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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

: OS CORPOS TRANSEXUAIS E TRAVESTIS NOS ESPAÇOS DE SAÚDE


PÚBLICA NO DISTRITO FEDERAL: DETERMINANTES SOCIAIS,
POLÍTICAS PÚBLICAS E ACESSO AOS SERVICOS DE SAÚDE.

1
Eduardo Kimura Barcelos de Lima
2
Orientadora: Marianna Assunção Figueiredo Holanda

RESUMO
Introdução.

O Brasil é o país que mais mata travestis e transexuais no mundo, e a cada ano esses
dados se tornam mais expressivos. O contexto de pandemia pela COVID-19 intensificou
as situações de vulnerabilidades sociais de determinados grupos sociais. Entre eles, a
população trans, a qual foi atingida diretamente com os reflexos da desigualdade,
pensando em escassez de acesso aos serviços de saúde, vulnerabilidade econômica,
social e das redes sociais de suporte, segurança, moradia, empregabilidade, dentre
outras privações de direitos, como o exercício pleno de cidadania.

No que se refere a saúde, encontram-se múltiplas lacunas no atendimento, na


acessibilidade e na disponibilidade de serviços, evidenciando ainda mais a exposição de
risco que essa população está inserida, tendo em vista a precária inserção desses sujeitos
nos serviços de saúde. Levando em consideração que estes indivíduos estão sujeitos a
situações de marginalização social e exclusão, torna-se de extrema importância pensar
em recursos e possíveis soluções para se amenizar esses impactos, a fim de garantir-lhes
seguridade no que diz respeito aos seus direitos.
1
Discente de curso de Graduação em Terapia Ocupacional, da Universidade de Brasília,
campus Ceilândia (FCE/UnB). [email protected].
2
Docente do curso de Graduação em Saúde Coletiva, da Universidade de Brasília, campus
Ceilândia (FCE/UnB); e do Programa de Pós-Graduação em Bioética da Universidade de Brasília (PPG-
Bioética-UnB). [email protected].
METODOLOGIA:
Trata-se de uma pesquisa qualitativa e exploratória, realizada por meio da aplicação de
um questionário online. O presente estudo faz parte do projeto de pesquisa
‘’Desigualdades Pandêmicas: sobre políticas e determinantes sociais da saúde no
contexto de pandemia no Brasil’’, sob responsabilidade e orientação da Professora
Doutora Marianna Assunção Figueiredo Holanda (Saúde Coletiva UnB/PPG –
Bioética), submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Ciências
Humanas e Sociais da Universidade de Brasília pelo processo n° 4.557.020 /2020. Na
primeira etapa (2020-2021), a pesquisa focou na aplicação de um questionário online e
seguirá no período de 2021-2022 com submissão da proposta à FEPECS, tendo em vista
a necessidade de se iniciar um trabalho presencial no Ambulatório Trans do DF.

RESULTADOS

Responderam ao questionário 41 pessoas que se identificam enquanto transexuais e


travestis, binários ou não binários e 2 pessoas entrevistadas presencialmente. No
formulário eletrônico, foram abordadas perguntas sobre identidade de gênero, utilização
ou não do Sistema Único de Saúde, acesso e efetivação dos serviços disponibilizados e
relatos de transfobia institucional através do sistema de saúde. O intuito foi elaborar
recortes que permitam a análise especifica de cada respostas e então, analisar as
problemáticas vigentes que impedem a efetivação e concretização na oferta dos serviços
de saúde para a população trans do DF e entorno. As entrevistas realizadas foram
elaboradas com perguntas semiestruturadas, baseadas no formulário.

Os resultados da pesquisa expõem as mais diversas dificuldades de acesso aos serviços


de saúde que a população trans do DF e entorno enfrenta. Um dos reflexos da escassez
no atendimento é a falta de disponibilização de hormônios e medicamentos
gratuitamente pelo SUS, pauta esta que foi abordada por diversos participantes da
pesquisa. Bem como as dificuldades que perpassam os cotidianos desses sujeitos até de
fato estarem inseridos no sistema de saúde, sendo a violência e a marginalização fatores
de obstáculo para o acesso à saúde.

CONCLUSÃO

O coletivo social protagonizado na pesquisa é marcado por desigualdades sociais,


estigmas e vulnerabilidades em seu mais amplo espectro, por falta de redes de suporte,
expectativa de vida, inserção social, entre outros. Devido a pandemia pelo novo
coronavírus, o grupo tornou-se ainda mais vulnerável e exposto a fatores de risco e
contaminação, sem contar as questões sociais e econômicas, como a baixa
empregabilidade e renda formal de pessoas trans, cotidianos violentos e o acesso a
moradia, dificultando a participação social e contribuindo para a exclusão desses
sujeitos.

No que se refere a saúde, as desigualdades persistem quando os serviços não alcançam a


todos e são excludentes, de certa forma, ao estarem baseados em lógicas cis-hétero-
normativas e biomecânicas da saúde, afastando o público desses espaços por estarem
diretamente ligados a relatos de transfobia e preconceito. Dito o exposto, considera-se
necessária a implementação de novas políticas públicas e o comprometimento do Estado
em garantir os direitos básicos de vida para pessoas trans, proporcionando cada vez
mais sua inserção social, em todos os âmbitos. Para além disso, é indispensável pensar
em possíveis soluções para a resolução das problemáticas presentes no cenário de saúde
pública e o enfrentamento dos índices relacionados aos diversos tipos de violência.

PALAVRAS-CHAVE
Saúde; Transexuais e Travestis; Políticas Públicas; Direitos Humanos; SUS;
Determinantes sociais.

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