Eq Onda
Eq Onda
Eq Onda
A Equação da Onda
Por corda entende-se um fio fino e flexível. Supondo que, em estado de equilíbrio, a corda
coincida com o eixo-x, nosso estudo limitar-se-á ao caso de pequenas oscilações transversais.
Por transversal designa-se a oscilação que se realiza em um plano que contém o eixo-x e no
qual cada elemento da corda se desloca perpendicularmente eixo-x. Representaremos por
u(x,t) o deslocamento transversal de cada ponto x da corda no instante t a partir da sua
posição de equilíbrio.
Fig. 3.1
(H1) Todas as forças de atrito, tanto internas quanto externas, não serão consideradas.
(H3) As amplitudes u(x,t) das oscilações e suas derivadas são pequenas, de modo que seus
quadrados e produtos serão desprezados nos cálculos quando comparados com a unidade.
Par obtermos o modelo matemático analisaremos todas as forças atuando numa pequena
seção da corda num certo instante t. Supondo que o perfil da corda no instante t seja dado
pela figura abaixo, onde o segmento [x , x+x] se deformou no arco de curva M1M2.
x x
u
2
S
x
1 dx .
x
S x .
É possível mostrar que a tensão T pode ser tomada como independente de x, isto é, pode-se
considera-la igual a tensão T0. De fato, as forças que atuam sobre o arco M1M2 são as
seguintes;
F2) As forças externas: uma força externa poderia ser aplicada a qualquer ponto da corda em
qualquer instante; alguns exemplos seriam:
2.1- gravidade: F ( x, t ) mg .
T ( x x ) cos ( x x ) T ( x ) cos( x ) 0 .
1 1
cos ( x ) 1 .
1 tg ( x )
2
1 (u x ) 2
Resultando que
T ( x x ) T ( x ) .
quaisquer que sejam os pontos da corda. Assim T não depende de x e será identificada com T0
A equação diferencial para pequenas oscilações de uma corda será deduzida mediante a
aplicação desse princípio. Para tanto serão explicitadas as forças que atuam na corda. Viu-se
que, devido as condições impostas, as forças responsáveis pelo movimento são as
componentes das tensões nas direções dos deslocamentos perpendiculares, as forças externas
e as forças de inércia. Analisando essas forças obtem-se:
Sendo que
tg ( x ) ux
sen ( x ) ux
1 tg ( x )
2
1 (u x ) 2
Conclui-se que
x x
F2
x
p( x, t )dx
Onde p ( x , t ) é a distribuição das forças externas por unidade de comprimento atuando sobre
a corda na direção perpendicular, no instante t.
3. A resultante das forças de inercia: se ( x ) for a densidade linear da corda então a massa
do segmento [x,x+x] da corda é ( x ) x e a resultante perpendicular das forças de inercia
sobre esse segmento será, no instante t , dada por
( x )xutt
uma vez que não se está considerando as forças de atrito e restauradoras. De modo que a
força de inercia atuando sobre todo arco M1M2 ,no instante t , é dada por
x x
F3
( x)u dx .
x
tt
x x
2u 2u
x
0 x 2
T ( x )
t 2
p( x, t ) dx 0 .
Qualquer que seja o segmento [x,x+x] para todo t > 0. Supondo o integrando é uma função
contínua, obtem-se necessariamente que
( x )utt T0uxx p( x, t )
Esta é a equação diferencial para pequenas oscilações de uma corda flexível sob ação de uma
força externa p(x,t) desprezando-se a s forças de atrito e forças restauradoras. Quando se tem
( x ) constante, obtem-se a EDP:
2u 2 u
2
c F ( x, t )
t 2 x 2
T0 p ( x, t )
Onde c 2 e F ( x, t ) . No caso de se considerar as forças de atrito e
restauradoras obtem-se a equação do telégrafo:
Utilizaremos o modelo matemático para corda infinita para montagem do PVI e o método
criado por d’Alembert para provar que o PVI é bem posto, mediante certas hipóteses naturais
sobre os dados iniciais. Tal método baseia-se em uma mudança de variáveis visando simplificar
a equação. Com o objetivo de encontrar a mudança conveniente considera-se a aplicação
linear
( x, t ) ( , )
2 2
do no dada por
( x, t ) x t , ( x, t ) x t .
Tem-se que
u u u u u
x x x
2u u u u 2 u
2
2u 2 u
2
2
x 2 x x x x 2 2
2u u u u 2 u
2
2u 2 u
2
2
t 2 t t t t 2 2
De modo que
2 c 2 2 2 c2 2 0 e c 2 0 .
( x ct )
( x ct )
Sendo , números reais não nulos podemos tomar 1 e obter a seguinte equação
transformada
2u u
4c 2 0 ou seja 0 .
u
h( ) u( , ) h( )d g ( ) f ( ) g ( ) .
0
2
Onde f , g são funções de classe C em . De modo que, a solução de D’Alembert é dada
por
u( x, t ) f ( x ct ) g ( x ct )
Assim obteve-se uma “solução geral” para uma EDP, fato excepcional na teoria das EDP’s!
Para obtermos dessa solução geral uma única solução do PVI, basta impormos as condições
u( x,0) f ( x ) g ( x ) u0 ( x )
ut ( x,0) cf ( x ) cg ( x ) u1 ( x )
Ou seja
f ( x ) g ( x) u0 ( x)
u (s)ds c
x
1
f ( x) g ( x)
1 1
c 0
Ou seja
u (s)ds
x
f ( x ) 12 u0 ( x ) 21c 1
c1
2
0
u (s)ds
x
g ( x ) 12 u0 ( x ) 21c 1
c1
2
0
O que implica em
x ct
f ( x ct ) 12 u0 ( x ct ) 21c
0
u1 ( s )ds c21
x ct
g ( x ct ) 12 u0 ( x ct ) 21c
0
u1 ( s )ds c21
x ct
1 1
u( x, t ) [u0 ( x ct ) u0 ( x ct )] u1 ( s)ds
2 2c x ct
Fórmula obtida em 1747. Assim, provou-se a existência e também a unicidade, já que se existir
uma outra solução v ( x , t ) do PVI com as mesmas condições iniciais então pela própria
fórmula obtem-se que u v .
1 1
u ( x, t ) v ( x, t ) u0 ( x ct ) v0 ( x ct ) u0 ( x ct ) v0 ( x ct )
2 2
x ct
u (s) v (s) ds
1
1 1
2c
x ct
se
ui ( x) vi ( x) , i 0,1 .
utt uxx , x , t 0
PVI : u( x,0) x 2 , x
u ( x,0) 2 , x
t
x t
2ds x
1 1
u( x, t ) ( x t )2 ( x t )2 2
t 2 2t .
2 2
x t
1
u( x, t ) u0 ( x ct ) u0 ( x ct )
2
Consideremos uma onda cujo perfil inicial seja dado pela função
x 1, 1 x 0
u0 ( x ) x 1, 0 x 1
0, x 1, x 1
Então
x ct 1, 1 ct x ct
u0 ( x ct ) x ct 1, ct x 1 ct
0, x 1 ct , x 1 ct
x ct 1, 1 ct x ct
u0 ( x ct ) x ct 1, ct x 1 ct
0, x 1 ct , x 1 ct
Fig.3.3
Paulo Marcelo Dias de Magalhães | UFOP 9
OBS: Uma corda para poder ser dedilhada não poderia ser infinita pois seus extremos teriam
que estar fixos.
Fig.3.4
Agora tomando x0 no eixo-x, queremos saber quais são os pontos ( x, t ) nos quais a solução se
modifica quando se alteram os valores de u0 e u1 em x0 ? Isto é, quais são os pontos ( x, t ) tais
que x0 pertence ao seu domínio de dependência? Observando-se a figura 3.4 conclui-se que
são os pontos pertencentes ao cone no semi-plano superior t 0 , com vértice em ( x0 ,0) e
lados t ( x x0 ) / c . Essa região (vide figura 3.5) é denominada domínio de influência na
solução do ponto ( x0 ,0) e é dada pelo cone futuro
I (u, x0 ) {( x, t ) 2
: x0 ct x x0 ct , t 0}
D(u,3, 2) {x :1 x 5} .
I (u;3) {( x, t ) : 3 t x 3 t , t 0} .
x0 ct0 x0 ct0
u( x0 , t0 ) 12 u0 ( x0 ct0 ) 21c
0
u1 ( s)ds 12 u0 ( x0 ct0 ) 21c
0
u1 ( s)ds
ou seja
u( x0 , t0 ) ( x0 ct0 ) ( x0 ct0 )
Fig. 3.6
Na região I, tem-se a superposição da onda do futuro com a onda do passado, isto é os pontos
de I são afetados pelas ondas progressivas e regressivas que tiveram inicio em pontos do
intervalo [ x1 , x2 ] . Na região II, os pontos são perturbados apenas pelas ondas regressivas,
enquanto na região III, os pontos são perturbados apenas pelas ondas progressivas. Os pontos
das regiões IV e V são tais que seus domínios de dependência não interceptam o intervalo
[ x1 , x2 ] , ou seja, os pontos dessas regiões não são afetados pela perturbação inicial. Na região
VI, tomemos um ponto genérico ( x0 , t0 ) , tem-se que
x0 ct0
u( x0 , t0 ) 12 [u0 ( x0 ct0 ) u0 ( x0 ct0 )] 21c
x0 ct0
u1 ( s )ds
x2
1
u( x0 , t0 ) u1 ( )d .
2c x1
O que significa que nesses pontos o sinal já passou, deixando apenas o “traço” de sua
passagem dado pelo deslocamento constante
x2
1
u1 ( )d .
2c x1
A integral da energia: Suponhamos que os dados iniciais u0 , u1 sejam tais que para cada t 0
u ( x, t ) e suas derivadas parciais até de segunda ordem sejam de quadrado integrável em
relação a variável x . Por exemplo, isso ocorre se u0 , u1 satisfizerem as condições de
compatibilidade impostas pela fórmula de D’Alembert para existência de solução única, isto é
u0 C 2 ( ), u1 C 1 ( ) e além disso se ambas possuírem suporte compacto. Neste caso,
multiplicando a EDP por ut obtem-se a seguinte igualdade
utt ut c 2u xx ut
ou seja
1 2 c2 2
2 t
ut
2 t
ux c 2 ux ut .
x
lim ux ut 0
x
e que é possível permutar a ordem de integração com a derivação com relação a t ( o que
ocorre nas condições acima) obtem-se que
d
ut2 c2 ux2 dx 0 .
2
1
2 (*)
dt
A integral em (*) é denominada integral da energia e a equação (*) nos diz que a energia é
constante em relação ao tempo. De modo que,
1 u c u
2 2
2 1 u c u
2 2
2
2 t
( x , t )
2 x
( x , t ) dx
2 t
( x ,0)
2 x
( x ,0) dx
1 2 c2 d
2
=
u1 ( x ) u0 ( x ) dx
2 2 dx
1 2 c2 2
2 t
w ( x , t )
2
wx ( x, t ) dx 0
utt c 2uxx F ( x, t ), x , t 0
PVI : u( x,0) u0 ( x ), x
ut ( x,0) u1 ( x ), x
Fig. 3.7
(c u
utt )dxdt F ( x, t )dxdt .
2
xx
AB : x ct x0 ct0 , x0 ct0 x x0
CA : x ct x0 ct0 , x0 x x0 ct0
BC : t 0, x0 ct0 x x0 ct0
donde obtem-se que dx cdt sobre AB, dx cdt sobre CA e dt 0 sobre BC. De modo
que,
x0 ct0
BC
ut dx c 2u x dt
x0 ct0
ut ( x,0)dx
ou seja
x0 ct0
ut dx c 2ux dt
x0 ct0
u1 ( x )dx c[u0 ( x0 ct0 ) u0 ( x0 ct0 )] 2cu ( x0 , t0 )
o que fornece
x0 ct0
F ( x, t )dxdt
x0 ct0
u1 ( x )dx c[u0 ( x0 ct0 ) u0 ( x0 ct0 )] 2cu( x0 , t0 )
x ct
1 1 1
u( x, t ) [u0 ( x ct ) u0 ( x ct )] u1 ( s)ds F ( x, t )dxdt
2 2c x ct 2c
x c ( t )
F ( x, t)dxdt
t
F ( , )d d .
0 x c ( t )
utt uxx 1 , x , t 0
PVI : u( x,0) x 2 , x
u ( x,0) 1 , x
t
Tem-se que
x t t x ( t )
1 1 1
u( x, t ) [( x t ) 2 ( x t ) 2 ] ds dsd
2 2 2
x t 0 x ( t )
t2 3
x2 t2 t x2 t2 t
2 2