Aulas de Matemática No Ensino Médio: Um Olhar Interdisciplinar em Uma Perspectiva Cts
Aulas de Matemática No Ensino Médio: Um Olhar Interdisciplinar em Uma Perspectiva Cts
Aulas de Matemática No Ensino Médio: Um Olhar Interdisciplinar em Uma Perspectiva Cts
MÉDIO:
UM OLHAR INTERDISCIPLINAR
MÉDIO:
UM OLHAR INTERDISCIPLINAR
Nilópolis – RJ
2018
A você, professor, por criar e mediar processos de
aprendizagem, promovendo situações desafiadoras e
investigativas, que despertem nos estudantes o interesse pelo
conhecimento matemático.
Agradecimentos
Antes de começar, preciso fazer uma pausa e expressar
a minha gratidão a Deus, o autor da vida, por me conceder a
oportunidade de viver novamente após um gravíssimo acidente
automobilístico e me possibilitar a realização de um sonho. A
Ele toda honra e todo louvor!
Faltam-me palavras ao tentar descrever a profundidade
da minha gratidão à minha amada esposa, por sua
compreensão, generosidade e estímulo. Sem a sua disposição
em ouvir pacientemente a leitura incessante do que escrevi, dar
um “empurrãozinho” durante os períodos de pouca
produtividade, eu não poderia ter alcançado esse marco.
SUMÁRIO
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
9
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
15
Quando as Ciências se Encontram . . . . . . . . . . . . . . . . . .
22
Interdisciplinaridade nas Aulas de Matemática . . . . . . . .
26
CTS: Modelo de Ensino Escolhido . . . . . . . . . . . . . . . . .
29
Abordagem CTS nas Turmas de Ensino Médio . . . . . . . .
32
Sugestões de Aulas Desenvolvidas Para o Ensino Médio
em uma Perspectiva CTS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
39
AULA 1: Função Exponencial a partir do Acidente
Nuclear de Chernobyl . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . 39
AULA 2: História, Música e Matemática: uma
combinação perfeita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . 50
AULA 3: Matemática a serviço da cidadania: contribuindo
com os Direitos Humanos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
57
AULA 4: A lógica da Matemática na subjetividade
da Arte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
66
AULA 5: Matemática e Meio Ambiente: trocando
experiências em sala de aula . . . . . . . . . . . . . . . . . .
79
Considerações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
90
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
92
APRESENTAÇÃO
9
de problemas, as janelas se fazem presentes. Em
minha carreira profissional, tudo isso sempre me
incomodou muito.
Vivenciei e ainda vivencio diversas
experiências com alunos do Ensino Médio que me
possibilitam reflexões de minha prática pedagógica e
me fazem refletir sobre o papel do professor não mais
como um transmissor de conhecimento, mas como um
facilitador da aprendizagem, colocando o educando
frente a situações novas, num contexto
problematizador, no qual o mesmo terá que agir sobre
a situação problema, construindo competências
argumentativas mais elaboradas, assumindo ideias e
pontos de vista sobre determinados temas, sabendo
construir argumentos, buscando compreender os
conceitos e reconstruí-los.
Como afirma Freire (2003), ensinar não é
transferir conhecimento, mas criar as possibilidades
para sua própria produção ou a sua construção. Cury
(2003) afirma que a exposição interrogada gera a
10
dúvida, a dúvida gera o estresse positivo, e este
estresse abre as janelas da inteligência. Assim
formamos pensadores, e não repetidores de
informações.
À vista disso, busquei um trabalho
interdisciplinar numa perspectiva CTS que
favorecesse a construção de novos conhecimentos e
argumentos, superando assim a famosa aula
tradicional. Haja vista que a educação CTS vem em
oposição a este modelo de ensino por transmissão de
conteúdos, no qual os conteúdos se apresentam como
pequenas unidades de conhecimento que os educandos
precisam acumular ou depositar o máximo possível
em suas cabeças. Contrário a esse modelo, o enfoque
CTS tem o propósito de articular os saberes que
envolvam o desenvolvimento da ciência, da tecnologia
e da sociedade, e as implicações sociais decorrentes
destes processos.
É relevante destacar que devido à rápida
atualização de saberes e informações do mundo atual,
11
bem como as novas tecnologias ao alcance de todos, o
educador deve se requalificar continuamente,
reconsiderando sempre suas teorias para buscar
maneiras de correlacionar os conhecimentos que vêm
de fora da sala de aula com os conteúdos curriculares.
12
desorganiza, descoloca. Precisamos reconsiderar
nossas concepções, nossas metodologias. Isso não é
tão simples como parece, e essa vontade de mudar, de
inovar, tem que partir de cada um, de seus anseios e
carências.
Segundo Demo (1997), é “equívoco imaginar
que o contato pedagógico se estabeleça em ambiente
que repasse a cópia, ou na relação rebaixada de um
sujeito copiado (professor) diante de um objeto
receptivo (aluno) condenado a escutar aulas, tomar
notas, decorar e fazer prova”. Necessitamos de um
ambiente prazeroso, onde ocorra a troca de saberes e
aconteça realmente o ensino e a aprendizagem.
Segundo Guerios de Domenico:
A mudança de postura diante da sala de
aula, a mudança de atitude perante o
processo educativo é o que acaba por
ditar a qualidade do ensino, uma vez que
o professor não fica prisioneiro de
métodos mirabolantes ou de receitas
13
infalíveis. Ele descobre sua faceta
questionadora, perspicaz e curiosa.
Percebe que é autônomo e que pode e
sabe criar. Percebe que não é preciso
haver laboratórios sofisticados, materiais
de alto custo para poder modificar o
marasmo da sala de aula. E o importante
é que, ao se descobrir capaz, ao produzir
e ao sentir a satisfação do aprender do
aluno, se sente motivado a, por si só,
fazer pesquisas, frequentar cursos, ler,
tentar. (DOMENICO, 1995, p.66)
14
INTRODUÇÃO
16
como atividades autônomas, neutras e benfeitoras da
humanidade, cujas raízes estão firmemente fincadas
no século XIX, continua a ser utilizada.
(LINSINGEN, 2007, p.6).
No Brasil, encontramos uma educação marcada,
historicamente, por currículos fragmentados e
desarticulados, em que há isolamento no estudo das
diversas disciplinas. A realidade é tratada de forma
fragmentada: fragmentos de Geografia, Ciências,
História, Literatura, de Matemática, entre outros, o
que torna o processo educativo uma prática solitária
por parte dos professores de cada disciplina (LAPA;
BEJARANO; PENIDO, 2011).
À vista disso, o desafio para as escolas é
oportunizar ao aluno saberes para a construção de
consciência crítica sobre o modo de vida no mundo
moderno. Isso não é algo simples de se conquistar,
uma vez que o ensino, na maioria das vezes, está
sendo revelado ao estudante de modo objetivo, não
problematizado, em que o conhecimento científico é
17
posto como superior ou o mais confiável, numa
concepção historicamente construída de neutralidade
da Ciência e da Tecnologia (AULER &
DELIZOICOV, 2001).
Para Fazenda, Varella e Almeida (2013), as
reformas na educação brasileira mostram a
necessidade de condução para uma proposição
interdisciplinar, tornando-se objeto central dos
discursos governamentais, não só no Brasil, mas
também na maioria dos países ocidentais que buscam
uma organização profunda nos seus currículos.
18
originada das disciplinas, ganha status
de interdisciplina no momento em que
obriga o professor a rever suas práticas e
a redescobrir seus talentos, no momento
em que ao movimento da disciplina seu
próprio movimento for incorporado do
mundo. (FAZENDA, 2015, p.10)
19
Segundo o autor, o sistema educacional pode
tentar fazer dos currículos existentes novos mapas,
não marcados por territórios fragmentados, e sim
ultrapassando fronteiras e vislumbrando a integração
dos saberes disciplinares nos espaços escolares.
Da mesma maneira, Bazzo (2016) afirma que
problemas sociais exibidos pela mídia diariamente a
nível local e mundial, como escassez de água,
violências, epidemias, guerras, por exemplo,
provocam ansiedade e, muitas vezes, desesperança nos
jovens estudantes, especialmente por estes assuntos
estarem tão dissociados dos herméticos projetos
escolares e não serem discutidos nas salas de aula.
Entretanto, uma possibilidade de educação
contextualizada, de educação crítica, reflexiva e
libertadora, é a utilização de aulas interdisciplinares.
Para tanto, este trabalho foi desenvolvido associando
temas da Grade Curricular de Matemática do Ensino
Médio com a perspectiva Ciência, Tecnologia e
Sociedade – CTS, visto que, de acordo com Acevedo
20
(2001), os temas CTS abrem discussões acerca dos
muitos paradigmas que envolvem a nossa sociedade.
21
QUANDO AS CIÊNCIAS
SE ENCONTRAM
23
horizonte da educação brasileira, a
interdisciplinaridade tem sido associada a noções tão
diversas como integração entre disciplinas e atitude de
espírito (JAPIASSU, 1976), movimento pedagógico
(VEIGA-NETO, 1997), esforço de síntese (LÜCK,
1994), projeto em parceria (FAZENDA, 1991b, 2003),
e princípio curricular (MEC, 1998b).
Independente da definição que cada autor
assuma, a interdisciplinaridade está sempre situada no
campo em que se pensa a possibilidade de superar a
fragmentação das ciências e dos conhecimentos
produzidos por elas, e no qual simultaneamente se
exprime a resistência sobre um saber parcelado.
Nos PCN+ (2002) encontramos de forma
explícita algumas orientações para o desenvolvimento
de trabalhos interdisciplinares, todavia sem a
explicitação dos conceitos de interdisciplinaridade ou
de referências diretas a eles. Entretanto, pela
afirmação a seguir, podemos interpretar que a
proposta de reforma para o ensino médio não pretende
24
a extinção do ensino por disciplinas. Ela recomenda a
integração entre elas, de modo a tornar o
conhecimento pretendido pelas mesmas vinculado à
realidade social:
25
INTERDISCIPLINARIDADE
NAS AULAS DE
MATEMÁTICA
26
conteúdos que devem ser dados numa certa ordem, ora
pela definição de pré-requisitos.
O autor menciona que os temas poderiam ser
trabalhados de maneira muito mais enriquecedora para
os aprendizes, caso fossem exploradas as relações
existentes entre eles, tornando claras as situações
similares que seriam passíveis de generalizações, e
outras que evidenciariam exceções.
Surge, então, a necessidade do ensino
interdisciplinar nas aulas de Matemática, com o
objetivo de utilizar esse “saber científico” e
transformá-lo de forma que venha a fazer parte do
cotidiano do aluno e proporcionar condições para
aquisição de novos conhecimentos, interagindo assim
com as demais disciplinas que se aprendem na escola.
Além disso, busca-se mostrar ao aluno a
necessidade de conhecer conceitos matemáticos para
se ter uma compreensão plena de diferentes assuntos
pertinentes ao seu cotidiano.
27
Segundo Biaggi (2000),
28
CTS: MODELO DE
ENSINO ESCOLHIDO
30
O enxerto foi a modalidade selecionada para a
inserção do enfoque CTS, pois considerando a
estrutura pedagógica da instituição de ensino, não
foram necessárias alterações curriculares para a
aplicação da pesquisa, o enxerto CTS apresentou-se
como um complemento à base curricular. Segundo
Pinheiro et. al (2007a), ao se utilizar o enxerto CTS
em uma determinada disciplina, não é necessário que
o tema esteja diretamente relacionado com o conteúdo
da série em questão, dessa forma, não há a
necessidade de se fazer uma mudança radical no
planejamento de ensino.
31
ABORDAGEM CTS NAS
TURMAS DE ENSINO
MÉDIO
32
Pinheiro (2005) afirma que:
33
Conforme Bybee (1987, apud Santos e
Mortimer, 2002), a alegação CTS identifica três
objetivos gerais: (1) aquisição de conhecimentos, (2)
utilização de habilidades e (3) desenvolvimento de
valores.
Ademais, em conformidade com os objetivos
apresentados pelos autores nos parágrafos
imediatamente anteriores, entre outros não menos
importantes, o trabalho educacional desenvolvido sob
o enfoque CTS está em harmonia com os
direcionamentos apontados pelos documentos oficiais.
Podem ser encontradas importantes observações
no que se refere à conexão de ideias entre os PCNEM
e à Educação com enfoque CTS, por exemplo, ambas
buscando um ensino mais reflexivo e contextualizado
que persegue também o objetivo de formar um
cidadão crítico, capaz de interagir com a sociedade.
34
A garantia de que todos desenvolvam e
ampliem suas capacidades é
indispensável para se combater a
dualização da sociedade, que gera
desigualdades cada vez maiores. De
quais competências se está falando? Da
capacidade de abstração, do
desenvolvimento do pensamento
sistêmico, ao contrário da compreensão
parcial e fragmentada dos fenômenos, da
criatividade, da curiosidade, da
capacidade de pensar múltiplas
alternativas para a solução de um
problema, ou seja, do desenvolvimento do
pensamento divergente, da capacidade de
trabalhar em equipe, da disposição para
procurar e aceitar críticas, da disposição
para o risco, do desenvolvimento do
pensamento crítico, do saber comunicar-
se, da capacidade de buscar
35
conhecimento. Estas são competências
que devem estar presentes na esfera
social, cultural, nas atividades políticas e
sociais como um todo, e que são
condições para o exercício da cidadania
num contexto democrático. (BRASIL,
2000, p.11-12)
36
compreendam que a Matemática é uma
ciência com características próprias, que
se organiza via teoremas e
demonstrações; percebam a Matemática
como um conhecimento social e
historicamente construído; saibam
apreciar a importância da Matemática no
desenvolvimento científico e tecnológico.
(BRASIL, 2006, p. 69).
37
Nesse contexto, levando-se em consideração as
citações dos documentos oficiais e os objetivos de
uma Educação com enforque CTS, observa-se a
preocupação na obtenção de uma educação
reformulada, que possibilite uma discussão política e
social, não alienada, colocando o estudante como ator
social, em uma sociedade democrática. Para tanto,
entende-se que a aplicação de conteúdos específicos
com enfoque CTS é viável e enriquecedora, o que
tende a proporcionar a visão ampla dos mecanismos
que regem a vida humana nos dias atuais, refutando,
nas palavras de Freire (1983), a educação bancária,
proporcionando assim a emancipação popular.
38
SUGESTÕES DE AULAS
DESENVOLVIDAS
PARA O ENSINO
MÉDIO EM UMA
PERSPECTIVA CTS
39
semana em que já está estabelecida a aula de
matemática no quadro de horário da instituição.
Temas
Acidentes nucleares, desastre ambiental, ciência,
tecnologia, sociedade e função exponencial.
Desenvolvimento
O primeiro momento poderá ser iniciado com os
alunos respondendo a um questionário, com o
propósito de se ter uma visão de geral da turma e
também de cada aluno. Como sugestão, deixo as
seguintes perguntas, podendo, é claro, o professor
fazer várias outras:
1) O que vocês sabem sobre o acidente nuclear de
Chernobyl e os efeitos da radiação?
2) O que conhecem sobre a Meia Vida de elemento
radioativo?
3) Quais são as disciplinas que poderiam trabalhar
com este assunto?
40
Em seguida, fatos marcantes da história do acidente
nuclear podem ser apresentados aos alunos, como por
exemplo:
41
Logo após a apresentação dos fatos e a consequente
discussão deles, havendo a possibilidade de usar um
data-show, sugiro a apresentação de um vídeo de
aproximadamente 14 minutos, exibido pelo Fantástico
sobre Chernobyl 30 anos depois do desastre nuclear,
disponível em:
https://globoplay.globo.com/v/4978612/
42
1. Quem é o maior responsável por um acidente
nuclear: os cientistas cujas pesquisas oportunizaram
a manipulação da energia nuclear, ou quem
manipula a energia nuclear para diversos fins, como
construção de bombas, ou na medicina e farmácia?
Explique sua escolha.
43
5. No Brasil as pessoas estariam preparadas para um
vazamento nas usinas de Angra dos Reis? Alguém
sabe tecnicamente como funciona uma usina
nuclear? Quais consequências locais e globais que
uma usina pode acarretar quando está ou não em
funcionamento?
44
*
A ROSA DE HIROSHIMA
45
Gráfico do decaimento exponencial
46
Tendo em conta que a resolução deste cálculo se dá
através de uma Função Exponencial, cabe utilizar este
momento para sua introdução, iniciando com uma
revisão de potenciação, notação científica e
radiciação, e, ainda, com o auxilio do software
Winplot, ou outro programa computacional, apresentar
essas funções com seus respectivos gráficos e suas
propriedades.
47
PRW – Reator de água pressurizada – que podiam
produzir 1000 megawatts de energia elétrica. O
acidente na usina acarretou muitas mortes e os
soviéticos tentaram esconder o acidente do mundo,
mas os níveis de radiação foram detectados em outros
países. Sabe-se que esse último modelo é usado na
usina de Angra, construída próximo a reservatórios de
água. Caso aconteça um acidente nuclear nesta região,
e considerando que uma substância radioativa
desintegra-se de modo que, decorrido o tempo t, em
anos, a quantidade ainda não desintegrada da
substância é S = S0. 2-0,25t, em que S0
representa a quantidade de substância que havia no
início, qual é o valor de t para que a metade da
quantidade inicial desintegre-se?
48
inadvertidamente por parte da população. A meia-vida
de um material radioativo é o tempo necessário para
que a massa desse material se reduza à metade. A
meia-vida do césio-137 é 30 anos e a quantidade
restante de massa de um material radioativo, após t
anos, é calculada pela expressão
M(t) = A . (2,7)kt
49
AULA 2: História, Música e Matemática: uma
combinação perfeita
Desenvolvimento da aula
No primeiro dia da aula, o propósito é a apresentação
da matemática nas escalas musicais. Para tal, a aula
pode ser iniciada com os alunos cantando uma música,
e, caso haja algum aluno que toque algum
instrumento, o mesmo poderá participar com ele.
50
Em seguida, em projeção multimídia ou
utilizando-se de outro meio, apresente o contexto
histórico, passando pelas antigas civilizações, tais
como a egípcia e a babilônica, até chegar às
descobertas sonoras feitas por Pitágoras.
É interessante citar períodos na história em que
as ciências eram pouco valorizadas, como a partir do
século V d.C., por ocasião da queda do Império
Romano, momento em que se iniciam transformações
na Europa que dão origem a uma nova fase da
História: a Idade Média. Neste período, considerado
período das trevas pelos iluministas, pouco se
produziu em termos de ciência. Grande parte da
produção intelectual estava subordinada à Igreja e aos
seus princípios, fato que tornava o conhecimento
pouco acessível.
Principalmente na primeira metade desse
período, houve até certa desvalorização da Matemática
e da ciência como um todo; a formação intelectual foi
51
posta em segundo plano, já que esta não estava na
visão da Igreja.
Os monastérios eram os únicos locais da
Europa Medieval onde se cultuava o
saber, e os monges, obviamente,
preferiam a religião e a filosofia e a
ciência. (...) A Idade Média produziu
muitos teólogos merecidamente afamados
(...) mas quase não se produziu nenhum
cientista ou matemático. (EVES, 1995, p.
287)
52
Monocórdio. Disponível em https://wikicharlie.cl/wikicharlie/
index.php?title=Piano&oldid=51993
O monocórdio pode ser tocado na modalidade corda
solta, produzindo um som, uma nota musical que
serviria de referência para que pudesse determinar as
outras. Pode ser tocado em duas partes, e o som
produzido era exatamente o mesmo, só que mais
agudo. Pode ser tocado dividido em 3 partes,
produzindo um novo som, diferente do anterior. Dessa
vez, uma nota diferente, que precisava receber outro
nome. Esse som, apesar de ser diferente, combinava
bem com o som anterior, criando uma harmonia
agradável ao ouvido.
53
E assim, continuou-se fazendo subdivisões até se
chegar na escala musical:
54
Caso nenhum aluno faça a pergunta, o próprio
professor fará o seguinte questionamento:
55
Portanto, a partir da fórmula do termo geral da PG,
fica simples determinar a relação numérica entre os
sons.
PG (1; f2; f3; f4; f5; f6; f7; f8; f9; f10; f11; f12; 2)
fn = f1 . qn-1
f13 = f1 . q13-1
2 = 1 . q12
q12 = 2
q=
q 1,05946
56
AULA 3: Matemática a serviço da cidadania:
contribuindo com os Direitos Humanos
Desenvolvimento
Nos primeiros minutos da aula, sugiro apresentar aos
alunos o fato de que a acessibilidade ainda é um
grande problema nos grandes centros urbanos. Por
exemplo, trafegando pelas ruas, encontramos com
57
frequência vagas destinadas a pessoas portadoras de
necessidades especiais ocupadas irregularmente, bem
como rampas de acesso a essas mesmas pessoas
projetadas fora das especificações técnicas, assim
como ausência de banheiros adaptados, entre outros
problemas enfrentados por esses cidadãos.
58
Imagem disponível em:
http://www.ccns.com.br/cartilha/?cat=11&paged=20
59
Imagem disponível em: http://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/1474-
teste-de-acessibilidade-no-congresso-nacional
60
Após essa discussão, aponta-se a apresentação de um
vídeo e, como sugestão, deixo o link a seguir,
podendo, é claro, ser outro que mais agrade e atenda
ao propósito de cada professor:
https://www.youtube.com/watch?v=1rP_R7n9ldQ
61
“Será que as rampas de acesso presentes em espaços
públicos, repartições e escolas estão adequadas para
os portadores de deficiência?”
Ou seja,
62
O professor então utilizará a tabela a seguir para
mostrar o que a norma diz acerca da inclinação das
rampas:
64
acessíveis; vermelhos, quando não são acessíveis e
cinza, indicando que não existem informações sobre o
local, deixando que as pessoas os classifiquem em
acessíveis ou não.
65
AULA 4: A lógica da Matemática na
Subjetividade da Arte
Desenvolvimento
Ainda no início da aula, é interessante se fazer a
observação que campo das artes se compõe de quatro
linguagens: teatro, dança, música e artes visuais,
sendo que dentro desta última há ainda uma
subdivisão, as chamadas artes plásticas, que englobam
66
a pintura, a escultura, o desenho e a gravura. Portanto,
nesta aula, ao se utilizar o termo artes está se referindo
especificamente às artes plásticas, apesar de feitas
algumas incursões na Arquitetura, manifestação
artística que também se situa no âmbito das artes
visuais.
67
A arquitetura grega seguia normas rígidas de
simetria e proporcionalidade. É o caso, por exemplo,
do Partenon, construído em torno do ano 440 a.C.,
com a utilização do retângulo áureo, também chamado
de retângulo de ouro:
68
Na Grécia Antiga, a pintura passou por cinco estilos
distintos, sendo o mais antigo chamado de estilo
geométrico, no qual as peças eram decoradas apenas
com figuras geométricas, como é o caso do jarro
ateniense.
69
Com a ascensão do Cristianismo como religião
oficial do Estado, na Idade Média, ocorreu um
florescimento da arquitetura voltada para a construção
de Igrejas. E é aqui que também vemos nítidas as
contribuições da Matemática na Arte.
70
Foi no Renascimento que a arte e a ciência estiveram
mais próximas. Leonardo da Vinci, este artista-gênio,
aliando a Arte à Matemática, criou, em 1492, o
Homem Vitruviano, destacando a seção áurea e a
perspectiva:
71
Avançando historicamente, chega-se ao século XX,
quando ocorrem as chamadas Vanguardas Artísticas.
Um claro exemplo dessa matemática incorporada à
arte é a obra de Paul Cézanne (1839-1906), que
buscou a geometria subjacente à natureza. Ele
apresenta com clareza elementos construtivos: o
cilindro, a esfera e o cone, formas geométricas
tridimensionais a partir das quais toda a natureza
poderia ser expressa.
72
E foi justamente nessas características de tratamento
abstrato do volume e do espaço da obra de Cézanne
que Picasso se baseou ao criar as facetas do Cubismo.
73
Composição, Piet Mondrian, 1922
Figura disponível em: http://agenciagalo.com/mondrian/
74
Unidade Tripartida, Max Bill, 1948-49.
Figura disponível em: https://br.pinterest.com/pin/42362052722104633/
https://www.youtube.com/watch?v=Ui0va5cbrHk
75
Esses programas tratam, basicamente, de alguns
aspectos matemáticos (padrões numéricos e
geométricos, simetrias, proporções, ordem, entre
outros), observáveis na natureza e nas diversas
manifestações artísticas (na pintura, na escultura, no
desenho, na música, na poesia e na arquitetura).
76
A beleza é a primeira prova: não há lugar permanente
neste mundo para uma matemática feia.
Outro autor importantíssimo que pode ser citado
para esta discussão é François Le Lionnais (1965), que
salienta ainda que a estética da matemática deve ser
diferenciada da aplicação da matemática na arte.
De acordo com Cifuentes (2003), encontra-se na
Matemática a existência de um romantismo, quando
surgem matemáticos que levantam uma bandeira em
favor do reconhecimento de que a intuição também é
uma componente do pensamento matemático, a
despeito de todo o rigor que esta ciência exige.
Neste sentido, é possível citar Henri Poincaré
(1995), como um novo Da Vinci, ele era a imagem do
gênio matemático. Era também engenheiro,
astrônomo, físico e filósofo, além de poliglota e
escritor. Dentre as suas várias preocupações com a
Matemática, ele defende a interação entre a lógica e a
intuição como a melhor opção de acesso a essa
ciência.
77
Terminada a apresentação, ouvindo os alunos,
será possível o professor afirmar que, de fato, o
pensamento matemático comporta axiomas, teoremas,
definições, demonstrações, deduções e rigor. Porém,
ela inclui também um aspecto romântico/informal que
explicita sua beleza interna, cujas bases estão na
analogia, na indução, na intuição, no pensamento
plausível e no uso de imagens.
78
AULA 5: Matemática e Meio Ambiente:
trocando experiências em sala de aula
Desenvolvimento
O primeiro momento poderá ser iniciado com os
alunos respondendo a um questionário, com o
79
propósito de se ter uma visão de geral da turma e
também de cada aluno. Como sugestão, deixo as
seguintes perguntas, podendo, é claro, o professor
fazer várias outras:
80
apresentar algumas imagens, com a intenção de
problematizar o que entendemos que seja
ecologicamente correto, como separar lixo para coleta
seletiva, se em alguns bairros e municípios não há essa
coleta; ou ainda, trocam-se as lâmpadas
incandescentes por fluorescente, mas a quantidade de
mercúrio apenas em uma destas lâmpadas é capaz de
tornar não potável cerca de 20 mil litros de água; e,
ainda, apresentar imagens com exemplos de energias
renováveis.
81
Seguem, ainda, alguns exemplos de imagens a ser
mostradas, podendo, é claro, o professor se utilizar
várias outras:
Imagem disponível em :
http://emaasarecolectoraderesiduos.blogspot.com.br/
82
Imagem disponível em: http://www.jacobinanoticia.com.br/jacobina-
caminhao-de-lixo-poe-em-risco-a-vida-de-garis-diariamente/
83
Imagem disponível: http://brasilescola.uol.com.br/quimica/energia-
limpa.htm
84
Imagem disponível em:
http://jornalggn.com.br/tag/blogs/crise-hidrica?page=5
85
de que a solução não é totalmente clara. Deve-se
tentar descobrir caminhando, processando,
acreditando, revendo, inovando e pensando sempre.
86
correspondem a sobras de alimento, ou seja, resíduos
orgânicos, e os outros 50% correspondem a materiais
descartáveis.
No decorrer do último século, a população mundial
dobrou de tamanho, já somamos cerca de 6 bilhões de
habitantes, todos produzindo lixo em maior ou menor
quantidade. Em geral, quanto mais rico e industrializado
for um país, maior será também a produção e o consumo
de descartáveis, consequentemente, a quantidade de lixo
produzido por seus habitantes será mais elevada, com
plásticos, papéis e latas em abundância.
Comissão especial para analisar a questão do lixo no rio grande do sul.
Disponível em
http://www.al.rs.gov.br/download/ComEspLixo/Relatorio_final_%20lixo.pdf
87
- A cidade do Rio de Janeiro possui
aproximadamente 6.520.266 habitantes. Vamos
tentar calcular, aproximadamente, o quanto de lixo
nossa população produz por dia? E por mês? E por
ano?
88
de Janeiro. Um museu de ciências, um ambiente de
ideias, explorações e perguntas sobre a época de
grandes mudanças em que vivemos e os diferentes
caminhos que se abrem para o futuro.
89
CONSIDERAÇÕES
90
do preparo da aula, o professor precisa estar
preparado, e isso carece, por vezes, de grande tempo
de leitura. O professor também deverá estar em ação
constante no rastreio de informações, diferenciando-se
daquele ensino tradicional.
Em segundo lugar, as aulas devem estar com as
intenções nítidas, tendo em vista que a abrangência
das temáticas contendo a ciência e a tecnologia é
enorme. Os conteúdos, procedimentos e exercícios
não estão concluídos como são achados no livro.
Outra circunstância a ser conhecida é a dinâmica da
sala de aula, já que o ensino de matemática na
abordagem CTS sugere um ensino democrático, nesse
caso, o ponto de vista do aluno é muito importante.
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REFERÊNCIAS
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BRASIL, Secretaria da Educação Média e Tecnológica.
Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio.
Brasília: MEC, 2002.
93
JAPIASSU, Hilton. Interdisciplinaridade e patologia do
saber. Rio de Janeiro: Imago, 1976.
94
PIRES, C. M. C. Currículos de matemática: da organização
linear à ideia de rede. São Paulo: FTD, 2000.
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