Aderenciaaoexercicioecrencasdeauto Laochite
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Crenças de autoeficácia de professores universitários, qualidade de vida e Síndrome de Burnout View project
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Doutorando pela Faculdade de Educação – UNICAMP, Campinas; Integrante do Grupo de Pesquisa Psicologia e
Ensino Superior; Professor Assistente da Universidade de Taubaté e da Escola Superior de Educação Física de
Cruzeiro. Coordenador do Grupo de Pesquisa sobre Aderência ao Exercício – UNITAU/Lattes/CNPq.
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continuidade, diante dos desafios das atribuições cotidianas (Dubbert, 2002; Bandura, 1997,
2004; Buckworth & Dishman, 2001; Dishman, 2001; McAuley. & Blissmer, 2002).
A partir das considerações preliminares, este capítulo se propõe a apresentar
aspectos inerentes à temática da aderência ao exercício, bem como estabelecer reflexões e
orientações para a promoção da prática regular de atividades físicas tendo o constructo da auto-
eficácia como interlocutor principal dessa proposta. Sendo assim, ao término desse capítulo, o
leitor deverá ser capaz de: compreender o processo de aderência ao exercício e conhecer seus
fatores de influência, reconhecer e refletir sobre as contribuições advindas dos estudos sobre o
constructo da auto-eficácia como um valioso referencial de leitura e compreensão da realidade no
que tange tanto ao planejamento de processos interventivos, como de produção de conhecimentos
na temática da aderência ao exercício.
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Centro de Estudos e Laboratório de Atividades Físicas de São Caetano do Sul.
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Se associarmos esses fatores a uma condição de vida monopolizada muito mais
pelo tempo dedicado ao trabalho que ao tempo de lazer, é esperado, nesse contexto, um grande e
perigoso problema de saúde pública. Nesse sentido, a compreensão do comportamento de praticar
atividade física, dentre outros temas, poderá contribuir para a composição de um quadro diferente
e desejado pelos profissionais que atuam na promoção da atividade física e da saúde.
Indivíduo
• Variáveis demográficas
• Variáveis biomédicas
• Variáveis psicológicas
Ambiente Comportamento
• Físico • Características da atividade
• Sócio-cultural física
• Tempo • Atributos comportamentais e
habilidades
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Buckworth & Dishman (2001) afirmam que é possível identificar fatores comuns
relacionados à dimensão pessoal. São elas: a) variáveis demográficas e biológicas – condição
sócio-econômica, nível de escolaridade, gênero, etnia, genética, regulação fisiológica para o
exercício, condição física etc; b) variáveis psicológicas – auto-eficácia, auto-motivação,
expectativas dos benefícios, satisfação e atitudes; c) variáveis comportamentais – habilidades e
atributos.
Alguns estudos (Cragg, Craig, Russel, 1999; Kearney et al., 1999; Darido, 2004)
têm apontado e discutido as relações entre as variáveis demográficas e o nível de participação em
programas, supervisionados ou não, de atividade físicas com diferentes populações e contextos.
Como resultados, esses estudos têm apontado diferenças significativas de participação em termos
de maiores índices de freqüência e intensidade para o gênero masculino, geralmente, maior
adesão pelos indivíduos com maior nível de escolaridade, além de diferenças em relação à etnia e
períodos do desenvolvimento humano.
Segundo Dishman et al. (1985) as variáveis de ordem psicológica que têm se
mostrado mais relacionadas ao comportamento ativo são: auto-eficácia, auto-motivação, intenção
de se exercitar, expectativa de benefícios e o prazer. A intenção de se exercitar tem sido
explorada em estudos que procuram testar a sua validade como mediadora do comportamento de
exercício a partir de correlações entre atitudes e normas sociais (Bozionelos, Bennett, 1999).
A percepção do prazer também tem sido investigada como uma das variáveis de
correlação positiva com altos índices de freqüência e regularidade na prática de atividade física.
Associado a um estado de ânimo positivo, a sensação de prazer tende a reforçar a percepção de
sucesso no desempenho da atividade e isso, dentre outros fatores, está correlacionado, de alguma
forma, com a manutenção do comportamento (Wankel, 1993; Kimiecik, 2002).
O constructo da auto-eficácia tem sido apontado pela literatura como um dos
principais fatores psicológicos de influência no processo de aderência ao exercício e será
abordado em tópico específico.
No que diz respeito às variáveis que compõem o ambiente é possível destacar o
suporte social recebido – amigos, família, cônjuge etc e o contexto físico – espaço, infra-
estrutura, tipo de atividade (orientada ou livre), estação do ano, clima, condições de segurança no
local em que essa prática se desenvolve, entre outras.
Alguns estudos (Busckworth & Dishman, 2001; Courneya & McAuley, 1995;
Stahl et al., 2001) têm enfocando o papel desses fatores na promoção da atividade física e têm
encontrado resultados que evidenciam a participação destes, principalmente aqueles ligados ao
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suporte social, na promoção do comportamento ativo. O que significa dizer que a prática de
atividade física na companhia do outro, ou em contextos de grupo podem favorecer à adesão
inicial e sua possível continuidade na atividade física devido às relações sociais que se
estabelecem no decorrer dessas práticas.
Courneya & McAuley (1995) ao examinarem as relações existentes entre
constructos da Teoria do Comportamento Planejado – atitudes, intenção e percepção de controle
do comportamento e suporte e coesão sociais num programa de atividade física orientada
encontraram que tanto o suporte social quanto a coesão social estiveram relacionadas
positivamente com os constructos estudados.
Stahl et al. (2001) investigaram a relação entre atividade física e os fatores
ambientais de ordem física, como por exemplo, a acessibilidade, as facilidades, os programas e
outras oportunidades e, também àqueles relacionados com o suporte social – família, amigos,
escola e trabalho. Segundo os resultados, os autores afirmaram que dentre os 3.342 participantes
do estudo, aqueles que perceberam pouco suporte social tinham duas vezes ou mais a
probabilidade de serem sedentários se comparados com aqueles que relataram receber bastante
suporte social. Ainda nesse estudo, os autores destacaram que o ambiente social foi o preditor
mais forte ligado à possibilidade de um comportamento ativo.
Segundo Malina (2001) a pesquisa nessa temática da aderência ao exercício tende
a focar sobre a adoção e a manutenção de um comportamento de prática regular de atividade
física, bem como sobre as barreiras que impedem as pessoas de se engajar em tal comportamento.
No modelo proposto por Buckworth & Dishman (2001) os fatores de influência ligados à
dimensão comportamental podem ser expressos pelas características da atividade física e pelos
atributos comportamentais e habilidades.
Em relação às características da atividade física a ser praticada, os autores sugerem
que a intensidade, o tipo, a duração e a freqüência são determinantes importantes para a prática.
A partir de pesquisas de meta-análise, os autores afirmam que as atividades de lazer e de baixa
intensidade apresentam melhores índices de aderência, embora destaquem, também que o fator
intensidade pode influenciar de maneira diferente em se tratando da fase inicial em relação à
manutenção da prática.
Dentre os atributos comportamentais e as habilidades, um dos fatores de destaque
participação na adoção da prática de atividade física é a história do indivíduo em práticas
anteriores. Ao buscarmos compreender os fatores de influência na prática de atividade física, há
que considerarmos, também, as experiências anteriores que os praticantes e não-praticantes
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tiveram, pois estas podem ter contribuído positiva ou negativamente para a constituição de suas
crenças de auto-eficácia. Ou seja, ainda que as pessoas tenham a intenção de praticar atividades
físicas e a literatura tem apoiado exaustivamente esse comportamento, quando se trata, por
exemplo, de fases como a juventude e a maturidade, as experiências anteriores passam a ser
referências para o engajamento e enfrentamento de novos comportamentos.
Bandura (1997) ressalta que a despeito dos benefícios advindos da prática de
exercícios físicos, mesmo aqueles que iniciam uma rotina de exercícios, desistem após um
período curto de prática, ainda que tenham boas intenções. Em relação aos determinantes da
adesão ao exercício citados anteriormente, o autor sugere que estes possam ser encarados como
barreiras ou facilitadores e que a forma como o indivíduo atribuirá um ou outro significado passa
por como ele percebe suas próprias capacidades para encaminhar uma ação, isto é, suas crenças
de auto-eficácia (Bandura, 1997, 2004).
A persuasão social tem sido utilizada como suporte para divulgar e incentivar a
prática de atividades físicas. Campanhas publicitárias, jornais, professores, pesquisadores e
políticos tendem a explorar mais essa fonte. A persuasão social se constitui na medida em que se
busca persuadir o outro, em geral, verbalmente, para que haja um aumento do esforço empregado
e de sua continuidade, principalmente frente à demanda ambiental. Bandura (1986) afirma que o
impacto que a persuasão pode causar na constituição da crença depende da credibilidade da fonte
persuasiva. Uma das formas bastante empregada na prática regular de atividade física é a
informação vinda do professor ou do técnico – feedback – elogiando o comportamento de se
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“[...] las personas buscan modelos competentes que posean las competencias a las que ellas aspiran. Através de su
conducta y modos de pensamiento expresados, los modelos hábiles transmiten conocimiento y enseñan a los
observadores destrezas y estrategias efectivas para manejar las demandas ambientales” (p.22)2.
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engajar regularmente na prática de exercícios. Isso tende a aumentar o esforço para que esse
comportamento ocorra frequentemente.
A última fonte de constituição da crença de auto-eficácia é denominada de estados
emocionais e fisiológicos. Nível de ativação (arousal), fadiga, stress, ansiedade, tensão e dor são
manifestações que podem alterar a percepção de auto-eficácia, pois afetam diretamente o juízo
que as pessoas fazem sobre sua própria eficácia.
O controle adequado do nível de ativação na realização de tarefas ou no
enfrentamento de barreiras é uma das características importantes para se vivenciar situações de
sucesso e, portanto, de fortalecimento das crenças de auto-eficácia. Relacionado com a
focalização da atenção, o desencadeamento de diferentes reações psicofisiológicas, Bandura
(1986) afirma que o processamento da informação vinda de fontes fisiológicas pode influenciar,
de forma diferenciada, a percepção da própria capacidade física.
Na prática, a prescrição da intensidade durante a realização a realização da
atividade física ocupa um lugar de destaque em relação ao desencadeamento fisiológico que será
gerado. Quanto maior for a intensidade do exercício para um indivíduo despreparado para
suportar tamanha sobrecarga, maior a probabilidade de que este sinta cansaço exagerado, forte
tensão muscular, dor e, consequentemente, sensação de incapacidade para dar continuidade à
prática. Fato que, dependendo da auto-eficácia desse indivíduo para enfrentar situações adversas
como essa, poderá gerar o abandono de tal comportamento.
Em síntese, podemos compreender a influência dessas fontes quando
investigamos, por exemplo, para o comportamento do indivíduo em relação as suas experiências
atuais e passadas em termos de êxito nas tentativas de ingressar numa atividade física ou mesmo
nas aulas de educação física escolar; o que é possível ser aprendido por meio da observação de
outras pessoas e das informações da mídia sobre os aspectos que circundam a prática de atividade
física saudável e, como isso afeta os seus pensamentos, sentimentos, motivação ou, sua
capacidade de se auto-regular para esse comportamento de praticar atividades físicas.
O constructo da auto-eficácia tem sido apontado pela literatura como um
referencial importante para se compreender o processo de aderência ao exercício. Malherbe, Steel
e Theron (2003) ao examinarem a eficiência dessa teoria para predizer a aderência ao exercício
utilizando-se das mensurações de auto-eficácia física, eficácia de aderência e expectativas de
resultados, encontraram significância em termos de predição para a percepção de auto-eficácia
física, isto é, a percepção de capacidades e habilidades para o domínio dos exercícios físicos.
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McAuley & Blissmer (2002) destacaram, ao analisar a literatura na temática da
atividade física e das crenças de auto-eficácia, o papel que estas exercem como determinante e
conseqüência (resultado) da participação na atividade física. De fato, é possível realçar o papel da
crença na determinação do comportamento e, mais especificamente, da crença de auto-eficácia no
sentido de se fazer um auto-julgamento da própria condição em termos de capacidades e
habilidades para, por exemplo, iniciar uma rotina de exercícios ou um programa de atividade
física.
Vale dizer também que, em decorrência dessa ação e de como as relações entre as
demandas do ambiente, a realização do comportamento e o próprio praticante perante sua auto-
avaliação em termos de suas expectativas e valores, poderá haver ou não modificações na
percepção de auto-eficácia e que, portanto, nessa situação, a auto-eficácia pode ser vista como
conseqüência ou resultado.
A decisão de ingressar num programa de atividade física e sua subseqüente
continuidade são processos relevantes na aderência ao exercício e devem ser vistos como
desafios, principalmente por aqueles que mantêm um comportamento sedentário ou por aqueles
que estão recomeçando a prática após algum tratamento de saúde (McAuley, Pena, Jerome,
2001).
Nessa direção, é fundamental que os responsáveis por planejar, implementar e
avaliar os programas de atividade física e de exercícios reconheçam essa informação como um
direcionamento importante para estabelecer os objetivos, o nível de desafio das tarefas a serem
cumpridas e a prescrição em termos de intensidade, freqüência e duração. Caminhar nessa
direção tendo o referencial da teoria da auto-eficácia, por exemplo, permite que os profissionais
da área da saúde possam prever os prováveis resultados, estabelecer expectativas e objetivos que
possam servir como guias e auto-incentivos às pessoas que estão (re) ingressando na atividade
física.
Bandura (2004) discute a promoção da saúde dentro do referencial da Teoria
Social Cognitiva e destaca o papel central da auto-eficácia e suas relações com o estabelecimento
de objetivos, expectativas de resultados e a percepção do ambiente como um fator facilitador ou
de impedimento – vide esquema abaixo.
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Expectativas de resultados
• Física
• Social
• Auto-avaliativos
Auto-eficácia
Objetivos Comportamento
Fatores sócio-estruturais
• Facilitadores
• Impedimentos
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“In complex activities, the determinants of adoption differ to some extent from those governing maintenence.
Adoption relies on factors that facilitate acquisition of knowledge, requisite subskills, and generative capabilities,
whereas maintenence rests heavily on the ability to motivate oneself to use habitually what one hás learned”
(Bandura, 1997, p.410).
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A mensuração das crenças de auto-eficácia na aderência ao exercício
Considerações finais
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