Curso - Manejo - Aleitamento Unidade 5
Curso - Manejo - Aleitamento Unidade 5
Curso - Manejo - Aleitamento Unidade 5
do Aleitamento Materno
Conteudistas
Amanda Souza Moura
Ariane Tiago Bernardo de Matos
Elsa Regina Justo Giugliani
Lilian Cordova do Nascimento
Renara Guedes Araújo
Unidade 5
APOIO CONTINUADO ÀS MÃES
UNIDADE 5
APOIO CONTINUADO ÀS MÃES
Nesta unidade serão abordadas as principais queixas que podem ocorrer
durante a amamentação, como ingurgitamento mamário e trauma
mamilar; mastite e abscesso mamário. Assim, o profissional de saúde
deve estar preparado para prevenir, identificar precocemente esses
problemas e auxiliar as pacientes a superá-los, de acordo com abordagens
de tratamento. Orientar uma técnica adequada de amamentação, com
orientações de pega correta, funciona como medida preventiva. Também
serão abordadas situações em que há elevada ou baixa produção de leite,
discutindo opções para resolver uma situação ou outra, como a doação
do excesso de leite para um Banco. Além disso, serão esclarecidas as
vantagens quando há o devido apoio à amamentação da mulher que
trabalha fora de casa, abordando os direitos da nutriz, como também
orientando-a acerca do momento certo de desmamar a criança, conforme
preparação da mãe e seu filho.
OBJETIVOS
Retrato das principais queixas que podem ocorrer durante a amamentação,
identificando suas respectivas opções de tratamento; orientações de
técnicas adequadas de amamentação; discussão de situações em que
houver uma elevada ou baixa produção de leite; apoio à amamentação
da mulher que trabalha fora de casa, abordando os direitos da nutriz;
direcionamento acerca do momento certo para o desmame.
AULA 1 - DIFICULDADES NA AMAMENTAÇÃO:
INGURGITAMENTO MAMÁRIO E TRAUMA MAMILAR
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Ao longo dos 2 primeiros anos de Alice, Juliana apresentou algumas difi-
culdades que passaremos a relatar.
Juliana relatou que está dando só o peito, sempre que Alice dá sinais
de que quer mamar. Ela mama com frequência, inclusive à noite.
Desde ontem está com as mamas muito cheias e “empedrada”,
que só piora, pois Alice não consegue dar conta de todo o leite
que está sendo produzido. Juliana está com muita dor nas mamas,
principalmente durante as mamadas, pois os seus mamilos estão
machucados. Ela comentou que parece que os seus mamilos
encolheram. Dona Helena tem passado os dias na casa do casal
para auxiliar nas tarefas domésticas. O apoio de Fernando está
sendo muito importante nesse período em que Juliana está muito
sensível e com dor. Ele está “cuidando” de Juliana e participando
ativamente nos cuidados de Alice.
Para refletir
Vamos refletir sobre as dificuldades que Juliana está enfrentando
com a amamentação. Começaremos respondendo à pergunta:
“Quais os problemas que você identificou no relato de Juliana?”
( ) dor nas mamas e mamilos
( ) fadiga de Juliana
( ) Alice mamar com muita frequência
( ) Juliana dar o peito sempre que Alice dá sinais de que quer mamar
( ) mamas muito cheias e empedradas
RESPOSTA
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Não foi encontrada nenhuma anormalidade no exame de Alice. A sua
sucção é adequada. Inclusive ela já começou a recuperar o peso que
havia perdido depois do nascimento. Ela urina bastante, pois suas fral-
das ficam molhadas mais de 8 vezes ao dia. E evacua várias vezes ao dia,
fezes bem amarelas e amolecidas.
INGURGITAMENTO MAMÁRIO
Esta é uma mama com ingurgitamento.
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Você sabe por que essas mamas ficaram assim? Sabia que existem três
mecanismos envolvidos no ingurgitamento mamário? São eles:
Saiba mais
• Mamadas frequentes;
• Retirar gentilmente das mamas um pouco de leite antes das mamadas para
amaciar a aréola e facilitar a pega adequadas;
Saiba mais
Compressas mornas (pano úmido) na aréola logo antes da
mamada para ativar o reflexo de ejeção do leite ou uma chuvei-
rada ou banho morno;
109
• Retirar leite entre as mamadas, o suficiente para se sentir confortável;
Saiba mais
O reflexo de ejeção do leite é provocado pela ocitocina, um
hormônio produzido na hipófise posterior, liberado pelo estí-
mulo da sucção. Esse hormônio contrai as células mioepiteliais
que envolvem os alvéolos, expulsando o leite neles contidos. É
influenciado positivamente por estímulos condicionados, tais
como visão, cheiro e choro da criança, e por fatores de ordem
emocional, como motivação, autoconfiança e tranquilidade. Por
outro lado, é influenciado negativamente por dor, desconforto,
estresse, ansiedade, medo, insegurança).
• Usar sutiã com alças largas e firmes, ininterruptamente, para alívio da dor e
manter os ductos em posição anatômica;
110
Atenção!
• Não uso de suplementos tais como água, chás e principalmente outros lei-
tes ou qualquer outro alimento nos primeiros seis meses;
• Retirar o leite com frequência caso o bebê não esteja sendo amamentado
ou mamando pouco.
111
TRAUMA MAMILAR
FIGURA INTERATIVA 1
Agora você já sabe como ajudar uma mãe com mamilos machucados. Mas
você sabe como prevenir essa condição? No caso de Juliana, provavel-
mente o trauma mamilar foi consequência do ingurgitamento mamário.
• Retirar um pouco de leite da aréola antes das mamadas, caso ela esteja
muito cheia, tensa;
• Evitar que o bebê use o seu mamilo como chupeta. Isso é muito comum
quando o bebê dorme no peito, quando isso ocorrer, retire-o gentilmente
da mama.
CANDIDÍASE
Uma vez que o fungo cresce em meio úmido, quente e escuro, são medi-
das preventivas contra a instalação de cândida manter os mamilos secos
e arejados e expô-los à luz por alguns minutos ao dia.
Manejo
113
número de espécies de cândida é resistente à nistatina. Violeta de gen-
ciana a 0,5% a 1,0% pode ser usada nos mamilos/aréolas e na boca da
criança uma vez por dia por três a cinco dias. Se o tratamento tópico não
for eficaz, recomenda-se cetoconazol 200 mg/dia, por 10 a 20 dias.
Fonte:https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_aleitamento_
materno_cab23.pdf (p. 59)
FENÔMENO DE RAYNAUD
Manejo
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Fonte:https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_aleitamento_
materno_cab23.pdf (p. 60)
ECZEMA/DERMATITE
Manejo
• Mamadas frequentes;
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• Ordenha manual da mama ou com bomba de extração de leite caso
acriança não esteja conseguindo esvaziá-la;
Fonte:https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_aleitamento_
materno_cab23.pdf (p. 60 e 61)
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AULA 2 - DIFICULDADES NA AMAMENTAÇÃO:
MASTITE E ABSCESSO MAMÁRIO
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Para refletir
Qual o diagnóstico mais provável?
( ) ingurgitamento mamário
( ) bloqueio de ducto lactífero
( ) mastite infecciosa
( ) mastite não infecciosa
( ) abscesso mamário
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• Outras medidas de suporte: repouso da mãe (preferencialmente no leito);
ingerir bastante líquidos; iniciar a amamentação na mama não afetada; usar
sutiã bem firme.
• Alertar que Alice pode estranhar o gosto do leite da mama afetada, pois ele
costuma ficar mais salgado, devido ao aumento dos níveis de sódio e uma
diminuição dos níveis de lactose.
• Alertar Juliana que a produção de leite na mama afetada pode diminuir por
algum tempo
• Retornar em 48 horas.
Para refletir
O que melhor explica essa evolução?
ABSCESSO MAMÁRIO
O abscesso mamário, em geral, é causado por mastite não tratada ou
com tratamento iniciado tardiamente ou ineficaz. É comum após a inter-
rupção da amamentação na mama afetada pela mastite sem o esvazia-
mento adequado do leite por extração manual ou por bomba.
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pode confirmar o abscesso mamário, além de indicar o melhor local para
incisão ou aspiração.
Todo esforço deve ser feito para prevenir abscesso mamário, já que
essa condição pode comprometer futuras lactações em aproximada-
mente 10% dos casos. Qualquer medida que previna o aparecimento
de mastite consequentemente vai prevenir o abscesso mamário, assim
como a instituição precoce do tratamento da mastite se ela não puder
ser prevenida.
Manejo
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Diante da possibilidade de um abscesso mamário, Juliana foi
encaminhada para realizar um ultrassom, pois não havia de áreas
de flutuação na área comprometida. Após realizar o ultrassom,
Juliana retornou à UBS com o resultado negativo para abscesso. A
conduta do médico foi então trocar o antibiótico. Juliana retornou
à UBS 48 horas após trocar o antibiótico. Estava bem melhor e sem
febre. Foi mantido o tratamento. Juliana perguntou ao médico por
que ela tinha tido mastite. Vamos saber a resposta?
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AULA 3 - DIFICULDADES NA AMAMENTAÇÃO:
BAIXA PRODUÇÃO DE LEITE
Alice foi pesada e medida. Ela ganhou menos peso que o esperado.
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Para refletir
Na sua opinião, o que está acontecendo com Alice?
Vamos agora ver o que o profissional orientou para que Juliana aumen-
tasse a sua produção de leite. Veja o infográfico a seguir.
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O profissional explicou que à medida que o suprimento de leite
de Juliana aumentar, ela vai observar o comportamento de Alice
voltando ao habitual e que ela vai passar a urinar mais (no mínimo
6 fraldas molhadas por dia) e a evacuar com mais frequência.
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Você sabia?
Galactogogos
No caso de Juliana, não foi difícil entender por que a sua produção de
leite diminuiu. Mas nem sempre é assim. São fundamentais uma histó-
ria detalhada, um exame físico completo da criança e uma observação
cuidadosa de uma mamada para elucidar a causa da baixa produção de
leite, o que é indispensável para o tratamento. Qualquer situação que
limite o esvaziamento das mamas pode causar diminuição na produção
de leite materno: pega inadequada, mamadas infrequentes e/ou curtas,
amamentação com horários pré-estabelecidos, ausência de mamadas
noturnas, ingurgitamento mamário, uso de complementos e uso de chu-
petas e de protetores (intermediários) de mamilo.
• Lábio/palato leporino
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• Micrognatia (queixo anormalmente recuado)
• Asfixia perinatal
• Criança pré-termo
• Síndrome de Down
• Hipotireoidismo
• Disfunção neuromuscular
• Fadiga materna
• Restrição dietética materna importante (perda de peso maior que 500 g por
semana)
• Tabagismo materno
• Nova gravidez
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Você sabia?
Síndrome de Sheehan
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AULA 4 - APOIO À AMAMENTAÇÃO DA MULHER
TRABALHADORA
Nesta aula, vamos abordar a amamentação na mulher que tem que se
ausentar de casa para trabalhar. Você sabe por que se recomenda a con-
tinuação da amamentação após o retorno ao trabalho?
• O bebê adoece menos e a mãe falta menos ao trabalho porque não precisa
ficar em casa cuidando de uma criança doente.
• A família não precisará gastar parte de seu orçamento com compra de fór-
mulas ou outros leites.
• Torna a alimentação noturna mais prática, pois a mulher pode ficar deitada
e relaxada.
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• A trabalhadora se afasta menos do trabalho porque seu filho é saudável.
• A trabalhadora fica mais concentrada no trabalho porque está tranquila com
relação à saúde do bebê.
• Aprender a retirar o leite e deixar para o cuidador oferecer o leite com copi-
nho a Alice, de forma carinhosa e segura, enquanto Juliana está trabalhan-
do. (ver como retirar o leite da mama na Unidade 4)
• Não introduzir outros alimentos antes que seja necessário. Quando a criança
estiver com 6 meses, alguns dias antes da retomada do trabalho é suficiente.
• Fazer contato e trocar ideias com outras mães que estão trabalhando e
amamentando.
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Você sabia?
Você sabia que a Política Nacional de Promoção, Proteção e Apoio
ao Aleitamento Materno incluiu a ação “Mulher Trabalhadora que
Amamenta” (MTA) no componente Proteção Legal à Amamentação?
• Direito a dois descansos diários, de meia hora cada um, durante a jornada
de trabalho, até o 6º mês de vida do bebê;
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Você sabia?
Você conhece o Programa Empresa Cidadã? Sabe o que ele pre-
coniza sobre a licença maternidade?
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mulher, com privacidade e segurança, possa retirar e armazenar o seu
leite, levando-o para casa ao final da sua jornada de trabalho para ser
oferecido posteriormente pelo cuidador ao seu filho. Estimule a mulher
a conversar com a sua chefia, com suas colegas!
• Se for possível e desejado, a mulher pode levar o bebê pequeno ao traba-
lho, ou pedir para alguém levá-lo no trabalho para ser amamentado.
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Saiba mais
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cartilha_mulher_
trabalhadora_amamenta.pdf.
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_implantacao_
salas_apoio_amamentacao.pdf.
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AULA 5 - AMAMENTAÇÃO CONTINUADA POR 2
ANOS OU MAIS / DESMAME
Você sabia?
SMAM/AGOSTO DOURADO
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Juliana tem sofrido muita pressão para desmamar, inclusive de
Fernando, que acha que Alice está “grandinha” para mamar.
Como você abordaria essa questão? Qual deveria ser a primeira reação
do profissional?
Fernando disse que acha estranho Alice ainda mamar no peito. Ele
não vê muito outras crianças dessa idade sendo amamentadas.
Assim como Juliana, teme que isso possa fazer mal à Alice. Acha
que Alice pode ficar muito dependente e, se deixar, Alice vai
querer mamar para sempre.
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Alguns mitos e crenças relacionados à amamentação
“prolongada”
• Faz mal à criança e à mãe sob o ponto de vista psicológico, e deixa a criança
muito dependente.
• Uma criança jamais desmama por si própria.
• O leite não sustenta mais.
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O PROCESSO DO DESMAME
O homem é o único mamífero em que o desmame (aqui definido como
a cessação do aleitamento materno) não é determinado somente por
fatores genéticos e pelo instinto. A amamentação na espécie humana é
fortemente influenciada por múltiplos fatores de ordem social, cultural,
econômica, étnica e comportamental. Hoje, ao contrário do que ocorreu
ao longo da evolução da espécie humana, a mulher opta (ou não) pela
amamentação e decide por quanto tempo vai (ou pode) amamentar.
Muitas vezes, as preferências culturais (não-amamentação, amamenta-
ção de curta duração) entram em conflito com a expectativa da espécie
(em média, dois a três anos de amamentação).
• Às vezes prefere brincar ou fazer outra atividade com a mãe em vez de mamar.
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O desmame natural proporciona transição mais tranquila, menos estres-
sante para a mãe e a criança, preenche as necessidades da criança (fisio-
lógicas, imunológicas e psicológicas) até ela estar madura para tal e,
teoricamente, fortalece a relação mãe–filho. O desmame abrupto deve
ser desencorajado, pois, se a criança não está pronta, ela pode se sen-
tir rejeitada pela mãe, gerando insegurança e, muitas vezes, rebeldia.
Na mãe, o desmame abrupto pode precipitar ingurgitamento mamário,
estase do leite e mastite, além de tristeza ou depressão, e luto pela per-
da da amamentação ou por mudanças hormonais.
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• Paciência (dar tempo à criança) e compreensão;
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Fernando saiu da consulta convencido da importância da
manutenção da amamentação de Alice pelo tempo que elas
quiserem e Juliana saiu decidida a continuar com a amamentação.
Depois da conversa com o profissional, se sente mais empoderada
para resistir a eventuais pressões para desmamar.
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