Resenha Crítica

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ALUNA ORLEANE VITÓRIA ALVES DA COSTA

RESENHA CRÍTICA DO DOCUMENTÁRIO “O DILEMA DAS REDES”

Estamos vivendo na era da tecnologia onde qualquer coisa pode ser alcançada por
meio das mídias sociais e ferramentas de pesquisa como o Google, e isso além de nos trazer
benefícios há também os malefícios, não só dentro do meio digital como também psicológicos
e em muitos dos casos físicos.
Esses malefícios são abordados no docudrama O Dilema das Redes (2020), dirigido
por Jeff Orlowski, que reúne depoimentos reais de ex-funcionários de empresas como
Facebook, Twitter, Instagram, Google, Gmail, Whatsapp, Youtube, Pinterest e outros
aplicativos, e ainda uma família fictícia que se destroça com a manipulação e vício gerados
pelos algoritmos das plataformas. Mais especificamente o documentário aborda sobre os
perigos que a massiva coleta de dados pelas redes sociais e aplicativos pode causar aos
usuários individualmente e enquanto sociedade.
Primeiramente, ao pensarmos em inteligência artificial, vem a nossa mente imagens de
robôs dominando a Terra no futuro e coisas do gênero, contudo essa tecnologia já faz parte do
nosso presente e cotidiano, através do controle de dados que a todo o momento fornecemos na
internet, muitas das vezes sem perceber, e também através da manipulação por meio dos
algoritmos.
Este monitoramento e manipulação das pessoas são demonstrados no documentário
em forma de ficção, em que três administradores de mídias sociais exercem a função que
seriam de algoritmos, instigando a todo o momento o interesse dos usuários em se manterem
conectados, aumentar o engajamento e, paralelamente, manterem-se vinculados às suas
bolhas. O ser humano é comparado a um avatar, em que seu cérebro é subordinado à vontade
de quem administra as mídias.
“Se você não está pagando pelo produto, então você é o produto”, essa é uma frase
citada no documentário por Tristan Harris, ex-designer do Google. E isso quer dizer que
somos nós que estamos sendo oferecidos como produto para os anunciantes, e o que está
sendo negociado são os nossos dados e informações. Essas companhias lucram a partir dos
anúncios que consumimos à medida que passamos mais tempo nas redes sociais e mais
engajados estamos com os conteúdos.
Outra frase citada ao longo do filme, “Existem apenas duas indústrias que chamam
seus clientes de usuários: a de drogas e a de software”, reforça a ideia do vício. Dita pelo
professor da Universidade de Yale, Edward Tufte, ela nos faz pensar a respeito do nosso papel
nesse mercado, somos usuários! A lógica é manter as pessoas conectadas cada vez por mais
tempo, para que os algoritmos possam “conhecer” cada vez melhor o usuário e, assim,
começar a sugerir determinados conteúdos e publicidades que literalmente direcionam para
onde o usuário vai. Essas redes são capazes de mudar sutilmente o que fazemos, como
pensamos e quem somos para garantir o sucesso das publicidades que vendem.
Um ponto abordado no documentário é visivelmente bastante recorrente na atualidade,
que é a respeito de como as pessoas, principalmente os jovens e crianças, a maioria meninas,
se comparam á imagens “perfeitas” de outras pessoas na internet, principalmente nas redes
sociais e achar que não são bonitos o suficiente. Pois tudo o que vemos são peles e corpos
perfeitos e acabamos esquecendo que tudo é uma ilusão gerada por filtros que não condizem
com a realidade de nossas peles e corpos.
O documentário destaca também que no Twitter as fake news (notícias falsas) tem
uma taxa de divulgação seis vezes mais rápida que as notícias comuns. Provavelmente porque
tem apelo emocional, são alarmantes, e algumas vezes geram identificação em quem as lê. E
mesmo que não tenham muito sentido, são passadas adiante pelos mais desavisados. Daí a
prática fundamental de verificar a veracidade antes de passar uma informação adiante.
Existem sites especializados nesta checagem, mas de maneira geral uma busca no Google
trará mais informações sobre o assunto e nós podemos avaliar se realmente é real ou não. Na
dúvida é melhor não compartilhar.
Porém, uma questão que O Dilema das Redes se equivoca é colocar toda a
responsabilidade dos efeitos colaterais causados pelas redes sociais apenas nas big techs e
pintar outros setores da sociedade apenas como vítimas. O controle do número de horas que
uma criança ou adolescente usa a internet e as redes sociais (e o que eles acessam) deve partir
dos pais e da escola, não do Facebook, por exemplo. Inclusive, dentro do próprio
documentário há um episódio que ilustra essa falta de controle por parte da família. Isso vale
também na hora de trabalhar a autoestima e a forma como os filhos lidam com eventuais
frustrações. É um trabalho que exige supervisão e diálogo constantes dos responsáveis.
Afinal, como diz o próprio Tristan Harris:

Não é que a tecnologia em si seja uma ameaça existencial. É a capacidade da


tecnologia de trazer à tona o pior da sociedade. E o pior da sociedade é uma
ameaça existencial.

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