Apostila de DH - 2ºS - 2019 Alunos
Apostila de DH - 2ºS - 2019 Alunos
Apostila de DH - 2ºS - 2019 Alunos
Tratado é todo acordo formal e escrito, celebrado entre Estados e organizações internacionais, que busca produzir efeitos
numa ordem jurídica de direito internacional, maior regulador, conhecido como o Tratado dos Tratados, é a Convenção de
Viena de 1969.
Entrega é diferente de Extradição. Entrega ocorre entre o TPI e um Estado. Extradição ocorre entre Estados.
O TPI surge como forma de evitar a criação de tribunais ad hoc internacionais por motivos meramente políticos, como ocorreu
nos casos dos Tribunais de Nuremberg (1945), Tóquio (1946), para antiga Iugoslávia (1993 – 100mil mortos e 20 mil estupros) e
Ruanda (1994 – 800 mil mortos em 100dias).
Direitos Fundamentais são os direitos do homem previstos na Constituição de um país, enquanto os Direitos Humanos são os direitos
do Homem ou Fundamentais previstos em Tratados ou Direitos Humanos.
Exemplo de Direito à Vida, art. 5º da CF/88 e art. 4º, da Convenção Americana.
SÍNTESE DA 1ª DIMENSÃO - Os direitos da primeira geração ou primeira dimensão inspirados nas doutrinas iluministas e
jusnaturalistas dos séculos XVII e XVIII são direitos de titularidade individual, embora alguns sejam exercidos em conjuntos
de indivíduos. Essa geração inclui os direitos à vida, liberdade, segurança, não discriminação racial, propriedade privada,
privacidade e sigilo de comunicações, ao devido processo legal, ao asilo diante das perseguições políticas, bem como as
liberdades de culto, crença, consciência, opinião, expressão, associação e reunião pacíficas, locomoção, residência, participação
política, diretamente ou por meio de eleições. São os primeiros direitos a constarem do instrumento normativo constitucional, a
saber, os direitos civis e políticos, cujo princípio era a proteção do indivíduo.
5
Os direitos fundamentais de primeira dimensão, contemporâneos do liberalismo político, surgem como resposta ao absolutismo
monárquico e objetivavam proteger o homem na sua esfera individual contra a interferência abusiva do Estado. São direitos de
cunho meramente negativo, que visam garantir as liberdades públicas.
Negavam o Estado no seu poder de interferir nas liberdades individuais, por que este era visto como inimigo para o homem.
São direitos civis e políticos como a liberdade de locomoção, de pensamento, inviolabilidade do domicílio, liberdade de religião,
por exemplo. A Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão (26/08/1789), aprovado pelo parlamento francês, cujo lema:
Um País deve ter uma Constituição escrita, com separação dos Poderes e Previsão dos Direitos Individuais.
SÍNTES DA 2ª DIMENSÃO - Após a 1ª Guerra Mundial, o regime político liberal, caracterizado pela mínima intervenção
estatal, entrou em crise. A sociedade passou a exigir um Estado mais atuante, clamando a substituição da Constituição, antes
apenas garantista, por uma constituição dirigente, que estabelecessem normas instituidoras de programas governamentais.
Surge o Estado do Bem-Estar Social.
Nesse contexto, surgiram os direitos fundamentais de segunda dimensão, denominados de direitos sociais, econômicos e
culturais. Esses direitos impõem ao Estado uma atuação prestacional voltada para a satisfação das carências da coletividade.
Através deles, buscava-se tornar os homens, já livres, iguais no plano fenomênico.
Neste contexto, depreende-se que os direitos de segunda geração ou segunda dimensão, seriam os Direitos da Igualdade, no
qual estão à proteção do trabalho contra o desemprego, direito à educação contra o analfabetismo, direito à saúde, cultura, etc.
Essa geração dominou o século XX, são os direitos sociais, culturais, econômicos e os direitos coletivos. São direitos objetivos,
pois conduzem os indivíduos sem condições de ascender aos conteúdos dos direitos através de mecanismos e da intervenção do
Estado. Pedem a igualdade material, através da intervenção positiva do Estado, para sua concretização. Vinculam-se às
chamadas “liberdades positivas”, exigindo uma conduta positiva do Estado, pela busca do bem-estar social.
São exemplos destes direitos: direito à saúde, ao trabalho, a assistência social, a educação, liberdade de sindicalização, direito
de greve, direito a férias e ao repouso semanal remunerado, vale dizer que nesta dimensão visa à proteção de grupos de
pessoas, tais como trabalhadores e aposentados.
SÍNTESE DA 3ª DIMENSÃO - Os direitos fundamentais até então assegurados, tinham como destinatário o homem enquanto
indivíduo. Já o direito fundamental de Terceira Dimensão tem como traço característico o fato de não mais estarem centrados
no homem individualmente considerado, mas sim na coletividade. Surgem os direitos coletivos e difusos.
Neste contexto, depreende-se que a terceira geração ou terceira dimensão, que foram desenvolvidos no século XX, tendo como
marco inicial, o fim da 2ª Guerra Mundial (criação da ONU – 1945) seriam os Direitos da Fraternidade entre os povos, no qual
está o direito a um meio ambiente equilibrado, uma saudável qualidade de vida, progresso, paz universal, etc. Essa geração é
dotada de um alto teor de humanismo e universalidade, pois não se destinavam somente à proteção dos interesses dos
indivíduos, de um grupo ou de um momento. Refletiam sobre os temas referentes ao desenvolvimento, à paz, ao meio ambiente,
à comunicação e ao patrimônio comum da humanidade.
Como exemplo pode-se citar o direito a paz, ao meio ambiente e a conservação do patrimônio cultural.
Ao final da Segunda Guerra Mundial, houve o advento da Organização das Nações Unidas (ONU) em substituição a Liga das Nações
que não foi capaz de evitar os conflitos bélicos vivenciados neste século. Em 1948, foi promulgada a Declaração Universal dos
Direitos Humanos, que traz os chamados direitos humanos de 3ª geração, voltados para a garantia da vida, liberdade, devido processo
legal, juiz natural, ampla defesa e contraditório, princípio da inocência, entre outros.
Conjuntamente com essas garantias decorrentes da Carta elaborada pelas Nações Unidas, encontram-se os chamados sistemas
regionais de proteção dos direitos humanos, destacando-se os sistemas europeu, americano e africano.
O sistema interamericano de direitos humanos possui na Convenção Americana, conhecida como Pacto de São José da Costa Rica, o
seu instrumento mais importante voltado para a proteção dos direitos dos povos da América.
Para garantir os direitos previstos na Convenção, o sistema interamericano possui dois órgãos: a Comissão Americana de Direitos
Humanos, que tem a função de promover a observância e a defesa dos direitos humanos, e a Corte, que exerce funções jurisdicionais e
consultivas.
Apesar da atuação ainda limitada desses órgãos, uma vez que nem todos os países que ratificaram a Convenção Americana de Direitos
Humanos, deram a Corte Interamericana jurisdição para o julgamento de caso de violação dos direitos previstos no Pacto de São José
da Costa Rica, estes têm contribuído para a defesa e garantia dos direitos fundamentais frente às violações praticadas pelos Estados e
autoridades que preferem o arbítrio ao invés da observância da Lei.
Com o retorno da democracia à maioria dos países da América Latina e Central, a Convenção vem ganhando força e importância junto
ao direito nacional de cada Estado membro da Organização das Nações Unidas.
Na atualidade, falta uma maior divulgação do Pacto de São José da Costa Rica, e uma redefinição do papel a ser desenvolvido pela
Comissão, como garantidora dos direitos previstos na Convenção, uma vez que a grande maioria das pessoas desconhece a existência
desse instrumento e o local onde podem apresentar suas reclamações em caso de desrespeito das garantias fundamentais.
A América ainda enfrenta prisões ilegais, violações ao direito à vida, ao devido processo legal, do juiz natural e tantos outras,
relacionadas com o desaparecimento de presos políticos, que muitas vezes ficam no anonimato.
É preciso um aprimoramento no sistema interamericano, para que este possa estar mais próximo das dificuldades enfrentadas na defesa
dos direitos humanos, garantindo o acesso a Corte Interamericana de Direitos Humanos, para se evitar novas violações aos direitos
consagrados na Convenção Americana.
A Comissão e a Corte vêm cumprindo com o seu papel na defesa dos direitos humanos, denunciando os casos mais sérios de abuso dos
direitos previstos no Pacto de São José da Costa Rica. Mas, para se evitar outras espécies de violações se faz necessário uma maior
divulgação desses órgãos, inclusive com a criação de escritórios regionais, para que os nacionais dos Estados Membros da Organização
dos Estados Americanos possam apresentar suas reclamações.
Aos poucos, a América se liberta da opressão das espadas e do julgo dos ditadores, sejam eles de esquerda ou de direita, para que cada
americano em qualquer rincão deste continente possa se sentir um cidadão livre para conduzir sua vida segundo os ditames da lei e da
sua consciência.
No Brasil, essa tendência humanitária só começou a ser efetivamente incorporada após o final da ditadura. Com a Constituição
Federal de 05/10/1988, carta esta cidadã e com os seus preceitos democráticos, o Brasil deu início a ratificar importantes
tratados de direitos humanos; a saber: a Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos Cruéis, Desumanos ou
Degradantes (1989), a Convenção sobre os Direitos da Criança (1990), o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos
(1992), o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1992), a Convenção Americana de Direitos
Humanos/Pacto de San Jose da Costa Rica (1992), Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu
Protocolo Facultativo (2007) (Decreto nº 6.949/09), dentre outros.
O problema dos direitos humanos fundamentais no século XX, sobretudo na sociedade brasileira, não deve ficar de uma teoria da crise
política, cuja análise se faz imprescindível para podermos sondar o alcance e extensão das dificuldades que agora o País atravessa.
Com efeito, a crise política de uma nação pode percorrer três distintos graus nesta escala: em primeiro lugar a crise do Executivo, que
normalmente chega ao seu termo quando se muda a chefia de governo ou advém, de maneira bem sucedida, uma nova política; a
seguir, crise constitucional – de solução ainda possível – mediante uma Emenda à Constituição ou, nos casos mais graves e
excepcionais, por via da reforma total ou da promulgação doutra lei maior; enfim, se converte ela em crise constituinte, a de terceiro e
derradeiro grau quando deixa de ser tão somente a crise de um Governo ou de uma Constituição para se transformar em crise das
instituições ou da Sociedade mesma, em seus últimos fundamentos.
12
Crise do Executivo: quando Getúlio Vargas entrou em conflito com o Congresso e, não podendo resolver a pendência, suicidou-se.
Crise Constitucional: a renúncia de Jânio Quadros e a introdução do Parlamentarismo do Ato Adicional. Já não se tratava então de
substituir um Governo, mas de alterar a própria forma de Governo, numa experiência, aliás, sem sucesso.
Crise Constituinte: finalmente, não se resolvendo a crise constitucional, mediante o retorno ao presidencialismo, cedo ela se converteu
na mais funesta de todas as crises: a crise constituinte, que recai sobre o Governo, a Constituição e a Sociedade.
Nessa crise submergimos durante todo o período autoritário em que o País se governou por Atos Institucionais e decretos-leis.
Toda vês que os desesperos coletivos somam os infortúnios gerados pelas três crises, produz-se a desmoralização política da sociedade
e os direitos fundamentais padecem muito com isso.
Aos estrangeiros residentes só se reconhecem esses direitos e garantias constantes daquele artigo?
Os estrangeiros residentes não têm só os direitos arrolados no art. 5°, da CF apesar de somente ali aparecerem como destinatários de
direitos constitucionais. Cabem-lhe os direitos sociais, especialmente os trabalhistas. Ao outorgar direitos aos trabalhadores rurais e
urbanos, indubitavelmente a Constituição alberga também o trabalhador estrangeiro residente no País, e assim se há de entender em
relação aos outros direitos sociais.
18
Os estrangeiros não residentes, mesmo estando no País, estão excluídos de incidência de qualquer deles ou delas?
A posição do estrangeiro não residente em face dos direitos e garantias assegurados no art. 5°, da CF não é fácil de delinear, tendo em
vista que aí só se mencionam os brasileiros e estrangeiros residentes no País.
Se se entender o texto do art. 5°, caput, da CF ao pé da letra, o estrangeiro não residente não gozará de nenhum dos direitos e garantias
nele enunciados.
DIREITOS COLETIVOS
A rubrica do Capítulo I do Título II anuncia uma especial categoria dos direitos fundamentais; os coletivos, mas nada mais diz a seu
respeito. Onde estão, nos incisos do artigo 5°, esses direitos coletivos?
Muitos destes direitos coletivos encontram-se dispostos ao longo do texto constitucional, caracterizados, na maior parte, como direitos
sociais, como a liberdade de associação profissional e sindical (arts. 8° e 37, VI), o direito de greve (art. 9° e 37, VII), o direito de
participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados de órgãos públicos (art. 10), a representação de empregados juntos aos
empregadores (art. 11), o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado (art. 225); ou caracterizados como instituto de
democracia direta nos arts. 14, I, II e III, 27, § 4°, 29, XIII, e 61, § 2°; ou, ainda, como instituto de fiscalização financeira, no art. 31, §
3°. Apenas as liberdades de reunião e de associação (art. 5°, XVI a XX), o direito de entidades associativas de representar seus filiados
(art. 5°, XXI), e os direitos de receber informações de interesse coletivo (art. 5°, XXXIII) e de petição (art. 5°, XXXIV, a) restaram
subordinados à rubrica dos direitos coletivos. Alguns deles não são propriamente direitos coletivos, mas direitos individuais de
expressão coletiva, como as liberdades de reunião e de associação.
DO DIREITO À VIDA
No dizer de Jacques Robert: O respeito à vida humana é há um tempo uma das maiores ideias de nossa civilização e o primeiro
princípio da moral médica. É nele que repousa a condenação do aborto, do erro ou da imprudência terapêutica, a não aceitação do
suicídio. Ninguém terá o direito de dispor da própria vida, a fortiori da de outrem e, até o presente, o feto é considerado como um ser
humano.
O direito à vida, previsto de forma genérica do art. 5°, caput, abrange tanto o direito de não ser morto, privado da vida, portanto, o
direito de continuar vivo, como também o direito de ter uma vida digna.
Em decorrência de seu primeiro desdobramento (direito de não ser privado da vida de modo artificial), encontramos a proibição da
pena de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX. Assim, mesmo por emenda constitucional é vedada a
instituição da pena de ponte no Brasil, sob pena, de se ferir a cláusula pétrea do art. 60, § 4°, IC, da CF).
Por fim, o segundo desdobramento, ou seja, o direito de uma vida digna, garantindo-se as necessidades vitais básicas do ser humano e
proibindo qualquer tratamento indigno, como a tortura, penas de caráter perpétuo, trabalhos forçados, cruéis, etc.
De uma parte, frente ao legislador ou o próprio executivo, na edição, respectivamente, de leis, atos normativos e medidas provisórios,
impedindo que possam criar tratamentos abusivamente diferenciados a pessoas que se encontram em situações idênticas.
Em outro plano, na obrigatoriedade ao intérprete, basicamente, autoridades públicas, de aplicar a lei e atos normativos de maneira
igualitária, sem estabelecimento de diferenciações em razão de sexo, religião, convicções filosóficas ou políticas, raça e classe social.
Todavia, os tratamentos normativos diferenciados são compatíveis com a Constituição Federal quando verificada a existência de uma
finalidade razoavelmente proporcional o fim visado.
Importante, igualmente, apontar a tríplice finalidade limitadora do princípio da igualdade: limitação ao legislador, ao
intérprete/autoridade pública e ao particular.
O legislador, no exercício de sua função constitucional de edição normativa, não poderá afastar-se do princípio da igualdade, sob pena
de flagrante inconstitucionalidade. Assim, normas que criem diferenciações abusivas, arbitrárias, sem qualquer finalidade lícita, serão
incompatíveis com a Constituição Federal.
O intérprete/autoridade pública não poderá aplicar as leis e atos normativos aos casos concretos de forma a criar ou aumentar
desigualdades arbitrárias. Ressalta-se que, em especial o Poder Judiciário, no exercício de sua função jurisdicional de dizer o direito ao
caso concreto, deverá utilizar os mecanismos constitucionais no sentido de dar uma interpretação única e igualitária às normas
jurídicas. Nesse sentido a inserção do legislador constituinte ao prever o recurso extraordinário ao STF e o recurso especial ao STJ.
DO DIREITO DE PROPRIEDADE
O direito de propriedade, tendo em vista o fato de nossa Constituição consagrar o Brasil como um Estado capitalista, encontra-se
assegurado já no caput do art. 5°, ao lado dos outros direitos individuais mais elementares, como a vida, a liberdade e a igualdade.
A par disso, o inciso XXII do art. 5°, a fim de estremar de dúvida o seu caráter de direito autônomo (e não de mera função),
peremptoriamente declara: é garantido o direito de propriedade. Da mesma forma, o inciso II do art. 170 enumera como princípio
fundamental da ordem econômica do País a propriedade privada.
A propriedade privada era considerada um dos mais importantes direitos fundamentais da época do Liberalismo Clássico. Era o direito
de propriedade, então, visto como um direito absoluto – consubstanciado nos poderes de usar, fruir, dispor da coisa, bem como
reivindica-la de quem indevidamente possuísse – e oponível a todas as demais pessoas que de alguma forma não respeitassem o
domínio do proprietário.
No âmbito do nosso direito constitucional positivo, não mais é cabível essa concepção da propriedade como um direito absoluto.
Deveras, nossa Constituição consagra o Brasil como um Estado Democrático Social de Direito, o que implica afirmar que também a
propriedade deve atende a uma função social. Essa exigência está explicitada logo no inciso XXIII do art. 5°, e reiterada no inciso III
do art. 170 (que estabelece os princípios fundamentais de nossa ordem econômica).
Por esse motivo, ao lado dos direitos assegurados ao proprietário, o ordenamento constitucional impõe a ele deveres, essencialmente
sintetizáveis como dever de uso adequado da propriedade (mormente no que concerne a sua exploração econômica). Assim, não pode o
proprietário de terreno urbano mantê-lo não edificado ou subutilizado (CF, art. 182, § 4°), sob pena de sofrer severas sanções
administrativas; não pode o proprietário de imóvel rural mantê-lo improdutivo, devendo atender as condições estabelecidas no art. 186
da CF. O desatendimento da função social da propriedade pode dar ensejo a uma das formas de intervenção do Estado no domínio
privado: a desapropriação (nesse caso dita desapropriação por interesse social).
Além disso, o direito de propriedade deverá ceder quando isso for necessário à tutela do interesse público, como ocorre nas hipóteses
de desapropriação por utilidade ou necessidade pública, de requisição administrativa (art. 5°, XXV), de requisição de bens no estado de
sítio (art. 139, inciso VII). Ainda, quando a utilização da propriedade for feita de forma altamente lesiva à sociedade, o Estado poderá
impor sua perda, tanto na esfera penal, quanto na administrativa (CF, art. 5°, XLVI, alínea b; CF, art. 243).
DIREITOS SOCIAIS
Os direitos sociais, indubitavelmente, são direitos fundamentais dos homens e caracterizam-se como direitos constitucionalmente
previstos a ações positivas por parte do Estado, viabilizando, assim, uma melhor condição de vida as pessoas mais necessitadas,
buscado a concretização da igualdade material, tão almejada em um Estado Democrático de Direito.
20
Neste viés, cumpre transcrever o mestre José Afonso da Silva:
Valem como pressupostos do gozo dos direitos individuais na medida em que criam condições materiais mais propicias ao auferimento
da igualdade real, o que, por sua vez, proporciona condição mais compatível com o exercício efetivo da liberdade.
Em outros termos, aludidos direitos podem ser conceituados como liberdades positivas que devem obrigatoriamente ser observadas em
um Estado Social de Direito, objetivando uma melhora gradativa nas condições de vida dos hipossuficientes, concretizando, assim, a
igualdade social.
A Constituição da República Federativa do Brasil preceitua acerca dos direitos sociais, inicialmente em seu artigo 6º, da seguinte
forma:
São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à
infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
A amplitude da mencionada norma constitucional esclarece que os direitos sociais não são somente os enunciados nos artigos 7º, 8º, 9º,
10 e 11 da Constituição Federal, também podendo ser localizados, no Título VIII, o qual é denominado Da Ordem Social, artigos 193 e
seguintes da Constituição Federal.
DIREITO À SAÚDE: é espantoso como um bem extraordinariamente relevante à vida humana só agora é elevado à condição de
direito fundamental do homem. É há de informar-se pelo princípio de que o direito igual à vida de todos os seres humanos significa
também que, nos casos de doença, cada um tem o direito a um tratamento condigno de acordo com o estado atual da ciência médica,
independentemente de sua situação econômica, sob pena de não ter muito valor sua consignação em normas constitucionais.
A Constituição Federal de 1988 declara ser a saúde direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e
econômicas que visem à redução do risco de doenças e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para
sua promoção, proteção e recuperação, serviços e ações que são de relevância pública (arts. 196 a 197). A Constituição o submete a
conceito de seguridade social, cujas ações e meios se destinam, também, a assegura-lo torna-la eficaz.
Como ocorre com os direitos sociais em geral, o direito à saúde comporta duas vertentes, conforme anotam CANOTILHO e VITAL
uma, natureza negativa, que consiste no direito a exigir do Estado que se abstenha de qualquer ato que prejudique a saúde; outra, de
natureza positiva, que significa o direito às medidas e prestações estaduais visando à prevenção das doenças e o tratamento delas.
A partir da leitura e interpretação dos artigos 196, 198 a 200, vislumbra-se que a nossa Constituição trata o direito à saúde como um
direito de natureza positiva que exige prestações de Estado e que impõe aos entes públicos realização de determinadas tarefas, de cujo
cumprimento depende a própria realização do direito.
DIREITO À PREVIDÊNCIA: previdência social é um conjunto de direitos relativos à seguridade social. Como manifestação desta, a
previdência tende a ultrapassar a mera concepção de instituição do Estado providência, sem, no entanto, assumir características
socializantes, até porque estas dependem mais do regime econômico do que do social.
A Constituição deu contornos mais precisos aos direitos de previdência social (arts. 201 a 202), mas seus princípios e objetivos
continuam mais ou menos idênticos ao regime geral de previdência social consolidado na legislação anterior (Decreto 89.312/84), ou
seja: funda-se no princípio do seguro social, de sorte que os benefícios e serviços se destinam a cobrir eventos de doença, invalidez,
morte, velhice e reclusão, apenas do segurado e seus dependentes. Isto quer dizer que a base da cobertura se assenta no fator
contribuição e em favor do contribuinte e dos seus.
SERVIÇOS, que são prestações assistenciais: médica, farmacêutica, odontológica, hospitalar, social e de reeducação ou de readaptação
funcional.
DIREITO À ASSISTÊNCIA: o direito à assistência social constitui a face universalizante da seguridade social, porque, será prestada a
quem dela necessitar, independentemente de contribuição (art. 203, da CF).
No direito à assistência é que, também, assenta outra característica da seguridade social: a solidariedade financeira, já que os recursos
procedem do orçamento geral da seguridade social e não de contribuições específicas de eventuais destinatários (art. 204), até porque
estes são impersonalizáveis a priori, porquanto se constituem daqueles que não dispõe de meios de sobrevivência: os desvalidos em
21
geral. É aí que se situa a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados que o art. 6° destacou como um tipo de
direito social, sem guardar adequada harmonia com os arts. 194 a 203, que revelam como direito social relativo à seguridade o inteiro
instituto da assistência social, que compreende vários objetos, e não só aquele mencionado no art. 6°.
A consecução prática desses objetivos só se realizará num sistema educacional democrático, em que a organização da educação formal
(via escola) concretize o direito de ensino, informado por alguns princípios com eles coerentes, que, realmente, formam acolhidos pela
Constituição, tais são: universalidade (ensino para todos), igualdade, liberdade, pluralismo (de ideias e de concepções pedagógicas, e
coexistência de instituições públicas e privadas), gratuidade de ensino público, valorização dos respectivos profissionais, gestão
democrática da escola e padrão de qualidade, princípios esses que foram acolhidos no art. 206 da CF.
DIREITO À EDUCAÇÃO
O art. 205 da CF contém uma declaração fundamental que, combinada com o art. 6°, eleva a educação ao nível de direitos
fundamentais do homem.
Realça-lhe o valor jurídico, por um alado, a cláusula – a educação é dever do Estado e da família -, constante do mesmo artigo que
completa a situação jurídica subjetiva, ao explicitar o titular do dever, da obrigação, contraposto àquele direito.
Em outros termos: TODOS TÊM O DIREITO À EDUCAÇÃO E O ESTADO TEM O DEVER DE PRESTÁ-LA, ASSIM COMO A
FAMÍLA.
O Estado tem que aparelhar-se para fornecer, a todos, os serviços educacionais, isto é oferecer ensino, de acordo com os princípios
estatuídos na CF;
O Estado tem que ampliar cada vez mais as possibilidades de que todos venham a exercer igualmente o direito à educação;
Todas as normas da CF sobre educação e ensino devem ser interpretadas em função daquela declaração e no sentido da sua plena e
efetiva realização.
DIREITO À CULTURA
Os direitos culturais não foram arrolados no art. 6° da CF como espécie de direito social, mas, se a educação o foi, aí também estarão
aqueles, até porque estarão explicitamente referidos no art. 215, consoante o qual o Estado garantirá a todos o pleno exercício dos
direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.
Por aí também se vê que se trata de direitos informados pelo princípio da universalidade, isto é, direito garantido a todos.
Direitos culturais reconhecidos na CF:
Direito de criação cultural, compreende as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
Direito de acesso às fontes de cultura nacional;
Direito de difusão da cultura;
Liberdade de formas de expressão cultural;
Liberdade de manifestações culturais;
Direito-dever estatal de formação do patrimônio cultural brasileiro e de proteção dos bens da cultura.
a) direitos dos trabalhadores em suas relações individuais de trabalho, que são os direitos dos trabalhadores do art. 7°;
b) direitos coletivos dos trabalhadores (art. 9° a 11) que são aqueles que os trabalhadores exercem coletivamente ou no interesse de
uma coletividade deles, e são os direitos de associação profissional ou sindical, o direito de greve, o direito de substituição processual,
o direito de participação e o direito de representação classista.
Soberania nacional;
Propriedade privada;
Função social da propriedade;
Livre concorrência (manifestação da liberdade de iniciativa, e, para garanti-la, a CF estatui que a lei reprimirá o abuso de poder
econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário de lucros (art. 173, § 4°);
Defesa do consumidor;
Defesa do meio ambiente;
Redução das desigualdades sociais e regionais;
Busca do pleno emprego (propiciar trabalho a todos quantos estejam em condições de exercer uma atividade produtiva);
(princípios de integração, pois visam resolver os problemas da marginalização regional ou social)
Tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no
país.
23
Discussão jurisprudencial sobre a incorporação de tratado internacional no ordenamento jurídico nacional.
Há discussão sobre a prevalência ou não de um tratado internacional sobre uma lei ordinária ou complementar. Não há uma previsão
sobre em que posição do ordenamento jurídico eles estarão ineridos, transferindo assim para o campo jurisprudencial.
O artigo 49, I, compete ao Congresso Nacional resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem
encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional.
O artigo 84, VIII, fixa que compete privativamente ao presidente da república celebrar tratados, convenções e atos internacionais,
sujeitos a referendo do Congresso Nacional.
Entender como os tratados internacionais sobre direitos humanos ingressam no ordenamento brasileiro, mas precisamente com que
hierarquia.
A jurisprudência tradicional do STF considerava que os tratados internacionais ingressavam no sistema constitucional brasileiro com
força de mera lei ordinária, o que autorizava até a revogação por uma lei posterior.
A EC 45/04, no entanto, incluiu um §3º no art. 5º, prevendo que: Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que
forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão
equivalentes às emendas constitucionais.
A partir de 2004, os tratados internacionais que versam sobre direitos humanos ingressarão como se fossem emendas à Constituição, se
forem aprovados de acordo com o trâmite de reforma (emenda) previsto no art. 60 da CF: dois turnos de discussão e votação em cada
Casa do Congresso (Câmara e Senado), com aprovação pelo quórum de 3/5 (=60%) dos membros de cada Casa.
Porém, uma questão ficou ainda em aberto: e os tratados internacionais de direitos humanos, mas que tinham sido aprovados antes de
2004, quando ainda não havia o trâmite de aprovação equiparado ao das emendas constitucionais, deveriam ter qual hierarquia?
Após longa discussão, o STF refutou a tese de que esses tratados teriam força de mera lei ordinária. Com efeito, isso seria equiparar os
tratados de direitos humanos aos demais pactos internacionais. Por outro lado, a Corte também se distanciou da tese de que os tratados
de direitos humanos aprovados antes de 2004 teriam força de emenda constitucional. Como observou o Ministro Gilmar Mendes, tal
proceder equipararia esses tratados à Constituição, mesmo sem terem sido aprovados pela regra do art. 5º, §3º.
E então, o que fazer com esses tratados? O STF decidiu que eles teriam uma força intermediária, é dizer, supralegal. Estão acima das
leis, mas abaixo da Constituição. Estão acima das leis porque tratam de direitos humanos; estão abaixo da CF porque não foram
aprovados pelo trâmite das emendas constitucionais. Revogam todas as leis que lhes sejam contrárias, mas não alteram o que está na
Constituição (ver mais à frente transcrição da ementa do julgado).
De modo que, hoje, os tratados internacionais podem ter no ordenamento brasileiro três diferentes posições hierárquicas:
a) hierarquia constitucional (tratados de direitos humanos aprovados pelo trâmite das emendas constitucionais: art. 5º, §3º);
b) hierarquia supralegal (tratados de direitos humanos aprovados antes de 2004 – e, portanto, sem ser pelo trâmite de emenda
constitucional);
c) hierarquia legal, força de lei ordinária (tratados que não sejam sobre direitos humanos).
Alguns exemplos podem tornar mais clara à questão.
1) Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (Convenção de Nova York52): tratado internacionais de
direitos humanos aprovado em 2007, pelo trâmite de emenda constitucional – hierarquia constitucional.
2) Convenção de Varsóvia sobre indenização tarifada em caso de extravio de bagagem em voos internacionais: tratado que não é de
direitos humanos – hierarquia legal (força de mera lei ordinária.
3) Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica): tratado de direitos humanos, mas aprovado antes
de 2004 (em 1992) – hierarquia supralegal. Surge então a pergunta sobre os tratados ratificados antes desta emenda. Era o caso do
Pacto de San Jose da costa rica, ratificado em 1992.
A controvérsia aumentou na medida em que a Constituição trouxe, em seu artigo 5º, inciso LXVII, a previsão de que não pode haver
prisão civil, com exceção do depositário infiel e do devedor de alimentos. Ora, o Pacto de San Jose fixava o contrário, de que poderia
haver sim prisão civil, mas apenas em caso de dívida alimentícia, nunca no caso do depositário infiel.
Alguns tribunais entenderem que deveria o pacto prevalecia, pois tinha status constitucional. O STF não adotou a posição de que o
tratado revogou a constituição, pois seu status não era de norma constitucional. Como se poderia sustentar que o tratado aprovado com
quórum de lei ordinária poderia modificaria a constituição, logo na parte dos direitos fundamentais. E mais, se fosse modificar a
constituição precisaria de três quintos em dois turnos. Portanto, este não teria forças para revogar a prisão civil.
Já temos um tratado devidamente aprovado pelo congresso nacional, que é a convenção da ONU sobre deficientes físicos.
Foi assinado no ano de 1969, na cidade de San Jose, Costa Rica, por inicialmente 11 integrantes. O Brasil apenas o aprovou, pelo
Congresso Nacional, em 26 de maio de 1992, por meio do Decreto legislativo nº 27, e o ratificou, também em 1992, por meio do
Decreto nº 678, passando a cumpri-lo no seu ordenamento interno. A alegação para a demora residia na argumentação de que éramos
soberanos e estaríamos sendo regidos por normas internacionais. No entanto, com a incorporação, a questão passou a ser o status
24
conferido ao Pacto de San Jose da Costa Rica, se este teria ou não caráter constitucional. Como a jurisprudência consolidada do STF
conferia o status de lei ordinária aos tratados internacionais, logo, para a corte, disposições da convenção não poderiam derrubar
normas constitucionais.
A CF/88 apesar do significativo avanço em relação aos direitos fundamentais, previu expressamente a possibilidade de prisão civil,
com a finalidade de coagir o devedor a pagar, em dois casos: o primeiro, referente à dívida alimentícia, muito presente no direito de
família; o segundo, bem mais polêmico, referente ao depositário infiel, muito utilizado por bancos e financeiras, em contratos
chamados de alienação fiduciária. Pessoas adquiriam bens móveis com financiamento, portanto, tendo de pagar mensalmente as
prestações, em muitos casos, por muitos anos. No entanto, na alienação fiduciária o veículo pertenceria ao banco ou instituição
financeira, ficando o consumidor apenas como depositário. Até o ano de 2008, o credor em caso de não pagamento, ingressava na
justiça para a retomada do bem, e caso não devolvido, solicitava-se a prisão civil do devedor (considerado como depositário). O
conflito era claro, pois, de um lado, o Pacto de San Jose da Costa Rica que proibia expressamente, em seu artigo 7º, este tipo de prisão,
ao dispor nos seguintes termos:
O STF adotou a mesma posição, pois a liberdade é um direito fundamental que somente em casos excepcionalíssimos poderia ser
violado. A tese vencedora é a de que estes tratados tinham caráter não constitucional, e sim de supralegalidade, portanto, abaixo da
constituição, mas acima das demais leis, inclusive do Código de Processo Civil, que regulamenta a prisão civil. Em consequência, toda
a legislação empregada, direta ou indiretamente, para possibilitar a prisão do depositário infiel, restou revogada. Com a decisão do
Supremo Tribunal Federal, findou-se a possibilidade de prisão civil por dívida, em todas as hipóteses existentes. Ou seja, na prática,
não existe mais esta prisão. Também foi revogada a Súmula 619 do STF que autorizava a prisão do depositário judicial no próprio
processo em que se constituiu o encargo.
Com a EC nº 45/04 e com a decisão do STF, em 2008, a controvérsia sobre a hierarquia dos tratados, que se estendia há décadas,
chegou a uma solução. Os tratados internacionais que versem sobre direitos humanos, ou terão status constitucional, se aprovados por
quórum qualificado, igual ao exigido para emenda constitucional e em dois turnos, ou terão status supralegal, se a incorporação
ocorreu antes da referida emenda.
25
I. Tratados firmados sob os cuidados da ONU
(Declarações, Convenções, Pactos, Cartas)
1. Tratados Gerais:
* Declaração Universal dos Direitos Humanos – aprovada pela Assembléia Geral, reunida em Paris, no dia 10 de dezembro de 1948,
(por 48 votos a favor e 8 abstenções)
* Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais – aprovado pela Assembléia Geral, em 16 de dezembro de 1966
(105 votos a favor e nenhuma contra). Entrou em vigor no dia 30 de janeiro de 1976;
* Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos – também aprovado em 16 de dezembro de 1966. Entrou em vigor no dia 23 de
março de 1976;
* Protocolo Facultativo relativo ao Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos – os dados são os números são os mesmos do
Pacto já mencionado.
2. Tratados Específicos:
*Proteção da Mulher – Convenção sobre os Direitos da Mulher (1952 e 1963), Declaração sobre a Eliminação da Discriminação contra
a Mulher (1967), Declaração sobre a Proteção de Mulheres e Crianças nas Emergências e nos Conflitos Armados (1974), Convenção
Internacional sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação contra a Mulher (1979);
Contra a escravidão e a discriminação – Convenção de Genebra sobre a Abolição da Escravatura (1953, 1956), Convenção
Suplementar sobre a Abolição da Escravidão, o Tráfico de Escravas e práticas análogas (1956), Convenção da OIT pela eliminação da
Discriminação (1951, 1960 e 1965), Convênio da UNESCO relativo à luta contra a Discriminação na Área Educacional (1960),
Declaração das Nações Unidas sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação Racial(1963), Convenção Internacional sobre
a Eliminação de todas as formas de Discriminação Racial (1965), Declaração da UNESCO sobre a Raça e os Preconceitos Raciais
(1978), Declaração sobre a Eliminação de todas as formas de Intolerância e Discriminação fundada na Religião ou nas Convicções
(1981);
Direito à vida, à integridade física e ao tratamento humano – Convenção sobre a Prevenção e a Punição do Crime de Genocídio (1948),
Convenção de Genebra – de 1949 (“Art. 3 Comum”: garantias a toda pessoa que não participa ativamente da guerra), Declaração sobre
a Proteção de todas as pessoas contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanas e Degradantes (1975), Convenção
contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis ou Degradantes (1984), Protocolo visando abolir a pena de morte (1990);
Proteção aos Trabalhadores – Convenção da Organização da Organização Internacional do Trabalho (OIT), dentre as quais: nº 87 –
sobre a liberdade sindical e a proteção do direito à sindicalização (1948), nº 98 – sobre o direito de sindicalização e de negociação
coletiva (1949), nº 105 – sobre a abolição do trabalho escravo (1957), nº 110 – sobre as condições de emprego e de trabalhadores nas
plantações (1958), nº 141 – sobre as organizações de trabalhadores rurais (1975), nº 151 – sobre as relações de trabalho na
administração pública (1976);
Direito ao Desenvolvimento – Declaração sobre a concessão de Independência aos Países e povos Coloniais (1960), Carta dos Direitos
e Deveres Econômicos dos Estados (1974), Declaração Universal sobre a Erradicação da Fome e da Desnutrição (1974), Declaração
sobre o uso do Progresso Científico e Tecnológico no Interesse da Paz e no Benefício da Humanidade (1976), Convenção sobre o
Direito do Mar, de 1982 (oficializando o princípio do “patrimônio comum da humanidade”);
Outros assuntos – Convenções de Genebra sobre o Direito Humanitário (1949) e Protocolos Adicionais I e II (1977), Convenção sobre
o Estatuto dos Refugiados (1959), Convenção sobre a Imprescritibilidade de Crimes de Guerra e Crimes Lesa Humanidade (1968),
Declaração dos Direitos dos Deficientes Mentais (1971), Declaração sobre os princípios fundamentais de Justiça para as Vítimas de
Delitos e de Abusos de Poder (1985), Projeto de Declaração Universal dos Direitos Indígenas (1988), Convenção sobre os Direitos da
Criança (1989).
II. Tratados firmados no Sistema Interamericano
* Carta da Organização dos Estados Americanos (OEA) – aprovada pela Nona Conferência Interamericana, reunida em Bogotá
(Colômbia), no dia 30 de abril de 1948. Entrou em vigor em 13/12/1951 e foi reformada pelo Protocolo de Buenos Aires (1967);
* Declaração Americana sobre os Direitos e Deveres do Homem – aprovada pela Conferência de Bogotá, em 02 de maio de 1948
(antecedendo, portanto, a Declaração Universal da ONU);
* Carta Interamericana de Garantias Sociais – também assinada em Bogotá (1948), dispondo sobre direitos do trabalhador;
* Convenções Interamericanas sobre Concessão de Direitos Civis e de Direitos Públicos à Mulher – ambas em 1948;
* Convenção sobre Asilo Diplomático e Convenção sobre Asilo Territorial – ambas aprovadas na Décima Conferência Interamericana,
realizada em Caracas (Venezuela), em 1954;
* Convenção Americana sobre Direitos Humanos, reunida em San José (Costa Rica), de 7 a 22 de novembro de 1969; (CIDH –
CIDH).
* Protocolo Adicional da Convenção Americana sobre Direitos Humanos na área de Direitos Humanos na área de Direitos
Econômicos, Socais e Culturais – concluído em 1988, na cidade de San Salvador (República de El Salvador);
* Protocolo visando abolir a Pena de Morte – concluída em 1990.
III. Tratados firmados no Sistema Europeu e Africano
* Convenção Européia para a Proteção dos Direitos do Homem e das Liberdades Fundamentais – aprovada pelo Conselho da Europa,
no dia 4 de novembro de 1950, tendo entrado em vigor em 1953;
* Carta Social Européia – assinada em 1961, no âmbito do Conselho da Europa tratando dos “direitos coletivos”. Entrou em vigor em
1965;
* Protocolos Adicionais à Convenção Européia para a Proteção dos Direitos do Homem e das Liberdades Fundamentais – aprovados
pelo Conselho da Europa, dentre os quais: o de 1983, abolindo a Pena de Morte em tempo de paz; o de 1984 (Estraburgo), que amplia
os direitos civis e políticos;
26
* Ata Final de Helsinque – aprovada pela Conferência sobre a segurança e a cooperação na Europa, em agosto de 1975, na cidade de
Helsinque (Finlândia). Assinada por 33 países europeus (lados Ocidental e Oriental), mais os Estados Unidos e o Canadá, a Ata possui
uma sessão dedicada aos direitos humanos (nº VI);
* Carta Africana de Direitos do Homem e dos Povos – adotada pela Organização da Unidade Africana (OUA), em 1981, na cidade de
Nairobi (Quênia). Ela enfatiza o “direito ao desenvolvimento” e os “valores africanos”.
Naturalmente, atuando como forças sócio-políticas e culturais a influir em matérias de tamanha magnitude aparecem vários
documentos não governamentais e mesmo governamentais alternativos, de que são exemplos: a) Declaração Universal dos Povos –
aprovada em Argel, no ano de 1976; b) Declaração de Princípios para a Defesa das Nações Indígenas e Povos do Hemisfério Ocidental
– aprovada em 1977, na Conferência Internacional das Organizações Não-Governamentais; c) Declaração de Alma Ata – formulada
pela Conferência Internacional (não governamental) sobre Cuidados Primários de Saúde, reunida em Ala-Ata, em 1978; d) Textos
conclusivos das diversas conferências do “Movimento dos Países Não-Aliados” – Belgrado (1961), Cairo (1964), Lusaka (1970),
Argel (1973), Colombo (1976), Havana (1979), Nova Delhi (1983), Harare (1986); e) Sentenças do “Tribunal Permanente dos Povos”.
Com base em muitos desses instrumentos arrolados, criaram-se órgãos jurisdicionais em vários níveis, ou seja, tribunais especializados
com o objetivo de tutelar internacionalmente os direitos humanos, importa registrar, sinteticamente, alguns deles:
Na área de abrangência da ONU – a “Comissão de Direitos Humanos”, criada pelo Conselho Econômico e Social (ECOSOC), em
1946; e, o “Comitê dos Direitos Humanos”, proposto pelo Pacto dos Direitos Civis e Políticos, de 1966. Também podem ser citados,
enquanto promotores dos direitos e garantias elementares, os seguintes organismos especializados da ONU: UNESCO (sobre
educação, ciência e cultura), OIT (sobre o trabalho), FAO (sobre alimentação e agricultura) e OMS (sobre saúde);
No âmbito do Sistema-Interamericano – a “Comissão Interamericana de Direitos Humanos”, estabelecida pela Carta da OEA (1948),
com sede em Washington; e, a "Corte Interamericana de Direitos Humanos”, decorrente da Convenção Americana sobre Direitos
Humanos (1967), sediada em San José (na Costa Rica);
Na Europa Ocidental – a Comissão Européia de Direitos do Homem” e a “Corte Européia de Direitos Humanos”, ambos criados
através da Convenção Européia para a Proteção dos Direitos do Homem e Liberdades Fundamentais (1950).
Material diverso extraído de diversas fontes, inclusive internet. Direitos Fundamentais da professora Roberta Pacheco Antunes. Além dos Livros pesquisados: Curso de direito constitucional. Rio de Janeiro: Forense. Paulo
Bonavides; Curso de direito constitucional positivo. São Paulo: Malheiros. José Afonso da Silva e Direito constitucional. São Paulo: Atlas. Alexandre de Moraes
27
Caso prático da Corte Interamericana
Tudo começou em 22 de novembro de 1999, quando a brasileira Irene Ximenes Lopes Miranda exerceu seu direito de petição perante a
Comissão Interamericana de Direitos Humanos, levando ao conhecimento das autoridades internacionais as atrocidades cometidas
contra seu irmão Damião Ximenes Lopes, que culminaram com sua morte dentro de uma clínica psiquiátrica em Sobral-CE.
A denúncia de Irene, que alegou culpa do Estado Brasileiro pela morte de seu irmão, uma vez que a clínica em que ele foi internado
prestava serviços públicos pelo SUS – Sistema Único de Saúde, além de ser injustificável a demora na prestação judicial e omissão na
condução da investigação dos fatos.
Em regra, ao receber a denúncia, a Comissão decide sobre sua admissibilidade, solicita informações ao governo denunciado e, se
entender necessário, pode ainda encaminhar o caso para julgamento pela Corte Interamericana de Direitos Humanos.
Após longa análise do caso de Damião Ximenes Lopes (caso nº 12.237), a Comissão Interamericana o apresentou para julgamento pela
Corte em outubro de 2002.
Verificou-se que Damião fora vítima de maus tratos e tortura que o levaram à morte dentro de uma clínica psiquiátrica conveniada ao
SUS onde estava internado para tratamento. Somada a essa barbárie, foi constatada a lentidão da Justiça Brasileira no desfecho dos
processos civil e criminal que, após sete anos depois do ocorrido, ainda não haviam sido concluídos.
Sendo assim, o Brasil acabou sendo condenado por violação dos direitos consagrados nos artigos 4º (direito à vida), 5º (direito à
integridade pessoal), 8º (direito às garantias judiciais) e 25 (direito à proteção judicial) do Pacto de San José.
Esta sentença impôs ao Brasil a obrigação de pagar uma indenização aos familiares da vítima, além de condená-lo às medidas de não
repetição, realizando programas de capacitação para os profissionais de atendimento psiquiátrico do SUS, dentre outras políticas
públicas, a fim de se evitar a ocorrência de fatos similares no futuro.
No entanto, o Brasil ainda não se posicionou legalmente sobre a forma de cumprimento das decisões da Corte, apesar de já ter sido
condenado novamente e ainda existirem outros processos em trâmite contra nosso país para serem julgados.
A despeito da falta de legislação interna orientando a forma a ser seguida, o Estado Brasileiro não se furtou ao cumprimento das
sentenças condenatórias da Corte.
Em relação às políticas públicas que devem ser implementadas pelo Estado como "medida de não-repetição", no caso específico de
Damião Ximenes Lopes, algumas foram adotadas e reconhecidas na própria sentença, com destaque para a aprovação da Lei nº
10.216/2001, a Lei da Reforma Psiquiátrica.
Não obstante, a Corte reiterou a necessidade de o Estado brasileiro continuar desenvolvendo um programa de formação e capacitação
de médicos psiquiatras, psicólogos, enfermeiros, auxiliares de enfermaria e todo o pessoal vinculado à prestação do serviço público de
saúde mental.
Ainda no caso de Damião, em relação à indenização pecuniária a ser paga pelo governo brasileiro, foi editado um Decreto (nº
6.185/2007) autorizando a Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República a dar cumprimento à sentença
exarada pela Corte Interamericana, considerando a criação prévia de uma rubrica orçamentária "para pagamento de indenização a
vítimas de violações das obrigações contraídas pela União por meio de adesão a tratados internacionais de proteção de direitos
humanos".
Convém observar que as sentenças da Corte são sentenças equiparadas à sentença nacional e não se confundem com a sentença
estrangeira, assim considerada aquela proferida por autoridade de outro país e que, para ter força executória no Brasil, deve passar pelo
crivo do Superior Tribunal de Justiça (artigo 105, I, i, CF).
A homologação de sentenças estrangeiras decorre do princípio costumeiro internacional que desobriga o Estado a reconhecer decisões
emanadas de outras soberanias. O procedimento perante o STJ objetiva certificar que a sentença estrangeira não ofende a soberania
nacional nem a ordem pública e que se reveste dos requisitos extrínsecos indispensáveis à sua homologação.
Diferente é a situação da sentença internacional. Tendo em conta que o tribunal internacional profere sentenças por força de um tratado
assinado e ratificado pelo Estado parte, em que este transferiu parcela do seu poder de imperium quando se sujeitou à jurisdição
daquele, não há que se falar em desrespeito à autonomia e à exclusividade da jurisdição do Poder Judiciário brasileiro ao acatar tal
decisão sem necessidade de homologação.
Casos da CIJ
Casos Contenciosos
2013 – Pesca de Baleias na Antártica (Austrália v. Japão: Interferência da Nova Zelândia)
2013 – Obrigação de Negociar Acesso ao Oceano Pacífico (Bolívia v. Chile)
2013 – Pulverização Aérea de Herbicidas (Equador v. Colômbia)
2013 – Certas Atividades Executadas por Nicarágua na Fronteira (Costa Rica v. Nicarágua)
2013 – Relativo à Delimitação das Fronteiras entre a Plataforma Continental da Nicarágua para Além do Limite de 200 Milhas
Náuticas a partir do Mar Territorial da Nicarágua (Nicarágua v. Colômbia)
2013 – Construção de uma Estrada em Costa Rica ao Longo do Rio San Juan (Nicarágua v. Costa Rica)
2013 – Pedido de Interpretação do Julgamento de 15 de junho de 1962 no Caso Concernente ao Templo de Preah Vihear (Camboja v.
Tailândia)
2013 – Frontier Dispute (Burkina Faso-Níger)
2012 – Questões Relativas à Obrigação de Processar ou Extraditar (Bélgica v. Senegal)
2010 – Certas Atividades Realizadas pela Nicarágua na Fronteira (Costa Rica v. Nicarágua)
2010 – Fábrica de Celulose às Margens do Rio Uruguai (Argentina v. Uruguai)
28
Casos práticos do TPI.
Tribunal Penal Internacional profere primeira sentença por crime de recrutamento de crianças-soldado
Em 14 de março de 2012, a Câmara de Julgamento proferiu a primeira sentença do Tribunal Penal Internacional (TPI), no processo
contra Thomas Lubanga Dyilo. Esta é a primeira vez que uma Câmara de Julgamento do Tribunal Penal Internacional emite um juízo
sobre a culpa ou inocência de um acusado.
Thomas Lubanga raptou e treinou crianças que foram usadas como soldados entre 2002 e 2003
Uma série de crimes contra menores, que foram recrutados, treinados e usados como soldados numa milícia rebelde responsável por
massacres durante a guerra civil da República Democrática do Congo valeram a Thomas Lubanga Dyilo, um antigo psicólogo e
reconhecido "senhor da guerra", uma pena de 14 anos de prisão, seis dos quais já cumpridos à espera do julgamento.
Trata-se da primeira sentença do Tribunal Penal Internacional de Haia, na sua versão permanente - na mesma cidade holandesa existem
tribunais especiais para julgar os crimes de guerra no Ruanda, Serra Leoa e ex-Jugolsávia.
Segundo a sentença lida pelo juiz Adrian Fulford, o antigo chefe militar congolês, agora com 51 anos, era um "homem educado e
capaz de compreender perfeitamente a seriedade dos seus crimes", que remontam aos anos de 2002 e 2003 na região de Ituri, rica em
minas de ouro.
Lubanga foi um dos principais organizadores da União dos Patriotas Congoleses, uma milícia que combatia o Exército Popular
Congolês, e da Força de Resistência Patriótica e outros grupos étnicos (no caso, da etnia lendu) envolvidos na guerra civil daquele país
africano. Calcula-se que mais de 60 mil pessoas tenham morrido no conflito. Cerca de 50% dos combatentes tribais em Ituri em 2003
tinham menos de 18 anos.
O tribunal ouviu testemunhos sobre o modus operandi da milícia de Lubanga: crianças, por vezes com apenas cinco anos, eram
raptadas, treinadas para intimidar ou matar, no caso dos rapazes, ou usadas como escravas sexuais, se fossem raparigas. As crianças
eram sujeitas ao uso de drogas para deixá-las mais submissas ou mais agressivas.
A pena relativamente leve aplicada a Lubanga gerou críticas imediatas e comparações pouco abonatórias com o tribunal para a ex-
Jugoslávia (que deteve as principais figuras da guerra dos Balcãs e já produziu mais de 60 sentenças), ou com o desfecho do
julgamento do ex-Presidente da Libéria Charles Taylor, condenado a 50 anos de prisão.
"As vítimas e a sociedade civil lamentam que a acusação não tenha abrangido a totalidade dos seus crimes, como violência sexual,
execuções sumárias ou saques e pilhagens", declarou André Kito, porta-voz de uma coligação de organizações cívicas do Congo.
Na leitura da sentença, o juiz Adrian Fulford rebateu algumas das (previsíveis) críticas com palavras duras, por exemplo para a forma
errática e quase displicente como o antigo procurador-chefe Luis Moreno Ocampo conduziu o processo: a incapacidade de produzir
provas para algumas acusações (como os crimes sexuais) ou o recurso a testemunhas pagas, que reputou como "pressão injustificada"
sobre o arguido - cuja cooperação mereceu elogios. A acusação pedira uma pena de 30 anos.
O Tribunal Penal de Haia, a funcionar desde 2002, é o primeiro esforço internacional de aplicação sistemática de justiça em casos de
atrocidades - genocídios, crimes de guerra e contra a humanidade - que escapam às ordens jurídicas nacionais. Mas a sua jurisdição não
é universal: países como os EUA, China, Rússia e Israel não reconhecem a sua autoridade e mantêm-se fora da sua alçada.
Segundo a ONU, o uso de crianças-soldados é frequente em países como a RDC, Uganda, Sudão, República Centro-Africana, Chade e
Somália. A organização Save The Children contou 33 conflitos armados onde foram utilizadas "brigadas" de crianças - a Unicef estima
que 250 mil crianças estejam no "activo" como soldados. Estas organizações estão actualmente envolvidas numa campanha para elevar
a idade de recrutamento militar para os 17 anos.
2016 - Jean-Pierre Bemba condenado a 18 anos de prisão pelo Tribunal Penal Internacional
O ex-chefe rebelde Jean-Pierre Bemba, condenado a 18 anos de prisão pelo TPI, deixa na República Democrática do Congo (RDC) a
lembrança de um chefe autoritário que permanece ainda muito popular, nomeadamente em Kinshasa.
Um homem de negócios que se tornou chefe de guerra, Jean-Pierre Bemba, de 53 anos de idade, foi condenado pela onda de mortes e
violações cometidas pela sua milícia, o Movimento de Libertação Congolês (MLC), na República Centro-Africana, entre outubro de
2002 e março de 2003.
Ao descrever as violências, ameaças, violações, assassinatos e traumatismos vividos por famílias inteiras de forma repetida, a juíza do
TPI, Sylvia Steiner, destacou na leitura da sentença o que considerou ser "uma crueldade particular" desses crimes contra vítimas
"particularmente vulneráveis".
Em cinco meses, cerca de 1.500 homens do MLC mataram, pilharam e violaram na República Centro-Africana, para onde se
deslocaram em apoio ao Presidente Ange-Félix Patassé em face de uma tentativa de golpe de Estado realizada pelo general François
Bozizé.
Para a juíza Sylvia Steiner, "o fracasso de Bemba em tomar medidas concretas tinha deliberadamente por objetivo encorajar esses
ataques levados a cabo contra a população civil”.
“Sem circunstâncias atenuantes”
Fatou Bensouda, procuradora do TPI
O tribunal não encontrou nenhuma "circunstancia atenuante" que poderia permitir diminuir a pena de Jean-Pierre Bemba.
A procuradora do TPI, Fatou Bensouda, da Gambia, tinha solicitado uma pena de prisão de “pelo menos 25 anos". Com a medida, a
procuradora queria que o tribunal sancionasse, pela primeira vez, as violações e violências sexuais como crimes de guerra.
De qualquer das formas, para os observadores a sentença hoje (21.06.) proferida em Haya é "histórica por várias razões”,
nomeadamente por ser a mais pesada até hoje imposta pelo TPI, sedeado na Holanda e criado em 2002, para julgar os piores crimes
cometidos no mundo. Por outro lado, trata-se da primeira condenação de um ex-vice-presidente na história do TPI, bem como contra
um comandante militar, tendo por base o princípio da "responsabilidade do comndante".
Reações à sentença
Tribunal Penal Inbternacional (TPI), criado em 2002
29
Ao reagir à sentença, a ong Human Rights Watch declarou que esta pena representa "uma medida de justiça para as vítimas da
violência sexual" e serve de advertência aos "outros comandantes que, eles também, poderão ser considerados responsáveis pelas
violações e outros sérios abusos cometidos pelas tropas sob seu controle".
Gilles Gilbert Gresenguet, procurador na República Centro-Africana, reagiu da seguinte forma aos microfones da DW África: "Recebi
a notícia com satisfação porque se trata do coroar de uma luta que finalmente terminou com uma decisão muito significativa: A justiça
triunfou e isso é um exemplo típico da luta contra a impunidade".
Por seu lado, Joseph Bindoumi, presidente da Liga Centro-Africana dos direitos humanos disse que a notícia foi recebida e com muita
"satisfação porque quando o processo começou as organizações da sociedade civil, principalmente as da defesa dos direitos humanos
pressiionaram o governo para que o caso Bemba fosse enviado para o TPI. Entre essas organizações a nossa esteve sempre presente".
Jean-Pierre Bemba, na campanha para a eleição presidencial (2006)
Mas Eve Bazaiba, secretária geral do MLC, movimento criado por Bemba, disse esta tarde em Kinshasa que “não iremos parar nunca
de denunciar a justiça seletiva e discrtiminatória bem como a politização do TPI. Não cessaremos de lembrara que as vítimas dos atos
de violencia na República Centro-Africana têm o direito de conhecer os verdadeiros, digo bem, os verdadeiros autores desses crimes".
Entretanto, a equipa de defesa de Bemba já anunciou a sua intenção de recorrer da sentença, na medida em que "os direitos do réu em
nenhum momento foram respeitados e foi acusado com base em especulações", destacou Peter Haynes, um dos advogados.
"Mobutu em miniatura"
Apelidado de "Mobutu em miniatura" e muito autoritário, Jean-Pierre Bemba criou e dirigiu o MLC na República Democrática do
Congo, depois de ter abandonado Kinshasa em 1999 depois da chegada ao poder do chefe rebelde e pai do atual presidente Laurent-
Désiré Kabila.
A sua milícia tinha grandes poderes na região do Equador e numa parte do nordeste do país.
Jean-Pierre Bemba condenado a 18 anos de prisão pelo Tribunal Penal Internacional
No termo da segunda guerra no Congo (1998-2003), Bemba tornou-se vice-presidente do governo de transição de Joseph Kabila, de
julho de 2003 a dezembro de 2006 depois de ter perdido na segunda volta a eleição presidencial contra Kabila.
Instalado na Europa, em seguida foi preso em Bruxelas em 2008 para ser entregue no TPI, onde sempre disse que era inocente ao
longo de todo o processo iniciado em novembro de 2010.
Detido nos últimos oito anos, Jean-Pierre Bemba deve permanecer ainda na prisão nos próximos dez anos.
Genocídios
1. O Holocausto (Genocídio dos Judeus) – 1942-1945
O holocausto é reconhecido como o maior genocídio da historia
É claramente o mais conhecido exemplo de genocídio da história, o Holocausto perpetrado contra o povo judeu pelos nazistas resultou
em cerca de 6 milhões de judeus mortos. Em outras palavras, 67% da população inteira de judeus na Europa.
Após uma década de políticas cada vez mais antissemitas, a Solução Final para a Questão Judaica sancionou o recolhimento e
assassinato sistemático do povo judeu, na Europa ocupada por nazistas.
Os judeus foram mortos por fome e doenças em guetos, por fuzilamento, através de experimentos científicos antiéticos, tortura, e por
câmaras de gás nos campos de concentração infames.
a) Constituição Política do Império do Brasil (1824) – previa em seu Título VIII – Das disposições gerais, e garantias dos direitos civis
e políticos dos cidadãos brasileiros um extenso rol de direitos humanos fundamentais. O art. 179 possuía 35 incisos consagrando
direitos, tais como, igualdade, legalidade e outros.
b) Constituição Republicana de 1891 – previa em seu Título III – Seção II, a Declaração de Direitos. Previa os direitos já assegurados
na Constituição anterior além de outros, tais como a abolição de pena de morte.
c) Constituição de 1934, 1937 e 1946 – todas destinaram em seus corpos dispositivos legais que resguardassem os direitos humanos
fundamentais. A Constituição de 1946 estabeleceu ainda diversos direitos sociais relativos aos trabalhadores e empregados.
d) Constituição de 1967 – também previu um capítulo de direitos e garantias individuais e um artigo para direitos sociais aos
trabalhadores com vistas à melhora de sua condição social. Dentre os direitos destacou-se a proteção ao preso e competência para o
Tribunal do Júri. A Emenda Constitucional de 1969 produziu inúmeras alterações na CF/67, inclusive, com previsão de excepcionais
restrições aos direitos e garantias individuais.