Temas de Medicina Legal E Seguros

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TEMAS DE

MEDICINA
LEGAL E
SEGUROS

I- INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA MEDICINA LEGAL E SEGUROS


I- CONCEITO E DEFINIÇÃO:
A Medicina Legal e Seguros nasceu da necessidade de solucionar as questões judiciárias por
meio dos conhecimentos médico-biológicos.
A Medicina Legal e Seguros é um conjunto de conhecimentos médicos e biológicos necessários
para a resolução dos problemas que coloca o Direito, tanto na aplicação das Leis como no seu
aperfeiçoamento e evolução.
A Medicina Legal e Seguros é a Ciência que tem como objecto de estudo das questões que se
apresentam no exercício profissional do Jurista cuja resolução se fundamenta total ou
parcialmente em certos conhecimentos médicos ou biológicos prévios.
DEFINICAO: Ela é definida como sendo a aplicação dos conhecimentos médicos e de outras
ciências auxiliares na interpretação, investigação e desenvolvimento da Justiça Social.
A Medicina Legal e Seguros é uma Ciência auxiliar do Direito, insubstituível, sem a qual não se
concebe uma correcta administração da Justiça.
A Medicina Legal e Seguros não é uma especialidade “morta”, dedicada exclusivamente ao
estudo do cadáver; é uma especialidade bem viva e dinâmica, sendo o objectivo fundamental
assegurar para o doente/vítima ou seu representante legal as ligações necessárias com todos os
Serviços ou Instituições Administrativos ou Entidades Públicas ou Privadas que intervêm no seu
estado patológico tais como:
a)- Justiça:Para apreciar as consequências de um acto de violência na vítima: nos casos de morte
violenta ou suspeitosa de crime; lesão ou dano corporal intencional ou não intencional - crime de
ofensas corporais; delitos sexuais - crime contra a honestidade; aborto criminoso; partos
supostos; exame de alienação mental. Responsabilização dos autores ou intervenientes no acto de
um crime - circunstâncias em que ocorreu o facto delituoso. Esclarecimento ou indemnização das
vítimas por Acidentes de Trabalho, Doença Profissional, Acidente de Viação ou de outro Meio
de Transporte, etc.
b)- Companhias de Seguros/Instituto Nacional de Segurança Social e Serviços de Pensões
Militares e CivisInstituições que têm os encargos as vítimas ou doentes, a fim de se avaliar a
Incapacidade resultante de: acidentes de trabalho; doença profissional; acidentes de viação ou de
outro meio de transporte; invalidez; doença de causa traumática e não traumática, seguro médico,
etc.
c)- Ordem dos Advogados (Escritórios Privados)/O.N.Gs, etc: Instituições que solicitam
Perícias Médico Legais; Instituições que protegem e auxiliam mulheres e crianças vítimas de
violência e abuso sexual à quem lhes é útil um parecer Médico Forense (Laudo Pericial).

II- IMPORTÂNCIA DA MEDICINA LEGAL e SEGUROS:


1- Natureza da sua actuação:A actividade Médico Forense transborda o interesse individual e
particular da Medicina Privada para se irradiar à Ordem Social.
2- Responsabilidade da sua actuação:
a)- Ordem Moral: A função Médico Legal pela sua repercussão, pode sugerir a condenação
ou absolvição de um arguido; a honra, a liberdade e fortuna dos cidadãos.
A Perícia Médico Legal é realizada por meio de análises, comprovações e exames de vária
índole, em que são exigidos conhecimentos médico-biológicos actualizados.

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b)- Ordem Material:Como todo profissional de Saúde, o Médico Legista que ignorar os seus
deveres e obrigações, que não segue os princípios Éticos e Deontológicos da sua profissão
está sujeito à penalização de acordo com a Lei.
3- Obrigatoriedade: A função pericial Médico Legal sempre cheia de conflitos, de situações
desagradáveis e ingratas, pode ser imposta obrigatoriamente pelo Ministério Público a todo
Médico ou Técnico de Saúde em exercício, sem que seja necessáriamente Médico Legista.
Qualquer que seja a natureza da actuação o Médico ou Técnico de Saúde não pode recusar-se.
2 Perícia Médico-legal
É um conjunto de procedimentos médicos e técnicos que tem como finalidade o esclarecimento
de um fato de interesse da Justiça. Ou como um ato pelo qual a autoridade procura conhecer, por
meios técnicos e científicos, a existência ou não de certos acontecimentos, capazes de interferir
na decisão de uma questão judiciária ligada à vida ou à saúde do homem ou que com ele tenha
relação.

4- Antecedentes históricos:
A Medicina Legal possuí antecedentes históricos que remontam desde as mais antigas
civilizações.
Desde que o homem começou a governar com Leis, existiram obviamente problemas que
poder-se-ia chamar de médico-legais, porque havendo Lei como sujeito de Direito e também
como objecto, o homem teve a necessidade de fazer relatórios ou indicações sobre as pessoas,
de fazer uma avaliação dos factos e acções que tinham um carácter fundamentalmente bio-
antropológico e médico.
No Código Hammurabi (1700 A.C.) já se regulamentava a prática médica e cirúrgica, e
estabelecia-se a Responsabilidade Profissional do Médico segundo a Lei Talion; também
estavam descriminados certas doenças dos Escravos que invalidavam os contratos de compra
e venda.
Naqueles tempos, a noção cientifica era rudimentar em todos os campos e constituíam um
património comum de Personalidades Cultas, assim que o Magistrado estava em grau de
decidir sozinho em cada questão.
A Medicina Legal, tal como é concebida actualmente, aparece no Século XVI, quando se
requer nos Códigos de maneira explícita a intervenção pericial do médico nos processos
jurídicos ou judiciais.
CitandoAmbroiseParé “Os Juízes julgam pelo que se lhes diz”.
5- Categoria Cientifica: A Medicina Legal e Seguros utiliza as técnicas e procedimentos
científicos mais actualizados para a resolução dos requisitos que são colocados pela Justiça.

6- Repercussão económica:
Esta repercussão económica é manifesta nas Perícias Médico Legais na área Penal
(valorização do dano ou lesão corporal resultante de um crime de ofensas corporais,
homicídio, de um acidente de viação ou de outro meio de transporte, etc); na área Cível
(acidentes de viação ou de outro meio de transporte, testamento, anulação de contratos por
incapacidade, etc); na área Laboral (valorização dos danos ou lesões resultantes de um
acidente de trabalho, doença profissional, etc).

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1- FACTOS ISOLADOS DAS PRIMEIRAS CULTURAS DIFERENCIADAS:
Nas Culturas mais antigas já era possível encontrar alguns aspectos de relevância médico-
legal, que foram factos que comprovavam a participação dos médicos em processos judiciais,
Mesopotâmia:Nas culturas mesopotâmicas, na Babilónia já existiam normas sobre delitos ou
lesões corporais; sobre aborto, violência carnal, etc., que para sua resolução eram necessários
conhecimentos médico legais.
Esta relação entre o Direito e Medicina é nos dada pelo Código Hammurabi (que é o mais
velho documento legislativo oficial do mundo), datado do século XVIII A.C., em que vem
descrito temas relacionado com o Direito Médico, destacando-se os relativos aos honorários
médicos e responsabilidade profissional.
Este código fazia menção as indemnizações resultantes de lesões corporais, facto que marcou
profundamente vários textos legais de épocas sucessivas, e também mencionava algumas
enfermidades que impediam a compra e venda dos escravos tal como a epilepsia.
Outras Civilizações: civilização egípcia é nos dada pelas técnicas de conservação dos
cadáveres - embalssamentos, cujo finalidade era meramente religiosa e não médica; o uso
dessas técnicas de conservação dos cadáveres pré-supunha conhecimentos tanatológicos.
O património da cultura hebraica destacam-se aspectos relacionados com a “descrição dos
costumes e obrigações relacionados com a actividade sexual”, das causas médicas da
nulidade do matrimónio e do divórcio.
2- CULTURA CLÁSSICA:
Da Cultura Grega destacam-se os aspectos Deontológicos e Éticos no exercício da
actividade médica, que ainda se mantêm até os dias de hoje, tal como o Juramento de
Hipocrates.
Há também referências da toxicologia - dos venenos, escrita por Nicandro de Colofón no
século II A. C.; descrição dos primeiros sinais de morte feitos por Hipócrates.
Da Civilização Romana, inicia a actividade pericial dos profissionais de medicina que eram
convidados a visitar os feridos que estavam à disposição dos tribunais.
3- ÉPOCA MEDIAVAL:
Na Idade Médiasurgem as primeiras intervenções médicas na Administração da Justiça, e a
influência dos conhecimentos médicos na redacção das Leis, que ditavam normas positivas
para determinação da vitalidade fetal exigindo a presença de três matronas que comprovavam
a gravidez; se ordenava a descrição dos ferimentos nos cadáveres.
- Estudo das lesões, sobretudo as penas a serem aplicadas e respectivo esclarecimento.
- Aspectos da Sexologia/Obstetríca Forense, particularmente as Violações e Aborto; penas
ou castigos nos casos de alterações da conduta sexual.
- Psiquiatria Forense, princípios de Imputabilidade.
- Critérios médicos em questões processuais: veracidade de uma confissão “Juízo dos
Deuses, Juízo da água quente”.
Foi no final desta época em que se autorizou o estudo do cadáver, que tinha na altura um
interesse anatómico, e, não o estudo minucioso das causas de morte.

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4-ÉPOCA DO RENASCIMENTO: que corresponde para as Ciências e Medicina o século XVI,
encontramos nos Livros de Medicina uma intenção clara e inequívoca da especialidade Médico
Legal, sobretudo nas obras de Cirurgia, quando faziam distinção das lesões mortais e não mortais
nos casos de morte violenta; sendo na altura o cirurgião chamado pelo Juiz para aclarar este tipo
de lesões.

5- RECONHECIMENTO DA ESPECIALIDADE:
Nos finais do século XVIII os temas da área médico forense era ensinado tanto aos médicos
como aos cirurgiões, que na altura eram duas profissões separadas, e um tanto a quanto
polémicas, surgindo desta forma a Medicina Legal e a Cirurgia Forense; que tiveram evoluções
diferentes, e se constituíram com temas concretos de ensino em função das escolas.

6- DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS:
 Documento é uma declaração escrita, oficialmente reconhecida, que serve de prova de
um estado, facto ou acontecimento, isto é, todo o instrumento que tem a faculdade de
reproduzir e representar uma manifestação de pensamento.

Notificações: são comunicações compulsórias feitas pelos médicos ou técnicos de saúde às


autoridades competentes de um facto profissional, por necessidade social, de saúde pública ou
juridico-legal, tais como: acidentes de trabalho, doenças profissionais, doenças infecto-
contagiosas, uso habitual ou não de substâncias psicotrópicas lícitas sob controle
Atestados: documento assinado sob responsabilidade, pelo qual se certifica, se atesta alguma
coisa. É elaborado ou escrito pelo médico ou técnico de saúde, deve ter como fim provar um
estado mórbido real, presente ou anterior, para fins de licença, dispensa, justificativo e um estado
de saúde.
Os atestados são classificados em:
 Oficioso: serve como prova ou justificativo por ausências no local de trabalho ou serviço,
etc.. Por exemplo Atestado de Doença.
 Administrativo: serve geralmente para Administração Pública, para efeitos de licença,
reforma ou justificativo de faltas.
 Judiciário: de interesse da Administratação da Justiça, requisitado pelo Juiz.

Relatórios: relatório médico-legal é a exposição escrita e minuciosa de uma perícia médico-


biológica a fim de responder à solicitação da autoridade policial ou judicial, de uma entidade
pública ou privada.
 Laudo é um relatório realizado pelo perito após investigações, contando para isso com
ajuda de outros recursos ou consultas a tratados especializados, geralmente efectuado nas
Instituições Médico Legais sem a presença das autoridades competentes.
 Autoé um relatório ou exame realizado pelo perito quando dita directamente a um
escrivão diante das autoridades competentes que solicitaram a perícia.

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III- TANATOLOGIA MÉDICO LEGAL
1- INTRODUÇÃO:
Tanatologia provem da expressão grega thanatos, que significa morte.
Tanatologia Médico Legal é o capitulo da Medicina Legal que estuda todos os aspectos
biológicos relacionados com a morte e as suas repercussões na esfera do Direito.
As questões referentes a Tanatologia têm interesse Médico Legal, porque com a morte, cessa o
trabalho médico a não ser a confirmação anatomopatológica do diagnóstico clínico.
A morte do homem como destino final, transcende a um mero processo biológico, visto que ela
têm repercussões antropológicas, morais, filosóficas, sociais, jurídicas e politicas.
Citando António Machado “ a morte é uma situação em que se sente mais do que se pensa”.
Não existe cultura ou sociedade, que esteja insenta de enfrentar este fenómeno - a morte, visto
que ela está rodeada e integrada num sistema de crenças e de outras manifestações
socioculturais, antropológicas, religiosas, politicas e juridico-legais que tem como objectivo ou
finalidade de ajudar o homem e a sociedade a enfrentar o seu destino final.
A resposta social, moral, religiosa e politico-economica perante a morte varia segundo a cultura,
sociedade, momento histórico, existindo diferenças numa mesma cultura e sociedade, e,
coexistem no mesmo espaço de tempo e contexto socio-cultural e socio-politco várias
modalidades de resposta.
A morte é considerada sob um perfil legal, porque com ela termina a existência jurídica da
pessoa, segundo o artigo 68º do Código Civil

2- EUTANÁSIA E DISTANÁSIA:
Eutanásia:Entimológicamente, a palavra eutanásia deriva da expressão grega “eu = bom;
thanatos = morte”, literalmente significa boa morte.
Na época Grego-Romanaaeutanásia era interpretada como sendo o facto de morrer bem ou
morrer sem dor, praticava-se todo tipo e género de cerimónias culturais e rezas a fim de aliviar a
agonia e sofrimento do paciente,não havendo referência de qualquer tipo de ajuda ou acto para
acelerar a morte.
Eutanásia que significa literalmente “boa morte”, e muitas das vezes chamada de “direito a
morrer comdignidade” ou termos equivalentes, expressão coloquial e académica não exclue em
absoluto nenhuma actuação médica directa sobre a vida do paciente, sendo por isso fundamental
definir com maior precisão possível o seu conceito e conteúdo na altura em que se utiliza ou se
prática tal acto.

Eutanásia Passiva e/ou chamada também de Eutanásia por Omissão: nesta forma ou tipo de
Eutanásia não há uma actuação ou intervenção directa do médico ou técnico de saúde para
acelerar a morte ou encurtar a vida do paciente.

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Eutanásia Activa: nesta forma de Eutanásia há uma actuação ou intervenção directa do médico
ou técnico de saúde com finalidade de encurtar a vida ou acelerar a morte do paciente. Existem
três formas:
Eutanásia ActivaDirecta: é quando o médico ou técnico de saúde, com prévio consentimento
conscientemente manifesto por escrito do paciente que padece de uma doença incurável
com sofrimento físico, psiquico e psicológico, prescreve ou administra uma droga com a
intenção de acelerar a morte.
Eutanásia ActivaDirecta por Compaixão:estamos perante esta forma quando o médico ou
técnico de saúde decide unilateralmente e intencionalmente por termo a vida paciente.
Eutanásia ActivaIndirecta:estamos perante esta forma de eutanásia quando não existe
uma acção deliberada ou intencional do médico ou técnico de saúde de acelerar a
morte, isto é, de por termo a vida do paciente
.”
Terminologia Tanatológica ou diferentes Tipos de Morte: É uma abordagem filosófica e
académica dos diferentes tipos de morte do ponto de vista médico-legal em termos de conceito e
definição, não correspondendo nalguns casos com os conceitos clínicos de morte.
Morte Real: ocorre quando há uma cessação definitiva das funções vitais do paciente ou da
vítima, isto é, cessação da função nervosa, função cardíaca e da função respiratória.
Morte aparente:ocorre quando o paciente ou vítima encontra-se num grave estado de choque,
tipo hipovolémico por exemplo ou de outro género, as funções vitais estão presentes só que
bastante diminuídas e de difícil percepção, devido ao quadro sindrómico. O paciente ou vítima
aparenta estar morto.
Morte Clínica:ocorre quando o paciente ou vítima tem a cessação de uma das funções vitais, por
exemplo a cardíaca - paragem cardíaca, mas que devido as manobras terapêuticas de
ressuscitação ela volta a funcionar. Neste tipo ou género a morte é reversível.
Morte Biológica: ocorre quando o paciente ou vítima tem a cessação de uma das funções vitais
associado a extensas e graves lesões do órgão em causa, por exemplo, a cardiaca - paragem
cardiaca com extensa área de infarto do miocardio, ferida corto-perfurante do miocardio com
tamponamento cardiaco, etc.
Nestes casos devido a gravidade da lesão a morte é irreversível, o paciente ou vítima pode
manter-se vivo graças ao meios tecnológicos como por exemplo aparelho de circulação extra-
corporea, entretanto só sobreviverá se for feito o transplante do coração.
Morte Lenta ou Agónica: ocorre quando a morte ou a cessação definitiva das funções vitais é
precedida por um período mais ou menos longo de agonia.
Importância Médico Legal:
 Quando o paciente ou vítima decidir fazer valer os seus direitos tais como - alterar
testamento, reconhecer filhos, doar bens, etc. durante o período de agonia. Neste
caso o problema médico-legal surge quando um familiar contestar a alteração/doação de
bens, etc., alegando que o paciente ou a vítima no momento em que fez valer os seus
direitos não estava em plena posse das suas faculdades mentais, estava privado do uso da
razão ou dos sentidos, com uma perturbação mental aguda, isto é, com transtorno mental

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transitório, devido a doença em estádio terminal ou agónico.

4-FENOMENOS CADAVÉRICOS OU SINAIS DE MORTE:


São os sinais ou transformações que se observam no organismo após a extinção dos processos
bioquímicos vitais, que ocorrem de uma forma passiva devido a influência dos factores
ambientais.Borri classificou estes sinais em Sinais Negativos ou Abióticos e Sinais Positivos ou
Transfomativos.
 Sinais negativos ou abióticos imediatos: que são a perda da consciência, perda da
sensibilidade voluntária, perda da motilidade voluntária, cessação da respiração e
cessação da circulação.
 Sinais negativos ou abióticos consecutivos:que são a perda da excitabilidade neuro-
muscular, evaporação dos tecidos, esfriamento, acidificação dos tecidos e líquidos,
rigidez cadavérica.

Sinais Positivos ou Transformativos: são processos novos que ocorrem no cadáver, a autólise (
destroe) dos tecidos e o processo de putrefacção, isto é, um complexo de actividade bioquímica e
biológica que leva a divisão da matéria orgânica em compostos moleculares cada vez menos
complexos.

A- Sinais Negativos ou Abióticos:


1- Sinais Negativos ou Abióticos Imediatos:
Estes sinais não servem muitas das vezes para o diagnóstico de certeza da morte, em particular
as mortes extra-hospitalares.
 Perda da consciência, perda da sensibilidade e da motilidade voluntáriaocorrem em
muitas situações clínicas neuro-psiquicas, como por exemplo um simples desmaio. Estes
sinais são pesquisados na prática por meio de reflexos corneanos, reflexos pupilares e
outros sinais neurológicos por meio do martelo.
 Cessação da respiração(pesquisada antigamente pela prova do espelho diante da boca e
nariz) é difícil diagnosticar nos casos de catalepsia em que há uma morte aparente a
mobilidade toráxica é nula. O uso da radioscópia para o diagnóstico de morte é usado
excepcionalmente.
 Cessação da circulaçãopode ser confirmada pela auscultação cardíaca e pesquisa dos
pulsos periféricos (carotideo, radial e femoral) é muitas das vezes de difícil percepção nos
casos de morte aparente. Na Italia
os Institutos Médicina Legal introduziram uso de Electrocardiograma portátil para a
confirmação da morte extra-hospitalares, a confirmação é dada por isoelectricidade por
mais de vinte minutos.

2- Sinais Negativos ou Abióticos Consecutivos:


Estes sinais simples e mais seguros permitem o diagnóstico correcto e de certeza da morte.
 Algor Mortis ou Esfriamento cadavérico: o homem é um animal homeotermo cuja
temperatura corporal é mantida devido a um conjunto de factores exotérmicos. Com a
morte cessa no organismo o sistema de regulação que mantinha constante a temperatura,

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termina também o metabolismo celular que é a fonte constante de calor animal, este
metabolismo não termina subitamente, devido a “vida residual” dos tecidos que continua
até que todo o oxigénio (O2) do sangue seja consumido. Inicia-se nos pés, mãos e face,
duas horas após a morte extende-se depois para as extremidades, região peitoral e dorsal
e, finalmente para o abdómen, axilas e pescoço.
Segundo vários autores tais como Gasper, o esfriamento cadavérico ao tacto está
generalizado entre às 8 e 17 horas após a morte, em média com base na nossa
experiência em clima tropical entre às 6 e 12 horas após a morte.
O esfriamento cadavérico permite : (1)- Diagnóstico real ou certo de morte, temperaturas
inferiores a 20 graus Centígrados são consideradas incompatíveis com a vida.

 Desidratação cadavérica ou Evaporação:


A secura da pele e mucosas é devido ao facto de não existir mais a circulação do fluxo de
humor e a cessação da circulação sanguínea, associada a condições ambientais externas
caracterizada por elevadas temperaturas e intensa ventilação dão lugar no organismo a
evaporação dos líquidos e tecidos, ela é mais evidente nas partes descobertas do cadáver
onde a pele é mais subtil (fina) como por exemplo narinas e escroto e nas mucosas.

 Rigor Mortis ou Rigidez cadavérica:


Logo após a morte produz-se um estado de relaxamento e flacidez muscular em todo o
corpo, mas passado algum tempo, dependendo de vários factores, inicia-se lentamente um
processo de contractura muscular que se chama de Rigidez cadavérica ou Rigor Mortis

1-Rigidez cadavérica nos músculos lisos, coração e diafragma: começa ½ a 2 horas após
a morte, mais precocemente nos músculos lisos e coração mais tarde no diafragma.

a)- Vesicula seminal:a contração dos músculos da vesicula seminal produz a ejaculação
do liquido seminal, se ela estiver cheia. Importante do ponto de vista médico-legal
para a determinação da última relação sexual da vítima e da cronotanatodiagnótico.

b)-Pupilas:inicialmente logo após a morte há dilatação do esfincter da íris, seguida da


contração – miose. É um dos sinais clínicos certos de morte.

c)- Coração:a contração muscular é mais intensa no ventriculo esquerdo que no direito,
produz esvaziamento do coração.

d)- Diafragma:a contracção deste músculo produz a expulsão do ar nos pulmões,


originando oscilações na glótis com a saida de um ruido apagado chamado por som
da morte ou último suspiro.

e)- Útero:a contracção de um útero gravítico pode produzir um parto póst-morte.

2- Rigidez cadavérica nos músculos esqueléticos ou estriados:começa entre 2 e 3 horas


após a morte nos músculos da mandíbula e orbicular das palpebras, e progressivamente

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evolui para os outros músculos da face, pescoço, torax, membros superiores, abdómen e
finalmente membros inferiores.
A rigidez cadavérica é total e completa entre 8 a 12 horas após a morte, e alcança máxima
intensidade após 24 horas, começa a desaparecer quando surgem os sinais putrefactivos,
nos climas tropicais como o nosso nas primeiras 24 horas seguindo a mesma ordem com
que se propagou.
Factores que influenciam a rigidez cadavérica: Vários factores são influenciados como:
idade,causa básica de morte e constituição esquelética,factoresidividuais,ambientais.

Importância Médico Legal: a rigidez cadavérica permite: (1)-


diagnóstico real ou certo de morte.
(2)- determinação da cronotantodiagnóstico.
(3)- Permite a reconstruação das circunstâncias em que ocorreu a morte, para o
diagnóstico de simulação de suicídio nos disparos por projécteis de arma de fogo.

A Putrefacçãoevolui no cadáver em quatro fases ou períodos bem caracterizados:


 Período Cromático ou Colorativo:
O primeiro sinal da putrefacção, é o aparecimento da mancha esverdeada na pele na
região ileo-cecal - na fossa ilíaca direita. Desde se sabe que esta coloração deve-se a
acção do ácido sulfidrico, produzido pela putrefacção dos tecidos sobre a hemoglobina
sanguínea em presença do oxigénio do ar, esta reacção produz a sulfohemoglobina de cor
esverdeada só em presença do ar.
A mancha esverdeada extende-se gradualmente por toda a pele seguindo o trajecto dos
vasos sanguíneos, sendo mais intenso onde há maior quantidade de pigmento sanguíneo,
nas áreas hipostáticas O período cromático começa geralmente entre 24 e 48 horas após
a morte, podendo aparecer mais cedo nos dias muito quentes, tem a duração de um a dois
dias.

 Período de Redução Esquelética ou de Esqueletização:


Com a liquifação ou coliquação dos tecidos moles fica a descoberto a estrutura óssea.
Não há uma regra fixa em relação à região em que se inicia este processo, existem
numerosos factores que a influenciam, dos quais se destacam animais “devoradores” dos
cadáveres, geralmente começa nas partes descobertas do corpo.

Este periodo caracteriza-se dois sub-estadios: (1)


Estádio de pré-esqueletizaçãoquando ainda existem sobre os ossos tecidos moles mais ou
menos secos, tendões e ligamentos articulares.

(2) Estádio de esqueletizaçãoquando resta só a estrutura inorgânica, os ossos ficam


isolados e conservam-se por muitos séculos ou milénios.

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Factores que influenciam a evolução da putrefacção:
Este processo pode ser modificada ou influênciado por diversos factores individuais e do meio
ambiente.
 Factores individuais:
(1)- Constituição física: nos indivíduos obesos o processo de decomposição é mais celere
que nos indivíduos magros.
(2)- Idade: a putrefacção é mais rápida em crianças e lenta nos idosos.
(3)- Causa de morte: a putrefacção é mais rápida e intensa nos casos de feridas graves ou
com extensas área de contusão, em doenças sépticas e mortes lentas agónicas, etc. É
mais lenta nas casos em que há grandes hemorragias, desidratação severa, após
tratamento prolongado com antibióticos, etc.

 Factoresambientais:húmidade, calor, frio e arejamento.


Depende também se cadáver estiver exposto ao ar livre, enterrado no solo ou num outro
meio.
 Citando Casper“ 1 semana de putrefacção ao ar livre equivale a 2 semanas na água ou
em terra”.

5- ENTOMOLOGIA FORENSE OU FAUNA CADAVÉRICA:


Quando o cadáver permanece exposto ao ar livre sofre acção destruidora produzido por
grandes animais tais como ratos, gatos, cães e aves de rapina que mutilam e devoram o corpo.
Além da acção destes grandes animais, no processo destrutivo do cadáver exposto ao ar livre
participam diversas espécies de insectos que depositam ovos sobre o corpo, que ao
encontrarem um local ideal e nutritivo para se desenvolverem produzem milhares de larvas.

6- PROCESSOS ANORMAIS DE PUTREFAÇÃO OU CONSERVADORES DO


CADÁVER :
Nem sempre a putrefacção acaba destruindo o cadáver, pois em determinadas circunstâncias o
processo putrefactivo é interrompido, às vezes determinados factores físicos impedem que ele se
inicie, levando ambas as circunstâncias a que o cadáver se conserve.
As circunstâncias que param o processo putrefactivo, uma vez iniciados denomina-se de
Processos anormais de putrefacção ou conservadores dos cadáveres - que são: Maceração;
Mumificação; Saponificação e Corificação.
Entre as causas naturais que impedem o inicio do processo putrefactivo de maneira natural temos
o congelamento.
1- Maceração:
É a autolise associado a imbibição hidrófila dos tecidos. Ocorre
geralmente em cadáveres que permanecem num meio liquido (água), é típico dos fetos
mortos que não são expulsos do útero materno do sexto ao nono mês

2- Mumificação:
É a dissecção do cadáver resultante da evaporação da água nos seus tecidos, levando a
que estes sofram transformações graças a qual permite a persistência do aspecto exterior
do corpo por um período mais ou menos prolongado.

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A- Características gerais das Múmias:
 Morfologicamente todos os cadáveres mumificados apresentam:
(1)- Grande perda do seu peso.
(2)- Aumento da consistência da pele, que têm um aspecto de couro curtido que ressoa à
percussão.
(3)- Conservação das formas ou do aspecto exterior, até ao extremo de se poder
reconhecer as feições; em contrapartida os órgãos internos podem não estar
completamente conservados dependendo dos casos.
(4)- Capacidade prodigiosa de conservação por um longo período de tempo.

B- Condições que influenciam ou favorecem a Mumificação:


 Condições ambientais:
(1)- Ar quente dos desertos ou ambientes de elevada temperatura, seco com abundante e
forte corrente de ar circulante cheio de oxigénio (O2).
(2)- Certas zonas subterrâneas, criptas ou grutas naturais que possuem substâncias
higroscópicas ou radioactivas.
(3)- Em determinados cemitérios que reúnem condições naturais para tal, como por
exemplo no nosso país em Nampula, o Cemitério Inocentes de Paris, etc.

 Condições individuais:
(1)- Idade, nos recém nascidos será mais factível ( possível) que ocorra a mumificação,
visto ser neles mais intenso o processo de desidratação.
(2)- Sexo, é mais frequente que este fenómeno ocorra em indivíduos de sexo maculino.
(3)- Constituição física, ela é mais rápida e frequente nos cadáveres de constituição
delgada/magra.
(4)- Causa de morte, algumas delas favorecem a mumificação como por exemplo nos
casos de grandes hemorragias, desidratação grave, tratamento prolongado com
antibióticos, etc.

8- EXAME NO CADÁVER OU AUTÓPSIA:


Eimológicamente a expressão autópsia provem do grego autos=mesmo e ophis=ver, isto é,
exame com os própios olhos, comprovar pessoalmente.
Autópsia ou Necrópsiaé estudo minucioso dum cadáver com o fim conhecer a causa da morte
ou estudo das lesões orgânicas.
O progresso técnico-cientifico, a evolução sócio-antropológica das sociedades levou a
alteração do ponto de vista filosófico-académico e conceiptual da autópsia,
exitindoactualmente quatro tipos:
 Autópsia Psicológica:
É feita com objectivo de conhecer a causa juridica de morte, o móbil de um crime ou
motivações de um suicídio e outros quesitos colocados pelas autoridades policiais ou
judiciais, por meio de entrevistas com familiares, testemunhas ou declarantes constantes
no processo ou autos da vítima em que se suspeita de morte violenta.
Estes devem descrever os sinais de morte, provável causa básica de morte ou lesões

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traumáticas que o cadáver apresentava ou ainda o meio empregue, provável causa
juridica de morte, antecedentes de doença, etc

 Autópsia Virtual:
É feita com objectivo de estudar a causa de morte por meio de imageologia, usando
meios tecnológicos da última geração tais como a Ressonância Magnética Nuclerar ou
Tomografia Axial Computarizada.

 Autópsia Clínica ou AnátomoPatológica:


É o estudo minucioso de um cadáver com o objectivo de:
(1)- Determinar ou confirmar a causa de morte de um processo mórbido já diagnósticado,
sua confirmação clínica.
(2)- Estudar as alterações anátomo-patológicas e histo-patológicas nos diversos orgãos e
tecidos provocados por um processo mórbido ou por sintomas funcionais.

 Autópsia Médico Legal ou Judicial:


Compreende a colheita dos sinais relativos à identificação, dos sinais de morte ou
fenómenos cadavéricos, o exame do hábito externo e o exame do hábito interno.
Necessidade da autópsia - Preceitua o Regulamento

 A - Objectivos de Autópsia Médico Legal ou Judicial:

É uma operação de interesse social, tem outros objectivos que não existem na autópsia
clínica:
(1)- Determinar o tipo de morte, se a morte foi natural ou violenta, investigando a sua
causa.
(2)- Se a morte for violenta, determinar a causa jurídica de morte, se a morte resultou de
acidente, suicídio, homicídio ou infanticídio.

(3)- Determinar a causa básica de morte, isto é, qual foi o instrumento ou objecto que
produziu as lesões, ou ainda o meio empregue.

(4)- Determinar nos homicídios se as lesões foram a causa necessária de morte ou


somente causa ocasional.

(5)- Determinar nos homicídios se as lesões fazem ou não presumir intenção médico
legal de matar.

(6)- Identificação do cadáver.


(7)- Determinar a data da morte.Outros quesitos dependendo dos casos em particular e
das autoridades judiciais ou policiais para determinar:

(8)- Se a morte foi rápida ou precedida de agonia.


(9)- Se houve deslocação do cadáver, e qual a sua situação ou posição primitiva.

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(10)- Se as lesões observadas na autópsia foram produzidas antes ou depois da morte.
(11)- Qual a lesão mortal , no caso de múltiplas lesões.

(12)- Determinar a cronologia das lesões, número de agressores, a posição dos


agressores e da vítima, identificação dos agressores, etc.
(13)- Solicitar o exame toxicológico.
(14)- Por exemplo, a que distância foi disparado o projectil de arma de fogo, etc..

Interpretação de termos e expressões legais:


Causa necessária de morte e causa ocasional ou acidental; Intenção de matar:
Como a Lei nem sempre indica o que deve entender-se pelos termos e expressões que contém,
sucede que uns e outras são interpretados de modo diferente.

B- Tempos de Autópsia Médico Legal ou Judicial:


Em muitos casos de morte violenta, os peritos não poderão elucidar convenientemente a
Justiça se antes de efectuarem a autópsia, limitarem-se exclusivamente ao exame do
cadáver.
Informação:
Antes de procederem à autópsia, têm os peritos a faculdade, que lhes dá a Lei, de examinar o
respectivo processo, a fim de colherem as informações judiciais e policiais relativas ao
casoExame do local de facto: Segundo
o Regulamento os peritos “antes de dar princípio à autópsia poderão requerer para
examinar o local onde o cadáver foi encontrado”.
Esta disposição legal na prática não tem sido útil, porque o exame do local, é muito

Exame do Vestuário:

Estabelece o Regulamento que os peritos podem requerer para examinar o fato ou roupa que
trazia vestido o individuo cujo cadáver vão autopsiar.
O exame do vestuário pode ser útil para a identificação de individuos desconhecidos.
Reconhecimento cadavérico : É
quando o perito decide não efectuar o exame do hábito interno porque o corpo apresenta
lesões traumáticas vitais no hábito externo que justificam a morte.

Exumação:
É o desenterramento dum cadáver com a finalidade de atender as solicitações das autoridades
policiais ou judiciais para averiguar uma causa exacta da morte, esclarecimento ou
confirmação de um detalhe, identificação do corpo ou ainda dependendo dos quesitos como
por exemplo numa grave contradição das informações constantes nos autos ou ainda a
confirmação de um diagnóstico.
Procedimentos:
(1)- certificar junto da administração do cemitério a hora e data da realização do exame.
(2)- Convidar as autoridades policiais, familiares do decujo e testemunhas constantes nos
autos para efectuarem a identificação da sepultura.

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(3)- Comfirmado a sepultara os peritos devem na presença das autoridades policiais e judiciais
começar o ditame para o escrivão com auxilio de fotográfias e filmagem.
(4)- O exame cadavérico é efectuado com a mesma técnica das necrópsias , descrever com
detalhes a sepultura, o caixão, o vestuário, aspecto do cadáver e evolução da putrefação.
Deve-se recolher um pouco da terra que se encontra sobre o caixão ou sobre o cadáver,
fragmentos do caixão e retalhos do vestuário para posterior exame, em particular nos casos
em que há suspeita de envenenamento.

Mmédicas para o destino dos cadáveres


Para muitos médicos, a questão dos cadáveres poderia ser solucionada com duas
propostas: a cremação e a inhumação. Ambas podem ser consideradas técnicas utilizadas
para o ocultamento dos cadáveres, mas que refletem ao mesmo tempo, olhares
diferenciados sobre o assunto.

IV- ANTROPOLOGIA FORENSE OU IDENTIFICAÇÃO ANTROPOLÓGICA


1- Noções gerais:
O homem como ser social tem a capacidade de se adptar ao meio físico e ambiente cultural
onde se instala, estabelecendo padrões de comportamento social de reciprocidade, aceitando
ou rejeitando certos valores.
EtimológicamenteAntropologiaprovem da expressão grega anthropos,logos, ia que significa
Ciência do homem.
Antropologiaé a ciência que estuda a evolução do homem sob aspecto físico e cultural,
preocupa-se com a sua origem, sua posição na escala zoológica e a compreensão acerca dos
diferentes grupos étnicos e sociedades.
A ciência antropológica pode ser dividida em Antropologia Cultural que se preocupa com o
estudo das sociedades .
Antropologia Física que se preocupa com o estudo das variações qualitativas e quantitativas
dos caracteres humanos somatoscópicos (estuda as variáveis qualitativas - cor da pele, cor
dos olhos, etc); somatométricos (estuda variáveis quantitativas – altura, medidas do crânio, etc
) e a hemogenética (grupos sanguíneos, DNA).
2- História da Identificação:
É muita antiga , no Código de Hamurabi, dos caldeus e babilônios havia referência na forma
de identificação dos criminosos com amputações de órgãos tais como orelhas, nariz, dedos até
vazamento dos olhos dependendo da infracção.
3- Conceitos:
Identidade:
É umconjunto de caracteres que individualiza uma pessoa ou coisa fazendo-a distinta das
demais.
Identidade Pessoal Absoluta – é a determinação integral da individualidade de uma pessoa,
isto é, são os elementos que o caracterizam.

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Identidade Pessoal Relativa – é quando se estabelece unicamente algum carácter, alguma
condição ou peculiaridade que se relaciona com a pessoa.
Identidade Objectiva – é a que nos permite afirmar tecnicamente que determinada pessoa ou
coisa é ela mesma por apresentar um elenco de elementos positivos que a distinguem das
demais.
Identidade Subjectiva – é a sensação que cada individuo tem de que foi e será ele mesmo ou
seja, a consciência da sua própria identidade ou do seu “eu”.
Identificação:
É o processo pelo qual se determina a identidade de uma pessoa ou coisa, ou seja, é uma
diligência cuja finalidade é levantar a identidade.
É um conjunto de meios ou técnicas empregadas para que se obtenha uma identidade.
Identificação Médico Legal – é feita por médicos legistas ou biológos forenses. Exige-se
conhecimentos médicos, biológos e de outras ciências auxiliares empregando técnicas
médico-legais.
Identificação Policial ou Judicial – é feita por leigos em medicina, peritos em
identificação. A sua fundamentação reside no uso de elementos antropométricos e
antropológicos para a identidade civil e caracterização dos criminosos primários ou
reincidentes.

Reconhecimento – é uma afirmação laica, de um parente ou conhecido sobre alguém ou coisa


que diz conhecer. É apenas um acto de certificar, admitir como certo ou afirmar conhecer.
O familiar ou pessoa que reconhece uma pessoa ou coisa nas Instituições Médico Legais deve
assinar um Termo de Reconhecimento.

4- Elementos Biológicos ou Técnicos para eleger um método de Identificação:


Unicidade ou Individualidade: conjunto de elementos biológicos específicos naquele
individuo que é diferente nos demais.
Imutabilidade: são características biológicas que não mudam e não se alteram ao longo do
tempo.
Perenidade: é a capacidade que certos elementos biológicos tem de resistir à acção do
tempo, permanecendo toda a vida e até depois da morte.
Praticabilidade: é um processo técnico que não seja complexo para a obtenção e registo dos
caracteres.
Classificabilidade: é um processo técnico metodológico para arquivar os registos dos dados,
a sua facilidade e rapidez para busca dos mesmos dados.

5- Identificação Médico Legal:


Este processo de identificaçãoexige-se conhecimentos e técnicas médico-legais e de outras
ciências auxiliares, pode ser efectuada quanto a:

Espécie: é fácil muitas das vezes fazer a identificação de um animal vivo ou morto com
configuração normal. Este estudo deve considerar os seguintes elementos:
(1)- Ossos:a distinção entre os ossos de animais e do homem pode por:

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- Estudo da Anatomia Comparada, descrição das característicasmorfológicas em relação
as dimensões e outros caracteres que os distingue.
(2)- Sangue: quando estamos perante uma mancha é imprescindível determinar que tipo
de mancha se trata (sangue?, outra secreção orgânica? Ou produto quimico?). Para
determinar se trata de uma mancha de sangue, recorre-se a um teste simples para a
pesquisa deCristais de Teichmann .

Raça: (1)-
Tipos Étnico-Rácicos Fundamentais:Este estudo visa a descrição dos caracteres
biológicos qualitativos somatoscópicos dos diferentes grupos étnicos-racicos.
É importante realçar que não existe raça superior ou raça inferior, e que vários seculos da
história da humanidade e a globalização permitiram a miscisnagem e intercâmbio cultural
entre povos e grupos étnico-racicos.
(2)- Elementos de Caracterização Racial:Este estudo visa a descrição dos caracteres
biológicos qualitativos, sobretudos os caracteres biológicos somatométricos: –
Forma do crânio: descreve-se a semelhança geométrica que tem as formas dos crânios
vistas de cima para baixo, de diante para trás e lateralmente.

Sexo: O
sexo é um dos elementos constituitivos da personalidade de um individuo, a ele vem
acoplado outros elementos de Identificação Judicial ou Policial.
(1)- Sexo Cromossómico ou Genético: é definido pela avaliação dos cromossomas
sexuais e pelo corpúsculo florescente. É do sexo masculino o que tiver 46XY e corpos
florescente, do sexo feminino o que tiver 46XX e não conter corpos florescentes.
(2)- Sexo Gonádico: é definido como sendo do sexo masculino o portador de gónadas
masculino – os testículos, e do sexo feminino a portadora de gónadas femininas – os
ovários.
(3)- Sexo Cromatínico: é definido pela presença de corpúsculos de Barr presentes nos
nucléolos de celulas femininas. É do sexo feminino se for cromatínico positivo, e do sexo
masculino se for cromatínico negativo.
(4)- Sexo Genital Interno: é definido como sendo do sexo masculino se houver
desenvolvimento dos ductos de Wollf, e do sexo feminino se houver desenvolvimento
dos ductos de Múller.
(5)- Sexo Genital Externo ou Fenotípico: é definido como sendo do sexo masculino o
que tiver pênis e escroto com os testiculos presentes, e do sexo feminino o que tiver
vulva, vagina e desenvolvimento dos seios. É com este tipo de sexo que os recém-
nascidos são registados nas maternidades.
(6)- Sexo Jurídico: é o sexo com que se é registado no Registo Civil. Também é assim
designado quando as Autoridades Legais mandam que se registe um individuo num ou
noutro sexo, após suas convicções médico-legais, morais ou doutrinais.
(7)- Sexo de Identificação Psíquico ou de Identificação Comportamental ou Sexo
Moral:é definida pela identificação sexual que o individuo faz de si próprio e que se
reflecte no seu comportamento.
(8)- Sexo Médico Legal: é determinado após uma perícia médica nos portadores de
genitália dúbia ou estados inter-sexuais, quando solicitado pelas Autoridades Policiais ou
Judiciais por diversas razões.

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Nos casos em que o cadáver apresenta-se em estado avançado de putrefação ou cadáver
mutilado deve-se abrir a cavidade abdominal verificar se este apresenta o útero ou próstata
para a determinação de sexo.
Idade:
Para a determinação da idade, deve-se considerar os seguintes métodos ou elementos:
(1)- Aparência: É fácil geralmente distinguir um recém-nascido de um jovem ou de
idoso.
(2)- Pele: Este método somatoscópico avalia o surgimento das rugas. Começam geralmente
entre os 25 e 30 anos de idade
(3)-Pêlos:este método somatoscópico avalia o surgimento dos pêlospóst-puberdade.
No sexo feminino os pêlos púbicos surgem geralmente entre os 12 e 13 anos, os axilares
dois anos mais tarde. No indivíduos do sexo masculino os pelos pubianos e axilares
surgem entre 13 e 15 anos.

6- Identificação Judiciária ou Policial:


É um processo que não requere conhecimentos médicos ou biológicos.
A sua fundamentação baseia-se no uso de métodos somatoscópicos e métodos somatométricos
para a identificação civil e a caracterização dos criminosos primários ou reicidentes. Esse
processo é feito por peritos em identificação ou criminalistica.

Processos Antigos:
(1)- O ferrete foi o primeiro processo a ser usado pelo homem. Consistia em marcar as
pessoas com um ferro em braça, em diversas regiões do corpo, tais como região frontal,
escapular, coxas, etc. Servia para identificar escravos na antiga babilônia e punir os
criminosos, e por cada infracção ferravam uma determinada letra.
(2)- Mutilações um processo que se baseava em amputar certas partes do corpo, tais
como orelhas, nariz, dedos e mãos, língua, castração, etc. Servia para identificar e punir
os criminosos, as regiões do corpo amputadas tinham a ver com o tipo de infração.

Assinalamento Sucinto:
É o método de uso mais corrente actualmente. É o que se usa hoje nos Bilhetes de
Identidade, Passaportes, etc. Consiste em anotar nesses documentos dados referentes ao
nome, filiação, local de nascimento, nacionalidade, estatura, raça, idade, cor dos olhos e
cabelos, impressão digital, etc.

Retrato Falado:
É um processo em que se usa a capacidade de memória das testemunhas ou vítimas, que
devem descrever minuciosamente as feições do individuo em causa.

7- Criminalistica:
É a ciência que estuda os indícios ou vestigios deixados no local do crime ou no de facto.

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Graças a esses indicios é possível estabelecer a identidade do criminoso e as circunstâncias que
concorreram para o facto delitivo.
O tipo ou a natureza desses indicios é variável, quando se faz a deslocação para o local de facto
é fundamental que a equipe seja multidisciplinar ou multisectorial, formado por médico legistas,
policias e peritos da criminalistica tais como dactiloscópistas, biológos, quimicos, etc.
A Investigação Pericial de um indicio têm três fases:
(1)- busca na cena do crime;
(2)- recolha e envio para o laboratório.
(3)- exames analiticos e interpretação.
Regra de ouro na Investigação Criminal é a fotografia e os esquemas que devem preceder
qualquer avaliação.

Mancha: é toda a modificação da cor, todo género de sujidade ou ainda toda a adição de uma
matéria estranha, visivel ou invisivel a olho nú.
Pode estar depositada na superficie do corpo humano, sobre instrumentos ou ainda sobre
objectos.

Metodologia do estudo das Manchas: para o estudo das manchas independentemente da sua
origem e tipo existe uma metodologia ou uma serie de provas:
(1)- Prova de Orientação:é feita no local de facto, o perito leva consigo um Kit para efectuar
provas que lhe permite diante de uma mancha com determinadas caracteriticas, orienta-lo para
saber se uma mancha é por exemplo de sangue ou mancha de produto quimico (tinta),etc..
(2)- Prova de Certeza:pode ser feita também no local de facto ou no laboratório, para se ter
efectivamente a certeza que a suposta mancha é efectivamente mancha de sangue, pesquisa-se os
Cristais de Teichann ou semén por meio luz ultra violeta ou de Wood.
(3)- Prova de Especie: é feita no laboratório, com vista a determinar se a mancha é da especie
humana ou de outra especie usando as provas imunológicas ou microscópicas.
(4)- Prova de Individualidade:é feita no laboratório, onde se predente individualizar ou
identificar a quem pertence a mancha em apreço pela determinaçào dos grupos sanguineos, e
DNA.

Manchas de semén ou de liquido espermático:


É um liquido cremoso, de cor opalina, que tende a amarelo esverdeado com o decorrer do
tempo e com cheiro especifico.
É constitu ido por diferentes elementos – celulares ou espermatozóides e plasma seminal que
é o suporte, veiculo, meio de nutrição e estabilizador do espermatozóide.

O semém pode-se apresentar em três formas distintas:


- como uma mancha impregnada num tecido;
- como um fluído misturado com outros fluídos ou secreções orgânicas tipo secreção
vaginal, saliva, etc;
- como fluido sem estar misturado com outras secreções, ao obte-lodirectamente no individuo
para o estudo da esterilidade.
O seu estudo é efectuado em Medicina Legal na área do Direito Penal como em Direito Civil.
Em Direito Penal tem grande relevância nos casos de crime contra a honestidade

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previstos nos artigos 391 e seguintes do Código Penal, a pesquisa de manchas sobre as
roupas, no autor e na vítima constituindo prova de grande importância.

V- TRAUMATOLOGIA FORENSE OU MÉDICO-LEGAL


Traumatologia é o capitulo que estuda as lesões e estados patológicos, imediatos ou tardios,
produzidos por violência sobre o corpo humano.
Estuda o diagnóstico, prognóstico e as suas implicações legais e socio-económicas.
É um dos capitulos mais significativos da Medicina Legal, constituindo nos nossos Serviços
mais de dois terços das pericias.

1-Avaliação do Dano em Direito Comum:


A definição da Incapacidade Fisiológica Permanente (I.F.P.) também designada por
Incapacidade Funcional.
O objectivo do autor é de levantar a problemática da avaliação do Dano em Direito Comum em
Moçambique, com base nos critérios teóricos mais recentes, para que tanto os Magistrados, as
Companhias de Seguro e os Clínicos (peritos) usem os mesmos critérios para o seu diagnóstico e
avaliação.

Dano Patrimonial são danos corporais passíveis de avaliação pecuniária ou de ressarcimento.


Dano não Patrimonial são danos corporais em que não é possível a sua avaliação
pecuniariamente, mas servem para que com a sua descriminação se faça a Justiça Social, pedindo
ou não a agravação da sentença do ponto de vista criminal ou civil.

Incapacidade Fisiológica Permanente pessoal: é definido como sendo o atentado a uma ou


várias funções orgânicas intelectuais ou físicas, provocando a diminuição parcial ou total da
performance do individuo na esfera física, intelectual ou mental como de (compreender, pensar,
julgar, convencer, agir, comunicar-se, deslocar-se, fazer uso das mãos, etc.).

- 1ª Lei ou Principio: mesmo nos casos de enfermidades gravíssimas não existe em Direito
Comum a taxa de incapacidade fisiológica de 100%, que representaria a taxa máxima, a de um
individuo morto. O calculo deve ser feito seguindo a escala do Handcap, desde a enfermidade
mais benigna de 1% a mais grave de 99%.
Exempleficando se se atribuir a um paciente a taxa de 97%, isto quer dizer que a vítima perdeu
97% da sua capacidade como pessoa, consequentemente sobra-lhe 3% da sua capacidade
fisiológica.

I- Danos Patrimoniais:
Uma parte dos danos patrimoniais não é calculada ou feita pelo perito, corresponde ao custo de
todo o tratamento médico-cirúrgico, psicológico, fisioterapêutico, de transporte, etc. que a vítima
se sujeita devido ao dano. Geralmente este cálculo é feito pela unidade sanitária.
 Tempo de cura das lesões: avaliado em número de dias.
 Incapacidade total para o trabalho: avaliado em número de dias.
 Incapacidade parcial para o trabalho: avaliado em percentagem do tempo diário de
trabalho que a vítima deve dispender até completar o tempo de cura atribuido pelo perito.

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 Incapacidade fisiológica: avaliada em percentagem.

II- Danos não Patrimoniais:


 Prejuizo profissional: quando o dano ou sequela resulte em prejuizo (impossibilitando ou
incapacitando total ou parcialmente) às actividades habituais ou profissionais da vítima.
 Prejuizo de idade: este é avaliado para as idades extremas, à primeira e a terceira idade,
quando o dano ou sequela resulte em prejuízo (impossibilidade ou incapacidade) da
criança brincar (por exemplo correr, jogar, etc) como outras da mesma idade.
 Prejuizo obstétrico: quando o dano ou sequela resulte em prejuízo que impossibilite a
vítima de engravidar ou manter uma gravidez, por exemplo devido as lesões da parede
abdominal.
 Prejuizo de vida de relação: quando o dano ou sequela resulte em lesão gravissimo aos
órgãos ou aparelhos de vida de relação.

2-Classificação Legal das Lesões Traumáticas:


A- Exame no Vivo – Exame em Casos de Ofensas Corporais:
Médico legalmente com base nos art.359 e seguintes do Código Penal definimos de ofensas
corporais “a perturbação ilícita da integridade corporal doutrem”.
Subentende-se que esta definição não abrange as perturbações anatómicas ligadas a outras .
A importância médico-legal das ofensas corporais deve-se as consequências ou sequelas físicas,
psicológias e psiquicas que a vítima apresenta.
 Elementos Médico Legais Quantitativos: Com base nos artigos 359 e seguintes do
Código Penal os elementos quantitativos médico-legais que agravam o crime de ofensas
coporais, fazem parte dos Danos Patrimoniais da avaliação do Dano em Direito Comum,
e são:
(1)- Tempo de cura das lesões: segundo Luís Osório “ o réu só tem responsabilidade
criminal pelos resultados necessários da ofensa corporal.” É fácil definir o que é saúde –
segundo Organização Mundial da Saúde (O.M.S.) “saúde não significa só ausência de
doença, mas sim é um bem estar físico, social e económico”.

B- Elaboração do Laudo Pericial:


Do mesmo modo devem procurar avaliar com que instrumento, actuando em que direcção e com
que condicões de violência e com que intenção indicam tais ofensas haver sido feitas, e qual a
antiguidade da lesão.

1- Elaboração do Laudo Pericial:


 Identificação da vítima: deve constar o nome completo, idade, sexo, estado civil e
profissão.
 Informação: deve constar a razão ou motivo do pedido do Exame Directo. Geralmente
estas solicitações são feitas pela P.I.C. ou outro género da Policia, Procuradoria, Tribunal
Judicial, Escritório privado de um Advogado devidamente inscrito na Ordem, por
O.N.Gs. tipo L.D.H. (liga dos direitos humanos), Empresas de Seguros (EMOSE), etc.

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 Informação da vítima ou História da doença actual: a vítima relata em que
circunstâncias ocorreu o trauma ou a agressão, data, instrumento ou meio utilizado, quem
foi o agressor/relação que tem com a vítima, sintomas e lesões que teve imediatamente
após o trauma, tratamento médico-cirúrgico efectuado.
 História clínica pregressa: a vítima relata a história das doenças que teve anteriormente,
as que tem actualmente sem relação com o trauma. Deve referir se o trauma exacerbou ou
não o estado anterior.
 Informação hospitalar: informação constante no processo clínico de internamento ou das
consultas externas relativas a patologia provocada pelo trauma ou agressão.
 Exame objectivo: é um exame clínico completo da vítima. Estado geral, estado de
consciência, devendo enfatizar as lesões ou os sinais de lesões traumáticas, sua sede e as
incapacidades funcionais resutlantes do trauma, isto é, as sequelas em todos os órgãos,
aparelhos e sistemas.
 Considerações médico-legais: é a discussão médico-legal do problema, em que se
confirma se o ofendido foi ou não vítima de ofensas corporais, qual foi o agente ou meio
utilizado. Também deve-se mencionar se dessas ofensas corporais resultaram ou há
elementos médico-legais que qualificam esse crime.

B- Lesões produzidas por Armas Brancas.


Armas Brancas: são agentes ou instrumentos que actuam :
(1) por meio da lâmina ou folha do objecto – instrumento cortante.
(2) por meio da extremidade ou ponta do objecto – instrumento perfurante.
(3) em simultâneo a lâmina e a extremidade do objecto – instrumento corto-perfurante.
(4) em simultâneo a lâmina e o peso do objecto – instrumento corto-contundente.
(5) em simultâneo a extremidade e o peso do objecto – instrumento perfuro-contundente.
(6) em simultâneo a lâmina, a extremidade e o peso do objecto – instrumento corto-perfuro-
contundente.

1- Classificação das armas de fogo:


As armas de fogo classificam-se em função as dimensões, ao modo de carregar, ao modo de
percurir e quanto ao calibre dos projecteis.
 Dimensões:
 (1)- Armas de fogo portácteis, que são as mais usadas para defesa pessoal.
(2) - Armas de fogo semi-portácteis.
 (3)- Armas de fogo não portácteis, as verdadeiras armas de guerra.

3- Balística Forense.
Segundo Domingos TochettoBalística Forense “é uma disciplina integrante da
Criminalística, estuda as armas de fogo, suas munições e efeitos dos tiros por elas produzidos,
quando o disparo for relacionado directa ou indirectamente as infrações penais.”

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VI- GRANDES (POLI) TRAUMATISMOS - MORTE VIOLENTA ACIDENTAL ,
QUEDAS E PRECIPITAÇÕES
1- Acidentes de Viacção:
A - Epidemiologia:
Os acidentes de viação ocupam actulmente um lugar de destaque na Medicina Forense,
devido aos problemas médicos de diagnóstico e prognóstico, juridico e sócio-económicos
colocados que para a sua resolução se exige a intervenção médico-legal.
Causas:
Vários estudos permitiram determinar que a maior parte das lesões traumáticas que se
observa nas vítimas mortais e não mortais dos acidentes de viação são produzidas por agentes
ou instrumentos contundentes ou actuando como tal.
1- Factores técnicos:
Numerosos artigos e dados estatisticos relativo as causas de acidentes de viação dão grande
importância aos factores técnicos como sendo importante para a prevenção e diminuição das
taxas de incidência e de prevalência de morbi-mortalidade dos acidentes de viação. Os factores
técnicos sobejamente estudados em vários países são Estado das Rodovias e Estado dos
Veículos.
a) Estado das Rodovias:
 Curvas/cruzamentos: vários estudos feitos em países industrializados e do 2º mundo na
década 60 demonstraram que 25% de todos os acidentes ocorriam nas curvas e cruzamentos, e
que também 50% dos acidentes mortais nas cidades e 10 a 15% nas zonas rurais.
 Inclinação ou declive das rodovias: este é um dos factores técnicos de grande valia, que
os administradores das auto/estradas municipais, regionais, provinciais e nacionais devem
ter em consideração, colocando sinais apropiadas para que os utentes saibam qual é o
nível de declive da rodovia a fim de diminuir a velocidade dos veiculos, estabelecendo a
velocidade máxima.

 Revestimento da via: achamos de que este factor técnico é um dos que influenciam para
o aumento alarmante da taxa de incidência e prevalência dos acidentes de viação no
nosso país.

 Obscuridade: este factor técnico é também um dos que contribuem para os altos índices
de acidentes de viação no nosso país, tanto nas rodovias urbanas, interurbanas, regionais
e nacionais, porque associado ao mau estado de revestimento das vias, falta de
sinalização a obscuridade dificulta ainda mais a transibilidade e escoamento do trafego,
por isso muitos motoristas acendem as luzes no máximo e encandeiam os outros
motoristas.
b)- Estado dos Veículos:
É nestes factores técnicos que nós achamos de que a intervenção do estado (instituições que
existem para a inspecção e fiscalização, tais como INAV, Policia de Trânsito).

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Estado dos pnuemáticos: os pneumáticos devem estar em boas condições para uma boa
segurança rodoviária, pois estes bem conservados permitem que em situação de emergência a
travagem brusca ocorra com sucesso quer o pavimento esteja ou não escorregadio.
Estado mecânico do veículo: para que a segurança rodovária esteja garantida é fundamental que
todos os veículos ou meios circulantes estejam em devidas condições mecânicas.

 Sobrecarga de passageiros e da mercadoria: este é um dos factores técnicos que


infelizmente têm causado acidentes de viação com grande número de vítimas e lesões de
vária ordem desde vítimas mortais e não mortais, além de avultados danos materiais.
2- Factores Individuais:
Este é o factor fundamental na génese dos acidentes de viação, pois trata o factor humano,
individual ou pessoal e o colectivo para o tratamento e melhoria da segurança rodoviária.
 Factores pessoais: este é factor determinante na génese dos acidentes de viação.
(1)- formação do motorista ou condutor

 Aptidão física: achamos que este factor deve ser periodicamente renovado em função do
perfil epidemiológico da população, implicando uma articulaçào institucional entre o
Ministério da Saúde e o INAV. Existe uma tabela que universal para uma serie de
patologias ou incapacidades físicas incompativeis para o obtenção ou renovação das
cartas de condução.

3- Factores Exógenos:
O factor exógeno na aumento do risco de insegurança rodoviária e não só, está mais do que
demonstrado em vários estudos, dos quais se destacam o uso e abuso do alcool e/ou associado a
outras drogas psiotrópicas.
B- Atropelamento:
Atroplelamento é definido como sendo um complexo de violência contusivadirecta ou
indirectamente exercida por um veículo motos acima de 50cc sobre um peão ou um ciclista.
No atropelamento existem cinco fases: choque, projecção e queda, propulsão, esmagamento e de
arrastamento.
Fases:
 1ª fase – Choque: ocorre quando o veículo motor entra em contacto com o corpo da
vítima.Esta fase é importante para estabelecer a posição inicial da vítima no momento do
embate, na reconstituição do acidente. Nos cadáveres a pesquisa destas lesões deve ser
feita por meio da dissecção músculo-esquelética.
 2ª fase –Projecção e queda: após o choque o corpo é projectado para o ar ou para diante
com posterior queda sobre o veículo no capôo que é por exemplo típico nos
atropelamentos dos ciclistas, ao lado ou diante do veículo.
 3ª fase – Propulsão: o corpo é expelido para diante, acção de empurrão e de rolar
exercida pelo veículo sobre o corpo deitado no chão. As lesões típicas são as escoriações
bipolares nas partes descobertas e eminências do corpo de direcção contrária

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 4ª fase – Esmagamento:o veículo ao prosseguir a sua marcha, passa com as rodas por
cima do corpo da vítima. Nesta fase as lesões vão depender da velocidade, tonelagem do
veículo, região do corpo atingida.
 5ª fase – Arrastamento: ocorre quando o corpo fica aprisionado nas rodas ou noutras
partes do veículo e a vítima é arrastada durante o prosseguimento da marcha da viatura.

NB: Nem em todos os atropelamentos ocorrem as cinco fases, e a sequência pode não ser a
mesma.

Tipos de acidentes de aviacção:


 Aviacção militar:
 aviacção civil:
 Helicópteros:
 Acidentes dos aparelhos no solo sobre o pessoal:
 Saltos de paraquedas

VII – ASFIXIOLOGIA FORENSE


Inicialmente a expressão Asfixia foi utilizado para designar as mortes súbitas acompanhadas de
paragem cardíaca.
Asfixialiteralmente significa “sem ou ausência do pulso”, visto que os primeiros anatomistas
pensavam que nas artérias circulava ar ou pneuma.
Do ponto de vista cientifico expressão correcta seria anoxemia (déficit total de oxigénio) ou
hipoxemia(déficit parcial de oxigénio).
.
Sinais externos:
 Livor mortis ou manchas hipostáticas: aparecem precocemente, são abundantes e de
tonalidade escura.
 Cianose na face ou máscara equimótica: é um sinal que surge geralmente nas
sufucações, mas pode surgir nas outras formas de asfixia.
 Equimoses e ou petéquias na pele e mucosas: podem surgis em qualquer região do
corpo. Ao nível das mucosas são sinais mais constantes, predominantemente na mucosa
conjuntival palpebral e ocular, lábios, etc. (colocar foto).
 Fenómenos cadávericos: o esfriamento geralmente é mais lento; a rigidez cadavérica
também é lenta mas depois de instalada é muito intensa e prolongada; a putrefacção
geralmente é precoce e rápida.
 Cogumelo de espuma: é uma bola de finas bolinhas de secreção espumosa na boca e
narinas que se extende até as vias respiratórias inferiores. É um sinal frequente e
tipiconas vítimas por afogamento, pode aparecer noutras formas de asfixia em que é
precedido de edema pulmonar agudo e severo.
Sinais Internos:

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 Petéquias ou Equimoses viscerais: Estão sempre presentes em todos os tipos de asfixia
mecânicas e também nas asfixias clínicas, predominantemente nos pulmões ao nível da
pleura visceral, coração no epicardio e ao nível do timo.
 Aspecto do sangue: geralmente há fluidez do sangue e é de cor escura.
 Congestão polivisceral: em todos os orgãos.
 Edema pulmonar: os pulmões estão distentidos, congestionados e edemaciados.

3- Mecanismo de morte:
Existem três mecanismos fisiopatológicos responsáveis, e permitem fundamentar a
classificação das asfixias.
 Mecanismo respiratório: em que a causa da morte é simplesmente derivada das
alterações ao nível da função respiratória, desde alterações na composição do ar
respirável
 Mecanismo circulatório: quando a uma constrição ao nível da região cervical dos vasos,
artérias carótidas e veias jugulares.
 Mecanismo nervoso: ocorre quando há constrição do pescoço em que afecta o paquete
vasculo-nervoso nomeadamente o 10º par craneano ou Vago associado a irritação de
outros ramos nervosos.

4- Classificação das Asfixias:


Asfixias Puras: em que o mecanismo fisiopatológico de morte é básicamente respiratório,
com hipoxemia ou anoxemia e hipercapnéia.
A- Asfixia em ambientes por gases irrespiráveis:
 Confinamento.
 Asfixia por monóxido de carbono.
 Asfixia por outros vícios de ambiente.

B- Obstaculação à penetração do ar nas vias respiratórias:


 Sufocação directa (obstaculação ao nível dos orifício e vias respiratórias).
 Sufocação indirecta (compressão toraco-abdominal).

C- Transformação do meio gasoso em meio líquido ou semi-líquido:


 Afogamento.
D- Transformação do meio gasoso em meio sólido ou pulverulento:
 Soterramento.

Asfixias Complexas: em que o mecanismo fisiopatológico de morte resulta da constrição do


pescoço por meio de um laço, intervindo nestes casos mecanismos complexos como o
circulatório com interrupção da irrigação cerebral, nervoso por inibição periférica devido
compressão das fibras nervosas e o respiratório por constrição das vias respiratórias.
A- Constrição passiva do pescoço exercida pelo peso do corpo:
 Enforcamento.

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B- Constrição activa do pescoço exercida pela força muscular:
 Estrangulamento.

Caracterização Específica das Asfixias


 Asfixia por Confinamento:É um tipo de asfixia mecânica pura, devido a permanência de
um indivíduo num ambiente restrito ou fechado, em que não há renovação do ar.
O diagnóstico é nos dado pelos antecedentes fornecidos pelas Autoridades Competentes
(P.I.C., Procuradoria) ou familiares, fazem referência de que a vítima foi achada num
local fechado sem possibilidade de renovação do ar, por exemplo malas, baús, elevadores
após avaria ou corte de energia por muito tempo, muita gente encarcerada numa cela sem
possibilidade de renovação de ar (caso efectuado pelo autor numa cadeia em Montepuez).

 Sufocação: É
uma forma de asfixia mecânica em que a obstaculação ou impedimento a penetração do
ar respirável por meio directo quando a oclusão é a nível dos orifício e vias respiratórias e
indirecto por compressão da parede toraco-abdominal.

(a)-Sufocação Directa por Obstaculação ao nível da Boca e Fossas Nasais:


(1)- geralmente de carácter criminoso, quando há desproporção de força entre a vítima e
o criminoso frequente nos infanticídio e(idosos que estejam acamados) .

(b)- Sufocação Directa por Obstaculação ao nível das Vias Respiratórias:


(1)- geralmente de caracter acidental, em crianças que ao comerem frutas com sementes,
amendoim ou ao brincarem com moedas, berlindes e outros objectos

 Afogamento:
É um tipo de asfixia mecânica produzida pela substituição do meio gasoso nas vias
respiratórias por um meio liquido ou semi-liquido

Enforcamento:
É uma forma de asfixia complexa em que há constrição passiva do pescoço por meio de
um laço fixo, agindo o peso do corpo da vítima como força activa.
O ponto fixo do laço pode estar preso em qualquer sitio desde ramos das arvores, caibros
dos telhados, etc

a)- aspecto do cadáver: geralmente a cabeça está voltada para o lado contrário do nó. A
face pode estar ou não cianosada com presença de espuma ou liquido sanguinolento na
boca e narinas. A lingua geralmente cianosadaprojectada além das arcadas dentárias,
exoftalmia ou com olhos protusos.

b)- sinais locais externos: a constrição do pescoço por meio de um laço produz um sulco
localizado no terço superior do pescoço ou acima da cartilagem tiroidea

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c)- sinais locais internos: infiltações hemorrágicas - equimoses nos músculos cervicais
geralmente no lado contrário ao nó e retrofaríngea; podemos encontrar fractura do osso
hióide, fractura do aparelho laríngeo, fractura das vertebras cervicais.

Estrangulamento: É uma forma de asfixia mecânica complexa em que há constrição


activa do pescoço por meio de um laço exercida por uma força externa estranha. No
estrangulamento o corpo da vítima age passivamente. A causa juridica de morte
geralmente é homicidio, geralmente quando a vítima é pego de supresa ou quando há
desproporção de forças entre o agressor e a vítima.

a)- sinais locais externos: a vítima pode apresentar mascara equimótica com equimoses
subconjuntivais, a língua está projectada além das arcadas dentárias. b)- sinais locais
internos: infiltrações hemorrágicas - equimoses no tecido celular sub-cutâneo e nos
músculos geralmente com distribuição uniforme. O diagnóstico histo-patológico é útil
para comprovação das lesões. Os sinais gerais comuns de asfixia estão também presentes
como em outras formas de asfixias.

VIII- SEXOLOGIA OU AFRODISIOLOGIA FORENSE


É um dos capítulos mais mediatizados da Medicina Legal devido as repercusões morais e
juridico-legais que têm na vida das pessoas.
Tem como objectivo o estudo de:
(1)- sexo dúbio ou anomalias de diferenciação sexual e o trans-sexualismo;
(2)- crimes sexuais ou crime contra a honestidade ;
(3)- distúrbios de instinto sexual e as perversões sexuais com implicações médico-legais.

1- Estudo dos caracteres sexuais:


O sexo é um dos elementos constituitivos da personalidade biológica, jurídico-constitucional
de um individuo, ao sexo vem registado na Identificação Judicial particularmente no
Assinalamento Suncinto o nome, a filiação, o estado civil, a data de nascimento, o local de
nascimento, a nacionalidade, a raça, etc.
A identidade sexual de um individuo é influenciada por uma serie de factores inter-
relacionados, tais como factores genéticos, factores hormonais, factores psicológicos ou
comportamentais necessários para uma qualificação sexual harmoniosa.
O sexo é classificado em função desses factores que são designados de caracteres sexuais
assim teremos:
 Sexo genético ou cromossomico: é determinado pela presença de caracteres sexuais
cromossomicos, assim designaremos que um individuo é do sexo mascluino se tiver os
cromossomas sexuais 46xyou o individuo é do sexo feminino se tiver os cromossomas
sexuais 46xx.

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 Sexo gonâdico: é defenido pela presença nas gônadas indeferenciadas de elementos
germinativos provenientes da informação genética que dará origem a celula sexual do
tipo maculino ou feminino.
 Sexo cromatínico: a presença de corpúsculos de Barr presentes nos núcleolos determina
que o individuo é do sexo feminino.
 Sexo genital interno: é nos dado pela presença de caracteres sexuais internos do tipo
maculino o que tiver diferenciação dos canais : epididimo e trompas.
 Sexo genital externo ou fenotipico: é defenido pela presença dos orgãosgentais externos
do tipo masculino se tiver pénis e escroto com testiculos dentro das bolsas, do tipo
feminino se tiver a vulva. É com base no sexo genital externo ou fenotipico que se regista
o sexo do individuo na altura do nascimento.
 Sexo de identificação psíquica: é defenido pela identificação sexual que o individuo faz
de si próprio, e que se reflecte no seu comportamento.
 Sexo de identificação social: é definido pela identificação sexual influenciada pela
educação recebida desde a infância, no ambiente familiar, escolar, laboral e social, que
prepara e condiciona o sujeito para seu futuro papel sexual.

3- Sexologia Criminal - Crime contra a honestidade:


Os artigos relacionados com a sexologia criminal vêm contemplados no Código Penal, Livro
Segundo- dos Crimes em Especial, Título IV: dos Crimes Contra as Pessoas – capítulo IV: dos
Crimes Contra a Honestidade:
 Secção II- Atentado ao Pudor, Estupro voluntário e Violação: artigo 391 atentado ao
pudor, artigo 392 estupro, artigo 393 violação e artigo 394 violação de menor de doze
anos, artigo 395 rapto violento ou fraudulento, artigo 396 rapto consentido, artigo 397
cárcere privado e ocultação de menores, artigo 398 agravação especial, artigo 399
denúncia prévia, artigo 400 dote da ofendida e efeitos do casamento.
 Secção III- Adultério: artigo 401 adultério, artigo 402 perdão do marido, artigo 403
efeitos de setença cível, artigo 404 adultério do marido. Estes artigos estão revogados.
 Secção IV- Lenocínio: artigo 405 lenocínio, artigo 406 corrupção de menores.

A- Aspectos Jurídicos – Abordagem Médico-Legal:


Os crimes contra a honestidade
Atentado ao Pudor: Segundo o art. 391º do Código Penal “ todo o atentado contra o pudor de
uma pessoa de um ou outro sexo, que for cometido com violência, quer seja para satisfazer
paixões lascivas, quer seja por outro motivo, será punido com prisão.”& único. ‘’Se a pessoa
ofendida for menor de 16 anos, a pena será em todo o caso a mesma, posto que não se prove
violência.”
 Estupro: Segundo o art. 392º do Código Penal “aquele que, por meio de sedução, estuprar
mulher virgem, maior de doze e menor de dezoito anos, terá a pena de prisão maior de
dois a oito anos.” A
interpretação médico-legal deste crime de acordo com o que vem plasmado neste artigo e
outros do crime contra a honestidade é de que estupro “é a cópula vaginal, por meio de

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sedução, com mulher virgem menor de dezoito e maior de doze anos”,Virgindade é um
conceito jurídico-social que não resulta da integridade física ou anatômica da membrana
hímenial, resulta antes de a mulher nunca ter exercido cópula vaginal, mesmo
incompleta, conservando a sua pureza sexual.

Pedófilia e/ou abuso sexual de menorespode ser um distúrbio de instinto sexual, que consiste
em toda e qualquer exploração de menor pelo adulto que tem como finalidade directa ou
indirectaa obtenção de um prazer
EXAME DO AUTOR OU AGRESSOR: o exame clínico deve ser efectuado se possivel
urgentemente na mesma altura em que se examina a vítima, o ideal antes das vinte quatro horas,
o exame deve ser completo dando particular atenção a observação dos dedos e das unhas,
colheita de amostras para exame laboratorial de sangue, urina, saliva, nas bordas das unhas,
superficie do pénis, pêlos pubianos e manchas em todo o corpo, nas roupas.
 Exame em casos de sexo por via vaginal: o objecto de exame é o hímen e a região
vulvo-vaginal. Hímen ou hímeneé uma expressão proviniente do grego hymen, isto é,
membrana.

IX- OBSTETRÍCIA FORENSE.


É o capítulo da Medicina Legal que trata dos aspectos relacionados com a gravidez que tenham
implicações legais ou jurídicas, em diversas áreas do Direito, desde a fecundação e concepção,
modo ou forma como esta aconteceu, metódos utilizados, evolução, modo como ela terminou e o
destino dado ao recém-nascido.
1- Gravidez: É oestadio fisiológico durante a qual a mulher trás dentro de si o produto da
concepção.

A lei define como tempo de duração no seu artigo 1796 do Código Civil que a gestação dure no
minímo 180 dias e maximo 300 dias, e em média 280 dias. A pericia médico-legal para a
determinação da idade gestacional deve ter em consideração a data do último coito e data da
ultima menstruação.
 diagnóstico de Gravidez é efectuado com base em sintomas, sinais que a mulher
apresenta com apoio de meios auxiliares de diagnóstico.
Os sinais e sintomas de gravidez são divididos em:
a)- Sinais e sintomas de presunção:
 Pertubações digestivas: desejos, inversões do apetite, vómitos, náuseas, etc.
 Cloasma ou máscara grávidica.
 Hiperpigmentação da linha alba, hipertricose, lanugem e setrias abdominais.
b)- Sinais e sintomas de probabilidade:
 Interrupção do ciclo menstrual, amenorreia.
 Cianose vulvovaginal.
 Redução do colo do útero e do fundo de saco vaginal.

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 Aumento de volume dos seios com hipertrofia dos tubérculos de Montegomery, aumento
de pigmentação das aréolas mamilares com saida de secreção.
 Aumento de volume do útero.
c)- Sinais e sintomas de certeza:
 Movimentos fetais positivos.
 Batimentos de coração fetal.
 Aumento do volume uterino com palpação dos segmentos fetais.

O diagnóstico precoce é nos dado pelos testes imunológicos de sangue dosagem beta-hCG
plasmática (RIA), e da urina da gonadotrofina coriônica; por meio de ultrasonografia, etc.

O diagnóstico médico-legal de gravidez pode ser eefctuado:


 No Vivo:
(1)-de uma gravidez presente, para determinar a idade gestacional, vitalidade fetal.
(2)- de uma gravidez precedente, para determinar o modo ou forma como esta terminou
se foi termo ( Que tipo de parto?) ou se foi interrompido antes do termo (Tipo de
aborto?).
 No cadáver:
(1)- determinar a idade gestacional ou do feto.
(2)- determinar se há uma relação de nexo causalidade entre a morte da vítima e o
terminus da gravidez, isto é, se a gravide/aborto foi a causa básica de morte e qual o meio
ou instrumento empregue para a concretização deste facto.

2- Parto: é um conjunto de fenómenos fisiológicos e mecânicos cuja finalidade é a expulsão do


feto viável e dos anexos.
O trabalho de parto do ponto de vista médico-legal começa com a ruptura da bolsa amniótica,
que difere do conceito puramente obstétrico em que o inicio de trabalho de parto é feito com
base nem conjunto de sintomas e sinais registado numa ficha – partograma.

Tipos de patos: os partos podem ser por via vaginal e artificial:


 Parto vaginal eutócico: é o chamado também natural, a expulsão do feto deve-se as
contrações uterinas.
 Parto vaginal distócico: é o parto vaginal auxiliado por instrumentos, forceps para
expulsar o feto.
 Parto artificial ou por cesariana: é parto produzido por meio de uma intervenção
cirúrgica.
As ciscunstâncias em que se deve solicitar o diagnóstico médico-legal de parto são:
 Fins administrativo-laboral, direito a licença de parto.
 Legitimidade de nascimento, partos supostos 340º e 341º do Código Penal.
 Simulação, dissimulação, metassimulação da gravidez.
 Sonegação e substituição de recém-nascidos.
 Negação do crime do aborto (art. 358º) e de infanticídio (art. 356º )

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3- Puerpério: é o período ou espaço de tempo que vai desde o desprendimento da placenta até a
involução total do organismo materno às condições anteriores ao processo gestacional.
Tem a duração média entre as seis e oito semanas.
O diagnóstico desta condição fisiológica da mulher é feita provando a existência de sinais
de parto recente nos diferentes orgão genitais:
 Entre o 1º e 10º dias: o útero ainda está aumentado de volume e tamanho, acima da
cicatriz umbilical.
As dores abdominais ou cólicas devido a contração uterina são frequentes; o colo está
flácido, permeável dois a três dedos e gradualmente vai-se tronando menos permeável e
duro. As secreções vaginais,
lóquios são francamente hemáticos (lochia rubra) nos primeiros dias, mais pálidos (lochia
serosa) no quinto dia e praticamente branco-amarelado (lochia alba) por volta do sétimo
dia.
 Entre 10º e 45º dias: nesse periodo o útero vai regredindo de tamanho mais
lentamente, nesse periodo geralmente não ocorre a ovulação, há reepitelização da
vagina e da cavidade uterina, e lóquio é praticamente seroso.
 Pós puerpério, além dos quarenta cinco dias:
os sinais que a mulher apresenta são geralmente derivados da ovulação.
A diagnóstico médico-legal do puerpério pode ser solicitado nas seguintes circunstâncias:
 Fins Administrativo-laborais, licença de parto.
 Nos casos de sonegação e abandono de recém-nascidos.
 Nos casos de infanticídio.
 Nos casos de partos supostos (simulação e dissimulação), subtração de recém-nascidos
(art 340 e 341) .

3- Aborto: é definido médico-legalmente como sendo a interrupção da gravidez antes do têrmo


normal, produzindo a morte do produto da concepção.

O aborto criminoso com base no que vem plasmado na lei do ponto de vista médico-legal, é a
morte dolosa do produto da concepção, que é o ovo até o momento do parto ou até o termo da
gravidez.
O aborto que tem interesse Médico-Legal julgamos nós, é o aborto provocado em diversas
circunstâncias tais como: os acidentais (pós quedas, acidentes de viacção, acidentes de trabalho,
etc), pós ofensas corporais, ocasionado durante o exercício da actividade médica (casos de
responsabilidade médica), criminosos, etc.
Os abortosexpontâneos designados de ovulares não têm interesse médico-legal.
 Aborto Terapêutico: é o aborto realizado pelo médico quando este diagnostica que com a
continuação da gravidez surgirá a morte da gestante.
 Aborto por Sentença Judicial: este tipo de aborto surgiu após a 1ª Guerra Mundial na
Europa e noutras guerras seguintes mundial, regionais e nacionais que tiveram muitas
mulheres violadas por soldados, provocou movimentos de solidariedade em todo mundo,
em relação a problemática de gravidezes indesejáveis, tendo muitos paises despenalizado
ou permitido a sua prática. daí o nome dado por vários autores de aborto sentimental.

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X- TOXICOLOGIA FORENSE
1- Conceito e definição:
Toxicologia expressão que provem do grego, toxikonquer dizer arco, flecha, isto é, veneno.
A toxicologia compreende o estudo do agente tóxico ou veneno; sua origem; suas
propriedades; mecanismo de acção; seus efeitos lesivos no organismo.

Toxicologia Ambiental ou Profilática: é especialidade que estuda as diferentes formas ou


maneiras de previnir ou evitar a acção nociva de agentes poluidores do meio ambiente.
 Toxicologia Industrial: é a especialidade que se dedica ao estudo das substâncias
quimicas utilizadas na industria.
Toxicologia Alimentar: é uma das áreas que provocou tragédias em vários países do mundo,
citando alguns como Iraque, China, Espanha e Marrocos.

 Toxicologia Clínica: este área dedica-se ao estudo das manifestações e das pertubações
causadas no homem pela acção dos venenos ou tóxicos.
 Toxicologia Médico-Legal ou Forense:até tempos atrás o médico-legista era o único
toxicologo existente.

Intoxicação ou Envenenamento é um conjunto de elementos caracterizadores de dano à saúde


ou de morte violenta produzidas pela acção de determinadas substâncias de forma acidental,
criminosa ou voluntária.
É designado de Intoxicação quando o quadro sindrómico é de origem acidental, não intencional.
É designado de Envenenamentoquando o quadro sindrómico é de origem intencional, criminosa.
O & único do artigo 353º do Código Penal diz:
2- Classificação dos venenos ou tóxicos:
Quanto ao estado físico: líquido, sólido e gasoso.
Quanto à origem: vegetal, mineral e sintético.
Quanto às funções quimicas: funções inorgânicas: óxidos, ácidos, bases e sais; funções
orgânicas: hidrocarbonetos, álcoois, acetonas e aldeídos, ácidos orgânicos, ésteres,
aminas, aminoácidos, carbhidratos e alcalóides.

Quanto ao uso: doméstico, agricola, industrial, medicinal, cosmético e venenos


propriamente ditos.

3-Fisiopatologia: As substâncias tóxicas ou venenos têm um percurso no organismo, com as


seguintes fases: penetração, absorção, distribuição, fixação, transformação e eliminação.
Fases ou vias de pentração:
Via digestiva: oral, gástrica e rectal.
Via inalatória: penetra pelos orificios respiratórios, boca e narinas.
Via cutânea: por meio da pele.
Via parenteral: por meio da via intravenosa, via intra-arterial, via intramuscular, via
subcutânea, via intra-peritoneal e via intra-tectal.

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Fases ou vias de absorção:
É a via pela qual o tóxico ou veneno chega nos tecidos. As mucosas são as que absorvem os
tóxicos, a mais comum é a mucosa gastro-intestinal, via pulmonar ou respiratória e a via cutânea.
A velocidade da absorção depende da solubilidade, da concentração, da superficie de contacto e
da via de penetração do tóxico ou veneno.
Fase de transformação: é o processo de biodegradação da substância tóxica ou veneno, em que
estes são transformados em elementos menos nocivos ao organismo facilitando deste modo a sua
eliminação.
Fase ou vias de eliminação:é a fase em que a substância tóxica ou veneno é expelido do
organismo:
Via digestiva: pela saliva;por meio de vómitos; por via hepática por meio da bilis; via
anorectal por meio das fezes.
Via urinária: por meio da urina.
Via respiratória: por meio do ar expirado.
Via cutânea: por meio do suor ou transpiração.
Outras vias: pela secreção lactea, pela placenta, cabelos e unhas.

Critério Anátomo-Patológico: seu diagnósticobaseia-se nos sinais anátomo-patológicos


macroscópicos encontrados durante a necrópsia com ou sem posterior estudo histo-
patológico dos diferentes órgãos e tecidos.

Critério Antropológico ou Circunstancial: também designado por alguns autores de


Critério Socio-Ambiental ou Socio-Antropológico ou ainda de Critério Histórico-
Policial: este critério é importante pois investiga as circunstâncias relacionadas com o
facto.
Baseia-se no estudo ao local de facto onde se pode encontrar o supusto veneno., cartas ou
bilhetes deixados pela vítima; entrevistas com testemunhas e declarantes que podem-nos
fornecer dados importantes relacionados com a vítima sobre profissão, hábitos de vida,
circunstâncias em que ocorreu o facto.

Critério Médico-Legal: é o diagnóstico final, que tem como fundamentação a sintese de


todos os outros critérios acima referenciados, e o médico-legista ou perito faz as
conclusões finais.

5- Autópsia em caso de Intoxicação/Envenenamento. Instruções Regulamentares:


A- Substâncias sobre que pode recair a investigação toxicológica:
1º - Matérias vomitadas e dejecções, roupas ou panos sujos com essas matérias, ou ainda
aparas da madeira do soalho, terra, pedra, etc., em que possam estar dessecadas as
substâncias vomitadas ou dejecções.
2º - As diferentes vísceras, sangue, urina, músculos, ossos, cabelos, etc..

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3º - Medicamentos que serviram à vítima, alimentos, bebidas, pós medicamentosos e
outros.
B- Questionário relativo às observações que convém apurar no acto da autópsia, para
informação do analista:
1º Observa-se no conteúdo do estômago cheiro que possa ser devido a alguma substância tóxica?
2º Encontram-se no estômago ou nos intestinos corpos estranhos suspeitos?
3º As mucosas da língua, beiços, esófago e estômago apresentam alguma coloração especial,
relacionável com a possivelacção de substâncias irritantes, caústicas, etc.?

Todas estas observações devem ser feitas, sempre que seja possível, antes que a putrefação
tenha modificado profundamente o aspecto e cheiro dos órgãos referidos.

No caso de uma exumação, os peritos responderão mais aos seguintes quesitos:


1º Qual é o modo de sepultura?
2º Havendo caixão enterrado, qual é o seu estado de conservação?
3º Penetrou terra dentro do caixão?
4º Encontrou-se terra misturada com as vísceras?
5º Dentro do caixão foi encontrado água?

A pericia médico-legal nas suspeitas de intoxicação alimentar deve seguir a mesma metodologia
que nos casos de intoxicação ou envenenamento, com enfoque particular segundo Simonin:
(1)- investigação clínica junto dos doentes.
(2)- pesquisa serológica e bacteriológica.
(3)- investigação epidemiológica.
(4)- investigação junto do inculpado, com exame dos locais.
(5)- pesquisa de portadores de germes doentes ou sãos.

XI- NOÇÕES GERAIS SOBRE PSICOPATOLOGIA OU PSIQUIATRIA FORENSE


1- Introdução:
Criminologia: é uma ciência multudisciplinar que se dedica ao estudo do crime, do deliquente,
da vítima e controlo dos comportamentos anti-sociais.
É uma ciência heterogenea porque relaciona-se com :
 Medicina Legal é a ponte entre a Medicina em geral e em particular a Psiquiatria e a
Psicologia Médica ou Clínica, e o Direito, auxiliando a Administração da Justiça nas
periciaspsiquiatrico forense.
 Psicologia e Psiquiatria áreas que estudam a conduta normal e patológica, estudando
deste modo as condutas delitivas ou criminais como modo ou forma de comportamentos
anti-sociais.

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2- Fundamentos juridicos e médico-legais de Imputabilidade:
A periciapsiquiatrico forense têm como objectivo no âmbito de Direito Penal estabelecer a
relação de causalidade psiquica entre o homem e as suas acções, quer dizer, estabelecer a
imputabilidade como um requisito prévio de responsabiliade e de culpabilidade nos casos de
acções criminais.
O crime é um fenómeno social, eminentemente humano, presente independentemente do modelo
politico-social das sociedades. A história do crime começa com a própria história do homem.
A imputabilidade é um conceito juridico de base psicológica; daí depende a responsabilidade e
a culpabilidade individual.
A lei reputa, para efeitos de responsabilidade penal e da capacidade civil, que o individuo possua
saúde mental e maturidade psiquica.
Transtorno Mental Transitório (T.M.T.) é um estado de perturbação das faculdades mentais de
curta duração, que evolue com cura definitiva e sem perigo de reaparecimento.
3- Exame em casos de alienação mental:
Alienado, de aliienus, alheio, de alius, outro, é o individuo alheio ao seu meio social, outro que
os individuos que o cercam.
Alienação mental é o conjunto de estados patológicos em que perturbações mentais apresentam
um caracter antisocial, segundo Dupré.
II- História do caso:
Idade do arguido, nome, naturalidade, residência. Raça, religião.
1- Hereditariedade.
Há doenças nervosas ou mentais e alcoolismo no pai, mãe, avós e outros parentes? Há na familia
particularidades estranhas de caracter? Crimes de assassinatoe outros de suicídio? Os pais e avós
eram parentes consaguineos ou de idade desproporcionada? A mãe durante a gravidez esteve
exposta a traumatismos ou afectos dolorosos? O parto foi laborioso ou exigiu operação?
2- Infância.
a)- Houve estados nevropáticos, convulsões, coréa, estados epileptoides?
b)- Como se desenvolveram a inteligência e o caracter? Houve alterações na evolução normal?
Actos estranhos denotando perversidade ou inconsciência moral? Mudança de caracter ou de
inteligência por traumatismo craniano, doença ou outra causa? Como aprendeu o arguido a andar
e a falar?
c)- Como se fez o desenvolvimento físico? A dentição? O desenvolvimento sexual?
d)- Doenças infantis.
e)- Conduta na escola. Educação em colégio, asilo, convento. Progressos. Onanismo precoce.
Poder reflexivo.
f)- Hábitos viciosos ou supostos tais (urinar na cama, etc.).
3- Puberdade.

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Paragem de desenvolvimento psíquico. Alterações psiquicas passageiras. Convulsões. Pimeira
menstruação. Regularidade das regras no principio.
4- Vida ulterior.
a)- O arguido conseguiu estabelecer-se na vida por suas próprias forças ou sempre careceu de
amparo e protecção?
b)- É casado? Há filhos? São sadios? Morreram alguns?
c)- Relações com o cônjuge? O casamento é feliz?
e)- História obstétrica.
d)- Eram satisfatórias as condições de vida? Outras questões relavantes.
e)- O trabalho era excessivo? O arguido sofria de doença?
f)- História clínica pregressa do arguido.Traumatismos, quedas, traumas psiquicos, medos?
g)- Intoxicações e/ou enevenenamentos.
h)- Hábitos alcoólicos e de outras drogas psicotrópicas.
i)- Acusações e condenações anteriores? De que género?
j)- Anteriores doenças mentais? Quanto tempo esteve alienado? Qual a forma de alienação?
k)- Quando houve convulsões? Tipo? Com que intervalos?
l)- Como o arguido governava a sua vida?
m)- Sabe-se de excessos, perversões ou privações sexuais?
5- O acto imputado ao arguido.
a)- Descrição do acto criminoso.
b)- Segundo o processo.
c)- Segundo os dizeres do arguido e na extensão em que ele recorda.
d)- Conduta do arguido antes e depois do crime, segundo os dizeres do mesmo arguido.
III- Resultado do exame directo.
1- Atitude, apresentação, expressão do rosto, gestos, nas diferentes observações ou visitas.
2- Outras manifestações espontâneas, idem.
3- Resumo da observação hospitalar, se houve.
4- Exame físico completo.
5- Fala: voz baixa, forte. Fala tranquila, lenta, rápida, corrente, etc.. Mutismo. Repetição de
paradigmas. Concomitância de sobressaltos de contracção de músculos da face, dos lábios, etc.
6- Interrogatório do arguido nas diferentes visitas. Menção palavra a palavra das frases que
mostram desarranjo psíquico. O interrogatório deve fazer menção do estado de consciência,
orientação no tempo e no espaço do arguido; humor, excitação ou depressão; compreensão;
conduta da inteligência; o queo arguido pensa da sua vida precedente, etc..

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IV- Opinião.
1- Reunião de todos os factos e dados que indicam a doença.
2- Desenvolvimento, se estes factos bastam para afirmar um estado de alienação no momento do
exame e do crime; sendo possivel, depois da enumeração dos sintomas, caracterização cientifica
da forma mórbida.

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