Atuação Do Pedagogo em Espaços Não Formais: "Educação Pública em Tempos de Reformas"
Atuação Do Pedagogo em Espaços Não Formais: "Educação Pública em Tempos de Reformas"
Atuação Do Pedagogo em Espaços Não Formais: "Educação Pública em Tempos de Reformas"
Resumo
A atuação do pedagogo em ambientes não formais tem seu surgimento relacionado à
ideia da necessidade de organização, treinamento pessoal nas empresas e outros
locais, para melhorar desempenho e formação profissional. Assim diferentes espaços
não-formais podem ser locais para a atuação do pedagogo no processo de
humanização e melhoria das relações interpessoais. Nesse sentido, o presente
trabalho tem como objetivo analisar o contexto não-formal de ensino a partir de uma
instituição religiosa, denominado igreja, com o foco na atuação do (a) pedagogo (a).
Tem-se como opção metodológica a abordagem qualitativa, estruturada pelo
levantamento teórico-bibliográfico da literatura da área, e complementada pelo
instrumento de entrevista, como recurso de coleta de dados. Foi possível perceber
que a educação não é um processo específico da escola, ela pode acontecer em
locais diferentes e em diversas situações sociais que não correspondem ao modelo
escolar formal. Assume que outros espaços não-formais de educação carecem de
conhecimentos e práticas pedagógicas, embora tenha-se observado que ainda a
formação do pedagogo está direcionada primeiramente para o contexto formal de
escolarização. Entretanto, há compreensão de que a atuação profissional docente vai
além do espaço escolar, o que acaba por abrir possibilidades de inserção em
diferentes campos do conhecimento, tanto para o campo profissional, quanto de
estudos no âmbito acadêmico, tendo em vista futuros projetos de pesquisas. A
atuação do pedagogo tem por objetivo construir fundamentos sociais e cognitivos de
formação do carácter infantil e juvenil a respeito da cidadania, bem como da
convivência em sociedade.
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INTRODUÇÃO
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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA - A EDUCAÇÃO EM ESPAÇOS NÃO FORMAIS
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Pascoal (2007) confirma ao assinalar que o campo de atuação do pedagogo é
vasto e está em crescente expansão, ele pode atuar como, professor, gestor,
planejador, coordenador, orientador social, supervisor de ensino. No contexto não
escolar, ele atua no desenvolvimento de atividades pedagógicas, nos setores da
saúde, alimentação, cultura, na promoção social.
Nessa concepção, é por função do pedagogo: conceber, planejar, desenvolver
e administrar atividades relacionadas à educação da instituição; diagnosticar a
realidade institucional; elaborar e desenvolver projetos, buscando o conhecimento
também em outras áreas profissionais; coordenar a atualização em serviço dos
profissionais da instituição; e planejar, controlar e avaliar o desempenho profissional
da equipe (PASCOAL, 2007, p.190).
A Constituição Federal de 1988 (Artigo 205) afirma que, “a educação é direito
de todos e dever do Estado e da família, com intuito de que o ser humano se
desenvolva como um todo, ou seja, como indivíduo e trabalhador. Tal imperativo
estabelece que a formação “deve atender a todos em quaisquer ambientes, tendo a
criança o direito assegurado”.
Nesses espaços, o pedagogo ganha status de educador social, conforme
nomeado por Rizzo (2012). Tem-se assim como objetivo promover o pleno
desenvolvimento do exercício de cidadania, no sentido de promover, trabalhar e
ampliar temas que dizem respeito ao social, econômico e cultural, tendo como central
a inclusão de crianças, jovens e adolescente em suas comunidades por meio de ações
que estabeleçam a reflexão entre o local e o mundo que os rodeia.
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A Professora 2 (2018) também informou trabalhar com o sistema de
apostilamento, sendo este organizado pelo “[...] trabalho lúdico, brincadeiras que
proporcionam desafios, que são trabalhados as partes física, raciocínio lógico e parte
mental. Tudo que possa motivar a criança, redescobrir suas habilidades, fora da
escola”. Ainda complementa:
[...] o meu objetivo está sendo cumprido quando vejo que a criança,
está bem, está feliz, que está se comportando melhor, não só em casa,
como na escola. Podemos dizer que muitas das crianças integradas
aqui nesse espaço, são aquelas que estavam dando muito trabalho,
principalmente na escola. Portanto, sempre recebemos testemunho
dos pais de como as crianças estão indo bem na escola, tirando boas
notas, como obtiveram uma mudança em suas vidas.
Para a Professora 3 (2018) “[...] o meu objetivo é poder tirar essas crianças,
esses adolescentes dos coisas ruins, apresentar a eles uma oportunidade onde
poderão reconstruir suas vidas, através do amor e respeito, dar a eles a oportunidade
de escolha, ter uma educação que servirá para a construção de sua vida futura”.
Há um consenso na fala das professoras no que diz respeito a proposta da
igreja, mesmo que em alguns casos as entrevistas se coloquem no objetivo, como se
elas tivessem determinado tal objetivo, seja de orientação espiritual, moral e/ou social.
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Santos (2008, p.173) considera que, por sua própria natureza, a educação
cristã requer que seus instrutores sejam eficientes em algo mais do que o domínio de
técnicas pedagógicas. Para o autor, “a perspectiva cristã de educação exige que o
educador seja hábil para interpretar as diferentes áreas do conhecimento a partir de
uma cosmo visão cristãs e assim, ensiná-las aos outros”.
Contudo, Santos (2008, p.174) ressalta como importante, o fato de que, esta
“[...] tarefa requer do educador um cuidado com o seu caráter e o seu procedimento,
pois o divórcio entre teoria e prática pode ser desastroso neste processo”. E, ainda
destaca que, em qualquer outra abordagem educacional, conhecimento e vida podem
ser interpretados como realidades distintas, mas o compromisso da educação cristã
com uma “ética holística e normativa” torna qualquer separação (teoria e prática)
semelhante inviável.
Diante do trabalho que vem sendo realizado na escola sabatina indagou-se se
tem surgido algum resultado com a atuação do pedagogo a frente dessa
atividade/catequese? Sobre isso a Professora 1(2018) aponta que:
Eu acredito que sim! Não sei se tem alguma pesquisa que comprove,
mas sem dúvida, uma criança que ela passa pela escola sabatina
desde o berço com as professoras ali discutindo, as temáticas,
fazendo as atividades, elas se tornam crianças com desenvolvimento
maior, porque ela aprende a lidar com as diferenças, a se expressar
melhor. Percebo que a criança que passa por essas unidades se torna
sim, um adulto com melhor desenvolvimento social e mais habilidoso
nas relações.
[...] sabemos através dos próprios pais, pelos elogios que recebemos.
Onde a escola em que as crianças estão estudando, favorece aos pais
dos alunos, pelo fato da criança estar tirando boas notas, pelo
comportamento, pelo o respeito com os demais. Então posso te dizer
que tem sim! Tem resultados, magníficos na vida dos pequenos e da
família.
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Entretanto, Pinto (2005, p.05) considera que mesmo em formatos estanques
de organização dos trabalhos, a educação não-formal tem potencial para desenvolver
objetivos e metodologias próprias nas práticas educativas, pois tem “[...] fortemente
em conta o desenvolvimento e a experiência pessoal do educando no seu todo”.
Portanto, percebe-se que a educação não-formal promovida no espaço
pesquisado tem organização institucional e curricular, por isso questionou-se sobre
orientação recebida pelas pedagogas/professoras, se estas recebem
formação/capacitação no sentido da direção pedagógica/curricular a ser empregada?
A Professora 1 (2018) informa que sim, “[...] trimestralmente, uma formação
continuada, discutem modos de ensino, prática de ensino, incentivos de ensino, a
igreja tem essa preocupação”. Além da formação indicada pela Professora 1, a
Professora 2 (2018) explica que “[...] todo o começo de ano temos um treinamento
regional, onde há troca de experiências, trabalho desenvolvido durante o ano, como
lidar com a criança, para depois recomeçar no outro ano. E quem dá esses
treinamentos são pessoas formadas em educação, profissionais preparados”. A
Professora 3(2018) confirma “[...] formação no início do ano que é o EPAD que é o
encontro com todos, lá é planejado tudo que deverá ocorrer durante o ano”, estas
formações são desenvolvidas por lideranças estaduais (EPDAD) e municipais.
A educação não-formal tem formatos diferenciados – seja na igreja, no
sindicato, nas associações, clubes, e outros - em termos de tempo e localização,
número e tipo de participantes, equipes de formação, dimensões de aprendizagem e
aplicação dos seus resultados. É importante ressaltar, no entanto, que o fato de não
ter um currículo único não significa que não seja um processo de aprendizagem
estruturado, baseado na identificação de objetivos educativos, com formatos de
avaliação efetivos e atividades preparadas e implementadas por educadores
qualificados (PINTO, 2005).
Para Pinto (2005) nesse formato de educação, os resultados da aprendizagem
individual não são julgados. Isso não significa, no entanto, que não haja avaliação. Ela
é, em regra geral, inerente ao próprio processo de desenvolvimento e integrada no
programa de atividades. Assume vários formatos e é participada por todos:
formadores e formandos no sentido de aferir progresso ou reconhecer necessidades.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
LIBÂNEO,J. C. Pedagogia e Pedagogos, para quê?. 12. Ed. São Paulo: Cortez,
2012.
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