriado.
de florestas e demais formas de vegetação:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e Seção III
multa. Da Poluição e outros Crimes Ambientais
Art. 49. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por
qualquer modo ou meio, plantas de ornamentação Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em
de logradouros públicos ou em propriedade níveis tais que resultem ou possam resultar em
privada alheia: danos à saúde humana, ou que provoquem a
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou mortandade de animais ou a destruição
multa, ou ambas as penas cumulativamente. significativa da flora:
Parágrafo único. No crime culposo, a pena é de Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
um a seis meses, ou multa. § 1º Se o crime é culposo:
Art. 50. Destruir ou danificar florestas nativas ou Pena - detenção, de seis meses a um ano, e
plantadas ou vegetação fixadora de dunas, multa.
protetora de mangues, objeto de especial § 2º Se o crime:
preservação: I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria
Pena - detenção, de três meses a um ano, e para a ocupação humana;
multa. II - causar poluição atmosférica que provoque a
Art. 50-A. Desmatar, explorar economicamente ou retirada, ainda que momentânea, dos habitantes
degradar floresta, plantada ou nativa, em terras de
das áreas afetadas, ou que cause danos diretos à II - de um terço até a metade, se resulta lesão
saúde da população; corporal de natureza grave em outrem;
III - causar poluição hídrica que torne necessária III - até o dobro, se resultar a morte de outrem.
a interrupção do abastecimento público de água Parágrafo único. As penalidades previstas neste
de uma comunidade; artigo somente serão aplicadas se do fato não
IV - dificultar ou impedir o uso público das resultar crime mais grave.
praias; Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou
V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, fazer funcionar, em qualquer parte do território
líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou nacional, estabelecimentos, obras ou serviços
substâncias oleosas, em desacordo com as potencialmente poluidores, sem licença ou
exigências estabelecidas em leis ou regulamentos: autorização dos órgãos ambientais competentes,
Pena - reclusão, de um a cinco anos. ou contrariando as normas legais e
§ 3º Incorre nas mesmas penas previstas no regulamentares pertinentes:
parágrafo anterior quem deixar de adotar, quando Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa,
assim o exigir a autoridade competente, medidas ou ambas as penas cumulativamente.
de precaução em caso de risco de dano Art. 61. Disseminar doença ou praga ou espécies
ambiental grave ou irreversível. que possam causar dano à agricultura, à pecuária,
Art. 55. Executar pesquisa, lavra ou extração de à fauna, à flora ou aos ecossistemas:
recursos minerais sem a competente autorização, Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
permissão, concessão ou licença, ou em
desacordo com a obtida: Seção IV
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e Dos Crimes contra o Ordenamento Urbano e o
multa. Patrimônio Cultural
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre
quem deixa de recuperar a área pesquisada ou Art. 62. Destruir, inutilizar ou deteriorar:
explorada, nos termos da autorização, permissão, I - bem especialmente protegido por lei, ato
licença, concessão ou determinação do órgão administrativo ou decisão judicial;
competente. II - arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca,
Art. 56. Produzir, processar, embalar, importar, instalação científica ou similar protegido por lei,
exportar, comercializar, fornecer, transportar, ato administrativo ou decisão judicial:
armazenar, guardar, ter em depósito ou usar Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena
saúde humana ou ao meio ambiente, em é de seis meses a um ano de detenção, sem
desacordo com as exigências estabelecidas em prejuízo da multa.
leis ou nos seus regulamentos: Art. 63. Alterar o aspecto ou estrutura de
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. edificação ou local especialmente protegido por
§ 1° Nas mesmas penas incorre quem: lei, ato administrativo ou decisão judicial, em razão
I - abandona os produtos ou substâncias referidos de seu valor paisagístico, ecológico, turístico,
no caput ou os utiliza em desacordo com as artístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico,
normas ambientais ou de segurança; etnográfico ou monumental, sem autorização da
II - manipula, acondiciona, armazena, coleta, autoridade competente ou em desacordo com a
transporta, reutiliza, recicla ou dá destinação final concedida:
a resíduos perigosos de forma diversa da Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
estabelecida em lei ou regulamento. Art. 64. Promover construção em solo não
§ 2º Se o produto ou a substância for nuclear ou edificável, ou no seu entorno, assim considerado
radioativa, a pena é aumentada de um sexto a um em razão de seu valor paisagístico, ecológico,
terço. artístico, turístico, histórico, cultural, religioso,
§ 3º Se o crime é culposo: arqueológico, etnográfico ou monumental, sem
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e autorização da autoridade competente ou em
multa. desacordo com a concedida:
Art. 58. Nos crimes dolosos previstos nesta Pena - detenção, de seis meses a um ano, e
Seção, as penas serão aumentadas: multa.
I - de um sexto a um terço, se resulta dano
irreversível à flora ou ao meio ambiente em geral;
Art. 65. Pichar ou por outro meio conspurcar Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e
edificação ou monumento urbano: multa.
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, § 1° Se o crime é culposo:
e multa. Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.
§ 1° Se o ato for realizado em monumento ou § 2° A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3
coisa tombada em virtude do seu valor artístico, (dois terços), se há dano significativo ao meio
arqueológico ou histórico, a pena é de 6 (seis) ambiente, em decorrência do uso da informação
meses a 1 (um) ano de detenção e multa. falsa, incompleta ou enganosa.
§ 2° Não constitui crime a prática de grafite
realizada com o objetivo de valorizar o CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
patrimônio público ou privado mediante LEI N° 9.503/97)
manifestação artística, desde que consentida pelo
proprietário e, quando couber, pelo locatário ou
CAPÍTULO I
arrendatário do bem privado e, no caso de bem
Disposições Preliminares
público, com a autorização do órgão competente e
a observância das posturas municipais e das
Art. 1º O trânsito de qualquer natureza nas vias
normas editadas pelos órgãos governamentais
terrestres do território nacional, abertas à
responsáveis pela preservação e conservação do
circulação, rege-se por este Código.
patrimônio histórico e artístico nacional.
§ 1º Considera-se trânsito a utilização das vias por
pessoas, veículos e animais, isolados ou em
Seção V grupos, conduzidos ou não, para fins de
Dos Crimes contra a Administração Ambiental circulação, parada, estacionamento e operação de
carga ou descarga.
Art. 66. Fazer o funcionário público afirmação § 2º O trânsito, em condições seguras, é um
falsa ou enganosa, omitir a verdade, sonegar direito de todos e dever dos órgãos e
informações ou dados técnico-científicos em entidades componentes do Sistema Nacional
procedimentos de autorização ou de licenciamento de Trânsito, a estes cabendo, no âmbito das
ambiental: respectivas competências, adotar as medidas
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. destinadas a assegurar esse direito.
Art. 67. Conceder o funcionário público licença, § 3º Os órgãos e entidades componentes do
autorização ou permissão em desacordo com as Sistema Nacional de Trânsito respondem, no
normas ambientais, para as atividades, obras ou âmbito das respectivas competências,
serviços cuja realização depende de ato objetivamente, por danos causados aos
autorizativo do Poder Público: cidadãos em virtude de ação, omissão ou erro na
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. execução e manutenção de programas, projetos e
Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é serviços que garantam o exercício do direito do
de três meses a um ano de detenção, sem trânsito seguro.
prejuízo da multa. § 5º Os órgãos e entidades de trânsito
Art. 68. Deixar, aquele que tiver o dever legal ou pertencentes ao Sistema Nacional de Trânsito
contratual de fazê-lo, de cumprir obrigação de darão prioridade em suas ações à defesa da vida,
relevante interesse ambiental: nela incluída a preservação da saúde e do meio-
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. ambiente.
Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é Art. 2º São vias terrestres urbanas e rurais as
de três meses a um ano, sem prejuízo da multa. ruas, as avenidas, os logradouros, os caminhos,
Art. 69. Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do as passagens, as estradas e as rodovias, que
Poder Público no trato de questões ambientais: terão seu uso regulamentado pelo órgão ou
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. entidade com circunscrição sobre elas, de acordo
Art. 69-A. Elaborar ou apresentar, no com as peculiaridades locais e as circunstâncias
licenciamento, concessão florestal ou qualquer especiais.
outro procedimento administrativo, estudo, laudo Parágrafo único. Para os efeitos deste Código,
ou relatório ambiental total ou parcialmente falso são consideradas vias terrestres as praias abertas
ou enganoso, inclusive por omissão: à circulação pública, as vias internas pertencentes
aos condomínios constituídos por unidades
autônomas e as vias e áreas de estacionamento CONTRANDIFE, órgãos normativos, consultivos e
de estabelecimentos privados de uso coletivo. coordenadores;
Art. 3º As disposições deste Código são aplicáveis III - os órgãos e entidades executivos de trânsito
a qualquer veículo, bem como aos proprietários, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
condutores dos veículos nacionais ou estrangeiros Municípios;
e às pessoas nele expressamente mencionadas. IV - os órgãos e entidades executivos rodoviários
Art. 4º Os conceitos e definições estabelecidos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
para os efeitos deste Código são os constantes do Municípios;
Anexo I. V - a Polícia Rodoviária Federal;
VI - as Polícias Militares dos Estados e do
CAPÍTULO II Distrito Federal; e
Do Sistema Nacional De Trânsito VII - as Juntas Administrativas de Recursos de
Seção I Infrações - JARI.
Disposições Gerais Art. 7°-A. A autoridade portuária ou a entidade
concessionária de porto organizado poderá
Art. 5º O Sistema Nacional de Trânsito é o celebrar convênios com os órgãos previstos no
conjunto de órgãos e entidades da União, dos art. 7°, com a interveniência dos Municípios e
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios que Estados, juridicamente interessados, para o fim
tem por finalidade o exercício das atividades de específico de facilitar a autuação por
planejamento, administração, normatização, descumprimento da legislação de trânsito.
pesquisa, registro e licenciamento de veículos, § 1° O convênio valerá para toda a área física do
formação, habilitação e reciclagem de condutores, porto organizado, inclusive, nas áreas dos
educação, engenharia, operação do sistema terminais alfandegados, nas estações de
viário, policiamento, fiscalização, julgamento de transbordo, nas instalações portuárias públicas de
infrações e de recursos e aplicação de pequeno porte e nos respectivos estacionamentos
penalidades. ou vias de trânsito internas.
Art. 6º São objetivos básicos do Sistema Art. 8º Os Estados, o Distrito Federal e os
Nacional de Trânsito: Municípios organizarão os respectivos órgãos e
I - estabelecer diretrizes da Política Nacional de entidades executivos de trânsito e executivos
Trânsito, com vistas à segurança, à fluidez, ao rodoviários, estabelecendo os limites
conforto, à defesa ambiental e à educação para o circunscricionais de suas atuações.
trânsito, e fiscalizar seu cumprimento; Art. 9º O Presidente da República designará o
II - fixar, mediante normas e procedimentos, a ministério ou órgão da Presidência responsável
padronização de critérios técnicos, financeiros e pela coordenação máxima do Sistema Nacional
administrativos para a execução das atividades de de Trânsito, ao qual estará vinculado o
trânsito; CONTRAN e subordinado o órgão máximo
III - estabelecer a sistemática de fluxos executivo de trânsito da União.
permanentes de informações entre os seus Art.10. O CONTRAN, com sede no Distrito
diversos órgãos e entidades, a fim de facilitar o Federal, é composto pelos Ministros de Estado
processo decisório e a integração do Sistema. responsáveis pelas seguintes áreas de
competência:
III - ciência, tecnologia e inovações;
Seção II
IV - educação;
Da Composição e da Competência do Sistema
V - defesa;
Nacional de Trânsito
VI - meio ambiente;
XXII - saúde;
Art. 7º Compõem o Sistema Nacional de Trânsito
XXIII - justiça;
os seguintes órgãos e entidades:
XXIV - relações exteriores;
I - o Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN,
XXVI - indústria e comércio;
coordenador do Sistema e órgão máximo
XXVII - agropecuária;
normativo e consultivo;
XXVIII - transportes terrestres;
II - os Conselhos Estaduais de Trânsito - CETRAN
XXIX - segurança pública; e
e o Conselho de Trânsito do Distrito Federal -
XXX - mobilidade urbana.
§ 3º-A O CONTRAN será presidido pelo Ministro ou, quando necessário, unificar as decisões
de Estado ao qual estiver subordinado o órgão administrativas; e
máximo executivo de trânsito da União. XIV - dirimir conflitos sobre circunscrição e
§ 4º Os Ministros de Estado poderão se fazer competência de trânsito no âmbito da União, dos
representar por servidores de nível hierárquico Estados e do Distrito Federal.
igual ou superior ao Cargo Comissionado XV - normatizar o processo de formação do
Executivo - CCE, nível 17, ou, por oficial general, candidato à obtenção da Carteira Nacional de
na hipótese de se tratar de militar. Habilitação, estabelecendo seu conteúdo didático-
§ 5º Compete ao dirigente do órgão máximo pedagógico, carga horária, avaliações, exames,
executivo de trânsito da União atuar como execução e fiscalização.
Secretário-Executivo do Contran. § 1º As propostas de normas regulamentares de
§ 6º O quórum de votação e de aprovação no que trata o inciso I do caput deste artigo serão
Contran é o de maioria absoluta. submetidas a prévia consulta pública, por meio
Art. 10-A. Poderão ser convidados a participar de da rede mundial de computadores, pelo período
reuniões do Contran, sem direito a voto, mínimo de 30 (trinta) dias, antes do exame da
representantes de órgãos e entidades setoriais matéria pelo Contran.
responsáveis ou impactados pelas propostas ou § 2º As contribuições recebidas na consulta
matérias em exame. pública de que trata o § 1º deste artigo ficarão à
Art. 12. Compete ao CONTRAN: disposição do público pelo prazo de 2 (dois)
I - estabelecer as normas regulamentares anos, contado da data de encerramento da
referidas neste Código e as diretrizes da Política consulta pública.
Nacional de Trânsito; § 3º Em caso de urgência e de relevante interesse
II - coordenar os órgãos do Sistema Nacional de público, o Presidente do CONTRAN poderá editar
Trânsito, objetivando a integração de suas deliberação, ad referendum do Plenário, para fins
atividades; do disposto no inciso I do caput.
IV - criar Câmaras Temáticas; § 4º A deliberação de que trata o § 3º:
V - estabelecer seu regimento interno e as I - na hipótese de não ser aprovada pelo
diretrizes para o funcionamento dos CETRAN e Plenário do CONTRAN no prazo de cento e
CONTRANDIFE; vinte dias, perderá sua eficácia, com manutenção
VI - estabelecer as diretrizes do regimento das dos efeitos dela decorrentes; e
JARI; II - não está sujeita ao disposto nos § 1º e § 2º.
VII - zelar pela uniformidade e cumprimento das § 5º Norma do Contran poderá dispor sobre o uso
normas contidas neste Código e nas resoluções de sinalização horizontal ou vertical que utilize
complementares; técnicas de estímulos comportamentais para a
VIII - estabelecer e normatizar os procedimentos redução de acidentes de trânsito.
para o enquadramento das condutas Art. 13. As Câmaras Temáticas, órgãos técnicos
expressamente referidas neste Código, para a vinculados ao CONTRAN, são integradas por
fiscalização e a aplicação das medidas especialistas e têm como objetivo estudar e
administrativas e das penalidades por infrações e oferecer sugestões e embasamento técnico
para a arrecadação das multas aplicadas e o sobre assuntos específicos para decisões
repasse dos valores arrecadados; daquele colegiado.
IX - responder às consultas que lhe forem § 1º Cada Câmara é constituída por especialistas
formuladas, relativas à aplicação da legislação de representantes de órgãos e entidades executivos
trânsito; da União, dos Estados, ou do Distrito Federal e
X - normatizar os procedimentos sobre a dos Municípios, em igual número, pertencentes ao
aprendizagem, habilitação, expedição de Sistema Nacional de Trânsito, além de
documentos de condutores, e registro e especialistas representantes dos diversos
licenciamento de veículos; segmentos da sociedade relacionados com o
XI - aprovar, complementar ou alterar os trânsito, todos indicados segundo regimento
dispositivos de sinalização e os dispositivos e específico definido pelo CONTRAN e designados
equipamentos de trânsito; pelo ministro ou dirigente coordenador máximo do
XIII - avocar, para análise e soluções, processos Sistema Nacional de Trânsito.
sobre conflitos de competência ou circunscrição, § 2º Os segmentos da sociedade, relacionados no
parágrafo anterior, serão representados por
pessoa jurídica e devem atender aos requisitos respectivamente, e deverão ter reconhecida
estabelecidos pelo CONTRAN. experiência em matéria de trânsito.
§ 3º A coordenação das Câmaras Temáticas será § 1º Os membros dos CETRAN e do
exercida por representantes do órgão máximo CONTRANDIFE são nomeados pelos
executivo de trânsito da União ou dos Ministérios Governadores dos Estados e do Distrito Federal,
representados no Contran, conforme definido no respectivamente.
ato de criação de cada Câmara Temática. § 2º Os membros do CETRAN e do
Art. 14. Compete aos Conselhos Estaduais de CONTRANDIFE deverão ser pessoas de
Trânsito - CETRAN e ao Conselho de Trânsito do reconhecida experiência em trânsito.
Distrito Federal - CONTRANDIFE: § 3º O mandato dos membros do CETRAN e do
I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as CONTRANDIFE é de dois anos, admitida a
normas de trânsito, no âmbito das respectivas recondução.
atribuições; Art. 16. Junto a cada órgão ou entidade
II - elaborar normas no âmbito das respectivas executivos de trânsito ou rodoviário funcionarão
competências; Juntas Administrativas de Recursos de Infrações -
III - responder a consultas relativas à aplicação da JARI, órgãos colegiados responsáveis pelo
legislação e dos procedimentos normativos de julgamento dos recursos interpostos contra
trânsito; penalidades por eles impostas.
IV - estimular e orientar a execução de campanhas Parágrafo único. As JARI têm regimento próprio,
educativas de trânsito; observado o disposto no inciso VI do art. 12, e
V - julgar os recursos interpostos contra apoio administrativo e financeiro do órgão ou
decisões: entidade junto ao qual funcionem.
a) das JARI; Art. 17. Compete às JARI:
b) dos órgãos e entidades executivos estaduais, I - julgar os recursos interpostos pelos infratores;
nos casos de inaptidão permanente constatados II - solicitar aos órgãos e entidades executivos de
nos exames de aptidão física, mental ou trânsito e executivos rodoviários informações
psicológica; complementares relativas aos recursos,
VI - indicar um representante para compor a objetivando uma melhor análise da situação
comissão examinadora de candidatos portadores recorrida;
de deficiência física à habilitação para conduzir III - encaminhar aos órgãos e entidades executivos
veículos automotores; de trânsito e executivos rodoviários informações
VIII - acompanhar e coordenar as atividades de sobre problemas observados nas autuações e
administração, educação, engenharia, apontados em recursos, e que se repitam
fiscalização, policiamento ostensivo de trânsito, sistematicamente.
formação de condutores, registro e licenciamento Art. 19. Compete ao órgão máximo executivo de
de veículos, articulando os órgãos do Sistema no trânsito da União:
Estado, reportando-se ao CONTRAN; I - cumprir e fazer cumprir a legislação de trânsito
IX - dirimir conflitos sobre circunscrição e e a execução das normas e diretrizes
competência de trânsito no âmbito dos Municípios; estabelecidas pelo CONTRAN, no âmbito de suas
e atribuições;
X - informar o CONTRAN sobre o cumprimento II - proceder à supervisão, à coordenação, à
das exigências definidas nos §§ 1º e 2º do art. correição dos órgãos delegados, ao controle e à
333. fiscalização da execução da Política Nacional de
XI - designar, em caso de recursos deferidos e na Trânsito e do Programa Nacional de Trânsito;
hipótese de reavaliação dos exames, junta III - articular-se com os órgãos dos Sistemas
especial de saúde para examinar os candidatos à Nacionais de Trânsito, de Transporte e de
habilitação para conduzir veículos automotores. Segurança Pública, objetivando o combate à
Parágrafo único. Dos casos previstos no inciso V, violência no trânsito, promovendo, coordenando e
julgados pelo órgão, não cabe recurso na esfera executando o controle de ações para a
administrativa. preservação do ordenamento e da segurança do
Art. 15. Os presidentes dos CETRAN e do trânsito;
CONTRANDIFE são nomeados pelos IV - apurar, prevenir e reprimir a prática de atos de
Governadores dos Estados e do Distrito Federal, improbidade contra a fé pública, o patrimônio, ou a
administração pública ou privada, referentes à complementação ou alteração da sinalização e
segurança do trânsito; dos dispositivos e equipamentos de trânsito;
V - supervisionar a implantação de projetos e XIX - organizar, elaborar, complementar e alterar
programas relacionados com a engenharia, os manuais e normas de projetos de
educação, administração, policiamento e implementação da sinalização, dos dispositivos e
fiscalização do trânsito e outros, visando à equipamentos de trânsito aprovados pelo
uniformidade de procedimento; CONTRAN;
VI - estabelecer procedimentos sobre a XX - expedir a permissão internacional para
aprendizagem e habilitação de condutores de conduzir veículo e o certificado de passagem nas
veículos, a expedição de documentos de alfândegas mediante delegação aos órgãos
condutores, de registro e licenciamento de executivos dos Estados e do Distrito Federal ou a
veículos; entidade habilitada para esse fim pelo poder
VII - expedir a Permissão para Dirigir, a Carteira público federal;
Nacional de Habilitação, os Certificados de XXI - promover a realização periódica de reuniões
Registro e o de Licenciamento Anual mediante regionais e congressos nacionais de trânsito, bem
delegação aos órgãos executivos dos Estados e como propor a representação do Brasil em
do Distrito Federal; congressos ou reuniões internacionais;
VIII - organizar e manter o Registro Nacional de XXII - propor acordos de cooperação com
Carteiras de Habilitação - RENACH; organismos internacionais, com vistas ao
IX - organizar e manter o Registro Nacional de aperfeiçoamento das ações inerentes à segurança
Veículos Automotores - RENAVAM; e educação de trânsito;
X - organizar a estatística geral de trânsito no XXIII - elaborar projetos e programas de formação,
território nacional, definindo os dados a serem treinamento e especialização do pessoal
fornecidos pelos demais órgãos e promover sua encarregado da execução das atividades de
divulgação; engenharia, educação, policiamento ostensivo,
XI - estabelecer modelo padrão de coleta de fiscalização, operação e administração de trânsito,
informações sobre as ocorrências de acidentes de propondo medidas que estimulem a pesquisa
trânsito e as estatísticas do trânsito; científica e o ensino técnico-profissional de
XII - administrar fundo de âmbito nacional interesse do trânsito, e promovendo a sua
destinado à segurança e à educação de trânsito; realização;
XIII - coordenar a administração do registro das XXIV - opinar sobre assuntos relacionados ao
infrações de trânsito, da pontuação e das trânsito interestadual e internacional;
penalidades aplicadas no prontuário do infrator, da XXV - elaborar e submeter à aprovação do
arrecadação de multas e do repasse de que trata CONTRAN as normas e requisitos de segurança
o § 1º do art. 320; veicular para fabricação e montagem de veículos,
XIV - fornecer aos órgãos e entidades do Sistema consoante sua destinação;
Nacional de Trânsito informações sobre registros XXVI - estabelecer procedimentos para a
de veículos e de condutores, mantendo o fluxo concessão do código marca-modelo dos veículos
permanente de informações com os demais para efeito de registro, emplacamento e
órgãos do Sistema; licenciamento;
XV - promover, em conjunto com os órgãos XXVII - instruir os recursos interpostos das
competentes do Ministério da Educação e do decisões do CONTRAN, ao ministro ou dirigente
Desporto, de acordo com as diretrizes do coordenador máximo do Sistema Nacional de
CONTRAN, a elaboração e a implementação de Trânsito;
programas de educação de trânsito nos XXVIII - estudar os casos omissos na legislação
estabelecimentos de ensino; de trânsito e submetê-los, com proposta de
XVI - elaborar e distribuir conteúdos programáticos solução, ao Ministério ou órgão coordenador
para a educação de trânsito; máximo do Sistema Nacional de Trânsito;
XVII - promover a divulgação de trabalhos técnicos XXIX - prestar suporte técnico, jurídico,
sobre o trânsito; administrativo e financeiro ao CONTRAN.
XVIII - elaborar, juntamente com os demais órgãos XXX - organizar e manter o Registro Nacional de
e entidades do Sistema Nacional de Trânsito, e Infrações de Trânsito (Renainf).
submeter à aprovação do CONTRAN, a XXXI - organizar, manter e atualizar o Registro
Nacional Positivo de Condutores (RNPC).
§ 1º Comprovada, por meio de sindicância, a VIII - implementar as medidas da Política Nacional
deficiência técnica ou administrativa ou a prática de Segurança e Educação de Trânsito;
constante de atos de improbidade contra a fé IX - promover e participar de projetos e programas
pública, contra o patrimônio ou contra a de educação e segurança, de acordo com as
administração pública, o órgão executivo de diretrizes estabelecidas pelo CONTRAN;
trânsito da União, mediante aprovação do X - integrar-se a outros órgãos e entidades do
CONTRAN, assumirá diretamente ou por Sistema Nacional de Trânsito para fins de
delegação, a execução total ou parcial das arrecadação e compensação de multas impostas
atividades do órgão executivo de trânsito estadual na área de sua competência, com vistas à
que tenha motivado a investigação, até que as unificação do licenciamento, à simplificação e à
irregularidades sejam sanadas. celeridade das transferências de veículos e de
§ 2º O regimento interno do órgão executivo de prontuários de condutores de uma para outra
trânsito da União disporá sobre sua estrutura unidade da Federação;
organizacional e seu funcionamento. XI - fiscalizar o nível de emissão de poluentes e
§ 3º Os órgãos e entidades executivos de trânsito ruído produzidos pelos veículos automotores ou
e executivos rodoviários da União, dos Estados, pela sua carga, de acordo com o estabelecido no
do Distrito Federal e dos Municípios fornecerão, art. 66, além de dar apoio, quando solicitado, às
obrigatoriamente, mês a mês, os dados ações específicas dos órgãos ambientais.
estatísticos para os fins previstos no inciso X. XII - aplicar a penalidade de suspensão do direito
Art. 20. Compete à Polícia Rodoviária Federal, de dirigir, quando prevista de forma específica
no âmbito das rodovias e estradas federais: para a infração cometida, e comunicar a aplicação
I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as da penalidade ao órgão máximo executivo de
normas de trânsito, no âmbito de suas atribuições; trânsito da União.
II - realizar o patrulhamento ostensivo, executando XIII - realizar perícia administrativa nos locais de
operações relacionadas com a segurança pública, acidentes de trânsito.
com o objetivo de preservar a ordem, Art. 21. Compete aos órgãos e entidades
incolumidade das pessoas, o patrimônio da União executivos rodoviários da União, dos Estados,
e o de terceiros; do Distrito Federal e dos Municípios, no âmbito de
III - executar a fiscalização de trânsito, aplicar as sua circunscrição:
penalidades de advertência por escrito e multa e I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as
as medidas administrativas cabíveis, com a normas de trânsito, no âmbito de suas atribuições;
notificação dos infratores e a arrecadação das II - planejar, projetar, regulamentar e operar o
multas aplicadas e dos valores provenientes de trânsito de veículos, de pedestres e de animais, e
estadia e remoção de veículos, objetos e animais promover o desenvolvimento da circulação e da
e de escolta de veículos de cargas segurança de ciclistas;
superdimensionadas ou perigosas; III - implantar, manter e operar o sistema de
IV - efetuar levantamento dos locais de acidentes sinalização, os dispositivos e os equipamentos de
de trânsito e dos serviços de atendimento, socorro controle viário;
e salvamento de vítimas; IV - coletar dados e elaborar estudos sobre os
V - credenciar os serviços de escolta, fiscalizar e acidentes de trânsito e suas causas;
adotar medidas de segurança relativas aos V - estabelecer, em conjunto com os órgãos de
serviços de remoção de veículos, escolta e policiamento ostensivo de trânsito, as respectivas
transporte de carga indivisível; diretrizes para o policiamento ostensivo de
VI - assegurar a livre circulação nas rodovias trânsito;
federais, podendo solicitar ao órgão rodoviário a VI - executar a fiscalização de trânsito, autuar,
adoção de medidas emergenciais, e zelar pelo aplicar as penalidades de advertência, por escrito,
cumprimento das normas legais relativas ao direito e ainda as multas e medidas administrativas
de vizinhança, promovendo a interdição de cabíveis, notificando os infratores e arrecadando
construções e instalações não autorizadas; as multas que aplicar;
VII - coletar dados estatísticos e elaborar estudos VII - arrecadar valores provenientes de estada e
sobre acidentes de trânsito e suas causas, remoção de veículos e objetos, e escolta de
adotando ou indicando medidas operacionais veículos de cargas superdimensionadas ou
preventivas e encaminhando-os ao órgão perigosas;
rodoviário federal;
VIII - fiscalizar, autuar, aplicar as penalidades e IV - estabelecer, em conjunto com as Polícias
medidas administrativas cabíveis, relativas a Militares, as diretrizes para o policiamento
infrações por excesso de peso, dimensões e ostensivo de trânsito;
lotação dos veículos, bem como notificar e V - executar a fiscalização de trânsito, autuar e
arrecadar as multas que aplicar; aplicar as medidas administrativas cabíveis pelas
IX - fiscalizar o cumprimento da norma contida no infrações previstas neste Código, excetuadas
art. 95, aplicando as penalidades e arrecadando aquelas relacionadas nos incisos VI e VIII do art.
as multas nele previstas; 24, no exercício regular do Poder de Polícia de
X - implementar as medidas da Política Nacional Trânsito;
de Trânsito e do Programa Nacional de Trânsito; VI - aplicar as penalidades por infrações previstas
XI - promover e participar de projetos e programas neste Código, com exceção daquelas relacionadas
de educação e segurança, de acordo com as nos incisos VII e VIII do art. 24, notificando os
diretrizes estabelecidas pelo CONTRAN; infratores e arrecadando as multas que aplicar;
XII - integrar-se a outros órgãos e entidades do VII - arrecadar valores provenientes de estada e
Sistema Nacional de Trânsito para fins de remoção de veículos e objetos;
arrecadação e compensação de multas impostas VIII - comunicar ao órgão executivo de trânsito da
na área de sua competência, com vistas à União a suspensão e a cassação do direito de
unificação do licenciamento, à simplificação e à dirigir e o recolhimento da Carteira Nacional de
celeridade das transferências de veículos e de Habilitação;
prontuários de condutores de uma para outra IX - coletar dados estatísticos e elaborar estudos
unidade da Federação; sobre acidentes de trânsito e suas causas;
XIII - fiscalizar o nível de emissão de poluentes e X - credenciar órgãos ou entidades para a
ruído produzidos pelos veículos automotores ou execução de atividades previstas na legislação de
pela sua carga, de acordo com o estabelecido no trânsito, na forma estabelecida em norma do
art. 66, além de dar apoio às ações específicas CONTRAN;
dos órgãos ambientais locais, quando solicitado; XI - implementar as medidas da Política Nacional
XIV - vistoriar veículos que necessitem de de Trânsito e do Programa Nacional de Trânsito;
autorização especial para transitar e estabelecer XII - promover e participar de projetos e
os requisitos técnicos a serem observados para a programas de educação e segurança de trânsito
circulação desses veículos. de acordo com as diretrizes estabelecidas pelo
XV - aplicar a penalidade de suspensão do direito CONTRAN;
de dirigir, quando prevista de forma específica XIII - integrar-se a outros órgãos e entidades do
para a infração cometida, e comunicar a aplicação Sistema Nacional de Trânsito para fins de
da penalidade ao órgão máximo executivo de arrecadação e compensação de multas impostas
trânsito da União. na área de sua competência, com vistas à
Art. 22. Compete aos órgãos ou entidades unificação do licenciamento, à simplificação e à
executivos de trânsito dos Estados e do Distrito celeridade das transferências de veículos e de
Federal, no âmbito de sua circunscrição: prontuários de condutores de uma para outra
I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as unidade da Federação;
normas de trânsito, no âmbito das respectivas XIV - fornecer, aos órgãos e entidades executivos
atribuições; de trânsito e executivos rodoviários municipais, os
II - realizar, fiscalizar e controlar o processo de dados cadastrais dos veículos registrados e dos
formação, de aperfeiçoamento, de reciclagem e de condutores habilitados, para fins de imposição e
suspensão de condutores e expedir e cassar notificação de penalidades e de arrecadação de
Licença de Aprendizagem, Permissão para Dirigir multas nas áreas de suas competências;
e Carteira Nacional de Habilitação, mediante XV - fiscalizar o nível de emissão de poluentes e
delegação do órgão máximo executivo de trânsito ruído produzidos pelos veículos automotores ou
da União; pela sua carga, de acordo com o estabelecido no
III - vistoriar, inspecionar as condições de art. 66, além de dar apoio, quando solicitado, às
segurança veicular, registrar, emplacar e licenciar ações específicas dos órgãos ambientais locais;
veículos, com a expedição dos Certificados de XVI - articular-se com os demais órgãos do
Registro de Veículo e de Licenciamento Anual, Sistema Nacional de Trânsito no Estado, sob
mediante delegação do órgão máximo executivo coordenação do respectivo CETRAN.
de trânsito da União;
XVII - criar, implantar e manter escolas públicas de estacionamento e parada previstas neste Código,
trânsito, destinadas à educação de crianças, notificando os infratores e arrecadando as multas
adolescentes, jovens e adultos, por meio de aulas que aplicar;
teóricas e práticas sobre legislação, sinalização e VIII - fiscalizar, autuar e aplicar as penalidades e
comportamento no trânsito. medidas administrativas cabíveis relativas a
Parágrafo único. As competências descritas no infrações por excesso de peso, dimensões e
inciso II do caput deste artigo relativas ao lotação dos veículos, bem como notificar e
processo de suspensão de condutores serão arrecadar as multas que aplicar;
exercidas quando: IX - fiscalizar o cumprimento da norma contida no
I - o condutor atingir o limite de pontos art. 95, aplicando as penalidades e arrecadando
estabelecido no inciso I do art. 261 deste Código; as multas nele previstas;
II - a infração previr a penalidade de suspensão X - implantar, manter e operar sistema de
do direito de dirigir de forma específica e a estacionamento rotativo pago nas vias;
autuação tiver sido efetuada pelo próprio órgão XI - arrecadar valores provenientes de estada e
executivo estadual de trânsito. remoção de veículos e objetos, e escolta de
Art. 23. Compete às Polícias Militares dos veículos de cargas superdimensionadas ou
Estados e do Distrito Federal: perigosas;
III - executar a fiscalização de trânsito, quando e XII - credenciar os serviços de escolta, fiscalizar e
conforme convênio firmado, como agente do adotar medidas de segurança relativas aos
órgão ou entidade executivos de trânsito ou serviços de remoção de veículos, escolta e
executivos rodoviários, concomitantemente com transporte de carga indivisível;
os demais agentes credenciados; XIII - integrar-se a outros órgãos e entidades do
Art. 24. Compete aos órgãos e entidades Sistema Nacional de Trânsito para fins de
executivos de trânsito dos Municípios, no arrecadação e compensação de multas impostas
âmbito de sua circunscrição: na área de sua competência, com vistas à
I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as unificação do licenciamento, à simplificação e à
normas de trânsito, no âmbito de suas atribuições; celeridade das transferências de veículos e de
II - planejar, projetar, regulamentar e operar o prontuários dos condutores de uma para outra
trânsito de veículos, de pedestres e de animais e unidade da Federação;
promover o desenvolvimento, temporário ou XIV - implantar as medidas da Política Nacional de
definitivo, da circulação, da segurança e das áreas Trânsito e do Programa Nacional de Trânsito;
de proteção de ciclistas; XV - promover e participar de projetos e
III - implantar, manter e operar o sistema de programas de educação e segurança de trânsito
sinalização, os dispositivos e os equipamentos de de acordo com as diretrizes estabelecidas pelo
controle viário; CONTRAN;
IV - coletar dados estatísticos e elaborar estudos XVI - planejar e implantar medidas para redução
sobre os acidentes de trânsito e suas causas; da circulação de veículos e reorientação do
V - estabelecer, em conjunto com os órgãos de tráfego, com o objetivo de diminuir a emissão
polícia ostensiva de trânsito, as diretrizes para o global de poluentes;
policiamento ostensivo de trânsito; XVII - registrar e licenciar, na forma da legislação,
VI - executar a fiscalização de trânsito em vias veículos de tração e propulsão humana e de
terrestres, edificações de uso público e edificações tração animal, fiscalizando, autuando, aplicando
privadas de uso coletivo, autuar e aplicar as penalidades e arrecadando multas decorrentes de
medidas administrativas cabíveis e as penalidades infrações;
de advertência por escrito e multa, por infrações XVIII - conceder autorização para conduzir
de circulação, estacionamento e parada previstas veículos de propulsão humana e de tração animal;
neste Código, no exercício regular do poder de XIX - articular-se com os demais órgãos do
polícia de trânsito, notificando os infratores e Sistema Nacional de Trânsito no Estado, sob
arrecadando as multas que aplicar, exercendo coordenação do respectivo CETRAN;
iguais atribuições no âmbito de edificações XX - fiscalizar o nível de emissão de poluentes e
privadas de uso coletivo, somente para infrações ruído produzidos pelos veículos automotores ou
de uso de vagas reservadas em estacionamentos; pela sua carga, de acordo com o estabelecido no
VII - aplicar as penalidades de advertência por art. 66, além de dar apoio às ações específicas de
escrito e multa, por infrações de circulação, órgão ambiental local, quando solicitado;
XXI - vistoriar veículos que necessitem de em risco a incolumidade das pessoas ou o
autorização especial para transitar e estabelecer patrimônio das respectivas Casas Legislativas.
os requisitos técnicos a serem observados para a Parágrafo único. Para atuarem na fiscalização de
circulação desses veículos. trânsito, os agentes mencionados no caput deste
XXII - aplicar a penalidade de suspensão do direito artigo deverão receber treinamento específico
de dirigir, quando prevista de forma específica para o exercício das atividades, conforme
para a infração cometida, e comunicar a aplicação regulamentação do Contran.
da penalidade ao órgão máximo executivo de
trânsito da União; CAPÍTULO III
XXIII - criar, implantar e manter escolas públicas Das Normas Gerais De Circulação E Conduta
de trânsito, destinadas à educação de crianças,
adolescentes, jovens e adultos, por meio de aulas Art. 26. Os usuários das vias terrestres devem:
teóricas e práticas sobre legislação, sinalização e I - abster-se de todo ato que possa constituir
comportamento no trânsito. perigo ou obstáculo para o trânsito de veículos, de
§ 1º As competências relativas a órgão ou pessoas ou de animais, ou ainda causar danos a
entidade municipal serão exercidas no Distrito propriedades públicas ou privadas;
Federal por seu órgão ou entidade executivos de II - abster-se de obstruir o trânsito ou torná-lo
trânsito. perigoso, atirando, depositando ou abandonando
§ 2º Para exercer as competências estabelecidas na via objetos ou substâncias, ou nela criando
neste artigo, os Municípios deverão integrar-se qualquer outro obstáculo.
ao Sistema Nacional de Trânsito, por meio de Art. 27. Antes de colocar o veículo em circulação
órgão ou entidade executivos de trânsito ou nas vias públicas, o condutor deverá verificar a
diretamente por meio da prefeitura municipal, existência e as boas condições de funcionamento
conforme previsto no art. 333 deste Código. dos equipamentos de uso obrigatório, bem como
Art. 25. Os órgãos e entidades executivos do assegurar-se da existência de combustível
Sistema Nacional de Trânsito poderão celebrar suficiente para chegar ao local de destino.
convênio delegando as atividades previstas neste Art. 28. O condutor deverá, a todo momento, ter
Código, com vistas à maior eficiência e à domínio de seu veículo, dirigindo-o com atenção e
segurança para os usuários da via. cuidados indispensáveis à segurança do trânsito.
§ 1º Os órgãos e entidades de trânsito poderão Art. 29. O trânsito de veículos nas vias terrestres
prestar serviços de capacitação técnica, abertas à circulação obedecerá às seguintes
assessoria e monitoramento das atividades normas:
relativas ao trânsito durante prazo a ser I - a circulação far-se-á pelo lado direito da via,
estabelecido entre as partes, com ressarcimento admitindo-se as exceções devidamente
dos custos apropriados. sinalizadas;
§ 2º Quando não houver órgão ou entidade II - o condutor deverá guardar distância de
executivos de trânsito no respectivo Município, o segurança lateral e frontal entre o seu e os
convênio de que trata o caput deste artigo poderá demais veículos, bem como em relação ao bordo
ser celebrado diretamente pela prefeitura da pista, considerando-se, no momento, a
municipal com órgão ou entidade que integre o velocidade e as condições do local, da circulação,
Sistema Nacional de Trânsito, permitido, inclusive, do veículo e as condições climáticas;
o consórcio com outro ente federativo. III - quando veículos, transitando por fluxos que se
Art. 25-A. Os agentes dos órgãos policiais da cruzem, se aproximarem de local não sinalizado,
Câmara dos Deputados e do Senado Federal, a terá preferência de passagem:
que se referem o inciso IV do caput do art. 51 e o a) no caso de apenas um fluxo ser proveniente de
inciso XIII do caput do art. 52 da Constituição rodovia, aquele que estiver circulando por ela;
Federal , respectivamente, mediante convênio b) no caso de rotatória, aquele que estiver
com o órgão ou entidade de trânsito com circulando por ela;
circunscrição sobre a via, poderão lavrar auto de c) nos demais casos, o que vier pela direita do
infração de trânsito e remetê-lo ao órgão condutor;
competente, nos casos em que a infração IV - quando uma pista de rolamento comportar
cometida nas adjacências do Congresso Nacional várias faixas de circulação no mesmo sentido, são
ou nos locais sob sua responsabilidade as da direita destinadas ao deslocamento dos
comprometer objetivamente os serviços ou colocar
veículos mais lentos e de maior porte, quando IX - a ultrapassagem de outro veículo em
não houver faixa especial a eles destinada, e as movimento deverá ser feita pela esquerda,
da esquerda, destinadas à ultrapassagem e ao obedecida a sinalização regulamentar e as demais
deslocamento dos veículos de maior velocidade; normas estabelecidas neste Código, exceto
V - o trânsito de veículos sobre passeios, calçadas quando o veículo a ser ultrapassado estiver
e nos acostamentos, só poderá ocorrer para que sinalizando o propósito de entrar à esquerda;
se adentre ou se saia dos imóveis ou áreas X - todo condutor deverá, antes de efetuar uma
especiais de estacionamento; ultrapassagem, certificar-se de que:
VI - os veículos precedidos de batedores terão a) nenhum condutor que venha atrás haja
prioridade de passagem, respeitadas as demais começado uma manobra para ultrapassá-lo;
normas de circulação; b) quem o precede na mesma faixa de trânsito
VII - os veículos destinados a socorro de incêndio não haja indicado o propósito de ultrapassar um
e salvamento, os de polícia, os de fiscalização e terceiro;
operação de trânsito e as ambulâncias, além de c) a faixa de trânsito que vai tomar esteja livre
prioridade no trânsito, gozam de livre circulação, numa extensão suficiente para que sua manobra
estacionamento e parada, quando em serviço de não ponha em perigo ou obstrua o trânsito que
urgência, de policiamento ostensivo ou de venha em sentido contrário;
preservação da ordem pública, observadas as XI - todo condutor ao efetuar a ultrapassagem
seguintes disposições: deverá:
a) quando os dispositivos regulamentares de a) indicar com antecedência a manobra
alarme sonoro e iluminação intermitente estiverem pretendida, acionando a luz indicadora de direção
acionados, indicando a proximidade dos veículos, do veículo ou por meio de gesto convencional de
todos os condutores deverão deixar livre a braço;
passagem pela faixa da esquerda, indo para a b) afastar-se do usuário ou usuários aos quais
direita da via e parando, se necessário; ultrapassa, de tal forma que deixe livre uma
b) os pedestres, ao ouvirem o alarme sonoro ou distância lateral de segurança;
avistarem a luz intermitente, deverão aguardar no c) retomar, após a efetivação da manobra, a faixa
passeio e somente atravessar a via quando o de trânsito de origem, acionando a luz indicadora
veículo já tiver passado pelo local; de direção do veículo ou fazendo gesto
c) o uso de dispositivos de alarme sonoro e de convencional de braço, adotando os cuidados
iluminação intermitente somente poderá ocorrer necessários para não pôr em perigo ou obstruir o
por ocasião da efetiva prestação de serviço de trânsito dos veículos que ultrapassou;
urgência; XII - os veículos que se deslocam sobre trilhos
d) a prioridade de passagem na via e no terão preferência de passagem sobre os demais,
cruzamento deverá se dar com velocidade respeitadas as normas de circulação.
reduzida e com os devidos cuidados de § 1º As normas de ultrapassagem previstas nas
segurança, obedecidas as demais normas deste alíneas “a” e “b” do inciso X e “a” e “b” do inciso XI
Código; aplicam-se à transposição de faixas, que pode ser
e) as prerrogativas de livre circulação e de parada realizada tanto pela faixa da esquerda como pela
serão aplicadas somente quando os veículos da direita.
estiverem identificados por dispositivos § 2º Respeitadas as normas de circulação e
regulamentares de alarme sonoro e iluminação conduta estabelecidas neste artigo, em ordem
intermitente; decrescente, os veículos de maior porte serão
f) a prerrogativa de livre estacionamento será sempre responsáveis pela segurança dos
aplicada somente quando os veículos estiverem menores, os motorizados pelos não motorizados
identificados por dispositivos regulamentares de e, juntos, pela incolumidade dos pedestres.
iluminação intermitente; § 3º Compete ao Contran regulamentar os
VIII - os veículos prestadores de serviços de dispositivos de alarme sonoro e iluminação
utilidade pública, quando em atendimento na via, intermitente previstos no inciso VII do caput deste
gozam de livre parada e estacionamento no artigo.
local da prestação de serviço, desde que § 4º Em situações especiais, ato da autoridade
devidamente sinalizados, devendo estar máxima federal de segurança pública poderá
identificados na forma estabelecida pelo dispor sobre a aplicação das exceções tratadas no
CONTRAN;
inciso VII do caput deste artigo aos veículos no acostamento, à direita, para cruzar a pista com
oficiais descaracterizados. segurança.
Art. 30. Todo condutor, ao perceber que outro Art. 38. Antes de entrar à direita ou à esquerda,
que o segue tem o propósito de ultrapassá-lo, em outra via ou em lotes lindeiros, o condutor
deverá: deverá:
I - se estiver circulando pela faixa da esquerda, I - ao sair da via pelo lado direito, aproximar-se o
deslocar-se para a faixa da direita, sem acelerar a máximo possível do bordo direito da pista e
marcha; executar sua manobra no menor espaço possível;
II - se estiver circulando pelas demais faixas, II - ao sair da via pelo lado esquerdo, aproximar-se
manter-se naquela na qual está circulando, sem o máximo possível de seu eixo ou da linha
acelerar a marcha. divisória da pista, quando houver, caso se trate de
Parágrafo único. Os veículos mais lentos, quando uma pista com circulação nos dois sentidos, ou do
em fila, deverão manter distância suficiente entre bordo esquerdo, tratando-se de uma pista de um
si para permitir que veículos que os ultrapassem só sentido.
possam se intercalar na fila com segurança. Parágrafo único. Durante a manobra de mudança
Art. 31. O condutor que tenha o propósito de de direção, o condutor deverá ceder passagem
ultrapassar um veículo de transporte coletivo que aos pedestres e ciclistas, aos veículos que
esteja parado, efetuando embarque ou transitem em sentido contrário pela pista da via da
desembarque de passageiros, deverá reduzir a qual vai sair, respeitadas as normas de
velocidade, dirigindo com atenção redobrada ou preferência de passagem.
parar o veículo com vistas à segurança dos Art. 39. Nas vias urbanas, a operação de retorno
pedestres. deverá ser feita nos locais para isto determinados,
Art. 32. O condutor não poderá ultrapassar quer por meio de sinalização, quer pela existência
veículos em vias com duplo sentido de direção e de locais apropriados, ou, ainda, em outros locais
pista única, nos trechos em curvas e em aclives que ofereçam condições de segurança e fluidez,
sem visibilidade suficiente, nas passagens de observadas as características da via, do veículo,
nível, nas pontes e viadutos e nas travessias de das condições meteorológicas e da movimentação
pedestres, exceto quando houver sinalização de pedestres e ciclistas.
permitindo a ultrapassagem. Art. 40. O uso de luzes em veículo obedecerá às
Art. 33. Nas interseções e suas proximidades, o seguintes determinações:
condutor não poderá efetuar ultrapassagem. I - o condutor manterá acesos os faróis do veículo,
Art. 34. O condutor que queira executar uma por meio da utilização da luz baixa:
manobra deverá certificar-se de que pode a) à noite;
executá-la sem perigo para os demais usuários da b) mesmo durante o dia, em túneis e sob chuva,
via que o seguem, precedem ou vão cruzar com neblina ou cerração;
ele, considerando sua posição, sua direção e sua II - nas vias não iluminadas o condutor deve usar
velocidade. luz alta, exceto ao cruzar com outro veículo ou ao
Art. 35. Antes de iniciar qualquer manobra que segui-lo;
implique um deslocamento lateral, o condutor III - a troca de luz baixa e alta, de forma
deverá indicar seu propósito de forma clara e com intermitente e por curto período de tempo, com o
a devida antecedência, por meio da luz indicadora objetivo de advertir outros motoristas, só poderá
de direção de seu veículo, ou fazendo gesto ser utilizada para indicar a intenção de ultrapassar
convencional de braço. o veículo que segue à frente ou para indicar a
Parágrafo único. Entende-se por deslocamento existência de risco à segurança para os veículos
lateral a transposição de faixas, movimentos de que circulam no sentido contrário;
conversão à direita, à esquerda e retornos. V - O condutor utilizará o pisca-alerta nas
Art. 36. O condutor que for ingressar numa via, seguintes situações:
procedente de um lote lindeiro a essa via, deverá a) em imobilizações ou situações de emergência;
dar preferência aos veículos e pedestres que por b) quando a regulamentação da via assim o
ela estejam transitando. determinar;
Art. 37. Nas vias providas de acostamento, a VI - durante a noite, em circulação, o condutor
conversão à esquerda e a operação de retorno manterá acesa a luz de placa;
deverão ser feitas nos locais apropriados e, onde VII - o condutor manterá acesas, à noite, as luzes
estes não existirem, o condutor deverá aguardar de posição quando o veículo estiver parado para
fins de embarque ou desembarque de passageiros pode entrar em uma interseção se houver
e carga ou descarga de mercadorias. possibilidade de ser obrigado a imobilizar o veículo
§ 1º Os veículos de transporte coletivo de na área do cruzamento, obstruindo ou impedindo a
passageiros, quando circularem em faixas ou passagem do trânsito transversal.
pistas a eles destinadas, e as motocicletas, Art. 46. Sempre que for necessária a imobilização
motonetas e ciclomotores deverão utilizar-se de temporária de um veículo no leito viário, em
farol de luz baixa durante o dia e à noite. situação de emergência, deverá ser providenciada
§ 2º Os veículos que não dispuserem de luzes de a imediata sinalização de advertência, na forma
rodagem diurna deverão manter acesos os faróis estabelecida pelo CONTRAN.
nas rodovias de pista simples situadas fora dos Art. 47. Quando proibido o estacionamento na via,
perímetros urbanos, mesmo durante o dia. a parada deverá restringir-se ao tempo
Art. 41. O condutor de veículo só poderá fazer indispensável para embarque ou desembarque de
uso de buzina, desde que em toque breve, nas passageiros, desde que não interrompa ou
seguintes situações: perturbe o fluxo de veículos ou a locomoção de
I - para fazer as advertências necessárias a fim de pedestres.
evitar acidentes; Parágrafo único. A operação de carga ou
II - fora das áreas urbanas, quando for descarga será regulamentada pelo órgão ou
conveniente advertir a um condutor que se tem o entidade com circunscrição sobre a via e é
propósito de ultrapassá-lo. considerada estacionamento.
Art. 42. Nenhum condutor deverá frear Art. 48. Nas paradas, operações de carga ou
bruscamente seu veículo, salvo por razões de descarga e nos estacionamentos, o veículo deverá
segurança. ser posicionado no sentido do fluxo, paralelo ao
Art. 43. Ao regular a velocidade, o condutor bordo da pista de rolamento e junto à guia da
deverá observar constantemente as condições calçada (meio-fio), admitidas as exceções
físicas da via, do veículo e da carga, as condições devidamente sinalizadas.
meteorológicas e a intensidade do trânsito, § 1º Nas vias providas de acostamento, os
obedecendo aos limites máximos de veículos parados, estacionados ou em operação
velocidade estabelecidos para a via, além de: de carga ou descarga deverão estar situados fora
I - não obstruir a marcha normal dos demais da pista de rolamento.
veículos em circulação sem causa justificada, § 2º O estacionamento dos veículos motorizados
transitando a uma velocidade anormalmente de duas rodas será feito em posição perpendicular
reduzida; à guia da calçada (meio-fio) e junto a ela, salvo
II - sempre que quiser diminuir a velocidade de quando houver sinalização que determine outra
seu veículo deverá antes certificar-se de que pode condição.
fazê-lo sem risco nem inconvenientes para os § 3º O estacionamento dos veículos sem
outros condutores, a não ser que haja perigo abandono do condutor poderá ser feito somente
iminente; nos locais previstos neste Código ou naqueles
III - indicar, de forma clara, com a antecedência regulamentados por sinalização específica.
necessária e a sinalização devida, a manobra de Art. 49. O condutor e os passageiros não deverão
redução de velocidade. abrir a porta do veículo, deixá-la aberta ou descer
Art. 44. Ao aproximar-se de qualquer tipo de do veículo sem antes se certificarem de que isso
cruzamento, o condutor do veículo deve não constitui perigo para eles e para outros
demonstrar prudência especial, transitando em usuários da via.
velocidade moderada, de forma que possa deter Parágrafo único. O embarque e o desembarque
seu veículo com segurança para dar passagem a devem ocorrer sempre do lado da calçada, exceto
pedestre e a veículos que tenham o direito de para o condutor.
preferência. Art. 50. O uso de faixas laterais de domínio e das
Art. 44-A. É livre o movimento de conversão à áreas adjacentes às estradas e rodovias
direita diante de sinal vermelho do semáforo onde obedecerá às condições de segurança do trânsito
houver sinalização indicativa que permita essa estabelecidas pelo órgão ou entidade com
conversão, observados os arts. 44, 45 e 70 deste circunscrição sobre a via.
Código. Art. 51. Nas vias internas pertencentes a
Art. 45. Mesmo que a indicação luminosa do condomínios constituídos por unidades
semáforo lhe seja favorável, nenhum condutor autônomas, a sinalização de regulamentação da
via será implantada e mantida às expensas do rolamento, no mesmo sentido de circulação
condomínio, após aprovação dos projetos pelo regulamentado para a via, com preferência sobre
órgão ou entidade com circunscrição sobre a via. os veículos automotores.
Art. 52. Os veículos de tração animal serão Parágrafo único. A autoridade de trânsito com
conduzidos pela direita da pista, junto à guia da circunscrição sobre a via poderá autorizar a
calçada (meio-fio) ou acostamento, sempre que circulação de bicicletas no sentido contrário ao
não houver faixa especial a eles destinada, fluxo dos veículos automotores, desde que
devendo seus condutores obedecer, no que dotado o trecho com ciclo faixa.
couber, às normas de circulação previstas neste Art. 59. Desde que autorizado e devidamente
Código e às que vierem a ser fixadas pelo órgão sinalizado pelo órgão ou entidade com
ou entidade com circunscrição sobre a via. circunscrição sobre a via, será permitida a
Art. 53. Os animais isolados ou em grupos só circulação de bicicletas nos passeios.
podem circular nas vias quando conduzidos por Art. 60. As vias abertas à circulação, de acordo
um guia, observado o seguinte: com sua utilização, classificam-se em:
I - para facilitar os deslocamentos, os rebanhos I - vias urbanas:
deverão ser divididos em grupos de tamanho a) via de trânsito rápido;
moderado e separados uns dos outros por b) via arterial;
espaços suficientes para não obstruir o trânsito; c) via coletora;
II - os animais que circularem pela pista de d) via local;
rolamento deverão ser mantidos junto ao bordo da II - vias rurais:
pista. a) rodovias;
Art. 54. Os condutores de motocicletas, motonetas b) estradas.
e ciclomotores só poderão circular nas vias: Art. 61. A velocidade máxima permitida para a via
I - utilizando capacete de segurança, com viseira será indicada por meio de sinalização, obedecidas
ou óculos protetores; suas características técnicas e as condições de
II - segurando o guidom com as duas mãos; trânsito.
III - usando vestuário de proteção, de acordo com § 1º Onde não existir sinalização regulamentadora,
as especificações do CONTRAN. a velocidade máxima será de:
Art. 55. Os passageiros de motocicletas, I - nas vias urbanas:
motonetas e ciclomotores só poderão ser a) oitenta quilômetros por hora, nas vias de
transportados: trânsito rápido:
I - utilizando capacete de segurança; b) sessenta quilômetros por hora, nas vias
II - em carro lateral acoplado aos veículos ou em arteriais;
assento suplementar atrás do condutor; c) quarenta quilômetros por hora, nas vias
III - usando vestuário de proteção, de acordo com coletoras;
as especificações do CONTRAN. d) trinta quilômetros por hora, nas vias locais;
Art. 57. Os ciclomotores devem ser conduzidos II - nas vias rurais:
pela direita da pista de rolamento, a) nas rodovias de pista dupla:
preferencialmente no centro da faixa mais à direita 1. 110 km/h (cento e dez quilômetros por hora)
ou no bordo direito da pista sempre que não para automóveis, camionetas, caminhonetes e
houver acostamento ou faixa própria a eles motocicletas;
destinada, proibida a sua circulação nas vias de 2. 2. 90 km/h (noventa quilômetros por hora) para
trânsito rápido e sobre as calçadas das vias os demais veículos;
urbanas. b) nas rodovias de pista simples:
Parágrafo único. Quando uma via comportar 1. 100 km/h (cem quilômetros por hora) para
duas ou mais faixas de trânsito e a da direita for automóveis, camionetas, caminhonetes e
destinada ao uso exclusivo de outro tipo de motocicletas;
veículo, os ciclomotores deverão circular pela faixa 2. (2. 90 km/h (noventa quilômetros por hora) para
adjacente à da direita. os demais veículos;
Art. 58. Nas vias urbanas e nas rurais de pista c) nas estradas: 60 km/h (sessenta quilômetros
dupla, a circulação de bicicletas deverá ocorrer, por hora).
quando não houver ciclovia, ciclo faixa, ou § 2º O órgão ou entidade de trânsito ou rodoviário
acostamento, ou quando não for possível a com circunscrição sobre a via poderá
utilização destes, nos bordos da pista de regulamentar, por meio de sinalização,
velocidades superiores ou inferiores àquelas ininterruptas veículos de transporte rodoviário
estabelecidas no parágrafo anterior. coletivo de passageiros ou de transporte
Art. 62. A velocidade mínima não poderá ser rodoviário de cargas.
inferior à metade da velocidade máxima § 1° Serão observados 30 (trinta) minutos para
estabelecida, respeitadas as condições descanso dentro de cada 6 (seis) horas na
operacionais de trânsito e da via. condução de veículo de transporte de carga,
Art. 64. As crianças com idade inferior a 10 (dez) sendo facultado o seu fracionamento e o do
anos que não tenham atingido 1,45 m (um metro e tempo de direção desde que não ultrapassadas 5
quarenta e cinco centímetros) de altura devem ser (cinco) horas e meia contínuas no exercício da
transportadas nos bancos traseiros, em dispositivo condução.
de retenção adequado para cada idade, peso e § 1°-A.Serão observados 30 (trinta) minutos para
altura, salvo exceções relacionadas a tipos descanso a cada 4 (quatro) horas na condução
específicos de veículos regulamentadas pelo de veículo rodoviário de passageiros, sendo
Contran. facultado o seu fracionamento e o do tempo de
Parágrafo único. O Contran disciplinará o uso direção.
excepcional de dispositivos de retenção no banco § 2° Em situações excepcionais de inobservância
dianteiro do veículo e as especificações técnicas justificada do tempo de direção, devidamente
dos dispositivos de retenção a que se refere o registradas, o tempo de direção poderá ser
caput deste artigo. elevado pelo período necessário para que o
Art. 65. É obrigatório o uso do cinto de condutor, o veículo e a carga cheguem a um lugar
segurança para condutor e passageiros em todas que ofereça a segurança e o atendimento
as vias do território nacional, salvo em situações demandados, desde que não haja
regulamentadas pelo CONTRAN. comprometimento da segurança rodoviária.
Art. 67. As provas ou competições desportivas, § 3° O condutor é obrigado, dentro do período
inclusive seus ensaios, em via aberta à circulação, de 24 (vinte e quatro) horas, a observar o mínimo
só poderão ser realizadas mediante prévia de 11 (onze) horas de descanso, que podem ser
permissão da autoridade de trânsito com fracionadas, usufruídas no veículo e coincidir com
circunscrição sobre a via e dependerão de: os intervalos mencionados no § 1°, observadas no
I - autorização expressa da respectiva primeiro período 8 (oito) horas ininterruptas de
confederação desportiva ou de entidades descanso.
estaduais a ela filiadas; § 4° Entende-se como tempo de direção ou de
II - caução ou fiança para cobrir possíveis danos condução apenas o período em que o condutor
materiais à via; estiver efetivamente ao volante, em curso entre a
III - contrato de seguro contra riscos e acidentes origem e o destino.
em favor de terceiros; § 5° Entende-se como início de viagem a partida
IV - prévio recolhimento do valor correspondente do veículo na ida ou no retorno, com ou sem
aos custos operacionais em que o órgão ou carga, considerando-se como sua continuação as
entidade permissionária incorrerá. partidas nos dias subsequentes até o destino.
Parágrafo único. A autoridade com circunscrição § 6° O condutor somente iniciará uma viagem
sobre a via arbitrará os valores mínimos da após o cumprimento integral do intervalo de
caução ou fiança e do contrato de seguro. descanso previsto no § 3° deste artigo.
§ 7° Nenhum transportador de cargas ou coletivo
CAPÍTULO III-A de passageiros, embarcador, consignatário de
Da Condução De Veículos Por Motoristas cargas, operador de terminais de carga, operador
Profissionais de transporte multimodal de cargas ou agente de
cargas ordenará a qualquer motorista a seu
Art. 67-A. O disposto neste Capítulo aplica-se aos serviço, ainda que subcontratado, que conduza
motoristas profissionais: veículo referido no caput sem a observância do
I - de transporte rodoviário coletivo de disposto no § 6°.
passageiros; § 8º Constitui situação excepcional de
II - de transporte rodoviário de cargas. inobservância justificada do tempo de direção e
Art. 67-C. É vedado ao motorista profissional de descanso pelos motoristas profissionais
dirigir por mais de 5 (cinco) horas e meia condutores de veículos ou composições de
transporte rodoviário de cargas, a
indisponibilidade de pontos de parada e de circulação, podendo a autoridade competente
descanso na rota programada para a viagem ou o permitir a utilização de parte da calçada para
exaurimento das vagas de estacionamento neles outros fins, desde que não seja prejudicial ao
disponíveis, na forma regulada pelo CONTRAN. fluxo de pedestres.
§ 9º O órgão competente da União ou, conforme o § 1º O ciclista desmontado empurrando a bicicleta
caso, a autoridade do ente da Federação com equipara-se ao pedestre em direitos e deveres.
circunscrição sobre a via publicará e revisará, § 2º Nas áreas urbanas, quando não houver
periodicamente, relação dos espaços destinados a passeios ou quando não for possível a utilização
pontos de parada e de descanso disponibilizados destes, a circulação de pedestres na pista de
aos motoristas profissionais condutores de rolamento será feita com prioridade sobre os
veículos ou composições de transporte rodoviário veículos, pelos bordos da pista, em fila única,
de cargas, especialmente entre os previstos no exceto em locais proibidos pela sinalização e nas
art. 10 da Lei nº 13.103, de 2 de março de 2015, situações em que a segurança ficar
indicando o número de vagas de estacionamento comprometida.
disponíveis em cada localidade. § 3º Nas vias rurais, quando não houver
Art. 67-E. O motorista profissional é responsável acostamento ou quando não for possível a
por controlar e registrar o tempo de condução utilização dele, a circulação de pedestres, na pista
estipulado no art. 67-C, com vistas à sua estrita de rolamento, será feita com prioridade sobre os
observância. veículos, pelos bordos da pista, em fila única, em
§ 1° A não observância dos períodos de descanso sentido contrário ao deslocamento de veículos,
estabelecidos no art. 67-C sujeitará o motorista exceto em locais proibidos pela sinalização e nas
profissional às penalidades daí decorrentes, situações em que a segurança ficar
previstas neste Código. comprometida.
§ 1º-A.Não estará sujeito às penalidades previstas § 5º Nos trechos urbanos de vias rurais e nas
neste Código o motorista profissional condutor de obras de arte a serem construídas, deverá ser
veículos ou composições de transporte rodoviário previsto passeio destinado à circulação dos
de cargas que não observar os períodos de pedestres, que não deverão, nessas condições,
direção e de descanso quando ocorrer a situação usar o acostamento.
excepcional descrita no § 8º do art. 67-C deste § 6º Onde houver obstrução da calçada ou da
Código. passagem para pedestres, o órgão ou entidade
§ 2° O tempo de direção será controlado mediante com circunscrição sobre a via deverá assegurar a
registrador instantâneo inalterável de devida sinalização e proteção para circulação de
velocidade e tempo e, ou por meio de anotação pedestres.
em diário de bordo, ou papeleta ou ficha de Art. 69. Para cruzar a pista de rolamento o
trabalho externo, ou por meios eletrônicos pedestre tomará precauções de segurança,
instalados no veículo, conforme norma do levando em conta, principalmente, a visibilidade, a
Contran. distância e a velocidade dos veículos, utilizando
§ 3° O equipamento eletrônico ou registrador sempre as faixas ou passagens a ele destinadas
deverá funcionar de forma independente de sempre que estas existirem numa distância de
qualquer interferência do condutor, quanto aos até cinquenta metros dele, observadas as
dados registrados. seguintes disposições:
§ 4° A guarda, a preservação e a exatidão das I - onde não houver faixa ou passagem, o
informações contidas no equipamento registrador cruzamento da via deverá ser feito em sentido
instantâneo inalterável de velocidade e de tempo perpendicular ao de seu eixo;
são de responsabilidade do condutor. II - para atravessar uma passagem sinalizada
para pedestres ou delimitada por marcas sobre
CAPÍTULO IV a pista:
Dos Pedestres E Condutores De Veículos Não a) onde houver foco de pedestres, obedecer às
Motorizados indicações das luzes;
b) onde não houver foco de pedestres, aguardar
Art. 68. É assegurada ao pedestre a utilização dos que o semáforo ou o agente de trânsito interrompa
passeios ou passagens apropriadas das vias o fluxo de veículos;
urbanas e dos acostamentos das vias rurais para III - nas interseções e em suas proximidades,
onde não existam faixas de travessia, os
pedestres devem atravessar a via na continuação § 1º É obrigatória a existência de coordenação
da calçada, observadas as seguintes normas: educacional em cada órgão ou entidade
a) não deverão adentrar na pista sem antes se componente do Sistema Nacional de Trânsito.
certificar de que podem fazê-lo sem obstruir o § 2º Os órgãos ou entidades executivos de trânsito
trânsito de veículos; deverão promover, dentro de sua estrutura
b) uma vez iniciada a travessia de uma pista, os organizacional ou mediante convênio, o
pedestres não deverão aumentar o seu percurso, funcionamento de Escolas Públicas de Trânsito,
demorar-se ou parar sobre ela sem necessidade. nos moldes e padrões estabelecidos pelo
Art. 70. Os pedestres que estiverem atravessando CONTRAN.
a via sobre as faixas delimitadas para esse fim Art. 75. O CONTRAN estabelecerá, anualmente,
terão prioridade de passagem, exceto nos locais os temas e os cronogramas das campanhas de
com sinalização semafórica, onde deverão ser âmbito nacional que deverão ser promovidas por
respeitadas as disposições deste Código. todos os órgãos ou entidades do Sistema Nacional
Parágrafo único. Nos locais em que houver de Trânsito, em especial nos períodos referentes
sinalização semafórica de controle de passagem às férias escolares, feriados prolongados e à
será dada preferência aos pedestres que não Semana Nacional de Trânsito.
tenham concluído a travessia, mesmo em caso de § 1º Os órgãos ou entidades do Sistema Nacional
mudança do semáforo liberando a passagem dos de Trânsito deverão promover outras campanhas
veículos. no âmbito de sua circunscrição e de acordo com
Art. 71. O órgão ou entidade com circunscrição as peculiaridades locais.
sobre a via manterá, obrigatoriamente, as faixas e § 2º As campanhas de que trata este artigo são de
passagens de pedestres em boas condições de caráter permanente, e os serviços de rádio e
visibilidade, higiene, segurança e sinalização difusão sonora de sons e imagens explorados pelo
poder público são obrigados a difundi-las
CAPÍTULO V gratuitamente, com a frequência recomendada
Do Cidadão pelos órgãos competentes do Sistema Nacional de
Trânsito.
Art. 72. Todo cidadão ou entidade civil tem o Art. 76. A educação para o trânsito será
direito de solicitar, por escrito, aos órgãos ou promovida na pré-escola e nas escolas de 1º, 2º e
entidades do Sistema Nacional de Trânsito, 3º graus, por meio de planejamento e ações
sinalização, fiscalização e implantação de coordenadas entre os órgãos e entidades do
equipamentos de segurança, bem como sugerir Sistema Nacional de Trânsito e de Educação, da
alterações em normas, legislação e outros União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
assuntos pertinentes a este Código. Municípios, nas respectivas áreas de atuação.
Art. 73. Os órgãos ou entidades pertencentes ao Parágrafo único. Para a finalidade prevista neste
Sistema Nacional de Trânsito têm o dever de artigo, o Ministério da Educação e do Desporto,
analisar as solicitações e responder, por escrito, mediante proposta do CONTRAN e do Conselho
dentro de prazos mínimos, sobre a possibilidade de Reitores das Universidades Brasileiras,
ou não de atendimento, esclarecendo ou diretamente ou mediante convênio, promoverá:
justificando a análise efetuada, e, se pertinente, I - a adoção, em todos os níveis de ensino, de um
informando ao solicitante quando tal evento currículo interdisciplinar com conteúdo
ocorrerá. programático sobre segurança de trânsito;
Parágrafo único. As campanhas de trânsito II - a adoção de conteúdos relativos à educação
devem esclarecer quais as atribuições dos órgãos para o trânsito nas escolas de formação para o
e entidades pertencentes ao Sistema Nacional de magistério e o treinamento de professores e
Trânsito e como proceder a tais solicitações. multiplicadores;
III - a criação de corpos técnicos interprofissionais
para levantamento e análise de dados estatísticos
CAPÍTULO VI
relativos ao trânsito;
Da Educação Para O Trânsito
IV - a elaboração de planos de redução de
acidentes de trânsito junto aos núcleos
Art. 74. A educação para o trânsito é direito de
interdisciplinares universitários de trânsito, com
todos e constitui dever prioritário para os
vistas à integração universidades-sociedade na
componentes do Sistema Nacional de Trânsito.
área de trânsito.
Art. 77. No âmbito da educação para o trânsito apresentação das mensagens, bem como os
caberá ao Ministério da Saúde, mediante proposta procedimentos envolvidos na respectiva
do CONTRAN, estabelecer campanha nacional veiculação, em conformidade com as diretrizes
esclarecendo condutas a serem seguidas nos fixadas para as campanhas educativas de trânsito
primeiros socorros em caso de acidente de a que se refere o art. 75.
trânsito. Art. 77-E. A veiculação de publicidade feita em
Parágrafo único. As campanhas terão caráter desacordo com as condições fixadas nos arts. 77-
permanente por intermédio do Sistema Único de A a 77-D constitui infração punível com as
Saúde - SUS, sendo intensificadas nos períodos e seguintes sanções:
na forma estabelecidos no art. 76. I - advertência por escrito;
Art. 77-A. São assegurados aos órgãos ou II - suspensão, nos veículos de divulgação da
entidades componentes do Sistema Nacional de publicidade, de qualquer outra propaganda do
Trânsito os mecanismos instituídos nos arts. 77-B produto, pelo prazo de até 60 (sessenta) dias;
a 77-E para a veiculação de mensagens III - multa de R$ 1.627,00 (mil, seiscentos e vinte e
educativas de trânsito em todo o território sete reais) a R$ 8.135,00 (oito mil, cento e trinta e
nacional, em caráter suplementar às campanhas cinco reais), cobrada do dobro até o quíntuplo em
previstas nos arts. 75 e 77. caso de reincidência.
Art. 77-B. Toda peça publicitária destinada à § 1° As sanções serão aplicadas isolada ou
divulgação ou promoção, nos meios de cumulativamente, conforme dispuser o
comunicação social, de produto oriundo da regulamento.
indústria automobilística ou afim, incluirá, § 2° Sem prejuízo do disposto no caput deste
obrigatoriamente, mensagem educativa de artigo, qualquer infração acarretará a imediata
trânsito a ser conjuntamente veiculada. suspensão da veiculação da peça publicitária até
§ 1° Para os efeitos dos arts. 77-A a 77-E, que sejam cumpridas as exigências fixadas nos
consideram-se produtos oriundos da indústria arts. 77-A a 77-D.
automobilística ou afins: Art. 78. Os Ministérios da Saúde, da Educação e
I - os veículos rodoviários automotores de do Desporto, do Trabalho, dos Transportes e da
qualquer espécie, incluídos os de passageiros e Justiça, por intermédio do CONTRAN,
os de carga; desenvolverão e implementarão programas
II - os componentes, as peças e os acessórios destinados à prevenção de acidentes.
utilizados nos veículos mencionados no inciso I. Parágrafo único. O percentual de dez por cento
§ 2° O disposto no caput deste artigo aplica-se à do total dos valores arrecadados destinados à
propaganda de natureza comercial, veiculada Previdência Social, do Prêmio do Seguro
por iniciativa do fabricante do produto, em Obrigatório de Danos Pessoais causados por
qualquer das seguintes modalidades: Veículos Automotores de Via Terrestre - DPVAT,
I - rádio; de que trata a Lei nº 6.194, de 19 de dezembro de
II - televisão; 1974, serão repassados mensalmente ao
III - jornal; Coordenador do Sistema Nacional de Trânsito
IV - revista; para aplicação exclusiva em programas de que
V - outdoor. trata este artigo.
§ 3° Para efeito do disposto no § 2°, equiparam- Art. 79. Os órgãos e entidades executivos de
se ao fabricante o montador, o encarroçador, o trânsito poderão firmar convênio com os órgãos de
importador e o revendedor autorizado dos veículos educação da União, dos Estados, do Distrito
e demais produtos discriminados no § 1° deste Federal e dos Municípios, objetivando o
artigo. cumprimento das obrigações estabelecidas neste
Art. 77-C. Quando se tratar de publicidade capítulo.
veiculada em outdoor instalado à margem de
rodovia, dentro ou fora da respectiva faixa de CAPÍTULO VII
domínio, a obrigação prevista no art. 77-B Da Sinalização De Trânsito
estende-se à propaganda de qualquer tipo de
produto e anunciante, inclusive àquela de caráter Art. 80. Sempre que necessário, será colocada ao
institucional ou eleitoral. longo da via, sinalização prevista neste Código e
Art. 77-D. O Conselho Nacional de Trânsito em legislação complementar, destinada a
(Contran) especificará o conteúdo e o padrão de
condutores e pedestres, vedada a utilização de II - horizontais;
qualquer outra. III - dispositivos de sinalização auxiliar;
§ 1º A sinalização será colocada em posição e IV - luminosos;
condições que a tornem perfeitamente visível e V - sonoros;
legível durante o dia e a noite, em distância VI - gestos do agente de trânsito e do condutor.
compatível com a segurança do trânsito, conforme Art. 88. Nenhuma via pavimentada poderá ser
normas e especificações do CONTRAN. entregue após sua construção, ou reaberta ao
§ 2º O CONTRAN poderá autorizar, em caráter trânsito após a realização de obras ou de
experimental e por período prefixado, a utilização manutenção, enquanto não estiver devidamente
de sinalização não prevista neste Código. sinalizada, vertical e horizontalmente, de forma a
§ 3º A responsabilidade pela instalação da garantir as condições adequadas de segurança na
sinalização nas vias internas pertencentes aos circulação.
condomínios constituídos por unidades autônomas Parágrafo único. Nas vias ou trechos de vias em
e nas vias e áreas de estacionamento de obras deverá ser afixada sinalização específica e
estabelecimentos privados de uso coletivo é de adequada.
seu proprietário. Art. 89. A sinalização terá a seguinte ordem de
Art. 81. Nas vias públicas e nos imóveis é prevalência:
proibido colocar luzes, publicidade, inscrições, I - as ordens do agente de trânsito sobre as
vegetação e mobiliário que possam gerar normas de circulação e outros sinais;
confusão, interferir na visibilidade da sinalização e II - as indicações do semáforo sobre os demais
comprometer a segurança do trânsito. sinais;
Art. 82. É proibido afixar sobre a sinalização de III - as indicações dos sinais sobre as demais
trânsito e respectivos suportes, ou junto a ambos, normas de trânsito.
qualquer tipo de publicidade, inscrições, legendas Art. 90. Não serão aplicadas as sanções previstas
e símbolos que não se relacionem com a neste Código por inobservância à sinalização
mensagem da sinalização. quando esta for insuficiente ou incorreta.
Art. 83. A afixação de publicidade ou de quaisquer § 1º O órgão ou entidade de trânsito com
legendas ou símbolos ao longo das vias circunscrição sobre a via é responsável pela
condiciona-se à prévia aprovação do órgão ou implantação da sinalização, respondendo pela sua
entidade com circunscrição sobre a via. falta, insuficiência ou incorreta colocação.
Art. 84. O órgão ou entidade de trânsito com § 2º O CONTRAN editará normas complementares
circunscrição sobre a via poderá retirar ou no que se refere à interpretação, colocação e uso
determinar a imediata retirada de qualquer da sinalização.
elemento que prejudique a visibilidade da
sinalização viária e a segurança do trânsito, com CAPÍTULO VIII
ônus para quem o tenha colocado. Da Engenharia De Tráfego, Da Operação, Da
Art. 85. Os locais destinados pelo órgão ou Fiscalização E Do Policiamento Ostensivo De
entidade de trânsito com circunscrição sobre a via Trânsito
à travessia de pedestres deverão ser sinalizados
com faixas pintadas ou demarcadas no leito da Art. 91. O CONTRAN estabelecerá as normas e
via. regulamentos a serem adotados em todo o
Art. 86. Os locais destinados a postos de gasolina, território nacional quando da implementação das
oficinas, estacionamentos ou garagens de uso soluções adotadas pela Engenharia de Tráfego,
coletivo deverão ter suas entradas e saídas assim como padrões a serem praticados por todos
devidamente identificadas, na forma os órgãos e entidades do Sistema Nacional de
regulamentada pelo CONTRAN. Trânsito.
Art. 86-A. As vagas de estacionamento Art. 93. Nenhum projeto de edificação que possa
regulamentado de que trata o inciso XVII do art. transformar-se em pólo atrativo de trânsito
181 desta Lei deverão ser sinalizadas com as poderá ser aprovado sem prévia anuência do
respectivas placas indicativas de destinação e órgão ou entidade com circunscrição sobre a
com placas informando os dados sobre a infração via e sem que do projeto conste área para
por estacionamento indevido. estacionamento e indicação das vias de
Art. 87. Os sinais de trânsito classificam-se em: acesso adequadas.
I - verticais;
Art. 94. Qualquer obstáculo à livre circulação e à d) de tração animal;
segurança de veículos e pedestres, tanto na via e) reboque ou semi-reboque;
quanto na calçada, caso não possa ser retirado, II - quanto à espécie:
deve ser devida e imediatamente sinalizado. a) de passageiros:
Parágrafo único. É proibida a utilização das 1 - bicicleta;
ondulações transversais e de sonorizadores como 2 - ciclomotor;
redutores de velocidade, salvo em casos especiais 3 - motoneta;
definidos pelo órgão ou entidade competente, nos 4 - motocicleta;
padrões e critérios estabelecidos pelo CONTRAN. 5 - triciclo;
Art. 95. Nenhuma obra ou evento que possa 6 - quadriciclo;
perturbar ou interromper a livre circulação de 7 - automóvel;
veículos e pedestres, ou colocar em risco sua 8 - microônibus;
segurança, será iniciada sem permissão prévia do 9 - ônibus;
órgão ou entidade de trânsito com circunscrição 10 - bonde;
sobre a via. 11 - reboque ou semi-reboque;
§ 1º A obrigação de sinalizar é do responsável 12 - charrete;
pela execução ou manutenção da obra ou do b) de carga:
evento. 1 - motoneta;
§ 2º Salvo em casos de emergência, a autoridade 2 - motocicleta;
de trânsito com circunscrição sobre a via avisará a 3 - triciclo;
comunidade, por intermédio dos meios de 4 - quadriciclo;
comunicação social, com quarenta e oito horas 5 - caminhonete;
de antecedência, de qualquer interdição da via, 6 - caminhão;
indicando-se os caminhos alternativos a serem 7 - reboque ou semi-reboque;
utilizados. 8 - carroça;
§ 3º O descumprimento do disposto neste artigo 9 - carro-de-mão;
será punido com multa de R$ 81,35 (oitenta e um c) misto:
reais e trinta e cinco centavos) a R$ 488,10 1 - camioneta;
(quatrocentos e oitenta e oito reais e dez 2 - utilitário;
centavos), independentemente das cominações 3 - outros;
cíveis e penais cabíveis, além de multa diária no d) de competição;
mesmo valor até a regularização da situação, a e) de tração:
partir do prazo final concedido pela autoridade de 1 - caminhão-trator;
trânsito, levando-se em consideração a dimensão 2 - trator de rodas;
da obra ou do evento e o prejuízo causado ao 3 - trator de esteiras;
trânsito. 4 - trator misto;
§ 4º Ao servidor público responsável pela f) especial;
inobservância de qualquer das normas previstas g) de coleção;
neste e nos arts. 93 e 94, a autoridade de trânsito III - quanto à categoria:
aplicará multa diária na base de cinquenta por a) oficial;
cento do dia de vencimento ou remuneração b) de representação diplomática, de repartições
devida enquanto permanecer a irregularidade. consulares de carreira ou organismos
internacionais acreditados junto ao Governo
CAPÍTULO IX brasileiro;
Dos Veículos c) particular;
Seção I d) de aluguel;
Disposições Gerais e) de aprendizagem.
Art. 97. As características dos veículos, suas
Art. 96. Os veículos classificam-se em: especificações básicas, configuração e condições
I - quanto à tração: essenciais para registro, licenciamento e
a) automotor; circulação serão estabelecidas pelo CONTRAN,
b) elétrico; em função de suas aplicações.
c) de propulsão humana; Art. 98. Nenhum proprietário ou responsável
poderá, sem prévia autorização da autoridade
competente, fazer ou ordenar que sejam feitas no § 3º É permitida a fabricação de veículos de
veículo modificações de suas características de transporte de passageiros de até 15 m (quinze
fábrica. metros) de comprimento na configuração de
§ 1º Os veículos e motores novos ou usados que chassi 8x2.
sofrerem alterações ou conversões são Art. 101. Ao veículo ou à combinação de veículos
obrigados a atender aos mesmos limites e utilizados no transporte de carga que não se
exigências de emissão de poluentes e ruído enquadre nos limites de peso e dimensões
previstos pelos órgãos ambientais estabelecidos pelo Contran, poderá ser concedida,
competentes e pelo CONTRAN, cabendo à pela autoridade com circunscrição sobre a via,
entidade executora das modificações e ao autorização especial de trânsito, com prazo
proprietário do veículo a responsabilidade pelo certo, válida para cada viagem ou por período,
cumprimento das exigências. atendidas as medidas de segurança consideradas
§ 2º Veículos classificados na espécie misto, tipo necessárias, conforme regulamentação do
utilitário, carroçaria jipe poderão ter alterado o Contran.
diâmetro externo do conjunto formado por roda e § 1º A autorização será concedida mediante
pneu, observadas restrições impostas pelo requerimento que especificará as características
fabricante e exigências fixadas pelo Contran. do veículo ou combinação de veículos e de carga,
Art. 99. Somente poderá transitar pelas vias o percurso, a data e o horário do deslocamento
terrestres o veículo cujo peso e dimensões inicial.
atenderem aos limites estabelecidos pelo § 2º A autorização não exime o beneficiário da
CONTRAN. responsabilidade por eventuais danos que o
§ 1º O excesso de peso será aferido por veículo ou a combinação de veículos causar à via
equipamento de pesagem ou pela verificação de ou a terceiros.
documento fiscal, na forma estabelecida pelo § 3º Aos guindastes autopropelidos ou sobre
CONTRAN. caminhões poderá ser concedida, pela autoridade
§ 2º Será tolerado um percentual sobre os limites com circunscrição sobre a via, autorização
de peso bruto total e peso bruto transmitido por especial de trânsito, com prazo de seis meses,
eixo de veículos à superfície das vias, quando atendidas as medidas de segurança consideradas
aferido por equipamento, na forma estabelecida necessárias.
pelo CONTRAN. § 4º O Contran estabelecerá os requisitos mínimos
§ 3º Os equipamentos fixos ou móveis utilizados e específicos a serem observados pela autoridade
na pesagem de veículos serão aferidos de acordo com circunscrição sobre a via para a concessão
com a metodologia e na periodicidade da autorização de que trata o caput deste artigo
estabelecidas pelo CONTRAN, ouvido o órgão ou quando o veículo ou a combinação de veículos
entidade de metrologia legal. trafegar exclusivamente em via rural não
§ 4º Somente poderá haver autuação, por ocasião pavimentada, os quais deverão contemplar o
da pesagem do veículo, quando o veículo ou a caráter diferenciado e regional dessas vias.
combinação de veículos ultrapassar os limites de Art. 102. O veículo de carga deverá estar
peso fixados, acrescidos da respectiva tolerância. devidamente equipado quando transitar, de modo
§ 5º O fabricante fará constar em lugar visível da a evitar o derramamento da carga sobre a via.
estrutura do veículo e no Renavam o limite Parágrafo único. O CONTRAN fixará os
técnico de peso por eixo, na forma definida pelo requisitos mínimos e a forma de proteção das
Contran. cargas de que trata este artigo, de acordo com a
Art. 100. Nenhum veículo ou combinação de sua natureza.
veículos poderá transitar com lotação de
passageiros, com peso bruto total, ou com peso Seção II
bruto total combinado com peso por eixo, superior Da Segurança dos Veículos
ao fixado pelo fabricante, nem ultrapassar a
capacidade máxima de tração da unidade tratora. Art. 103. O veículo só poderá transitar pela via
§ 1º Os veículos de transporte coletivo de quando atendidos os requisitos e condições de
passageiros poderão ser dotados de pneus segurança estabelecidos neste Código e em
extralargos. normas do CONTRAN.
§ 2º O Contran regulamentará o uso de pneus
extralargos para os demais veículos.
§ 1º Os fabricantes, os importadores, os V - dispositivo destinado ao controle de emissão
montadores e os encarroçadores de veículos de gases poluentes e de ruído, segundo normas
deverão emitir certificado de segurança, estabelecidas pelo CONTRAN.
indispensável ao cadastramento no RENAVAM, VI - para as bicicletas, a campainha, sinalização
nas condições estabelecidas pelo CONTRAN. noturna dianteira, traseira, lateral e nos pedais, e
§ 2º O CONTRAN deverá especificar os espelho retrovisor do lado esquerdo.
procedimentos e a periodicidade para que os VII - equipamento suplementar de retenção - air
fabricantes, os importadores, os montadores e os bag frontal para o condutor e o passageiro do
encarroçadores comprovem o atendimento aos banco dianteiro.
requisitos de segurança veicular, devendo, para VIII - luzes de rodagem diurna.
isso, manter disponíveis a qualquer tempo os § 1º O CONTRAN disciplinará o uso dos
resultados dos testes e ensaios dos sistemas e equipamentos obrigatórios dos veículos e
componentes abrangidos pela legislação de determinará suas especificações técnicas.
segurança veicular. § 2º Nenhum veículo poderá transitar com
Art. 104. Os veículos em circulação terão suas equipamento ou acessório proibido, sendo o
condições de segurança, de controle de emissão infrator sujeito às penalidades e medidas
de gases poluentes e de ruído avaliadas mediante administrativas previstas neste Código.
inspeção, que será obrigatória, na forma e § 3º Os fabricantes, os importadores, os
periodicidade estabelecidas pelo CONTRAN para montadores, os encarroçadores de veículos e os
os itens de segurança e pelo CONAMA para revendedores devem comercializar os seus
emissão de gases poluentes e ruído. veículos com os equipamentos obrigatórios
§ 5º Será aplicada a medida administrativa de definidos neste artigo, e com os demais
retenção aos veículos reprovados na inspeção estabelecidos pelo CONTRAN.
de segurança e na de emissão de gases § 4º O CONTRAN estabelecerá o prazo para o
poluentes e ruído. atendimento do disposto neste artigo.
§ 6º Estarão isentos da inspeção de que trata o § 5° A exigência estabelecida no inciso VII do
caput, durante 3 (três) anos a partir do primeiro caput deste artigo será progressivamente
licenciamento, os veículos novos classificados na incorporada aos novos projetos de automóveis e
categoria particular, com capacidade para até 7 dos veículos deles derivados, fabricados,
(sete) passageiros, desde que mantenham suas importados, montados ou encarroçados, a partir
características originais de fábrica e não se do 1° (primeiro) ano após a definição pelo Contran
envolvam em acidente de trânsito com danos de das especificações técnicas pertinentes e do
média ou grande monta. respectivo cronograma de implantação e a partir
§ 7º Para os demais veículos novos, o período de do 5° (quinto) ano, após esta definição, para os
que trata o § 6º será de 2 (dois) anos, desde que demais automóveis zero quilômetro de modelos ou
mantenham suas características originais de projetos já existentes e veículos deles derivados.
fábrica e não se envolvam em acidente de trânsito § 6° A exigência estabelecida no inciso VII do
com danos de média ou grande monta. caput deste artigo não se aplica aos veículos
Art. 105. São equipamentos obrigatórios dos destinados à exportação.
veículos, entre outros a serem estabelecidos pelo Art. 106. No caso de fabricação artesanal ou de
CONTRAN: modificação de veículo ou, ainda, quando ocorrer
I - cinto de segurança, conforme regulamentação substituição de equipamento de segurança
específica do CONTRAN, com exceção dos especificado pelo fabricante, será exigido, para
veículos destinados ao transporte de passageiros licenciamento e registro, certificado de
em percursos em que seja permitido viajar em pé; segurança expedido por instituição técnica
II - para os veículos de transporte e de condução credenciada por órgão ou entidade de
escolar, os de transporte de passageiros com mais metrologia legal, conforme norma elaborada pelo
de dez lugares e os de carga com peso bruto total CONTRAN.
superior a quatro mil, quinhentos e trinta e seis Parágrafo único. Quando se tratar de blindagem
quilogramas, equipamento registrador instantâneo de veículo, não será exigido qualquer outro
inalterável de velocidade e tempo; documento ou autorização para o registro ou o
III - encosto de cabeça, para todos os tipos de licenciamento.
veículos automotores, segundo normas Art. 107. Os veículos de aluguel, destinados ao
estabelecidas pelo CONTRAN; transporte individual ou coletivo de passageiros,
deverão satisfazer, além das exigências previstas Seção III
neste Código, às condições técnicas e aos Da Identificação do Veículo
requisitos de segurança, higiene e conforto
estabelecidos pelo poder competente para Art. 114. O veículo será identificado
autorizar, permitir ou conceder a exploração dessa obrigatoriamente por caracteres gravados no
atividade. chassi ou no monobloco, reproduzidos em outras
Art. 108. Onde não houver linha regular de ônibus, partes, conforme dispuser o CONTRAN.
a autoridade com circunscrição sobre a via poderá § 1º A gravação será realizada pelo fabricante ou
autorizar, a título precário, o transporte de montador, de modo a identificar o veículo, seu
passageiros em veículo de carga ou misto, fabricante e as suas características, além do ano
desde que obedecidas as condições de segurança de fabricação, que não poderá ser alterado.
estabelecidas neste Código e pelo CONTRAN. § 2º As regravações, quando necessárias,
Parágrafo único. A autorização citada no caput dependerão de prévia autorização da autoridade
não poderá exceder a doze meses, prazo a partir executiva de trânsito e somente serão
do qual a autoridade pública responsável deverá processadas por estabelecimento por ela
implantar o serviço regular de transporte coletivo credenciado, mediante a comprovação de
de passageiros, em conformidade com a propriedade do veículo, mantida a mesma
legislação pertinente e com os dispositivos deste identificação anterior, inclusive o ano de
Código. fabricação.
Art. 109. O transporte de carga em veículos § 3º Nenhum proprietário poderá, sem prévia
destinados ao transporte de passageiros só pode permissão da autoridade executiva de trânsito,
ser realizado de acordo com as normas fazer, ou ordenar que se faça, modificações da
estabelecidas pelo CONTRAN. identificação de seu veículo.
Art. 110. O veículo que tiver alterada qualquer de Art. 115. O veículo será identificado externamente
suas características para competição ou finalidade por meio de placas dianteira e traseira, sendo esta
análoga só poderá circular nas vias públicas com lacrada em sua estrutura, obedecidas as
licença especial da autoridade de trânsito, em especificações e modelos estabelecidos pelo
itinerário e horário fixados. CONTRAN.
Art. 111. É vedado, nas áreas envidraçadas do § 1º Os caracteres das placas serão
veículo: individualizados para cada veículo e o
II - o uso de cortinas, persianas fechadas ou acompanharão até a baixa do registro, sendo
similares nos veículos em movimento, salvo nos vedado seu reaproveitamento.
que possuam espelhos retrovisores em ambos os § 2º As placas com as cores verde e amarela da
lados. Bandeira Nacional serão usadas somente pelos
III - aposição de inscrições, películas refletivas ou veículos de representação pessoal do Presidente
não, painéis decorativos ou pinturas, quando e do Vice-Presidente da República, dos
comprometer a segurança do veículo, na forma de Presidentes do Senado Federal e da Câmara dos
regulamentação do CONTRAN. Deputados, do Presidente e dos Ministros do
Parágrafo único. É proibido o uso de inscrição Supremo Tribunal Federal, dos Ministros de
de caráter publicitário ou qualquer outra que possa Estado, do Advogado-Geral da União e do
desviar a atenção dos condutores em toda a Procurador-Geral da República.
extensão do pára-brisa e da traseira dos veículos, § 3º Os veículos de representação dos
salvo se não colocar em risco a segurança do Presidentes dos Tribunais Federais, dos
trânsito. Governadores, Prefeitos, Secretários Estaduais e
Art. 113. Os importadores, as montadoras, as Municipais, dos Presidentes das Assembleias
encarroçadoras e fabricantes de veículos e Legislativas, das Câmaras Municipais, dos
autopeças são responsáveis civil e Presidentes dos Tribunais Estaduais e do Distrito
criminalmente por danos causados aos usuários, Federal, e do respectivo chefe do Ministério
a terceiros, e ao meio ambiente, decorrentes de Público e ainda dos Oficiais Generais das Forças
falhas oriundas de projetos e da qualidade dos Armadas terão placas especiais, de acordo com
materiais e equipamentos utilizados na sua os modelos estabelecidos pelo CONTRAN.
fabricação. § 4° Os aparelhos automotores destinados a puxar
ou a arrastar maquinaria de qualquer natureza ou
a executar trabalhos de construção ou de estabelecidos pela legislação que regula o uso de
pavimentação são sujeitos ao registro na veículo oficial.
repartição competente, se transitarem em via Parágrafo único. As placas de que trata o caput
pública, dispensados o licenciamento e o serão concedidas mediante solicitação aos órgãos
emplacamento. executivos de trânsito dos Estados e do Distrito
§ 4°-A. Os tratores e demais aparelhos Federal e serão vinculadas ao órgão de segurança
automotores destinados a puxar ou a arrastar pública solicitante.
maquinaria agrícola ou a executar trabalhos Art. 117. Os veículos de transporte de carga e os
agrícolas, desde que facultados a transitar em via coletivos de passageiros deverão conter, em local
pública, são sujeitos ao registro único, sem ônus, facilmente visível, a inscrição indicativa de sua
em cadastro específico do Ministério da tara, do peso bruto total (PBT), do peso bruto total
Agricultura, Pecuária e Abastecimento, acessível combinado (PBTC) ou capacidade máxima de
aos componentes do Sistema Nacional de tração (CMT) e de sua lotação, vedado o uso em
Trânsito. desacordo com sua classificação.
§ 5º O disposto neste artigo não se aplica aos
veículos de uso bélico. CAPÍTULO X
§ 6º Os veículos de duas ou três rodas são Dos Veículos Em Circulação Internacional
dispensados da placa dianteira.
§ 7° Excepcionalmente, mediante autorização Art. 118. A circulação de veículo no território
específica e fundamentada das respectivas nacional, independentemente de sua origem, em
corregedorias e com a devida comunicação trânsito entre o Brasil e os países com os quais
aos órgãos de trânsito competentes, os exista acordo ou tratado internacional, reger-se-á
veículos utilizados por membros do Poder pelas disposições deste Código, pelas convenções
Judiciário e do Ministério Público que exerçam e acordos internacionais ratificados.
competência ou atribuição criminal poderão Art. 119. As repartições aduaneiras e os órgãos
temporariamente ter placas especiais, de forma de controle de fronteira comunicarão diretamente
a impedir a identificação de seus usuários ao RENAVAM a entrada e saída temporária ou
específicos, na forma de regulamento a ser definitiva de veículos.
emitido, conjuntamente, pelo Conselho Nacional § 1º Os veículos licenciados no exterior não
de Justiça - CNJ, pelo Conselho Nacional do poderão sair do território nacional sem o prévio
Ministério Público - CNMP e pelo Conselho pagamento ou o depósito, judicial ou
Nacional de Trânsito - CONTRAN. administrativo, dos valores correspondentes às
§ 8° Os veículos artesanais utilizados para infrações de trânsito cometidas e ao ressarcimento
trabalho agrícola (jericos), para efeito do registro de danos que tiverem causado ao patrimônio
de que trata o § 4°-A, ficam dispensados da público ou de particulares, independentemente da
exigência prevista no art. 106. fase do processo administrativo ou judicial
§ 9º As placas que possuírem tecnologia que envolvendo a questão.
permita a identificação do veículo ao qual estão § 2º Os veículos que saírem do território nacional
atreladas são dispensadas da utilização do lacre sem o cumprimento do disposto no § 1º e que
previsto no caput, na forma a ser regulamentada posteriormente forem flagrados tentando ingressar
pelo Contran. ou já em circulação no território nacional serão
§ 10. O Contran estabelecerá os meios técnicos, retidos até a regularização da situação.
de uso obrigatório, para garantir a identificação
dos veículos que transitarem por rodovias e vias CAPÍTULO XI
urbanas com cobrança de uso pelo sistema de Do Registro De Veículos
livre passagem.
Art. 116. Os veículos de propriedade da União, Art. 120. Todo veículo automotor, elétrico,
dos Estados e do Distrito Federal, devidamente articulado, reboque ou semi-reboque, deve ser
registrados e licenciados, ou aqueles sob posse registrado perante o órgão executivo de
dos órgãos de segurança pública, somente trânsito do Estado ou do Distrito Federal, no
quando estritamente usados em serviço reservado Município de domicílio ou residência de seu
de caráter policial, poderão usar placas proprietário, na forma da lei.
particulares, obedecidos os critérios e os limites
§ 1º Os órgãos executivos de trânsito dos Estados Art. 124. Para a expedição do novo Certificado
e do Distrito Federal somente registrarão veículos de Registro de Veículo serão exigidos os
oficiais de propriedade da administração direta, da seguintes documentos:
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos I - Certificado de Registro de Veículo anterior;
Municípios, de qualquer um dos poderes, com II - Certificado de Licenciamento Anual;
indicação expressa, por pintura nas portas, do III - comprovante de transferência de propriedade,
nome, sigla ou logotipo do órgão ou entidade em quando for o caso, conforme modelo e normas
cujo nome o veículo será registrado, excetuando- estabelecidas pelo CONTRAN;
se os veículos de representação e os previstos no IV - Certificado de Segurança Veicular e de
art. 116. emissão de poluentes e ruído, quando houver
§ 2º O disposto neste artigo não se aplica ao adaptação ou alteração de características do
veículo de uso bélico. veículo;
Art. 121. Registrado o veículo, expedir-se-á o V - comprovante de procedência e justificativa da
Certificado de Registro de Veículo (CRV), em propriedade dos componentes e agregados
meio físico e/ou digital, à escolha do proprietário, adaptados ou montados no veículo, quando
de acordo com os modelos e com as houver alteração das características originais de
especificações estabelecidos pelo Contran, com fábrica;
as características e as condições de VI - autorização do Ministério das Relações
invulnerabilidade à falsificação e à adulteração. Exteriores, no caso de veículo da categoria de
Art. 122. Para a expedição do Certificado de missões diplomáticas, de repartições consulares
Registro de Veículo o órgão executivo de trânsito de carreira, de representações de organismos
consultará o cadastro do RENAVAM e exigirá do internacionais e de seus integrantes;
proprietário os seguintes documentos: VII - certidão negativa de roubo ou furto de
I - nota fiscal fornecida pelo fabricante ou veículo, expedida no Município do registro
revendedor, ou documento equivalente expedido anterior, que poderá ser substituída por
por autoridade competente; informação do RENAVAM;
II - documento fornecido pelo Ministério das VIII - comprovante de quitação de débitos relativos
Relações Exteriores, quando se tratar de veículo a tributos, encargos e multas de trânsito
importado por membro de missões diplomáticas, vinculados ao veículo, independentemente da
de repartições consulares de carreira, de responsabilidade pelas infrações cometidas;
representações de organismos internacionais e de X - comprovante relativo ao cumprimento do
seus integrantes. disposto no art. 98, quando houver alteração nas
Art. 123. Será obrigatória a expedição de novo características originais do veículo que afetem a
Certificado de Registro de Veículo quando: emissão de poluentes e ruído;
I - for transferida a propriedade; XI - comprovante de aprovação de inspeção
II - o proprietário mudar o Município de domicílio veicular e de poluentes e ruído, quando for o caso,
ou residência; conforme regulamentações do CONTRAN e do
III - for alterada qualquer característica do veículo; CONAMA.
IV - houver mudança de categoria. Parágrafo único. Os veículos cuja transferência
§ 1º No caso de transferência de propriedade, o de propriedade seja resultado de apreensão ou de
prazo para o proprietário adotar as providências confisco por decisão judicial, leilão de veículo
necessárias à efetivação da expedição do novo recolhido em depósito ou de doação a órgãos ou
Certificado de Registro de Veículo é de trinta entidades da administração pública são
dias, sendo que nos demais casos as dispensados do cumprimento do disposto no
providências deverão ser imediatas. inciso VIII do caput deste artigo, e os débitos
§ 2º No caso de transferência de domicílio ou existentes devem ser cobrados do proprietário
residência no mesmo Município, o proprietário anterior.
comunicará o novo endereço num prazo de trinta Art. 125. As informações sobre o chassi, o
dias e aguardará o novo licenciamento para monobloco, os agregados e as características
alterar o Certificado de Licenciamento Anual. originais do veículo deverão ser prestadas ao
§ 3º A expedição do novo certificado será RENAVAM:
comunicada ao órgão executivo de trânsito que I - pelo fabricante ou montadora, antes da
expediu o anterior e ao RENAVAM. comercialização, no caso de veículo nacional;
II - pelo órgão alfandegário, no caso de veículo de agosto de 2018 (Lei Geral de Proteção de
importado por pessoa física; Dados Pessoais)
III - pelo importador, no caso de veículo importado
por pessoa jurídica. CAPÍTULO XII
Parágrafo único. As informações recebidas pelo Do Licenciamento
RENAVAM serão repassadas ao órgão executivo
de trânsito responsável pelo registro, devendo Art. 130. Todo veículo automotor, elétrico,
este comunicar ao RENAVAM, tão logo seja o articulado, reboque ou semi-reboque, para
veículo registrado. transitar na via, deverá ser licenciado
Art. 126.O proprietário de veículo irrecuperável, anualmente pelo órgão executivo de trânsito do
ou destinado à desmontagem, deverá requerer a Estado, ou do Distrito Federal, onde estiver
baixa do registro, no prazo e forma estabelecidos registrado o veículo.
pelo Contran, vedada a remontagem do veículo § 1º O disposto neste artigo não se aplica a
sobre o mesmo chassi de forma a manter o veículo de uso bélico.
registro anterior. § 2º No caso de transferência de residência ou
§ 1º A obrigação de que trata este artigo é da domicílio, é válido, durante o exercício, o
companhia seguradora ou do adquirente do licenciamento de origem.
veículo destinado à desmontagem, quando estes Art. 131. O Certificado de Licenciamento Anual
sucederem ao proprietário. será expedido ao veículo licenciado, vinculado ao
§ 2º A existência de débitos fiscais ou de multas Certificado de Registro de Veículo, em meio
de trânsito e ambientais vinculadas ao veículo não físico e/ou digital, à escolha do proprietário, de
impede a baixa do registro. acordo com o modelo e com as especificações
Art. 127.O órgão executivo de trânsito competente estabelecidos pelo Contran.
só efetuará a baixa do registro após prévia § 1º O primeiro licenciamento será feito
consulta ao cadastro do RENAVAM. simultaneamente ao registro.
Parágrafo único. Efetuada a baixa do registro, § 2º O veículo somente será considerado
deverá ser esta comunicada, de imediato, ao licenciado estando quitados os débitos relativos
RENAVAM. a tributos, encargos e multas de trânsito e
Art. 128. Não será expedido novo Certificado de ambientais, vinculados ao veículo,
Registro de Veículo enquanto houver débitos independentemente da responsabilidade pelas
fiscais e de multas de trânsito e ambientais, infrações cometidas.
vinculadas ao veículo, independentemente da § 3º Ao licenciar o veículo, o proprietário deverá
responsabilidade pelas infrações cometidas. comprovar sua aprovação nas inspeções de
Art. 129. O registro e o licenciamento dos veículos segurança veicular e de controle de emissões de
de propulsão humana e dos veículos de tração gases poluentes e de ruído, conforme disposto no
animal obedecerão à regulamentação art. 104.
estabelecida em legislação municipal do § 4º As informações referentes às campanhas de
domicílio ou residência de seus proprietários. chamamento de consumidores para substituição
Art. 129-A. O registro dos tratores e demais ou reparo de veículos realizadas a partir de 1º de
aparelhos automotores destinados a puxar ou a outubro de 2019 e não atendidas no prazo de 1
arrastar maquinaria agrícola ou a executar (um) ano, contado da data de sua comunicação,
trabalhos agrícolas será efetuado, sem ônus, pelo deverão constar do Certificado de
Ministério da Agricultura, Pecuária e Licenciamento Anual.
Abastecimento, diretamente ou mediante § 5º Após a inclusão das informações de que trata
convênio. o § 4º deste artigo no Certificado de Licenciamento
Art. 129-B. O registro de contratos de garantias de Anual, o veículo somente será licenciado mediante
alienação fiduciária em operações financeiras, comprovação do atendimento às campanhas de
consórcio, arrendamento mercantil, reserva de chamamento de consumidores para substituição
domínio ou penhor será realizado nos órgãos ou ou reparo de veículos.
entidades executivos de trânsito dos Estados e do § 6º O Contran regulamentará a inserção dos
Distrito Federal, em observância ao disposto no § dados no Certificado de Licenciamento Anual
1º do art. 1.361 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro referentes às campanhas de chamamento de
de 2002 (Código Civil), e na Lei nº 13.709, de 14 consumidores para substituição ou reparo de
veículos realizadas antes da data prevista no § 4º órgão ou entidade executivos de trânsito dos
deste artigo. Estados e do Distrito Federal, exigindo-se, para
Art. 132. Os veículos novos não estão sujeitos ao tanto:
licenciamento e terão sua circulação regulada pelo I - registro como veículo de passageiros;
CONTRAN durante o trajeto entre a fábrica e o II - inspeção semestral para verificação dos
Município de destino. equipamentos obrigatórios e de segurança;
§ 1° O disposto neste artigo aplica-se, igualmente, III - pintura de faixa horizontal na cor amarela, com
aos veículos importados, durante o trajeto entre a quarenta centímetros de largura, à meia altura, em
alfândega ou entreposto alfandegário e o toda a extensão das partes laterais e traseira da
Município de destino. carroçaria, com o dístico ESCOLAR, em preto,
Art. 133. É obrigatório o porte do Certificado de sendo que, em caso de veículo de carroçaria
Licenciamento Anual. pintada na cor amarela, as cores aqui indicadas
Parágrafo único. O porte será dispensado devem ser invertidas;
quando, no momento da fiscalização, for possível IV - equipamento registrador instantâneo
ter acesso ao devido sistema informatizado para inalterável de velocidade e tempo;
verificar se o veículo está licenciado. V - lanternas de luz branca, fosca ou amarela
Art. 134. No caso de transferência de propriedade, dispostas nas extremidades da parte superior
expirado o prazo previsto no § 1º do art. 123 deste dianteira e lanternas de luz vermelha dispostas na
Código sem que o novo proprietário tenha tomado extremidade superior da parte traseira;
as providências necessárias à efetivação da VI - cintos de segurança em número igual à
expedição do novo Certificado de Registro de lotação;
Veículo, o antigo proprietário deverá encaminhar VII - outros requisitos e equipamentos obrigatórios
ao órgão executivo de trânsito do Estado ou do estabelecidos pelo CONTRAN.
Distrito Federal, no prazo de 60 (sessenta) dias, Art. 137. A autorização a que se refere o artigo
cópia autenticada do comprovante de anterior deverá ser afixada na parte interna do
transferência de propriedade, devidamente veículo, em local visível, com inscrição da lotação
assinado e datado, sob pena de ter que se permitida, sendo vedada a condução de escolares
responsabilizar solidariamente pelas penalidades em número superior à capacidade estabelecida
impostas e suas reincidências até a data da pelo fabricante.
comunicação. Art. 138. O condutor de veículo destinado à
Parágrafo único. O comprovante de transferência condução de escolares deve satisfazer os
de propriedade de que trata o caput deste artigo seguintes requisitos:
poderá ser substituído por documento eletrônico I - ter idade superior a vinte e um anos;
com assinatura eletrônica válida, na forma II - ser habilitado na categoria D;
regulamentada pelo Contran. IV - não ter cometido mais de uma infração
Art. 134-A. O Contran especificará as bicicletas gravíssima nos 12 (doze) últimos meses;
motorizadas e equiparados não sujeitos ao V - ser aprovado em curso especializado, nos
registro, ao licenciamento e ao emplacamento termos da regulamentação do CONTRAN.
para circulação nas vias. Art. 139. O disposto neste Capítulo não exclui a
Art. 135. Os veículos de aluguel, destinados ao competência municipal de aplicar as exigências
transporte individual ou coletivo de passageiros de previstas em seus regulamentos, para o transporte
linhas regulares ou empregados em qualquer de escolares.
serviço remunerado, para registro, licenciamento e
respectivo emplacamento de característica CAPÍTULO XIII-A
comercial, deverão estar devidamente autorizados Da Condução De Moto-Frete
pelo poder público concedente.
Art. 139-A. As motocicletas e motonetas
CAPÍTULO XIII destinadas ao transporte remunerado de
Da Condução De Escolares mercadorias (moto-frete) somente poderão
circular nas vias com autorização emitida pelo
Art. 136. Os veículos especialmente destinados à órgão ou entidade executivo de trânsito dos
condução coletiva de escolares somente poderão Estados e do Distrito Federal, exigindo-se, para
circular nas vias com autorização emitida pelo tanto:
I - registro como veículo da categoria de aluguel; Art. 143. Os candidatos poderão habilitar-se nas
II - instalação de protetor de motor mata-cachorro, categorias de A a E, obedecida a seguinte
fixado no chassi do veículo, destinado a proteger o gradação:
motor e a perna do condutor em caso de I - Categoria A - condutor de veículo motorizado
tombamento, nos termos de regulamentação do de duas ou três rodas, com ou sem carro lateral;
Conselho Nacional de Trânsito – Contran; II - Categoria B - condutor de veículo motorizado,
III - instalação de aparador de linha antena corta- não abrangido pela categoria A, cujo peso bruto
pipas, nos termos de regulamentação do Contran; total não exceda a três mil e quinhentos
IV - inspeção semestral para verificação dos quilogramas e cuja lotação não exceda a oito
equipamentos obrigatórios e de segurança. lugares, excluído o do motorista;
§ 1° A instalação ou incorporação de dispositivos III - Categoria C - condutor de veículo abrangido
para transporte de cargas deve estar de acordo pela categoria B e de veículo motorizado utilizado
com a regulamentação do Contran. em transporte de carga cujo peso bruto total
§ 2° É proibido o transporte de combustíveis, exceda a 3.500 kg (três mil e quinhentos
produtos inflamáveis ou tóxicos e de galões nos quilogramas);
veículos de que trata este artigo, com exceção do IV - Categoria D - condutor de veículo abrangido
gás de cozinha e de galões contendo água pelas categorias B e C e de veículo motorizado
mineral, desde que com o auxílio de side-car, nos utilizado no transporte de passageiros cuja lotação
termos de regulamentação do Contran. exceda a 8 (oito) lugares, excluído o do motorista;
Art. 139-B. O disposto neste Capítulo não exclui a V - Categoria E - condutor de combinação de
competência municipal ou estadual de aplicar as veículos em que a unidade tratora se enquadre
exigências previstas em seus regulamentos para nas categorias B, C ou D e cuja unidade acoplada,
as atividades de moto-frete no âmbito de suas reboque, semirreboque, trailer ou articulada tenha
circunscrições. 6.000 kg (seis mil quilogramas) ou mais de peso
bruto total, ou cuja lotação exceda a 8 (oito)
CAPÍTULO XIV lugares.
Da Habilitação § 1º Para habilitar-se na categoria C, o condutor
deverá estar habilitado no mínimo há 1 (um) ano
Art. 140. A habilitação para conduzir veículo na categoria B e não ter cometido mais de uma
automotor e elétrico será apurada por meio de infração gravíssima nos últimos 12 (doze)
exames que deverão ser realizados junto ao órgão meses.
ou entidade executivos do Estado ou do Distrito § 2° São os condutores da categoria B autorizados
Federal, do domicílio ou residência do candidato, a conduzir veículo automotor da espécie motor-
ou na sede estadual ou distrital do próprio órgão, casa, definida nos termos do Anexo I deste
devendo o condutor preencher os seguintes Código, cujo peso não exceda a 6.000 kg (seis mil
requisitos: quilogramas), ou cuja lotação não exceda a 8
I - ser penalmente imputável; (oito) lugares, excluído o do motorista.
II - saber ler e escrever; § 3º Aplica-se o disposto no inciso V ao condutor
III - possuir Carteira de Identidade ou equivalente. da combinação de veículos com mais de uma
Parágrafo único. As informações do candidato à unidade tracionada, independentemente da
habilitação serão cadastradas no RENACH. capacidade de tração ou do peso bruto total.
Art. 141. O processo de habilitação, as normas § 4º Respeitada a capacidade máxima de tração
relativas à aprendizagem para conduzir veículos da unidade tratora, os condutores das categorias
automotores e elétricos e à autorização para B, C e D podem conduzir combinação de veículos
conduzir ciclomotores serão regulamentados pelo cuja unidade tratora se enquadre na respectiva
CONTRAN. categoria de habilitação e cuja unidade acoplada,
§ 1º A autorização para conduzir veículos de reboque, semirreboque, trailer ou articulada tenha
propulsão humana e de tração animal ficará a menos de 6.000 kg (seis mil quilogramas) de peso
cargo dos Municípios. bruto total, e cuja lotação não exceda a 8 (oito)
Art. 142. O reconhecimento de habilitação obtida lugares.
em outro país está subordinado às condições Art. 144. O trator de roda, o trator de esteira, o
estabelecidas em convenções e acordos trator misto ou o equipamento automotor
internacionais e às normas do CONTRAN. destinado à movimentação de cargas ou execução
de trabalho agrícola, de terraplenagem, de
construção ou de pavimentação só podem ser V - de direção veicular, realizado na via pública,
conduzidos na via pública por condutor em veículo da categoria para a qual estiver
habilitado nas categorias C, D ou E. habilitando-se.
Parágrafo único. O trator de roda e os § 1º Os resultados dos exames e a identificação
equipamentos automotores destinados a executar dos respectivos examinadores serão registrados
trabalhos agrícolas poderão ser conduzidos em no RENACH.
via pública também por condutor habilitado na § 2º O exame de aptidão física e mental, a ser
categoria B. realizado no local de residência ou domicílio do
Art. 145. Para habilitar-se nas categorias D e E examinado, será preliminar e renovável com a
ou para conduzir veículo de transporte coletivo seguinte periodicidade:
de passageiros, de escolares, de emergência ou I - a cada 10 (dez) anos, para condutores com
de produto perigoso, o candidato deverá idade inferior a 50 (cinquenta) anos;
preencher os seguintes requisitos: II - a cada 5 (cinco) anos, para condutores com
I - ser maior de vinte e um anos; idade igual ou superior a 50 (cinquenta) anos e
II - estar habilitado: inferior a 70 (setenta) anos;
a) no mínimo há dois anos na categoria B, ou no III - a cada 3 (três) anos, para condutores com
mínimo há um ano na categoria C, quando idade igual ou superior a 70 (setenta) anos.
pretender habilitar-se na categoria D; e § 3° O exame previsto no § 2° incluirá avaliação
b) no mínimo há um ano na categoria C, quando psicológica preliminar e complementar sempre que
pretender habilitar-se na categoria E; a ele se submeter o condutor que exerce atividade
III - não ter cometido mais de uma infração remunerada ao veículo, incluindo-se esta
gravíssima nos últimos 12 (doze) meses; avaliação para os demais candidatos apenas no
IV - ser aprovado em curso especializado e em exame referente à primeira habilitação.
curso de treinamento de prática veicular em § 4º Quando houver indícios de deficiência física
situação de risco, nos termos da normatização do ou mental, ou de progressividade de doença que
CONTRAN. possa diminuir a capacidade para conduzir o
Parágrafo único. A participação em curso veículo, os prazos previstos nos incisos I, II e III do
especializado previsto no inciso IV independe da § 2º deste artigo poderão ser diminuídos por
observância do disposto no inciso III. proposta do perito examinador.
Art. 145-A. Além do disposto no art. 145, para § 5° O condutor que exerce atividade remunerada
conduzir ambulâncias, o candidato deverá ao veículo terá essa informação incluída na sua
comprovar treinamento especializado e Carteira Nacional de Habilitação, conforme
reciclagem em cursos específicos a cada 5 especificações do Conselho Nacional de Trânsito
(cinco) anos, nos termos da normatização do – Contran.
Contran. § 6º Os exames de aptidão física e mental e a
Art. 146. Para conduzir veículos de outra avaliação psicológica deverão ser analisados
categoria o condutor deverá realizar exames objetivamente pelos examinados, limitados aos
complementares exigidos para habilitação na aspectos técnicos dos procedimentos realizados,
categoria pretendida. conforme regulamentação do Contran, e
Art. 147. O candidato à habilitação deverá subsidiarão a fiscalização prevista no § 7º deste
submeter-se a exames realizados pelo órgão artigo.
executivo de trânsito, na ordem descrita a seguir, § 7º Os órgãos ou entidades executivos de trânsito
e os exames de aptidão física e mental e a dos Estados e do Distrito Federal, com a
avaliação psicológica deverão ser realizados por colaboração dos conselhos profissionais de
médicos e psicólogos peritos examinadores, medicina e psicologia, deverão fiscalizar as
respectivamente, com titulação de especialista em entidades e os profissionais responsáveis pelos
medicina do tráfego e em psicologia do trânsito, exames de aptidão física e mental e pela
conferida pelo respectivo conselho profissional, avaliação psicológica no mínimo 1 (uma) vez por
conforme regulamentação do Contran: ano.
I - de aptidão física e mental; Art. 147-A. Ao candidato com deficiência auditiva
III - escrito, sobre legislação de trânsito; é assegurada acessibilidade de comunicação,
IV - de noções de primeiros socorros, conforme mediante emprego de tecnologias assistivas ou de
regulamentação do CONTRAN; ajudas técnicas em todas as etapas do processo
de habilitação.
§ 1° O material didático audiovisual utilizado em Habilitação, independentemente da validade dos
aulas teóricas dos cursos que precedem os demais exames de que trata o inciso I do caput do
exames previstos no art. 147 desta Lei deve ser art. 147 deste Código.
acessível, por meio de subtitulação com legenda § 4º É garantido o direito de contraprova e de
oculta associada à tradução simultânea em Libras. recurso administrativo, sem efeito suspensivo,
§ 2° É assegurado também ao candidato com no caso de resultado positivo para os exames de
deficiência auditiva requerer, no ato de sua que trata este artigo, nos termos das normas do
inscrição, os serviços de intérprete da Libras, para Contran.
acompanhamento em aulas práticas e teóricas. § 5º O resultado positivo no exame previsto no §
Art. 148. Os exames de habilitação, exceto os de 2º deste artigo acarretará a suspensão do direito
direção veicular, poderão ser aplicados por de dirigir pelo período de 3 (três) meses,
entidades públicas ou privadas credenciadas pelo condicionado o levantamento da suspensão à
órgão executivo de trânsito dos Estados e do inclusão, no Renach, de resultado negativo em
Distrito Federal, de acordo com as normas novo exame, e vedada a aplicação de outras
estabelecidas pelo CONTRAN. penalidades, ainda que acessórias.
§ 1º A formação de condutores deverá incluir, § 6° O resultado do exame somente será
obrigatoriamente, conceitos de direção divulgado para o interessado e não poderá ser
defensiva e de proteção ao meio ambiente utilizado para fins estranhos ao disposto neste
relacionados com o trânsito. artigo ou no § 6° do art. 168 da Consolidação das
§ 2º Ao candidato aprovado será conferida Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei
Permissão para Dirigir, com validade de um no 5.452, de 1o de maio de 1943.
ano. § 7º O exame será realizado, em regime de livre
§ 3º A Carteira Nacional de Habilitação será concorrência, pelos laboratórios credenciados pelo
conferida ao condutor no término de um ano, órgão máximo executivo de trânsito da União, nos
desde que o mesmo não tenha cometido nenhuma termos das normas do Contran, vedado aos entes
infração de natureza grave ou gravíssima ou seja públicos:
reincidente em infração média. I - fixar preços para os exames;
§ 4º A não obtenção da Carteira Nacional de II - limitar o número de empresas ou o número de
Habilitação, tendo em vista a incapacidade de locais em que a atividade pode ser exercida; e
atendimento do disposto no parágrafo anterior, III - estabelecer regras de exclusividade territorial.
obriga o candidato a reiniciar todo o processo Art. 150. Ao renovar os exames previstos no
de habilitação. artigo anterior, o condutor que não tenha curso de
§ 5º O Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN direção defensiva e primeiros socorros deverá a
poderá dispensar os tripulantes de aeronaves que eles ser submetido, conforme normatização do
apresentarem o cartão de saúde expedido pelas CONTRAN.
Forças Armadas ou pelo Departamento de Parágrafo único. A empresa que utiliza
Aeronáutica Civil, respectivamente, da prestação condutores contratados para operar a sua frota de
do exame de aptidão física e mental. veículos é obrigada a fornecer curso de direção
Art. 148-A. Os condutores das categorias C, D e E defensiva, primeiros socorros e outros conforme
deverão comprovar resultado negativo em normatização do CONTRAN.
exame toxicológico para a obtenção e a Art. 152. O exame de direção veicular será
renovação da Carteira Nacional de Habilitação. realizado perante comissão integrada por 3
§ 1° O exame de que trata este artigo buscará (três) membros designados pelo dirigente do
aferir o consumo de substâncias psicoativas que, órgão executivo local de trânsito.
comprovadamente, comprometam a capacidade § 1º Na comissão de exame de direção veicular,
de direção e deverá ter janela de detecção pelo menos um membro deverá ser habilitado na
mínima de 90 (noventa) dias, nos termos das categoria igual ou superior à pretendida pelo
normas do Contran. candidato.
§ 2º Além da realização do exame previsto no § 2º Os militares das Forças Armadas e os
caput deste artigo, os condutores das categorias policiais e bombeiros dos órgãos de segurança
C, D e E com idade inferior a 70 (setenta) anos pública da União, dos Estados e do Distrito
serão submetidos a novo exame a cada período Federal que possuírem curso de formação de
de 2 (dois) anos e 6 (seis) meses, a partir da condutor ministrado em suas corporações serão
obtenção ou renovação da Carteira Nacional de dispensados, para a concessão do documento de
habilitação, dos exames aos quais se houverem II - acompanhado o aprendiz por instrutor
submetido com aprovação naquele curso, desde autorizado.
que neles sejam observadas as normas § 1º Além do aprendiz e do instrutor, o veículo
estabelecidas pelo Contran. utilizado na aprendizagem poderá conduzir
§ 3º O militar, o policial ou o bombeiro militar apenas mais um acompanhante.
interessado na dispensa de que trata o § 2º Art. 159. A Carteira Nacional de Habilitação,
instruirá seu requerimento com ofício do expedida em meio físico e digital, de acordo com
comandante, chefe ou diretor da unidade as especificações do Contran, atendidos os pré-
administrativa onde prestar serviço, do qual requisitos estabelecidos neste Código, conterá
constarão o número do registro de identificação, fotografia, identificação e número de inscrição no
naturalidade, nome, filiação, idade e categoria em Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) do condutor,
que se habilitou a conduzir, acompanhado de terá fé pública e equivalerá a documento de
cópia das atas dos exames prestados. identidade em todo o território nacional.
Art. 153. O candidato habilitado terá em seu § 1º É obrigatório o porte da Permissão para
prontuário a identificação de seus instrutores e Dirigir ou da Carteira Nacional de Habilitação
examinadores, que serão passíveis de punição quando o condutor estiver à direção do veículo.
conforme regulamentação a ser estabelecida pelo § 1º-A O porte do documento de habilitação será
CONTRAN. dispensado quando, no momento da fiscalização,
Parágrafo único. As penalidades aplicadas aos for possível ter acesso ao sistema
instrutores e examinadores serão de advertência, informatizado para verificar se o condutor está
suspensão e cancelamento da autorização para habilitado.
o exercício da atividade, conforme a falta § 3º A emissão de nova via da Carteira Nacional
cometida. de Habilitação será regulamentada pelo
Art. 154. Os veículos destinados à formação de CONTRAN.
condutores serão identificados por uma faixa § 5º A Carteira Nacional de Habilitação e a
amarela, de vinte centímetros de largura, pintada Permissão para Dirigir somente terão validade
ao longo da carroçaria, à meia altura, com a para a condução de veículo quando apresentada
inscrição AUTO-ESCOLA na cor preta. em original.
Parágrafo único. No veículo eventualmente § 6º A identificação da Carteira Nacional de
utilizado para aprendizagem, quando autorizado Habilitação expedida e a da autoridade expedidora
para servir a esse fim, deverá ser afixada ao longo serão registradas no RENACH.
de sua carroçaria, à meia altura, faixa branca § 7º A cada condutor corresponderá um único
removível, de vinte centímetros de largura, com a registro no RENACH, agregando-se neste todas
inscrição AUTO-ESCOLA na cor preta. as informações.
Art. 155. A formação de condutor de veículo § 8º A renovação da validade da Carteira Nacional
automotor e elétrico será realizada por instrutor de Habilitação ou a emissão de uma nova via
autorizado pelo órgão executivo de trânsito dos somente será realizada após quitação de débitos
Estados ou do Distrito Federal, pertencente ou não constantes do prontuário do condutor.
à entidade credenciada. § 10. A validade da Carteira Nacional de
Parágrafo único. Ao aprendiz será expedida Habilitação está condicionada ao prazo de
autorização para aprendizagem, de acordo com vigência do exame de aptidão física e mental.
a regulamentação do CONTRAN, após aprovação § 12. Os órgãos ou entidades executivos de
nos exames de aptidão física, mental, de primeiros trânsito dos Estados e do Distrito Federal enviarão
socorros e sobre legislação de trânsito. por meio eletrônico, com 30 (trinta) dias de
Art. 156. O CONTRAN regulamentará o antecedência, aviso de vencimento da validade
credenciamento para prestação de serviço pelas da Carteira Nacional de Habilitação a todos os
auto-escolas e outras entidades destinadas à condutores cadastrados no Renach com endereço
formação de condutores e às exigências na respectiva unidade da Federação.
necessárias para o exercício das atividades de Art. 160. O condutor condenado por delito de
instrutor e examinador. trânsito deverá ser submetido a novos exames
Art. 158. A aprendizagem só poderá realizar-se: para que possa voltar a dirigir, de acordo com
I - nos termos, horários e locais estabelecidos pelo as normas estabelecidas pelo CONTRAN,
órgão executivo de trânsito; independentemente do reconhecimento da
prescrição, em face da pena concretizada na V - com Carteira Nacional de Habilitação vencida
sentença. há mais de 30 (trinta) dias:
§ 1º Em caso de acidente grave, o condutor nele
envolvido poderá ser submetido aos exames Infração - gravíssima;
exigidos neste artigo, a juízo da autoridade Penalidade - multa;
executiva estadual de trânsito, assegurada ampla Medida administrativa - retenção do veículo até
defesa ao condutor. a apresentação de condutor habilitado;
§ 2º No caso do parágrafo anterior, a autoridade
executiva estadual de trânsito poderá apreender o VI - sem usar lentes corretoras de visão, aparelho
documento de habilitação do condutor até a auxiliar de audição, de prótese física ou as
sua aprovação nos exames realizados. adaptações do veículo impostas por ocasião da
concessão ou da renovação da licença para
CAPÍTULO XV conduzir:
Das Infrações
Infração - gravíssima;
Art. 161. Constitui infração de trânsito a Penalidade - multa;
inobservância de qualquer preceito deste Código Medida administrativa - retenção do veículo até
ou da legislação complementar, e o infrator o saneamento da irregularidade ou
sujeita-se às penalidades e às medidas apresentação de condutor habilitado.
administrativas indicadas em cada artigo deste
Capítulo e às punições previstas no Capítulo XIX VII - sem possuir os cursos especializados ou
deste Código. específicos obrigatórios:
Art. 162. Dirigir veículo:
I - sem possuir Carteira Nacional de Habilitação,
Infração - gravíssima;
Permissão para Dirigir ou Autorização para
Penalidade - multa;
Conduzir Ciclomotor:
Medida administrativa - retenção do veículo até
a apresentação de condutor habilitado.
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa (três vezes);
Art. 163. Entregar a direção do veículo a pessoa
Medida administrativa - retenção do veículo até nas condições previstas no artigo anterior:
a apresentação de condutor habilitado;
Infração - as mesmas previstas no artigo
II - com Carteira Nacional de Habilitação, anterior;
Permissão para Dirigir ou Autorização para Penalidade - as mesmas previstas no artigo
Conduzir Ciclomotor cassada ou com suspensão
anterior;
do direito de dirigir:
Medida administrativa - a mesma prevista no
inciso III do artigo anterior.
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa (três vezes);
Art. 164. Permitir que pessoa nas condições
Medida administrativa - recolhimento do
referidas nos incisos do art. 162 tome posse do
documento de habilitação e retenção do veículo automotor e passe a conduzi-lo na via:
veículo até a apresentação de condutor
habilitado;
Infração - as mesmas previstas nos incisos do
art. 162;
III - com Carteira Nacional de Habilitação ou Penalidade - as mesmas previstas no art. 162;
Permissão para Dirigir de categoria diferente da
Medida administrativa - a mesma prevista no
do veículo que esteja conduzindo:
inciso III do art. 162.

Infração - gravíssima; Art. 165. Dirigir sob a influência de álcool ou de


Penalidade - multa (duas vezes);
qualquer outra substância psicoativa que
Medida administrativa - retenção do veículo até
determine dependência:
a apresentação de condutor habilitado;
Infração - gravíssima; Infração - gravíssima;
Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do Penalidade – multa.
direito de dirigir por 12 (doze) meses.
Medida administrativa - recolhimento do Art. 167. Deixar o condutor ou passageiro de usar
documento de habilitação e retenção do o cinto de segurança, conforme previsto no art. 65:
veículo, observado o disposto no § 4o do art.
270 da Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997 Infração - grave;
- do Código de Trânsito Brasileiro. Penalidade - multa;
Medida administrativa - retenção do veículo até
Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa colocação do cinto pelo infrator.
prevista no caput em caso de reincidência no
período de até 12 (doze) meses. Art. 168. Transportar crianças em veículo
Art. 165-A. Recusar-se a ser submetido a teste, automotor sem observância das normas de
exame clínico, perícia ou outro procedimento que segurança especiais estabelecidas neste Código:
permita certificar influência de álcool ou outra
substância psicoativa, na forma estabelecida pelo
Infração - gravíssima;
art. 277: Penalidade - multa;
Medida administrativa - retenção do veículo até
Infração - gravíssima; que a irregularidade seja sanada.
Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do
direito de dirigir por 12 (doze) meses;
Art. 169. Dirigir sem atenção ou sem os cuidados
Medida administrativa - recolhimento do
indispensáveis à segurança:
documento de habilitação e retenção do
veículo, observado o disposto no § 4º do art.
Infração - leve;
270.
Penalidade - multa.

Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa


Art. 170. Dirigir ameaçando os pedestres que
prevista no caput em caso de reincidência no
estejam atravessando a via pública, ou os demais
período de até 12 (doze) meses.
veículos:
Art. 165-B. Conduzir veículo para o qual seja
exigida habilitação nas categorias C, D ou E sem
realizar o exame toxicológico previsto no § 2º do Infração - gravíssima;
art. 148-A deste Código, após 30 (trinta) dias do Penalidade - multa e suspensão do direito de
vencimento do prazo estabelecido: dirigir;
Medida administrativa - retenção do veículo e
recolhimento do documento de habilitação.
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa (cinco vezes) e suspensão
do direito de dirigir por 3 (três) meses, Art. 171. Usar o veículo para arremessar, sobre os
condicionado o levantamento da suspensão à pedestres ou veículos, água ou detritos:
inclusão no Renach de resultado negativo em
novo exame. Infração - média;
Penalidade - multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma penalidade o
condutor que exerce atividade remunerada ao Art. 172. Atirar do veículo ou abandonar na via
veículo e não comprova a realização de exame objetos ou substâncias:
toxicológico periódico exigido pelo § 2º do art.
148-A deste Código por ocasião da renovação do Infração - média;
documento de habilitação nas categorias C, D ou Penalidade - multa.
E.
Art. 166. Confiar ou entregar a direção de veículo Art. 173. Disputar corrida:
a pessoa que, mesmo habilitada, por seu estado
físico ou psíquico, não estiver em condições de Infração - gravíssima;
dirigi-lo com segurança:
Penalidade - multa (dez vezes), suspensão do IV - de adotar providências para remover o veículo
direito de dirigir e apreensão do veículo; do local, quando determinadas por policial ou
Medida administrativa - recolhimento do agente da autoridade de trânsito;
documento de habilitação e remoção do V - de identificar-se ao policial e de lhe prestar
veículo. informações necessárias à confecção do boletim
Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa de ocorrência:
prevista no caput em caso de reincidência no
período de 12 (doze) meses da infração Infração - gravíssima;
anterior. Penalidade - multa (cinco vezes) e suspensão
do direito de dirigir;
Art. 174. Promover, na via, competição, eventos Medida administrativa - recolhimento do
organizados, exibição e demonstração de perícia documento de habilitação.
em manobra de veículo, ou deles participar, como
condutor, sem permissão da autoridade de trânsito Art. 177. Deixar o condutor de prestar socorro à
com circunscrição sobre a via: vítima de acidente de trânsito quando solicitado
pela autoridade e seus agentes:
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa (dez vezes), suspensão do Infração - grave;
direito de dirigir e apreensão do veículo; Penalidade - multa.
Medida administrativa - recolhimento do
documento de habilitação e remoção do Art. 178. Deixar o condutor, envolvido em acidente
veículo. sem vítima, de adotar providências para remover o
veículo do local, quando necessária tal medida
§ 1° As penalidades são aplicáveis aos para assegurar a segurança e a fluidez do trânsito:
promotores e aos condutores participantes.
§ 2° Aplica-se em dobro a multa prevista no caput Infração - média;
em caso de reincidência no período de 12 (doze) Penalidade - multa.
meses da infração anterior.
Art. 175. Utilizar-se de veículo para demonstrar
Art. 179. Fazer ou deixar que se faça reparo em
ou exibir manobra perigosa, mediante arrancada veículo na via pública, salvo nos casos de
brusca, derrapagem ou frenagem com impedimento absoluto de sua remoção e em que o
deslizamento ou arrastamento de pneus: veículo esteja devidamente sinalizado:
I - em pista de rolamento de rodovias e vias de
Infração - gravíssima; trânsito rápido:
Penalidade - multa (dez vezes), suspensão do
direito de dirigir e apreensão do veículo;
Infração - grave;
Medida administrativa - recolhimento do
Penalidade - multa;
documento de habilitação e remoção do
Medida administrativa - remoção do veículo;
veículo.
II - nas demais vias:
Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa
prevista no caput em caso de reincidência no
Infração - leve;
período de 12 (doze) meses da infração
Penalidade - multa.
anterior.
Art. 176. Deixar o condutor envolvido em acidente
com vítima: Art. 180. Ter seu veículo imobilizado na via por
I - de prestar ou providenciar socorro à vítima, falta de combustível:
podendo fazê-lo;
II - de adotar providências, podendo fazê-lo, no Infração - média;
sentido de evitar perigo para o trânsito no local; Penalidade - multa;
III - de preservar o local, de forma a facilitar os Medida administrativa - remoção do veículo.
trabalhos da polícia e da perícia;
Art. 181. Estacionar o veículo:
I - nas esquinas e a menos de cinco metros do VIII - no passeio ou sobre faixa destinada a
bordo do alinhamento da via transversal: pedestre, sobre ciclovia ou ciclofaixa, bem como
nas ilhas, refúgios, ao lado ou sobre canteiros
Infração - média; centrais, divisores de pista de rolamento, marcas
Penalidade - multa; de canalização, gramados ou jardim público:
Medida administrativa - remoção do veículo;
Infração - grave;
II - afastado da guia da calçada (meio-fio) de Penalidade - multa;
cinquenta centímetros a um metro: Medida administrativa - remoção do veículo;
Infração - leve;
IX - onde houver guia de calçada (meio-fio)
Penalidade - multa; rebaixada destinada à entrada ou saída de
Medida administrativa - remoção do veículo; veículos:

III - afastado da guia da calçada (meio-fio) a mais Infração - média;


de um metro: Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo;
Infração - grave;
Penalidade - multa; X - impedindo a movimentação de outro veículo:
Medida administrativa - remoção do veículo;
Infração - média;
IV - em desacordo com as posições estabelecidas Penalidade - multa;
neste Código: Medida administrativa - remoção do veículo;

Infração - média; XI - ao lado de outro veículo em fila dupla:


Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo;
Infração - grave;
V - na pista de rolamento das estradas, das Penalidade - multa;
rodovias, das vias de trânsito rápido e das vias Medida administrativa - remoção do veículo;
dotadas de acostamento:
XII - na área de cruzamento de vias, prejudicando
Infração - gravíssima; a circulação de veículos e pedestres:
Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo; Infração - grave;
Penalidade - multa;
VI - junto ou sobre hidrantes de incêndio, registro Medida administrativa - remoção do veículo;
de água ou tampas de poços de visita de galerias
subterrâneas, desde que devidamente XIII - onde houver sinalização horizontal
identificados, conforme especificação do delimitadora de ponto de embarque ou
CONTRAN: desembarque de passageiros de transporte
coletivo ou, na inexistência desta sinalização, no
Infração - média; intervalo compreendido entre dez metros antes e
Penalidade - multa; depois do marco do ponto:
Medida administrativa - remoção do veículo;
Infração - média;
VII - nos acostamentos, salvo motivo de força Penalidade - multa;
maior: Medida administrativa - remoção do veículo;

Infração - leve; XIV - nos viadutos, pontes e túneis:


Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo; Infração - grave;
Penalidade - multa; § 2º No caso previsto no inciso XVI é proibido
Medida administrativa - remoção do veículo; abandonar o calço de segurança na via.
Art. 182. Parar o veículo:
XV - na contramão de direção: I - nas esquinas e a menos de cinco metros do
bordo do alinhamento da via transversal:
Infração - média;
Penalidade - multa; Infração - média;
Penalidade - multa;
XVI - em aclive ou declive, não estando
devidamente freado e sem calço de segurança, II - afastado da guia da calçada (meio-fio) de
quando se tratar de veículo com peso bruto total cinqüenta centímetros a um metro:
superior a três mil e quinhentos quilogramas:
Infração - leve;
Infração - grave; Penalidade - multa;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo; III - afastado da guia da calçada (meio-fio) a mais
de um metro:
XVII - em desacordo com as condições
regulamentadas especificamente pela sinalização Infração - média;
(placa - Estacionamento Regulamentado): Penalidade - multa;

Infração - grave; IV - em desacordo com as posições estabelecidas


Penalidade - multa; neste Código:
Medida administrativa - remoção do veículo;
Infração - leve;
XVIII - em locais e horários proibidos Penalidade - multa;
especificamente pela sinalização (placa - Proibido
Estacionar): V - na pista de rolamento das estradas, das
rodovias, das vias de trânsito rápido e das demais
Infração - média; vias dotadas de acostamento:
Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo; Infração - grave;
Penalidade - multa;
XIX - em locais e horários de estacionamento e
parada proibidos pela sinalização (placa - Proibido VI - no passeio ou sobre faixa destinada a
Parar e Estacionar): pedestres, nas ilhas, refúgios, canteiros centrais e
divisores de pista de rolamento e marcas de
Infração - grave; canalização:
Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo. Infração - leve;
Penalidade - multa;
XX - nas vagas reservadas às pessoas com
deficiência ou idosos, sem credencial que VII - na área de cruzamento de vias, prejudicando
comprove tal condição: a circulação de veículos e pedestres:

Infração - gravíssima; Infração - média;


Penalidade - multa; Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo.
VIII - nos viadutos, pontes e túneis:
§ 1º Nos casos previstos neste artigo, a autoridade
de trânsito aplicará a penalidade Infração - média;
preferencialmente após a remoção do veículo. Penalidade - multa;
I - na faixa a ele destinada pela sinalização de
IX - na contramão de direção: regulamentação, exceto em situações de
emergência;
Infração - média; II - nas faixas da direita, os veículos lentos e de
Penalidade - multa; maior porte:

X - em local e horário proibidos especificamente Infração - média;


pela sinalização (placa - Proibido Parar): Penalidade - multa.

Infração - média; Art. 186. Transitar pela contramão de direção em:


Penalidade - multa. I - vias com duplo sentido de circulação, exceto
para ultrapassar outro veículo e apenas pelo
XI - sobre ciclovia ou ciclofaixa: tempo necessário, respeitada a preferência do
veículo que transitar em sentido contrário:
Infração - grave;
Penalidade - multa. Infração - grave;
Penalidade - multa;
Art. 183. Parar o veículo sobre a faixa de
pedestres na mudança de sinal luminoso: II - vias com sinalização de regulamentação de
sentido único de circulação:
Infração - média;
Penalidade - multa. Infração - gravíssima;
Penalidade - multa.
Art. 184. Transitar com o veículo:
I - na faixa ou pista da direita, regulamentada Art. 187. Transitar em locais e horários não
como de circulação exclusiva para determinado permitidos pela regulamentação estabelecida pela
tipo de veículo, exceto para acesso a imóveis autoridade competente:
lindeiros ou conversões à direita: I - para todos os tipos de veículos:

Infração - leve; Infração - média;


Penalidade - multa; Penalidade - multa

II - na faixa ou pista da esquerda regulamentada Art. 188. Transitar ao lado de outro veículo,
como de circulação exclusiva para determinado interrompendo ou perturbando o trânsito:
tipo de veículo:
Infração - média;
Infração - grave; Penalidade - multa.
Penalidade - multa.
Art. 189. Deixar de dar passagem aos veículos
III - na faixa ou via de trânsito exclusivo, precedidos de batedores, de socorro de incêndio e
regulamentada com circulação destinada aos salvamento, de polícia, de operação e fiscalização
veículos de transporte público coletivo de de trânsito e às ambulâncias, quando em serviço
passageiros, salvo casos de força maior e com de urgência e devidamente identificados por
autorização do poder público competente: dispositivos regulamentados de alarme sonoro e
iluminação intermitente:
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa e apreensão do veículo; Infração - gravíssima;
Medida Administrativa - remoção do veículo. Penalidade - multa.

Art. 185. Quando o veículo estiver em movimento, Art. 190. Seguir veículo em serviço de urgência,
deixar de conservá-lo: estando este com prioridade de passagem
devidamente identificada por dispositivos
regulamentares de alarme sonoro e iluminação Art. 196. Deixar de indicar com antecedência,
intermitente: mediante gesto regulamentar de braço ou luz
indicadora de direção do veículo, o início da
Infração - grave; marcha, a realização da manobra de parar o
Penalidade - multa. veículo, a mudança de direção ou de faixa de
circulação:
Art. 191. Forçar passagem entre veículos que,
transitando em sentidos opostos, estejam na Infração - grave;
iminência de passar um pelo outro ao realizar Penalidade - multa.
operação de ultrapassagem:
Art. 197. Deixar de deslocar, com antecedência, o
Infração - gravíssima; veículo para a faixa mais à esquerda ou mais à
Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do direita, dentro da respectiva mão de direção,
direito de dirigir. quando for manobrar para um desses lados:

Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa Infração - média;


prevista no caput em caso de reincidência no Penalidade - multa.
período de até 12 (doze) meses da infração
anterior. Art. 198. Deixar de dar passagem pela esquerda,
Art. 192. Deixar de guardar distância de quando solicitado:
segurança lateral e frontal entre o seu veículo e os
demais, bem como em relação ao bordo da pista,
considerando-se, no momento, a velocidade, as Infração - média;
condições climáticas do local da circulação e do Penalidade - multa.
veículo:
Art. 199. Ultrapassar pela direita, salvo quando o
Infração - grave; veículo da frente estiver colocado na faixa
Penalidade - multa. apropriada e der sinal de que vai entrar à
esquerda:
Art. 193. Transitar com o veículo em calçadas,
passeios, passarelas, ciclovias, ciclofaixas, ilhas, Infração - média;
refúgios, ajardinamentos, canteiros centrais e Penalidade - multa.
divisores de pista de rolamento, acostamentos,
marcas de canalização, gramados e jardins Art. 200. Ultrapassar pela direita veículo de
públicos: transporte coletivo ou de escolares, parado para
embarque ou desembarque de passageiros, salvo
Infração - gravíssima; quando houver refúgio de segurança para o
Penalidade - multa (três vezes). pedestre:

Art. 194. Transitar em marcha à ré, salvo na Infração - gravíssima;


distância necessária a pequenas manobras e de Penalidade - multa.
forma a não causar riscos à segurança:
Art. 201. Deixar de guardar a distância lateral de
Infração - grave; um metro e cinqüenta centímetros ao passar ou
Penalidade - multa. ultrapassar bicicleta:

Art. 195. Desobedecer às ordens emanadas da Infração - média;


autoridade competente de trânsito ou de seus Penalidade - multa.
agentes:
Art. 202. Ultrapassar outro veículo:
Infração - grave; I - pelo acostamento;
Penalidade - multa. II - em interseções e passagens de nível;
Infração - gravíssima; Infração - gravíssima;
Penalidade - multa (cinco vezes). Penalidade - multa.

Art. 203. Ultrapassar pela contramão outro Art. 207. Executar operação de conversão à
veículo: direita ou à esquerda em locais proibidos pela
I - nas curvas, aclives e declives, sem visibilidade sinalização:
suficiente;
II - nas faixas de pedestre; Infração - grave;
III - nas pontes, viadutos ou túneis; Penalidade - multa.
IV - parado em fila junto a sinais luminosos,
porteiras, cancelas, cruzamentos ou qualquer Art. 208. Avançar o sinal vermelho do semáforo
outro impedimento à livre circulação; ou o de parada obrigatória, exceto onde houver
V - onde houver marcação viária longitudinal de sinalização que permita a livre conversão à direita
divisão de fluxos opostos do tipo linha dupla prevista no art. 44-A deste Código:
contínua ou simples contínua amarela:
Infração - gravíssima;
Infração - gravíssima; Penalidade - multa.
Penalidade - multa (cinco vezes).
Art. 209. Transpor, sem autorização, bloqueio
Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa viário com ou sem sinalização ou dispositivos
prevista no caput em caso de reincidência no auxiliares, ou deixar de adentrar as áreas
período de até 12 (doze) meses da infração destinadas à pesagem de veículos:
anterior.
Art. 204. Deixar de parar o veículo no
Infração - grave;
acostamento à direita, para aguardar a
Penalidade - multa.
oportunidade de cruzar a pista ou entrar à
esquerda, onde não houver local apropriado para
Art. 209-A. Evadir-se da cobrança pelo uso de
operação de retorno:
rodovias e vias urbanas para não efetuar o seu
pagmento, ou deixar de efetuá-lo na forma
Infração - grave; estabelecida:
Penalidade - multa.
Infração – grave;
Art. 205. Ultrapassar veículo em movimento que
Penalidade – multa.
integre cortejo, préstito, desfile e formações
militares, salvo com autorização da autoridade de
Art. 210. Transpor, sem autorização, bloqueio
trânsito ou de seus agentes:
viário policial:

Infração - leve;
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa.
Penalidade - multa, apreensão do veículo e
suspensão do direito de dirigir;
Art. 206. Executar operação de retorno:
Medida administrativa - remoção do veículo e
I - em locais proibidos pela sinalização;
recolhimento do documento de habilitação.
II - nas curvas, aclives, declives, pontes, viadutos
e túneis;
Art. 211. Ultrapassar veículos em fila, parados em
III - passando por cima de calçada, passeio, ilhas,
razão de sinal luminoso, cancela, bloqueio viário
ajardinamento ou canteiros de divisões de pista de
parcial ou qualquer outro obstáculo, com exceção
rolamento, refúgios e faixas de pedestres e nas de
dos veículos não motorizados:
veículos não motorizados;
IV - nas interseções, entrando na contramão de
direção da via transversal; Infração - grave;
V - com prejuízo da livre circulação ou da Penalidade - multa.
segurança, ainda que em locais permitidos:
Art. 212. Deixar de parar o veículo antes de na via e sem as precauções com a segurança de
transpor linha férrea: pedestres e de outros veículos:

Infração - gravíssima; Infração - média;


Penalidade - multa. Penalidade - multa.

Art. 213. Deixar de parar o veículo sempre que a Art. 217. Entrar ou sair de fila de veículos
respectiva marcha for interceptada: estacionados sem dar preferência de passagem a
I - por agrupamento de pessoas, como préstitos, pedestres e a outros veículos:
passeatas, desfiles e outros:
Infração - média;
Infração - gravíssima; Penalidade - multa.
Penalidade - multa.
Art. 218. Transitar em velocidade superior à
II - por agrupamento de veículos, como cortejos, máxima permitida para o local, medida por
formações militares e outros: instrumento ou equipamento hábil, em rodovias,
vias de trânsito rápido, vias arteriais e demais vias:
Infração - grave; I - quando a velocidade for superior à máxima em
Penalidade - multa. até 20% (vinte por cento):

Art. 214. Deixar de dar preferência de passagem a Infração - média;


pedestre e a veículo não motorizado: Penalidade - multa;
I - que se encontre na faixa a ele destinada;
II - que não haja concluído a travessia mesmo que II - quando a velocidade for superior à máxima em
ocorra sinal verde para o veículo; mais de 20% (vinte por cento) até 50% (cinquenta
III - portadores de deficiência física, crianças, por cento):
idosos e gestantes:
Infração - grave;
Infração - gravíssima; Penalidade - multa;
Penalidade - multa.
III - quando a velocidade for superior à máxima em
IV - quando houver iniciado a travessia mesmo mais de 50% (cinquenta por cento):
que não haja sinalização a ele destinada;
V - que esteja atravessando a via transversal para Infração - gravíssima;
onde se dirige o veículo: Penalidade - multa (três vezes) e suspensão do
direito de dirigir.
Infração - grave;
Penalidade - multa. Art. 219. Transitar com o veículo em velocidade
inferior à metade da velocidade máxima
Art. 215. Deixar de dar preferência de passagem: estabelecida para a via, retardando ou obstruindo
I - em interseção não sinalizada: o trânsito, a menos que as condições de tráfego e
a) a veículo que estiver circulando por rodovia ou meteorológicas não o permitam, salvo se estiver
rotatória; na faixa da direita:
b) a veículo que vier da direita;
II - nas interseções com sinalização de Infração - média;
regulamentação de Dê a Preferência: Penalidade - multa.

Infração - grave; Art. 220. Deixar de reduzir a velocidade do veículo


Penalidade - multa. de forma compatível com a segurança do trânsito:
I - quando se aproximar de passeatas,
Art. 216. Entrar ou sair de áreas lindeiras sem aglomerações, cortejos, préstitos e desfiles:
estar adequadamente posicionado para ingresso
Infração - gravíssima; identificação não autorizadas pela
Penalidade - multa; regulamentação.
Art. 222. Deixar de manter ligado, nas situações
II - nos locais onde o trânsito esteja sendo de atendimento de emergência, o sistema de
controlado pelo agente da autoridade de trânsito, iluminação intermitente dos veículos de polícia, de
mediante sinais sonoros ou gestos; socorro de incêndio e salvamento, de fiscalização
III - ao aproximar-se da guia da calçada (meio-fio) de trânsito e das ambulâncias, ainda que parados:
ou acostamento;
IV - ao aproximar-se de ou passar por interseção Infração - média;
não sinalizada; Penalidade - multa.
V - nas vias rurais cuja faixa de domínio não esteja
cercada; Art. 223. Transitar com o farol desregulado ou
VI - nos trechos em curva de pequeno raio; com o facho de luz alta de forma a perturbar a
VII - ao aproximar-se de locais sinalizados com visão de outro condutor:
advertência de obras ou trabalhadores na pista;
VIII - sob chuva, neblina, cerração ou ventos Infração - grave;
fortes; Penalidade - multa;
IX - quando houver má visibilidade; Medida administrativa - retenção do veículo
X - quando o pavimento se apresentar para regularização.
escorregadio, defeituoso ou avariado;
XI - à aproximação de animais na pista; Art. 224. Fazer uso do facho de luz alta dos faróis
XII - em declive: em vias providas de iluminação pública:

Infração - grave; Infração - leve;


Penalidade - multa; Penalidade - multa.

XIII - ao ultrapassar ciclista: Art. 225. Deixar de sinalizar a via, de forma a


prevenir os demais condutores e, à noite, não
Infração - gravíssima; manter acesas as luzes externas ou omitir-se
Penalidade - multa; quanto a providências necessárias para tornar
visível o local, quando:
XIV - nas proximidades de escolas, hospitais, I - tiver de remover o veículo da pista de rolamento
estações de embarque e desembarque de ou permanecer no acostamento;
passageiros ou onde haja intensa movimentação II - a carga for derramada sobre a via e não puder
de pedestres: ser retirada imediatamente:

Infração - gravíssima; Infração - grave;


Penalidade - multa. Penalidade - multa.

Art. 221. Portar no veículo placas de identificação Art. 226. Deixar de retirar todo e qualquer objeto
em desacordo com as especificações e modelos que tenha sido utilizado para sinalização
estabelecidos pelo CONTRAN: temporária da via:

Infração - média; Infração - média;


Penalidade - multa; Penalidade - multa.
Medida administrativa - retenção do veículo
para regularização e apreensão das placas Art. 227. Usar buzina:
irregulares. I - em situação que não a de simples toque breve
como advertência ao pedestre ou a condutores de
Parágrafo único. Incide na mesma penalidade outros veículos;
aquele que confecciona, distribui ou coloca, em II - prolongada e sucessivamente a qualquer
veículo próprio ou de terceiros, placas de pretexto;
III - entre as vinte e duas e as seis horas; X - com equipamento obrigatório em desacordo
IV - em locais e horários proibidos pela com o estabelecido pelo CONTRAN;
sinalização; XI - com descarga livre ou silenciador de motor de
V - em desacordo com os padrões e freqüências explosão defeituoso, deficiente ou inoperante;
estabelecidas pelo CONTRAN: XII - com equipamento ou acessório proibido;
XIII - com o equipamento do sistema de
Infração - leve; iluminação e de sinalização alterados;
Penalidade - multa. XIV - com registrador instantâneo inalterável de
velocidade e tempo viciado ou defeituoso, quando
Art. 228. Usar no veículo equipamento com som houver exigência desse aparelho;
em volume ou freqüência que não sejam XV - com inscrições, adesivos, legendas e
autorizados pelo CONTRAN: símbolos de caráter publicitário afixados ou
pintados no pára-brisa e em toda a extensão da
parte traseira do veículo, excetuadas as hipóteses
Infração - grave;
previstas neste Código;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - retenção do veículo XVI - com vidros total ou parcialmente cobertos
por películas refletivas ou não, painéis decorativos
para regularização.
ou pinturas;
XVII - com cortinas ou persianas fechadas, não
Art. 229. Usar indevidamente no veículo aparelho
autorizadas pela legislação;
de alarme ou que produza sons e ruído que
XVIII - em mau estado de conservação,
perturbem o sossego público, em desacordo com
comprometendo a segurança, ou reprovado na
normas fixadas pelo CONTRAN:
avaliação de inspeção de segurança e de emissão
de poluentes e ruído, prevista no art. 104;
Infração - média; XIX - sem acionar o limpador de pára-brisa sob
Penalidade - multa e apreensão do veículo; chuva:
Medida administrativa - remoção do veículo.
Infração - grave;
Art. 230. Conduzir o veículo: Penalidade - multa;
I - com o lacre, a inscrição do chassi, o selo, a Medida administrativa - retenção do veículo
placa ou qualquer outro elemento de identificação
para regularização;
do veículo violado ou falsificado;
II - transportando passageiros em compartimento
XX - sem portar a autorização para condução de
de carga, salvo por motivo de força maior, com
escolares, na forma estabelecida no art. 136:
permissão da autoridade competente e na forma
estabelecida pelo CONTRAN;
III - com dispositivo anti-radar; Infração - gravíssima;
IV - sem qualquer uma das placas de Penalidade - multa (cinco vezes);
identificação; Medida administrativa - remoção do veículo;
V - que não esteja registrado e devidamente
licenciado; XXI - de carga, com falta de inscrição da tara e
VI - com qualquer uma das placas de identificação demais inscrições previstas neste Código;
sem condições de legibilidade e visibilidade: XXII - com defeito no sistema de iluminação, de
sinalização ou com lâmpadas queimadas:
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa e apreensão do veículo; Infração - média;
Medida administrativa - remoção do veículo; Penalidade - multa.

VII - com a cor ou característica alterada; XXIII - em desacordo com as condições


VIII - sem ter sido submetido à inspeção de estabelecidas no art. 67-C, relativamente ao
segurança veicular, quando obrigatória; tempo de permanência do condutor ao volante e
IX - sem equipamento obrigatório ou estando este aos intervalos para descanso, quando se tratar de
ineficiente ou inoperante; veículo de transporte de carga ou coletivo de
passageiros:
Infração - média; b) de 601 (seiscentos e um) a 800 kg (oitocentos
Penalidade - multa; quilogramas) - R$ 10,64 (dez reais e sessenta e
Medida administrativa - retenção do veículo quatro centavos);
para cumprimento do tempo de descanso c) de 801 (oitocentos e um) a 1.000 kg (mil
aplicável. quilogramas) - R$ 21,28 (vinte e um reais e vinte e
oito centavos);
§ 1° Se o condutor cometeu infração igual nos d) de 1.001 (mil e um) a 3.000 kg (três mil
últimos 12 (doze) meses, será convertida, quilogramas) - R$ 31,92 (trinta e um reais e
automaticamente, a penalidade disposta no inciso noventa e dois centavos);
XXIII em infração grave. e) de 3.001 (três mil e um) a 5.000 kg (cinco mil
§ 2° Em se tratando de condutor estrangeiro, a quilogramas) - R$ 42,56 (quarenta e dois reais e
liberação do veículo fica condicionada ao cinquenta e seis centavos);
pagamento ou ao depósito, judicial ou f) acima de 5.001 kg (cinco mil e um quilogramas)
administrativo, da multa. - R$ 53,20 (cinquenta e três reais e vinte
Art. 231. Transitar com o veículo: centavos);
I - danificando a via, suas instalações e Medida administrativa - retenção do veículo e
equipamentos; transbordo da carga excedente;
II - derramando, lançando ou arrastando sobre a
via: VI - em desacordo com a autorização especial,
a) carga que esteja transportando; expedida pela autoridade competente para
b) combustível ou lubrificante que esteja transitar com dimensões excedentes, ou quando a
utilizando; mesma estiver vencida:
c) qualquer objeto que possa acarretar risco de
acidente: Infração - grave;
Penalidade - multa e apreensão do veículo;
Infração - gravíssima; Medida administrativa - remoção do veículo;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - retenção do veículo VII - com lotação excedente;
para regularização; VIII - efetuando transporte remunerado de
pessoas ou bens, quando não for licenciado para
III - produzindo fumaça, gases ou partículas em esse fim, salvo casos de força maior ou com
níveis superiores aos fixados pelo CONTRAN; permissão da autoridade competente:
IV - com suas dimensões ou de sua carga
superiores aos limites estabelecidos legalmente ou Infração – gravíssima;
pela sinalização, sem autorização: Penalidade – multa;
Medida administrativa – remoção do veículo;
Infração - grave;
Penalidade - multa; IX - desligado ou desengrenado, em declive:
Medida administrativa - retenção do veículo
para regularização; Infração - média;
Penalidade - multa;
V - com excesso de peso, admitido percentual de Medida administrativa - retenção do veículo;
tolerância quando aferido por equipamento, na
forma a ser estabelecida pelo CONTRAN: X - excedendo a capacidade máxima de tração:

Infração - média; Infração - de média a gravíssima, a depender


Penalidade - multa acrescida a cada duzentos da relação entre o excesso de peso apurado e
quilogramas ou fração de excesso de peso a capacidade máxima de tração, a ser
apurado, constante na seguinte tabela: regulamentada pelo CONTRAN;
a) até 600 kg (seiscentos quilogramas) - R$ 5,32 Penalidade - multa;
(cinco reais e trinta e dois centavos); Medida Administrativa - retenção do veículo e
transbordo de carga excedente.
Parágrafo único. Sem prejuízo das multas Infração - grave;
previstas nos incisos V e X, o veículo que transitar Penalidade - multa;
com excesso de peso ou excedendo à capacidade Medida administrativa - retenção do veículo
máxima de tração, não computado o percentual para regularização.
tolerado na forma do disposto na legislação,
somente poderá continuar viagem após Art. 238. Recusar-se a entregar à autoridade de
descarregar o que exceder, segundo critérios trânsito ou a seus agentes, mediante recibo, os
estabelecidos na referida legislação documentos de habilitação, de registro, de
complementar. licenciamento de veículo e outros exigidos por lei,
Art. 232. Conduzir veículo sem os documentos de para averiguação de sua autenticidade:
porte obrigatório referidos neste Código:
Infração - gravíssima;
Infração - leve; Penalidade - multa e apreensão do veículo;
Penalidade - multa; Medida administrativa - remoção do veículo.
Medida administrativa - retenção do veículo até
a apresentação do documento. Art. 239. Retirar do local veículo legalmente retido
para regularização, sem permissão da autoridade
Art. 233. Deixar de efetuar o registro de veículo no competente ou de seus agentes:
prazo de trinta dias, junto ao órgão executivo de
Infração - gravíssima;
trânsito, ocorridas as hipóteses previstas no art.
Penalidade - multa e apreensão do veículo;
123:
Medida administrativa - remoção do veículo.

Infração - média; Art. 240. Deixar o responsável de promover a


Penalidade - multa; baixa do registro de veículo irrecuperável ou
Medida administrativa - remoção do veículo. definitivamente desmontado:

Art. 234. Falsificar ou adulterar documento de


Infração - grave;
habilitação e de identificação do veículo: Penalidade - multa;
Medida administrativa - Recolhimento do
Infração - gravíssima; Certificado de Registro e do Certificado de
Penalidade - multa e apreensão do veículo; Licenciamento Anual.
Medida administrativa - remoção do veículo.
Art. 241. Deixar de atualizar o cadastro de registro
Art. 235. Conduzir pessoas, animais ou carga nas do veículo ou de habilitação do condutor:
partes externas do veículo, salvo nos casos
devidamente autorizados:
Infração - leve;
Penalidade - multa.
Infração - grave;
Penalidade - multa;
Art. 242. Fazer falsa declaração de domicílio para
Medida administrativa - retenção do veículo
fins de registro, licenciamento ou habilitação:
para transbordo.
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa.
Art. 236. Rebocar outro veículo com cabo flexível
ou corda, salvo em casos de emergência:
Art. 243. Deixar a empresa seguradora de
comunicar ao órgão executivo de trânsito
Infração - média; competente a ocorrência de perda total do veículo
Penalidade - multa. e de lhe devolver as respectivas placas e
documentos:
Art. 237. Transitar com o veículo em desacordo
com as especificações, e com falta de inscrição e
Infração - grave;
simbologia necessárias à sua identificação, Penalidade - multa;
quando exigidas pela legislação:
Medida administrativa - Recolhimento das § 1º Para ciclos aplica-se o disposto nos incisos III,
placas e dos documentos. VII e VIII, além de:
a) conduzir passageiro fora da garupa ou do
Art. 244. Conduzir motocicleta, motoneta ou assento especial a ele destinado;
ciclomotor: b) transitar em vias de trânsito rápido ou rodovias,
I - sem usar capacete de segurança ou vestuário salvo onde houver acostamento ou faixas de
de acordo com as normas e as especificações rolamento próprias;
aprovadas pelo Contran; c) transportar crianças que não tenham, nas
II - transportando passageiro sem o capacete de circunstâncias, condições de cuidar de sua própria
segurança, na forma estabelecida no inciso segurança.
anterior, ou fora do assento suplementar colocado § 2º Aplica-se aos ciclomotores o disposto na
atrás do condutor ou em carro lateral; alínea b do parágrafo anterior:
III - fazendo malabarismo ou equilibrando-se
apenas em uma roda; Infração - média;
V - transportando criança menor de 10 (dez) anos Penalidade - multa.
de idade ou que não tenha, nas circunstâncias,
condições de cuidar da própria segurança: § 3° A restrição imposta pelo inciso VI do caput
deste artigo não se aplica às motocicletas e
Infração - gravíssima; motonetas que tracionem semi-reboques
Penalidade - multa e suspensão do direito de especialmente projetados para esse fim e
dirigir; devidamente homologados pelo órgão
Medida administrativa - retenção do veículo até competente.
regularização e recolhimento do documento de Art. 245. Utilizar a via para depósito de
habilitação; mercadorias, materiais ou equipamentos, sem
autorização do órgão ou entidade de trânsito com
VI - rebocando outro veículo; circunscrição sobre a via:
VII - sem segurar o guidom com ambas as mãos,
salvo eventualmente para indicação de manobras; Infração - grave;
VIII - transportando carga incompatível com suas Penalidade - multa;
especificações ou em desacordo com o previsto Medida administrativa - remoção da
no § 2° do art. 139-A desta Lei; mercadoria ou do material.
IX - efetuando transporte remunerado de
mercadorias em desacordo com o previsto no art. Parágrafo único. A penalidade e a medida
139-A desta Lei ou com as normas que regem a administrativa incidirão sobre a pessoa física ou
atividade profissional dos moto-taxistas: jurídica responsável.
Art. 246. Deixar de sinalizar qualquer obstáculo à
Infração – grave; livre circulação, à segurança de veículo e
Penalidade – multa; pedestres, tanto no leito da via terrestre como na
Medida administrativa – apreensão do veículo calçada, ou obstaculizar a via indevidamente:
para regularização.
Infração - gravíssima;
X - com a utilização de capacete de segurança Penalidade - multa, agravada em até cinco
sem viseira ou óculos de proteção ou com viseira vezes, a critério da autoridade de trânsito,
ou óculos de proteção em desacordo com a conforme o risco à segurança.
regulamentação do Contran;
XI - transportando passageiro com o capacete de Parágrafo único. A penalidade será aplicada à
segurança utilizado na forma prevista no inciso X pessoa física ou jurídica responsável pela
do caput deste artigo: obstrução, devendo a autoridade com
circunscrição sobre a via providenciar a
Infração - média; sinalização de emergência, às expensas do
Penalidade - multa; responsável, ou, se possível, promover a
Medida administrativa - retenção do veículo até desobstrução.
regularização.
Art. 247. Deixar de conduzir pelo bordo da pista Medida administrativa - retenção do veículo até
de rolamento, em fila única, os veículos de tração a regularização.
ou propulsão humana e os de tração animal,
sempre que não houver acostamento ou faixa a Art. 251. Utilizar as luzes do veículo:
eles destinados: I - o pisca-alerta, exceto em imobilizações ou
situações de emergência;
Infração - média; II - baixa e alta de forma intermitente, exceto nas
Penalidade - multa. seguintes situações:
a) a curtos intervalos, quando for conveniente
Art. 248. Transportar em veículo destinado ao advertir a outro condutor que se tem o propósito
transporte de passageiros carga excedente em de ultrapassá-lo;
desacordo com o estabelecido no art. 109: b) em imobilizações ou situação de emergência,
Infração - grave; como advertência, utilizando pisca-alerta;
c) quando a sinalização de regulamentação da via
Penalidade - multa; determinar o uso do pisca-alerta:
Medida administrativa - retenção para o
transbordo. Infração - média;
Penalidade - multa.
Art. 249. Deixar de manter acesas, à noite, as
luzes de posição, quando o veículo estiver parado, Art. 252. Dirigir o veículo:
para fins de embarque ou desembarque de I - com o braço do lado de fora;
passageiros e carga ou descarga de mercadorias: II - transportando pessoas, animais ou volume à
sua esquerda ou entre os braços e pernas;
Infração - média; III - com incapacidade física ou mental temporária
Penalidade - multa. que comprometa a segurança do trânsito;
IV - usando calçado que não se firme nos pés ou
que comprometa a utilização dos pedais;
Art. 250. Quando o veículo estiver em movimento:
V - com apenas uma das mãos, exceto quando
I - deixar de manter acesa a luz baixa:
deva fazer sinais regulamentares de braço, mudar
a) durante a noite;
b) de dia, em túneis e sob chuva, neblina ou a marcha do veículo, ou acionar equipamentos e
cerração; acessórios do veículo;
c) de dia, no caso de veículos de transporte VI - utilizando-se de fones nos ouvidos conectados
a aparelhagem sonora ou de telefone celular;
coletivo de passageiros em circulação em faixas
ou pistas a eles destinadas;
d) de dia, no caso de motocicletas, motonetas e Infração - média;
ciclomotores; Penalidade - multa.
e) de dia, em rodovias de pista simples situadas
fora dos perímetros urbanos, no caso de veículos VII - realizando a cobrança de tarifa com o veículo
desprovidos de luzes de rodagem diurna; em movimento:
III - deixar de manter a placa traseira iluminada, à
noite; Infração - média;
Penalidade - multa.
Infração - média;
Penalidade - multa. Parágrafo único. A hipótese prevista no inciso V
caracterizar-se-á como infração gravíssima no
IV - deixar o veículo de transporte público coletivo caso de o condutor estar segurando ou
de passageiros ou de escolares de manter a porta manuseando telefone celular.
fechada: Art. 253. Bloquear a via com veículo:

Infração - gravíssima; Infração - gravíssima;


Penalidade - multa; Penalidade - multa e apreensão do veículo;
Medida administrativa - remoção do veículo.
Medida administrativa - remoção da bicicleta,
Art. 253-A. Usar qualquer veículo para, mediante recibo para o pagamento da multa.
deliberadamente, interromper, restringir ou
perturbar a circulação na via sem autorização do CAPÍTULO XVI
órgão ou entidade de trânsito com circunscrição Das Penalidades
sobre ela:
Art. 256. A autoridade de trânsito, na esfera das
Infração - gravíssima; competências estabelecidas neste Código e
Penalidade - multa (vinte vezes) e suspensão dentro de sua circunscrição, deverá aplicar, às
do direito de dirigir por 12 (doze) meses; infrações nele previstas, as seguintes penalidades:
Medida administrativa - remoção do veículo. I - advertência por escrito;
II - multa;
§ 1º Aplica-se a multa agravada em 60 (sessenta) III - suspensão do direito de dirigir
vezes aos organizadores da conduta prevista no V - cassação da Carteira Nacional de Habilitação;
caput. VI - cassação da Permissão para Dirigir;
§ 2º Aplica-se em dobro a multa em caso de VII - frequência obrigatória em curso de
reincidência no período de 12 (doze) meses. reciclagem.
§ 3º As penalidades são aplicáveis a pessoas § 1º A aplicação das penalidades previstas neste
físicas ou jurídicas que incorram na infração, Código não elide as punições originárias de
devendo a autoridade com circunscrição sobre a ilícitos penais decorrentes de crimes de trânsito,
via restabelecer de imediato, se possível, as conforme disposições de lei.
condições de normalidade para a circulação na § 3º A imposição da penalidade será comunicada
via. aos órgãos ou entidades executivos de trânsito
Art. 254. É proibido ao pedestre: responsáveis pelo licenciamento do veículo e
I - permanecer ou andar nas pistas de rolamento, habilitação do condutor.
exceto para cruzá-las onde for permitido; Art. 257. As penalidades serão impostas ao
II - cruzar pistas de rolamento nos viadutos, condutor, ao proprietário do veículo, ao
pontes, ou túneis, salvo onde exista permissão; embarcador e ao transportador, salvo os casos de
III - atravessar a via dentro das áreas de descumprimento de obrigações e deveres
cruzamento, salvo quando houver sinalização para impostos a pessoas físicas ou jurídicas
esse fim; expressamente mencionados neste Código.
IV - utilizar-se da via em agrupamentos capazes § 1º Aos proprietários e condutores de veículos
de perturbar o trânsito, ou para a prática de serão impostas concomitantemente as
qualquer folguedo, esporte, desfiles e similares, penalidades de que trata este Código toda vez que
salvo em casos especiais e com a devida licença houver responsabilidade solidária em infração dos
da autoridade competente; preceitos que lhes couber observar, respondendo
V - andar fora da faixa própria, passarela, cada um de per si pela falta em comum que lhes
passagem aérea ou subterrânea; for atribuída.
VI - desobedecer à sinalização de trânsito § 2º Ao proprietário caberá sempre a
específica; responsabilidade pela infração referente à prévia
regularização e preenchimento das formalidades e
Infração - leve; condições exigidas para o trânsito do veículo na
Penalidade - multa, em 50% (cinquenta por via terrestre, conservação e inalterabilidade de
cento) do valor da infração de natureza leve. suas características, componentes, agregados,
habilitação legal e compatível de seus condutores,
Art. 255. Conduzir bicicleta em passeios onde não quando esta for exigida, e outras disposições que
seja permitida a circulação desta, ou de forma deva observar.
agressiva, em desacordo com o disposto no § 3º Ao condutor caberá a responsabilidade pelas
parágrafo único do art. 59: infrações decorrentes de atos praticados na
direção do veículo.
Infração - média; § 4º O embarcador é responsável pela infração
Penalidade - multa; relativa ao transporte de carga com excesso de
peso nos eixos ou no peso bruto total, quando
simultaneamente for o único remetente da carga e II - infração de natureza grave, punida com multa
o peso declarado na nota fiscal, fatura ou no valor de R$ 195,23 (cento e noventa e cinco
manifesto for inferior àquele aferido. reais e vinte e três centavos);
§ 5º O transportador é o responsável pela III - infração de natureza média, punida com
infração relativa ao transporte de carga com multa no valor de R$ 130,16 (cento e trinta reais e
excesso de peso nos eixos ou quando a carga dezesseis centavos);
proveniente de mais de um embarcador IV - infração de natureza leve, punida com multa
ultrapassar o peso bruto total. no valor de R$ 88,38 (oitenta e oito reais e trinta e
§ 6º O transportador e o embarcador são oito centavos).
solidariamente responsáveis pela infração § 2º Quando se tratar de multa agravada, o fator
relativa ao excesso de peso bruto total, se o peso multiplicador ou índice adicional específico é o
declarado na nota fiscal, fatura ou manifesto for previsto neste Código.
superior ao limite legal. Art. 259. A cada infração cometida são
§ 7º Quando não for imediata a identificação do computados os seguintes números de pontos:
infrator, o principal condutor ou o proprietário do I - gravíssima - sete pontos;
veículo terá o prazo de 30 (trinta) dias, contado II - grave - cinco pontos;
da notificação da autuação, para apresentá-lo, na III - média - quatro pontos;
forma em que dispuser o Contran, e, transcorrido IV - leve - três pontos.
o prazo, se não o fizer, será considerado § 4º Ao condutor identificado será atribuída
responsável pela infração o principal condutor ou, pontuação pelas infrações de sua
em sua ausência, o proprietário do veículo. responsabilidade, nos termos previstos no § 3º
§ 8º Após o prazo previsto no § 7º deste artigo, se do art. 257 deste Código, exceto aquelas:
o infrator não tiver sido identificado, e o veículo for I - praticadas por passageiros usuários do serviço
de propriedade de pessoa jurídica, será lavrada de transporte rodoviário de passageiros em
nova multa ao proprietário do veículo, mantida a viagens de longa distância transitando em
originada pela infração, cujo valor será igual a 2 rodovias com a utilização de ônibus, em linhas
(duas) vezes o da multa originária, garantidos o regulares intermunicipal, interestadual,
direito de defesa prévia e de interposição de internacional e aquelas em viagem de longa
recursos previstos neste Código, na forma distância por fretamento e turismo ou de qualquer
estabelecida pelo Contran. modalidade, excluídas as situações
§ 9º O fato de o infrator ser pessoa jurídica não o regulamentadas pelo Contran conforme disposto
exime do disposto no § 3º do art. 258 e no art. no art. 65 deste Código;
259. II - previstas no art. 221, nos incisos VII e XXI do
§ 10. O proprietário poderá indicar ao órgão art. 230 e nos arts. 232, 233, 233-A, 240 e 241
executivo de trânsito o principal condutor do deste Código, sem prejuízo da aplicação das
veículo, o qual, após aceitar a indicação, terá seu penalidades e medidas administrativas cabíveis;
nome inscrito em campo próprio do cadastro do III - puníveis de forma específica com suspensão
veículo no Renavam. do direito de dirigir.
§ 11. O principal condutor será excluído do Art. 260. As multas serão impostas e arrecadadas
Renavam: pelo órgão ou entidade de trânsito com
I - quando houver transferência de propriedade circunscrição sobre a via onde haja ocorrido a
do veículo; infração, de acordo com a competência
II - mediante requerimento próprio ou do estabelecida neste Código.
proprietário do veículo; § 1º As multas decorrentes de infração cometida
III - a partir da indicação de outro principal em unidade da Federação diversa da do
condutor. licenciamento do veículo serão arrecadadas e
Art. 258. As infrações punidas com multa compensadas na forma estabelecida pelo
classificam-se, de acordo com sua gravidade, CONTRAN.
em quatro categorias: § 2º As multas decorrentes de infração cometida
I - infração de natureza gravíssima, punida com em unidade da Federação diversa daquela do
multa no valor de R$ 293,47 (duzentos e noventa licenciamento do veículo poderão ser
e três reais e quarenta e sete centavos); comunicadas ao órgão ou entidade responsável
pelo seu licenciamento, que providenciará a
notificação.
§ 4º Quando a infração for cometida com veículo § 6° Concluído o curso de reciclagem previsto no §
licenciado no exterior, em trânsito no território 5°, o condutor terá eliminados os pontos que lhe
nacional, a multa respectiva deverá ser paga tiverem sido atribuídos, para fins de contagem
antes de sua saída do País, respeitado o subsequente.
princípio de reciprocidade. § 7º O motorista que optar pelo curso previsto no §
Art. 261. A penalidade de suspensão do direito 5º não poderá fazer nova opção no período de 12
de dirigir será imposta nos seguintes casos: (doze) meses.
I - sempre que, conforme a pontuação prevista no § 8° A pessoa jurídica concessionária ou
art. 259 deste Código, o infrator atingir, no período permissionária de serviço público tem o direito de
de 12 (doze) meses, a seguinte contagem de ser informada dos pontos atribuídos, na forma do
pontos: art. 259, aos motoristas que integrem seu quadro
a) 20 (vinte) pontos, caso constem 2 (duas) ou funcional, exercendo atividade remunerada ao
mais infrações gravíssimas na pontuação; volante, na forma que dispuser o Contran.
b) 30 (trinta) pontos, caso conste 1 (uma) infração § 9º Incorrerá na infração prevista no inciso II do
gravíssima na pontuação; art. 162 o condutor que, notificado da penalidade
c) 40 (quarenta) pontos, caso não conste de que trata este artigo, dirigir veículo automotor
nenhuma infração gravíssima na pontuação; em via pública.
II - por transgressão às normas estabelecidas § 10. O processo de suspensão do direito de dirigir
neste Código, cujas infrações preveem, de forma a que se refere o inciso II do caput deste artigo
específica, a penalidade de suspensão do direito deverá ser instaurado concomitantemente ao
de dirigir. processo de aplicação da penalidade de multa,
§ 1º Os prazos para aplicação da penalidade de e ambos serão de competência do órgão ou
suspensão do direito de dirigir são os seguintes: entidade responsável pela aplicação da multa, na
I - no caso do inciso I do caput: de 6 (seis) meses forma definida pelo Contran.
a 1 (um) ano e, no caso de reincidência no período § 11. O Contran regulamentará as disposições
de 12 (doze) meses, de 8 (oito) meses a 2 (dois) deste artigo.
anos; Art. 263. A cassação do documento de
II - no caso do inciso II do caput: de 2 (dois) a 8 habilitação dar-se-á:
(oito) meses, exceto para as infrações com prazo I - quando, suspenso o direito de dirigir, o infrator
descrito no dispositivo infracional, e, no caso de conduzir qualquer veículo;
reincidência no período de 12 (doze) meses, de 8 II - no caso de reincidência, no prazo de doze
(oito) a 18 (dezoito) meses, respeitado o disposto meses, das infrações previstas no inciso III do art.
no inciso II do art. 263. 162 e nos arts. 163, 164, 165, 173, 174 e 175;
§ 2º Quando ocorrer a suspensão do direito de III - quando condenado judicialmente por delito de
dirigir, a Carteira Nacional de Habilitação será trânsito, observado o disposto no art. 160.
devolvida a seu titular imediatamente após § 1º Constatada, em processo administrativo, a
cumprida a penalidade e o curso de irregularidade na expedição do documento de
reciclagem. habilitação, a autoridade expedidora promoverá o
§ 3º A imposição da penalidade de suspensão do seu cancelamento.
direito de dirigir elimina a quantidade de pontos § 2º Decorridos dois anos da cassação da
computados, prevista no inciso I do caput ou no § Carteira Nacional de Habilitação, o infrator poderá
5º deste artigo, para fins de contagem requerer sua reabilitação, submetendo-se a
subsequente. todos os exames necessários à habilitação, na
§ 5º No caso do condutor que exerce atividade forma estabelecida pelo CONTRAN.
remunerada ao veículo, a penalidade de Art. 265. As penalidades de suspensão do direito
suspensão do direito de dirigir de que trata o de dirigir e de cassação do documento de
caput deste artigo será imposta quando o infrator habilitação serão aplicadas por decisão
atingir o limite de pontos previsto na alínea c do fundamentada da autoridade de trânsito
inciso I do caput deste artigo, independentemente competente, em processo administrativo,
da natureza das infrações cometidas, facultado a assegurado ao infrator amplo direito de defesa.
ele participar de curso preventivo de reciclagem Art. 266. Quando o infrator cometer,
sempre que, no período de 12 (doze) meses, simultaneamente, duas ou mais infrações, ser-
atingir 30 (trinta) pontos, conforme lhe-ão aplicadas, cumulativamente, as
regulamentação do Contran. respectivas penalidades.
Art. 267. Deverá ser imposta a penalidade de CAPÍTULO XVII
advertência por escrito à infração de natureza Das Medidas Administrativas
leve ou média, passível de ser punida com multa,
caso o infrator não tenha cometido nenhuma Art. 269. A autoridade de trânsito ou seus
outra infração nos últimos 12 (doze) meses. agentes, na esfera das competências
Art. 268. O infrator será submetido a curso de estabelecidas neste Código e dentro de sua
reciclagem, na forma estabelecida pelo circunscrição, deverá adotar as seguintes medidas
CONTRAN: administrativas:
II - quando suspenso do direito de dirigir; I - retenção do veículo;
III - quando se envolver em acidente grave para o II - remoção do veículo;
qual haja contribuído, independentemente de III - recolhimento da Carteira Nacional de
processo judicial; Habilitação;
IV - quando condenado judicialmente por delito de IV - recolhimento da Permissão para Dirigir;
trânsito; V - recolhimento do Certificado de Registro;
V - a qualquer tempo, se for constatado que o VI - recolhimento do Certificado de Licenciamento
condutor está colocando em risco a segurança do Anual;
trânsito; VIII - transbordo do excesso de carga;
Parágrafo único. Além do curso de reciclagem IX - realização de teste de dosagem de alcoolemia
previsto no caput deste artigo, o infrator será ou perícia de substância entorpecente ou que
submetido à avaliação psicológica nos casos determine dependência física ou psíquica;
dos incisos III, IV e V do caput deste artigo. X - recolhimento de animais que se encontrem
Art. 268-A. Fica criado o Registro Nacional soltos nas vias e na faixa de domínio das vias de
Positivo de Condutores (RNPC), administrado circulação, restituindo-os aos seus proprietários,
pelo órgão máximo executivo de trânsito da União, após o pagamento de multas e encargos devidos.
com a finalidade de cadastrar os condutores que XI - realização de exames de aptidão física,
não cometeram infração de trânsito sujeita à mental, de legislação, de prática de primeiros
pontuação prevista no art. 259 deste Código, nos socorros e de direção veicular.
últimos 12 (doze) meses, conforme § 1º A ordem, o consentimento, a fiscalização, as
regulamentação do Contran. medidas administrativas e coercitivas adotadas
§ 1º O RNPC deverá ser atualizado mensalmente. pelas autoridades de trânsito e seus agentes terão
§ 2º A abertura de cadastro requer autorização por objetivo prioritário a proteção à vida e à
prévia e expressa do potencial cadastrado. incolumidade física da pessoa.
§ 3º Após a abertura do cadastro, a anotação de § 2º As medidas administrativas previstas neste
informação no RNPC independe de autorização e artigo não elidem a aplicação das penalidades
de comunicação ao cadastrado. impostas por infrações estabelecidas neste
§ 4º A exclusão do RNPC dar-se-á: Código, possuindo caráter complementar a
I - por solicitação do cadastrado; estas.
II - quando for atribuída ao cadastrado pontuação § 3º São documentos de habilitação:
por infração; I - a Carteira Nacional de Habilitação;
III - quando o cadastrado tiver o direito de dirigir II - a Permissão para Dirigir; e
suspenso; III - a Autorização para Conduzir Ciclomotor.
IV - quando a Carteira Nacional de Habilitação do § 4º Aplica-se aos animais recolhidos na forma do
cadastrado estiver cassada ou com validade inciso X o disposto nos arts. 271 e 328, no que
vencida há mais de 30 (trinta) dias; couber.
V - quando o cadastrado estiver cumprindo pena § 5º No caso de documentos em meio digital, as
privativa de liberdade. medidas administrativas previstas nos incisos III,
§ 5º A consulta ao RNPC é garantida a todos os IV, V e VI do caput deste artigo serão realizadas
cidadãos, nos termos da regulamentação do por meio de registro no Renach ou Renavam,
Contran. conforme o caso, na forma estabelecida pelo
§ 6º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Contran.
Municípios poderão utilizar o RNPC para conceder Art. 270. O veículo poderá ser retido nos casos
benefícios fiscais ou tarifários aos condutores expressos neste Código.
cadastrados, na forma da legislação específica de
cada ente da Federação.
§ 1º Quando a irregularidade puder ser sanada no liberará o veículo para reparo, na forma
local da infração, o veículo será liberado tão transportada, mediante autorização, assinalando
logo seja regularizada a situação. prazo para reapresentação.
§ 2º Quando não for possível sanar a falha no § 4º Os serviços de remoção, depósito e guarda
local da infração, o veículo, desde que ofereça de veículo poderão ser realizados por órgão
condições de segurança para circulação, deverá público, diretamente, ou por particular contratado
ser liberado e entregue a condutor regularmente por licitação pública, sendo o proprietário do
habilitado, mediante recolhimento do veículo o responsável pelo pagamento dos custos
Certificado de Licenciamento Anual, contra desses serviços.
apresentação de recibo, assinalando-se ao § 5° O proprietário ou o condutor deverá ser
condutor prazo razoável, não superior a 30 (trinta) notificado, no ato de remoção do veículo, sobre as
dias, para regularizar a situação, e será providências necessárias à sua restituição e sobre
considerado notificado para essa finalidade na o disposto no art. 328, conforme regulamentação
mesma ocasião. do CONTRAN.
§ 3º O Certificado de Licenciamento Anual será § 6º Caso o proprietário ou o condutor não esteja
devolvido ao condutor no órgão ou entidade presente no momento da remoção do veículo, a
aplicadores das medidas administrativas, tão logo autoridade de trânsito, no prazo de 10 (dez) dias
o veículo seja apresentado à autoridade contado da data da remoção, deverá expedir ao
devidamente regularizado. proprietário a notificação prevista no § 5º, por
§ 4º Não se apresentando condutor habilitado no remessa postal ou por outro meio tecnológico hábil
local da infração, o veículo será removido a que assegure a sua ciência, e, caso reste
depósito, aplicando-se neste caso o disposto no frustrada, a notificação poderá ser feita por edital.
art. 271. § 7° A notificação devolvida por desatualização
§ 5º A critério do agente, não se dará a retenção do endereço do proprietário do veículo ou por
imediata, quando se tratar de veículo de transporte recusa desse de recebê-la será considerada
coletivo transportando passageiros ou veículo recebida para todos os efeitos
transportando produto perigoso ou perecível, § 8° Em caso de veículo licenciado no exterior, a
desde que ofereça condições de segurança notificação será feita por edital.
para circulação em via pública. § 9º Não caberá remoção nos casos em que a
§ 6º Não efetuada a regularização no prazo a que irregularidade for sanada no local da infração.
se refere o § 2°, será feito registro de restrição § 9º-A. Quando não for possível sanar a
administrativa no Renavam por órgão ou entidade irregularidade no local da infração, o veículo,
executivo de trânsito dos Estados e do Distrito desde que ofereça condições de segurança para
Federal, que será retirada após comprovada a circulação, será liberado e entregue a condutor
regularização. regularmente habilitado, mediante recolhimento do
§ 7° O descumprimento das obrigações Certificado de Licenciamento Anual, contra a
estabelecidas no § 2° resultará em recolhimento apresentação de recibo, e prazo razoável, não
do veículo ao depósito, aplicando-se, nesse caso, superior a 15 (quinze) dias, será assinalado ao
o disposto no art. 271. condutor para regularizar a situação, o qual será
Art. 271. O veículo será removido, nos casos considerado notificado para essa finalidade na
previstos neste Código, para o depósito fixado mesma ocasião.
pelo órgão ou entidade competente, com § 9º-B. O disposto no § 9º-A deste artigo não se
circunscrição sobre a via. aplica às infrações previstas no inciso V do caput
§ 1° A restituição do veículo removido só ocorrerá do art. 230 e no inciso VIII do caput do art. 231
mediante prévio pagamento de multas, taxas e deste Código.
despesas com remoção e estada, além de outros § 9º-C. Não efetuada a regularização no prazo
encargos previstos na legislação específica. referido no § 9º-A deste artigo, será feito registro
§ 2° A liberação do veículo removido é de restrição administrativa no Renavam por
condicionada ao reparo de qualquer componente órgão ou entidade executivos de trânsito dos
ou equipamento obrigatório que não esteja em Estados ou do Distrito Federal, o qual será retirado
perfeito estado de funcionamento. após comprovada a regularização.
§ 3º Se o reparo referido no § 2º demandar § 9º-D. O descumprimento da obrigação
providência que não possa ser tomada no estabelecida no § 9º-A deste artigo resultará em
depósito, a autoridade responsável pela remoção
recolhimento do veículo ao depósito, aplicando- Parágrafo único. O Contran disciplinará as
se, nesse caso, o disposto neste artigo. margens de tolerância quando a infração for
§ 10. O pagamento das despesas de remoção e apurada por meio de aparelho de medição,
estada será correspondente ao período integral, observada a legislação metrológica.
contado em dias, em que efetivamente o veículo Art. 277. O condutor de veículo automotor
permanecer em depósito, limitado ao prazo de 6 envolvido em acidente de trânsito ou que for
(seis) meses. alvo de fiscalização de trânsito poderá ser
§ 11. Os custos dos serviços de remoção e estada submetido a teste, exame clínico, perícia ou outro
prestados por particulares poderão ser pagos pelo procedimento que, por meios técnicos ou
proprietário diretamente ao contratado. científicos, na forma disciplinada pelo Contran,
§ 12.O disposto no § 11 não afasta a possibilidade permita certificar influência de álcool ou outra
de o respectivo ente da Federação estabelecer a substância psicoativa que determine dependência.
cobrança por meio de taxa instituída em lei. § 2° A infração prevista no art. 165 também
§ 13. No caso de o proprietário do veículo objeto poderá ser caracterizada mediante imagem, vídeo,
do recolhimento comprovar, administrativa ou constatação de sinais que indiquem, na forma
judicialmente, que o recolhimento foi indevido disciplinada pelo Contran, alteração da
ou que houve abuso no período de retenção em capacidade psicomotora ou produção de
depósito, é da responsabilidade do ente quaisquer outras provas em direito admitidas.
público a devolução das quantias pagas por § 3º Serão aplicadas as penalidades e medidas
força deste artigo, segundo os mesmos critérios administrativas estabelecidas no art. 165-A deste
da devolução de multas indevidas. Código ao condutor que se recusar a se
Art. 272. O recolhimento da Carteira Nacional de submeter a qualquer dos procedimentos
Habilitação e da Permissão para Dirigir dar-se-á previstos no caput deste artigo.
mediante recibo, além dos casos previstos neste Art. 278. Ao condutor que se evadir da
Código, quando houver suspeita de sua fiscalização, não submetendo veículo à pesagem
inautenticidade ou adulteração. obrigatória nos pontos de pesagem, fixos ou
Art. 273. O recolhimento do Certificado de móveis, será aplicada a penalidade prevista no art.
Registro dar-se-á mediante recibo, além dos 209, além da obrigação de retornar ao ponto de
casos previstos neste Código, quando: evasão para fim de pesagem obrigatória.
I - houver suspeita de inautenticidade ou Parágrafo único. No caso de fuga do condutor à
adulteração; ação policial, a apreensão do veículo dar-se-á tão
II - se, alienado o veículo, não for transferida sua logo seja localizado, aplicando-se, além das
propriedade no prazo de trinta dias. penalidades em que incorre, as estabelecidas no
Art. 274. O recolhimento do Certificado de art. 210.
Licenciamento Anual dar-se-á mediante recibo, Art. 278-A. O condutor que se utilize de veículo
além dos casos previstos neste Código, quando: para a prática do crime de receptação,
I - houver suspeita de inautenticidade ou descaminho, contrabando, previstos nos arts. 180,
adulteração; 334 e 334-A do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
II - se o prazo de licenciamento estiver vencido; dezembro de 1940 (Código Penal), condenado por
III - no caso de retenção do veículo, se a um desses crimes em decisão judicial transitada
irregularidade não puder ser sanada no local. em julgado, terá cassado seu documento de
Art. 275. O transbordo da carga com peso habilitação ou será proibido de obter a habilitação
excedente é condição para que o veículo possa para dirigir veículo automotor pelo prazo de 5
prosseguir viagem e será efetuado às expensas (cinco) anos.
do proprietário do veículo, sem prejuízo da § 1º O condutor condenado poderá requerer sua
multa aplicável. reabilitação, submetendo-se a todos os exames
Parágrafo único. Não sendo possível desde logo necessários à habilitação, na forma deste Código.
atender ao disposto neste artigo, o veículo será § 2º No caso do condutor preso em flagrante na
recolhido ao depósito, sendo liberado após sanada prática dos crimes de que trata o caput deste
a irregularidade e pagas as despesas de remoção artigo, poderá o juiz, em qualquer fase da
e estada. investigação ou da ação penal, se houver
Art. 276. Qualquer concentração de álcool por necessidade para a garantia da ordem pública,
litro de sangue ou por litro de ar alveolar sujeita o como medida cautelar, de ofício, ou a
condutor às penalidades previstas no art. 165. requerimento do Ministério Público ou ainda
mediante representação da autoridade policial, no próprio auto de infração, informando os
decretar, em decisão motivada, a suspensão da dados a respeito do veículo, além dos constantes
permissão ou da habilitação para dirigir veículo nos incisos I, II e III, para o procedimento previsto
automotor, ou a proibição de sua obtenção. no artigo seguinte.
Art. 279. Em caso de acidente com vítima, § 4º O agente da autoridade de trânsito
envolvendo veículo equipado com registrador competente para lavrar o auto de infração poderá
instantâneo de velocidade e tempo, somente o ser servidor civil, estatutário ou celetista ou, ainda,
perito oficial encarregado do levantamento pericial policial militar designado pela autoridade de
poderá retirar o disco ou unidade armazenadora trânsito com jurisdição sobre a via no âmbito de
do registro. sua competência.
Art. 279-A. O veículo em estado de abandono ou
acidentado poderá ser removido para o depósito Seção II
fixado pelo órgão ou entidade competente do Do Julgamento das Autuações e Penalidades
Sistema Nacional de Trânsito independentemente
da existência de infração à legislação de trânsito, Art. 281. A autoridade de trânsito, na esfera da
nos termos da regulamentação do Contran. competência estabelecida neste Código e dentro
§ 1º A remoção do veículo acidentado será de sua circunscrição, julgará a consistência do
realizada quando não houver responsável pelo auto de infração e aplicará a penalidade cabível.
bem no local do acidente. § 1º O auto de infração será arquivado e seu
§ 2º Aplicam-se à remoção de veículo em estado registro julgado insubsistente:
de abandono ou acidentado as disposições I - se considerado inconsistente ou irregular;
constantes do art. 328, sem prejuízo das demais II - se, no prazo máximo de trinta dias, não for
disposições deste Código. expedida a notificação da autuação.
§ 2º O prazo para expedição da notificação da
CAPÍTULO XVIII autuação referente às penalidades de suspensão
Do Processo Administrativo do direito de dirigir e de cassação do documento
Seção I de habilitação será contado a partir da data da
Da Autuação instauração do processo destinado à aplicação
dessas penalidades.
Art. 280. Ocorrendo infração prevista na Art. 281-A. Na notificação de autuação e no auto
legislação de trânsito, lavrar-se-á auto de de infração, quando valer como notificação de
infração, do qual constará: autuação, deverá constar o prazo para
I - tipificação da infração; apresentação de defesa prévia, que não será
II - local, data e hora do cometimento da infração; inferior a 30 (trinta) dias, contado da data de
III - caracteres da placa de identificação do expedição da notificação.
veículo, sua marca e espécie, e outros elementos Art. 282. Caso a defesa prévia seja indeferida ou
julgados necessários à sua identificação; não seja apresentada no prazo estabelecido, será
IV - o prontuário do condutor, sempre que aplicada a penalidade e expedida notificação ao
possível; proprietário do veículo ou ao infrator, por remessa
V - identificação do órgão ou entidade e da postal ou por qualquer outro meio tecnológico
autoridade ou agente autuador ou equipamento hábil que assegure a ciência da imposição da
que comprovar a infração; penalidade.
VI - assinatura do infrator, sempre que possível, § 1º A notificação devolvida por desatualização
valendo esta como notificação do cometimento da do endereço do proprietário do veículo ou por
infração. recusa em recebê-la será considerada válida
§ 2º A infração deverá ser comprovada por para todos os efeitos.
declaração da autoridade ou do agente da § 2º A notificação a pessoal de missões
autoridade de trânsito, por aparelho eletrônico ou diplomáticas, de repartições consulares de carreira
por equipamento audiovisual, reações químicas ou e de representações de organismos internacionais
qualquer outro meio tecnologicamente disponível, e de seus integrantes será remetida ao Ministério
previamente regulamentado pelo CONTRAN. das Relações Exteriores para as providências
§ 3º Não sendo possível a autuação em flagrante, cabíveis e cobrança dos valores, no caso de
o agente de trânsito relatará o fato à autoridade multa.
§ 3º Sempre que a penalidade de multa for § 4º A coordenação do sistema de que trata o
imposta a condutor, à exceção daquela de que caput deste artigo é de responsabilidade do
trata o § 1º do art. 259, a notificação será órgão máximo executivo de trânsito da União.
encaminhada ao proprietário do veículo, Art. 284. O pagamento da multa poderá ser
responsável pelo seu pagamento. efetuado até a data do vencimento expressa na
§ 4º Da notificação deverá constar a data do notificação, por oitenta por cento do seu valor.
término do prazo para apresentação de recurso § 1º Caso o infrator declare pelo sistema de
pelo responsável pela infração, que não será notificação eletrônica de que trata o art. 282-A
inferior a trinta dias contados da data da deste Código a opção por não apresentar defesa
notificação da penalidade. prévia nem recurso, reconhecendo o
§ 5º No caso de penalidade de multa, a data cometimento da infração, o pagamento da multa
estabelecida no parágrafo anterior será a data poderá ser efetuado por 60% (sessenta por
para o recolhimento de seu valor. cento) do seu valor, em qualquer fase do
§ 6º O prazo para expedição das notificações das processo, até o vencimento do prazo de
penalidades previstas no art. 256 deste Código é pagamento da multa.
de 180 (cento e oitenta) dias ou, se houver § 2º O recolhimento do valor da multa não implica
interposição de defesa prévia, de 360 (trezentos e renúncia ao questionamento administrativo, que
sessenta) dias, contado: pode ser realizado a qualquer momento,
I - no caso das penalidades previstas nos incisos I respeitado o disposto no § 1º.
e II do caput do art. 256 deste Código, da data do § 3º Não incidirá cobrança moratória e não
cometimento da infração; poderá ser aplicada qualquer restrição, inclusive
II - no caso das demais penalidades previstas no para fins de licenciamento e transferência,
art. 256 deste Código, da conclusão do processo enquanto não for encerrada a instância
administrativo da penalidade que lhe der causa. administrativa de julgamento de infrações e
§ 6º-A. Para fins de aplicação do inciso I do § 6º penalidades.
deste artigo, no caso das autuações que não § 4º Encerrada a instância administrativa de
sejam em flagrante, o prazo será contado da data julgamento de infrações e penalidades, a multa
do conhecimento da infração pelo órgão de não paga até o vencimento será acrescida de
trânsito responsável pela aplicação da penalidade, juros de mora equivalentes à taxa referencial do
na forma definida pelo Contran. Sistema Especial de Liquidação e de Custódia
§ 7º O descumprimento dos prazos previstos no § (Selic) para títulos federais acumulada
6º deste artigo implicará a decadência do direito mensalmente, calculados a partir do mês
de aplicar a respectiva penalidade. subsequente ao da consolidação até o mês
Art. 282-A. O órgão ou entidade do Sistema anterior ao do pagamento, e de 1% (um por
Nacional de Trânsito responsável pela autuação cento) relativamente ao mês em que o pagamento
notificará o proprietário do veículo ou o condutor estiver sendo efetuado.
autuado por meio eletrônico, mediante sistema de § 5º O sistema de notificação eletrônica de que
notificação eletrônica definido pelo Contran. trata o art. 282-A deste Código deve disponibilizar,
§ 1º O proprietário e o condutor autuado deverão na mesma plataforma, campo destinado à
manter seu cadastro atualizado no órgão apresentação de defesa prévia e de recurso,
executivo de trânsito do Estado ou do Distrito quando o infrator não reconhecer o cometimento
Federal. da infração, na forma regulamentada pelo
§ 2º Na hipótese de notificação prevista no caput Contran.
deste artigo, o proprietário ou o condutor autuado § 6º O recurso de que trata o caput deste artigo
será considerado notificado 30 (trinta) dias após a deverá ser julgado no prazo de 24 (vinte e
inclusão da informação no sistema eletrônico e do quatro) meses, contado do recebimento do
envio da respectiva mensagem. recurso pelo órgão julgador.
§ 3º O sistema previsto no caput será certificado Art. 285. O recurso contra a penalidade imposta
digitalmente, atendidos os requisitos de nos termos do art. 282 deste Código será
autenticidade, integridade, validade jurídica e interposto perante a autoridade que imputou a
interoperabilidade da Infraestrutura de Chaves penalidade e terá efeito suspensivo.
Públicas Brasileira (ICP-Brasil). § 1º O recurso intempestivo ou interposto por parte
ilegítima não terá efeito suspensivo.
§ 2º Recebido o recurso tempestivo, a autoridade I - quando houver apenas 1 (uma) Jari, o recurso
o remeterá à Jari, no prazo de 10 (dez) dias, será julgado por seus membros;
contado da data de sua interposição. II - quando necessário, novos colegiados especiais
§ 4º Na apresentação de defesa ou recurso, em poderão ser formados, compostos pelo Presidente
qualquer fase do processo, para efeitos de da Junta que apreciou o recurso e por mais 2
admissibilidade, não serão exigidos documentos (dois) Presidentes de Junta, na forma estabelecida
ou cópia de documentos emitidos pelo órgão pelo Contran.
responsável pela autuação. Art. 289-A. O não julgamento dos recursos nos
§ 5º O recurso intempestivo será arquivado. prazos previstos no § 6º do art. 285 e no caput do
Art. 286. O recurso contra a imposição de multa art. 289 deste Código ensejará a prescrição da
poderá ser interposto no prazo legal, sem o pretensão punitiva.
recolhimento do seu valor. Art. 290. Implicam encerramento da instância
§ 1º No caso de não provimento do recurso, administrativa de julgamento de infrações e
aplicar-se-á o estabelecido no parágrafo único do penalidades:
art. 284. I - o julgamento do recurso de que tratam os arts.
§ 2º Se o infrator recolher o valor da multa e 288 e 289;
apresentar recurso, se julgada improcedente a II - a não interposição do recurso no prazo legal; e
penalidade, ser-lhe-á devolvida a importância III - o pagamento da multa, com reconhecimento
paga, atualizada em UFIR ou por índice legal de da infração e requerimento de encerramento do
correção dos débitos fiscais. processo na fase em que se encontra, sem
Art. 287. Se a infração for cometida em apresentação de defesa ou recurso.
localidade diversa daquela do licenciamento do Parágrafo único. Esgotados os recursos, as
veículo, o recurso poderá ser apresentado junto ao penalidades aplicadas nos termos deste Código
órgão ou entidade de trânsito da residência ou serão cadastradas no RENACH.
domicílio do infrator. Art. 290-A. Os prazos processuais de que trata
Parágrafo único. A autoridade de trânsito que este Código não se suspendem, salvo por motivo
receber o recurso deverá remetê-lo, de pronto, à de força maior devidamente comprovado, nos
autoridade que impôs a penalidade acompanhado termos de regulamento do Contran.
das cópias dos prontuários necessários ao
julgamento. CAPÍTULO XIX
Art. 288. Das decisões da JARI cabe recurso a Dos Crimes De Trânsito
ser interposto, na forma do artigo seguinte, no Seção I
prazo de trinta dias contado da publicação ou da Disposições Gerais
notificação da decisão.
§ 1º O recurso será interposto, da decisão do não Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de
provimento, pelo responsável pela infração, e da veículos automotores, previstos neste Código,
decisão de provimento, pela autoridade que impôs aplicam-se as normas gerais do Código Penal e
a penalidade. do Código de Processo Penal, se este Capítulo
Art. 289. O recurso de que trata o art. 288 deste não dispuser de modo diverso, bem como a Lei
Código deverá ser julgado no prazo de 24 (vinte e nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que
quatro) meses, contado do recebimento do couber.
recurso pelo órgão julgador: § 1° Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão
I - tratando-se de penalidade imposta por órgão ou corporal culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88
entidade da União, por colegiado especial da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995,
integrado pelo Coordenador-Geral da Jari, pelo exceto se o agente estiver:
Presidente da Junta que apreciou o recurso e por I - sob a influência de álcool ou qualquer outra
mais um Presidente de Junta; substância psicoativa que determine dependência;
II - tratando-se de penalidade imposta por órgão II - participando, em via pública, de corrida, disputa
ou entidade de trânsito estadual, municipal ou do ou competição automobilística, de exibição ou
Distrito Federal, pelos CETRAN E demonstração de perícia em manobra de veículo
CONTRANDIFE, respectivamente. automotor, não autorizada pela autoridade
Parágrafo único. No caso do inciso I do caput competente;
deste artigo:
III - transitando em velocidade superior à máxima habilitação para dirigir veículo automotor, sem
permitida para a via em 50 km/h (cinquenta prejuízo das demais sanções penais cabíveis.
quilômetros por hora). Art. 297. A penalidade de multa reparatória
§ 2° Nas hipóteses previstas no § 1° deste artigo, consiste no pagamento, mediante depósito
deverá ser instaurado inquérito policial para a judicial em favor da vítima, ou seus sucessores,
investigação da infração penal. de quantia calculada com base no disposto no § 1º
§ 4º O juiz fixará a pena-base segundo as do art. 49 do Código Penal, sempre que houver
diretrizes previstas no art. 59 do Decreto-Lei nº prejuízo material resultante do crime.
2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), § 1º A multa reparatória não poderá ser superior
dando especial atenção à culpabilidade do ao valor do prejuízo demonstrado no processo.
agente e às circunstâncias e consequências do § 2º Aplica-se à multa reparatória o disposto nos
crime. arts. 50 a 52 do Código Penal.
Art. 292. A suspensão ou a proibição de se obter § 3º Na indenização civil do dano, o valor da multa
a permissão ou a habilitação para dirigir veículo reparatória será descontado.
automotor pode ser imposta isolada ou Art. 298. São circunstâncias que sempre
cumulativamente com outras penalidades. agravam as penalidades dos crimes de trânsito ter
Art. 293. A penalidade de suspensão ou de o condutor do veículo cometido a infração:
proibição de se obter a permissão ou a habilitação, I - com dano potencial para duas ou mais pessoas
para dirigir veículo automotor, tem a duração de ou com grande risco de grave dano patrimonial a
dois meses a cinco anos. terceiros;
§ 1º Transitada em julgado a sentença II - utilizando o veículo sem placas, com placas
condenatória, o réu será intimado a entregar à falsas ou adulteradas;
autoridade judiciária, em quarenta e oito horas, a III - sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira
Permissão para Dirigir ou a Carteira de de Habilitação;
Habilitação. IV - com Permissão para Dirigir ou Carteira de
§ 2º A penalidade de suspensão ou de proibição Habilitação de categoria diferente da do veículo;
de se obter a permissão ou a habilitação para V - quando a sua profissão ou atividade exigir
dirigir veículo automotor não se inicia enquanto o cuidados especiais com o transporte de
sentenciado, por efeito de condenação penal, passageiros ou de carga;
estiver recolhido a estabelecimento prisional. VI - utilizando veículo em que tenham sido
Art. 294. Em qualquer fase da investigação ou adulterados equipamentos ou características que
da ação penal, havendo necessidade para a afetem a sua segurança ou o seu funcionamento
garantia da ordem pública, poderá o juiz, como de acordo com os limites de velocidade prescritos
medida cautelar, de ofício, ou a requerimento do nas especificações do fabricante;
Ministério Público ou ainda mediante VII - sobre faixa de trânsito temporária ou
representação da autoridade policial, decretar, em permanentemente destinada a pedestres.
decisão motivada, a suspensão da permissão ou Art. 301. Ao condutor de veículo, nos casos de
da habilitação para dirigir veículo automotor, acidentes de trânsito de que resulte vítima, não se
ou a proibição de sua obtenção. imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá
Parágrafo único. Da decisão que decretar a fiança, se prestar pronto e integral socorro
suspensão ou a medida cautelar, ou da que àquela.
indeferir o requerimento do Ministério Público,
caberá recurso em sentido estrito, sem efeito Seção II
suspensivo. Dos Crimes em Espécie
Art. 295. A suspensão para dirigir veículo
automotor ou a proibição de se obter a permissão Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção
ou a habilitação será sempre comunicada pela de veículo automotor:
autoridade judiciária ao Conselho Nacional de Penas - detenção, de dois a quatro anos, e
Trânsito - CONTRAN, e ao órgão de trânsito do suspensão ou proibição de se obter a permissão
Estado em que o indiciado ou réu for domiciliado ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
ou residente. § 1° No homicídio culposo cometido na direção de
Art. 296. Se o réu for reincidente na prática de veículo automotor, a pena é aumentada de 1/3
crime previsto neste Código, o juiz aplicará a (um terço) à metade, se o agente:
penalidade de suspensão da permissão ou
I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira Penas - detenção, de seis meses a três anos,
de Habilitação; multa e suspensão ou proibição de se obter a
II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada; permissão ou a habilitação para dirigir veículo
III - deixar de prestar socorro, quando possível automotor.
fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente; § 1° As condutas previstas no caput serão
IV - no exercício de sua profissão ou atividade, constatadas por:
estiver conduzindo veículo de transporte de I - concentração igual ou superior a 6 decigramas
passageiros. de álcool por litro de sangue ou igual ou superior a
§ 3° Se o agente conduz veículo automotor sob a 0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar; ou
influência de álcool ou de qualquer outra II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo
substância psicoativa que determine Contran, alteração da capacidade psicomotora.
dependência: § 2° A verificação do disposto neste artigo poderá
Penas - reclusão, de cinco a oito anos, e ser obtida mediante teste de alcoolemia ou
suspensão ou proibição do direito de se obter a toxicológico, exame clínico, perícia, vídeo, prova
permissão ou a habilitação para dirigir veículo testemunhal ou outros meios de prova em direito
automotor. admitidos, observado o direito à contraprova.
Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na § 3° O Contran disporá sobre a equivalência
direção de veículo automotor: entre os distintos testes de alcoolemia ou
Penas - detenção, de seis meses a dois anos e toxicológicos para efeito de caracterização do
suspensão ou proibição de se obter a permissão crime tipificado neste artigo.
ou a habilitação para dirigir veículo automotor. § 4º Poderá ser empregado qualquer aparelho
§ 1° Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) à homologado pelo Instituto Nacional de Metrologia,
metade, se ocorrer qualquer das hipóteses do § Qualidade e Tecnologia - INMETRO - para se
1o do art. 302. determinar o previsto no caput.
§ 2° A pena privativa de liberdade é de reclusão Art. 307. Violar a suspensão ou a proibição de se
de dois a cinco anos, sem prejuízo das outras obter a permissão ou a habilitação para dirigir
penas previstas neste artigo, se o agente veículo automotor imposta com fundamento neste
conduz o veículo com capacidade psicomotora Código:
alterada em razão da influência de álcool ou de Penas - detenção, de seis meses a um ano e
outra substância psicoativa que determine multa, com nova imposição adicional de
dependência, e se do crime resultar lesão idêntico prazo de suspensão ou de proibição.
corporal de natureza grave ou gravíssima. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o
Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião condenado que deixa de entregar, no prazo
do acidente, de prestar imediato socorro à estabelecido no § 1º do art. 293, a Permissão para
vítima, ou, não podendo fazê-lo diretamente, por Dirigir ou a Carteira de Habilitação.
justa causa, deixar de solicitar auxílio da Art. 308. Participar, na direção de veículo
autoridade pública: automotor, em via pública, de corrida, disputa ou
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou competição automobilística ou ainda de exibição
multa, se o fato não constituir elemento de crime ou demonstração de perícia em manobra de
mais grave. veículo automotor, não autorizada pela autoridade
Parágrafo único. Incide nas penas previstas competente, gerando situação de risco à
neste artigo o condutor do veículo, ainda que a incolumidade pública ou privada:
sua omissão seja suprida por terceiros ou que se Penas - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três)
trate de vítima com morte instantânea ou com anos, multa e suspensão ou proibição de se
ferimentos leves. obter a permissão ou a habilitação para dirigir
Art. 305. Afastar-se o condutor do veículo do local veículo automotor.
do acidente, para fugir à responsabilidade penal § 1° Se da prática do crime previsto no caput
ou civil que lhe possa ser atribuída: resultar lesão corporal de natureza grave, e as
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou circunstâncias demonstrarem que o agente não
multa. quis o resultado nem assumiu o risco de
Art. 306. Conduzir veículo automotor com produzi-lo, a pena privativa de liberdade é de
capacidade psicomotora alterada em razão da reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, sem prejuízo
influência de álcool ou de outra substância das outras penas previstas neste artigo.
psicoativa que determine dependência:
§ 2° Se da prática do crime previsto no caput II - trabalho em unidades de pronto-socorro de
resultar morte, e as circunstâncias demonstrarem hospitais da rede pública que recebem vítimas de
que o agente não quis o resultado nem assumiu acidente de trânsito e politraumatizados;
o risco de produzi-lo, a pena privativa de III - trabalho em clínicas ou instituições
liberdade é de reclusão de 5 (cinco) a 10 (dez) especializadas na recuperação de acidentados de
anos, sem prejuízo das outras penas previstas trânsito;
neste artigo. IV - outras atividades relacionadas ao resgate,
Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via pública, atendimento e recuperação de vítimas de
sem a devida Permissão para Dirigir ou acidentes de trânsito.
Habilitação ou, ainda, se cassado o direito de Art. 312-B. Aos crimes previstos no § 3º do art.
dirigir, gerando perigo de dano: 302 e no § 2º do art. 303 deste Código não se
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou aplica o disposto no inciso I do caput do art. 44 do
multa. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940
Art. 310. Permitir, confiar ou entregar a direção de (Código Penal) .
veículo automotor a pessoa não habilitada, com
habilitação cassada ou com o direito de dirigir CAPÍTULO XX
suspenso, ou, ainda, a quem, por seu estado de Disposições Finais E Transitórias
saúde, física ou mental, ou por embriaguez, não
esteja em condições de conduzi-lo com Art. 313. O Poder Executivo promoverá a
segurança: nomeação dos membros do CONTRAN no prazo
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou de sessenta dias da publicação deste Código.
multa. Art. 314. O CONTRAN tem o prazo de duzentos e
Art. 311. Trafegar em velocidade incompatível quarenta dias a partir da publicação deste Código
com a segurança nas proximidades de escolas, para expedir as resoluções necessárias à sua
hospitais, estações de embarque e desembarque melhor execução, bem como revisar todas as
de passageiros, logradouros estreitos, ou onde resoluções anteriores à sua publicação, dando
haja grande movimentação ou concentração de prioridade àquelas que visam a diminuir o número
pessoas, gerando perigo de dano: de acidentes e a assegurar a proteção de
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou pedestres.
multa. Parágrafo único. As resoluções do CONTRAN,
Art. 312. Inovar artificiosamente, em caso de existentes até a data de publicação deste Código,
acidente automobilístico com vítima, na pendência continuam em vigor naquilo em que não conflitem
do respectivo procedimento policial preparatório, com ele.
inquérito policial ou processo penal, o estado de Art. 315. O Ministério da Educação e do Desporto,
lugar, de coisa ou de pessoa, a fim de induzir a mediante proposta do CONTRAN, deverá, no
erro o agente policial, o perito, ou juiz: prazo de duzentos e quarenta dias contado da
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou publicação, estabelecer o currículo com conteúdo
multa. programático relativo à segurança e à educação
Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste de trânsito, a fim de atender o disposto neste
artigo, ainda que não iniciados, quando da Código.
inovação, o procedimento preparatório, o inquérito Art. 316. O prazo de notificação previsto no inciso
ou o processo aos quais se refere. II do parágrafo único do art. 281 só entrará em
Art. 312-A. Para os crimes relacionados nos arts. vigor após duzentos e quarenta dias contados da
302 a 312 deste Código, nas situações em que o publicação desta Lei.
juiz aplicar a substituição de pena privativa de Art. 317. Os órgãos e entidades de trânsito
liberdade por pena restritiva de direitos, esta concederão prazo de até um ano para a
deverá ser de prestação de serviço à adaptação dos veículos de condução de escolares
comunidade ou a entidades públicas, em uma e de aprendizagem às normas do inciso III do art.
das seguintes atividades: 136 e art. 154, respectivamente.
I - trabalho, aos fins de semana, em equipes de Art. 319. Enquanto não forem baixadas novas
resgate dos corpos de bombeiros e em outras normas pelo CONTRAN, continua em vigor o
unidades móveis especializadas no atendimento a disposto no art. 92 do Regulamento do Código
vítimas de trânsito;
Nacional de Trânsito - Decreto nº 62.127, de 16 de § 1º Os documentos previstos no caput poderão
janeiro de 1968. ser gerados e tramitados eletronicamente, bem
Art. 319-A. Os valores de multas constantes deste como arquivados e armazenados em meio digital,
Código poderão ser corrigidos monetariamente desde que assegurada a autenticidade, a
pelo Contran, respeitado o limite da variação do fidedignidade, a confiabilidade e a segurança das
Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo informações, e serão válidos para todos os efeitos
(IPCA) no exercício anterior. legais, sendo dispensada, nesse caso, a sua
Parágrafo único. Os novos valores decorrentes guarda física.
do disposto no caput serão divulgados pelo § 2º O Contran regulamentará a geração, a
Contran com, no mínimo, 90 (noventa) dias de tramitação, o arquivamento, o armazenamento e a
antecedência de sua aplicação. eliminação de documentos eletrônicos e físicos
Art. 320. A receita arrecadada com a cobrança gerados em decorrência da aplicação das
das multas de trânsito será aplicada, disposições deste Código.
exclusivamente, em sinalização, em engenharia § 3º Na hipótese prevista nos §§ 1º e 2º, o sistema
de tráfego, em engenharia de campo, em deverá ser certificado digitalmente, atendidos os
policiamento, em fiscalização, em renovação de requisitos de autenticidade, integridade, validade
frota circulante e em educação de trânsito. jurídica e interoperabilidade da Infraestrutura de
§ 1º O percentual de cinco por cento do valor das Chaves Públicas Brasileira (ICP-Brasil).
multas de trânsito arrecadadas será depositado, Art. 326. A Semana Nacional de Trânsito será
mensalmente, na conta de fundo de âmbito comemorada anualmente no período
nacional destinado à segurança e educação de compreendido entre 18 e 25 de setembro.
trânsito. Art. 326-A. A atuação dos integrantes do Sistema
§ 2º O órgão responsável deverá publicar, Nacional de Trânsito, no que se refere à política
anualmente, na rede mundial de computadores de segurança no trânsito, deverá voltar-se
(internet), dados sobre a receita arrecadada com a prioritariamente para o cumprimento de metas
cobrança de multas de trânsito e sua destinação. anuais de redução de índice de mortos por
§ 3º O valor total destinado à recomposição das grupo de veículos e de índice de mortos por
perdas de receita das concessionárias de grupo de habitantes, ambos apurados por
rodovias e vias urbanas, em decorrência do não Estado e por ano, detalhando-se os dados
pagamento de pedágio por usuários da via, não levantados e as ações realizadas por vias
poderá ultrapassar o montante total federais, estaduais e municipais.
arrecadado por meio das multas aplicadas com § 1° O objetivo geral do estabelecimento de metas
fundamento no art. 209-A deste Código, é, ao final do prazo de dez anos, reduzir à metade,
ressalvado o previsto em regulamento do Poder no mínimo, o índice nacional de mortos por grupo
Executivo. de veículos e o índice nacional de mortos por
Art. 320-A. Os órgãos e as entidades do Sistema grupo de habitantes, relativamente aos índices
Nacional de Trânsito poderão integrar-se para a apurados no ano da entrada em vigor da lei que
ampliação e o aprimoramento da fiscalização de cria o Plano Nacional de Redução de Mortes e
trânsito, inclusive por meio do compartilhamento Lesões no Trânsito (Pnatrans).
da receita arrecadada com a cobrança das multas § 2° As metas expressam a diferença a menor, em
de trânsito. base percentual, entre os índices mais recentes,
Art. 323. O CONTRAN, em cento e oitenta dias, oficialmente apurados, e os índices que se
fixará a metodologia de aferição de peso de pretende alcançar.
veículos, estabelecendo percentuais de tolerância, § 3° A decisão que fixar as metas anuais
sendo durante este período suspensa a vigência estabelecerá as respectivas margens de
das penalidades previstas no inciso V do art. 231, tolerância.
aplicando-se a penalidade de vinte UFIR por § 4° As metas serão fixadas pelo Contran para
duzentos quilogramas ou fração de excesso. cada um dos Estados da Federação e para o
Art. 325. As repartições de trânsito conservarão Distrito Federal, mediante propostas
por, no mínimo, 5 (cinco) anos os documentos fundamentadas dos Cetran, do Contrandife e do
relativos à habilitação de condutores, ao registro e Departamento de Polícia Rodoviária Federal, no
ao licenciamento de veículos e aos autos de âmbito das respectivas circunscrições.
infração de trânsito. § 5° Antes de submeterem as propostas ao
Contran, os Cetran, o Contrandife e o
Departamento de Polícia Rodoviária Federal Departamento de Polícia Rodoviária Federal e
realizarão consulta ou audiência pública para demais órgãos do Sistema Nacional de Trânsito.
manifestação da sociedade sobre as metas a § 12. Os índices serão divulgados oficialmente até
serem propostas. o dia 31 de março de cada ano.
§ 6° As propostas dos Cetran, do Contrandife e do § 13. Com base em índices parciais, apurados no
Departamento de Polícia Rodoviária Federal serão decorrer do ano, o Contran, os Cetran e o
encaminhadas ao Contran até o dia 1° de Contrandife poderão recomendar aos integrantes
agosto de cada ano, acompanhadas de relatório do Sistema Nacional de Trânsito alterações nas
analítico a respeito do cumprimento das metas ações, projetos e programas em desenvolvimento
fixadas para o ano anterior e de exposição de ou previstos, com o fim de atingir as metas fixadas
ações, projetos ou programas, com os respectivos para cada um dos Estados e para o Distrito
orçamentos, por meio dos quais se pretende Federal.
cumprir as metas propostas para o ano seguinte. § 14 A partir da análise de desempenho a que se
§ 7° As metas fixadas serão divulgadas em refere o § 7° deste artigo, o Contran elaborará e
setembro, durante a Semana Nacional de divulgará, também durante a Semana Nacional de
Trânsito, assim como o desempenho, absoluto e Trânsito:
relativo, de cada Estado e do Distrito Federal no I - duas classificações ordenadas dos Estados e
cumprimento das metas vigentes no ano anterior, do Distrito Federal, uma referente ao ano
detalhados os dados levantados e as ações analisado e outra que considere a evolução do
realizadas por vias federais, estaduais e desempenho dos Estados e do Distrito Federal
municipais, devendo tais informações permanecer desde o início das análises;
à disposição do público na rede mundial de II - relatório a respeito do cumprimento do objetivo
computadores, em sítio eletrônico do órgão geral do estabelecimento de metas previsto no §
máximo executivo de trânsito da União. 1o deste artigo.
§ 8° O Contran, ouvidos o Departamento de Art. 327. A partir da publicação deste Código,
Polícia Rodoviária Federal e demais órgãos do somente poderão ser fabricados e licenciados
Sistema Nacional de Trânsito, definirá as veículos que obedeçam aos limites de peso e
fórmulas para apuração dos índices de que trata dimensões fixados na forma desta Lei,
este artigo, assim como a metodologia para a ressalvados os que vierem a ser regulamentados
coleta e o tratamento dos dados estatísticos pelo CONTRAN.
necessários para a composição dos termos das Art. 328. O veículo apreendido ou removido a
fórmulas. qualquer título e não reclamado por seu
§ 9° Os dados estatísticos coletados em cada proprietário dentro do prazo de sessenta dias,
Estado e no Distrito Federal serão tratados e contado da data de recolhimento, será avaliado e
consolidados pelo respectivo órgão ou entidade levado a leilão, a ser realizado preferencialmente
executivos de trânsito, que os repassará ao órgão por meio eletrônico.
máximo executivo de trânsito da União até o dia 1° § 1° Publicado o edital do leilão, a preparação
de março, por meio do sistema de registro poderá ser iniciada após trinta dias, contados da
nacional de acidentes e estatísticas de trânsito. data de recolhimento do veículo, o qual será
§ 10. Os dados estatísticos sujeitos à classificado em duas categorias:
consolidação pelo órgão ou entidade executivos I - conservado, quando apresenta condições de
de trânsito do Estado ou do Distrito Federal segurança para trafegar; e
compreendem os coletados naquela circunscrição: II - sucata, quando não está apto a trafegar.
I - pela Polícia Rodoviária Federal e pelo órgão § 2° Se não houver oferta igual ou superior ao
executivo rodoviário da União; valor da avaliação, o lote será incluído no leilão
II - pela Polícia Militar e pelo órgão ou entidade seguinte, quando será arrematado pelo maior
executivos rodoviários do Estado ou do Distrito lance, desde que por valor não inferior a cinquenta
Federal; por cento do avaliado.
III - pelos órgãos ou entidades executivos § 3° Mesmo classificado como conservado, o
rodoviários e pelos órgãos ou entidades veículo que for levado a leilão por duas vezes e
executivos de trânsito dos Municípios. não for arrematado será leiloado como sucata.
§ 11. O cálculo dos índices, para cada Estado e § 4° É vedado o retorno do veículo leiloado como
para o Distrito Federal, será feito pelo órgão sucata à circulação.
máximo executivo de trânsito da União, ouvidos o
§ 5° A cobrança das despesas com estada no § 13. Aplica-se o disposto neste artigo, no que
depósito será limitada ao prazo de seis meses. couber, ao animal recolhido, a qualquer título, e
§ 6° Os valores arrecadados em leilão deverão ser não reclamado por seu proprietário no prazo de
utilizados para custeio da realização do leilão, sessenta dias, a contar da data de recolhimento,
dividindo-se os custos entre os veículos conforme regulamentação do CONTRAN.
arrematados, proporcionalmente ao valor da § 14. Se identificada a existência de restrição
arrematação, e destinando-se os valores policial ou judicial sobre o prontuário do veículo, a
remanescentes, na seguinte ordem, para: autoridade responsável pela restrição será
I - as despesas com remoção e estada; notificada para a retirada do bem do depósito,
II - os tributos vinculados ao veículo, na forma do § mediante a quitação das despesas com remoção e
10; estada, ou para a autorização do leilão nos termos
III - os credores trabalhistas, tributários e titulares deste artigo.
de crédito com garantia real, segundo a ordem de § 15. Se no prazo de 60 (sessenta) dias, a contar
preferência estabelecida no art. 186 da Lei no da notificação de que trata o § 14, não houver
5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código manifestação da autoridade responsável pela
Tributário Nacional); restrição judicial ou policial, estará o órgão de
IV - as multas devidas ao órgão ou à entidade trânsito autorizado a promover o leilão do veículo
responsável pelo leilão; nos termos deste artigo.
V - as demais multas devidas aos órgãos § 16. Os veículos, sucatas e materiais inservíveis
integrantes do Sistema Nacional de Trânsito, de bens automotores que se encontrarem nos
segundo a ordem cronológica; e depósitos há mais de 1 (um) ano poderão ser
VI - os demais créditos, segundo a ordem de destinados à reciclagem, independentemente da
preferência legal. existência de restrições sobre o veículo.
§ 7° Sendo insuficiente o valor arrecadado para § 17. O procedimento de hasta pública na
quitar os débitos incidentes sobre o veículo, a hipótese do § 16 será realizado por lote de
situação será comunicada aos credores. tonelagem de material ferroso, observando-se, no
§ 8° Os órgãos públicos responsáveis serão que couber, o disposto neste artigo,
comunicados do leilão previamente para que condicionando-se a entrega do material
formalizem a desvinculação dos ônus incidentes arrematado aos procedimentos necessários à
sobre o veículo no prazo máximo de dez dias. descaracterização total do bem e à destinação
§ 9° Os débitos incidentes sobre o veículo antes exclusiva, ambientalmente adequada, à
da alienação administrativa ficam dele reciclagem siderúrgica, vedado qualquer
automaticamente desvinculados, sem prejuízo aproveitamento de peças e partes.
da cobrança contra o proprietário anterior. § 18. Os veículos sinistrados irrecuperáveis
§ 10. Aplica-se o disposto no § 9° inclusive ao queimados, adulterados ou estrangeiros, bem
débito relativo a tributo cujo fato gerador seja a como aqueles sem possibilidade de regularização
propriedade, o domínio útil, a posse, a circulação perante o órgão de trânsito, serão destinados à
ou o licenciamento de veículo. reciclagem, independentemente do período em
§ 11. Na hipótese de o antigo proprietário reaver o que estejam em depósito, respeitado o prazo
veículo, por qualquer meio, os débitos serão previsto no caput deste artigo, sempre que a
novamente vinculados ao bem, aplicando-se, autoridade responsável pelo leilão julgar ser essa
nesse caso, o disposto nos §§ 1°, 2° e 3° do art. a medida apropriada.
271. Art. 329. Os condutores dos veículos de que
§ 12. Quitados os débitos, o saldo remanescente tratam os arts. 135 e 136, para exercerem suas
será depositado em conta específica do órgão atividades, deverão apresentar, previamente,
responsável pela realização do leilão e ficará à certidão negativa do registro de distribuição
disposição do antigo proprietário, devendo ser criminal relativamente aos crimes de homicídio,
expedida notificação a ele, no máximo em trinta roubo, estupro e corrupção de menores,
dias após a realização do leilão, para o renovável a cada cinco anos, junto ao órgão
levantamento do valor no prazo de cinco anos, responsável pela respectiva concessão ou
após os quais o valor será transferido, autorização.
definitivamente, para o fundo a que se refere o Art. 330. Os estabelecimentos onde se executem
parágrafo único do art. 320. reformas ou recuperação de veículos e os que
comprem, vendam ou desmontem veículos,
usados ou não, são obrigados a possuir livros lhes inspecionar a execução de quaisquer serviços
de registro de seu movimento de entrada e saída e deverão atender prontamente suas requisições.
e de uso de placas de experiência, conforme Art. 333. O CONTRAN estabelecerá, em até
modelos aprovados e rubricados pelos órgãos de cento e vinte dias após a nomeação de seus
trânsito. membros, as disposições previstas nos arts. 91 e
§ 1º Os livros indicarão: 92, que terão de ser atendidas pelos órgãos e
I - data de entrada do veículo no estabelecimento; entidades executivos de trânsito e executivos
II - nome, endereço e identidade do proprietário ou rodoviários para exercerem suas competências.
vendedor; § 1º Os órgãos e entidades de trânsito já
III - data da saída ou baixa, nos casos de existentes terão prazo de um ano, após a edição
desmontagem; das normas, para se adequarem às novas
IV - nome, endereço e identidade do comprador; disposições estabelecidas pelo CONTRAN,
V - características do veículo constantes do seu conforme disposto neste artigo.
certificado de registro; § 2º Os órgãos e entidades de trânsito a serem
VI - número da placa de experiência. criados exercerão as competências previstas
§ 2º Os livros terão suas páginas numeradas neste Código em cumprimento às exigências
tipograficamente e serão encadernados ou em estabelecidas pelo CONTRAN, conforme disposto
folhas soltas, sendo que, no primeiro caso, neste artigo, acompanhados pelo respectivo
conterão termo de abertura e encerramento CETRAN, se órgão ou entidade municipal, ou
lavrados pelo proprietário e rubricados pela CONTRAN, se órgão ou entidade estadual, do
repartição de trânsito, enquanto, no segundo, Distrito Federal ou da União, passando a integrar
todas as folhas serão autenticadas pela repartição o Sistema Nacional de Trânsito.
de trânsito. Art. 334. As ondulações transversais existentes
§ 3º A entrada e a saída de veículos nos deverão ser homologadas pelo órgão ou entidade
estabelecimentos referidos neste artigo registrar- competente no prazo de um ano, a partir da
se-ão no mesmo dia em que se verificarem publicação deste Código, devendo ser retiradas
assinaladas, inclusive, as horas a elas em caso contrário.
correspondentes, podendo os veículos irregulares Art. 336. Aplicam-se os sinais de trânsito previstos
lá encontrados ou suas sucatas ser apreendidos no Anexo II até a aprovação pelo CONTRAN, no
ou retidos para sua completa regularização. prazo de trezentos e sessenta dias da publicação
§ 4º As autoridades de trânsito e as autoridades desta Lei, após a manifestação da Câmara
policiais terão acesso aos livros sempre que o Temática de Engenharia, de Vias e Veículos e
solicitarem, não podendo, entretanto, retirá-los obedecidos os padrões internacionais.
do estabelecimento. Art. 337. Os CETRAN terão suporte técnico e
§ 5º A falta de escrituração dos livros, o atraso, a financeiro dos Estados e Municípios que os
fraude ao realizá-lo e a recusa de sua exibição compõem e, o CONTRANDIFE, do Distrito
serão punidas com a multa prevista para as Federal.
infrações gravíssimas, independente das demais Art. 338. As montadoras, encarroçadoras, os
cominações legais cabíveis. importadores e fabricantes, ao comerciarem
§ 6° Os livros previstos neste artigo poderão ser veículos automotores de qualquer categoria e
substituídos por sistema eletrônico, na forma ciclos, são obrigados a fornecer, no ato da
regulamentada pelo Contran. comercialização do respectivo veículo, manual
Art. 331. Até a nomeação e posse dos membros contendo normas de circulação, infrações,
que passarão a integrar os colegiados destinados penalidades, direção defensiva, primeiros socorros
ao julgamento dos recursos administrativos e Anexos do Código de Trânsito Brasileiro.
previstos na Seção II do Capítulo XVIII deste Art. 338-A. As competências previstas no inciso
Código, o julgamento dos recursos ficará a cargo XV do caput do art. 21 e no inciso XXII do caput
dos órgãos ora existentes. do art. 24 deste Código serão atribuídas aos
Art. 332. Os órgãos e entidades integrantes do órgãos ou entidades descritos no caput dos
Sistema Nacional de Trânsito proporcionarão aos referidos artigos a partir de 1º de janeiro de 2024.
membros do CONTRAN, CETRAN e Parágrafo único. Até 31 de dezembro de 2023,
CONTRANDIFE, em serviço, todas as facilidades as competências a que se refere o caput deste
para o cumprimento de sua missão, fornecendo- artigo serão exercidas pelos órgãos e entidades
lhes as informações que solicitarem, permitindo-
executivos de trânsito dos Estados e do Distrito marcação e testes obrigatoriamente realizados
Federal. pelo fabricante;
Art. 339. Fica o Poder Executivo autorizado a abrir XI - informar às Secretarias de Segurança Pública
crédito especial no valor de R$ 264.954,00 dos Estados e do Distrito Federal os registros e
(duzentos e sessenta e quatro mil, novecentos e autorizações de porte de armas de fogo nos
cinquenta e quatro reais), em favor do ministério respectivos territórios, bem como manter o
ou órgão a que couber a coordenação máxima do cadastro atualizado para consulta.
Sistema Nacional de Trânsito, para atender as Parágrafo único. As disposições deste artigo não
despesas decorrentes da implantação deste alcançam as armas de fogo das Forças
Código. Armadas e Auxiliares, bem como as demais que
constem dos seus registros próprios.
ESTATUTO DO DESARMAMENTO
(LEI Nº 10.826/03) CAPÍTULO II
Do Registro
CAPÍTULO I
Do Sistema Nacional De Armas Art. 3° É obrigatório o registro de arma de fogo
no órgão competente.
Art. 1° O Sistema Nacional de Armas – Sinarm, Parágrafo único. As armas de fogo de uso
instituído no Ministério da Justiça, no âmbito da restrito serão registradas no Comando do
Polícia Federal, tem circunscrição em todo o Exército, na forma do regulamento desta Lei.
território nacional. Art. 4° Para adquirir arma de fogo de uso
Art. 2° Ao Sinarm compete: permitido o interessado deverá, além de declarar
I - identificar as características e a propriedade a efetiva necessidade, atender aos seguintes
de armas de fogo, mediante cadastro; requisitos:
II - cadastrar as armas de fogo produzidas, I - comprovação de idoneidade, com a
importadas e vendidas no País; apresentação de certidões negativas de
III - cadastrar as autorizações de porte de arma antecedentes criminais fornecidas pela Justiça
de fogo e as renovações expedidas pela Polícia Federal, Estadual, Militar e Eleitoral e de não estar
Federal; respondendo a inquérito policial ou a processo
IV - cadastrar as transferências de propriedade, criminal, que poderão ser fornecidas por meios
extravio, furto, roubo e outras ocorrências eletrônicos;
suscetíveis de alterar os dados cadastrais, II - apresentação de documento comprobatório
inclusive as decorrentes de fechamento de de ocupação lícita e de residência certa;
empresas de segurança privada e de III - comprovação de capacidade técnica e de
transporte de valores; aptidão psicológica para o manuseio de arma de
V - identificar as modificações que alterem as fogo, atestadas na forma disposta no regulamento
características ou o funcionamento de arma de desta Lei.
fogo; § 1° O Sinarm expedirá autorização de compra
VI - integrar no cadastro os acervos policiais já de arma de fogo após atendidos os requisitos
existentes; anteriormente estabelecidos, em nome do
VII - cadastrar as apreensões de armas de fogo, requerente e para a arma indicada, sendo
inclusive as vinculadas a procedimentos policiais e intransferível esta autorização.
judiciais; § 2° A aquisição de munição somente poderá ser
VIII - cadastrar os armeiros em atividade no feita no calibre correspondente à arma
País, bem como conceder licença para exercer a registrada e na quantidade estabelecida no
atividade; regulamento desta Lei.
IX - cadastrar mediante registro os produtores, § 3° A empresa que comercializar arma de fogo
atacadistas, varejistas, exportadores e em território nacional é obrigada a comunicar a
importadores autorizados de armas de fogo, venda à autoridade competente, como também a
acessórios e munições; manter banco de dados com todas as
X - cadastrar a identificação do cano da arma, as características da arma e cópia dos documentos
características das impressões de raiamento e de previstos neste artigo.
microestriamento de projétil disparado, conforme
§ 4° A empresa que comercializa armas de fogo, certificado de registro provisório, expedido na
acessórios e munições responde legalmente por rede mundial de computadores - internet, na forma
essas mercadorias, ficando registradas como de do regulamento e obedecidos os procedimentos a
sua propriedade enquanto não forem vendidas. seguir:
§ 5° A comercialização de armas de fogo, I - emissão de certificado de registro provisório
acessórios e munições entre pessoas físicas pela internet, com validade inicial de 90
somente será efetivada mediante autorização do (noventa) dias; e
Sinarm. II - revalidação pela unidade do Departamento de
§ 6° A expedição da autorização a que se refere o Polícia Federal do certificado de registro provisório
§ 1°será concedida, ou recusada com a devida pelo prazo que estimar como necessário para a
fundamentação, no prazo de 30 (trinta) dias emissão definitiva do certificado de registro de
úteis, a contar da data do requerimento do propriedade.
interessado. § 5º Aos residentes em área rural, para os fins do
§ 7° O registro precário a que se refere o § 4° disposto no caput deste artigo, considera-se
prescinde do cumprimento dos requisitos dos residência ou domicílio toda a extensão do
incisos I, II e III deste artigo. respectivo imóvel rural.
§ 8° Estará dispensado das exigências
constantes do inciso III do caput deste artigo, na CAPÍTULO III
forma do regulamento, o interessado em adquirir Do Porte
arma de fogo de uso permitido que comprove
estar autorizado a portar arma com as mesmas Art. 6° É proibido o porte de arma de fogo em
características daquela a ser adquirida. todo o território nacional, salvo para os casos
Art. 5º O certificado de Registro de Arma de Fogo, previstos em legislação própria e para:
com validade em todo o território nacional, I - os integrantes das Forças Armadas;
autoriza o seu proprietário a manter a arma de II - os integrantes de órgãos referidos nos incisos
fogo exclusivamente no interior de sua I, II, III, IV e V do caput do art. 144 da Constituição
residência ou domicílio, ou dependência desses, Federal e os da Força Nacional de Segurança
ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que Pública (FNSP);
seja ele o titular ou o responsável legal pelo III - os integrantes das guardas municipais das
estabelecimento ou empresa. capitais dos Estados e dos Municípios com mais
§ 1° O certificado de registro de arma de fogo será de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, nas
expedido pela Polícia Federal e será precedido condições estabelecidas no regulamento desta
de autorização do Sinarm. Lei;
§ 2° Os requisitos de que tratam os incisos I, II e III IV - os integrantes das guardas municipais dos
do art. 4° deverão ser comprovados Municípios com mais de 50.000 (cinquenta mil) e
periodicamente, em período não inferior a 3 menos de 500.000 (quinhentos mil) habitantes,
(três) anos, na conformidade do estabelecido no quando em serviço;
regulamento desta Lei, para a renovação do V - os agentes operacionais da Agência Brasileira
Certificado de Registro de Arma de Fogo. de Inteligência e os agentes do Departamento de
§ 3º O proprietário de arma de fogo com Segurança do Gabinete de Segurança Institucional
certificados de registro de propriedade expedido da Presidência da República;
por órgão estadual ou do Distrito Federal até a VI - os integrantes dos órgãos policiais referidos
data da publicação desta Lei que não optar pela no art. 51, IV, e no art. 52, XIII, da Constituição
entrega espontânea prevista no art. 32 desta Lei Federal;
deverá renová-lo mediante o pertinente registro VII - os integrantes do quadro efetivo dos agentes
federal, até o dia 31 de dezembro de 2008, ante a e guardas prisionais, os integrantes das escoltas
apresentação de documento de identificação de presos e as guardas portuárias;
pessoal e comprovante de residência fixa, ficando VIII - as empresas de segurança privada e de
dispensado do pagamento de taxas e do transporte de valores constituídas, nos termos
cumprimento das demais exigências constantes desta Lei;
dos incisos I a III do caput do art. 4° desta Lei. IX - para os integrantes das entidades de desporto
§ 4° Para fins do cumprimento do disposto no § 3° legalmente constituídas, cujas atividades
deste artigo, o proprietário de arma de fogo poderá esportivas demandem o uso de armas de fogo, na
obter, no Departamento de Polícia Federal,
forma do regulamento desta Lei, observando-se, ficam dispensados do cumprimento do disposto
no que couber, a legislação ambiental. nos incisos I, II e III do mesmo artigo, na forma do
X - integrantes das Carreiras de Auditoria da regulamento desta Lei.
Receita Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal do § 5° Aos residentes em áreas rurais, maiores de
Trabalho, cargos de Auditor-Fiscal e Analista 25 (vinte e cinco) anos que comprovem
Tributário. depender do emprego de arma de fogo para
XI - os tribunais do Poder Judiciário descritos no prover sua subsistência alimentar familiar será
art. 92 da Constituição Federal e os Ministérios concedido pela Polícia Federal o porte de arma de
Públicos da União e dos Estados, para uso fogo, na categoria caçador para subsistência,
exclusivo de servidores de seus quadros pessoais de uma arma de uso permitido, de tiro simples,
que efetivamente estejam no exercício de funções com 1 (um) ou 2 (dois) canos, de alma lisa e de
de segurança, na forma de regulamento a ser calibre igual ou inferior a 16 (dezesseis), desde
emitido pelo Conselho Nacional de Justiça - CNJ e que o interessado comprove a efetiva
pelo Conselho Nacional do Ministério Público - necessidade em requerimento ao qual deverão
CNMP. ser anexados os seguintes documentos:
§ 1° As pessoas previstas nos incisos I, II, III, V e I - documento de identificação pessoal;
VI do caput deste artigo terão direito de portar II - comprovante de residência em área rural; e
arma de fogo de propriedade particular ou III - atestado de bons antecedentes.
fornecida pela respectiva corporação ou § 6° O caçador para subsistência que der outro
instituição, mesmo fora de serviço, nos termos uso à sua arma de fogo, independentemente de
do regulamento desta Lei, com validade em outras tipificações penais, responderá, conforme o
âmbito nacional para aquelas constantes dos caso, por porte ilegal ou por disparo de arma de
incisos I, II, V e VI. fogo de uso permitido.
§ 1º-B. Os integrantes do quadro efetivo de § 7° Aos integrantes das guardas municipais dos
agentes e guardas prisionais poderão portar Municípios que integram regiões metropolitanas
arma de fogo de propriedade particular ou será autorizado porte de arma de fogo, quando
fornecida pela respectiva corporação ou em serviço.
instituição, mesmo fora de serviço, desde que Art. 7º As armas de fogo utilizadas pelos
estejam: empregados das empresas de segurança
I - submetidos a regime de dedicação exclusiva; privada e de transporte de valores, constituídas
II - sujeitos à formação funcional, nos termos do na forma da lei, serão de propriedade,
regulamento; e responsabilidade e guarda das respectivas
III - subordinados a mecanismos de fiscalização e empresas, somente podendo ser utilizadas
de controle interno. quando em serviço, devendo essas observar as
§ 2° A autorização para o porte de arma de fogo condições de uso e de armazenagem
aos integrantes das instituições descritas nos estabelecidas pelo órgão competente, sendo o
incisos V, VI, VII e X do caput deste artigo está certificado de registro e a autorização de porte
condicionada à comprovação do requisito a que expedidos pela Polícia Federal em nome da
se refere o inciso III do caput do art. 4° desta Lei empresa.
nas condições estabelecidas no regulamento § 1º O proprietário ou diretor responsável de
desta Lei. empresa de segurança privada e de transporte de
§ 3° A autorização para o porte de arma de fogo valores responderá pelo crime previsto no
das guardas municipais está condicionada à parágrafo único do art. 13 desta Lei, sem prejuízo
formação funcional de seus integrantes em das demais sanções administrativas e civis, se
estabelecimentos de ensino de atividade deixar de registrar ocorrência policial e de
policial, à existência de mecanismos de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo
fiscalização e de controle interno, nas ou outras formas de extravio de armas de fogo,
condições estabelecidas no regulamento desta acessórios e munições que estejam sob sua
Lei, observada a supervisão do Ministério da guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro) horas
Justiça. depois de ocorrido o fato.
§ 4° Os integrantes das Forças Armadas, das § 2º A empresa de segurança e de transporte de
polícias federais e estaduais e do Distrito Federal, valores deverá apresentar documentação
bem como os militares dos Estados e do Distrito comprobatória do preenchimento dos requisitos
Federal, ao exercerem o direito descrito no art. 4°,
constantes do art. 4° desta Lei quanto aos responsáveis pela segurança de cidadãos
empregados que portarão arma de fogo. estrangeiros em visita ou sediados no Brasil e, ao
§ 3º A listagem dos empregados das empresas Comando do Exército, nos termos do regulamento
referidas neste artigo deverá ser atualizada desta Lei, o registro e a concessão de porte de
semestralmente junto ao Sinarm. trânsito de arma de fogo para colecionadores,
Art. 7º-A. As armas de fogo utilizadas pelos atiradores e caçadores e de representantes
servidores das instituições descritas no inciso XI estrangeiros em competição internacional oficial
do art. 6º serão de propriedade, responsabilidade de tiro realizada no território nacional.
e guarda das respectivas instituições, somente Art. 10. A autorização para o porte de arma de
podendo ser utilizadas quando em serviço, fogo de uso permitido, em todo o território
devendo estas observar as condições de uso e de nacional, é de competência da Polícia Federal e
armazenagem estabelecidas pelo órgão somente será concedida após autorização do
competente, sendo o certificado de registro e a Sinarm.
autorização de porte expedidos pela Polícia § 1º A autorização prevista neste artigo poderá ser
Federal em nome da instituição. concedida com eficácia temporária e territorial
§ 1° A autorização para o porte de arma de fogo limitada, nos termos de atos regulamentares, e
de que trata este artigo independe do pagamento dependerá de o requerente:
de taxa. I – demonstrar a sua efetiva necessidade por
§ 2º O presidente do tribunal ou o chefe do exercício de atividade profissional de risco ou
Ministério Público designará os servidores de seus de ameaça à sua integridade física;
quadros pessoais no exercício de funções de II – atender às exigências previstas no art. 4°
segurança que poderão portar arma de fogo, desta Lei;
respeitado o limite máximo de 50% (cinquenta III – apresentar documentação de propriedade de
por cento) do número de servidores que exerçam arma de fogo, bem como o seu devido registro no
funções de segurança. órgão competente.
§ 3º O porte de arma pelos servidores das § 2° A autorização de porte de arma de fogo,
instituições de que trata este artigo fica prevista neste artigo, perderá automaticamente
condicionado à apresentação de documentação sua eficácia caso o portador dela seja detido ou
comprobatória do preenchimento dos requisitos abordado em estado de embriaguez ou sob efeito
constantes do art. 4° desta Lei, bem como à de substâncias químicas ou alucinógenas.
formação funcional em estabelecimentos de Art. 11. Fica instituída a cobrança de taxas, nos
ensino de atividade policial e à existência de valores constantes do Anexo desta Lei, pela
mecanismos de fiscalização e de controle prestação de serviços relativos:
interno, nas condições estabelecidas no I - ao registro de arma de fogo;
regulamento desta Lei. II - à renovação de registro de arma de fogo;
§ 4º A listagem dos servidores das instituições de III - à expedição de segunda via de registro de
que trata este artigo deverá ser atualizada arma de fogo;
semestralmente no Sinarm. IV - à expedição de porte federal de arma de
§ 5º As instituições de que trata este artigo são fogo;
obrigadas a registrar ocorrência policial e a V - à renovação de porte de arma de fogo;
comunicar à Polícia Federal eventual perda, VI - à expedição de segunda via de porte
furto, roubo ou outras formas de extravio de armas federal de arma de fogo.
de fogo, acessórios e munições que estejam sob § 1º Os valores arrecadados destinam-se ao
sua guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro) custeio e à manutenção das atividades do
horas depois de ocorrido o fato. Sinarm, da Polícia Federal e do Comando do
Art. 8° As armas de fogo utilizadas em entidades Exército, no âmbito de suas respectivas
desportivas legalmente constituídas devem responsabilidades.
obedecer às condições de uso e de § 2° São isentas do pagamento das taxas
armazenagem estabelecidas pelo órgão previstas neste artigo as pessoas e as instituições
competente, respondendo o possuidor ou o a que se referem os incisos I a VII e X e o § 5° do
autorizado a portar a arma pela sua guarda na art. 6° desta Lei.
forma do regulamento desta Lei. Art. 11-A. O Ministério da Justiça disciplinará a
Art. 9º Compete ao Ministério da Justiça a forma e as condições do credenciamento de
autorização do porte de arma para os profissionais pela Polícia Federal para
comprovação da aptidão psicológica e da Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido
capacidade técnica para o manuseio de arma de
fogo. Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber,
§ 1º Na comprovação da aptidão psicológica, o ter em depósito, transportar, ceder, ainda que
valor cobrado pelo psicólogo não poderá exceder gratuitamente, emprestar, remeter, empregar,
ao valor médio dos honorários profissionais para manter sob guarda ou ocultar arma de fogo,
realização de avaliação psicológica constante do acessório ou munição, de uso permitido, sem
item 1.16 da tabela do Conselho Federal de autorização e em desacordo com determinação
Psicologia. legal ou regulamentar:
§ 2º Na comprovação da capacidade técnica, o Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e
valor cobrado pelo instrutor de armamento e tiro multa.
não poderá exceder R$ 80,00 (oitenta reais), Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é
acrescido do custo da munição. inafiançável, salvo quando a arma de fogo
§ 3º A cobrança de valores superiores aos estiver registrada em nome do agente.
previstos nos §§ 1° e 2° deste artigo implicará o
descredenciamento do profissional pela Polícia
Federal. Disparo de arma de fogo

CAPÍTULO IV Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição


em lugar habitado ou em suas adjacências, em
Dos Crimes E Das Penas
via pública ou em direção a ela, desde que essa
conduta não tenha como finalidade a prática de
Posse irregular de arma de fogo de uso outro crime:
permitido Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e
multa.
Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é
de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, inafiançável.
em desacordo com determinação legal ou
regulamentar, no interior de sua residência ou
Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso
dependência desta, ou, ainda no seu local de
restrito
trabalho, desde que seja o titular ou o responsável
legal do estabelecimento ou empresa:
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer,
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e
receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda
multa.
que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar,
manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo,
Omissão de cautela acessório ou munição de uso restrito, sem
autorização e em desacordo com determinação
Art. 13. Deixar de observar as cautelas legal ou regulamentar:
necessárias para impedir que menor de 18 Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e
(dezoito) anos ou pessoa portadora de multa.
deficiência mental se apodere de arma de fogo § 1º Nas mesmas penas incorre quem:
que esteja sob sua posse ou que seja de sua I - suprimir ou alterar marca, numeração ou
propriedade: qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou
Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e artefato;
multa. II - modificar as características de arma de fogo,
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o de forma a torná-la equivalente a arma de fogo
proprietário ou diretor responsável de empresa de de uso proibido ou restrito ou para fins de
segurança e transporte de valores que deixarem dificultar ou de qualquer modo induzir a erro
de registrar ocorrência policial e de comunicar autoridade policial, perito ou juiz;
à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras III - possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato
formas de extravio de arma de fogo, acessório ou explosivo ou incendiário, sem autorização ou em
munição que estejam sob sua guarda, nas desacordo com determinação legal ou
primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de regulamentar;
ocorrido o fato.
IV - portar, possuir, adquirir, transportar ou probatórios razoáveis de conduta criminal
fornecer arma de fogo com numeração, marca ou preexistente.
qualquer outro sinal de identificação raspado, Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a
suprimido ou adulterado; pena é aumentada da metade se a arma de fogo,
V - vender, entregar ou fornecer, ainda que acessório ou munição forem de uso proibido ou
gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição restrito.
ou explosivo a criança ou adolescente; e Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16,
VI - produzir, recarregar ou reciclar, sem 17 e 18, a pena é aumentada da metade se:
autorização legal, ou adulterar, de qualquer I - forem praticados por integrante dos órgãos e
forma, munição ou explosivo. empresas referidas nos arts. 6º, 7º e 8º desta Lei;
§ 2º Se as condutas descritas no caput e no § 1º ou
deste artigo envolverem arma de fogo de uso II - o agente for reincidente específico em crimes
proibido, a pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 12 dessa natureza.
(doze) anos. Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18
são insuscetíveis de liberdade provisória.
Comércio ilegal de arma de fogo
CAPÍTULO V
Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, Disposições Gerais
conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar,
montar, remontar, adulterar, vender, expor à Art. 22. O Ministério da Justiça poderá celebrar
venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito convênios com os Estados e o Distrito Federal
próprio ou alheio, no exercício de atividade para o cumprimento do disposto nesta Lei.
comercial ou industrial, arma de fogo, acessório Art. 23. A classificação legal, técnica e geral bem
ou munição, sem autorização ou em desacordo como a definição das armas de fogo e demais
com determinação legal ou regulamentar: produtos controlados, de usos proibidos, restritos,
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, e permitidos ou obsoletos e de valor histórico serão
multa. disciplinadas em ato do chefe do Poder
§ 1º Equipara-se à atividade comercial ou Executivo Federal, mediante proposta do
industrial, para efeito deste artigo, qualquer forma Comando do Exército.
de prestação de serviços, fabricação ou comércio § 1º Todas as munições comercializadas no País
irregular ou clandestino, inclusive o exercido em deverão estar acondicionadas em embalagens
residência. com sistema de código de barras, gravado na
§ 2º Incorre na mesma pena quem vende ou caixa, visando possibilitar a identificação do
entrega arma de fogo, acessório ou munição, sem fabricante e do adquirente, entre outras
autorização ou em desacordo com a determinação informações definidas pelo regulamento desta Lei.
legal ou regulamentar, a agente policial § 2° Para os órgãos referidos no art. 6°, somente
disfarçado, quando presentes elementos serão expedidas autorizações de compra de
probatórios razoáveis de conduta criminal munição com identificação do lote e do
preexistente. adquirente no culote dos projéteis, na forma do
regulamento desta Lei.
Tráfico internacional de arma de fogo § 3° As armas de fogo fabricadas a partir de 1
(um) ano da data de publicação desta Lei conterão
Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou dispositivo intrínseco de segurança e de
saída do território nacional, a qualquer título, de identificação, gravado no corpo da arma, definido
arma de fogo, acessório ou munição, sem pelo regulamento desta Lei, exclusive para os
autorização da autoridade competente: órgãos previstos no art. 6°.
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 16 (dezesseis) § 4º As instituições de ensino policial e as guardas
anos, e multa. municipais referidas nos incisos III e IV do caput
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem do art. 6° desta Lei e no seu § 7° poderão adquirir
vende ou entrega arma de fogo, acessório ou insumos e máquinas de recarga de munição para
munição, em operação de importação, sem o fim exclusivo de suprimento de suas atividades,
autorização da autoridade competente, a agente mediante autorização concedida nos termos
policial disfarçado, quando presentes elementos definidos em regulamento.
Art. 24. Excetuadas as atribuições a que se refere Art. 26. São vedadas a fabricação, a venda, a
o art. 2º desta Lei, compete ao Comando do comercialização e a importação de brinquedos,
Exército autorizar e fiscalizar a produção, réplicas e simulacros de armas de fogo, que com
exportação, importação, desembaraço estas se possam confundir.
alfandegário e o comércio de armas de fogo e Parágrafo único. Excetuam-se da proibição as
demais produtos controlados, inclusive o registro e réplicas e os simulacros destinados à instrução,
o porte de trânsito de arma de fogo de ao adestramento, ou à coleção de usuário
colecionadores, atiradores e caçadores. autorizado, nas condições fixadas pelo Comando
Art. 25. As armas de fogo apreendidas, após a do Exército.
elaboração do laudo pericial e sua juntada aos Art. 27. Caberá ao Comando do Exército
autos, quando não mais interessarem à autorizar, excepcionalmente, a aquisição de
persecução penal serão encaminhadas pelo juiz armas de fogo de uso restrito.
competente ao Comando do Exército, no prazo Parágrafo único. O disposto neste artigo não se
de até 48 (quarenta e oito) horas, para aplica às aquisições dos Comandos Militares.
destruição ou doação aos órgãos de segurança Art. 28. É vedado ao menor de 25 (vinte e cinco)
pública ou às Forças Armadas, na forma do anos adquirir arma de fogo, ressalvados os
regulamento desta Lei. integrantes das entidades constantes dos incisos I,
§ 1° As armas de fogo encaminhadas ao II, III, V, VI, VII e X do caput do art. 6° desta Lei.
Comando do Exército que receberem parecer Art. 29. As autorizações de porte de armas de
favorável à doação, obedecidos o padrão e a fogo já concedidas expirar-se-ão 90 (noventa) dias
dotação de cada Força Armada ou órgão de após a publicação desta Lei.
segurança pública, atendidos os critérios de Parágrafo único. O detentor de autorização com
prioridade estabelecidos pelo Ministério da Justiça prazo de validade superior a 90 (noventa) dias
e ouvido o Comando do Exército, serão arroladas poderá renová-la, perante a Polícia Federal, nas
em relatório reservado trimestral a ser condições dos arts. 4°, 6° e 10 desta Lei, no prazo
encaminhado àquelas instituições, abrindo-se-lhes de 90 (noventa) dias após sua publicação, sem
prazo para manifestação de interesse. ônus para o requerente.
§ 1º-A. As armas de fogo e munições apreendidas Art. 30. Os possuidores e proprietários de arma
em decorrência do tráfico de drogas de abuso, ou de fogo de uso permitido ainda não registrada
de qualquer forma utilizadas em atividades ilícitas deverão solicitar seu registro até o dia 31 de
de produção ou comercialização de drogas dezembro de 2008, mediante apresentação de
abusivas, ou, ainda, que tenham sido adquiridas documento de identificação pessoal e
com recursos provenientes do tráfico de drogas de comprovante de residência fixa, acompanhados de
abuso, perdidas em favor da União e nota fiscal de compra ou comprovação da origem
encaminhadas para o Comando do Exército, lícita da posse, pelos meios de prova admitidos
devem ser, após perícia ou vistoria que atestem em direito, ou declaração firmada na qual constem
seu bom estado, destinadas com prioridade para as características da arma e a sua condição de
os órgãos de segurança pública e do sistema proprietário, ficando este dispensado do
penitenciário da unidade da federação pagamento de taxas e do cumprimento das
responsável pela apreensão. demais exigências constantes dos incisos I a III do
§ 2º O Comando do Exército encaminhará a caput do art. 4° desta Lei.
relação das armas a serem doadas ao juiz Parágrafo único. Para fins do cumprimento do
competente, que determinará o seu perdimento disposto no caput deste artigo, o proprietário de
em favor da instituição beneficiada. arma de fogo poderá obter, no Departamento de
§ 3º O transporte das armas de fogo doadas será Polícia Federal, certificado de registro provisório,
de responsabilidade da instituição beneficiada, expedido na forma do § 4° do art. 5° desta Lei.
que procederá ao seu cadastramento no Sinarm Art. 31. Os possuidores e proprietários de armas
ou no Sigma. de fogo adquiridas regularmente poderão, a
§ 5° O Poder Judiciário instituirá instrumentos para qualquer tempo, entregá-las à Polícia Federal,
o encaminhamento ao Sinarm ou ao Sigma, mediante recibo e indenização, nos termos do
conforme se trate de arma de uso permitido ou de regulamento desta Lei.
uso restrito, semestralmente, da relação de armas Art. 32. Os possuidores e proprietários de arma
acauteladas em juízo, mencionando suas de fogo poderão entregá-la, espontaneamente,
características e o local onde se encontram. mediante recibo, e, presumindo-se de boa-fé,
serão indenizados, na forma do regulamento, § 6º A formação, a gestão e o acesso ao Banco
ficando extinta a punibilidade de eventual posse Nacional de Perfis Balísticos serão
irregular da referida arma. regulamentados em ato do Poder Executivo
Art. 33. Será aplicada multa de R$ 100.000,00 federal.
(cem mil reais) a R$ 300.000,00 (trezentos mil
reais), conforme especificar o regulamento desta LEI MARIA DA PENHA
Lei: (LEI Nº 11.340/06)
I - à empresa de transporte aéreo, rodoviário,
ferroviário, marítimo, fluvial ou lacustre que
TÍTULO I
deliberadamente, por qualquer meio, faça,
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
promova, facilite ou permita o transporte de arma
ou munição sem a devida autorização ou com
inobservância das normas de segurança; Art. 1º Esta Lei cria mecanismos para coibir e
II - à empresa de produção ou comércio de prevenir a violência doméstica e familiar contra a
armamentos que realize publicidade para venda, mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da
estimulando o uso indiscriminado de armas de Constituição Federal, da Convenção sobre a
fogo, exceto nas publicações especializadas. Eliminação de Todas as Formas de Violência
Art. 34. Os promotores de eventos em locais contra a Mulher, da Convenção Interamericana
fechados, com aglomeração superior a 1000 (um para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra
mil) pessoas, adotarão, sob pena de a Mulher e de outros tratados internacionais
responsabilidade, as providências necessárias ratificados pela República Federativa do Brasil;
para evitar o ingresso de pessoas armadas, dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência
ressalvados os eventos garantidos pelo inciso VI Doméstica e Familiar contra a Mulher; e
do art. 5° da Constituição Federal. estabelece medidas de assistência e proteção às
Parágrafo único. As empresas responsáveis pela mulheres em situação de violência doméstica e
prestação dos serviços de transporte internacional familiar.
e interestadual de passageiros adotarão as Art. 2º Toda mulher, independentemente de
providências necessárias para evitar o embarque classe, raça, etnia, orientação sexual, renda,
de passageiros armados. cultura, nível educacional, idade e religião, goza
Art. 34-A. Os dados relacionados à coleta de dos direitos fundamentais inerentes à pessoa
registros balísticos serão armazenados no humana, sendo-lhe asseguradas as
Banco Nacional de Perfis Balísticos. oportunidades e facilidades para viver sem
§ 1º O Banco Nacional de Perfis Balísticos tem violência, preservar sua saúde física e mental e
como objetivo cadastrar armas de fogo e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social.
armazenar características de classe e Art. 3º Serão asseguradas às mulheres as
individualizadoras de projéteis e de estojos de condições para o exercício efetivo dos direitos à
munição deflagrados por arma de fogo. vida, à segurança, à saúde, à alimentação, à
§ 2º O Banco Nacional de Perfis Balísticos será educação, à cultura, à moradia, ao acesso à
constituído pelos registros de elementos de justiça, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à
munição deflagrados por armas de fogo cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e
relacionados a crimes, para subsidiar ações à convivência familiar e comunitária.
destinadas às apurações criminais federais, § 1º O poder público desenvolverá políticas que
estaduais e distritais. visem garantir os direitos humanos das
§ 3º O Banco Nacional de Perfis Balísticos será mulheres no âmbito das relações domésticas e
gerido pela unidade oficial de perícia criminal. familiares no sentido de resguardá-las de toda
§ 4º Os dados constantes do Banco Nacional de forma de negligência, discriminação, exploração,
Perfis Balísticos terão caráter sigiloso, e aquele violência, crueldade e opressão.
que permitir ou promover sua utilização para fins § 2º Cabe à família, à sociedade e ao poder
diversos dos previstos nesta Lei ou em decisão público criar as condições necessárias para o
judicial responderá civil, penal e efetivo exercício dos direitos enunciados no
administrativamente. caput.
§ 5º É vedada a comercialização, total ou parcial, Art. 4º Na interpretação desta Lei, serão
da base de dados do Banco Nacional de Perfis considerados os fins sociais a que ela se destina
Balísticos. e, especialmente, as condições peculiares das
mulheres em situação de violência doméstica e exploração e limitação do direito de ir e vir ou
familiar. qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à
saúde psicológica e à autodeterminação;
TÍTULO II III - a violência sexual, entendida como qualquer
DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR conduta que a constranja a presenciar, a manter
CONTRA A MULHER ou a participar de relação sexual não desejada,
CAPÍTULO I mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da
Disposições Gerais força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de
qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça
Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura de usar qualquer método contraceptivo ou que a
violência doméstica e familiar contra a mulher force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à
qualquer ação ou omissão baseada no gênero prostituição, mediante coação, chantagem,
que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o
sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos;
I - no âmbito da unidade doméstica, IV - a violência patrimonial, entendida como
compreendida como o espaço de convívio qualquer conduta que configure retenção,
permanente de pessoas, com ou sem vínculo subtração, destruição parcial ou total de seus
familiar, inclusive as esporadicamente objetos, instrumentos de trabalho, documentos
agregadas; pessoais, bens, valores e direitos ou recursos
II - no âmbito da família, compreendida como a econômicos, incluindo os destinados a satisfazer
comunidade formada por indivíduos que são ou se suas necessidades;
consideram aparentados, unidos por laços V - a violência moral, entendida como qualquer
naturais, por afinidade ou por vontade conduta que configure calúnia, difamação ou
expressa; injúria.
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual
o agressor conviva ou tenha convivido com a TÍTULO III
ofendida, independentemente de coabitação. DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO
Parágrafo único. As relações pessoais DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR
enunciadas neste artigo independem de CAPÍTULO I
orientação sexual. Das Medidas Integradas De Prevenção
Art. 6º A violência doméstica e familiar contra a
mulher constitui uma das formas de violação dos Art. 8º A política pública que visa coibir a violência
direitos humanos. doméstica e familiar contra a mulher far-se-á por
meio de um conjunto articulado de ações da
CAPÍTULO II União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Das Formas De Violência Doméstica E Familiar Municípios e de ações não-governamentais, tendo
Contra A Mulher por diretrizes:
I - a integração operacional do Poder Judiciário,
Art. 7º São formas de violência doméstica e do Ministério Público e da Defensoria Pública com
familiar contra a mulher, entre outras: as áreas de segurança pública, assistência social,
I - a violência física, entendida como qualquer saúde, educação, trabalho e habitação;
conduta que ofenda sua integridade ou saúde II - a promoção de estudos e pesquisas,
corporal; estatísticas e outras informações relevantes,
II - a violência psicológica, entendida como com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia,
qualquer conduta que lhe cause dano emocional concernentes às causas, às consequências e à
e diminuição da autoestima ou que lhe frequência da violência doméstica e familiar contra
prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou a mulher, para a sistematização de dados, a
que vise degradar ou controlar suas ações, serem unificados nacionalmente, e a avaliação
comportamentos, crenças e decisões, mediante periódica dos resultados das medidas adotadas;
ameaça, constrangimento, humilhação, III - o respeito, nos meios de comunicação
manipulação, isolamento, vigilância constante, social, dos valores éticos e sociais da pessoa e
perseguição contumaz, insulto, chantagem, da família, de forma a coibir os papéis
violação de sua intimidade, ridicularização, estereotipados que legitimem ou exacerbem a
violência doméstica e familiar, de acordo com o § 2º O juiz assegurará à mulher em situação de
estabelecido no inciso III do art. 1º, no inciso IV do violência doméstica e familiar, para preservar sua
art. 3º e no inciso IV do art. 221 da Constituição integridade física e psicológica:
Federal; I - acesso prioritário à remoção quando servidora
IV - a implementação de atendimento policial pública, integrante da administração direta ou
especializado para as mulheres, em particular indireta;
nas Delegacias de Atendimento à Mulher; II - manutenção do vínculo trabalhista, quando
V - a promoção e a realização de campanhas necessário o afastamento do local de trabalho, por
educativas de prevenção da violência doméstica até seis meses.
e familiar contra a mulher, voltadas ao público III - encaminhamento à assistência judiciária,
escolar e à sociedade em geral, e a difusão desta quando for o caso, inclusive para eventual
Lei e dos instrumentos de proteção aos direitos ajuizamento da ação de separação judicial, de
humanos das mulheres; divórcio, de anulação de casamento ou de
VI - a celebração de convênios, protocolos, dissolução de união estável perante o juízo
ajustes, termos ou outros instrumentos de competente.
promoção de parceria entre órgãos § 3º A assistência à mulher em situação de
governamentais ou entre estes e entidades não violência doméstica e familiar compreenderá o
governamentais, tendo por objetivo a acesso aos benefícios decorrentes do
implementação de programas de erradicação da desenvolvimento científico e tecnológico, incluindo
violência doméstica e familiar contra a mulher; os serviços de contracepção de emergência, a
VII - a capacitação permanente das Polícias Civil profilaxia das Doenças Sexualmente
e Militar, da Guarda Municipal, do Corpo de Transmissíveis (DST) e da Síndrome da
Bombeiros e dos profissionais pertencentes aos Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e outros
órgãos e às áreas enunciados no inciso I quanto procedimentos médicos necessários e cabíveis
às questões de gênero e de raça ou etnia; nos casos de violência sexual.
VIII - a promoção de programas educacionais § 4º Aquele que, por ação ou omissão, causar
que disseminem valores éticos de irrestrito lesão, violência física, sexual ou psicológica e
respeito à dignidade da pessoa humana com a dano moral ou patrimonial a mulher fica obrigado
perspectiva de gênero e de raça ou etnia; a ressarcir todos os danos causados, inclusive
IX - o destaque, nos currículos escolares de ressarcir ao Sistema Único de Saúde (SUS), de
todos os níveis de ensino, para os conteúdos acordo com a tabela SUS, os custos relativos aos
relativos aos direitos humanos, à equidade de serviços de saúde prestados para o total
gênero e de raça ou etnia e ao problema da tratamento das vítimas em situação de violência
violência doméstica e familiar contra a mulher. doméstica e familiar, recolhidos os recursos assim
arrecadados ao Fundo de Saúde do ente federado
CAPÍTULO II responsável pelas unidades de saúde que
Da Assistência À Mulher Em Situação De prestarem os serviços.
Violência Doméstica E Familiar § 5º Os dispositivos de segurança destinados ao
uso em caso de perigo iminente e disponibilizados
Art. 9º A assistência à mulher em situação de para o monitoramento das vítimas de violência
violência doméstica e familiar será prestada de doméstica ou familiar amparadas por medidas
forma articulada e conforme os princípios e as protetivas terão seus custos ressarcidos pelo
diretrizes previstos na Lei Orgânica da agressor.
Assistência Social, no Sistema Único de Saúde, § 6º O ressarcimento de que tratam os §§ 4º e 5º
no Sistema Único de Segurança Pública, entre deste artigo não poderá importar ônus de
outras normas e políticas públicas de proteção, e qualquer natureza ao patrimônio da mulher e
emergencialmente quando for o caso. dos seus dependentes, nem configurar atenuante
§ 1º O juiz determinará, por prazo certo, a ou ensejar possibilidade de substituição da pena
inclusão da mulher em situação de violência aplicada.
doméstica e familiar no cadastro de programas § 7º A mulher em situação de violência doméstica
assistenciais do governo federal, estadual e e familiar tem prioridade para matricular seus
municipal. dependentes em instituição de educação básica
mais próxima de seu domicílio, ou transferi-los
para essa instituição, mediante a apresentação
dos documentos comprobatórios do registro da doméstica e familiar ou testemunha e ao tipo e à
ocorrência policial ou do processo de violência gravidade da violência sofrida;
doméstica e familiar em curso. II - quando for o caso, a inquirição será
§ 8º Serão sigilosos os dados da ofendida e de intermediada por profissional especializado em
seus dependentes matriculados ou transferidos violência doméstica e familiar designado pela
conforme o disposto no § 7º deste artigo, e o autoridade judiciária ou policial;
acesso às informações será reservado ao juiz, ao III - o depoimento será registrado em meio
Ministério Público e aos órgãos competentes do eletrônico ou magnético, devendo a degravação
poder público. e a mídia integrar o inquérito.
Art. 11. No atendimento à mulher em situação de
CAPÍTULO III violência doméstica e familiar, a autoridade policial
Do Atendimento Pela Autoridade Policial deverá, entre outras providências:
I - garantir proteção policial, quando necessário,
Art. 10. Na hipótese da iminência ou da prática comunicando de imediato ao Ministério Público e
de violência doméstica e familiar contra a mulher, ao Poder Judiciário;
a autoridade policial que tomar conhecimento da II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de
ocorrência adotará, de imediato, as providências saúde e ao Instituto Médico Legal;
legais cabíveis. III - fornecer transporte para a ofendida e seus
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput dependentes para abrigo ou local seguro,
deste artigo ao descumprimento de medida quando houver risco de vida;
protetiva de urgência deferida. IV - se necessário, acompanhar a ofendida para
Art. 10-A. É direito da mulher em situação de assegurar a retirada de seus pertences do local
violência doméstica e familiar o atendimento da ocorrência ou do domicílio familiar;
policial e pericial especializado, ininterrupto e V - informar à ofendida os direitos a ela
prestado por servidores - preferencialmente do conferidos nesta Lei e os serviços disponíveis,
sexo feminino - previamente capacitados. inclusive os de assistência judiciária para o
§ 1º A inquirição de mulher em situação de eventual ajuizamento perante o juízo competente
violência doméstica e familiar ou de testemunha da ação de separação judicial, de divórcio, de
de violência doméstica, quando se tratar de crime anulação de casamento ou de dissolução de união
contra a mulher, obedecerá às seguintes estável.
diretrizes: Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica
I - salvaguarda da integridade física, psíquica e e familiar contra a mulher, feito o registro da
emocional da depoente, considerada a sua ocorrência, deverá a autoridade policial adotar, de
condição peculiar de pessoa em situação de imediato, os seguintes procedimentos, sem
violência doméstica e familiar; prejuízo daqueles previstos no Código de
II - garantia de que, em nenhuma hipótese, a Processo Penal:
mulher em situação de violência doméstica e I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de
familiar, familiares e testemunhas terão contato ocorrência e tomar a representação a termo, se
direto com investigados ou suspeitos e pessoas a apresentada;
eles relacionadas; II - colher todas as provas que servirem para o
III - não revitimização da depoente, evitando esclarecimento do fato e de suas circunstâncias;
sucessivas inquirições sobre o mesmo fato nos III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito)
âmbitos criminal, cível e administrativo, bem como horas, expediente apartado ao juiz com o pedido
questionamentos sobre a vida privada. da ofendida, para a concessão de medidas
§ 2º Na inquirição de mulher em situação de protetivas de urgência;
violência doméstica e familiar ou de testemunha IV - determinar que se proceda ao exame de
de delitos de que trata esta Lei, adotar-se-á, corpo de delito da ofendida e requisitar outros
preferencialmente, o seguinte procedimento: exames periciais necessários;
I-a inquirição será feita em recinto V - ouvir o agressor e as testemunhas;
especialmente projetado para esse fim, o qual VI - ordenar a identificação do agressor e fazer
conterá os equipamentos próprios e adequados à juntar aos autos sua folha de antecedentes
idade da mulher em situação de violência criminais, indicando a existência de mandado de
prisão ou registro de outras ocorrências policiais
contra ele;
VI-A - verificar se o agressor possui registro de § 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput
porte ou posse de arma de fogo e, na hipótese deste artigo, o juiz será comunicado no prazo
de existência, juntar aos autos essa informação, máximo de 24 (vinte e quatro) horas e decidirá,
bem como notificar a ocorrência à instituição em igual prazo, sobre a manutenção ou a
responsável pela concessão do registro ou da revogação da medida aplicada, devendo dar
emissão do porte, nos termos da Lei nº 10.826, de ciência ao Ministério Público concomitantemente.
22 de dezembro de 2003 (Estatuto do § 2º Nos casos de risco à integridade física da
Desarmamento); ofendida ou à efetividade da medida protetiva de
VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito urgência, não será concedida liberdade
policial ao juiz e ao Ministério Público. provisória ao preso.
§ 1º O pedido da ofendida será tomado a termo
pela autoridade policial e deverá conter: TÍTULO IV
I - qualificação da ofendida e do agressor; DOS PROCEDIMENTOS
II - nome e idade dos dependentes; CAPÍTULO I
III - descrição sucinta do fato e das medidas Disposições Gerais
protetivas solicitadas pela ofendida.
IV - informação sobre a condição de a ofendida Art. 13. Ao processo, ao julgamento e à
ser pessoa com deficiência e se da violência execução das causas cíveis e criminais
sofrida resultou deficiência ou agravamento de decorrentes da prática de violência doméstica e
deficiência preexistente. familiar contra a mulher aplicar-se-ão as normas
§ 2º A autoridade policial deverá anexar ao dos Códigos de Processo Penal e Processo Civil e
documento referido no § 1º o boletim de da legislação específica relativa à criança, ao
ocorrência e cópia de todos os documentos adolescente e ao idoso que não conflitarem com o
disponíveis em posse da ofendida. estabelecido nesta Lei.
§ 3º Serão admitidos como meios de prova os Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e
laudos ou prontuários médicos fornecidos por Familiar contra a Mulher, órgãos da Justiça
hospitais e postos de saúde. Ordinária com competência cível e criminal,
Art. 12-A. Os Estados e o Distrito Federal, na poderão ser criados pela União, no Distrito Federal
formulação de suas políticas e planos de e nos Territórios, e pelos Estados, para o
atendimento à mulher em situação de violência processo, o julgamento e a execução das causas
doméstica e familiar, darão prioridade, no âmbito decorrentes da prática de violência doméstica e
da Polícia Civil, à criação de Delegacias familiar contra a mulher.
Especializadas de Atendimento à Mulher Parágrafo único. Os atos processuais poderão
(Deams), de Núcleos Investigativos de realizar-se em horário noturno, conforme
Feminicídio e de equipes especializadas para o dispuserem as normas de organização judiciária.
atendimento e a investigação das violências Art. 14-A. A ofendida tem a opção de propor ação
graves contra a mulher. de divórcio ou de dissolução de união estável no
§ 3º A autoridade policial poderá requisitar os Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra
serviços públicos necessários à defesa da a Mulher.
mulher em situação de violência doméstica e § 1º Exclui-se da competência dos Juizados de
familiar e de seus dependentes. Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher a
Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual pretensão relacionada à partilha de bens.
ou iminente à vida ou à integridade física ou § 2º Iniciada a situação de violência doméstica e
psicológica da mulher em situação de violência familiar após o ajuizamento da ação de divórcio
doméstica e familiar, ou de seus dependentes, o ou de dissolução de união estável, a ação terá
agressor será imediatamente afastado do lar, preferência no juízo onde estiver.
domicílio ou local de convivência com a ofendida: Art. 15. É competente, por opção da ofendida,
I - pela autoridade judicial; para os processos cíveis regidos por esta Lei, o
II - pelo delegado de polícia, quando o Município Juizado:
não for sede de comarca; ou I - do seu domicílio ou de sua residência;
III - pelo policial, quando o Município não for sede II - do lugar do fato em que se baseou a demanda;
de comarca e não houver delegado disponível no III - do domicílio do agressor.
momento da denúncia.
Art. 16. Nas ações penais públicas Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial ou
condicionadas à representação da ofendida de da instrução criminal, caberá a prisão preventiva
que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à do agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a
representação perante o juiz, em audiência requerimento do Ministério Público ou mediante
especialmente designada com tal finalidade, antes representação da autoridade policial.
do recebimento da denúncia e ouvido o Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão
Ministério Público. preventiva se, no curso do processo, verificar a
Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de falta de motivo para que subsista, bem como de
violência doméstica e familiar contra a mulher, de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a
penas de cesta básica ou outras de prestação justifiquem.
pecuniária, bem como a substituição de pena que Art. 21. A ofendida deverá ser notificada dos atos
implique o pagamento isolado de multa. processuais relativos ao agressor, especialmente
dos pertinentes ao ingresso e à saída da prisão,
CAPÍTULO II sem prejuízo da intimação do advogado
Das Medidas Protetivas De Urgência constituído ou do defensor público.
Seção I Parágrafo único. A ofendida não poderá entregar
Disposições Gerais intimação ou notificação ao agressor.

Art. 18. Recebido o expediente com o pedido da Seção II


ofendida, caberá ao juiz, no prazo de 48 Das Medidas Protetivas de Urgência que
(quarenta e oito) horas: Obrigam o Agressor
I - conhecer do expediente e do pedido e decidir
sobre as medidas protetivas de urgência; Art. 22. Constatada a prática de violência
II - determinar o encaminhamento da ofendida ao doméstica e familiar contra a mulher, nos termos
órgão de assistência judiciária, quando for o desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao
caso, inclusive para o ajuizamento da ação de agressor, em conjunto ou separadamente, as
separação judicial, de divórcio, de anulação de seguintes medidas protetivas de urgência, entre
casamento ou de dissolução de união estável outras:
perante o juízo competente; I - suspensão da posse ou restrição do porte de
III - comunicar ao Ministério Público para que armas, com comunicação ao órgão competente,
adote as providências cabíveis. nos termos da
IV - determinar a apreensão imediata de arma de II - afastamento do lar, domicílio ou local de
fogo sob a posse do agressor. convivência com a ofendida;
Art. 19. As medidas protetivas de urgência III - proibição de determinadas condutas, entre as
poderão ser concedidas pelo juiz, a requerimento quais:
do Ministério Público ou a pedido da ofendida. a) aproximação da ofendida, de seus familiares e
§ 1º As medidas protetivas de urgência poderão das testemunhas, fixando o limite mínimo de
ser concedidas de imediato, independentemente distância entre estes e o agressor;
de audiência das partes e de manifestação do b) contato com a ofendida, seus familiares e
Ministério Público, devendo este ser prontamente testemunhas por qualquer meio de comunicação;
comunicado. c) frequentação de determinados lugares a fim de
§ 2º As medidas protetivas de urgência serão preservar a integridade física e psicológica da
aplicadas isolada ou cumulativamente, e ofendida;
poderão ser substituídas a qualquer tempo por IV - restrição ou suspensão de visitas aos
outras de maior eficácia, sempre que os direitos dependentes menores, ouvida a equipe de
reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou atendimento multidisciplinar ou serviço similar;
violados. V - prestação de alimentos provisionais ou
§ 3º Poderá o juiz, a requerimento do Ministério provisórios.
Público ou a pedido da ofendida, conceder novas VI - comparecimento do agressor a programas
medidas protetivas de urgência ou rever aquelas de recuperação e reeducação; e
já concedidas, se entender necessário à proteção VII - acompanhamento psicossocial do agressor,
da ofendida, de seus familiares e de seu por meio de atendimento individual e/ou em grupo
patrimônio, ouvido o Ministério Público. de apoio.
§ 1º As medidas referidas neste artigo não II - proibição temporária para a celebração de
impedem a aplicação de outras previstas na atos e contratos de compra, venda e locação de
legislação em vigor, sempre que a segurança da propriedade em comum, salvo expressa
ofendida ou as circunstâncias o exigirem, devendo autorização judicial;
a providência ser comunicada ao Ministério III - suspensão das procurações conferidas pela
Público. ofendida ao agressor;
§ 2º Na hipótese de aplicação do inciso I, IV - prestação de caução provisória, mediante
encontrando-se o agressor nas condições depósito judicial, por perdas e danos materiais
mencionadas no caput e incisos do art. 6º da Lei decorrentes da prática de violência doméstica e
nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003, o juiz familiar contra a ofendida.
comunicará ao respectivo órgão, corporação ou Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório
instituição as medidas protetivas de urgência competente para os fins previstos nos incisos II e
concedidas e determinará a restrição do porte de III deste artigo.
armas, ficando o superior imediato do agressor
responsável pelo cumprimento da determinação Seção IV
judicial, sob pena de incorrer nos crimes de Do Crime de Descumprimento de Medidas
prevaricação ou de desobediência, conforme o Protetivas de Urgência
caso.
§ 3º Para garantir a efetividade das medidas Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere
protetivas de urgência, poderá o juiz requisitar, a medidas protetivas de urgência previstas nesta
qualquer momento, auxílio da força policial. Lei:
§ 4º Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois)
no que couber, o disposto no caput e nos §§ 5º e anos.
6º do art. 461 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de § 1º A configuração do crime independe da
1973 (Código de Processo Civil). competência civil ou criminal do juiz que deferiu as
medidas.
Seção III § 2º Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a
Das Medidas Protetivas de Urgência à autoridade judicial poderá conceder fiança.
Ofendida § 3º O disposto neste artigo não exclui a aplicação
de outras sanções cabíveis.
Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem
prejuízo de outras medidas: CAPÍTULO III
I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a Da Atuação Do Ministério Público
programa oficial ou comunitário de proteção ou
de atendimento; Art. 25. O Ministério Público intervirá, quando não
II - determinar a recondução da ofendida e a de for parte, nas causas cíveis e criminais
seus dependentes ao respectivo domicílio, após decorrentes da violência doméstica e familiar
afastamento do agressor; contra a mulher.
III - determinar o afastamento da ofendida do lar, Art. 26. Caberá ao Ministério Público, sem
sem prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda prejuízo de outras atribuições, nos casos de
dos filhos e alimentos; violência doméstica e familiar contra a mulher,
IV - determinar a separação de corpos. quando necessário:
V - determinar a matrícula dos dependentes da I - requisitar força policial e serviços públicos de
ofendida em instituição de educação básica mais saúde, de educação, de assistência social e de
próxima do seu domicílio, ou a transferência segurança, entre outros;
deles para essa instituição, independentemente II - fiscalizar os estabelecimentos públicos e
da existência de vaga. particulares de atendimento à mulher em situação
Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da de violência doméstica e familiar, e adotar, de
sociedade conjugal ou daqueles de propriedade imediato, as medidas administrativas ou judiciais
particular da mulher, o juiz poderá determinar, cabíveis no tocante a quaisquer irregularidades
liminarmente, as seguintes medidas, entre outras: constatadas;
I - restituição de bens indevidamente subtraídos III - cadastrar os casos de violência doméstica e
pelo agressor à ofendida; familiar contra a mulher.
CAPÍTULO IV do Título IV desta Lei, subsidiada pela legislação
Da Assistência Judiciária processual pertinente.
Parágrafo único. Será garantido o direito de
Art. 27. Em todos os atos processuais, cíveis e preferência, nas varas criminais, para o processo
criminais, a mulher em situação de violência e o julgamento das causas referidas no caput.
doméstica e familiar deverá estar acompanhada
de advogado, ressalvado o previsto no art. 19 TÍTULO VII
desta Lei. DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 28. É garantido a toda mulher em situação de
violência doméstica e familiar o acesso aos Art. 34. A instituição dos Juizados de Violência
serviços de Defensoria Pública ou de Assistência Doméstica e Familiar contra a Mulher poderá ser
Judiciária Gratuita, nos termos da lei, em sede acompanhada pela implantação das curadorias
policial e judicial, mediante atendimento necessárias e do serviço de assistência
específico e humanizado. judiciária.
Art. 35. A União, o Distrito Federal, os Estados e
TÍTULO V os Municípios poderão criar e promover, no limite
Da Equipe De Atendimento Multidisciplinar das respectivas competências:
I - centros de atendimento integral e
Art. 29. Os Juizados de Violência Doméstica e multidisciplinar para mulheres e respectivos
Familiar contra a Mulher que vierem a ser criados dependentes em situação de violência doméstica
poderão contar com uma equipe de atendimento e familiar;
multidisciplinar, a ser integrada por profissionais II - casas-abrigos para mulheres e respectivos
especializados nas áreas psicossocial, jurídica e dependentes menores em situação de violência
de saúde. doméstica e familiar;
Art. 30. Compete à equipe de atendimento III - delegacias, núcleos de defensoria pública,
multidisciplinar, entre outras atribuições que lhe serviços de saúde e centros de perícia médico-
forem reservadas pela legislação local, fornecer legal especializados no atendimento à mulher em
subsídios por escrito ao juiz, ao Ministério Público situação de violência doméstica e familiar;
e à Defensoria Pública, mediante laudos ou IV - programas e campanhas de enfrentamento
verbalmente em audiência, e desenvolver da violência doméstica e familiar;
trabalhos de orientação, encaminhamento, V - centros de educação e de reabilitação para
prevenção e outras medidas, voltados para a os agressores.
ofendida, o agressor e os familiares, com especial Art. 36. A União, os Estados, o Distrito Federal e
atenção às crianças e aos adolescentes. os Municípios promoverão a adaptação de seus
Art. 31. Quando a complexidade do caso exigir órgãos e de seus programas às diretrizes e aos
avaliação mais aprofundada, o juiz poderá princípios desta Lei.
determinar a manifestação de profissional Art. 37. A defesa dos interesses e direitos
especializado, mediante a indicação da equipe de transindividuais previstos nesta Lei poderá ser
atendimento multidisciplinar. exercida, concorrentemente, pelo Ministério
Art. 32. O Poder Judiciário, na elaboração de sua Público e por associação de atuação na área,
proposta orçamentária, poderá prever recursos regularmente constituída há pelo menos um ano,
para a criação e manutenção da equipe de nos termos da legislação civil.
atendimento multidisciplinar, nos termos da Lei de Parágrafo único. O requisito da pré-constituição
Diretrizes Orçamentárias. poderá ser dispensado pelo juiz quando entender
que não há outra entidade com representatividade
TÍTULO VI
adequada para o ajuizamento da demanda
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
coletiva.
Art. 38. As estatísticas sobre a violência
Art. 33. Enquanto não estruturados os Juizados
doméstica e familiar contra a mulher serão
de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher,
incluídas nas bases de dados dos órgãos oficiais
as varas criminais acumularão as competências
do Sistema de Justiça e Segurança a fim de
cível e criminal para conhecer e julgar as causas
subsidiar o sistema nacional de dados e
decorrentes da prática de violência doméstica e
informações relativo às mulheres.
familiar contra a mulher, observadas as previsões
Parágrafo único. As Secretarias de Segurança estrito cumprimento de dever legal ou no exercício
Pública dos Estados e do Distrito Federal poderão regular de direito.
remeter suas informações criminais para a base
de dados do Ministério da Justiça. CAPÍTULO VI
Art. 38-A. O juiz competente providenciará o Dos Crimes E Das Penas
registro da medida protetiva de urgência.
Parágrafo único. As medidas protetivas de Art. 9º Decretar medida de privação da liberdade
urgência serão, após sua concessão, em manifesta desconformidade com as
imediatamente registradas em banco de dados hipóteses legais:
mantido e regulamentado pelo Conselho Nacional Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
de Justiça, garantido o acesso instantâneo do multa.
Ministério Público, da Defensoria Pública e dos Parágrafo único. Incorre na mesma pena a
órgãos de segurança pública e de assistência autoridade judiciária que, dentro de prazo
social, com vistas à fiscalização e à efetividade razoável, deixar de:
das medidas protetivas. I - relaxar a prisão manifestamente ilegal;
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e II - substituir a prisão preventiva por medida
os Municípios, no limite de suas competências e cautelar diversa ou de conceder liberdade
nos termos das respectivas leis de diretrizes provisória, quando manifestamente cabível;
orçamentárias, poderão estabelecer dotações III - deferir liminar ou ordem de habeas corpus,
orçamentárias específicas, em cada exercício quando manifestamente cabível.
financeiro, para a implementação das medidas Art. 10. Decretar a condução coercitiva de
estabelecidas nesta Lei. testemunha ou investigado manifestamente
Art. 40. As obrigações previstas nesta Lei não descabida ou sem prévia intimação de
excluem outras decorrentes dos princípios por ela comparecimento ao juízo:
adotados. Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
Art. 41. Aos crimes praticados com violência multa.
doméstica e familiar contra a mulher, Art. 12. Deixar injustificadamente de comunicar
independentemente da pena prevista, não se prisão em flagrante à autoridade judiciária no
aplica a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995. prazo legal:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE anos, e multa.
(LEI Nº 13.869/19) Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
I - deixa de comunicar, imediatamente, a
CAPÍTULO V execução de prisão temporária ou preventiva à
Das Sanções De Natureza Civil e autoridade judiciária que a decretou;
Administrativa II - deixa de comunicar, imediatamente, a prisão
de qualquer pessoa e o local onde se encontra à
Art. 6º As penas previstas nesta Lei serão sua família ou à pessoa por ela indicada;
aplicadas independentemente das sanções de III - deixa de entregar ao preso, no prazo de 24
natureza civil ou administrativa cabíveis. (vinte e quatro) horas, a nota de culpa, assinada
Parágrafo único. As notícias de crimes previstos pela autoridade, com o motivo da prisão e os
nesta Lei que descreverem falta funcional serão nomes do condutor e das testemunhas;
informadas à autoridade competente com vistas à IV - prolonga a execução de pena privativa de
apuração. liberdade, de prisão temporária, de prisão
Art. 7º As responsabilidades civil e administrativa preventiva, de medida de segurança ou de
são independentes da criminal, não se podendo internação, deixando, sem motivo justo e
mais questionar sobre a existência ou a autoria excepcionalíssimo, de executar o alvará de soltura
do fato quando essas questões tenham sido imediatamente após recebido ou de promover a
decididas no juízo criminal. soltura do preso quando esgotado o prazo judicial
Art. 8º Faz coisa julgada em âmbito cível, assim ou legal.
como no administrativo-disciplinar, a sentença Art. 13. Constranger o preso ou o detento,
penal que reconhecer ter sido o ato praticado em mediante violência, grave ameaça ou redução de
estado de necessidade, em legítima defesa, em sua capacidade de resistência, a:
I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido devidamente assistido, consentir em prestar
à curiosidade pública; declarações:
II - submeter-se a situação vexatória ou a Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
constrangimento não autorizado em lei; anos, e multa.
III - produzir prova contra si mesmo ou contra Art. 19. Impedir ou retardar, injustificadamente, o
terceiro: envio de pleito de preso à autoridade judiciária
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e competente para a apreciação da legalidade de
multa, sem prejuízo da pena cominada à sua prisão ou das circunstâncias de sua custódia:
violência. Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
Art. 15. Constranger a depor, sob ameaça de multa.
prisão, pessoa que, em razão de função, Parágrafo único. Incorre na mesma pena o
ministério, ofício ou profissão, deva guardar magistrado que, ciente do impedimento ou da
segredo ou resguardar sigilo: demora, deixa de tomar as providências tendentes
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e a saná-lo ou, não sendo competente para decidir
multa. sobre a prisão, deixa de enviar o pedido à
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem autoridade judiciária que o seja.
prossegue com o interrogatório: Art. 20. Impedir, sem justa causa, a entrevista
I - de pessoa que tenha decidido exercer o direito pessoal e reservada do preso com seu advogado:
ao silêncio; ou Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
II - de pessoa que tenha optado por ser assistida anos, e multa.
por advogado ou defensor público, sem a Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem
presença de seu patrono. impede o preso, o réu solto ou o investigado de
Art. 15-A. Submeter a vítima de infração penal ou entrevistar-se pessoal e reservadamente com
a testemunha de crimes violentos a seu advogado ou defensor, por prazo razoável,
procedimentos desnecessários, repetitivos ou antes de audiência judicial, e de sentar-se ao seu
invasivos, que a leve a reviver, sem estrita lado e com ele comunicar-se durante a audiência,
necessidade: salvo no curso de interrogatório ou no caso de
I - a situação de violência; ou audiência realizada por videoconferência.
II - outras situações potencialmente geradoras de Art. 21. Manter presos de ambos os sexos na
sofrimento ou estigmatização: mesma cela ou espaço de confinamento:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
e multa. multa.
§ 1º Se o agente público permitir que terceiro Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem
intimide a vítima de crimes violentos, gerando mantém, na mesma cela, criança ou adolescente
indevida revitimização, aplica-se a pena na companhia de maior de idade ou em
aumentada de 2/3 (dois terços). ambiente inadequado, observado o disposto na
§ 2º Se o agente público intimidar a vítima de Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da
crimes violentos, gerando indevida revitimização, Criança e do Adolescente).
aplica-se a pena em dobro. Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou
Art. 16. Deixar de identificar-se ou identificar-se astuciosamente, ou à revelia da vontade do
falsamente ao preso por ocasião de sua captura ocupante, imóvel alheio ou suas dependências, ou
ou quando deva fazê-lo durante sua detenção ou nele permanecer nas mesmas condições, sem
prisão: determinação judicial ou fora das condições
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) estabelecidas em lei:
anos, e multa. Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, multa.
como responsável por interrogatório em sede de § 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista no
procedimento investigatório de infração penal, caput deste artigo, quem:
deixa de identificar-se ao preso ou atribui a si I - coage alguém, mediante violência ou grave
mesmo falsa identidade, cargo ou função. ameaça, a franquear-lhe o acesso a imóvel ou
Art. 18. Submeter o preso a interrogatório policial suas dependências;
durante o período de repouso noturno, salvo se III - cumpre mandado de busca e apreensão
capturado em flagrante delito ou se ele, domiciliar após as 21h (vinte e uma horas) ou
antes das 5h (cinco horas).
§ 2º Não haverá crime se o ingresso for para Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
prestar socorro, ou quando houver fundados multa.
indícios que indiquem a necessidade do ingresso Art. 29. Prestar informação falsa sobre
em razão de situação de flagrante delito ou de procedimento judicial, policial, fiscal ou
desastre. administrativo com o fim de prejudicar interesse
Art. 23. Inovar artificiosamente, no curso de de investigado:
diligência, de investigação ou de processo, o Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim anos, e multa.
de eximir-se de responsabilidade ou de Art. 30.Dar início ou proceder à persecução penal,
responsabilizar criminalmente alguém ou civil ou administrativa sem justa causa
agravar-lhe a responsabilidade: fundamentada ou contra quem sabe inocente:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa. multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem Art. 31.Estender injustificadamente a investigação,
pratica a conduta com o intuito de: procrastinando-a em prejuízo do investigado ou
I - eximir-se de responsabilidade civil ou fiscalizado:
administrativa por excesso praticado no curso de Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
diligência; anos, e multa.
II - omitir dados ou informações ou divulgar Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem,
dados ou informações incompletos para desviar o inexistindo prazo para execução ou conclusão de
curso da investigação, da diligência ou do procedimento, o estende de forma imotivada,
processo. procrastinando-o em prejuízo do investigado ou
Art. 24. Constranger, sob violência ou grave do fiscalizado.
ameaça, funcionário ou empregado de instituição Art. 32. Negar ao interessado, seu defensor ou
hospitalar pública ou privada a admitir para advogado acesso aos autos de investigação
tratamento pessoa cujo óbito já tenha ocorrido, preliminar, ao termo circunstanciado, ao inquérito
com o fim de alterar local ou momento de crime, ou a qualquer outro procedimento investigatório de
prejudicando sua apuração: infração penal, civil ou administrativa, assim como
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e impedir a obtenção de cópias, ressalvado o
multa, além da pena correspondente à violência. acesso a peças relativas a diligências em curso,
Art. 25. Proceder à obtenção de prova, em ou que indiquem a realização de diligências
procedimento de investigação ou fiscalização, por futuras, cujo sigilo seja imprescindível:
meio manifestamente ilícito: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e anos, e multa.
multa. Art. 33. Exigir informação ou cumprimento de
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem obrigação, inclusive o dever de fazer ou de não
faz uso de prova, em desfavor do investigado ou fazer, sem expresso amparo legal:
fiscalizado, com prévio conhecimento de sua Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
ilicitude. anos, e multa.
Art. 27. Requisitar instauração ou instaurar Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem
procedimento investigatório de infração penal ou se utiliza de cargo ou função pública ou invoca a
administrativa, em desfavor de alguém, à falta de condição de agente público para se eximir de
qualquer indício da prática de crime, de ilícito obrigação legal ou para obter vantagem ou
funcional ou de infração administrativa: privilégio indevido.
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) Art. 36. Decretar, em processo judicial, a
anos, e multa. indisponibilidade de ativos financeiros em
Parágrafo único. Não há crime quando se tratar quantia que extrapole exacerbadamente o valor
de sindicância ou investigação preliminar sumária, estimado para a satisfação da dívida da parte e,
devidamente justificada. ante a demonstração, pela parte, da excessividade
Art. 28. Divulgar gravação ou trecho de gravação da medida, deixar de corrigi-la:
sem relação com a prova que se pretenda Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
produzir, expondo a intimidade ou a vida privada multa.
ou ferindo a honra ou a imagem do investigado ou Art. 37. Demorar demasiada e injustificadamente
acusado: no exame de processo de que tenha requerido
vista em órgão colegiado, com o intuito de lesivos aos patrimônios público, histórico e
procrastinar seu andamento ou retardar o cultural.
julgamento: Art. 4º O Município protegerá o consumidor,
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) estabelecendo, por leis, sanções de natureza
anos, e multa. administrativa, econômica e financeira às
Art. 38. Antecipar o responsável pelas violações ou ofensas aos seus direitos.
investigações, por meio de comunicação, inclusive Parágrafo único. Caberá ao órgão específico do
rede social, atribuição de culpa, antes de Município, dotado de autonomia orçamentária e
concluídas as apurações e formalizada a financeira, a fiscalização, autuação, mediação de
acusação: litígios e todos os demais atos necessários para a
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) salvaguarda eficaz dos usuários dos seus serviços
anos, e multa. e do consumidor em geral.
Art. 5º A iniciativa popular de lei, o plebiscito, o
LEI ORGÂNICA DO MUNICÍPIO DE FORTALEZA referendo, o orçamento participativo e o veto
FORTALEZA - CE popular são formas de assegurar a efetiva
participação do povo nas definições das
questões fundamentais de interesse coletivo.
TÍTULO I
Parágrafo único. O veto popular não alcançará
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
matérias que versem sobre tributos, organização
administrativa, servidores públicos e seu regime
Art. 1º O Município de Fortaleza, unidade
jurídico, funções ou empregos públicos, aumento
integrante do Estado do Ceará, pessoa jurídica
de remuneração de pessoal, provimento de
de direito público interno, organiza-se de forma
cargos, estabilidade e aposentadoria, criação,
autônoma em tudo que diz respeito a seu peculiar
estruturação e atribuições das secretarias e
interesse, regendo-se por esta Lei Orgânica e as
órgãos da administração pública.
demais leis que adotar, observados os princípios
Art. 6º Para garantir a gestão democrática da
da Constituição Federal e Estadual.
cidade, deverão ser utilizados, entre outros, os
§ 1º Esta Lei estabelece normas autoaplicáveis,
seguintes instrumentos:
excetuadas aquelas que expressamente
I - órgãos colegiados de políticas públicas;
dependam de outros diplomas legais e
II - debates, audiências e consultas públicas;
regulamentares.
III - conferência sobre os assuntos de interesse
§ 2º São símbolos oficiais do Município: a
público;
bandeira, o hino e o brasão, além de outros
IV - iniciativa popular de planos, programas e
representativos de sua cultura e história que sejam
projetos de desenvolvimento;
estabelecidos em lei.
V - a elaboração e a gestão participativa do Plano
Art. 2º O Município, entidade básica autônoma da
Plurianual, nas diretrizes orçamentárias e do
República Federativa do Brasil, garantirá vida
orçamento anual, como condição obrigatória para
digna aos seus munícipes e será administrado
a sua aprovação pela Câmara Municipal.
com base na legalidade, impessoalidade,
Art. 7º Os direitos e as garantias expressos nesta
moralidade, transparência e participação popular,
Lei Orgânica não excluem outros decorrentes do
devendo ainda observar, na elaboração e
regime e dos princípios adotados pela
execução de sua política urbana, o pleno
Constituição Federal e por ela própria.
desenvolvimento das funções sociais da cidade e
da propriedade urbana, o equilíbrio ambiental e a
preservação dos valores históricos e culturais da TÍTULO II
população. DA COMPETÊNCIA DO MUNICÍPIO
Parágrafo único. A organização administrativa do
Município de Fortaleza será descentralizada. Art. 8º Compete ao Município:
Art. 3º Todo cidadão tem o direito de requerer I - legislar sobre assuntos de interesse local;
informações sobre os atos da administração II - suplementar as legislações federal e a
municipal, sendo parte legítima para pleitear, estadual, no que couber;
perante os poderes públicos competentes, a III - instituir e arrecadar os tributos de sua
declaração de nulidade ou anulação de atos competência, bem como aplicar suas rendas;
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observadas XVIII - sinalizar as vias públicas urbanas e rurais,
as legislações federal e estadual; regulamentando e fiscalizando a utilização de vias
V - organizar e prestar, diretamente ou sob e logradouros públicos;
regime de concessão, permissão ou XIX - elaborar e executar o plano plurianual;
autorização, os serviços públicos de interesse XX - efetuar a drenagem e a pavimentação de
local, incluídos o de transporte coletivo, iluminação todas as vias de Fortaleza;
pública e o de fornecimento de água potável, que XXI - criar mecanismos que combatam a
têm caráter essencial; discriminação à mulher, à criança e ao
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira adolescente em situação de risco, às pessoas
da União e do Estado, programas de educação portadoras de deficiência e de doenças
pré-escolar e de ensino fundamental; contagiosas, obesos mórbidos, ao homossexual,
VII - promover, no que couber, adequado ao idoso, ao índio, ao negro, ao ex-detento e
ordenamento territorial, mediante planejamento e promovam a igualdade entre cidadãos;
controle do uso, do parcelamento e da ocupação XXII - promover, no âmbito do território do
do solo urbano; Município, a exploração do serviço de
VIII - prestar, com a cooperação técnica e Radiodifusão Comunitária a ser disciplinada por
financeira da União e do Estado, serviços de lei específica;
atendimento à saúde da população; XXIII - promover a descentralização, a
IX - ordenar as atividades urbanas, fixando desconcentração e a democratização da
condições e horário para funcionamento de administração pública municipal;
estabelecimentos industriais, comerciais, XXIV - respeitar a autonomia e a independência
empresas prestadoras de serviços similares; de atuação das associações e movimentos
X - promover a proteção, preservação e sociais;
recuperação do meio ambiente natural e XXV - realizar campanhas educativas de combate
construído, dos patrimônios cultural, histórico, à violência causada pelo trânsito, a fim de
artístico, paisagístico e arqueológico, observadas promover a educação de motoristas e transeuntes;
as legislações federal e estadual; XXVI - realizar programas de incentivo ao turismo
XI - promover a geração de emprego e renda para no município de Fortaleza;
a população excluída das atividades econômicas XXVII - celebrar convênios com a União, o Estado
formais, dando prioridade ao cooperativismo e às e outros Municípios, mediante autorização da
demais formas de autogestão econômica; Câmara Municipal, para execução de serviços,
XII - regulamentar e fiscalizar a circulação e o obras e decisões, bem como de encargos dessas
estacionamento de transporte de carga; esferas;
XIII - equipar a Guarda Municipal com XXVIII - promover o ordenamento territorial,
armamento e viaturas, para que, de acordo com mediante planejamento e controle do uso, do
o programa de segurança pública, possa dar parcelamento e da ocupação do solo urbano,
proteção e segurança de seus bens, serviços e ficando dispensada a exigência de Alvará de
instalações, inclusive nas escolas, unidades de Funcionamento para templo religioso.
saúde, centros sociais e praças, conforme § 1º O Município participará de organismos
dispuser lei complementar; públicos que contribuam para integrar a
XIV - incentivar a cultura e promover o lazer; organização, o planejamento e a execução de
XV - realizar programas de apoio às práticas função pública de interesse comum.
desportivas; § 2º Pode ainda o Município, através de
XVI - realizar atividades de defesa civil, inclusive convênios ou consórcios com outros
as de combate a incêndios e prevenção de Municípios da mesma comunidade
acidentes naturais, em coordenação com a União socioeconômica, criar entidades
e o Estado; intermunicipais para a realização de obras,
XVII - fixar tarifas dos serviços públicos, inclusive atividades ou serviços específicos de interesse
as dos serviços de táxi, obedecendo à comum, devendo ser aprovados por leis dos
proporcionalidade de trezentos e vinte e cinco Municípios que deles participarem.
habitantes por unidade, de acordo com a projeção § 3º É permitido delegar, entre o Estado e o
do IBGE; Município, também por convênio, os serviços de
competência concorrente, assegurados os
recursos necessários.
Art. 8º-A É dever do Município, em âmbito local, decidirem sobre a oportunidade de exercê-lo e
assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, sobre os interesses que devam por meio dele
com absoluta prioridade, o direito à vida, à defender, sem que haja desobediência à decisão
saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à judicial que julgar a greve ilegal;
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao VII - a lei reservará percentual de cargos e
respeito, à liberdade e à convivência familiar e empregos públicos para as pessoas portadoras de
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda deficiência e definirá os critérios de sua admissão;
forma de negligência, discriminação, exploração, VIII - o não cumprimento dos encargos
violência, crueldade e opressão. trabalhistas pelas prestadoras de serviços,
apurados na forma da legislação específica
TÍTULO III importará rescisão do contrato sem direito a
DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES indenização;
CAPÍTULO I IX - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de
Dos Poderes Municipais cargos, funções e empregos públicos da
administração direta, autárquica e fundacional, dos
Art. 9º Todo poder emana do povo, e em seu detentores de mandato eletivo e dos demais
nome será exercido, direta ou indiretamente, por agentes políticos e os proventos, pensões ou outra
meio de seus representantes eleitos para espécie remuneratória, percebidos
desempenharem seus respectivos mandatos. cumulativamente ou não, incluídas as vantagens
pessoais ou de qualquer outra natureza, não
poderão exceder, no âmbito do Poder
TÍTULO IV
DA ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL Legislativo e no âmbito do Poder Executivo, o
CAPÍTULO I subsídio mensal, em espécie, do prefeito
municipal de Fortaleza, exceto quanto aos
Da Estrutura Administrativa
procuradores do Município de Fortaleza
Seção I
enquadrados na Lei Complementar nº 006, de 29
Dos Princípios Gerais
de maio de 1992, e suas alterações posteriores,
aos quais se aplica a ressalva constante da parte
Art. 98 A administração pública direta, indireta ou
final do inciso XI do art. 37 da Constituição
fundacional, de qualquer dos Poderes do
Federal, com a redação que foi dada pela Emenda
Município, obedecerá aos seguintes princípios:
Constitucional nº 41, de 19 de dezembro de 2003;
I - os cargos, empregos e funções públicas são
X - lei complementar estabelecerá os casos de
acessíveis a todos os brasileiros que preencham
contratação por tempo determinado para atender à
os requisitos estabelecidos em lei;
necessidade temporária de excepcional interesse
II - a investidura em cargo ou emprego público
público;
depende da aprovação prévia em concurso de
XI - os acréscimos pecuniários percebidos por
provas ou de provas e títulos, ressalvadas as
servidor público não serão computados nem
nomeações para cargos em comissão, declarados
acumulados para fins de concessão de
em lei, de livre nomeação e exoneração;
acréscimos ulteriores, sob o mesmo título ou
III - o prazo de validade do concurso público será
idêntico fundamento;
de dois anos, prorrogável, por igual período,
XII - é vedada a acumulação remunerada de
uma única vez;
cargos públicos, exceto quando houver
IV - durante o prazo improrrogável previsto no
compatibilidade de horários:
edital de convocação, o aprovado por concurso
a) a de dois cargos de professor;
público de provas ou de provas e títulos será
b) a de um cargo de professor com outro técnico
convocado com prioridade sobre os novos
ou científico;
concursados para assumir cargo ou emprego na
c) a de dois cargos privativos da área de saúde;
carreira;
XIII - a proibição de acumular estende-se a
V - é garantido ao servidor ou empregado
empregos e funções e abrange autarquias,
municipal o direito à livre organização sindical,
fundações, empresas públicas, sociedades de
inclusive podendo constituir comissões sindicais
economia mista, suas subsidiárias, e sociedades
no local de trabalho;
controladas, direta ou indiretamente, pelo Poder
VI - é assegurado, nos termos da lei, o direito de
Público;
greve, competindo aos servidores e empregados
XIV - somente por lei específica poderá ser lhe tramitação rápida e comunicação, por
criada autarquia e autorizada a instituição de correspondência oficial, da decisão adotada, com
empresa pública, de sociedade de economia obediência ao prazo de 15 (quinze) dias;
mista, e de fundação, cabendo à lei XXII - todos os órgãos da administração direta,
complementar, neste último caso, definir as áreas indireta ou fundacional prestarão aos
de sua atuação; interessados, no prazo de 30 (trinta) dias, sob
XV - depende de autorização legislativa, em pena de responsabilidade, as informações de
qualquer caso, a criação de subsidiárias das interesse particular, coletivo ou geral, ressalvadas
entidades mencionadas no inciso anterior, assim aquelas cujo sigilo seja imprescindível nos
como a participação de qualquer delas em casos referidos na Constituição Federal;
empresa privada; XXIII - independerá de pagamento de taxa o
XVI - ressalvados os casos especificados na exercício do direito de petição ou representação
legislação, as obras, serviços, compras e em defesa de direitos contra ilegalidade ou abuso
alienações serão contratados mediante processo de poder, bem como a obtenção, para idênticos
de licitação pública que assegure igualdade de fins, de certidões junto a repartições públicas
condições a todos os concorrentes, com cláusulas municipais;
que estabeleçam obrigações de pagamento, XXIV - pode o cidadão, diante de lesão ao
mantidas as condições efetivas da proposta, nos patrimônio público municipal, promover ação
termos da lei, o qual somente permitirá as popular contra abuso de poder, para defesa do
exigências de qualificação técnica e econômica meio ambiente, ficando o infrator ou autoridade
indispensáveis à garantia do cumprimento das omissa responsável pelos danos causados e
obrigações; custas processuais;
XVII - a administração municipal fica obrigada, XXV - a administração municipal direta, indireta e
nas licitações sob as modalidades de tomadas de fundacional manterá, na forma da lei, as suas
preço e concorrências, fixar preços teto ou contas e fará a movimentação e as aplicações
preços base, devendo manter serviço adequado financeiras em estabelecimentos oficiais ou
para o acompanhamento permanente dos preços bancos estatais, ressalvadas as hipóteses
e pessoal apto para projetar e orçar os custos previstas em lei.
reais das obras e serviços a serem executados; Art. 99 As pessoas jurídicas de direito público e as
XVIII - a publicidade dos atos, programas, obras, de direito privado que prestem serviços ao Poder
serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá Executivo Municipal, sempre que solicitadas por
ter caráter educativo, informativo ou de cidadãos, órgãos públicos, sindicatos ou entidades
orientação social, dela não podendo constar da sociedade civil local, inclusive as controladorias
nomes, símbolos ou imagens que caracterizem sociais criadas livremente por usuários, prestarão,
promoção pessoal de autoridades ou servidores no prazo de 30 dias, informações detalhadas
públicos; sobre planos, projetos, investimentos, custos,
XIX - a administração direta, indireta e fundacional desempenhos e demais aspectos pertinentes à
publicará, semestralmente, no órgão oficial do sua execução, sob pena de rescisão, sem
Município, relatório das despesas realizadas direito a indenização.
com a propaganda e publicidade dos atos, § 1º As pessoas jurídicas de direito público e as de
programas, obras, serviços e campanhas, direito privado prestadoras de serviço público
específicos nomes das empresas de comunicação responderão pelos danos que seus agentes,
nas quais foram veiculadas; nessa qualidade, causarem a terceiros,
XX - a pensão paga pelo Tesouro Municipal ou assegurado o direito de regresso contra o
pelo Instituto de Previdência do Município não responsável, nos casos de dolo ou culpa.
poderá ser inferior ao valor de um salário § 2º O tempo de serviço dos servidores públicos
mínimo; da administração direta, indireta e fundacional do
XXI - é assegurado o controle popular na Município será contado como título, ao se
prestação dos serviços públicos, mediante direito submeterem a concurso público para efetivação
de petição, representação e fiscalização, esta na forma da lei.
última podendo ser feita ainda por controladorias § 3º As pessoas jurídicas de direito privado a que
sociais, criadas livremente por usuários, ficando a se refere o caput deste artigo são as
autoridade a quem for dirigida a ação de controle concessionárias e permissionárias de serviços
obrigada a oficializar o seu ingresso, assegurando- públicos, bem como toda e qualquer pessoa
jurídica de direito privado que tenha prestado III - bens dominiais: aqueles sobre os quais o
serviço ao Poder Público e resultante disto Município exerce os direitos de proprietário e são
tenha recebido recursos financeiros. considerados como bens patrimoniais disponíveis.
Art. 100 A lei estabelecerá as circunstâncias e as Art. 105 Deverá ser feita, anualmente, a
exceções em que se aplicarão sanções conferência da escrituração patrimonial com bens
administrativas, inclusive a demissão ou existentes e, na prestação de contas de cada
destituição do servidor público que: exercício, será incluído o inventário de todos os
I - firmar ou mantiver contrato com pessoas bens móveis e imóveis do Município,
jurídicas de direito público, autarquia, empresa compreendendo os últimos aqueles de uso
pública, sociedade de economia mista ou empresa especial e os dominiais.
concessionária de serviço público, no âmbito do Art. 106 Todos os bens municipais deverão ser
município de Fortaleza; cadastrados, com a identificação respectiva,
II - for proprietário, controlador ou diretor de numerando-se os bens imóveis aludidos no artigo
empresa que mantenha contrato com pessoas anterior, segundo o que for estabelecido em
jurídicas de direito público; regulamento, ficando esses bens imóveis sob a
III - patrocinar causa em que seja interessada responsabilidade do chefe da secretaria ou
pessoa jurídica de direito público, autarquia, diretor do órgão a que forem destinados.
empresa pública, sociedade de economia mista e Art. 107 A alienação de bens municipais,
fundação. subordinada à existência de interesse público
Art. 101 Qualquer cidadão, partido político, devidamente justificado, será sempre precedida
sindicato ou entidade da sociedade civil local, de avaliação e obedecerá às seguintes normas:
inclusive controladoria social criada livremente por I - quando de bens imóveis, dependerá de
usuários, na forma e prazo estabelecidos em lei, autorização legislativa e concorrência pública,
poderá obter informações a respeito da execução somente dispensada no caso de permuta para
de contratos ou consórcios firmados por órgãos fins de urbanização de favelas, obedecidos os
públicos ou entidades integrantes da requisitos previstos em lei;
administração direta, indireta e fundacional do II - quando de bens móveis, dependerá apenas
Município, podendo, ainda, denunciar quaisquer de hasta pública, efetuada privativamente por
irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal leiloeiro público, dispensando-se este
de Contas ou à Câmara Municipal. procedimento nos casos de doação, que será
Parágrafo único. Para efeito do disposto neste permitida exclusivamente para fins
artigo, os órgãos e entidades contratantes deverão assistenciais a instituições filantrópicas sem
remeter ao Tribunal de Contas e à Câmara fins lucrativos, ou quando houver interesse
Municipal cópias do inteiro teor dos contratos público relevante, justificado pelo chefe do Poder
ou convênios respectivos, no prazo de 10 dias Executivo ou pelo Presidente da Mesa Diretora da
após a sua assinatura. Câmara Municipal.
§ 1º Ficam proibidas: a doação, permuta, venda,
Seção II locação ou concessão de uso de qualquer fração
Dos Bens Públicos de áreas dos parques, praças, jardins ou lagos
públicos, admitindo-se apenas a permissão de uso
Art. 103 Constituem bens do Município todas as de pequenos espaços destinados à venda de
coisas móveis, imóveis e semoventes, direitos e jornais, revistas, artesanatos ou lanches, em
ações que a qualquer título lhes pertençam. condições a serem estabelecidas por ato do
Art. 104 Os bens públicos municipais, quanto a Prefeito.
sua destinação, podem ser: § 2º A concessão de uso das áreas institucionais
I - de uso comum do povo: tais como estradas somente poderá ser outorgada a entidades
municipais, ruas, praças, logradouros públicos e assistenciais e sem fins lucrativos e para
outros da mesma espécie; implantação de equipamentos comunitários.
II - de uso especial: os destinados à § 3º As proibições a que se refere o § 1º deste
administração, tais como os edifícios das artigo não se aplicam ao Estado e à União cuja
repartições públicas, os terrenos destinados ao alienação de bens municipais é permitida, desde
serviço público e outras serventias da mesma que haja prévia autorização legislativa.
espécie; Art. 108 A venda aos proprietários de imóveis
lindeiros de áreas urbanas remanescentes e
inaproveitáveis para edificações resultantes de conservação pode ser feita com a participação da
obras públicas dependerá apenas de prévia comunidade.
avaliação e autorização legislativa, dispensada a Art. 113 Os bens considerados inservíveis
licitação; as áreas resultantes de modificação de deverão ser protegidos da ação do tempo ou
alinhamento serão alienadas nas mesmas levados a leilão o mais rápido possível, visando à
condições, quer sejam aproveitáveis, ou não. obtenção do melhor preço, em função de seu
Parágrafo único. Na hipótese de existir mais de estado e utilidade, na forma da lei.
um imóvel lindeiro com proprietários diversos,
a venda dependerá de licitação. CAPÍTULO II
Art. 109 Os bens municipais poderão ser Dos Servidores Públicos
utilizados por terceiros, mediante concessão, Seção I
permissão e autorização conforme o caso e o Dos Direitos Dos Servidores
interesse público ou social o exigir, devidamente
justificado. Art. 114 O Município, no âmbito de sua
§ 1º A concessão administrativa de bens competência, instituirá regime jurídico único e
públicos será formalizada mediante contrato e planos de carreira para os servidores da
depende de prévia autorização legislativa e de administração direta, das autarquias e das
licitação, na modalidade de concorrência, fundações públicas, atendendo aos princípios das
sendo dispensada esta quando o uso se destinar a Constituições da República e do Estado.
concessionárias de serviço público, entidades Parágrafo único. Os servidores públicos da
assistenciais ou filantrópicas ou nas demais administração direta terão assegurados todos os
hipóteses legais. seus direitos remuneratórios, com irredutibilidade
§ 2º A permissão de uso dependerá de licitação, de seu vencimento para cargos de atribuições
salvo nas hipóteses previstas em lei, sempre que iguais ou assemelhados do mesmo Poder,
houver mais de um interessado na utilização do ressalvadas as vantagens de caráter individual e
bem, e será formalizada por termo as relativas à natureza ou ao local de trabalho.
administrativo. Art. 115 Todo cidadão, no gozo de suas
§ 3º A autorização será formalizada por termo prerrogativas constitucionais, poderá prestar
administrativo para atividades ou usos concurso para preenchimento de cargos da
específicos e transitórios, pelo prazo máximo de administração pública municipal, na forma que a
12 (doze) meses. lei estabelecer.
Art. 110 As terras públicas não utilizadas ou Parágrafo único. Ficam assegurados o ingresso e
subutilizadas serão prioritariamente destinadas a o acesso de pessoas portadoras de deficiência, na
assentamentos de população de baixa renda e forma da lei, aos cargos, empregos e funções
à instalação de equipamentos coletivos. administrativas da administração direta e indireta
§ 1º Considerar-se-ão como população de baixa do Município, garantindo-se as adaptações
renda as famílias com renda média não superior necessárias para sua participação nos concursos
a três salários mínimos. públicos.
§ 2º Ficam excluídas de qualquer assentamento Art. 116 São direitos dos servidores públicos
as terras públicas destinadas a logradouros municipais, entre outros previstos nas
públicos. Constituições da República e do Estado:
Art. 111 Todos os bens municipais são I - décimo terceiro salário com base na
imprescritíveis, impenhoráveis, inalienáveis e remuneração integral ou valor da aposentadoria;
inoneráveis, admitidas as exceções que a lei II - remuneração ou proventos não inferiores ao
estabelecer para os bens do patrimônio disponível salário mínimo, inclusive para aposentados;
e sua posse caberá conjunta e indistintamente a III - irredutibilidade dos vencimentos;
toda a comunidade que exercer seu direito de uso IV - duração do trabalho normal não superior a oito
comum, obedecidas as limitações. horas diárias e quarenta e quatro horas semanais;
Parágrafo único. Os bens públicos tornar-se-ão V - repouso semanal remunerado,
indisponíveis ou disponíveis por meio, preferencialmente aos domingos;
respectivamente, da afetação ou desafetação, VI - remuneração do serviço extraordinário
esta última dependente de lei. superior, no mínimo, em cinquenta por cento, à
Art. 112 A manutenção das áreas verdes, hora normal;
equipamentos de uso público e unidades de
VII - gozo de férias remuneradas com, pelo XVII - adicional de remuneração para as
menos, um terço a mais do valor normal da atividades penosas, insalubres ou perigosas, na
remuneração; forma da lei;
VIII - licença-gestante sem prejuízo do cargo ou XVIII - proibição de diferença de salário e de
emprego e do salário, com duração de 180 (cento critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor
e oitenta) dias. ou estado civil;
IX - licença-paternidade, sem prejuízo do emprego XIX - participação de representação sindical nas
e dos vencimentos, com duração de 10 (dez) dias, comissões de sindicância e inquérito que
assistindo igual direito ao pai adotante; apurarem falta funcional;
X - assistência gratuita aos filhos e dependentes XX - livre acesso à associação sindical e direito de
desde o nascimento até seis anos de idade em organização no local de trabalho.
creches e pré-escolas; Art. 117 São assegurados ao servidor:
XI - participação dos servidores nos colegiados I - afastamento de seu emprego ou função,
dos órgãos públicos em que seus interesses quando eleito para diretoria de sua entidade
profissionais e previdenciários sejam objeto de sindical, durante o período do mandato, sem
discussão e deliberação; prejuízo de seus direitos;
XII - liberdade de filiação político-partidária; II - permissão, na forma da lei, para conclusão de
XIII - licença-prêmio, nas condições e nos limites cursos em que estejam inscritos ou que venham a
estabelecidos em lei complementar de iniciativa do se inscrever, desde que possa haver
Chefe do Poder Executivo; compensação, com a prestação do serviço
XIV - licença especial a servidor que adotar público;
legalmente criança recém-nascida ou obtiver III - quando investido nas suas funções de direção
guarda judicial para fins de adoção, nos seguintes executiva de entidades representativas de classe
termos: ou conselheiro de entidades de fiscalização do
a) no caso de adoção ou guarda judicial de criança exercício das profissões liberais, o exercício de
até 1 (um) ano de idade, o período de licença será suas funções nestas entidades, sem prejuízos
de 180 (cento e oitenta) dias; nos seus salários e demais vantagens na sua
b) no caso de adoção ou guarda judicial de instituição de origem;
criança a partir de 1 (um) ano até 4 (quatro) anos IV - a carga horária reduzida em até duas horas,
de idade, o período de licença será de 60 a critério da administração, enquanto perdurar a
(sessenta) dias; frequência a curso de nível superior;
c) no caso de adoção ou guarda judicial de criança V - a percepção do salário mínimo ou o piso da
a partir de 4 (quatro) anos até 8 (oito) anos de categoria, na forma da lei;
idade, o período de licença será de 30 (trinta) dias. VII - além da gratificação natalina, aos servidores
Parágrafo único. A licença especial prevista municipais aposentados a percepção de proventos
neste inciso só será concedida mediante nunca inferior ao valor de salário mínimo;
apresentação do termo judicial de guarda à VIII - dispensa de dois dias úteis de serviço,
adotante ou guardiã. quando o servidor funcionar como presidente,
XV - ao professor regente de sala de aula, licença mesário ou suplente de mesa receptora em
de até 180 (cento e oitenta) dias, quando eleições majoritárias e proporcionais;
constatado comprometimento de suas cordas IX - dispensa do expediente no dia do
vocais em função do exercício profissional, aniversário natalício, bem assim facultado o
devidamente comprovado por perícia médica do ponto, na data consagrada à sua categoria;
Instituto de Previdência do Município (IPM); X - ponto facultativo por ocasião das greves dos
Parágrafo único. Findo o período de licença para transportes coletivos;
tratamento e comprovadamente persistindo os XI - o direito de ser readaptado de função por
sintomas da disfunção vocal, o professor deverá motivo de doença que o impossibilite de continuar
ser readaptado de função, sem qualquer prejuízo desempenhando as atividades próprias do seu
dos seus vencimentos e vantagens, como se na cargo ou função;
regência de sala de aula estivesse. XIII - adicional por tempo de serviço, nas
XVI - redução de riscos inerentes ao trabalho por condições e limites estabelecidos em lei
meio de normas de saúde, higiene e segurança; complementar de iniciativa do Chefe do Poder
Executivo;
XIV - garantia de salário nunca inferior ao salário Art. 121 Ao servidor é assegurado o direito de
mínimo para o que percebe remuneração petição para reclamar, representar, pedir
variável; reconsideração e recorrer, desde que o faça
XV - a gratificação de produtividade, que será dentro das normas de urbanidade em termos,
fixada por lei; vedado à autoridade negar conhecimento à
XVI - aos servidores municipais da administração petição devidamente assinada, devendo decidi-lo
direta, indireta e fundacional, que exerçam cargo no prazo hábil para obtenção dos efeitos
ou função de nível superior, fica assegurada a desejados, não podendo, em qualquer caso, ser
gratificação correspondente a vinte por cento superior a 60 (sessenta) dias.
sobre o seu salário ou vencimento básico; Art. 122 Os servidores somente serão indicados a
XVII - a garantia dos direitos adquiridos, anteriores participar de cursos de pós-graduação ou de
à promulgação desta Lei Orgânica; capacitação técnica e profissional custeados pelo
XVIII - garantia de adaptação funcional à gestante Município quando houver correlação entre o
nos casos em que houver recomendação médica, conteúdo programático e as atribuições do cargo
sem prejuízo de seus vencimentos e demais exercido ou outro da mesma carreira e em
vantagens do cargo. instituições devidamente reconhecidas pelo Poder
Art. 118 Aos servidores da administração direta, Público, além de conveniência para o serviço.
indireta e fundacional que concorram a mandatos Parágrafo único. Quando sem ônus para o
eletivos, inclusive nos casos de mandato de Município, o servidor interessado requererá
representação profissional e sindical, é garantida liberação.
a estabilidade a partir da data do registro do Art. 123 Enquanto perdurar a frequência a curso
candidato até um ano após o término do de nível superior, o servidor poderá requerer a
mandato, ou até cento e oitenta dias após a redução da jornada diária de trabalho em até duas
publicação dos resultados em caso de não horas, ficando a critério da administração a
serem eleitos, salvo se ocorrer exoneração nos concessão do benefício.
termos da lei.
Parágrafo único. Enquanto durar o mandato dos ESTATUTO DOS SERVIDORES DO MUNICÍPIO
eleitos, o órgão empregador recolherá DE FORTALEZA
mensalmente as obrigações sociais e garantirá ao (LEI MUNICIPAL Nº 6.794/1990)
servidor ou empregado os serviços médicos e
previdenciários dos quais era beneficiário antes de
TÍTULO I
se eleger.
DOS PRINCÍPIOS GERAIS
Art. 119 Nenhum servidor poderá ser diretor ou
integrar conselhos de empresas privadas
Art. 1º Esta Lei regula o regime jurídico dos
fornecedoras ou prestadoras de serviços ou que
servidores municipais de Fortaleza, tendo em vista
realizem qualquer contrato com o Município.
o disposto no art. 39, da Constituição da Republica
Art. 120 São estáveis, após 3 (três) anos de
Federativa do Brasil e na Lei Complementar nº
efetivo exercício, os servidores nomeados em
002, de 17 de Setembro de 1990.
virtude de aprovação em concurso público.
§ 1º Servidor Público Municipal, para os fins deste
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo
Estatuto, é a pessoa legalmente investida em
em virtude de sentença judicial transitada em
cargo público de provimento efetivo, de carreira
julgado ou mediante processo administrativo
ou isolado, ou de provimento em comissão, que
em que lhe seja assegurada ampla defesa.
perceba remuneração dos cofres públicos e
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão
cujas atribuições correspondam a atividades
do servidor estável, será ele reintegrado e o
caracteristicamente estatais da Administração
eventual ocupante da vaga reconduzido ao cargo
Pública Municipal.
de origem, sem direito a indenização,
§ 2º Cargo público é o lugar, inserido no Sistema
aproveitado em outro cargo ou posto em
Administrativo do Município, caracterizando-se,
disponibilidade.
cada um, por determinado conjunto de atribuições
§ 3º Extinto o cargo ou declarada sua
e responsabilidades de natureza permanente, com
desnecessidade, o servidor estável ficará em
denominação própria, número certo e pagamento
disponibilidade remunerada, até seu adequado
pelo Erário Municipal e criação por Lei.
aproveitamento em outro cargo.
§ 3º Para os efeitos desta Lei, considerar-se XXII - estabilidade financeira do valor mensal da
Sistema Administrativo o complexo de órgãos dos gratificação ou comissionado percebido, a
Poderes Legislativo e Executivo e suas entidades qualquer título, por mais de 05 (cinco) anos
autárquicas e fundacionais. ininterruptos ou 10 (dez) intercalados, ou não, na
Art. 2º Os servidores municipais abrangidos por forma regulamentar;
esta Lei serão integrados em Plano de Carreira XXIII - proteção ao mercado de trabalho das
específico, conforme dispuser lei própria, diversas categorias profissionais, mediante
distribuindo-se em Quadro de Cargos Efetivos e exigência de habilitação específica declarada
Quadro de Cargos Comissionados. pelos respectivos órgãos regionais fiscalizadores;
Art. 3º São direitos assegurados aos servidores XXIV - percepção de todos os direitos e
municipais da administração pública direta, vantagens, inclusive promoção, quando à
autárquica e fundacional: disposição dos demais poderes e órgãos ou
I - política de recursos humanos; entidade do Município, para exercer cargos em
II - acesso a cargos, obedecidas as condições e comissão;
requisitos fixados em Lei; XXV - direito de greve, nos temos da Lei;
III - irredutibilidade de vencimentos; XXVI - ao servidor público municipal é livre a
IV - vencimento base não inferior ao salário associação profissional ou sindical, nos termos da
mínimo nacional; Legislação em vigor.
V - 13ª remuneração; Art. 4º São deveres dos servidores municipais:
VI - remuneração do trabalho noturno superior à I - cumprir jornada de trabalho de 08 (oito) horas
do diurno; diárias e 40 (quarenta) semanais;
VII - remuneração do trabalho extraordinário II - desempenhar suas atribuições em dia e de
superior, no mínimo, em 50% (cinquenta por acordo com as rotinas estabelecidas ou as
cento) à da hora normal de trabalho; determinações recebidas de seus superiores;
VIII - salário-família; III - justificar, em cada caso e de imediato, o não
IX - auxílios pecuniários, adicionais e gratificações, cumprimento do serviço cometido ou de parte
na forma estabelecida nesta Lei; dele;
X - licenças, na forma estabelecida nesta Lei; IV - observar todas as normas legais e
XI - gozo de férias anuais remuneradas, com regulamentares em vigor;
acréscimo de pelo menos 1/3 (um terço) da V - cumprir as ordens de seus superiores, salvo
remuneração normal; quando manifestamente impraticáveis, abusivas
XII - amparo de normas técnicas de saúde, higiene ou ilegais;
e segurança do trabalho, sem prejuízos de VI - atender com presteza e precisão ao público
adicionais remuneratórios por serviços penosos, externo e interno;
insalubres ou perigosos; VII - responder direta e permanentemente pelo
XIII - aposentadoria; uso de material de consumo e bens patrimoniais,
XIV - participação em órgãos colegiados sob sua guarda ou responsabilidade;
municipais que tenham atribuições para discussão VIII - levar à autoridade superior as irregularidades
e deliberação de assuntos de interesse que vier a conhecer, quando do exercício de suas
profissional dos servidores; funções;
XV - proteção do trabalho da mulher, mediante IX - guardar sigilo profissional;
incentivos específicos, na forma da Lei; X - ser assíduo e pontual ao serviço;
XVI - proibição de diferenças remuneratória, de XI - observar conduta funcional e pessoal
exercício de cargos e de critérios de admissão, por compatível com a moralidade administrativa e
motivo de cor, idade, sexo ou estado civil; profissional;
XVII - inexistência de limite de idade para o XII - representar a instância superior contra
servidor público, em atividade, na participação em ilegalidade ou abuso de poder;
concursos; XIII - abster-se, de anonimato;
XVIII - proteção ao trabalho do portador de XIV - atender às notificações para depor ou
deficiência, na forma constitucional; realizar perícias ou vistorias nos procedimentos
XIX - o adicional de 1% (um por cento) por disciplinares;
anuênio de tempo de serviço; XV - atender, nos prazos de lei ou regulamentos,
XX - promoção por merecimento e antiguidade, as requisições para defesa da Fazenda Pública;
conforme critérios estabelecidos em Lei;
XVI - atender nos prazos da lei ou regulamento, os Empresa Pública e de Sociedade de Economia
requerimentos de certidões para defesa de direitos Mista e ainda aqueles que integram a rede
ou esclarecimentos de situações; ambulatorial e hospitalar do Sistema Único de
XVII - ser parcimonioso e cauteloso no uso dos Saúde (SUS), gerido pela Secretária de Saúde do
recursos públicos, buscando sempre, o menor Município.
custo e maior lucro social no seu emprego. § 3º Os cargos comissionados são de livre
provimento e exoneração, ressalvado o disposto
TÍTULO II nos §§ 1º e 2º deste artigo.
DO PROVIMENTO DOS CARGOS
CAPÍTULO I CAPÍTULO II
Das Disposições Preliminares Do Concurso Público

Art. 5º Os cargos dispõem-se em padrões Art. 9º O concurso será de caráter competitivo,


horizontais e classes verticais, formadas das eliminatório e classificatório e poderá ser realizado
categorias funcionais de cada grupo, nos níveis em 02 (duas) etapas, quando a natureza do cargo
básico, médio e superior, a serem providos de o exigir.
acordo com os requisitos constitucionais. § 1º A primeira etapa, de caráter eliminatório,
Parágrafo único. Os cargos, padrões, classes, constituir-se-á de provas escritas.
categorias funcionais, grupos ocupacionais e § 2º A segunda etapa, de caráter classificatórios,
referências integrarão o Plano Municipal de constará de cômputo de títulos e/ou de
Cargos e Carreiras. treinamento, cujo tipo e duração serão indicados
Art. 6º O provimento dos cargos far-se-á por ato no edital do respectivo concurso.
do Prefeito ou do Presidente da Câmara Municipal Art. 10 O concurso terá validade de até 02 (dois)
de Fortaleza e do Dirigente de Autarquias ou de anos, podendo ser prorrogado uma única vez,
fundação pública, conforme o caso. por igual período.
Art. 7º São formas de provimento dos cargos: Parágrafo único. O prazo de validade do
I - nomeação; concurso e as condições de sua realização, serão
II - promoção; fixados em edital, que será publicado no Diário
III - transferência; oficial do Município e em jornal diário de grande
IV - readaptação; circulação, não se abrindo novo concurso
V - reversão; enquanto houver candidato aprovado em concurso
VI - reintegração; anterior e cujo o prazo não tenha expirado.
VII - recondução;
VIII - aproveitamento. CAPÍTULO III
Art. 8º Os cargos são de provimento efetivo ou Da Nomeação, Da Posse E Do Exercício
comissionado, devendo ser considerados como Seção I
requisitos básicos para a sua investidura: Da Nomeação
I - ser brasileiro;
II - estar em gozo dos direitos políticos; Art. 11 Haverá nomeação:
III - nível de escolaridade exigido para o exercício I - para provimento de cargos efetivos de classe
do cargo; inicial de carreira;
IV - aptidão física e mental. II - para provimento de cargos comissionados.
§ 1º Os cargos comissionados são de livre Art. 12 A nomeação para cargo efetivo inicial de
provimento e exoneração, respeitados a carreira, depende de aprovação em concurso
especificação e os pré-requisitos exigidos para o público, observada a ordem de classificação e
seu exercício, 50% (cinquenta por cento) deles, dentro do prazo de sua validade.
devendo ser providos por servidores municipais, a Parágrafo único. O concurso observará as
estes reservados os de símbolos DNI. disposições constitucionais e as condições fixadas
§ 2º As reservas feitas no disposto no parágrafo em edital específico.
anterior não se aplicam aos cargos de Secretário Art. 13 O servidor nomeado em virtude de
Municipal, Chefe de Gabinete do Prefeito, concurso público tem direito à posse, observado o
Procurador Geral do Município, Presidente ou disposto no § 1º do art. 14 desta Lei.
Superintendente de Autarquia, Fundação,
Seção II Subseção II
Da Posse Do Estágio Probatório

Art. 14 Posse é a investidura no cargo, com Art. 19 Ao entrar em exercício, o servidor


aceitação expressa das atribuições, condições e nomeado para cargo de provimento efetivo ficará
responsabilidades a ele inerentes, formalizada em sujeito a estágio probatório por período de 02
assinatura do termo respectivo pela autoridade (dois) anos, durante o qual sua aptidão e
competente e pelo empossado. capacidade para o desempenho do cargo serão
§ 1º A posse ocorrerá no prazo de 30 (trinta) dias, avaliados trimestralmente, por critérios próprios,
contados da publicação do ato de nomeação fixados em regulamento, observados
prorrogável por mais 30 (trinta) dias, a especialmente os seguinte requisitos:
requerimento do interessado ou por quem o I - idoneidade moral;
represente legalmente. II - assiduidade;
§ 2º A posse poderá dar-se mediante procuração III - pontualidade;
específica. IV - disciplina;
§ 3º Em se tratando de servidor em licença ou V - eficiência.
em qualquer tipo de afastamento legal, o prazo Art. 20 O chefe imediato do servidor sujeito a
será contado do término do afastamento. estágio probatório, 60 (sessenta) dias antes do
§ 4º A posse ocorrerá em virtude de nomeação término deste, informará ao órgão de pessoal
para cargos de provimento efetivo e em comissão. sobre o servidor, tendo em vista os requisitos
§ 5º No ato da posse, o servidor apresentará, enumerados no artigo anterior.
obrigatoriamente, declaração dos bens e valores § 1º A vista de informação da chefia imediata do
que constituem seu patrimônio e declaração sobre servidor, o órgão de pessoal emitirá parecer
o exercício de outro cargo, emprego ou função escrito concluindo a favor ou contra a confirmação
pública. do estagiário.
Art. 15 A posse dependerá de prévia inspeção § 2º Desse parecer, se contrário à confirmação,
médica, pela Junta Médica Municipal, para dar-se-á vista ao estagiário, pelo prazo de 20
comprovar que o candidato se encontra apto para (dez) dias, para oferecer defesa.
o desempenho das atribuições do Cargo. § 3º Julgados o parecer e a defesa, o órgão de
administração geral, se considerar aconselhável a
Seção III exoneração do servidor estagiário, encaminhará
Do Exercício ao chefe do Poder competente o respectivo
Subseção I decreto, com exposição de motivos sobre o
Das Disposições Preliminares assunto.
§ 4º Se o despacho do órgão de pessoal for
Art. 16 Exercício é o efetivo desempenho das favorável à permanência do servidor estagiário,
atribuições do cargo. fica automaticamente ratificado o ato de
§ 1º É de 30 (trinta) dias improrrogáveis o prazo nomeação.
para o servidor entrar em exercício, contados da § 5º A apuração dos requisitos exigidos no estágio
data da posse. probatório deverá processar-se de modo que a
§ 2º Será revogada o ato de nomeação, se não exoneração do servidor estagiário possa ser feita
ocorrerem a posse e o exercício nos prazos antes de findar o período do estágio.
previstos nesta Lei. § 6º O órgão de pessoal diligenciará junto às
§ 3º A autoridade dirigente do órgão ou entidade chefias que supervisionam servidor em estágio
para onde for designado o servidor compete dar- probatório, de forma a evitar que este se dê por
lhe exercício. mero transcurso de prazo.
Art. 17 O início, a interrupção e o reinício do
exercício serão registrados no cadastro funcional Subseção III
do servidor. Da Lotação, Da Relotação e Da Remoção
Art. 18 O exercício de cargo comissionado exigirá
de seu ocupante integral dedicação ao serviço, Art. 21 Entende-se por lotação o número de
podendo ser convocado sempre que houver cargos existentes em cada Órgão da
interesse da Administração. Administração Direta, que constituem o Quadro
Único de Pessoal, e o número de cargos nível médio para a primeira de nível superior,
constantes nos Quadros de Pessoal das obedecidos os critérios exigidos para o ingresso
Entidades da Administração Indireta e nas respectivas carreiras.
Fundacional do Poder Executivo Municipal. § 1º A transformação depende de habilitação em
Art. 22 Relotação é o deslocamento do servidor, seleção interna de caráter competitivo,
com o respectivo cargo, de um para outro órgão eliminatório e classificatório que poderá ser
do mesmo Poder, observado sempre o interesse realizado em duas etapas, a seguir definidas:
da Administração. a) a primeira etapa, de caráter eliminatório,
Parágrafo único. A relotação dependerá da constituir-se-á de provas escritas;
existência de vaga e será processada por ato do b) a segunda etapa, de caráter classificatório,
Chefe do Poder Executivo. constará de cômputo de título e/ou treinamento,
Art. 23 A remoção é o deslocamento do servidor cujo tipo e duração serão indicados no edital da
de um para outro órgão de unidade administrativa respectiva seleção.
e processar-se-á "ex-ofício" ou a pedido do § 2º As vagas reservadas para transformação não
servidor, respeitada a lotação de cada Secretaria poderão ultrapassar o limite de 50% (cinquenta
ou entidades. por cento) dos cargos não preenchidos.

CAPÍTULO IV CAPÍTULO V
Da Ascensão Funcional Da Transferência

Art. 24 O desenvolvimento do servidor municipal Art. 29 A transferência é a passagem do servidor


na carreira ocorrerá mediante ascensão de cargo de carreira para outro de igual
funcional em suas modalidades: progressão, denominação, classe e referência, pertencentes a
promoção, readaptação e transformação. Quadro de Pessoal diverso.
Art. 30 A transferência ocorrerá de ofício ou a
Seção I pedido do servidor, atendido o interesse do
Da Progressão, Promoção, Readaptação e serviço, mediante o preenchimento de vaga.
Transformação
CAPÍTULO VI
Art. 25 Progressão é a passagem do servidor de Da Reversão
uma referência para a seguinte, dentro da
mesma classe, obedecidos os critérios de Art. 31 Reversão é o reingresso do aposentado
merecimento ou antiguidade. no serviço público municipal, após verificado,
Art. 26 Promoção é a passagem do servidor de em processo, que não subsistem os motivos
uma classe para a imediatamente superior, dentro determinantes da aposentaria.
da mesma carreira, obedecidos os critérios de Art. 32 A reversão far-se-á a pedido do servidor.
merecimento ou antiguidade. § 1º A reversão depende de exame médico, pela
Art. 27 Readaptação é a passagem do servidor de Junta Médica Municipal, em que fique comprovada
uma carreira para outra carreira diferente, de a capacidade para o exercício da função.
referência de igual valor salarial, mais compatível § 2º Será tornada sem efeito a reversão e cassada
com sua capacidade funcional, podendo ser de a aposentadoria do servidor que não tomar posse
ofício ou a pedido e dependerá, ou não entrar em exercício nos prazos previsto
cumulativamente, de: nesta Lei.
I - inspeção da Junta Médica Municipal que Art. 33 Não ocorrerá reversão nas hipóteses de
comprove sua incapacidade para a carreira ou servidor aposentado voluntariamente.
classe que ocupa e capacidade para a nova Art. 34 A reversão dar-se-á, de preferência, no
carreira ou classe; mesmo cargo anteriormente ocupado.
II - possuir habilitação legal para o ingresso na Art. 35 A reversão não dará direito, para nova
nova carreira ou classe; aposentadoria e disponibilidade, à contagem do
III - existência de vaga. tempo em que o servidor esteve aposentado.
Art. 28 Transformação é a passagem do servidor
de qualquer classe de nível básico para a inicial de
nível médio ou superior, ou de qualquer classe de
CAPÍTULO VII Art. 41 A exoneração de cargo em comissão dar-
Da Recondução se-á:
I - a juízo da autoridade competente;
Art. 36 Recondução é o retorno do servidor ao II - a pedido do próprio servidor.
cargo anteriormente ocupado. Art. 42 A vaga ocorrerá na data:
§ 1º A recondução decorrerá de reintegração do I - da vigência do ato administrativo que lhe der
anterior ocupante. causa;
§ 2º Encontrando-se provido o cargo de origem, o II - da morte do ocupante do cargo;
servidor será aproveitado em outro, observando o III - da vigência do ato que criar e conceder
disposto no art. 127. dotação para o seu provimento ou de que
determinar esta última medida, se o cargo já
estivar criado;
CAPÍTULO VIII
IV - da vigência do ato que extinguir cargo e
Da Reintegração
autorizar que sua dotação permita o
preenchimento de cargo vago.
Art. 37 Reintegração é a reinvestidura do
Parágrafo único. Verificada a vaga, serão
servidor no cargo anteriormente ocupado, ou
consideradas abertas, na mesma data, todas as
no cargo resultante de sua transformação,
que decorrerem de seu preenchimento.
quando invalidada a sua demissão ou
readaptação, por decisão administrativa ou
judicial, com ressarcimento de todas as CAPÍTULO II
vantagens. Da Substituição
§ 1º Encontrando-se provido o cargo, o seu
ocupante será reconduzido ao cargo de origem, ou Art. 43 Os ocupantes de cargos em comissão
aproveitado em outro cargo, ou, ainda, posto em terão substitutos indicados no regulamento ou
disponibilidade com remuneração integral. estatuto do Órgão ou Entidade ou, em caso de
§ 2º Comprovada a má fé por parte de quem deu omissão, previamente designados pela autoridade
causa à demissão invalidada, responderá este, competente.
civil, penal e administrativamente, Parágrafo único. O substituto assumirá
Art. 38 O servidor reintegrado, será submetido à automaticamente o exercício do cargo nos
inspeção médica, pela Junta Médica Municipal, e afastamento ou impedimentos do Titular e fará
aposentado, se julgado incapaz. jus à remuneração pelo seu exercício, para na
proporção dos dias de efetiva substituição,
facultada a opção, na hipótese do servidor exercer
TÍTULO III
DA VACÂNCIA E SUBSTITUIÇÃO outro cargo em comissão.
CAPÍTULO I
Da Vacância TÍTULO IV
DOS DIREITOS E VANTAGENS
CAPÍTULO I
Art. 39 A vacância do cargo público decorrerá de:
I - exoneração; Do Tempo De Serviço
II - demissão;
III - promoção ou readaptação; Art. 44 A apuração do tempo de serviço será feita
IV - aposentadoria; em dias, que serão convertidos em anos,
V - falecimento; considerado o ano de trezentos e sessenta e cinco
VI - transferência. dias.
Art. 40 A exoneração de cargo de carreira dar-se- Art. 45 Serão considerados de efetivo exercício os
á a pedido do servidor ou de ofício. afastamentos em virtude de:
Parágrafo único. A exoneração de ofício será I - férias;
aplicada: II - casamento, até oito dias corridos;
a) quando não satisfeitas as condições de estágio III - luto, até cinco dias corridos, por falecimento do
probatório; cônjuge, companheiro, pais, madrasta, padrasto,
b) quando o servidor não entrar em exercício no filhos, enteados, irmãos, genros, noras, avós,
prazo estabelecido nesta Lei. sogro e sogra.
IV - nascimento de filho, até cinco dias corridos;
V - exercício de cargo em comissão ou Seção II
equivalente em órgãos ou entidades dos Poderes Da Concessão e Da Época Das Férias
da União, Estados, Municípios ou Distrito Federal,
quando legalmente autorizado; Art. 50 As férias serão concedidas por ato do
VI - convocação para o serviço militar; Dirigente da Unidade Administrativa, em um só
VII - júri e outros serviços obrigatórios por Lei; período, nos 12 (doze) meses subsequentes à
VIII - estudo em outro Município, Estado ou País, data em que o servidor tiver adquirido o direito.
quando legalmente autorizado; Parágrafo único. Somente em casos
IX - licença; excepcionais serão as férias concedidas em dois
a) à maternidade, à adotante e à paternidade; períodos, em dos quais não poderá ser inferior a
b) para tratamento de saúde; 10 (der) dias corridos.
c) por motivo de doença em pessoa da família; Art. 51 A concessão das férias será participada,
d) para o desempenho de mandato eletivo; por escrito, ao servidor, com antecedência de, no
e) prêmio. mínimo 15 (quinze) dias, cabendo a este assinar a
Art. 46 É vedada a contagem cumulativa de respectiva notificação.
tempo de serviço prestado concomitantemente em Art. 52 A época da concessão das férias é a que
mais de um cargo ou função de órgão ou entidade melhor consulte os interesses dos serviços
dos Poderes da União, Estado, Distrito Federal e público, obedecidas as respectivas escalas,
Município, autarquia, fundação pública, sociedade elaboradas, dentro do possível, atendendo aos
de economia mista e empresa pública. interesses do servidor.
Art. 47 Contar-se-á apenas para efeito de
aposentadoria, disponibilidade e promoção por
Seção III
antiguidade:
Da Remuneração E Do Abono De Férias
I - o tempo de serviço público prestado a União,
Estado e ou outro Município;
Art. 53 O servidor perceberá, antes do inicio do
II - a licença para mandato eletivo;
gozo de suas férias, a remuneração que lhe for
III - o tempo de serviço em atividade privada,
devida na data da respectiva concessão,
vinculada à Previdência Social;
acrescida de, pelo menos 1/3 (um terço).
Parágrafo único. O tempo de serviço prestado às
Forças Armadas, em operações de guerra, será
contado em dobro. Seção IV
Dos Efeitos Da Exoneração Ou Demissão
CAPÍTULO II
Das Férias Anuais Art. 54 Concretizada a exoneração ou demissão,
Seção I de cargo efetivo, será devido ao servidor a
remuneração correspondente ao período de
Do Direito A Férias e Da Duração
férias cujo direito tenha adquirido.
Parágrafo único. O servidor exonerado terá
Art. 48 O servidor faz jus, anualmente, a 30
direito à remuneração relativa ao período
(trinta) dias consecutivos de férias, que podem ser
incompleto de férias, na proporção de 1/2 (um
acumuladas até o máximo de 02 (dois)
doze avos) por mês de serviço ou fração igual ou
períodos, no caso de necessidade do serviço.
superior a 15 (quinze) dias.
§ 1º Para cada período aquisitivo serão exigidos
12 (doze) meses de exercício.
§ 2º É vedado levar à conta de férias qualquer CAPÍTULO III
falta ao serviço. Das Licenças
Art. 49 As férias poderão ser interrompidas por Seção I
motivo de calamidade pública, comoção interna, Das Disposições Preliminares
convocação para júri, serviço militar ou eleitoral ou
necessidade comprovada de retorno inadiável ao Art. 55 Conceder-se-á ao servidor licença:
trabalho. I - para tratamento de saúde;
II - por motivo de doença em pessoa da família;
III - maternidade;
IV - paternidade;
V - para serviço militar obrigatório;
VI - para acompanhar o cônjuge ou companheiro; Junta Médica Municipal.
VII - para desempenho de mandato eletivo; Art. 63 Será punido disciplinarmente, com
VIII - prêmio. suspensão de 30 (trinta) dias, o servidor que
Art. 56 A licença para tratamento de saúde, recusar a submeter-se a exame médico,
depende de inspeção médica, pela Junta Médica cessando o efeito da penalidade, logo que se
Municipal, e terá a duração que for indicada no verifique o exame.
respectivo laudo. Art. 64 Considerado apto, em exame médico, o
§ 1º Terminado o prazo, o servidor será submetido servidor reassumirá, sob pena de se apurarem,
a nova inspeção médica, devendo o laudo com faltas injustificadas, os dias de ausência.
concluir pela volta do servidor ao exercício, Parágrafo único. No curso da licença, poderá o
pela prorrogação da licença ou, se for o caso, servidor requerer exame médico, caso se julgue
pela aposentadoria. em condições de reassumir o exercício.
§ 2º Terminando a licença o servidor reassumirá Art. 65 A licença a servidor atacado de
imediatamente o exercício. tuberculose ativa, alienação mental, neoplasia
Art. 57 A licença poderá ser terminada ou maligna, cegueira ou redução de vista que lhe seja
prorrogada de ofício ou a pedido. praticamente equivalente, hanseníase paralisia
Parágrafo único. O pedido de prorrogação deverá irreversível e incapacitante, cardiopatia grave,
ser apresentado antes de finda a licença e, se doença de Parkison, espondiloartrose
indeferido, contar-se-á com licença o período anquilosante, epilepsia vera, nefropatia grave,
compreendido entre a data do término e a do estados avançados de Paget (osteíte deformante)
conhecimento oficial do despacho. ou de outra moléstia que, a juízo da Junta Médica
Art. 58 As licenças concedidas dentro de 60 Municipal, ocasionar incapacidade total e
(sessenta) dias, contados do término da anterior, definitiva, será concedida quando o exame médico
serão consideradas em prorrogação. não concluir pela concessão imediata da
Parágrafo único. Para efeito deste artigo, aposentadoria.
somente serão levadas em consideração as Art. 66 Será integral a remuneração do servidor
licenças da mesma espécie, com o mesmo licenciado para tratamento de saúde.
objetivo.
Art. 59 Todas as licenças serão concedidas pelo Seção III
Prefeito, Presidente da Câmara Municipal ou Da Licença Por Motivo De Doença Em Pessoa
Dirigente da Entidade ou por delegação destes a Da Família
pessoa credenciada.
Art. 60 O ocupante de cargo em comissão, não Art. 67 Será concedida licença ao servidor, por
titular de cargo de carreira, terá direito às licenças motivo de doença do cônjuge ou companheiro,
referidas nos itens I a IV do art. 55. padrasto ou madrasta, ascendentes,
descendentes, enteado e colateral consanguíneo
Seção II ou afim até o segundo grau civil, mediante
Da Licença Para Tratamento De Saúde comprovação médica.
§ 1º A licença somente será deferida se a
Art. 61 A licença para tratamento de saúde será assistência direta do servidor for indispensável e
"ex-ofício" ou a pedido do servidor ou de seu não puder ser prestada simultaneamente com o
legítimo representante, quando aquele não puder exercício do cargo, o que deverá ser apurado
fazê-lo. através de acompanhamento social
Parágrafo único. O servidor licenciado para § 2º A licença será concedida sem prejuízo de
tratamento de saúde, não poderá dedicar-se a remuneração integral.
qualquer atividade remunerada, sob pena de ser
cassada a licença. Seção IV
Art. 62 O exame, para concessão de licença para Da Licença Maternidade
tratamento de saúde, será feito pela Junta Médica
Municipal, salvo se fora do Município. Art. 68 A servidora gestante, mediante inspeção
Parágrafo único. O atestado ou laudo passado médica, será licenciada por 120 (cento e vinte)
por médico ou junta médica particular, só dias corridos com remuneração integral.
produzirá efeitos depois de homologado pela
§ 1º A prescrição médica determinará a data início durar a comissão ou a nova função do cônjuge ou
da licença a ser concedida à gestante. companheiro.
§ 2º Aplica-se à servidora adotante o disposto no
caput deste artigo. Seção VIII
Da Licença Para Desempenho De Mandato
Seção V Eletivo
Da Licença Paternidade
Art. 72 O servidor investido em mandato eletivo
Art. 69 Será concedida licença paternidade ao será considerado em licença, aplicando-se as
servidor que, por ocasião do nascimento de filho seguintes disposições:
ou adoção, apresentar registro civil de I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual
nascimento da criança ou provação da adoção. ou distrital, ficará afastado do seu cargo, emprego
Parágrafo único. A licença paternidade é de 05 ou função, sem remuneração;
(cinco) dias corridos, contados a partir do II - investido no mandato de Prefeito, será
nascimento ou adoção da criança. afastado do cargo, emprego ou função, sendo-lhe
facultado optar pela sua remuneração;
Seção VI III - investido no mandato de Vereador, havendo
Da Licença Para Serviço Militar Obrigatório compatibilidade de horários, perceberá as
vantagens de seu cargo, emprego ou função, sem
Art. 70 Ao servidor que for convocado para prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e,
serviço militar, e outros encargos de segurança não havendo compatibilidade, será aplicada a
nacional, será concedida licença com norma do inciso anterior.
remuneração integral. § 1º A licença prevista neste artigo considerar-se-á
§ 1º A licença será concedida à vista de automática com a posse no mandato eletivo.
documento oficial que comprove a incorporação. § 2º O servidor municipal, afastado nos termos
§ 2º Da remuneração descontar-se-á a deste artigo, só poderá reassumir o exercício do
importância que o servidor perceber na qualidade cargo, após o término ou renúncia do mandato.
de incorporado, salvo se optar pelas vantagens do Art. 73 O servidor ocupante de cargo em
serviço militar. comissão será exonerado com a posse no
§ 3º Ao servidor desincorporado conceder-se-á mandato eletivo.
prazo não excedente a 30 (trinta) dias, para que Parágrafo único. Se o ocupante do cargo em
reassuma o exercício, sem parda da remuneração. comissão for também de um cargo de carreira
§ 4º A licença de que trata este artigo, será ficará exonerado daquele e licenciado deste, na
também concedida ao servidor que houver feito forma prevista no artigo anterior.
curso para ser admitido como oficial das Forças Art. 74 O servidor municipal deverá licenciar-se
Armadas, durante os estágios prescritos pelos antes da eleição a que for concorrer, na forma dos
regulamento militares, aplicando-se o disposto no dispositivos legais que regulamentarem a matéria.
§ 2º deste artigo.
Seção IX
Seção VII Da Licença-Prêmio
Da Licença Para Acompanhar O Cônjuge Ou
Companheiro Art. 75 Após cada quinquênio de efetivo
exercício o servidor fará jus a 03 (três) meses de
Art. 71 O servidor, cujo cônjuge ou companheiro licença, a título de prêmio por assiduidade, sem
tiver sido mandado servir, independentemente de prejuízo de sua remuneração.
solicitação, em outro ponto do território nacional, § 1º Para que o servidor titular de cargo de
ou no estrangeiro, terá direito a licença sem carreira, no exercício de cargo em comissão, goze
remuneração. de licença-prêmio, com as vantagens desse cargo,
§ 1º Excluem-se da regra do caput deste artigo os deve ter nele pelo menos 02 (dois) anos de
municípios integrantes da região Metropolitana de exercício ininterruptos.
Fortaleza. § 2º Somente o tempo de serviço público prestado
§ 2º A licença será concedida, mediante pedido ao Município de Fortaleza, será contado para
devidamente instruído e vigorará pelo tempo que efeito de licença-prêmio.
Art. 76 Não se concederá licença-prêmio ao c) por motivo de casamento, até o máximo de 08
servidor que, no período aquisitivo: (oito) dias corridos;
I - sofrer penalidade disciplinar de suspensão; d) por motivo de luto, até 05 (cinco) dias.
II - afasta-se do cargo em virtude de: e) para atividade sindical ou associativa, uma vez
a) licença para tratamento em pessoa da família aleito pelos servidores, conforme estabelecido em
por mais de 04 (quatro) meses ininterruptos ou Lei.
não; II - sem direito à percepção da remuneração,
b) para trato de interesse particular; quando se tratar de afastamento para o trato de
c) por afastamento para acompanhar o cônjuge ou interesse particular;
companheiro, por mais de 03 (três) meses III - com ou sem direito à percepção da
ininterruptos ou não; remuneração, conforme se dispuser em lei ou
d) licença para tratamento de saúde por prazo regulamento, quando o exercício das atribuições
superior a 06 (seis) meses ininterruptos ou não. de cargo, função ou emprego em Órgãos ou
e) disposição sem ônus. Entidades da Administração Federal, Estadual ou
Parágrafo único. As faltas injustificadas ao Municipal.
serviço retardarão a concessão da Licença Parágrafo único. Os servidores ocupantes de
prevista neste artigo, na proporção de um mês cargo de carreira ou em comissão poderão,
para cada falta. devidamente autorizados, integrar ou assessorar
Art. 77 A licença-prêmio, a pedido do servidor, comissões, grupos de trabalho ou programas, com
poderá ser gozada por inteiro ou parceladamente. ou sem prejuízo da remuneração.
Parágrafo único. Requerida para gozo
parcelado, a licença-prêmio não será concedida Seção II
por período inferior a um mês. Para Trato De Interesse Particular
Art. 78 É facultado à autoridade competente,
tendo em vista o interesse da Administração, Art. 83 Depois de 03 (três) anos de efetivo
devidamente fundamentado, determinar, dentro de exercício, o servidor poderá obter autorização de
90 (noventa) dias seguintes da apuração do afastamento para o trato de interesse
direito, a data do início do gozo pela licença- particular, por um período não superior a 10 (dez)
prêmio, bem como decidir se poderá ser anos, consecutivos ou não.
concedida por inteiro ou parceladamente. Parágrafo único. O servidor deverá aguardar em
Art. 79 A licença-prêmio poderá ser interrompida, exercício a autorização do seu afastamento.
de ofício, quando o exigir interesse público, ou a Art. 84 Não será autorizado o afastamento do
pedido do servidor, preservado, em qualquer caso, servidor removido antes de ter assumido o
o direito ao gozo do período restante da licença. exercício.
Art. 81 O servidor deverá aguardar em exercício a Art. 85 O afastamento para o trato de interesse
concessão da licença-prêmio. particular será negado quando for inconveniente
Parágrafo único. O direito de requerer licença- ao interesse público.
prêmio não está sujeito a caducidade. Art. 86 Quando o interesse do serviço o exigir, a
autorização poderá ser revogada, a juízo da
CAPÍTULO IV autoridade competente, devendo, neste caso, o
Dos Afastamentos servidor será expressamente notificado para
Seção I apresentar-se ao serviço no prazo de 30 (trinta)
Das Disposições Preliminares dias, prorrogável pro igual período, findo o qual
caracterizar-se-á o abandono do cargo.
Art. 82 O servidor poderá afastar do exercício Art. 87 O servidor poderá a qualquer tempo,
funcional: reassumir o exercício, desistindo da autorização.
I - sem prejuízo da remuneração, quando:
a) for estudante, para incentivo à sua formação Seção III
profissional e dentro dos limites estabelecidos Das Autorizações Para Incentivo A Formação
nesta Lei; Profissional Do Servidor
b) for realizar missão ou estudo fora do Município
de Fortaleza; Art. 88 Poderá ser autorizado o afastamento, de
até 02 (duas) horas diárias, ao servidor que
frequente curso regular de 1º grau, 2º grau ou de Art. 94 O prazo de prescrição contar-se-á da data
ensino superior, a critério da Administração. da publicação do ato impugnado e quando estar
Parágrafo único. A autorização prevista neste for de natureza reservada, da data em que o
artigo poderá dispor que a redução dar-se-á por interessado dele tiver ciência.
prorrogação do início ou antecipação do término Art. 95 O pedido de reconsideração, quando
do expediente diário, conforme considerar mais cabível, interrompe a prescrição.
conveniente ao estudante e aos interesses da Parágrafo único. A prescrição interrompida
repartição. recomeçará a correr pela metade do prazo da data
Art. 89 O afastamento para missão ou estudo fora do ato que a interrompeu, ou do último ato ou
do Município ou no estrangeiro será autorizado termo do respectivo processo.
nos mesmo atos que designarem o servidor a
realizar a missão ou estudo, quando do interesse CAPÍTULO VI
do Município. Do Vencimento E Remuneração
Art. 90 As autorizações previstas nesta seção
dependerão de comprovação, mediante Art. 96 Vencimento é a retribuição pecuniária
documento oficial, das condições previstas para as pelo exercício de cargo público, com valor fixado
mesmas, podendo a autoridade competente exigi- em lei.
la, prévia ou posteriormente, conforme julga Art. 97 Remuneração é o vencimento do cargo,
conveniente. acrescido das vantagens pecuniárias
permanentes ou temporárias, estabelecidas em
CAPÍTULO V lei.
Do Direito De Petição Parágrafo único. Fica instituída a data-base dos
servidores do município em 1º de Maio.
Art. 91 É assegurado ao servidor o direito de Art. 98 O servidor perderá:
petição para requerer ou representar e pedir I - a remuneração dos dias que faltar ao serviço,
reconsideração. salvo os casos previstos nesta Lei;
§ 1º O requerimento ou representação será II - a parcela da remuneração diária, proporcional
dirigido à autoridade competente para decidi-lo, aos atrasos, ausências e saídas antecipadas, na
através de superior hierárquico do requerente, forma que dispuser por Decreto.
que deverá ser decidido e despachado no prazo Art. 99 O vencimento, a remuneração, o provento
de 20 (vinte) dias a partir da entrega do ou qualquer vantagem pecuniária atribuída ao
documento de petição devidamente protocolizado. servidor, não sofrerão descontos além dos
§ 2º O pedido de reconsideração será dirigido à previstos expressamente em lei, nem serão
autoridade que houver expedido o ato ou proferido objeto de arresto, sequestro ou penhora, salvo em
a primeira decisão, não podendo ser renovado. se tratando de:
§ 3º O pedido de reconsideração deverá ser I - prestação de alimentos, determinada
decidido dentro do prazo de 30 (trinta) dias. judicialmente ou acordada;
Art. 92 Caberá recurso: II - reposição ou indenização devida à Fazenda
I - do indeferimento do pedido de reconsideração; Municipal.
II - das decisões sobre os recursos Art. 100 As reposições e indenizações à Fazenda
sucessivamente interpostos. Municipal serão descontadas em parcelas
Parágrafo único. O recurso, que não terá efeito mensais não excedentes a 10ª (décima) parte da
suspensivo, será dirigido à autoridade remuneração.
imediatamente superior a quem tiver expedido o Parágrafo único. Quando o servidor for
ato ou proferido a decisão, e, sucessivamente, em exonerado ou demitido, a quantia por ele devida
escala, às demais autoridades. será inscrita como dívida ativa para os efeitos
Art. 93 O direito de pleitear na esfera legais,
administrativa prescreverá: Art. 101 O servidor que não estiver no exercício
I - em 05 (cinco) anos, quanto aos atos de que do cargo, somente poderá perceber vencimento
decorrerem demissão, cassação de aposentadoria ou remuneração nos casos previstos em lei ou
ou disponibilidade; regulamento.
II - em 120 (cento e vinte) dias, nos demais
casos.
CAPÍTULO VII Seção III
Das Vantagens Pecuniárias Da Gratificação De Insalubridade,
Seção I Periculosidade E Risco De Vida
Das Disposições Preliminares
Art. 107 São consideradas atividades ou
Art. 103 Juntamente com o vencimento, poderão operações insalubres aquelas que, por sua
ser pagas ao servidor as seguintes vantagens: natureza, condições ou métodos de trabalho,
I - 13ª Remuneração; exponham os servidores a agente nocivo à saúde,
II - gratificação de insalubridade, periculosidade e acima dos limites de tolerância fixados em
risco de vida; razão da natureza e da intensidade do agente e o
III - gratificação por serviço extraordinário; tempo de exposição aos seus efeitos.
IV - gratificação por participação em órgão de Art. 108 A eliminação ou a neutralização da
deliberação coletiva; insalubridade ocorrerá:
V - gratificação por participação em comissão I - com adoção de medidas que conservem o
examinadora de concurso; ambiente de trabalho dentro dos limites de
VI - gratificação por exercício de magistério; tolerância;
VII - diárias e ajuda de custo; II - com a utilização de equipamentos de
VIII - adicional por tempo de serviço; equipamentos de proteção individual ao servidor,
IX - adicional por trabalho noturno; que diminuam a intensidade do agente agressivo a
X - gratificação por representação; limites de tolerância.
XI - gratificação pelo aumento de produtividade; Parágrafo único. A insalubridade e periculosidade
XIII - gratificação pela execução de trabalho serão comprovadas por meio de perícia
relevante, técnico ou científico; médica.
XIV - retribuição adicional variável; Art. 109 O exercício de trabalho em condições
XV - gratificação de raio X. insalubres, acima dos limites de tolerância
XVI - gratificação pela prestação de serviço em estabelecidos pelo Ministério do Trabalho,
regime de sobreaviso permanente. assegura a percepção da gratificação de
XVII - gratificação de plantão. insalubridade.
Parágrafo único. Leis específicas regulamentarão Parágrafo único. A gratificação que se refere o
as vantagens pecuniárias constantes nos incisos caput deste artigo se classifica segundo os graus
VI, XI, XV e XVI deste artigo. máximo, médio e mínimo, com valores de 40%
(quarenta por cento), 20% (vinte por cento) e 10%
Seção II (dez por cento) do vencimento base do servidor,
DA 13ª REMUNERAÇÃO respectivamente.
Art. 110 São consideradas atividades ou
Art. 104 A 13ª remuneração corresponde a 1/12 operações perigosas, aquelas que, por sua
(um doze avos) da remuneração a que o servidor natureza ou método de trabalho, impliquem em
fizer jus no mês de dezembro, por mês de contato permanente com inflamáveis ou
dezembro, por mês de exercício, no respectivo explosivos em condições de risco acentuado.
ano. Parágrafo único. O trabalho em condições de
Parágrafo único. A fração igual ou superior a 15 periculosidade assegura ao servidor uma
(quinze) dias será considerada como mês gratificação de 30% (trinta por cento) sobre o
integral. vencimento base.
Art. 105 No caso de vacância em cargo de Art. 111 Pela execução de trabalho de natureza
carreira, qualquer que seja a sua causa, o servidor especial com risco de vida será concedida uma
perceberá 13ª remuneração proporcionalmente gratificação de 20% (vinte por cento), calculada
aos meses de efetivo exercício, calculada sobre a sobre o vencimento base do servidor.
remuneração do último mês pecuniária. Art. 112 O direito do servidor à gratificação de
Art. 106 A 13ª remuneração não será considerada insalubridade, periculosidade ou risco de vida,
para cálculo de qualquer vantagem pecuniária. cessará com a eliminação do risco à sua saúde
ou integridade física.
Seção IV Seção VI
Da Gratificação Por Serviço Extraordinário Do Adicional Por Tempo De Serviço

Art. 114 O serviço extraordinário será calculado Art. 118 O adicional por tempo de serviço é devido
com acréscimo de 50% (cinquenta por cento) em à razão de 1% (um por cento) por anuênio de
relação à hora normal de trabalho, incidindo sobre efetivo serviço público, incidente sobre o
a remuneração do servidor, excetuando-se a vencimento do servidor.
representação de cargo comissionado. § 1º O servidor fará jus ao adicional a partir do
Art. 115 Somente será permitido serviço mês subsequente à aquele em que completar o
extraordinário para atender situações anuênio.
excepcionais e temporárias, respeitado o limite § 2º O limite do adicional a que se refere o caput
máximo de 02 (duas) horas diárias. deste artigo é de 35% (trinta e cinco por cento).
§ 3º O anuênio calculado sobre o vencimento,
Seção V mantidas as condições estabelecidas pela Lei nº
Das Diárias 5.391, de 06 de maio de 1981 e pelo art. 53 da Lei
Complementar nº 001, de 13 de setembro de
Art. 116 O servidor que, a serviço, se afastar do 1990, incorporando-se aos vencimentos para
Município, em caráter eventual ou transitório, todos os efeitos, inclusive para aposentadoria e
para outro ponto do território nacional, fará jus a disponibilidade.
passagens e diárias, pra cobrir as despesas de § 4º Não poderá receber o adicional a que se
hospedagem, alimentação e locomoção, cujo valor refere este artigo o servidor que perceber qualquer
será fixado por ato do Prefeito ou Presidente da vantagem por tempo de serviço, salvo opção por
Câmara, conforme o caso. uma delas.
Parágrafo único. A diária será concedida por dia
de afastamento, sendo devida pela metade Seção VII
quando o deslocamento não exigir pernoite fora do Do Adicional Por Trabalho Noturno
Município.
Art. 117 O servidor que receber diárias e não se Art. 119 O trabalho noturno terá remuneração
afastar do Município, por qualquer motivo, fica superior à do diurno e, para esse efeito, sua
obrigado a restituí-las, integralmente, no prazo remuneração terá um acréscimo de 20% (vinte por
de 05 (cinco) dias. cento) sobre a hora diurna.
Parágrafo único. Na hipótese do servidor retornar § 1º A hora do trabalho noturno será computada
ao Município em prazo menor do que o previsto como de 52 (cinquenta e dois) minutos e 30 (trinta)
para seu afastamento, restituirá as diárias segundos.
recebidas em excesso, no prazo de 05 (cinco) § 2º Considera-se noturno, para efeitos deste
dias. artigo, o trabalho executado entre as 19
Art. 117-A O servidor que, com habitualidade, (dezenove) horas de um dia às 07 (sete) horas
realizar deslocamentos por necessidade do do dia seguinte.
serviço poderá, a critério da Administração, § 3º Nos horários mistos, assim entendidos os que
receber ajuda de custo para compensar as abrangem períodos diurnos e noturnos, aplica-se
despesas decorrentes daqueles deslocamentos, às horas de trabalho noturno o disposto neste
conforme estabelecido em Decreto, por questão artigo e seus parágrafos.
de eficiência ou economicidade, para cargos ou
funções específicas. Seção VIII
Parágrafo único. A ajuda de custo a que se refere Da Gratificação De Representação
o caput possui natureza indenizatória, não
poderá ser computada para a concessão de Art. 120 A gratificação de representação e
décimo terceiro salário, férias ou qualquer outra atribuída aos ocupantes de cargos em comissão
vantagem, não servindo de base de cálculo para e outros que a legislação determinar, tendo em
fins previdenciários e não podendo ser vista despesas de natureza social e profissional
incorporada para qualquer fim. determinadas pelo exercício funcional.
Parágrafo único. Os percentuais da gratificação
serão estabelecidos em Lei, em ordem
decrescente, a partir da remuneração de § 2º Verificada a incapacidade definitiva, o
Secretário Municipal. servidor em disponibilidade será aposentado.
Art. 122 O servidor que já tenha adicionado aos Art. 129 Será tornado sem efeito o aproveitamento
seus vencimentos a vantagem do artigo anterior, e cessada a disponibilidade se o servidor não
quando nomeado para cargo comissionado, entrar em exercício no prazo legal, salvo doença
poderá perceber, a título de verba especial, o valor comprovada por Junta Médica Municipal.
correspondente a 60% (sessenta por cento) da
representação do cargo em comissão que esteja TÍTULO V
exercendo. DA PREVIDÊNCIA E DA ASSISTÊNCIA
Parágrafo único. O direito à percepção da CAPÍTULO I
vantagem de que trata este artigo cessa quando o Das Disposições Preliminares
servidor deixar de exercer o cargo em comissão,
não podendo esta vantagem, sob qualquer Art. 130 O Município assegurará a manutenção
hipótese, ser adicionada ou incorporada a seus de um sistema de previdência e assistência
vencimento ou proventos, para nenhum efeito. que, dentre outros, preste os seguintes benefícios
ao servidor e à sua família:
CAPÍTULO VIII I - aposentadoria;
Da Estabilidade II - salário-família;
III - auxílio natalidade;
Art. 123 O servidor habilitado em concurso IV - auxílio-funeral;
público e empossado em cargo de carreira V - pensão;
adquirirá estabilidade no serviço público após 02 VI - assistência médica, odontológica e hospitalar;
(dois) anos de efetivo exercício. VII - assistência social, jurídica e financeira;
Art. 124 O servidor estável só perderá o cargo em VIII - pecúlio.
virtude de sentença judicial transitado em julgado Parágrafo único. Os benefícios e serviços serão
ou de processo administrativo disciplinar no qual concedidos, nos termos e condições definidos em
lhe seja assegurada ampla defesa. regulamento, observadas as disposições desta
Art. 125 Invalidada a demissão do servidor estável Lei.
será ele reintegrado, e o eventual ocupante da Art. 131 O recebimento indevido de benefícios
vaga reconduzido ao cargo de origem, sem havidos por fraude, dolo ou má fé, implicará
direito a indenização, aproveitado em outro cargo devolução ao Erário do total auferido, sem
ou posto em disponibilidade. prejuízo da ação cabível.

CAPÍTULO IX CAPÍTULO III


Da Disponibilidade E Do Aproveitamento Do Salário-Família

Art. 126 Extinto o cargo ou declarada a sua Art. 139 O salário-família é devido ao servidor
desnecessidade, o servidor estável ficará em ativo ou ao inativo, por dependente econômico.
disponibilidade, com remuneração integral. Parágrafo único. Consideram-se dependentes
Art. 127 O retorno à atividade de servidor em econômicos para efeitos de percepção do salário-
disponibilidade far-se-á mediante aproveitamento família:
obrigatório em cargo de atribuições e I - o cônjuge ou companheiro que não tenha renda
vencimentos compatíveis com o anteriormente própria, e os filhos, e qualquer condição, inclusive
ocupado. os enteados até 21 (vinte e um) anos de idade ou,
Art. 128 O aproveitamento de servidor que se se estudante, até 24 (vinte e quatro) anos ou, se
encontra em disponibilidade a mais de 01 (um) inválido, de qualquer idade;
ano dependerá de prévia comprovação de sua II - o menor de 21 (vinte e um) anos que, mediante
capacidade física e mental, por Junta Médica autorização judicial, viver na companhia e as
Municipal. expensas do servidor ou do inativo; e
§ 1º Se julgado apto, o servidor assumirá o III - a mãe e/ou o pai, se condições de trabalho
exercício do cargo no prazo de 30 (trinta) dias que viva as expensas do servidor.
contados da publicação do ato de aproveitamento. Art. 140 Não se configura a dependência
econômica quando o beneficiário do salário-
família perceber rendimento do trabalho ou de de maior remuneração do servidor falecido.
qualquer outra fonte, inclusive pensão ou § 2º O pagamento do referido auxílio será
provento de aposentadoria, em valor igual ou efetuada pela instituição de previdência municipal
superior ao salário-mínimo. e após a apresentação da certidão de óbito.
Art. 141 Quando o pai e mãe forem servidores § 3º No caso do falecimento de dependente que
públicos do Município de Fortaleza e viverem em conste dos assentamentos do servidor, será
comum, o salário-família será pago á mãe; concedido auxílio-funeral correspondente ao
quando separados, será pago a um e outro, de valor de um salário mínimo.
acordo com a distribuição dos dependentes. Art. 148 Quando não houver pessoa da família do
Parágrafo único. Ao pai e à mãe equiparam-se o servidor no local do falecimento, o auxílio-funeral
padrasto, a madrasta, e, na falta destes, os será pago a quem promover o enterro, mediante
representante legais dos incapazes. provas das despesas.
Art. 142 O salário-família não está sujeito a Art. 149 O pagamento do auxílio-funeral será
qualquer tributo municipal, nem servirá de base efetuado dentro de 30 (trinta) dias após o
para qualquer contribuição, inclusive para falecimento do servidor ou inativo.
previdência social.
Art. 143 O servidor ativo e o inativo são CAPÍTULO VII
obrigados a comunicar ao órgão competente, Do Pecúlio
dentro de 15 (quinze) dias, qualquer alteração
que se verifique na situação dos dependentes, da Art. 164 O pecúlio garantirá, aos dependentes do
qual decorra supressão ou dedução no salário- servidor ativo ou inativo, uma importância
família. correspondente a 04 (quatro) meses de
Art. 144 O salário-família será devido a cada vencimentos ou proventos do mesmo, na data
dependente, a partir do mês em que tiver ocorrido do falecimento.
o fato ou ato que lhe der origem, deixando de ser § 1º Em caso de acumulação lícita, o pecúlio será
devido igualmente, em relação a cada pago somente em razão do cargo de maior
dependente, no mês seguinte ao do ato ou do fato remuneração do servidor falecido.
que determinar a sua extinção. § 2º Em caso de falecimento por acidente em
serviço, o pagamento será efetuado em dobro.
CAPÍTULO IV § 3º Da importância calculada na forma deste
Do Auxílio-Natalidade artigo, serão descontados os débitos residuais,
provenientes de dívida que o segurado haja
Art. 145 O auxílio-natalidade é devido a servidor, contraído na instituição de previdência municipal,
por motivo de nascimento de filho, em quantia pagando-se o saldo aos dependentes inscritos ou
equivalente a salário-mínimo, vigente à época a quem o segurado tiver indicado.
do nascimento, inclusive no caso de natimorto. Art. 165 O pagamento do pecúlio será efetuado
§ 1º Na hipótese de parto múltiplo, o valor será de pela instituição de Previdência Municipal.
um salário mínimo para cada filho.
§ 2º Não sendo a parturiente servidora, o auxílio TÍTULO VI
será pago ao cônjuge ou companheiro servidor DO REGIME DISCIPLINAR
público municipal, desde que a parturiente esteja CAPÍTULO I
inscrita como dependente. Das Faltas Ao Serviço
Art. 146 O pagamento do auxílio-natalidade será
efetuado pela instituição da previdência municipal. Art. 166 Nenhum servidor poderá faltar ao serviço
sem causa justificada, sob pena de ter
CAPÍTULO V descontados dos seus vencimentos os dias de
Do Auxílio-Funeral ausência.
Parágrafo único. Considera-se causa justificada o
Art. 147 Será concedido auxílio-funeral fato que por natureza e circunstância, possa
correspondente a um mês de vencimentos ou razoavelmente constituir escusa do
proventos, à família do servidor falecido. comportamento.
§ 1º Em caso de acumulação lícita, o auxílio- Art. 167 O servidor que faltar ao serviço fica
funeral será pago somente em razão do cargo obrigado a justificar a falta, por escrito, ao chefe
imediato, no primeiro dia em que comparecer ao XI - participar de gerência de administração de
trabalho. empresa privada e, nessas condições,
§ 1º Não poderão ser justificadas as faltas que transacionar com o Estado;
excederem de 20 (vinte) por ano, obedecido o XII - receber propina, comissão, presente ou
limite de 03 (três) ao mês. vantagens de qualquer espécie, em razão de suas
§ 2º O chefe imediato do servidor decidirá sobre a atribuições;
justificação das faltas, até o máximo de 10 (dez) XIII - praticar usura sob qualquer de suas formas;
por ano; a justificação das que excederem a esse XIV - proceder de forma desidiosa;
número até o limite de 20 (vinte) será submetida, XV - cometer a outro servidor atribuições
devidamente informada por essa autoridade, à estranhas às do cargo que ocupa, exceto em
decisão do seu superior hierárquico, no prazo de situações de emergência e transitórias;
05 (cinco) dias. XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da
§ 3º Para justificação de faltas, poderão ser repartição em serviços ou atividades particulares;
exigidas provas do motivo alegado pelo servidor. XVII - exercer quaisquer atividades que sejam
§ 4º A autoridade competente decidirá sobre a incompatíveis com o exercício do cargo e com o
justificação no prazo de 05 (cinco) dias, cabendo horário de trabalho;
recurso para autoridade superior, quando XVIII - acumular cargos, funções e empregos
indeferido o pedido. públicos nos termos da Constituição Federal;
§ 5º Deferido o pedido de justificação da falta, será Parágrafo único. Verificada em processo
o requerimento encaminhado ao órgão de pessoal administrativo a acumulação ilícita, desde que
para as devidas providências. seja comprovada a boa-fé, o servidor optará por
um dos cargos e, se não o fizer dentro de 15
CAPÍTULO II (quinze) dias, será exonerado de qualquer deles, a
Das Proibições critério da Administração.

Art. 168 Ao servidor é proibido: CAPÍTULO III


I - ausentar-se do serviço durante o expediente, Das Responsabilidades
sem prévia autorização do chefe imediato;
II - retirar, sem prévia anuência da autoridade Art. 169 O servidor responde civil, penal e
competente, qualquer documento ou objeto da administrativamente pelo exercício irregular de
repartição; suas atribuições.
III - recusar fé a documentos públicos; Art. 170 A responsabilidade civil decorre de ato
IV - opor resistência injustificada ao andamento de omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, de
documento e processo ou execução de serviço; que resulte prejuízo ao Erário ou terceiros.
V - referir-se de modo depreciativo ou Parágrafo único. Tratando-se de dano causado a
desrespeitoso às autoridades públicas ou aos atos terceiros, responderá o servidor perante a
do Poder Público, mediante manifestação escrita Fazenda Municipal em ação regressiva, nos
ou oral; casos de dolo ou culpa.
VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora Art. 171 A responsabilidade penal abrange os
dos casos previstos em Lei, o desempenho de critérios e contravenções, imputadas ao servidor,
encargos que sejam da sua competência ou de nesta qualidade.
seu subordinado; Art. 172 A responsabilidade administrativa resulta
VII - compelir ou aliciar outro servidor no sentido de ato omissivo ou comissivo praticado no
de filiação à associação profissional ou sindical, ou desempenho do cargo ou função.
a partido político; Art. 173 As sanções civis, penais e administrativas
VIII - manter, sob sua chefia imediata, cônjuge, poderão cumular-se, sendo independentes entre
companheiro ou parente até o segundo grau civil; si.
IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal Art. 174 A responsabilidade civil ou administrativa
ou de outrem, em detrimento da dignidade da do servidor será afastada no caso de absolvição
função pública; criminal que neguem a existência do fato ou
X - exercer comércio ou participar de sociedade sua autoria.
comercial, exceto como acionista, cotista ou
comandatário;
CAPÍTULO IV VIII - revelação de segredo apropriado em razão
Das Penalidades do cargo;
IX - lesão aos cofres públicos e dilapidação do
Art. 175 São penalidades disciplinares: patrimônio municipal;
I - advertência; X - acumulação ilegal de cargos, empregos ou
II - suspensão; funções públicas, ressalvado o disposto no
III - demissão; parágrafo único do art.168;
IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade; XI - transgressão do art. 168, incisos X a XV.
V - destituição de cargo em comissão. XII - O assédio sexual;
Art. 176 Na aplicação das penalidades serão XIII - O estupro;
consideradas a natureza e a gravidade da infração XIV - O estupro de vulnerável.
cometida, os danos que dela proverem para o Art. 181 Entende-se por abandono de cargo a
serviço público, as circunstâncias agravantes ou deliberada ausência ao serviço, sem justa causa,
atenuantes e os antecedentes funcionais. por mais de 30 (trinta) dias consecutivos.
Art. 177 A advertência será aplicada por Art. 182 Entende-se por inassiduidade habitual
escrito, nos seguintes casos: a falta ao serviço, sem causa justificada, por 60
I - Nos casos de violação de proibições constantes (sessenta) dias, interpoladamente, durante o
do art. 168, incisos I a XI; período de 12 (doze) meses.
II - Nas observâncias de dever funcional previsto Art. 183 O ato de imposição da penalidade
nesta Lei, regulamento ou normas internas; mencionará sempre o fundamento legal e a causa
III - No descumprimento de Decreto Municipal que da sanção disciplinar.
regulamentar a concessão de licenças para Art. 184 As penalidades disciplinares serão
tratamento de saúde dos servidores públicos do aplicadas:
município de Fortaleza, e dá outras providências. I - pelo Prefeito, Presidente da Câmara ou
Art. 178 A suspensão será aplicada em caso de dirigente superior de autarquias ou fundações, as
reincidência das faltas punidas com de demissão, cassação de disponibilidade e
advertência e de violação das demais proibições aposentadoria;
que não tipifiquem infração sujeita a II - pelo Secretário Municipal ou autoridade
penalidade de demissão, não podendo exceder equivalente, a de suspensão superior a 30 (trinta)
de 90 (noventa) dias. dias;
Parágrafo único. Quando houver conveniência III - a aplicação das penas de advertência e
para o serviço, a penalidade de suspensão poderá suspensão até 30 (trinta) dias é da competência
ser convertida em multa, na base de 50% de todas as autoridades administrativas em
(cinquenta por cento) por dia da remuneração, relação a seus subordinados;
ficando o servidor obrigado a permanecer em IV - pela autoridade que houver feito a nomeação,
serviço. quando se tratar de destituição de cargo em
Art. 179 As penalidades de advertência e de comissão de não ocupante de cargo de carreira.
suspensão terão seus registros cancelados, após Art. 185 A ação disciplinar prescreverá:
o decurso de 03 (três) e 05 (cinco) anos de I - em 05 (cinco) anos, quanto às infrações
efetivo exercício, respectivamente, se o servidor puníveis com demissão, cassação de
não houver, nesse período, praticado nova aposentadoria e disponibilidade e destituição de
infração disciplinar. cargo em comissão.
Art. 180 A demissão será aplicada nos seguintes II - em 02 (dois) anos, quanto à suspensão; e
casos: III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à
I - crime contra a administração pública; advertência.
II - abandono de cargo; § 1º O prazo de prescrição começa a correr da
III - inassiduidade habitual; data em que o ilícito foi praticado.
IV - improbidade administrativa; § 2º Os prazos de prescrição previstos na lei penal
V - insubordinação grave em serviço; aplicam-se às infrações disciplinares capituladas
VI - ofensa física, em serviço, a servidor ou a também como crime.
particular, salvo em legítima defesa própria ou de § 3º A abertura de sindicância ou a instauração de
ourem; processo disciplinar interrompe a prescrição.
VII - aplicação irregular de dinheiro público; § 4º Suspenso o curso da prescrição, este
recomeçará a ocorrer, pelo prazo restante, a partir
do dia em que cessara suspensão. CAPÍTULO III
§ 5º São imprescritíveis o ilícito de abandono de Do Processo Disciplinar
cargo e a respectiva sanção.
Art. 192 O processo disciplinar é o instrumento
TÍTULO VII destinado a apurar responsabilidade de servidor
DO PROCESSO ADMINISTRATIVO por infração praticada no exercício de suas
DISCIPLINAR atribuições, ou que tenha relação mediata com as
CAPÍTULO I atribuições do cargo em que se encontre investido.
Das Disposições Preliminares Art. 193 O processo disciplinar será conduzido por
Comissão de Inquérito composta de servidores
Art. 186 A autoridade que tiver ciência de designados pela autoridade competente que
irregularidade no serviço público é obrigada a indicará, dentre eles, o seu presidente e
promover a sua apuração imediata, mediante secretário.
sindicância ou processo administrativo disciplinar, Parágrafo único. Não poderá participar de
assegurada ao acusado ampla defesa. comissão de sindicância ou de inquérito, parente
Art. 187 As denúncias sobre irregularidades serão do acusado, consanguíneo ou afim, em linha reta
objeto de apuração, desde que contenham a ou colateral, até o terceiro grau
identificação e o endereço do denunciante e sejam Art. 194 A Comissão de Inquérito exercerá suas
formuladas por escrito, confirmada a atividades com independência e imparcialidade,
autenticidade. assegurado o sigilo necessário à elucidação do
Art. 188 Ao ato que cominar sanção precederá fato ou exigido pelo interesse da Administração,
sempre procedimento disciplinar, assegurado ao sem prejuízo do direito de defesa do indiciado.
servidor ampla defesa, nos termos desta Lei, sob
pena de nulidade da cominação imposta. Seção I
Do Inquérito
CAPÍTULO II
Da Sindicância Art. 195 O inquérito administrativo será
contraditório, assegurada ao acusado ampla
Art. 189 A autoridade que determinar a defesa, com a utilização de meios e recursos
instauração da sindicância terá prazo nunca admitidos em direito.
inferior a (30) trinta dias, para a sua conclusão, Art. 196 O relatório da sindicância integrará o
prorrogáveis até o máximo de 15 (quinze) dias, inquérito administrativo, como peça informativa
à vista da representação motivada do sindicante. da instrução do processo.
Art. 190 Da sindicância instaurada pela autoridade Parágrafo único. Na hipótese do relatório da
poderá resultar: sindicância concluir pela prática de crime, a
I - arquivamento do processo; autoridade competente oficiará à autoridade
II - abertura de inquérito administrativo. policial, para abertura do inquérito,
Art. 191 A sindicância será aberta por portaria, em independentemente da imediata instauração do
que se indique seu objeto e um servidor ou processo disciplinar.
comissão de servidores, para realizá-la. Art. 197 O prazo para a conclusão do inquérito
§ 1º Quando a sindicância for realizada apenas não excederá 60 (sessenta) dias úteis, contados
por um sindicante este designará outro servidor da data de publicação do ato que constituir a
para secretariar os trabalhos mediante a comissão, admitida a sua prorrogação por igual
aprovação do superior hierárquico. prazo, quando as circunstâncias o exigirem.
§ 2º O processo de sindicância será sumário, Parágrafo único. Sob pena de nulidade, as
feitas as diligências necessárias à apuração das reuniões e as diligências realizadas pela comissão
irregularidades e ouvido o indiciado e todas as de Inquérito serão consignadas em atas.
pessoas envolvidas nos fatos, bem como peritos e Art. 198 Na fase do inquérito a comissão
técnicos necessários ao esclarecimento de promoverá a tomada de depoimentos, acareações,
questões especializadas. investigações e diligências cabíveis, objetivando a
coleta de prova, recorrendo, quando necessário, a
técnicos e peritos de modo a permitir a completa
elucidação dos fatos.
Art. 199 É assegurado ao servidor o direito de indicação do servidor.
acompanhar o processo, pessoalmente ou por § 1º O indiciado será citado por mandado
intermédio de advogado, arrolar e reinquirir expedido pelo Presidente da Comissão para
testemunhas, produzir provas e contraprovas e apresentar defesa escrita, no prazo de 10 (dez)
formular quesitos, quando se tratar de prova dias, assegurando-se- lhe vista do processo na
pericial. repartição.
§ 1º O Presidente da Comissão poderá denegar § 2º Havendo 02 (dois) ou mais indiciados, o
pedidos considerados impertinentes, meramente prazo será comum é de 20 (vinte) dias.
protelatórios ou de nenhum interesse para o § 3º O prazo de defesa poderá ser prorrogado,
esclarecimento dos fatos. pelo dobro, para diligências reputadas
§ 2º Será indeferido o pedido de prova pericial, indispensáveis.
quando a comprovação do fato independer de § 4º No caso de recusa do indiciado em apor o
conhecimento especial do perito. ciente no mandado de citação, o prazo para
Art. 200 As testemunhas serão intimadas a depor defesa contar-se-á da data declarada em termo
mediante mandado expedido pelo Presidente da próprio, pelo servidor encarregado da diligência.
Comissão, devendo a segunda via, com o ciente Art. 205 O indiciado que mudar de residência fica
do interessado, ser anexada aos autos. obrigado a comunicar á comissão o lugar onde
Parágrafo único. Se a testemunha for servidor poderá ser encontrado.
público, a expedição do mandato será Art. 206 Achando-se o indiciado em lugar incerto e
imediatamente comunicada ao chefe da repartição não sabido, será citado por edital, publicado no
onde serve, com a indicação do dia e hora Diário Oficial do Município e em jornal de grande
marcados para inquirição. circulação na localidade do último domicílio
Art. 201 O depoimento será prestado oralmente e conhecido, para apresentar defesa.
reduzido a termo, não sendo à testemunha trazê- Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, o
lo por escrito. prazo para defesa será de 15 (quinze) dias a
§ 1º As testemunhas serão inquiridas partis da última publicação do edital.
separadamente. Art. 207 Considerar-se-á revel o indiciado que,
§ 2º Na hipótese de depoimentos contraditórios ou regularmente citado, não apresentar defesa no
que se infirme, proceder-se-á à acareação entre prazo legal.
os depoentes. § 1º A revelia será declarada por despacho nos
Art. 202 Concluída a inquirição das testemunhas, autos do processo e devolverá o prazo para a
a comissão promoverá o interrogatório do defesa
acusado, observados os procedimentos previstos § 2º Para defender o indiciado revel, a autoridade
nos artigos 200 e 201. instauradora do processo designará um defensor
§ 1º No caso de mais de um acusado, cada um dativo, que deverá ser um advogado.
deles será ouvido separadamente, e sempre Art. 208 Apreciada a defesa, a comissão
que divergirem em suas declarações sobre os elaborará relatório minucioso, onde resumirá as
fatos ou circunstâncias, será promovida a peças principais dos autos e mencionará as
acareação entre eles. provas em que se baseou para formar a sua
§ 2º O defensor do acusado poderá assistir ao convicção.
interrogatório bem como a inquirição das § 1º O relatório será sempre conclusivo quanto à
testemunhas, podendo reinquiri-las por intermédio inocência ou à responsabilidade do servidor.
do Presidente da Comissão. § 2º Reconhecida a responsabilidade do servidor,
Art. 203 Quando houver dúvida sobre a a comissão indicará o dispositivo legal ou
sanidade mental do acusado, a comissão regulamentar transgredido, bem como as
proporá à autoridade competente que ele será circunstâncias agravantes ou atenuantes.
submetido a exame por junta médica oficial, da Art. 209 O processo disciplinar, com o relatório da
qual participe pelo menos um médico psiquiatra. comissão, será remetido a autor idade que
Parágrafo único. O incidente de sanidade mental determinou a sua instauração, para julgamento.
será processado em auto apartado e apenso ao Art. 210 Aplicam-se subsidiariamente ao
processo principal, após a expedição do laudo processo disciplinar as regras contidas nos
pericial. Códigos de Processo Civil e Penal.
Art. 204 Tipificada a infração disciplinar será
elaborada a peça de instrução do processo com a
Seção II Seção III
Do Julgamento Da Revisão Do Processo

Art. 211 No prazo de 60 (sessenta) dias, contados Art. 217 O processo disciplinar poderá ser revisto
do recebimento do processo, a autoridade no prazo de até 02 (dois) anos da publicação de
julgadora proferirá a sua decisão. sua decisão, a pedido ou de oficio, quando se
§ 1º Se a penalidade a ser aplicada exceder a aduzirem fatos novos ou inadequados da
alçada da autoridade instauradora do processo, penalidade aplicada.
este será encaminhado à autoridade § 1º Em caso de falecimento, ausência ou
competente, que decidirá em igual prazo. desaparecimento do servidor, qualquer pessoa da
§ 2º Havendo mais de um indiciado e diversidade família poderá requerer a revisão do processo.
de sanções, o julgamento caberá a autoridade § 2º No caso de incapacidade mental do servidor,
competente para a imposição da pena mais a revisão será requerida pelo respectivo curador.
grave. Art. 218 No processo revisional, o ônus da prova
§ 3º Se a penalidade prevista for a de demissão ou cabe ao requerente.
cassação de aposentadoria ou cassação de Art. 219 A simples alegação de injustiça da
disponibilidade, o julgamento caberá ao Prefeito, penalidade não constitui fundamento para a
Presidente da Câmara Municipal, ou ao dirigente revisão que requer elementos novos, ainda não
superior de autarquia ou fundação. apreciados no processo originário.
Art. 212 O julgamento acatará o relatório da Art. 220 O requerimento de revisão do processo
comissão de inquérito, salvo quando será dirigido ao Secretário Municipal ou autor
contraditórias as provas dos autos. idade equivalente, que, se autorizar a revisão,
Parágrafo único. Quando o relatório da comissão encaminhará o pedido ao dirigente do órgão ou
contrariar as provas dos autos, a autoridade entidade onde se originou o processo disciplinar.
julgadora poderá, motivadamente, agravar a Parágrafo único. Recebida a petição, o dirigente
penalidade proposta, abrandá-la, ou isentar o do órgão ou entidade providenciará a constituição
servidor de responsabilidade. da comissão, na forma prevista no ar t. 193 desta
Art. 213 Verifica-se a existência de vício Lei.
insanável, a autoridade julgadora declarará a Art. 221 A revisão correrá em apenso ao processo
nulidade do processo ou de atos do processo e originário.
ordenará a constituição de outra comissão, para Parágrafo único. Na petição inicial, o requerente
instauração de novo processo. pedirá dia e hora para a produção de provas e
§ 1º O julgamento fora do prazo legal não implica inquirição das testemunhas que ar rolar.
nulidade do processo. Art. 222 A comissão revisora terá até 60
§ 2º A autoridade julgadora que der causa à (sessenta) dias para a conclusão dos trabalhos,
prescrição de que trata o art. 185, § 2º será prorrogável por igual prazo, quando as
responsabilizada na forma do capítulo IV, do Título circunstâncias o exigirem.
VI, desta Lei. Art. 223 Aplicam-se aos trabalhos da comissão
Art. 214 Extinta a punibilidade pela prescrição, a revisora, no que couber, as normas e
autoridade julgadora determinará o registro do fato procedimentos próprios da comissão de inquérito.
nos assentamentos individuais do servidor. Art. 224 O julgamento caberá:
Art. 215 Quando a infração estiver capitulada I - ao Prefeito, Presidente da Câmara Municipal ou
como crime, o processo disciplinar será remetido dirigente superior da autarquia ou fundação,
ao Ministério Público para instauração da ação quando do processo revisto houver resultado pena
penal, ficando traslado repartição. de demissão ou cassação de aposentadoria ou
Art. 216 O servidor que responde a processo cassação de disponibilidade;
disciplinar só poderá ser exonerado, a pedido, do II - ao Secretário Municipal ou autoridade
cargo, ou aposentado voluntariamente, após a equivalente, quando houver resultado penalidade
conclusão do processo e o cumprimento da de suspensão ou de advertência;
penalidade, acaso aplicada. III - à autoridade responsável pela designação
quando a penalidade for destituição de cargo em
comissão.
§ 1º O prazo para julgamento será de até 60 Art. 230 Ficam mantidas as atuais jornadas de
(sessenta) dias contados do recebimento do trabalho dos servidores da administração direta,
processo, no curso do qual a autor idade julgadora autarquia e fundacional.
poderá determinar diligências. Art. 231 São isentos de taxas ou emolumentos os
§ 2º Concluídas as diligências; será renovado o requerimentos, certidões e outros papéis que, na
prazo para julgamento. ordem administrativa, interessar ao servidor
Art. 225 Julgada procedente a revisão, será público municipal ativo e ao inativo.
declarada sem efeito a penalidade aplicada, Art. 232 Poderão ser instituídos, no âmbito dos
restabelecendo-se todos os direitos atingidos, Poderes Executivos e Legislativo, os seguintes
exceto em relação à destituição de cargo em incentivos funcionais, além daqueles já previstos
comissão, hipótese em que ocorrerá apenas a nos respectivos planos de cargos e carreiras:
conversão da penalidade em exoneração. I - prêmios pela apresentação de ideias, inventos
Parágrafo único. Da revisão do processo não ou trabalhos que favoreçam o aumento de
poderá resultar agravamento da penalidade. produtividade e a redução dos custos
operacionais; e
TÍTULO VIII II - concessão de medalhas, diploma e honra ao
CAPÍTULO ÚNICO mérito, condecoração e elogio.
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS TRANSITÓRIAS Art. 233 O Prefeito, o Presidente da Câmara e o
dirigente superior de autarquia e fundação
Art. 226 O dia do servidor público será poderão delegar a seus auxiliares as atribuições
comemorado a 28 de outubro, e nesta data, que lhe são cometidas por esta lei, exceto as que
considerado ponto facultativo, far-se-á a outorga impliquem em punição de servidor.
do título de Servidor Padrão Municipal, a ser Art. 234 As atuais funções gratificadas passam à
regulamentado em Lei. categoria de cargos em comissão, convertendo-
Art. 227 O servidor é dispensado do expediente se automaticamente os valores das gratificações
de trabalho no dia do seu aniversário natalício, em gratificações de representação, mantida a
sem prejuízo da sua remuneração. simbologia vigente.
Art. 228 Contar-se-ão por dias corridos os prazos Art. 235 É assegurado o exercício de cargo
previstos nesta Lei, salvo exceções comissionado de símbolo DAS-2 ou DAS-3, que
expressamente previstas. esteja sendo exercido por servidor não ocupante
Parágrafo único. Na contagem dos prazos, salvo de cargo efetivo ou função no Município de
disposições em contrário, excluir-se-á o dia do Fortaleza, até a respectiva exoneração.
começo e incluir-se-á o dia do vencimento; se Art. 236 As despesas decorrentes da aplicação
esse dia cair em véspera de feriado, sexta- feira, desta Lei correrão por conta das dotações
sábado, domingo, feriado ou dia de ponto orçamentárias de cada órgão ou entidade,
facultativo, o prazo considera- se prorrogado até o podendo ser suplementadas se insuficientes.
primeiro dia útil. Parágrafo único. Os efeitos financeiros, da
Art. 229 O Regime Jurídico decorrente desta Lei é aplicação desta lei, serão produzidos a partir do
igualmente aplicável aos servidores que, por força primeiro dia do mês subsequente ao da publicação
do que dispõe a Lei Complementar nº 02, de 17 de desta lei no Diário Oficial do Município.
setembro de 1990, exerçam funções da Parte Art. 237 O Prefeito e o Presidente da Câmara
Especial do Quadro de cada órgão da expedirão a regulamentação necessária à perfeita
administração direta, autárquica e fundacional. execução desta Lei.

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