Jaunisio TEMAS TRNSVERSAIS - 024725
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Jaunisio TEMAS TRNSVERSAIS - 024725
Currículo Local
Quelimane
2023
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UNIVERSIDADE LICUNGO
Currículo Local
Quelimane
2023
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Índice
1.Introdução......................................................................................................................................3
1.2. Objectivos.................................................................................................................................3
1.3. Metodologia...............................................................................................................................3
3. Conclusão...................................................................................................................................12
4. Bibliografia.................................................................................................................................13
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1.Introdução
O presente trabalho debruça sobre currículo local, é importante ressaltar que o Currículo
Local é um complemento do currículo oficial nacional que é definido pelo Ministério da
Educação ao nível central. Este currículo local incorpora matéria diversa da vida ou de interesse
da comunidade local, nas diferentes disciplinas do plano de estudos e corresponde a 20% do
tempo lectivo total (INDE/MINED, 2003).O objectivo do currículo local é permitir que os alunos
adquiram conhecimentos, habilidades, valores e atitudes que lhe permitam ter uma participação
plena no desenvolvimento social, cultural e económico na sua comunidade.
O currículo do ensino propõe que o aluno saiba contar recorrendo ao seu meio sem
divorciar se dos métodos aceites universalmente, saiba a história do seu povo e como respeitar as
pessoas. Esta questão não pode ser compreendida como um retorno à comunidade primitiva:
trata-se de explorar o local para enriquecer os conteúdos da aprendizagem que possam influenciar
o desenvolvimento da região e do país (Basílio, 2016).
1.2. Objectivos
1.3. Metodologia
NDE (2003) entende o currículo local como sendo “ o complemento do currículo oficial,
nacional, definido centralmente, que incorpora matérias diversas de vida ou de interesse da
comunidade local nas mais variadas disciplinas contempladas no plano de estudo” (p.82). Já no
conceito de 2011 e 2015 o INDE definiu o conceito nos seguintes moldes: INDE (2011/15)
define o currículo local como “uma componente do currículo nacional correspondente a 20% do
total do tempo letivo previsto para a lecionação das diversas disciplinas do plano de estudo”. Esta
componente é constituída por conteúdos definidos localmente como sendo relevantes para a
integração da criança na sua comunidade (p.10). A partir do conceito apresentado pelo INDE vê-
se que o anterior foi melhorado uma vez que se passou a incluir a definição de 20% do total do
tempo previsto para a lecionação das diferentes disciplinas a favor do conteúdo local.
região; são os saberes locais porque se prendem com o material de interesse local que emociona
as crianças (Basílio, 2006).
O currículo, neste sentido, pode ser entendido como experiências vivenciadas na escola
em torno do conhecimento, fruto da interação social e que contribui para a formação da
identidade dos alunos.
Formar cidadãos capazes de contribuir para a melhoria da sua vida, da sua família e da
comunidade, com base na valorização dos saberes locais da comunidade onde a escola se
situa.
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A seleção de conteúdos para o currículo local é feita por uma equipa que envolve vários
intervenientes conforme afirmam autores como Laita (2013), Basílio (2006). De acordo com as
orientações do MINED (2003), a listagem dos conteúdos locais e a recolha de informação, junto
da comunidade, para que possa ser integrada no processo de ensino-aprendizagem, é um processo
que deve ser coordenado pela escola com a participação dos alunos, professores, pais e
encarregados de educação, congregações religiosas e outras instituições da comunidade.
Esta ideia é também partilhada por Ibraimo e Cabral (2015), ao afirmar que, para a
preparação do processo de recolha de informação na comunidade sobre os conteúdos locais que
devem fazer parte do currículo, os diretores e professores têm de formar e treinar as equipas que
irão às comunidades, elaborar os guiões de entrevistas e o cronograma de atividades em
articulação com o Conselho de Escola. Isto significa que, a escola deve treinar pessoas para
incorporarem as equipas que depois de treinadas irão interagir com a comunidade local de forma
a recolher conteúdos julgados importantes para o currículo local. Nesta fase, os elementos que
integram as equipas de trabalho devem reunir-se com os membros das comunidades e, através de
um guião que pode ser aplicado num grupo de discussão, identificar os valores e saberes a ser
integrados no processo de ensino-aprendizagem.
Laita (2013) considera o processo de seleção dos saberes locais no Ensino Básico uma
concepção praticamente frustrada na maior parte das escolas, devido à várias razões entre elas, a
falta de comunicação da escola com a comunidade e de professores formados. Os conteúdos
devem ser selecionados de conformidade com as aspirações das comunidades, ou seja, devem
propor aquilo que consideram ser os conteúdos de aprendizagem relevantes para que as crianças
aprendam na escola Castiano (2005, p.73). Segundo este autor, os saberes selecionáveis são
apenas aqueles que forem considerados de maior relevância para a comunidade da zona onde a
escola está construída. Desta forma, aos professores cabe questionar e investigar no seio da
comunidade os saberes considerados relevantes.
família e da comunidade na qual está inserido. Segundo Piletti (2004), na seleção dos conteúdos
importa observar os seguintes critérios:
c) de Utilidade: deve haver uma relação entre o que é aprendido e a vida do aluno ou, o
que o ajuda a resolver seus problemas no contexto atual e
De acordo com Libâneo (1990), não basta fazer a seleção e organização lógica dos
conteúdos para transmiti-los. Importa sim, que, os próprios conteúdos de ensino incluam
elementos da vivência prática dos alunos para torná-los mais significativos, mais vivos, mais
atuantes, de modo que eles possam assimilá-los de forma ativa e consciente. É essencial
considerar que ao escolher os conteúdos a incorporar se tenha em conta o contributo que eles
trarão para a melhoria da vida das pessoas. Relativamente a ligação escola-comunidade, Mangue
(2019) concorda com Laita (2013) ao afirma que apesar do Plano Curricular do Ensino Básico,
PCEB (2003) abrir espaço para que a escola, a comunidade e os professores interajam na recolha
e seleção dos saberes locais, ainda existe um défice na formação dos professores e na colocação
dos conteúdos locais, uma vez que, a comunicação entre a escola e a comunidade tem sido
deficitária
Segundo este autor, o projeto de introdução de novos conteúdos educativos devia ser
antecedido de formação de docentes para facilitar sua implementação. Pois como refere Leite
(2002), quanto maior for o envolvimento dos professores nos processos de concepção e
desenvolvimento do currículo, maiores serão as possibilidades de responderem à diversidade das
situações da população escolar e seus anseios. Logo, conforme advogam Flores e Flores (1998,
p.84) “os processos e práticas de inovação curricular constituem estratégias determinantes para a
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Segundo Basílio (2006) Laita (2013) e Ibraimo e Cabral (2015), o processo é coordenado
pela Direção da Escola e pelo Conselho de pais a quem cabe a planificação das atividades que
culminam com a elaboração de um Programa do Currículo Local (CL) para a escola. Estas ações
incluem a realização de encontros com as comunidades para a recolha de informação que deverá
ser sistematizada pelos professores obtendo assim os conteúdos do CL a serem lecionados na
escola. Nesta fase cabe aos professores enquadrar os conteúdos nas diferentes classes e
disciplinas de forma lógica e coerente, tendo em conta o nível dos alunos a serem assistidos. Isto
significa que, o professor constitui pedra basilar na construção do currículo Local, ele participa
na elaboração do questionário de recolha de informação relevante, sistematiza e dosifica para que
chegue ao aluno de melhor maneira.
No que refere-se a sistematização dos saberes locais, conforme afirma Laita (2013) tem-se
enfrentado inúmeras dificuldades, primeiro na recolha, por causa da frágil colaboração da
comunidade, que tende a pedir incentivos, quer dizer, alguns membros da comunidade depois de
realizarem atividades ligadas à recolha ou transmissão de saberes locais exigem pagamentos e, a
não satisfação de tais pedidos afasta os e passam a dedicar-se a outras atividades do seu dia-a-dia.
Para Ibraimo e Cabral (2015), nesta fase, o diretor e os professores devem reunirse e
agrupar os conteúdos recolhidos na comunidade por temas. Para facilitar esta tarefa, na altura da
recolha da informação, as equipas devem ter em conta os seguintes pontos focais: a) a
importância socioeconômica, cultural e política; b) a contribuição para o fortalecimento da
Unidade Nacional; c) a promoção de autoemprego; d) desenvolvimento de competências básicas
para a vida; e) a preservação dos Direitos e deveres da criança; f) a preservação do patrimônio
histórico e cultural e g) preservação e conservação ambiental.
Uma vez metodizados os conteúdos, a escola volta a reunir-se com a comunidade para
apresentar e aprovar a informação estruturada, ou seja, deverá existir um consenso entre as partes
relativamente aos conteúdos que serão ministrados no âmbito do currículo local. Desta forma, na
fase do consenso ou consentimento conforme aludem Ibraimo e Cabral (2015) e Basílio (2006)
devem estar todos os intervenientes que forneceram informações a fim de validá-las.
Uma vez conseguida a aprovação, a escola deve proceder à articulação dos mesmos com
os programas de ensino o que, segundo o MINED (2011), pressupõe: a) a distribuição dos
conteúdos pelas diferentes disciplinas; b) a distribuição pelos ciclos de aprendizagem e classes,
segundo a idade dos alunos, o seu nível de desenvolvimento psicomotor e as competências a
atingir; c) a integração dos conteúdos do currículo local nas unidades temáticas de cada disciplina
através do aprofundamento de conteúdos do currículo oficial nacional, explorando informação
adicional que se reveste de interesse para o desenvolvimento da comunidade, ou incorporando
novos conteúdos na aula, disciplina ou classe para responder às exigências socioeconômicas e
culturais que permitam o desenvolvimento da comunidade; d) Elaboração da Brochura do
Currículo Local. Pasta a ser organizada pela escola e que contenha a sistematização dos
conteúdos do Currículo Local a abordar nas diferentes disciplinas em cada classe.
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De acordo com Ibraimo e Cabral (2015) cabe ao professor garantir que na implementação
do currículo local, as necessidades de aprendizagem da comunidade sejam abordadas. O que só
se consegue quando o professor está em permanente articulação com a comunidade. Cabe
também ao professor identificar na comunidade elementos que garantam a abordagem de alguns
conteúdos que não sejam do domínio dos professores, através de palestras ou aulas práticas, entre
outras.
Segundo Mangue (2019) para a concretização do currículo local, a escola deve ser ativa,
deve ser o principal interveniente na mobilização de recursos e criação de condições para uma
elaboração e consequente implementação com sucesso, conduzindo todo o processo da seleção,
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O INDE (2011, p.21) faz mensão ao papel da comunidade consistindo este em: a)
Fornecer informações relevantes a serem abordadas na escola; b) apoiar na transmissão de
conhecimentos ou experiências, relativas aos saberes locais; c) fornecer apoio material para uma
melhor execução das atividades e d) envolver os membros da comunidade nos trabalhos do
currículo local de forma rotativa.
3. Conclusão
O trabalho concluiu que o currículo local, para alem de contribuir para a valorização e
aproximação dos vários grupos que ocupam os mesmos espaços apesar de culturas e hábitos
diferentes ao permitir através das consultas às comunidades, o resgate de valores éticos e morais
assim como o respeito pelas diferenças também contribuiu significativamente na revolução
epistemológica da educação ao atribuir ao professor o papel de fazedor do currículo e não de
mero executor de conteúdos por outros vinculados.
o currículo local tem grande contribuição na sociedade uma vez que garante o resgate de
valores e saberes da comunidade, permite a mudança do papel do docente de simples transmissor
de conhecimentos centralmente vinculados para professor fazedor dor currículo, reflexivo e
critico. Além disso, permite que grupos excluídos contribuam com saberes no conhecimento
universal, complementando o currículo oficial definido centralmente incorporando matérias
diversas da vida da comunidade nas disciplinas contempladas no plano de estudo por forma a
desenvolver nos alunos saberes locais, dotando lhes de conhecimentos, habilidades, valores e
atitudes que lhes possam permitir uma participação plena no saber social, cultural e econômico da
comunidade.
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4. Bibliografia
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Maputo: INDE. INDE (2015). Programas do Ensino Básico - Língua Portuguesa, Matemática e
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MINED (2003). Plano curricular do ensino básico: objectivos, política, estrutura, plano de
estudos e estratégias de implementação. Maputo: INDE
MINED (2011). Manual de apoio ao professor: Sugestões para abordagem do currículo local
( uma alternativa para a redução da vulnerabilidade), 2.ed., Maputo: INDE.
Moçambique (2003). Plano Curricular do Ensino Básico: Objectivos, políticas, estrutura, plano
de estudos e estratégias de implementação, Maputo: INDE.
Piletti, C. (2004). Didáctica Geral. 23. ed. São Paulo: Editora Ática.
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