Reaproveitamento de Resíduo de Eps Como Agregado de Bloco Construtivo
Reaproveitamento de Resíduo de Eps Como Agregado de Bloco Construtivo
Reaproveitamento de Resíduo de Eps Como Agregado de Bloco Construtivo
RESUMO
PALAVRAS-CHAVE
Construção civil, concreto leve, isolamento térmico, EPS, alvenaria de vedação, desempenho
térmico.
INTRODUÇÃO
Várias técnicas vêm sendo aplicadas para reduzir os custos relativos à climatização. Utilizar
materiais de baixa densidade como agregado para concreto empregado na fabricação de blocos
para alvenaria de vedação é uma delas. O emprego de resíduo do EPS é um bom exemplo, visto
que esse material apresenta vantagens, tais como: baixa condutividade térmica, baixo peso,
resistência mecânica, baixa absorção de água, facilidade de manuseio, versatilidade, resistência ao
envelhecimento, absorção de choques e resistência à compressão.
Em termos econômicos, Cassa et al. (2001) afirmam que o uso de agregado reciclado apresenta
vantagens em relação aos agregados naturais, podendo-se chegar a diferenças de custos finais
de até 50%. Esse fato pode ser aproveitado para promoção de benefícios sociais, através da
ampliação da oferta pública de infra-estrutura urbana e habitação popular.
O uso do EPS na produção da arquitetura além de contribuir com a minimização dos gastos com
energia elétrica para a climatização, por ser um material isolante, apresenta outras vantagens tais
como: ambientais – a retirada deste material do ambiente e seu confinamento nos elementos
componentes das edificações já justificariam seu uso como material de construção, além da
conseqüente diminuição do espaço físico nos lixões; social – geração de empregos; e
econômicas – diminuição de custos na construção civil e produção de estruturas mais leves.
“Atualmente, somente cerca de 5% da produção de EPS no Brasil (ou 2 mil toneladas) passam
por processo de reciclagem. Segundo o presidente da Abrapex, Albano Schmit, o isopor é
100% reciclável, embora não seja biodegradável. Por seu aspecto leve, o material (composto
de 98% de ar e 2% de plástico) ocupa muito espaço nos aterros sanitários e a desobstrução dos
lixões é outra finalidade de seu reaproveitamento. No aterro sanitário da Caximba, em
Curitiba, o isopor ocupa atualmente 335 metros cúbico de área” (Scheller, 2000).
O uso do EPS em obras civis é uma tecnologia comprovadamente viável para conservação
de energia, necessitando apenas maior divulgação de suas qualidades. Na Europa, a
construção civil responde por 65% do consumo de EPS, enquanto no Brasil chega a apenas
4% (Krüger et al., 1999).
METODOLOGIA
Fonte de calor – utilizada como fonte radiante para aquecimento de uma das faces das paredes
avaliadas, o aparato era formado por um conjunto de lâmpadas incandescentes, com 200W
cada, dispostas tal como mostrado na Figura 2.
0,03m 0,03m
0,04m
(a) (b)
Corpos de prova – foram construídas paredes para cada tipo de bloco considerado.
Posicionadas em lugar de uma abertura preexistente, as paredes dividiam dois ambientes que
ficavam fechados durante os experimentos, evitando a interferência de rajadas de vento. Um
desses ambientes teve sua temperatura mantida por volta de 22ºC, através de condicionadores
de ar. O outro continha a fonte de radiação térmica utilizada para aquecer uma das faces das
paredes. A montagem foi feita de acordo com a Figura 4.
RESULTADOS E ANÁLISES
Como o concreto leve apresenta em sua composição um material de baixa resistência à compressão
(EPS), além dos experimentos para avaliar o desempenho térmico dos sistemas construtivos
empregados foi necessário realizar-se ensaios para verificar a resistência à compressão dos blocos
de modo que seu emprego como alvenaria de vedação esteja respaldado por documento normativo.
As normas utilizadas como referência foram a NBR 6461(ABNT, 1983) e a NBR 7171(ABNT,
1983) que, embora se refiram especificamente a blocos cerâmicos, o método de ensaio e as
especificações de resistências mínimas referem-se à aplicação (no caso, vedação) e não ao tipo de
material do qual os blocos são fabricados. Os valores mínimos exigidos pela norma e o valor obtido
nos ensaios, realizados no Laboratório de Concreto da UFRN, se encontram na tabela 1.
Pode-se observar na Tabela 1 que o bloco de concreto com EPS cumpre com os padrões de
resistência à compressão, exigidos pela NBR 7171 (ABNT, 1983).
55
50
45
Temperatura ( C)
o
40
35
30
25
Seção B
Seção A
0 5 10 15 20 25
Tempo (h)
55
50
45
Temperatura ( C)
o
40
35
30
25
Seção B
Seção A
0 5 10 15 20 25
Tempo (h)
FIGURA 6. TEMPERATURAS MÉDIAS DO “BLOCO DE CIMENTO VAZADO”
55
50
45
Temperatura ( C)
o
40
35
30
25
Seção B
Seção A
0 5 10 15 20 25
Tempo (h)
FIGURA 7. TEMPERATURAS MÉDIAS DO “TIJOLO CERÂMICO 8 FUROS”
55
50
45
Temperatura ( C)
o
40
35
30
25
Seção B
Seção A
0 5 10 15 20 25
Tempo (h)
FIGURA 8. TEMPERATURAS MÉDIAS DO “BLOCO DE CONCRETO LEVE”
Tendo-se como aspecto mais relevante, para esta pesquisa, a quantidade de calor que cada
sistema construtivo lhe permite atravessar, traduzida pela temperatura atingida na face oposta
à fonte de calor foi imprescindível traçar-se o gráfico mostrado na Figura 9, onde se
apresentam as temperaturas médias na “Seção A”, para cada parede avaliada.
35
Temperatura ( C)
o
30
25
BP
BCV
TC8F
BCL6_10
0 5 10 15 20 25
Tempo (h)
FIGURA 9.TEMPERATURAS MÉDIAS NA “SEÇÃO A”
Dentre os elementos construtivos avaliados observa-se pela Figura. 9 que o bloco de concreto
leve possui menor capacidade de transferir calor de um meio a outro. Fato ratificado pelos
valores exibidos na Tabela 2, na qual constata-se que em relação ao padrão, foram obtidas
diferenças de temperatura na “Seção A” de 1,3ºC, 4,7ºC e 7,2ºC, respectivamente, para o
bloco de cimento vazado, tijolo cerâmico 8 furos e para o bloco de concreto leve.
CONCLUSÕES
• os blocos de concreto com agregado de EPS têm seu uso, como alvenaria de vedação,
garantido pelas normas NBR 6461 (ABNT, 1983) e NBR 7171 (ABNT, 1983), pois apresentam
resistência mecânica superior às mínimas exigidas por tais normas.
• o desempenho térmico dos blocos com EPS deixou evidente a vantagem do seu uso como
forma de reduzir a transferência de calor de um meio a outro, tendo em vista que em relação
ao padrão obtiveram-se diferenças de temperatura, na face oposta à fonte de calor, de 1,3ºC,
4,7ºC e 7,2ºC para o bloco de concreto vazado, tijolo cerâmico 8 furos e para o bloco de
concreto leve, respectivamente.
• além da contribuição para a melhoria do conforto térmico dos usuários das edificações, o
reaproveitamento do EPS na forma de agregado para a construção civil, também permite
reduzir o impacto causado pelo descarte desse material no meio ambiente.
REFERÊNCIAS
Associação Brasileira de Normas Técnicas. (1983). NBR 6461 Bloco Cerâmico para
Alvenaria – Verificação da Resistência à Compressão. Método de Ensaio.
Associação Brasileira de Normas Técnicas. (1983). NBR 7171 Bloco Cerâmico para
Alvenaria, Especificações.
Aguiar, E.C.C. et al. (2001). A Tecnologia do Concreto Aliada ao Meio Ambiente. ANBio –
Associação Nacional de Biossegurança. Disponível em: < http//:www.abio.org.br>. Acesso em 10
set. de 2003.
Borchardt, I.G.; Gomes, A.F. (1979). Termometria Termoelétrica: Termopares. Ed. Sagra S.
A., Porto Alegre-RS, 2ª ed., 79p.
Lamberts, R.; Dutra, L.; Pereira, F. O. R. (1997). Eficiência Energética na Arquitetura. São
Paulo: P.W., 192p.