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Territorio e Sociabilidade

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Pedro Martins

Carmen Garcez
Douglas Ladik Antunes
Organizadores

TERRITÓRIO
&
SOCIABILIDADE
População, Memória e Fronteiras
Carmen Garcez
Douglas Ladik Antunes
Elisa Quint de Sousa de Oliveira
Esdras Pio Antunes da Luz
Fábio Andreas Richter
Fernanda Cerqueira
Isa de Oliveira Rocha
Ivón Natalia Cuervo
João Mitia Antunha Barbosa
Juan Carlos Aguirre-Neira
Márcia Fusinato Barbosa Athayde
Maria Ignez Silveira Paulilo
Orivaldo Nunes Júnior
Pedro Martins
Suzana Morelo Vergara Martins Costa
Tânia Welter

Edições do Instituto Egon Schaden


Edições do Instituto Egon Schaden PEST 20 anos
São Bonifácio, 2022
©2022 – Direitos autorais dos respectivos autores

Edição: Pedro Martins


Revisão: Carmen Garcez
Diagramação, capa e projeto gráfico: Rita Motta e Ryan Dias
Fotos da capa: Cestaria Kaingang (Pedro Martins, 2022).
Foto da contracapa: Criança Cafuza (Pedro Martins, 1985).

Depósito legal na Biblioteca Nacional, de acordo com a Lei n. 10.994/2004.

Edições do Instituto Egon Schaden


Contato: [email protected]
INSTITUTO EGON SCHADEN – IES
O Instituto Egon Schaden foi fundado em 4 de julho de 2014, na
cidade de São Bonifácio, Santa Catarina, como consequência das
atividades realizadas em comemoração à passagem do centenário de
nascimento do antropólogo Egon Schaden – ocorrido em 4 de julho
de 2013. Entre as atribuições do Instituto, estabelecidas em sua As-
sembleia de Fundação, está o propósito de preservar a memória e o
legado científico de Egon Schaden, contribuindo para a preservação
da memória da colonização alemã no entorno de São Bonifácio e no
diálogo intercultural entre os povos formadores da região.

MANDATO 2022-2024
DIRETORIA EXECUTIVA
Presidenta – Tânia Welter
Vice-presidenta – Érica Schaden
1ª Secretária – Bianca Mara Souza
2ª Secretária – Verena Maria Buss
1ª Tesoureira – Rosane Schaden Preuss
2ª Tesoureira – Dayane da Silva Preuss
Diretor Científico – Pedro Martins

CONSELHO FISCAL
Carmen Garcez
Cirley Haweroth Schaden
Egidio Moenster
Egon Luis Schaden
Egon Luis Schaden Júnior
Gileno Schaden Marcelino
Joab Dias Couto
José Giovani Farias
Marina Schaden Couto
Ricardo de Souza Carvalho

CONSELHO CIENTÍFICO
Douglas Ladik Antunes
João Baptista Borges Pereira (conselheiro emérito)
José Giovani Farias
Maria Dorothéa Post Darella
Miriam Pillar Grossi
Pedro Martins
Tânia Welter
EDIÇÕES DO INSTITUTO EGON SCHADEN
Edições do Instituto Egon Schaden foi criada em 2016 por delibera-
ção da Primeira Assembleia Geral do Instituto Egon Schaden. Tem
a missão de trazer a público obras que atendam aos propósitos esta-
belecidos como objetivos do IES desde a sua fundação em 4 de julho
de 2014, especialmente no que diz respeito à promoção do diálogo
intercultural entre os povos formadores da região. Nesta edição co-
memorativa, Edições do Instituto Egon Schaden junta-se ao Grupo de
Pesquisa Práticas Interdisciplinares em Sociabilidades e Territórios –
PEST, integrado por professores, técnicos e estudantes de graduação,
mestrado e doutorado da Universidade do Estado de Santa Catarina,
para festejar a decorrência de 20 anos de criação do PEST.

CONSELHO EDITORIAL
Pedro Martins – Editor
João Baptista Borges Pereira
José Giovani Farias
Maria Dorothéa Post Darella
Miriam Pillar Grossi
Paulo Pinheiro Machado
Tânia Welter

Todos os trabalhos selecionados para esta obra foram submetidos a


avaliação por pares nos respectivos veículos onde ocorreu a publica-
ção originalmente – revistas científicas indexadas ao Qualis CAPES,
conforme indicado em cada obra.
SUMÁRIO
Apresentação
20 anos de história do PEST e as grandes mudanças de 2022............. 11
Tânia Welter

Da guerrilha colombiana à maricultura em Florianópolis:


breve olhar sobre a produção científica recente
nos 20 anos do PEST......................................................................... 15
Pedro Martins
Carmen Garcez
Douglas Ladik Antunes

Seção 1 – Território da memória


Tombamento do arquivo Egon Schaden –
parecer técnico de admissibilidade........................................................ 23
Fábio Andreas Richter

Território colonial e resistência:


o caso dos Schaden de São Bonifácio................................................. 29
Pedro Martins
Tânia Welter

O centenário de nascimento de Egon Schaden:


entrevista com Antonio Candido....................................................... 57
Pedro Martins
Seção 2 – População e sociabilidades
Areais da Ribanceira:
comunidade tradicional e território em Imbituba (SC)....................... 79
Elisa Quint de Souza de Oliveira
Douglas Ladik Antunes
Pedro Martins

Barragem Norte e suas influências socioespaciais


no município de José Boiteux (SC):
um olhar sobre as comunidades atingidas........................................101
Márcia Fusinato Barbosa Athayde
Pedro Martins

Jovens rurais e seus vínculos com o território:


o caso de El Garzal no contexto do conflito armado colombiano........121
Ivón Natalia Cuervo
Juan Carlos Aguirre-Neira
Pedro Martins

Processo de territorialização, comunidade tradicional e


desenvolvimento econômico................................................................141
Elisa Quint de Souza de Oliveira
Isa de Oliveira Rocha
Pedro Martins

A invisibilização das comunidades Guarani no


Plano Diretor do município de Palhoça (SC):
as implicações para o planejamento territorial.................................167
Fernanda Cerqueira
Douglas Ladik Antunes

Presença, ocultação e permanência:


os Guarani da Região Metropolitana de Florianópolis.......................197
João Mitia Antunha Barbosa
Orivaldo Nunes Júnior
Douglas Ladik Antunes
Do peso do trabalho leve à persistência da alma campesinista:
entrevista com Maria Ignez Silveira Paulilo.......................................227
Pedro Martins
Tânia Welter
Ivón Natalia Cuervo
Suzana Morelo Vergara Martins Costa

O peso do trabalho leve........................................................................285


Maria Ignez Silveira Paulilo

Seção 3 – Novas fronteiras


Cultura náutica e patrimônio material:
um olhar sobre a Costa da Lagoa, Ilha de Santa Catarina...................297
Esdras Pio Antunes da Luz
Pedro Martins

A maricultura como campo de conflitos ambientais territoriais..............327


Carmen Garcez
Douglas Ladik Antunes

Maricultura e a expropriação de águas públicas....................................355


Carmen Garcez
Douglas Ladik Antunes

Quem são as autoras e os autores.........................................................383


[ V O LTA A O S U M Á R I O ]

Jovens rurais e seus


vínculos com o território:
o caso de El Garzal no contexto do
conflito armado colombiano 1

Ivón Natalia Cuervo


Juan Carlos Aguirre-Neira
Pedro Martins

Introdução
Sob a autodeterminação de ser uma comunidade rural que resiste
pacificamente aos violentos, os moradores do distrito de El Garzal,
na região norte da Colômbia, decidiram não ceder às ameaças de des-
locamento forçado que receberam nas últimas duas décadas por parte
de organizações armadas ilegais aliadas a latifundiários interessados
em estabelecer culturas agroindustriais de palma-de-óleo-africana
(Elaeis guineensis) (Álvarez, 2009).

1
Este texto foi publicado originalmente na revista Campo-Território: revista
de geografia agrária, Uberlândia, v. 12, n. 28, p. 5-21, dez. 2017.

121
122 Ivón Natalia Cuervo | Juan Carlos Aguirre-Neira | Pedro Martins

A comunidade de El Garzal ganhou reconhecimento nacional


como um caso exemplar do uso da ação não violenta para defender
sua permanência no território por ela mesma desbravado. Sua capaci-
dade organizativa, e sua articulação com ONGs que ofertam assesso-
ria jurídica, faz com que aproximadamente 300 famílias camponesas
estejam atualmente no processo de titulação dessas terras.
A aproximação ao contexto social, cultural, político e econô-
mico foi feita a partir de uma revisão temática sobre a sub-região
natural do Magdalena Medio, na qual está inscrito o distrito de El
Garzal. O presente estudo fundamenta-se na perspectiva sociológica
de Fals-Borda (1979) e sua concepção do espaço geográfico como for-
mação determinada pelas suas características sociais e econômicas.
Posteriormente, Molano-Bravo (2009) referiu-se à força dos mo-
vimentos sociais de resistência no Magdalena Medio, às formas de
intervenção de organizações não governamentais (ONGs) e do setor
privado nas dinâmicas do território, ao estabelecimento de determi-
nadas maneiras políticas de operar nessa região, ao surgimento das
insurgências armadas e à luta pelo controle territorial entre guerrilhei-
ros e paramilitares. Por sua vez, Medina-Gallego e Hernández-Riveros
(2013) nos oferecem um panorama sobre as resistências e a capacidade
organizativa das bases populares para manter a economia local, apesar
das adversidades, orientadas pela sua tenacidade caracterizada pelos
autores como “cultura indómita”.
Fazendo referência específica ao município de Simití, localizado
nessa sub-região e sede do distrito de El Garzal, Álvarez (2009) dis-
sertou sobre as práticas extrativistas da agroindústria da palma-de-
-óleo-africana que afetam as atividades econômicas camponesas. O
conflito territorial, entre os latifundiários que pretendem estender o
cultivo da palma e as famílias camponesas, atravessa a história recen-
te do distrito.
A nossa perspectiva do conceito de território como constru-
ção social baseia-se nos conceitos de “espaço geográfico”, proposto
por Orlando Fals-Borda, e “formação socioespacial”, construído por
Jovens rurais e seus vínculos com o território 123

Milton Santos, que derivam do conceito de “formação econômica


e social” encontrado nas obras de Marx e Engels. Segundo Santos
(1977), a formação socioespacial é produto de um processo histórico
em que os modos de produção se organizam sobre um recorte físico
do espaço e exercem sobre ele múltiplas determinações. A compreen-
são da relação entre a sociedade e o espaço em que existimos e coe-
xistimos levou Milton Santos a definir o “espaço geográfico” como
“espaço humano”, “espaço habitado”, que é sinônimo de “território
usado” (Santos, 2005, p. 255). Este autor também definiu o território
como a identidade das relações da população com o espaço geográ-
fico. Isto significa que cada território é mutável e sua construção de-
pende da interação dos indivíduos que nele habitam. Por conta disto,
a especificidade do uso do território e sua dinamicidade é, para ele, o
objeto de análise da geografia e não o território como categoria pura
e imutável.
Em relação à identidade do grupo social estudado se estabelece que
a categoria de camponês é a mais apropriada, tanto por ser a predomi-
nante na forma de autoidentificar-se quanto pelas relações de produção
que marcam uma agricultura em pequena escala e uma racionalida-
de econômica especificamente camponesa (Valderrama; Mondragon,
1998). O vínculo instrumental com o território foi delimitado a partir
da caracterização da racionalidade instrumental feita por Max Weber
(2002) na sua tipologia da ação social.
No grupo social selecionado, o perfil dos jovens corresponde a
pessoas entre 13 e 29 anos de idade, filhos de camponeses. Levamos
em consideração tanto os que moram em El Garzal quanto os que
migraram tendo esse distrito como seu território de origem. Porém,
analisar a situação dos jovens desse grupo implica observá-los para
além da ideia de faixa etária e situá-los no contexto das desigualdades
sociais e econômicas (Novaes, 2006).
A utilização do método etnográfico implicou a observação par-
ticipante, a integração nas atividades cotidianas, os diálogos e o re-
gistro das reflexões no diário de campo. Além de um processo de
124 Ivón Natalia Cuervo | Juan Carlos Aguirre-Neira | Pedro Martins

estranhamento frente à comunidade estudada, o trabalho demandou


uma atitude atenta para conhecer os modos de pensar, sentir e atuar,
e tentar compreendê-los como intersubjetividades que pertencem a
estruturas sociais, econômicas, políticas e culturais (Jimeno; Murillo;
Martinez, 2012).
O trabalho de campo foi realizado entre novembro e dezembro
de 2016, começando por uma “imersão” de três semanas em El Gar-
zal e uma semana distribuída entre a sede do município de Simití e
os municípios de Santa Rosa del Sur e Bucaramanga. Em El Garzal,
foram entrevistados 25 jovens (14 mulheres e 11 homens), 12 pais e
mães (seis mulheres e seis homens), dois líderes comunitários (uma
mulher e um homem), um professor da escola pública do distrito e
duas funcionárias de uma ONG. Na sede do município de Simití fo-
ram entrevistados dois funcionários da prefeitura. Nos municípios de
Santa Rosa del Sur e Bucaramanga, foram entrevistados seis jovens
migrantes de El Garzal (cinco mulheres e um homem). No total, fo-
ram entrevistadas 50 pessoas2 .
O artigo estrutura-se em quatro partes além desta introdução.
A primeira parte apresenta a contextualização socioespacial e eco-
nômica do distrito de El Garzal para evidenciar as particularidades
daquele território. A segunda parte expõe uma visão do contexto
ambiental colombiano e da zona de estudo em particular. A terceira
parte discute as condições de acesso à terra e sua manutenção em
um contexto marcado pela presença de movimentos guerrilheiros que
levam a luta armada até os campesinos. A quarta parte oferece uma
perspectiva de como esse contexto influencia as decisões de um grupo
de jovens que habitam El Garzal em relação ao uso e ocupação do
território e seus recursos ambientais. A quarta e última parte corres-
ponde às considerações finais, baseadas nas reflexões suscitadas pela
observação dos fatos e pela literatura sobre o tema. Espera-se que os

2
As entrevistas foram traduzidas do espanhol para o português pelos auto-
res. Os nomes das pessoas entrevistadas foram mudados para proteger sua
identidade.
Jovens rurais e seus vínculos com o território 125

resultados finais deste trabalho, focado em uma comunidade cam-


ponesa gestora de seu próprio desenvolvimento, possam apoiar, de
alguma maneira, o planejamento regional levando em consideração
as particularidades locais dos territórios rurais e as potencialidades
próprias das comunidades que os habitam.

Contextualização socioespacial e econômica de El Garzal


A área conhecida como distrito de El Garzal encontra-se localizada
no município de Simití, sul do departamento de Bolívar, norte da Co-
lômbia3 , na margem esquerda do Magdalena, principal rio do país4.
A extensão do distrito é de aproximadamente 11 mil hectares,
sendo que cerca de 4 mil deles são aráveis e os demais são pântanos
(Molano-Bravo, 2012). Graças à sua alta fertilidade, as terras de El
Garzal resultam atrativas não só para o desenvolvimento das ativida-
des agropecuárias tradicionais mas também para projetos agroindus-
triais acompanhados de iniciativas de exploração mineira.

3
Se fizermos um paralelo entre a divisão política da Colômbia e do Brasil, os
departamentos colombianos equivalem aos estados brasileiros. No caso dos
“corregimientos municipales”, esta subdivisão administrativa pode ser equi-
valente aos distritos no Brasil e correspondem a uma subdivisão da área rural
com o objetivo de melhorar a prestação dos serviços e assegurar a participação
dos habitantes nos assuntos públicos de índole local (DANE, 2015).
4
O Rio Magdalena possui uma longitude aproximada de 1.540 quilômetros,
nasce ao sudoeste da Colômbia e percorre 10 departamentos até chegar ao Mar
Caribe, no nordeste do país.
126 Ivón Natalia Cuervo | Juan Carlos Aguirre-Neira | Pedro Martins

Localização do distrito de El Garzal, no município de Simití, Bolívar,


Colômbia.
Fonte: Udesc-PPGPlan, 2017. Elaborado por João Daniel B. Martins.
Jovens rurais e seus vínculos com o território 127

As características de El Garzal como território local correspon-


dem às do contexto geral da sub-região do Magdalena Medio. A lo-
calização geoestratégica do Magdalena Medio, dado que é rota para
o Mar Caribe e Venezuela, e sua riqueza de fauna, flora e minero-
-energética têm convertido a sub-região em objeto de desmatamen-
to, estabelecimento de negócios agroindustriais, mineração ilegal e
cultivos ilícitos. Por outro lado, os altos investimentos do Governo
Nacional, em aliança com algumas empresas privadas, em projetos
de mineração, comércio e transporte, comprovam a importância da
sub-região para o país.
Em contraste com os consideráveis investimentos do governo e das
empresas privadas na exploração dos recursos naturais da sub-região
do Magdalena Medio, a maior parte da população do departamento
de Bolívar vive em condições de pobreza. Segundo o Departamento
Administrativo Nacional de Estadística – DANE, mais de 67% da
população rural de Bolívar tem satisfeitas só a metade das suas ne-
cessidades básicas (DANE, 2011). Os investimentos no bem-estar da
população não são compatíveis com a renda gerada pela exploração
dos recursos naturais do departamento de Bolívar. A situação pode ser
explicada, em parte, pela corrupção na administração dos recursos pú-
blicos, problema divulgado em um diagnóstico da Contraloría General
da Colômbia (Caracol Radio, 2015). No plano local, os camponeses
de El Garzal ainda não têm acesso aos serviços públicos, as vias de
transporte são precárias e a escola do distrito só oferece educação até o
nono ano do ensino fundamental. Por consequência, quem quiser fazer
o ensino médio e superior tem que sair do distrito.

Contexto ambiental do distrito El Garzal, Sul de Bolívar


A riqueza natural da Colômbia se evidencia principalmente por con-
ter mais de 10% da diversidade biológica do planeta em quase 2 mi-
lhões de quilômetros quadrados, representando isto menos que 1%
128 Ivón Natalia Cuervo | Juan Carlos Aguirre-Neira | Pedro Martins

da superfície do planeta. Além disso, na atualidade possui uma das


maiores riquezas ambientais já que contém o maior número de ecos-
sistemas representados em um mesmo país (Salazar Holguín et al.,
2010). As condições privilegiadas se devem, em parte, à sua localiza-
ção espacial no trópico americano, equiparável a uma ilha entre três
oceanos, devido à influência do Mar Caribe, do Oceano Pacífico e
da circulação atmosférica da Bacia Amazônica (Snow, 1976). Sua si-
tuação, junto com a presença da barreira orográfica constituída pelos
três ramais da Cordilheira dos Andes, induz à formação de climas
locais e regionais de alta complexidade (Poveda, 2004).
Uma amostra dessa diversidade e complexidade ambiental está
representada na região Sul do departamento de Bolívar, catalogada
quase que em sua totalidade como parte da Província Biogeográfica
do Chocó-Magdalena. Possui ecossistemas próprios do denominado
Distrito Sinú-San Jorge com um considerável número de endemismos.
Em uma menor proporção existem também ecossistemas próprios da
Província Biogeográfica Norandina, particularmente o Distrito Ser-
rania de San Lucas, área virtualmente inexplorada, coberta princi-
palmente por selvas úmidas frequentemente nubladas (Hernández-
-Camacho et al., 1992).
Por conta desse cenário particularmente biodiverso foi criada a
Zona de Reserva Forestal del Rio Magdalena com o intuito de de-
senvolver a economia florestal e a proteção dos solos, das águas e da
vida silvestre na bacia do Rio Magdalena. Porém, esta caracterização
territorial tem se demonstrado ineficiente dado que, atualmente, res-
tam apenas 50% das áreas florestais vitimadas pelo aproveitamento
ilegal da madeira e pelo uso do solo em atividades agropecuárias ou
de mineração, tanto legais quanto ilegais (Medina-Gallego; Hernán-
dez-Riveros, 2013, p. 24). A criação de gado em esquema extensivo, o
estabelecimento de grandes extensões de palma azeiteira, a extração
de ouro e os plantios de coca são as atividades que têm gerado maior
impacto ambiental na região (Álvarez, 2009; Fonseca; Gutiérrez;
Rudqvist, 2005).
Jovens rurais e seus vínculos com o território 129

A situação precária de acesso à terra


e seu controle no contexto de luta armada
A maior parte das famílias camponesas que habitam El Garzal ad-
quiriu terras por meio da colonização ou por compra de terrenos não
registrados em cartório. Atualmente, aproximadamente 260 famílias
estão solicitando a titulação de terras por parte do Estado (Beltrán;
Cuervo, 2016, p. 144). Segundo Álvarez (2009), fatores como o plan-
tio e comercialização da coca, a chegada de grupos armados ilegais,
a não propriedade ou não titulação das terras e o estabelecimento sis-
temático de cultivos agroindustriais têm afetado seriamente a perma-
nência da população e a possibilidade de desenvolver uma economia
camponesa sólida.
Este é apenas um recorte do que acontece a respeito da proprie-
dade da terra na Colômbia. Segundo o Tercer Censo Nacional Agro-
pecuario de 2014, os dados coletados indicam que de 4 milhões de
estabelecimentos rurais 21% têm títulos de propriedade cadastrados,
58% têm títulos de propriedade não cadastrados e os 21% restantes
não têm como demonstrar a posse legítima da terra.
Desde a segunda metade do século XX, as atividades econômi-
cas predominantes na ocupação das terras foram a pesca e a explora-
ção dos recursos florestais. Após o seu estabelecimento, os ocupantes
plantaram arroz, banana-da-terra, milho, cacau e espécies frutais.
Seus atuais empreendimentos produtivos têm projeção de crescimento
através da participação na Asociación de Productores Alternativos de
Simití – ASPROAS.
Além das dificuldades já descritas, outros fatores afetam direta-
mente o acesso à terra por parte da população rural: a concentração
improdutiva da terra, o monopólio por parte dos grandes latifundiá-
rios para a implantação de cultivos agroindustriais e criação extensiva
de gado e as lutas dos grupos armados ilegais pelo controle territorial.
A concentração da terra é, em grande medida, resultado da ex-
propriação e do deslocamento forçado: “El narcotráfico empresarial
130 Ivón Natalia Cuervo | Juan Carlos Aguirre-Neira | Pedro Martins

se convirtió en financiador del paramilitarismo y en concentrador de


tierra por la vía de la violencia criminal, el desplazamiento forzado y
el despojo” (Medina-Gallego; Hernández-Riveros, 2013, p. 24).
A presença dos grupos guerrilheiros remonta à década de 1960
quando tiveram origem os grupos guerrilheiros Fuerzas Armadas Re-
volucionarias de Colombia (FARC) e Ejército de Liberación Nacional
(ELN). De outra parte, forças paramilitares das Autodefensas Unidas
de Colombia (AUC) ingressaram na região no início do século XXI.
Esses grupos armados ilegais se enfrentaram constantemente pelo
controle territorial. Depois de múltiplos massacres, assassinatos, de-
saparições e deslocamentos forçados pela violência, eventos em que a
população civil teve o maior número de vítimas, o controle territorial
no Magdalena Medio foi conseguido, em maior nível, pelas forças
paramilitares.
No caso de El Garzal o latifundiário Manuel Enrique Barreto,
denunciado por ter ligações com narcotraficantes e paramilitares, ad-
ministrou naquele lugar um centro de coleta e carregamento aéreo de
cocaína. O centro foi desmantelado pela polícia em 1989 (Notiagen,
2011). Barreto tornou-se o maior latifundiário do distrito pratican-
do a grilagem de terras públicas. Atualmente é desconhecido o seu
paradeiro, mas a sua família o declarou morto. A comunidade de El
Garzal, no entanto, duvida da veracidade dessa versão. Por enquanto
continua o conflito de interesses com empresas palmicultoras relacio-
nadas à família de Barreto. Diante da reclamação da titulação das
terras para quem nelas trabalha, a contraparte que demanda essas
terras valeu-se do seu poder econômico e político para que um juiz
local atuasse a seu favor:

Los demandantes también jugaron sus cartas, incluidas


tretas jurídicas y sobornos a autoridades locales, y en di-
ciembre de 2011 un juez de Simití revocó los títulos ya
obtenidos por algunos campesinos y concedió a la familia
Barreto la propiedad de las tierras en litigio, al tiempo
que Salvador Alcántara era amenazado de muerte (Plata;
Cáceres, 2015, p. 512).
Jovens rurais e seus vínculos com o território 131

Desta forma, os grileiros de terras naquela região do país utili-


zam estratégias como a estigmatização das comunidades locais (assi-
nalando-as como favoráveis a um ou outro grupo armado), as amea-
ças às suas lideranças, o abuso de poder e o uso da força armada
para cumprir com seus propósitos de controle político, econômico e
militar dos territórios.
Porém, a comunidade de El Garzal não luta sozinha. Desde o
ano de 2003 várias instituições governamentais e não governamen-
tais têm se interessado por acompanhar o caso. Entre as instituições
governamentais estão a Defensoría del Pueblo e a Unidad de Víctimas
de la Fiscalía (Defensoria Pública e Unidade de Vítimas do Ministério
Público). Quanto às ONGs, os camponeses de El Garzal têm recebi-
do apoio de diferentes organizações como o Programa de Desarrollo
y Paz del Magdalena Medio; a Corporação Pensamiento y Acción
Social (PAS); o Programa Suizo para la Promoción de la Paz en Co-
lombia (SUIPPCOL), o Peace Watch Switzerland (PWS); as Equipos
Cristianos de Acción por la Paz (ECAP); a Asociación Cristiana Me-
nonita de Justicia, Paz y Acción no Violenta (Justapaz) e a Fundación
Menonita Colombiana para el Desarollo Social (Mencoldes). Estas
organizações servem como observadores internacionais da situação
dos camponeses, prestam assessoria em termos jurídicos e lhes ofe-
recem capacitação pertinente às necessidades e interesses da comuni-
dade. No seu depoimento, uma das jovens de El Garzal manifesta a
razão das ONGs serem aliadas importantes da comunidade: “Se eles
não tivessem estado aqui, quem sabe o que essa outra gente [refere-
-se aos expropriadores] tivesse feito há tempos. É pelo pessoal das
ONGs que a gente segue aqui”5 .
Como resultado dessas interações, os camponeses integram nas
suas falas o tipo de discurso político que promovem os funcionários
dessas organizações bem como transformam as suas estratégias de

5
Entrevista com Ester, 29 anos, camponesa. El Garzal, 10 de dezembro de 2016.
132 Ivón Natalia Cuervo | Juan Carlos Aguirre-Neira | Pedro Martins

resistência, comunicação e autoproteção não armada e ampliam os


seus projetos de produção e comercialização.
O contexto histórico, social e econômico anteriormente descrito
faz da comunidade de El Garzal um caso relevante para a análise de
temas de conjuntura nacional. Um desses temas é a reforma agrária,
que, apesar de estar na agenda política nacional há mais de cinquenta
anos, ainda não se concretizou como processo social no país. Por con-
seguinte, a reforma agrária integral é um dos pontos-chave do Acuerdo
de paz (Mesa de Conversaciones, 2017) entre o governo colombiano e
as Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colombia (FARC). Ademais,
estes são tempos decisivos quanto aos investimentos no setor agrope-
cuário e à implementação da política nacional de restituição de terras
às vítimas do conflito armado interno (Lei 1.448 de 2011).

Jovens rurais, ambiente e oportunidades em El Garzal


Apesar de estarem envolvidos em um cenário com tantas dificulda-
des, alguns jovens de El Garzal ainda observam seu futuro com oti-
mismo e pensam de maneira positiva o seu entorno. Eles mesmos
manifestam sentimentos de apego e vontade de trabalhar na terra,
além de valorizarem o trabalho agrícola apesar de reconhecerem que
é pesado e mal pago:

Eu moro aqui desde que era criança. Estou acostumado


a morar no campo, a gente cresce com amor às plantas e
aos animais. Tem sido uma experiência muito linda e, ao
mesmo tempo, muito dolorosa. O mais difícil de morar
aqui é receber ameaças por parte das pessoas que chegam
e dizem que vão nos tirar a terra. Quando nos ameaça-
ram, eu olhava para meus pais e pensava: “o que vamos
fazer? E se formos deslocados, para onde vamos”?6

6
Entrevista com Felipe, 28 anos, camponês. El Garzal, 10 de dezembro de 2016.
Jovens rurais e seus vínculos com o território 133

As experiências em que eles se envolveram de maneira ativa na


produção agropecuária abriram o espaço para que pudessem desen-
volver seus próprios projetos outorgando-lhes certa autonomia: “Eu
tenho seis vacas que recebi de um projeto de empreendimento apoia-
do por Swissaid7 e Asproas. Meu projeto é continuar aumentando o
gado para produção de leite e carne”8 .
Ainda é preciso continuar abrindo novos espaços para que eles
definam estratégias com as quais possam aproveitar seu potencial
para inovar.
Os jovens de El Garzal possuem potencialidades relevantes no
referente à produção agropecuária e ao manejo dos recursos natu-
rais. Em primeiro lugar, por conta de que a Asproas, a associação de
produtores na qual estão inscritos, tem um viés direcionado para a
segurança e soberania alimentar assim como para a produção agro-
pecuária alternativa que prioriza sistemas de produção agroecológi-
cos. O primeiro argumento que sustenta a sua escolha é o fato de
ser ecologicamente pertinente como sistema de produção com menor
impacto no ambiente. Como segundo argumento, os jovens apostam
que os produtos orgânicos poderiam oferecer linhas de comercializa-
ção mais rentáveis para os produtores.
Outro elemento é a tendência a produzir em esquemas diversifi-
cados. Estão cientes de que a produtividade será menor em compara-
ção com as monoculturas, mas concluem que, em troca, serão redu-
zidos os custos em defensivos ou fertilizantes, o que pode melhorar a
rentabilidade e prolongar a qualidade do solo.
Além do anterior, vários jovens de El Garzal realizam atividades
complementares ao trabalho agrícola em um esquema de mobilidade
rural-urbano-rural, como uma estratégia de permanência na região
e sem abrir mão da autonomia econômica e das oportunidades de
trabalho, principais objetivos por eles vislumbrados. Esta dinâmica

7
Swissaid é uma agência de cooperação suíça. Mais informações no portal:
https://www.swissaid.ch/.
8
Entrevista com Ester, 29 anos, camponesa. El Garzal, 10 de dezembro de 2016.
134 Ivón Natalia Cuervo | Juan Carlos Aguirre-Neira | Pedro Martins

pode ser definida como “pluriatividade”, que segundo Wanderley


(2003) não significa, necessariamente, a transição do campo à cidade,
senão uma alternativa para permanecer no campo, destacando assim
“a capacidade de resistência e de adaptação dos agricultores aos no-
vos contextos econômicos e sociais” (p. 48).
Experiências de gestão participativa da biodiversidade com co-
munidades amazônicas evidenciam que é possível reverter a degra-
dação dos recursos e, ao mesmo tempo, melhorar significativamente
alguns indicadores econômicos das populações locais por meio da co-
mercialização de produtos com algum valor agregado e recuperação
da pesca e da fauna silvestre (Álvarez; Shany, 2012). Outros estudos,
em áreas mais degradadas que a floresta amazônica, evidenciam pos-
sibilidades reais para as populações locais. A utilização da floresta se-
cundária como recurso renovável capaz de contribuir com a geração
de renda para comunidades em zonas de fronteira agrícola (como no
caso de El Garzal), além de melhorar os serviços ambientais, garan-
te os serviços sociais que derivam da sua conservação (Smith et al.,
1997). Neste sentido, para os municípios do sul de Bolívar, o recurso
água poderia ser considerado como o principal fator de conservação
da cobertura florestal.
Esta conjuntura pode virar uma oportunidade para que os jo-
vens de El Garzal se envolvam em processos de preservação da flores-
ta com o propósito de garantir como principal serviço ecossistêmico
o recurso hídrico para as atividades agrícolas nas terras baixas – das
quais se beneficiam suas próprias famílias. Este tipo de processo pode
consolidar a permanência e o apego dos jovens ao território como
contraposição aos já conhecidos fenômenos de envelhecimento do
campo por conta do êxodo dos jovens para as cidades.
O sistema agroflorestal em El Garzal integra, em um mesmo ter-
reno, o cultivo do cacau com árvores frutíferas e espécies madeiráveis.
Para as famílias camponesas, habitar e cultivar a terra envolve um
sentido de enraizamento: “El Garzal es una comunidad en donde
la gente vive en su parcela y están aprovechando la tierra. En otras
Jovens rurais e seus vínculos com o território 135

partes no hacen eso, sino que trabajan y se van y no viven en el terri-


torio de ellos”, explica Marcos9. Isto explica por que motivo demons-
trar o uso permanente da terra é um pré-requisito do governo para a
titulação de terras devolutas.
A abundância de recursos ambientais em El Garzal permite en-
xergar as atividades agroecológicas como uma potencialidade impor-
tante para seu desenvolvimento econômico. Adicionalmente, projetos
produtivos das mulheres, como a cria de galinhas crioulas e as hortas
caseiras, são iniciativas que já estão em vigor e que podem ser fortale-
cidas com um investimento pequeno cujos benefícios são consideráveis
tanto para a comunidade quanto para os consumidores externos a ela.

Considerações finais
El Garzal é um caso pouco comum na Colômbia devido ao processo
de resistência não violenta de camponeses perante interesses de lati-
fundiários de expropriá-los das terras. As características diferenciais
dessa comunidade radicam em vários aspectos. Em primeiro lugar,
eles estão organizados, a maioria deles tendo como fundamento a sua
identidade religiosa evangélica. A coesão social daqueles membros da
comunidade radica na percepção de si mesmos como uma “família
na fé”, enxergando o território como uma dádiva divina. Não é por
acaso que a mais reconhecida liderança de El Garzal seja também
pastor de uma das igrejas evangélicas do distrito. Em segundo lugar,
a comunidade soube usar suas conexões com instituições públicas e
privadas, ONGs e com sua rede de contatos dentro das igrejas para
ganhar visibilidade nacional e internacional, assunto que propiciou
que observadores internacionais advoguem pelo bem-estar da comu-
nidade. Por um lado, essas redes externas têm aportado recursos sig-
nificativos para atender às necessidades da comunidade e, por outro

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Entrevista com Marcos, 17 anos, camponês. El Garzal, 29 de novembro de 2016.
136 Ivón Natalia Cuervo | Juan Carlos Aguirre-Neira | Pedro Martins

lado, sua intervenção e presença têm servido como proteção para a


comunidade contra novas tentativas de expropriação, graças a se-
rem organizações com importante reconhecimento perante a opinião
pública.
Como consequência dessas características diferenciais, os habitan-
tes de El Garzal desenvolveram atividades que os vinculam ainda mais
à terra, embora a formalização da propriedade da terra esteja sendo
um processo lento e com não poucos obstáculos. O estabelecimento
de cultivos permanentes através da associação de produtores Asproas,
a construção de pequenas obras de infraestrutura (tais como casas de
tijolo e a barragem), assim como a dedicação às atividades agropecuá-
rias e à moradia permanente, permitem evidenciar que o sentimento de
apropriação que eles têm sobre o seu território pode ir além da posse
formal dos títulos de propriedade. Este princípio permeia todos os de-
poimentos dos jovens entrevistados, independentemente de morarem
ou não em El Garzal.
Apesar da importância ecológica das terras de El Garzal e da
região que a envolve, o discurso ambiental e agroecológico não está
suficientemente apropriado pelos adultos e menos ainda pelos jovens.
Apesar de ter presente que a produção limpa e orgânica é uma opção
ecológica e uma oportunidade econômica, atividades como a caça in-
discriminada de espécies silvestres e a disposição de todo tipo de lixo
no rio evidenciam que, neste sentido, ainda falta muito por avançar.
Iniciativas que aproveitem a experiência e o caminho já percor-
rido pela comunidade em questões de produção agroecológica e sis-
temas agroflorestais são, além de pertinentes, oportunas. Dado que
o forte vínculo com o território pode ser aproveitado para questões
econômicas, também pode fortalecer a territorialidade e consolidar
oportunidades de ação em prol do bem-estar e condições de vida
dignas, características que servem como motivação para permanecer
no campo.
As conquistas socioeconômicas e fundiárias alcançadas pelas ge-
rações de adultos em casos como El Garzal estão em sério risco de se
Jovens rurais e seus vínculos com o território 137

perder por falta de substituição geracional. Se as políticas públicas e


as estratégias privadas de responsabilidade social não integrarem os
jovens rurais, promovendo boas condições de vida, eles seguirão mi-
grando para as cidades e continuarão sendo presas fáceis dos grupos
armados que os recrutam para a guerra e a economia ilegal agravan-
do ainda mais a situação rural colombiana.
A experiência em iniciativas de produção agroflorestal, com li-
neamentos na agroecologia (caso do cacau), tem fortalecido os víncu-
los com o território e o desenvolvimento econômico interno. Futuras
iniciativas que envolvam, além da capacitação, o acompanhamento a
longo prazo para o desenvolvimento deste tipo de projeto agroecoló-
gico poderiam alcançar mercados especializados que reconheçam as
especificidades dos produtos de El Garzal.

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C
Este livro foi composto e impresso no formato 16 cm x 23 cm e man-
cha de 13 cm x 18,8 cm, fonte Sabon, tamanho 11,5 pt, capa dura em
4 cores, miolo em papel Pólen Soft de 80 g/m 2 e impresso pela Gráfi-
ca Editora Pallotti de Santa Maria para as Edições do Instituto Egon
Schaden – IES, no inverno de 2022 – aos 109 anos de nascimento do
Professor Egon Schaden e 200 anos da Independência do Brasil.

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TERRITÓRIO & SOCIABILIDADE
População, Memória e Fronteiras

Edição comemorativa da passagem dos 20 anos de criação do


grupo de pesquisa Práticas Interdisciplinares em Sociabilidades
e Territórios – PEST aos 200 anos da Independência do Brasil.

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