Ser Digital: A Tecnologia Na Vida Executiva

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| SER DIGITAL: A TECNOLOGIA NA VIDA EXECUTIVA • SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO NA ERA DIGITAL

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| 54 GVEXECUTIVO • V 11 • N 2 • JUL/DEZ 2012


SEGURANÇA DA
INFORMAÇÃO NA
ERA DIGITAL
| POR PATRICIA PECK PINHEIRO

A
Sociedade do Conhecimento possui três
grandes insumos principais: energia, te-
lecomunicação e tecnologia. Os negócios
que mais geram retorno para os acionis-
tas estão diretamente relacionados à en-
A EVOLUÇÃO trega desses recursos essenciais, ou seja, um novo mode-
lo de riqueza baseado na geração, no uso e na retenção de
TECNOLÓGICA informação.
Sendo assim, para que um negócio prospere no atual ce-
ACARRETOU GRANDES nário socioeconômico, é preciso que ele permita interações
MUDANÇAS NO MODO não presenciais de forma instantânea e desmaterializada, a
qualquer momento, de qualquer lugar, com mobilidade e
COMO AS EMPRESAS independência de suporte físico, devendo acumular ban-
co de dados qualitativo sobre as informações produzidas.
CONDUZEM SEUS Afinal, conteúdo é poder, e, na era digital, pode determinar
NEGÓCIOS, LEVANDO-AS A o valor de mercado de uma empresa, visto que potenciali-
za a importância dos ativos intangíveis (reputação, marca,
INVESTIR CADA VEZ MAIS bancos de dados, códigos fontes, propriedade intelectual,
etc.) de um empreendimento.
NO AMBIENTE DIGITAL. Por isso, produtos e serviços relacionados à mobili-
ASSIM, O CUIDADO dade, redes sociais, mobile business, compras coletivas,
crowdfunding e clowd computing têm grandes chances
COM A BLINDAGEM de êxito e lucro, assim como aqueles relacionados à pro-
dução e compartilhamento de conteúdo e à segurança da
DA INFORMAÇÃO SE informação. Devido ao fato de a nova moeda, o capital di-
TORNOU UM PONTO gital, referir-se aos dados, tudo o que possa contribuir para
sua proteção também gera valor. Isso significa que muitos
DETERMINANTE PARA O modelos vencedores da era industrial se tornam ultrapas-
sados dentro da lógica de mercado da Sociedade Digital.
SUCESSO OU O FRACASSO Isso ocorreu com empresas que deixaram de enxergar que
DE UM EMPREENDIMENTO a tendência e o sucesso da inovação estariam baseados em
um formato completamente imaterial de produção de bens
e serviços. Por isso, conseguimos entender a falência ou o
fracasso de empresas que eram tidas como inovadoras em
sua época, como a Polaroid, a Atari, a Olivetti, e a ascen-
são de negócios como iTunes, Flickr, Facebook e Google.

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BLINDAGEM DIGITAL E REPUTAÇÃO


DA MARCA NA REDE
Dentro deste cenário, cresce a importância do Direito
Digital como ferramenta de governança e gestão de ris-
cos, tendo como principal característica estar muito mais
baseado em autorregulamentação e contratos do que em
leis. O especialista em Direito Digital é um estrategista e
não mais um profissional causídico para mover ações ju-
diciais, pois o tempo real não permite aceitar o prazo do
Judiciário e do Legislativo, é preciso preparar o terreno
antecipadamente e trazer soluções que alinhem o técnico
com o legal e que possam ser aplicadas de forma rápida
e amigável.
Logo, as empresas vencedoras desta corrida virtual, em
um mundo plano e de economia aberta, em pleno exercício
da liberdade de pensamento e da livre iniciativa, são as que
criam as próprias regras, seja por meio de termos de uso
ou de códigos de conduta, normas e políticas, contratos e
SLAs (service level agreement), que se trata de um acordo
de nível de serviço firmado entre o fornecedor e o cliente.
No entanto, em que pese todo o planejamento estraté-
gico, a era atual da transparência exige maior atenção à
proteção da imagem e da reputação, abrangendo, inclusi-
ve, a necessidade de ampliar os controles e cuidados sobre
a marca digital.
É interessante observar que uma marca que não consiga
registrar um domínio ou um perfil na rede social atualmen-
te é desconsiderada de início, pois não poderá cumprir seu
papel e efetivamente “marcar” território digital, frente a
uma concorrência cada vez maior e a um clique de distân-
cia. Não basta mais ser eficiente no mundo real e entregar
o produto com qualidade. Se isso não gerar um enriqueci-
mento de base de dados, a empresa está fadada a perder a
corrida a longo prazo, na qual informação faz toda a dife-
rença para continuar inovando e liderando.
Nesta época da transparência corporativa, profissional
e pessoal, em tempo real, o fenômeno das redes sociais
representa muito mais do que um novo canal de comuni-
cação entre a empresa e o público, significa uma quebra
de paradigma e a ruptura com os usos e costumes das ge-
rações anteriores, em que a exposição maior faz parte da
regra do negócio. Além disso, são ambientes que geram
documentação e informação em um volume nunca antes
A ERA DA TRANSPARÊNCIA EXIGE MAIOR
imaginado, é preciso saber filtrar. É possível conseguir
ATENÇÃO COM A PROTEÇÃO DA IMAGEM desde ideias inéditas fornecidas por qualquer um, em um
E DA REPUTAÇÃO, ABRANGENDO formato colaborativo, até levantar intenções e escolhas
A NECESSIDADE DE AMPLIAR OS individuais (padrões de conduta e comportamento que
ficam registrados no rastro de navegação identificável
CUIDADOS SOBRE A MARCA DIGITAL dos usuários).

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PRODUTOS E SERVIÇOS RELACIONADOS À MOBILIDADE, REDES SOCIAIS,
COMPRAS COLETIVAS, CROWDFUNDING E CLOWD COMPUTING TÊM
GRANDES CHANCES DE ÊXITO. AFINAL, CONTEÚDO É PODER

PROTEÇÃO DA PROPRIEDADE INTELECTUAL A sustentabilidade da era digital depende diretamente da


Quanto ao risco, as empresas passaram a enfrentar a capacidade de ouvir o testemunho das máquinas em sinto-
problemática trazida pela perda do monopólio da ferra- nia com os humanos, de indivíduos conectados entre si em
menta de trabalho. Os dados podem vazar facilmente, relações eletrônicas que alcancem todas as partes do mun-
pois, com a consumerização e o barateamento do aces- do. A oportunidade está em estabelecer conexões, literal-
so aos recursos essenciais do modelo de produção digi- mente. A não resposta a estes sinais pode significar a mu-
tal (energia, telecomunicação e tecnologia), qualquer co- dança dos players líderes neste novo século.
laborador pode se tornar um concorrente da noite para o
dia, levando consigo o conhecimento adquirido. Isso im- NOVAS IMPLICAÇÕES LEGAIS NO MEIO VIRTUAL
pacta profundamente nas relações de trabalho, que dei- Enfrentamos uma etapa turbulenta e de transição, na
xam de ter uma característica de subordinação e submis- qual a atenção tem que ser redobrada. Há projetos de lei
são, em que havia a preocupação de galgar os degraus do importantíssimos em discussão que devem ser acompa-
plano de carreira, para uma gestão de pessoas que estão nhados, pois podem afetar drasticamente os negócios e a
em constante mobilidade e que buscam mudanças na vida livre iniciativa, tais como: os que tratam sobre privacida-
profissional em intervalos de seis meses a dois anos. Se de, proteção de dados sensíveis, crimes eletrônicos, direi-
isso não ocorre, elas partem para outra empresa, pois, na tos autorais, consumidor online, segurança pública digital,
era do networking e do LinkedIn, as oportunidades se tor- sem falar no marco civil da internet, que definirá princí-
naram infinitas. pios, garantias, direitos e deveres para o uso da internet
Portanto, uma das grandes preocupações passou a ser no Brasil.
a proteção da propriedade intelectual, bem como manter Inclusive, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)
os talentos por meio de ofertas de participação societária foi alterada recentemente com o objetivo de equiparar
e mobilidade para realizar o trabalho, em que a empresa todo tipo de trabalho (presencial e a distância) e de recurso
permite home office ou mobile office, contribuindo para (pessoal e corporativo), no tocante à capacidade de gerar
a retenção desses profissionais e a própria produtividade, vínculo e responsabilidade sobre pagamento de hora extra
principalmente em centros urbanos com trânsito caótico e e sobreaviso em um mundo de relações ininterruptas, em
transportes públicos insuficientes. que é cada vez mais difícil dissociar a vida pessoal da pro-
É por isso que empresas que possuem regras mais cla- fissional, o que gera impactos jurídicos, financeiros, repu-
ras, política de segurança da informação e monitoram sua tacionais e precisa de um olhar especial para prevenção de
marca nas redes sociais conseguem enfrentar mais rapida- riscos trabalhistas.
mente os desafios e evitar incidentes que possam ser fatais. Concluindo, da primeira grande revolução humana,
a Agrícola, em que o modelo de riqueza era a terra, à
INVESTIMENTO NA CAPACITAÇÃO DE PROFISSIONAIS Revolução Industrial, cujo foco eram os bens de produ-
Os negócios que querem sobreviver neste novo contex- ção e o capital, a terceira revolução está sendo feita por
to devem investir, cada vez mais, na capacitação continu- quem detém a informação. Negócios que negligenciam a
ada de seu capital humano, pois colaboradores e gestores proteção da propriedade intelectual, a presença em redes
atualizados fazem toda a diferença, assim como o investi- sociais e a segurança da informação estão depredando o
mento na conscientização sobre a importância da seguran- próprio patrimônio. Não dá para puxar da tomada, é pre-
ça da informação é requisito para gerenciar e minimizar ciso assumir a desmaterialização e a mobilidade como
os riscos comportamentais. Afinal, uma marca centenária condições de existência do negócio, fazendo um trabalho
pode ser aniquilada em questão de segundos por causa de sério de blindagem técnica-legal permanente.
comentários na web.
É preciso educar as pessoas no uso ético, seguro e le-
gal da tecnologia. Os contratos precisam estar blindados. PATRICIA PECK PINHEIRO > Especialista em Direito Digital > [email protected]

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