An Alise Real Ii: Prof. Dr. Maur Icio Zahn Ufpel
An Alise Real Ii: Prof. Dr. Maur Icio Zahn Ufpel
An Alise Real Ii: Prof. Dr. Maur Icio Zahn Ufpel
Maurı́cio Zahn
UFPel
Análise real II
texto de mensagem...
Este material foi elaborado durante o Segundo Semestre letivo de 2016, para
atender a Disciplina de Análise Real II que ministrei para os cursoLicenciatura
Matemática da UFPel. Estas notas de aula estão sendo escritas como um
material de apoio para os estudantes, em conjunto com as lista de exercı́cios, e
corresponde ao conteúdo desenvolvido na referida disciplina.
Maurı́cio Zahn
Conteúdo
1 Preliminares 1
1.1 Preliminares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
2 Derivada 5
2.1 Derivadas laterais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.2 A derivada como uma aproximação linear . . . . . . . . . 11
2.3 Regra da Cadeia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.4 Máximo e mı́nimo local . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.5 Funções deriváveis em intervalos . . . . . . . . . . . . . . 21
2.6 Fórmula de Taylor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
n
2.6.1 Derivadas sucessivas e a classe de funções C . . 34
2.6.2 Fórmula de Taylor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
2.7 Funções convexas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
3 Integrais 53
3.1 A integral definida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
3.1.1 Preliminares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
3.1.2 Integrais superior e inferior . . . . . . . . . . . . . . 56
3.1.3 Funções integráveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
3.1.4 Critério de integrabilidade . . . . . . . . . . . . . . 62
3.2 Outras propriedades da integral . . . . . . . . . . . . . . . 71
3.3 O Teorema Fundamental do Cálculo . . . . . . . . . . . . 73
3.3.1 Preliminares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
3.3.2 O Teorema Fundamental do Cálculo . . . . . . . . 76
vii
viii Análise II
4 Séries 93
4.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
4.2 Série geométrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
4.3 Propriedades das séries . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
4.4 Testes de convergência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
4.4.1 Teste da comparação . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
4.4.2 Teste da comparação do limite . . . . . . . . . . . . 104
4.4.3 Teste da razão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
4.4.4 Teste da raiz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
4.5 Série alternada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
4.5.1 Teste da série alternada . . . . . . . . . . . . . . . . 108
4.5.2 Testes da razão e da raiz para séries alternadas . 111
Preliminares
1.1 Preliminares
Definição 1.1 Seja M 6= ∅. Chama-se uma métrica em M toda aplicação
d : M × M → [0, +∞) tal que cumpra as condições: para todos x, y, z ∈ M ,
Em nosso curso o espaço métrico (M, d) será (R, d), onde a métrica d é
definida por d(x, y) = |x − y|, onde | · | denota o módulo de um número real.
De fato, é fácil ver que o conjunto R dos números reais (que é um corpo, c.f.
estudado em Análise I) munido da métrica d(x, y) = |x − y| satisfaz as três
2 Análise II
Exercı́cios
1. Seja M = R2 . Mostre que para x = (x1 , x2 ), y = (y1 , y2 ) ∈ M , a função
|x − y | , se x2 = y2
1 1
d(x, y) =
|x | + |x − y | + |y | , se x 6= y
1 2 2 1 2 2
é uma métrica em M .
e
|d(x, y) − d(z, w)| ≤ d(x, z) + d(y, w).
Derivada
de acumulação.
cos(a + h) − cos a
f 0 (a) = lim ,
h→0 h
e transformando em produto pela fórmula da Trigonometria
p+q p−q
cos p − cos q = −2 sen · sen ,
2 2
assim, usando o primeiro limite notável, vamos obter
( fg )(a + h) − ( fg )(a)
0
f
(a) = lim ,
g h→0 h
se o limite acima existir. Vamos mostrar que tal limite de fato existe, calculando
o seu valor. De fato,
f (a+h) f (a)
( fg )(a + h) − ( fg )(a)
0
f g(a+h) − g(a)
(a) = lim = lim =
g h→0 h h→0 h
Exercı́cios
1. Use a definição de derivada para calcular a derivada de cada função num
ponto de acumulação a do domı́nio:
√
(a) f : (0, +∞) → R, f (x) = x.
(b) f : R → R, f (x) = sen x.
8 Análise II
ln(1 + h)
1 = f 0 (1) = lim ,
h→0 h
prove que
1
f 0 (x) =
x
para todo x > 0.
0
Definição 2.4 Seja f : I → R e a ∈ I ∩ I+ (ou seja, a é um ponto de acu-
mulação à direita de I, pertencente a a), definimos a derivada à direita de f
no ponto a por
0
Definição 2.5 Seja f : I → R e a ∈ I ∩ I− (ou seja, a é um ponto de
acumulação à esquerda de I, pertencente a a), definimos a derivada à esquerda
de f no ponto a por
Exercı́cios
1. Dada f : R → R definida por f (x) = |x|. Calcule as derivadas laterais
0 0
f− (0) e f+ (0). O que concluı́mos sobre a existência de f 0 (0)? O que isso
significa geometricamente?
tem-se
r(h)
lim = 0.
h→0 h
Exemplo. Dado f (x) = sen x, sabemos que para todo a ∈ R, tem-se que
f 0 (a) = cos a. Então,
onde
r(h) sen (a + h) − sen a − cos a · h
lim = lim =
h→0 h h→0 h
sen a · (cos h − 1) sen h cos a · h
= lim + · cos a − = 0.
h→0 h h h
Ou seja, temos que para h pequeno,
temos que
r(h)
lim = 0 (Verifique!)
h
h→0
√
Apenas para comparar, uma calculadora cientı́fica nos fornecerá para 4, 1
a aproximação 2, 0248456731.
Um resultado importante que temos é o seguinte:
r(h)
com lim = 0.
h→0 h
Assim,
lim f (a + h) = f (a),
h→0
ou seja, f é contı́nua em a.
Exercı́cios
√
3
√
4
1. Usando diferenciais, encontre uma aproximação para 9 e para 15.
f (x) f 0 (a)
lim = 0 .
x→a g(x) g (a)
x2 − 1
(c) Calcule lim .
x→1 x − 1
e
g(b + k) = g(b) + g 0 (b) · k + r2 (k)
M. Zahn 15
r1 (h) r2 (k)
com lim = 0 e lim = 0.
h→0 h k→0 k
r2 (f (a + h) − f (a))
Portanto, concluı́mos que → 0 quando h → 0 e então
h
(g ◦ f )0 (a) = g 0 (f (a)) · f 0 (a)
1
f 0 (x) = cos x e g 0 (x) = √ ,
2 x+1
e então
1 cos x
(g ◦ f )0 (x) = g 0 (f (x)) · f 0 (x) = p · cos x = √ .
f (x) + 1 2 sen x + 1
Exercı́cios
1. (Sel. Mestrado UFRGS 2005/2) Seja f, g : R → R tais que f (g(x)) =
x, para todo x ∈ R. Suponha que g seja derivável e com derivada não
nula em todos os pontos. Prove que f é derivável e que
1
f 0 (g(x)) = ,
g 0 (x)
para todo x ∈ R.
1
f (x) = g(x) sen , x 6= 0
x
sabendo que g : R → R é duas vezes derivável com segunda derivada
contı́nua e satisfazendo g(0) = g 0 (0) = g 00 (0) = 0.
M. Zahn 17
Porém, o fato de que f 0 (a) > 0 não implica que exista um δ > 0 tal que f
seja crescente no intervalo (a−δ, a+δ). Para ilustrar isso, vejamos um exemplo.
M. Zahn 19
1 1
xn = π e yn = π .
2nπ + 2 2nπ − 2
−απ 1 1
= 1 1
2
+ 2 + 2 =
2n + 2 2n − 2 π 1
2n + 2 π 2 2n − 12 π 2
2
se, e somente se, 2 − απ > 0, se, e somente se, α < π.
2
Assim, tomando α > 0 tal que 0 < α < π, temos que, ∀n ∈ N, 0 < xn < yn
e f (xn ) > f (yn ).
0 f (x) − f (a)
f+ (a) = lim ≤ 0, ∀x ∈ (a, a + δ),
x→a+ x−a
e
0 f (x) − f (a)
f− (a) = lim− ≥ 0, ∀x ∈ (a − δ, a).
x→a x−a
0 0
Logo, temos que f+ (a) ≤ 0 e f− (a) ≥ 0. Como f é derivável em a, segue
que
f 0 (a) = f+
0 0
(a) = f− (a) = 0.
Tal conceito pode, à primeira vista, parecer estranho, mas alertamos que,
de fato, uma função derivada não precisa ser contı́nua. Um exemplo clássico
para justificar essa observação consiste em considerar a função f : R → R,
definida por
x2 sen 1
x , se x 6= 0
f (x) = .
0 , se x = 0
Não é difı́cil verificar que f é derivável em toda reta, e em particular em
x = 0, mas ao determinar a função derivada f 0 constatamos que a mesma não
é contı́nua em x = 0 (Verifique!)
No entanto, observamos algo surpreendente: existe uma versão do Teorema
do valor intermediário para a derivada, que seria algo similar ao Teorema do
valor intermediário para funções contı́nuas. No entanto, a versão para derivada
que provaremos a seguir não exige que f seja de classe C 1 , ou seja, a função
derivada f 0 não precisa ser contı́nua para o Teorema do valor intermediário
para derivadas. Vejamos.
Como f é derivável em b e tal que f 0 (b) > 0, segue pela Proposição 2.10
que existe δ1 > 0 tal que
∀x ∈ (b − δ1 , b), f (x) < f (b)
e (2.1)
∀x ∈ (b, b + δ ), f (x) > f (b)
1
M. Zahn 23
Do mesmo modo, como f é derivável em a e tal que f 0 (a) < 0, segue pela
Proposição 2.11 que existe δ2 > 0 tal que
∀x ∈ (a − δ2 , a), f (x) > f (a)
e (2.2)
∀x ∈ (a, a + δ ), f (x) < f (a)
2
f (b) − f (a)
f 0 (c) = .
b−a
Obs.: Antes de provar o T.V.M, vejamos seu significado geométrico. Consi-
dere f nas hipóteses do Teorema. Ligando os pontos P (a, f (a)) e Q(b, f (b))
e considerando o triângulo retângulo P QR destacado na figura abaixo, temos
que a tangente do ângulo θ destacado será numericamente igual à inclinação
da reta tangente ao gráfico de f em algum ponto c ∈ [a, b].
M. Zahn 25
Corolário 2.20 Se f : I → R for uma função derivável em I tal que f 0 (x) > 0,
para todo x ∈ I, então f é estritamente crescente em I.
Corolário 2.23 Se f : I → R for uma função derivável em I tal que f 0 (x) < 0,
para todo x ∈ I, então f é estritamente decrescente em I.
Uma observação análoga à Observação 2.21 deve ser feita para este Co-
rolário. Deixemos para o leitor escrever.
Como por hipótese f 0 (x) = g 0 (x), para todo x ∈ I, segue que h0 (x) = 0,
para todo x ∈ I.
Pelo Corolário anterior segue que h(x) = c, onde c é uma constante real.
Portanto, f (x) = g(x) + c.
Então
f (x) − f (y)
≤ M.
x−y
Passando o limite quando x → y, segue que
lim f (x) − f (y) ≤ lim M = M,
x→y x−y x→y
|f 0 (x)| ≤ M.
ou seja, f é de Lispchitz.
f (x) = ln(1 + x) − x.
x ≥ 0 ⇒ f (x) ≤ f (0) = 0,
ex − x > e0 − 0 = 1 ⇒ ex > 1 + x.
ex − x > e0 − 0 = 1 ⇒ ex > 1 + x.
ex > 1 + x,
Conclusão: ex ≥ 1 + x, ∀x ∈ R.
segue que
Exercı́cios
1. Seja f : [a, b] → R contı́nua, derivável em (a, b). Suponha que f (a) =
f (b) = 0. Então, dado um k ∈ R, mostre que existe c ∈ R tal que
f 0 (c) = k · f (c).
Sugestão. Tome p(x) = f (x) · e−kx a aplique o Teorema de Rolle.
√ 1
3. Mostre que 1 + h < 1 + h, se h > 0.
2
√
4. Aplique o Teorema do Valor Médio a f (x) = x em [100, 101] para
mostrar que
√ 1
101 = 10 + √
2 c
para algum c em (100, 101).
5. Explique por que o Teorema do Valor Médio não se aplica à função f (x) =
|x| no intervalo [−1, 2].
6. Seja f contı́nua em [1, 3] e derivável em (1, 3). Suponha que, para todo
x ∈ (1, 3), vale que 1 ≤ f 0 (x) ≤ 2, Prove que 2 ≤ f (3) − f (1) ≤ 4.
π 2x − 1 π 2x − 1 1
(d) + √ < arcsen x < + √ , para 2 < x < 1. Observe
6 3 6 2 1 − x2
que arcsen 12 = π6 .
10. Seja f duas vezes derivável no intervalo [0, 2]. Mostre que se f (0) = 0,
f (1) = 2 e f (2) = 4, então existe um x0 ∈ (0, 2) tal que f 00 (x0 ) = 0.
11. Seja f : R → R derivável tal que f (π) = π e f (e) = e. Mostre que existe
x ∈ R tal que f 0 (x) = 1.
12. Suponha que f é uma função derivável com f 0 (x) = x2 f (x), para todo
x ∈ R, e tal que f (0) = 1. Mostre que f (x) · f (−x) = 1, para todo x ∈ R.
então
r(h)
lim = 0,
h
h→0
ou seja, obtemos uma aproximação linear de f numa vizinhança do ponto a,
com um erro (resto) r(h).
Vamos demonstrar uma fórmula que nos permita obter uma aproximação
melhor do que a linear. Antes, porém, necessitamos estabelecer o conceito de
derivadas sucessivas e funções de classe C n , n ∈ N.
pois é fácil ver que ∃ fn0 (0) = fn0 − (0) = fn0 + (0) = 0. Portanto, concluı́mos que
(n)
Seguindo por indução, chegaremos a fn (x) = (n + 1)!f0 (x), onde f0 (x) =
|x|, que é contı́nua, mas não é derivável em x = 0. Portanto, concluı́mos que
para todo n fixado, temos que fn ∈ C n , mas fn 6∈ C n+1 .
Definição 2.32 Quando f for infinitamente derivável com com todas as de-
rivadas f (n) contı́nuas, n = 0, 1, 2, 3, ..., diremos que f é uma função de classe
C ∞ , e escrevemos f ∈ C ∞ .
36 Análise II
(i) ⇒ (ii):
(a) Quando n = 1, ou seja, suponha que vale r(0) = r0 (0) = 0. Então,
r(h) r(h) − r(0)
lim = lim = r0 (0) = 0.
h→0 h h→0 h−0
Logo, vale a base da indução.
(b) Dado que r(0) = r0 (0) = ... = r(n) (0) = 0, e suponha que (ii) esteja provado
até a ordem n − 1, ou seja, que vale
r(h)
lim = 0.
h→0 hn−1
Aplicando essa hipótese de indução para r0 (h), obtemos
r0 (h)
lim = 0.
h→0 hn−1
Assim, dado ε > 0, segue que existe δ > 0, tal que, ∀0 < |h| < δ, implica em
0
r (h)
hn−1 − 0 < ε.
e como 0 < c < h < δ, segue que h1 < 1c , e daı́ obtemos a majoração
r(h) r0 (c) r0 (c)
hn hn−1 cn−1 < ε.
= <
r(h)
Isso prova que lim = 0 e, portanto, pelo Princı́pio da Indução Ma-
h→0hn
temática segue que vale (ii).
(ii) ⇒ (i):
r(h)
(a) Suponha que (ii) vale para n = 1, ou seja, que vale lim = 0. Então,
h→0 h
como r e r0 são deriváveis, e portanto contı́nuas, segue que
r(h)
r(0) = lim h · = 0,
h→0 h
e
r(h) − r(0) r(h)
r0 (0) = lim = lim = 0.
h→0 h−0 h→0 h
Defina ϕ : I → R por
r(n) (0) n
ϕ(h) = r(h) − h .
n!
Assim, temos que ϕ é n vezes derivável em 0, com
e como
r(n) (0)
ϕ(n) (h) = r(n) (h) − = r(n) (h) − r(n) (0),
0!
segue que
ϕ(n) (0) = r(n) (0) − r(n) (0) = 0.
r(n) (0) n
r(h) = ϕ(h) + h ,
n!
e daı́, segue que
r(n) (0) n
r(h) ϕ(h) + h ϕ(h) r(n) (0)
lim n = lim n! = lim + lim . (2.8)
h→0 h h→0 hn h→0 hn h→0 n!
Pela hipótese de indução (2.4) e por (2.7), temos que (2.8) fornece
r(n) (0) = 0,
como querı́amos mostrar. Isso conclui a prova da indução que (ii) ⇒ (i).
Portanto, conclui-se a prova do Lema.
Afirmamos que as derivadas p(0) (0), p0 (0), p00 (0), ..., p(n) (0) determinam de
forma única o polinômio p(h), pois
f (k) (a)
ak = .
k!
Portanto, o polinômio de Taylor de ordem n da função f : I → R no ponto
a ∈ I fica unicamente determinado por
r(h)
lim = 0. (2.11)
h→0 hn
Vamos mostrar que p(h) é o polinômio de Taylor. Note que, por construção,
temos que r(h) possui derivadas no ponto 0 até a ordem n. Dessa forma,
observando (2.11), estamos nas hipóteses do Lema 2.33. Assim, concluı́mos
que
r(0) = r0 (0) = r00 (0) = ... = r(n) (0) = 0. (2.12)
Logo, f (k) (a) = r(k) (0), e daı́ segue pela Definição 2.34 que p(h) é o po-
linômio de Taylor, o qual já mostramos ser único, e é da forma
n
X f (k) (a)
p(h) = hk .
k!
k=0
(a) se n for ı́mpar, então a não é ponto de máximo local, nem ponto de mı́nimo
local para f .
f (n) (a) n
(n)
f (a) r(h)
f (a + h) − f (a) = h + r(h) = + n hn .
n! n! h
• se f (n) (a) > 0 então f (a + h) − f (a) > 0 para 0 < h < δ, e daı́ é
mı́nimo local para f ,
• se f (n) (a) < 0 então f (a + h) − f (a) < 0 para 0 < h < δ, e daı́ é
máximo local para f .
Teorema 2.38 (Fórmula de Taylor com resto de Lagrange) Seja f uma função
n vezes derivável no intervalo aberto do tipo (a − δ, a + δ), onde δ > 0, com
f (n−1) contı́nua em [a − δ, a + δ]. Então, dado b ∈ (a − δ, a + δ), existe c entre
a e b tal que
f 00(a) f (n−1)(a) f (n)(c)
f (b) = f (a)+f 0 (a)(b−a)+ (b−a)2 +...+ (b−a)n−1 + (b−a)n .
2! (n − 1)! n!
Além disso, pondo b = a + h, segue que existe θ ∈ (0, 1) tal que
f 00 (a) 2 f (n−1) (a) n−1 f (n) (a + θh) n
f (a + h) = f (a) + f 0 (a)h + h + ... + h + h .
2! (n − 1)! n!
Observação. Note que o caso n = 1 é o T.V.M. usual.
Exercı́cios
1. Seja fn : R → R definida por
x2n sen 1 se x 6= 0
x
fn (x) = .
0 se x = 0
Mostre que fn é n vezes derivável, mas que sua ene-ésima derivada não
é contı́nua no ponto x = 0, logo, f 6∈ C n .
2. Use a igualdade
1 xn+1
= 1 + x + ... + xn +
1−x 1−x
e a Fórmula de Taylor infinitesimal para calcular as derivadas sucessivas,
1
no ponto x = 0, da função f : (−1, 1) → R, dada por f (x) = .
1−x
3. Seja f : R → R uma função par, i.e., f (x) = f (−x), para todo x ∈
R. Mostre que na expressão da fórmula de Taylor em torno de 0 não
aparecem as derivadas ı́mpares em 0. Enuncie e demonstre um resultado
análogo para funções ı́mpares, i.e., tais que f (x) = −f (−x), para todo
x ∈ R.
44 Análise II
(a) Se f é não decrescente, prove que f 0 (x) ≥ 0 para todo x ∈ (a, b).
(b) Suponha que f (x) < f (y) para todos x, y ∈ (a, b) tais que x > y.
Podemos afirmar que a derivada de f é estritamente menor que zero
em todos os pontos de (a, b)?
(c) Suponha agora que f é duas vezes diferenciável em (a, b), e que a
derivada de segunda ordem de f é estritamente positiva. Prove que
f pode ter no máximo um ponto de mı́nimo local.
onde j = 0, 1, 2.
M12 ≤ 4 · M0 · M2 .
f 0 (x)2 ≤ C · f (x).
f (b) − f (a)
y = f (a) + (x − a).
b−a
Logo, como (x, f (x)) está abaixo do gráfico da reta secante acima destacada,
segue que
f (b) − f (a)
f (x) ≤ f (a) + (x − a),
b−a
ou seja,
f (x) − f (a) f (b) − f (a)
≤ . (2.13)
x−a b−a
Por outro lado, a equação da reta secante ao gráfico de f também pode ser
escrita por
f (b) − f (a)
y = f (b) + (x − b),
b−a
e, do mesmo modo, como (x, f (x)) está abaixo do gráfico da reta secante acima
destacada, segue que
f (b) − f (a)
f (x) ≤ f (b) + (x − b),
b−a
ou seja, (e não esquecendo que x − b < 0, por isso trocamos a desigualdade que
segue)
f (x) − f (b) f (b) − f (a)
≥ ,
x−b b−a
ou melhor,
f (b) − f (x) f (b) − f (a)
≥ . (2.14)
b−x b−a
Juntando (2.13) e (2.14) obtemos
Mais ainda, sendo f convexa em I, se a < b < c < d, pode-se mostrar que
Logo,
f (c) = f (λx1 + (1 − λ)x2 ).
f (x2 ) − f (x1 )
y = f (x1 ) + (x − x1 ),
x2 − x1
48 Análise II
e como todo ponto do gráfico de f no intervalo [x1 , x2 ] fica abaixo de tal reta,
segue que, em particular quando x = c, teremos
f (x2 ) − f (x1 )
f (c) ≤ f (x1 ) + (c − x1 ),
x2 − x1
onde c = λx1 + (1 − λ)x2 , ou seja,
f (x2 ) − f (x1 )
f (λx1 + (1 − λ)x2 ) ≤ f (x1 ) + (λx1 + (1 − λ)x2 − x1 ),
x2 − x1
o que, organizando adequadamente a direita da desigualdade acima, obtemos
temos
λ1 λn−1
f (y) = f ( x1 + ... + xn−1 ) ≤
1 − λn 1 − λn
λ1 λn−1
≤ f (x1 ) + ... + f (xn−1 ),
1 − λn 1 − λn
o que, levado para (2.17), fornece
f 00 (c1 )
f (a − h) = f (a) + f 0 (a)(−h) + (−h)2 ,
2!
e
f 00 (c2 ) 2
f (b + h) = f (b) + f 0 (b)h + h .
2!
Mas como f 00 (x) ≥ 0 para todo x ∈ I, vamos obter
e portanto,
f (a) − f (a − h) f (b + h) − f (b)
≤ f 0 (a) e ≥ f 0 (b). (2.18)
h h
Novamente pelo Corolário 2.19, como f 00 (x) ≥ 0, ∀x ∈ I, segue que f 0 é
crescente em I, ou seja,
f (a) − f (a − h) f (b + h) − f (b)
≤ f 0 (a) ≤ f 0 (b) ≤ .
h h
Por fim, escrevendo x = a − h e y = b + h, temos que x < a < b < y e são
tais que
f (a) − f (x) f (y) − f (b)
≤ ,
a−x y−b
ou seja, f é convexa em I.
1 ln x1 1 x1 + ... + xn
≤ e + ... + eln xn = .
n n n
1
Exemplo 2. (Desigualdade de Young) Dados p, q > 1 tais que p + 1q = 1, para
quaisquer a, b ≥ 0, vale a desigualdade:
ap aq
a·b≤ + .
p q
52 Análise II
1 1 1 1 1 p 1 q 1 1
a·b = f ( ln ap + ln aq ) ≤ f (ln ap )+ f (ln bq ) = eln a + eln b = ap + bq .
p q p q p q p q
Capı́tulo 3
Integrais
Definição 3.2 Sejam f : [a, b] → R limitada e P uma partição de [a, b]. Defi-
nimos o ı́nfimo e o supremo1 de f em cada subintervalo [ti−1 , ti ] da partição,
respectivamente, por
Análise I.
M. Zahn 55
Lema 3.4 Seja f : [a, b] → R limitada e P uma partição de [a, b]. Então
s(f ; P ) ≤ S(f ; P ).
Demonstração. O que este Lema está nos dizendo é que, dada uma partição
P de [a, b], a soma inferior sempre é menor ou igual do que a soma superior.
Facilmente podemos observar isto mediante uma construção gráfica, como a
ilustração apresentada na definição de somas superior e inferior acima. Porém
vamos à prova deste Lema. Seja P uma partição qualquer de [a, b]. Como
mi ≤ Mi , e ti − ti−1 > 0 ∀i ∈ {0, 1, ..., n}, temos
ou seja,
s(f ; P ) ≤ S(f ; P ).
O que esta definição quer dizer é que um refinamento de uma partição é uma
outra partição do intervalo que contém todos os pontos da partição anterior e
pelo menos mais um ponto. Isto pode ser observado na ilustração abaixo, onde
Q é um refinamento de P .
56 Análise II
Lema 3.6 Sejam f : [a, b] → R limitada , P e Q duas partições de [a, b], com
P ⊂ Q (i.e., Q é um refinamento de P ). Então
Obs.: O que este lema está nos informando significa que, ao refinarmos uma
partição P , a soma inferior não diminui e a soma superior não aumenta. Ob-
serve que a desigualdade intermediária é simplesmente o lema anterior. Preci-
sarı́amos mostrar então as outras duas. Porém, deixaremos para o leitor fazer
algumas construções gráficas e concluir o resultado.
ou seja, qualquer soma inferior é sempre menor ou igual do que qualquer soma
superior.
Z b Z b
Assim, temos pelo comentado acima e pelo Corolário 3.7 que f≤ f.
a a
Mais adiante usaremos estes resultados.
não é integrável.
Considere P = {a = t0 < t1 < ... < tn = b} uma partição qualquer de [0, 1].
Assim, pela densidade dos irracionais em R temos
mi = inf f (x) = 0.
x∈[ti−1 ,ti ]
Mi = sup f (x) = 1.
x∈[ti−1 ,ti ]
Logo,
n
X
S(f ; P ) = Mi (ti − ti−1 ) = (t1 − t0 ) + (t2 − t1 ) + ... + (tn − tn−1 ) =
i=1
= tn − t0 = 1 − 0 = 1,
e Z 1
f = inf{S(f ; P ) : P é partição } = 1
0
Disso, segue que
Z 1 Z 1
f =0<1= f,
0 0
M. Zahn 59
Logo, temos
Z 1 Z 1
1 1 1 1
− = s(f ; Pn ) ≤ f≤ f ≤ S(f ; Pn ) = − .
2 n 0 0 2 n
Z 1
1
Logo, f é integrável, com f= .
0 2
Realmente, observando que f ≥ 0 em [0, 1], tal integral corresponde à área que
o gráfico de f forma com o eixo horizontal em [0, 1].
Z b
Exemplo 3. f : [0, b] → R dada por f (x) = x2 . Vamos calcular x2 .
0
Portanto,
n n
X X b
S(f ; Pn ) = Mi (ti − ti−1 ) = f (ti ) =
i=1 i=1
n
2 2 2 2 2 2 2 2
b3 2
b 1 b 2 b 3 b n b
= + 2 + 2 + ... + 2 = (1 + 22 + 32 + ... + n2 )
n n2 n n n n3
Observemos aqui um resultado importante que pode ser provado por indução
matemática sobre n:
n(n + 1)(2n + 1)
12 + 22 + 32 + ... + n2 = .
6
Com isto, continuando os cálculos, temos
b3 2 b3 n(n + 1)(2n + 1)
S(f ; Pn ) = 3
(1 + 22 + 32 + ... + n2 ) = 3 · =
n n 6
b3 b3
1 1
= 1+ 2+ −→ quando n → ∞.
6 n n 3
Por outro lado,
n n n 2
X X b b X (i − 1)b
s(f ; Pn ) = mi (ti − ti−1 ) = f (ti−1 ) = =
i=1 i=1
n n i=1 n
62 Análise II
b3 2 b3 (n − 1)n(2n − 1)
= 3
(0 + 12 + ... + (n − 1)2 ) = 3 · .
n n 6
Portanto,
b3 b3
1 1
s(f ; Pn ) = 1− 2− −→ quando n → ∞.
6 n n 3
Assim,
b b
b3
Z Z
f= f= .
0 0 3
Portanto, f é integrável e
b
b3
Z
x2 dx = .
0 3
Obs.: Para resolver o problema de integração acima, utilizamos de uma igual-
dade, que pode ser provada por indução matemática sobre n. Citemos aqui
outras igualdades que serão úteis em exercı́cios:
n
X
(a) k = k · n, ∀n ≥ 1.
i=1
n(n + 1)
(b) 1 + 2 + 3 + ... + n = , ∀n ≥ 1.
2
n(n + 1)(2n + 1)
(c) 12 + 22 + 32 + ... + n2 = , ∀n ≥ 1.
6
2
n(n + 1)
(d) 13 + 23 + 33 + ... + n3 = , ∀n ≥ 1.
2
Note, por exemplo, que a igualdade (a) nos diz que ao somar uma constante
k com ela mesma n vezes obtemos n · k e a igualdade (b) é nada mais, nada
menos, do que a soma dos n primeiros números naturais, que corresponde à
soma de n termos da progressão aritmética (1, 2, 3, ..., n). Procure provar as
quatro igualdades acima como exercı́cio usando a indução matemática.
Lema 3.11 Uma função limitada f : [a, b] → R é integrável se, e somente se,
∀ε > 0, ∃ P partição de [a, b] tal que
Portanto, obtemos
(a) f é integrável;
n
X n
X
= sup f (x)(ti − ti−1 ) − inf f (x)(ti − ti−1 ) =
x∈[ti−1 ,ti ]
i=1 x∈[ti−1 ,ti ] i=1
O lema abaixo sobre ı́nfimo e supremo será útil para o teorema seguinte.
Lema 3.14 Sejam f, g : [a, b] → R limitadas em [a, b]. Então, valem as desi-
gualdades
sup(f + g) ≤ sup f + sup g
e
inf(f + g) ≥ inf f + inf g.
Como esta desigualdade é verdadeira para todo x em [a, b], valerá, em particular
para o supremo de f + g, ou seja,
Z b Z b Z b
(b) Se f ≥ 0, então f ≥ 0. Em particular, se f ≥ g, então f≥ g.
a a a
Z
b Z b
(c) f ≤ |f |. Além disso, se f é limitada por M > 0, então
a a
Z
b
f ≤ M (b − a).
a
Z b Z a
(d) f =− f.
a b
Z b Z c Z b
(e) f= f+ f.
a a c
(f ) f · g é integrável.
Demonstração. Faremos as provas dos itens (a), (c) e (f). Os demais deixa-
mos para o leitor (podem ser encontrados em livros...)
(a) Seja P = {a = t0 < t1 < ... < tn = b} uma partição qualquer de [a, b].
Aplicando o Lema acima em cada subintervalo [ti−1 , ti ] temos
n
X n
X
S(f + g; P ) = sup(f + g)(ti − ti−1 ) ≤ (sup f + sup g)(ti − ti−1 ) =
i=1 i=1
n
X n
X
= sup f (ti − ti−1 ) + sup g(ti − ti−1 ) = S(f ; P ) + S(g; P ).
i=1 i=1
Logo,
S(f + g; P ) ≤ S(f ; P ) + S(g; P ). (3.1)
M. Zahn 67
Também temos
n
X n
X
s(f + g; P ) = inf(f + g)(ti − ti−1 ) ≥ (inf f + inf g)(ti − ti−1 ) =
i=1 i=1
n
X n
X
= inf f (ti − ti−1 ) + inf g(ti − ti−1 ) = s(f ; P ) + s(g; P ).
i=1 i=1
Logo,
s(f + g; P ) ≥ s(f ; P ) + s(g; P ). (3.2)
Z b Z b Z b
f +g ≤ f+ g. (3.3)
a a a
o que prova a primeira parte de (a), que mostra a linearidade da integral defi-
nida.
Rb Rb
Vejamos a prova da segunda parte, ou seja, mostrar que a
cf = c a
f . Se
c = 0, não temos nada a mostrar.
Considere o caso c > 0. Como f é integrável em [a, b], dado ε > 0 segue que
existe partição P de [a, b] tal que
ε
S(f ; P ) − s(f ; P ) < .
c
Note que, como
segue que
ε
S(c · f ; P ) − s(c · f ; P ) = c (S(f ; P ) − s(f ; P )) < c · = ε,
c
Rb Rb
ou seja, cf é integrável com a
cf = c a
f.
Já o caso onde c < 0 se faz analogamente, pois basta considerar −c > 0.
Passando o sinal negativo para fora da integral, pois é possı́vel de acordo com
(a), temos
Z b Z b Z b
− |f (x)|dx ≤ f (x)dx ≤ |f (x)|dx,
a a a
M. Zahn 69
Rb
Resta mostrar apenas que a
1 dx = b − a. Realmente, Para calcular esta
integral, note primeiramente que g(x) = 1, ∀x ∈ [a, b]. Assim, dada qualquer
partição P = {a = t0 < t1 < ... < tn = b} de [a, b] temos que
= t1 − t0 + t2 − t1 + ... + tn − tn−1 = tn − t0 = b − a.
Portanto,
Z b
dx = b − a,
a
e daı́ concluı́mos que
Z
b Z b
f (x)dx ≤ M dx = M (b − a).
a a
Seja P = {a = t0 < t1 < ... < tn = b} uma partição de [a, b]. Assim, dados
x, y ∈ [ti−1 , ti ], temos
e como f e g são limitadas por M > 0, |g(x) − g(y)| ≤ ω(g; [ti−1 , ti ]) e |f (x) −
f (y)| ≤ ω(f ; [ti−1 , ti ]), segue que a estimativa acima fica majorada por
|(f g)(x) − (f g)(y)| = |h(x) − h(y)| ≤ M [ω(g; [ti−1 , ti ]) + ω(f ; [ti−1 , ti ])].
n
X
+M ω(f ; [ti−1 , ti ])(ti − ti−1 ).
i=1
Como f e g são integráveis, por hipótese, segue que dado ε > 0, existe
partição P de [a, b] tal que
n
X ε
ω(f ; [ti−1 , ti ])(ti − ti−1 ) < ,
i=1
2M
e
n
X ε
ω(g; [ti−1 , ti ])(ti − ti−1 ) < .
i=1
2M
M. Zahn 71
Portanto,
n
X ε ε
ω(f g; [ti−1 , ti ])(ti − ti−1 ) ≤ M · +M · = ε,
i=1
2M 2M
e assim, temos
n
X n
X
ω(f ; [ti−1 , ti ])(ti − ti−1 ) = (f (ti ) − f (ti−1 ))(ti − ti−1 ) =
i=1 i=1
n
b−aX b−a b−a
= (f (ti ) − f (ti−1 )) = (f (b) − f (a)) = (M − m) < ε.
n i=1 n n
Logo, f é integrável em [a, b].
72 Análise II
Assim, dado ε > 0, existe δ > 0 tal que, dados x, y ∈ [a, b] com |x − y| < δ,
ε
implica em |f (x) − f (y)| < b−a .
b−a
Tome n ∈ N tal que n < δ, e seja P = {a = t0 < t1 < ... < tn = b} a
partição regular de [a, b]. Logo,
b−a
ti = a + i · , i = 0, 1, 2, ..., n,
n
ε
|f (x) − f (y)| < .
b−a
ε
Em particular, sup f (x) − inf f (y) < , ou seja,
x∈[ti−1 ,ti ] y∈[ti−1 ,ti ] b−a
ε
ω(f ; [ti−1 , ti ]) < .
b−a
3.3.1 Preliminares
Definição 3.18 Dizemos que uma função f : [a, b] → R é de Lipschitz se
∃M > 0 tal que ∀x, y ∈ [a, b],
Observe que, se uma função f for de Lipschitz segue que a mesma possui
um certo controle sobre a derivada, uma vez que, podemos escrever
|f (x) − f (y)|
≤ M,
|x − y|
o que mostra que, fazendo x → y temos que |f 0 (x)| ≤ M , ou seja, para uma
função f que cumprir a condição de Lipschitz, os coeficientes angulares das retas
tangentes ao gráfico de tal f variam entre −M e M , ou seja, as inclinações das
retas tangentes ao gráfico de f em [a, b] ficam controladas pela constante de
Lipschitz M .
Vejamos alguns exemplos.
Exemplo 1. A função f : R → R dada por f (x) = sen x é de Lipschitz.
√
Exemplo 2. A função f : [0, +∞) → R dada por f (x) = x não é de Lips-
chitz.
De fato, se por absurdo f fosse de Lipschitz, então, ∀x, y ∈ [0, +∞), existiria
M > 0 tal que
|f (x) − f (y)| ≤ M |x − y|.
1
Em particular, tome x = 0 e y = , onde n ∈ N (note que quanto maior for o
n
valor do natural n, mais perto de x estará y). Disso, temos
M. Zahn 75
1 1
|f (x) − f (y)| = f (0) − f ( ) = √ .
n n
Logo,
1 1 M
|f (x) − f (y)| ≤ M |x − y| ⇒ √ ≤ M 0 − = .
n n n
Portanto, terı́amos
n √
√ ≤ M ⇒ n ≤ M, ∀n ∈ N.
n
Mas isto implica que o conjunto n dos naturais seria limitado superiormente
por M , o que é um absurdo. Portanto, concluı́mos que tal função f não é de
Lipschitz.
Abaixo temos o esboço gráfico da função f , bem como uas retas tangentes
próximas à origem, indicando geometricamente que as inclinações das mes-
mas aumentam gradativamente à medida que tomamos pontos cada vez mais
próximos de zero (observe que exatamente em x = 0 f não é derivável).
ε
Dado ε > 0. Basta tomar δ = . Assim, ∀x, y ∈ [a, b] tal que |x − y| < δ,
M
temos
ε
|f (x) − f (y)| ≤ M |x − y| < M δ = M = ε.
M
Portanto, f é contı́nua em [a, b].
76 Análise II
Sendo f integrável, segue que f é limitada. Assim, ∃K > 0 tal que |f (x)| ≤
K, ∀x ∈ [a, b]. Portanto, ∀x, y ∈ [a, b] temos
Z x Z y Z a Z y
|F (x) − F (y)| =
f (t)dt − f (t)dt = − f (t)dt − f (t)dt =
a a x a
Z
y Z
x Z x
= f (t)dt ≤ |f (t)|dt ≤ Kdt = K|x − y|.
x y y
Observe que a proposição acima nos diz que F é uma função que melhora a
continuidade de f , ou seja, regulariza a f , uma vez que não se exige que f seja
contı́nua, mas apenas limitada e no entanto F sempre será contı́nua, indepen-
dente de f ser ou não.
1
é fácil ver que f não é contı́nua em x = . No entanto, temos que F : [0, 1] → R
2
é dada por
( Rx
0dt, se 0 ≤ x < 21
F (x) = R012 Rx 1
0
0dx + 1 1 dt, se 2 ≤ x ≤ 1.
2
ou seja, (
1
0, se 0 ≤ x < 2
F (x) = 1 1
x− 2, se 2 ≤x≤1
cujo esboço gráfico é apresentado a seguir.
78 Análise II
Repare ainda que a área que f forma com o eixo horizontal, no intervalo
[0, 43 ] corresponde à área de um retângulo de base b = 1 − 34 = 1
4 e altura h = 1,
1 1
ou seja, A = 4 ·1 = 4 unidades de área. Realmente, isto pode ser observado
na função F simplesmente como A = F ( 43 ) = 3
4 − 1
2 = 1
4 unidades de área.
O próximo teorema nos fornece um resultado extremamente interessante, que
nos diz que continuidade de f nos garante derivabilidade de F .
quando h → 0.
Como f é contı́nua em x0 , segue que, dado ε > 0, ∃δ > 0 tal que |t − x0 | < δ
implica em |f (t) − f (x0 )| < ε, ou seja −ε < f (t) − f (x0 ) < ε.
1 x0 +h
Z
Assim, notando que f (x0 ) = f (x0 )dt, temos
h x0
"Z x0 +h Z x0 #
F (x0 + h) − F (x0 ) 1
− f (x0 ) = f (t)dt − f (t)dt − f (x0 ) =
h h a a
M. Zahn 79
"Z Z x0 +h #
1 a
= f+ f − f (x0 ) =
h x0 a
Z
1 x0 +h 1 x0 +h
Z
= f (t)dt − f (x0 )dt =
h x0 h x0
Z Z
1 x0 +h 1 x0 +h 1
= [f (t) − f (x0 )]dt < ε dt = ε · h = ε
h x0 h x0 h
Obs.: Exige-se no Teorema acima que f 0 seja integrável para se evitar si-
tuações como por exemplo, f : (0, +∞) → R dada por f (x) = ln x. Temos que
∃f 0 : (0, +∞) → R, f 0 (x) = x1 , mas no entanto, a área que o gráfico deste ramo
de hipérbole forma seria infinita e, portanto, não existiria realmente uma área.
Assim,
n
X
f (b) − f (a) = f (ti ) − f (ti−1 ).
i=1
Logo,
m0i (ti − ti−1 ) ≤ f 0 (ci )(ti − ti−1 ) ≤ Mi (ti − ti−1 ).
ou seja,
s(f 0 ; P ) ≤ f (b) − f (a) ≤ S(f 0 ; P )
Como, por hipótese, f 0 é integrável, dado ε > 0, ∃ P partição de [a, b] tal que
Portanto Z b
f 0 (x)dx = f (b) − f (a).
a
(f · g)0 = f 0 · g + f · g 0 ,
Assim, Z 1 Z 1
0
ϕ(1) = ϕ(0) + ϕ (t)dt = ϕ(0) − −1 · g(t)dt =
0 0
Z 1
= ϕ(0) − f 0 (t)g(t)dt.
0
e daı́ Z 1 Z 1
0
ϕ(1) = ϕ(0) − f (t)g(t)dt = ϕ(0) − udv =
0 0
Z 1
= ϕ(0) − uv|1 − uv|0 − vdu =
0
Z 1
= ϕ(0) − g(t)(1 − t)|1 + g(t)(1 − t)|0 + (1 − t)g 0 (t)dt =
0
Z 1
= ϕ(0) + ϕ0 (0) + (1 − t)ϕ00 (t)dt.
0
M. Zahn 83
1
(1 − t)2 000
Z
0 001
= ϕ(0) + ϕ (0) + 0 − ϕ (0) − − − ϕ (t)dt,
2 0 2
ou seja,
1
ϕ00 (0) (1 − t)2 000
Z
ϕ(1) = ϕ(0) + ϕ0 (0) + 0 + + ϕ (t)dt.
2 0 2
(1−t2 )
Tomando u = ϕ000 (t) e dv = 2 dt, obtemos
(1 − t)3
du = ϕ(4) (t)dt e v=− ,
2·3
e com isso, pelo Teorema da integração por partes, vem
Z 1
ϕ00 (0)
ϕ(1) = ϕ(0) + ϕ0 (0) + + uv|1 − uv|0 − vdu =
2 0
Z 1
ϕ00 (0) (1 − t)3 (4)
0 000 1
= ϕ(0) + ϕ (0) + + 0 − ϕ (0) − − − ϕ (t)dt,
2 2·3 0 2·3
ou seja,
1
ϕ00 (0) ϕ000 (0) (1 − t)3 (4)
Z
0
ϕ(1) = ϕ(0) + ϕ (0) + + + ϕ (t)dt.
2 2·3 0 2·3
Teorema 3.27 (Fórmula de Taylor com resto integral) Seja f uma função de
classe C n+1 definida em um intervalo aberto contendo [a, a + h]. Então
1
f 00 (a) 2 f (n) (a) (1 − t)n (n+1)
Z
f (a+h) =f (a)+f 0 (a)h+ h +...+ + f (a+th)hn+1 dt.
2! n! 0 n!
84 Análise II
ϕ(t) = f (a + th).
Logo, ϕ é de classe C n+1 pois f o é. Além disso, ϕ(1) = f (a + h) e pela Regra
da Cadeia,
ϕ0 (t) = f 0 (a + th)h.
Teorema 3.28 Seja f : [a, b] → R contı́nua. Então, existe c ∈ (a, b) tal que
Z b
1
f (c) = f (x)dx.
b−a a
Teorema 3.29 Sejam f, g : [a, b] → R funções contı́nuas com g(x) > 0, para
todo x ∈ [a, b]. Então, existe c ∈ [a, b] tal que
Z b Z b
f (x)g(x) dx = f (c) g(x) dx.
a a
86 Análise II
ou seja,
Z b Z b Z b
m g(x) ≤ f (x)g(x) ≤ M g(x),
a a a
Rb
e como g(x) > 0, ∀x, segue que a
g > 0 e daı́
Rb
a
f (x)g(x)
m≤ Rb ≤ M.
a
g(x)
Corolário 3.30 Sejam f, g : [a, b] → R funções contı́nuas com g(x) < 0, para
todo x ∈ [a, b]. Então, existe c ∈ [a, b] tal que
Z b Z b
f (x)g(x) dx = f (c) g(x) dx.
a a
Pelo Teorema 3.22 temos que F é contı́nua e então derivável com F 0 (x) = f (x).
Teorema 3.33 Seja f : [a, b] → R uma função limitada. Então, para todo
ε > 0, existe δ > 0 tal que, se P for uma partição qualquer de [a, b] com
||P || < δ, tem-se
Z b Z b
f ≤ S(f ; P ) < f + ε.
a a
M. Zahn 89
Tome
ε
δ= , (3.10)
2·M ·n
onde M > 0 é a constante acima definida e n é o número de subintervalos de P0 .
De fato, seja P = {a = r0 < r1 < r2 < ... < rn = b} uma partição qualquer
de [a, b] tal que ||P || < δ.
X X
S(f ; P ) = Mj (rj , rj−1 ) + Mk (rk − rk−1 ) ≤
j k
n
X X
≤ Mi (ti − ti−1 ) + M · δ ≤ S(f ; P0 ) + M · n · δ,
i=1 k
Demonstração. De fato, dado ε > 0, pelo Teorema 3.33 segue que existe
δ > 0 tal que
Z b
S(f ; P ) − f (x)dx < ε , sempre que ||P || < δ.
a
O que o teorema acima nos diz é que, sendo f uma função integrável, para
Rb
calcular a
f basta considerar uma partição pontilhada P ? de [a, b] qualquer
tal que a norma da partição P tenda para zero. A soma então montada tenderá
para a integral de f em [a, b].
Capı́tulo 4
Séries
4.1 Introdução
Neste capı́tulo apresentamos a noção de soma infinita, denominada série numérica.
Iniciemos com a sua definição.
a1 + a2 + a3 + ... + an + ...
dos termos de uma sequência (an )n∈N . A série pode ser abreviada usando-se o
P
sı́mbolo de somatório . Assim,
+∞
X
a1 + a2 + a3 + ... + an + ... = an
n=1
P
e a notação deve ser adotada, salvo para séries muito simples.
Na notação
∞
X
an ,
n=1
P
A cada série infinita an está associada a sequência das somas parciais sn :
n
X
sn = a1 + a2 + a3 + ... + an = ai
i=1
Portanto,
s1 = a1 , s2 = a1 + a2 , s3 = a1 + a2 + a3 , ..., sn = a1 + a2 + a3 + ... + an .
+∞
X
Definição 4.2 A série infinita an é dita ser convergente se a sequência das
n=1
somas parciais (sn )n for convergente; e divergente se a sequência das somas
parciais for divergente. Se a série for convergente e a sequência das somas
parciais (sn ) convergir para S, então S será chamada a soma da série, e escreve-
se
+∞
X
S= an
n=1
Portanto,
+∞
X n
X
an = lim sn = lim ai ,
n→+∞ n→+∞
n=1 i=1
1 3 7 2n − 1
Exemplo: Considere a série + + + ... + + .... Note que, os ter-
2 4 8 2n n
2 −1
mos desta série formam uma sequência convergente, pois lim =
n→+∞ 2n
1
lim 1 − n = 1, no entanto, não segue a convergência da série.
n→+∞ 2
Neste caso, podemos observar que cada termo da série é pelo menos igual
1
a e, consequentemente
2
1 1 1 1 1
sn ≥ + + + ... + = n · .
2 2 2 2 2
M. Zahn 95
1 3 1
s2 = 1 + 2−
2 2 2
1 1 7 1
s3 = 1 + + 2−
2 4 4 4
1 1 1 15 1
s4 = 1 + + + 2−
2 4 8 8 8
.. .. ..
. . .
1 1 1 1
sn = 1 + + + ... + n−1 ... 2 − n−1
2 4 2 2
1
Esta sequência converge para 2, pois lim 2− = 2. Assim, dizemos
n→∞ 2n−1
1 1 1
que a soma infinita 1 + + + ... + n−1 + ... é igual a 2.
2 4 2
1 1 1
Quando os comprimentos 1, , , , ... são adicionados um a um, a soma
2 4 8
se aproxima de 2.
+∞
X 1
Exemplo: Encontre a soma da série1 .
n=1
n(n + 1)
n
Note que, lim sn = lim = 1. Logo, a série converge, e sua soma é
n→+∞ n→+∞ n+1
1.
onde a ∈ R.
sn = 1 + a · +a2 + a3 + ... + an
a · sn = a + a2 + a3 + ... + an + an+1
a · sn − sn = an+1 − 1.
+∞
X
(ii) (an − bn ) = A − B
n=1
+∞
X +∞
X
(iii) (k · an ) = k · an = k · A
n=1 n=1
Corolário 4.4 (i) Quando multiplicamos uma série divergente por uma cons-
tante diferente de zero, obtemos uma série também divergente.
P P P P
(ii) Se an converge e bn diverge, então tanto (an +bn ) como (an −bn )
divergem.
P P P
Obs.: Lembre-se de que (an +bn ), pode convergir quando tanto an e bn
P P
divergem. Por exemplo, an = 1 + 1 + 1 + ... e bn = (−1) + (−1) + (−1) + ...
P
divergem, enquanto (an + bn ) = 0 + 0 + 0 + ... converge para 0.
+∞ n−1 +∞
X 3 −1 X 4
(a) n−1
(b) n−1
n=1
6 n=1
2
M. Zahn 99
Solução. Note que basta usar a Proposição 4.3 e notar que temos operações
com séries geométricas:
+∞ n−1 +∞ X +∞ +∞
X 3 −1 X 1 1 1 X 1
(a) n−1
= n−1
− n−1
= n−1
− n−1
=
n=1
6 n=1
2 6 n=1
2 n=1
6
1 1 6 4
= 1 − 1 =2− 5 = 5
1− 2 1− 6
+∞
X 4 +∞
X 1
1
(b) = 4 = 4 · =8
n=1
2n−1 n=1
2n−1 1 − 12
Note que esse critério só poderá ser usado para provar divergências. Se
P
lim an = 0, a série an poderá divergir ou convergir.
n→+∞
+∞
X
(a) (−1)n diverge, pois lim (−1)n não existe.
n→+∞
n=1
+∞
X
(b) n2 diverge, pois n2 → +∞, quando n → +∞.
n=1
+∞
X 3n − 1 3n − 1 3
(c) diverge, pois lim = 6→ 0 quando n → +∞.
n=1
4n + 5 n→+∞ 4n + 5 4
100 Análise II
+∞
X 1 1
(d) . Note que, lim = 0, logo o teste não revela nada. Veremos
n=1
n n→+∞ n
tal que
n
X
∃ lim sn = lim ai = s > 0,
n→+∞ n→+∞
i=1
pois an ≥ 0, ∀n.
P
Reciprocamente, suponha que a sequência (sn ) das somas parciais de an
seja limitada superiormente.
P
Vamos mostrar que an converge, onde an ≥ 0, ∀n. Por absurdo, suponha
P
que an diverge. Isto significa que
lim sn = +∞,
n→+∞
M. Zahn 101
A soma dos dois primeiros elementos é 1,5. A soma dos dois termos seguintes
1
é 3 + 14 , que é maior do que 1
4 + 1
4 = 1
2 e assim por diante. A sequência de
somas paricias não é limitada superiormente, logo a série harmônica diverge.
∞
X
Teorema 4.7 (Critério de Cauchy) Uma série an converge se, e somente
n=1
se, ∀ε > 0, ∃n0 ∈ N tal que para todo p > n0 ,
p
X
| an | < ε.
n=n0
P
Demonstração. Sabemos que a série an converge se, e somente se a
seqência das somas parciais (sn ) for convergente. Logo, pelo Critério de Cau-
Pn
chy para sequências, temos que sn = k=1 ak converge se, e somente se, para
todo ε > 0, existir n0 ∈ N tal que, ∀m, n ≥ n0 , implicar em
|sm − sn | < ε.
102 Análise II
P
Definição 4.10 Uma série an que converge, mas que não é absolutamente
convergente, é chamada condicionalmente convergente.
M. Zahn 103
ou seja,
An ≤ Bn , ∀n.
104 Análise II
an
que ∀n ≥ n0 , implica que | − c| < c. Ou seja, para qualquer n ≥ n0 temos
bn
an
0< < c + c ⇒ 0 < an < 2cbn .
bn
Então,
an0 +2
0< < c + ε,
an0 +1
an0 +3
0< < c + ε,
an0 +2
..
.
an
0< <c+ε
an−1
Multiplicando todas estas desigualdades obtemos
an
< (c + ε)n−n0 , ∀n ≥ n0 .
an0
Ou seja,
an0
0 < an < · (c + ε)n , ∀n ≥ n0 .
(c + ε)n0
an0 X
Como a série n
(c + ε)n é uma série geométrica de razão c + ε < 1,
(c + ε) 0
esta série é convergente e, portanto, pelo critério de comparação segue que a
P
série an é convergente.
+∞ n
X 2 +5
Exemplo. Investigue a convergência da série .
n=0
3n
2n+1 + 5
an+1 n+1 2n+1 + 5 2 · 2n + 2 · 5 − 5
= 3n = n n = =
an 2 +5 3 (2 + 5) 3n (2n + 5)
3n
n
2(2 + 5) 5 2 5
= n n − n = n− n n −→ 0
3 (2 + 5) 3 (2n + 5) 3 3 (2 + 5)
quando n → +∞.
Portanto, obtemos
an+1
lim = 0 < 1,
n→+∞ an
Então,
ε, ou seja,
√
0< n
an < c + ε, ∀n ≥ n0 .
+∞ n
X 2n + 3
Exemplo. Teste a convergência da série .
n=1
3n + 2
+∞
X (−1)n−1 1 1 1 1 1
= 1 − + − + − + ...
n=1
n 2 3 4 5 6
+∞
X n 1 2 3 4 5
(−1)n = − + − + − + ...
n=1
n+1 2 3 4 5 6
(ii) lim bn = 0,
n→+∞
Demonstração. Como (bn ) é uma sequência decrescente (por (i)), segue que
• s1 = b1 ;
• s2 = b1 − b2 < b1 = s1 ⇒ s2 < s1 ;
• s3 = b1 − b2 + b3 = s2 + b3 > s2 ⇒ s2 < s3 ;
s3 = b1 + (−b2 + b3 ) < b1 = s1 ,
ou seja,
s1 > s3 .
Ainda,
s5 = s3 − b4 + b5 < s5 e s6 = s4 + (b5 − b6 ) > s4 .
Pela cadeia de desigualdadas montada acima, temos que (s2n ) é uma sequência
crescente e limitada superiormente por s1 . Portanto,
Afirmamos que L2 = L1 .
L1 −L2
De fato, se L2 < L1 , então, tome ε = 2 > 0. Assim, sendo lim bn = 0,
n→∞
L1 −L2
segue que ∃n0 ∈ N, tal que, ∀n ≥ n0 , implica em |bn | < 2 .
Sequências de funções
Neste capı́tulo vamos considerar uma teoria análoga àquela estudada para
limites de sequências numéricas aplicada em um tipo especial de sequência,
onde os termos são funções ao invés de números reais, ou seja, vamos estudar
sequências de funções (fn )n = (f1 , f2 , f3 , ...).
114 Análise II
5.1 Conceito
Definição 5.1 Seja X um conjunto de números reais. Definimos por sequência
de funções fn : X → R como a correspondência que associa para cada n ∈ N
uma função fn de X em R.
fn : [0, 10] → R
por
x
fn (x) = .
n
Neste caso, temos
f1 : [0, 10] → R, f1 (x) = x;
x
f2 : [0, 10] → R, f2 (x) = ;
2
x
f3 : [0, 10] → R, f3 (x) = ;
3
e assim por diante. Faça um esboço gráfico dos primeiros termos dessa sequência
de funções (fn ). Considere f : [0, 10] → R dada por f (x) = 0. Podemos ob-
servar que à medida em que n aumenta, o gráfico de fn vai se aproximando
cada vez mais do gráfico de f . É nesse sentido que se estuda convergência
de sequência de funções. Existem dois tipos importantes de convergência: a
convergência simples e a convergência uniforme, como veremos na próxima
seção.
e
lim 1n = 1.
n→∞
(1 + n2 x2 )n − nx · 2n2 x n(1 − n2 x2 )
fn0 (x) = 2 2 2
= .
(1 + n x ) (1 + n2 x2 )
Logo, os pontos crı́ticos de f são onde fn0 (0) = 0, o que nos fornecem
x = ± n1 , e daı́ fn ( n1 ) = ± 12 .
1
Então, qualquer faixa de raio menor do que 2 construı́da para f (x) ≡ 0,
teremos que os gráficos das fn não ficarão inteiramente contidos em tal faixa, e
então fn 6⇒ f . Veja a figura abaixo, onde desenhamos, para ilustrar, os gráficos
1
de f3 (x) e f7 (x) e uma faixa de raio 4 centrada em f (x) ≡ 0.
M. Zahn 117
n|x| n|x| 1
|fn (x) − f (x)| = |fn (x)| = ≤ 2 2 = .
1 + n2 x2 n x n|x|
Assim, precisamos escolher um n0 ∈ N tal que
1
n0 > , (5.1)
ε|x|
1 1 ε|x|
|fn (x) − f (x)| ≤ ≤ < = ε,
n|x| n0 |x| |x|
Observação. Observe neste exemplo que a desigualdade (5.1) nos diz que se x
for muito pequeno, então o n0 terá de ser muito grande. Logo, a convergência
não pode ser uniforme, pois o ı́ndice n0 fica dependendo do x.
ε
Dado ε > 0, temos que ∃n0 tal que |fn (x) − fm (x)| < 2, ∀m, n ≥ n0 ,
∀x ∈ X. Com x ∈ X e n ≥ n0 fixados, a desigualdade acima vale ∀m ≥ n0 .
Fazendo m → ∞, vamos obter
ε
|fn (x) − f (x)| ≤ < ε,
2
e isso para todo n ≥ n0 e para todo x ∈ X, provando que fn ⇒ f .
n(1−nx)
• se x < 1
n, então fn0 (x) = enx < 0;
n(1−nx)
• se x > 1
n, então fn0 (x) = enx > 0.
1
Portanto, segue que x = n é um ponto de máximo para as fn . Usando a
Proposição 5.5, temos
nx nx 1
dn = sup |nxe−nx − 0| = max = = 6→ 0,
x∈(0,1] enx enx x= n1 e
x∈(0,1]