Analise Critica Black Mirrow Ep Rachel, Jack and Ashley Too (Glendha Melissa)

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Análise Crítica Black 

Mirror – Episódio ‘Rachel, Jack and Ashley Too’

Prestes a completar 15 anos, Rachel, a imagem de tudo o que não queríamos ser aos
15 anos, mas, por ironias da vida, muitos de nós não conseguiu escapar. Tímida,
sozinha, sem amigos, numa nova escola e com um pai que trabalha com desratização
e anda para baixo e para cima num carro decorado para parecer um roedor gigante, ela
é a encarnação das samambaias que passaram despercebidas pelos anos do Ensino
Médio. Para completar a teia (ou, no caso, a ratoeira) de desgraças, a menina ainda
tem que lidar com a perda precoce da mãe. Dividindo o quarto com a quase
misantropa e roqueira irmã, Jack (Madison Davenport), a menina só encontra refúgio
nas músicas e na vida de uma certa popstar

A estrela do pop
Ashley O. Com
suas músicas,
cujas letras
parecem terem
sido tiradas de
livros de
autoajuda, cheias
de “acredite em
você” e outros
petardos que
fariam a alegria e
encheriam os
powerpoints de
coaches mundo
afora, ela lida com
uma vida que, na
real, é uma
desgraça só, ao
contrário do
mundo edulcorado
que a mídia e sua
assessoria de
imprensa
espalham.
Deprimida,
controlada por
uma megera e
exploradora
tia/empresária
(Susan Pourfar), a
cantora se vê
explorada em uma
existência na qual
sua música não a
representa e de
onde nãenxerga
saída. Com seu
novo lançamento,
a Ashley Too, uma
boneca, espécie de
inteligência
artificial, que,
dotada da voz) e
de um pouco mais
da Ashley
original, unirá as
histórias das
moçoilas ci

“Isso é tão Black Mirror” acabou se tornando em uma frase da cultura que mostra o quanto
os episódios refletem os tempos em que vivemos. Rachel, Jack and Ashley Too talvez
peque por um excesso de otimismo e uma escolha, tanto estética quanto conceitual, por uma
leveza que destoam do quadro geral da série. A parte final do episódio, por exemplo, caberia
de boa num filme da Sessão da Tarde.

Também , os outros elementos nos lembram bem do soco no estômago que a série consegue
ser. De cara, o maior acerto de todos está na escalação de Miley Cyrus para o papel de Ashley
O. Além de uma atuação que pode ser resumida por impecável (não vou parar em uma
palavra só, tenho que falar: ela está muito, muito boa. Mesmo.), a escolha da atriz cria um
universo paralelo que reverbera num intricado e intencional pastiche do contemporâneo.
Afinal, Miley Cyrus estreou para o mundo vivendo uma estudante do ensino médio que
guardava o segredo de ser a estrela pop Hannah Montana. E, logo depois, Cyrus atinge o
máximo do estrelato ao ousar romper, de forma escandalosa e chocante, com os estereótipos
moldados pela herança de ter sido uma estrela da Disney. Isso é muito Black Mirror.

Além disso é de se elogiar a maneira como o episódio toca em temas que escancaram os
espinhos do nosso mundo. Da nossa dificuldade em lidar com a tristeza e a solidão,
resultando numa sociedade do entorpecimento (por remédios, pelo consumo, pela nossa
obsessão pela vida e persona dos artistas), passando pelos (des)limites que as inteligências
artificiais vem tomando (aliás, um beijo para a Siri, meu relacionamento mais
estável), Rachel, Jack and Ashley Too, malgrado os momentos Sessão da Tarde, prova o
quanto os criadores da série ainda estão antenados com a realidade da nova geração..

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