A Surpresa de Handa - Pré
A Surpresa de Handa - Pré
A Surpresa de Handa - Pré
Portfólio de Grupo
“A surpresa de Handa”
Braga
2022-2023
Índice
Introdução
1. Fundamentação Teórica
Importa ressaltar que a leitura dialogada não tem como objetivo avaliar se a criança
compreendeu a leitura, nem trazer para a roda de conversa o trabalho de questões
normalmente “escolarizantes”, como quem são as personagens, onde se passa a ação, etc.
Apesar de esse tipo de questões poder fazer sentido em determinadas situações, o objetivo
está sempre voltado para o desenvolvimento da linguagem oral, aliás como já citado e
definido como uma das orientações nas OCEPE.
Contudo, apesar de estarmos mais voltadas para o pré-escolar, entendemos que as
potencialidades da leitura dialogada não se restringem ao público não leitor. Na verdade, e
nas palavras de Pereira (2020), quando a criança se torna leitor a leitura dialogada passa a
adquirir “outros contornos, que se complexificam ao longo da vida, como bem o ilustra a
realização dos clubes de leitura dos leitores adultos” (p. 57).
Para que seja possível um momento de leitura, é essencial que o/a educador/a tenha
livros pré selecionados que sejam adequados e estimulantes, possibilitando o diálogo e a
expressão oral. Esses livros não são nada mais, nada menos que narrativas. Estas podem ser
entendidas como: “Narrativa é discurso, e a principal regra do discurso é que deve haver um
motivo para que o mesmo se distinga do silêncio. A narrativa é justificada pelo fato de que a
sequência de eventos que ela conta é uma violação da canonicidade: ela conta algo
inesperado ou algo que o ouvinte tem motivo para duvidar. O ‘motivo’ da narrativa é resolver
o inesperado, eliminar a dúvida do ouvinte ou, de alguma forma, corrigir ou explicar o
‘desequilíbrio’ que, antes de mais nada, fez com que a história fosse contada. Uma história,
portanto, tem dois lados: uma sequência de eventos e uma avaliação implícita dos eventos
contados (Bruner, 2001, p. 119).
Ou seja, a narrativa é uma forma de provocação, que irá exigir que os ouvintes façam
uma análise e, no caso da leitura dialogada, oralizem essa análise e comuniquem-se uns com
os outros. A narrativa é, então, uma atividade cultural que necessita de recursos da linguagem
oral, não deixa de ser, dessa forma, uma ação de linguagem. As interações que ocorrem entre
as crianças ou entre as crianças e o/a educador/a organiza e proporciona experiências
compartilhadas (Dickel & Sartori, 2020).
2. Narrativa
3. Atividades
- Organização da turma:
Sentadas em círculo de forma que todas consigam visualizar o livro na mão do/a
educador/a.
Pré-leitura
Esta atividade tem como principal objetivo escutar as ideias prévias das crianças e
introduzir o conceito da surpresa, que é fundamental para o entendimento da narrativa.
OBS: As respostas das crianças são possibilidades que entendemos que possam
surgir de forma natural no decorrer do diálogo adulto-criança. Temos consciência que no
contexto real poderão surgir outro tipo de respostas/questões levantadas pelas crianças, ao
que se espera que o educador aceite e integre no diálogo, parafraseando ou reformulando
sempre que se veja necessário para a criança melhor contribuir para o desenvolvimento oral
da criança e do grupo. Assim como coloque questões que guiem as crianças no sentido
esperado da conversa.
Crianças: Eu sei; não; sim; eu já fiz uma à minha mãe; a minha mãe já fez uma ao meu pai.
Educador/a: Acham que quando fazemos uma surpresa a alguém, essa pessoa já sabe ou está
à espera?
Crianças: Não; não, porque assim já não é surpresa; o meu pai fez uma surpresa à minha
mãe e eu sabia.
Crianças: Não.
Crianças: Não, porque não se pode pôr frutas nos chapéus; mas está na cabeça; porque está
preso ao cabelo.
Educador/a: Realmente não é um chapéu. É uma cesta que algumas pessoas, em alguns
lugares, colocam na cabeça com a ajuda de um lenço de pano. (mostrar imagem)
Crianças: É um menino porque tem cabelo curto; é um menino porque eu estou a ver; é uma
menina porque tem tranças; os meninos também podem ter tranças.
Crianças: Sim, porque deve ter tratores - porquê? - porque é o que eu gosto; não porque essa
menina é de outro país.
Educador/a: Será que estas frutas são as mesmas que estão na capa?
Crianças: Sim, são iguais; não sei, deixa-me ver; eu acho que sim.
Educador/a: Este livro chama-se “A surpresa de Handa”. Já alguma vez ouviram o nome
Handa?
Crianças: Não; nunca ouvi; é estranho; não conheço ninguém com esse nome.
Educador/a: Acham que é um nome que se usa em Portugal, ou será de outro país?
Educador/a: Então qual é que vocês acham que será surpresa da nossa amiga Handa?
Crianças: Deve ter a ver com as frutas; vai receber frutas; eu não sei.
Crianças: Sim!
Leitura
Essa atividade tem como principal objetivo estimular o gosto pela leitura e promover
uma leitura dialogada, ou seja, o/a educador/a irá incentivar o diálogo e fazer pausas
estratégicas para garantir a compreensão da narrativa.
Na página onde se verifica a cauda do primeiro animal, no canto superior direito da folha,
chama a atenção.
Educador/a vira a página e mostra canto superior esquerdo da página e pergunta o que acham
que aconteceu.
Educador/a continua a leitura, mantendo o mesmo registo de questão até ao ponto em que as
crianças já “adivinham” o que irá acontecer.
Crianças: Agora este animal vai roubar a fruta; vai ficar sem outra fruta.
Ao chegar ao momento onde o papagaio tira a última fruta, o/a educador/a faz nova pausa.
Educador/a: E agora, o que acham que vai acontecer?
Crianças: Agora ela vai ficar triste porque não tem nada; agora não sei, ela não tem frutas; já
não tem frutas, vai chorar.
Educador/a: E agora? Qual surpresa a Handa vai entregar à sua amiga Akeyo?
Educador/a espera que percebam que há um animal e, caso necessário, faz perguntas que guie
as crianças a verem que está preso.
Crianças: Nada; o animal está preso; já não tem mais frutas para ele tirar.
Educador/a: Sim, a corda enrolou-se nas patas e ele foi contra a árvore. E o que aconteceu
com o cesto?
Crianças: A cabra foi contra a árvore e caíram tangerinas e o cesto ficou cheio; ficou com
fruta nova; ficou com outras frutas; ficou cheio de tangerinas (Salvador).
Educador/a: Mas reparem, a Handa continua a caminhar… Acham que ela se deu conta do
que aconteceu?
Crianças: Acho que ela não vai gostar; vai ficar surpreendida; vai ficar assustada.
Crianças: Chegou com tangerinas; ela tinha sete frutas e afinal esta é que era a fruta
preferida dela (Salvador).
Crianças: Sim!
Crianças: A Handa está com cara de surpresa; ela ficou assustada porque não sabe quem fez
aquilo; ela gostou porque a amiga disse que é a fruta preferida.
Roda de Conversa
Essa atividade tem como principal objetivo perceber qual foi a compreensão das
crianças acerca da narrativa, para isso o/a educador/a coloca questões e estimula a
participação, promovendo também o desenvolvimento da linguagem oral. Durante o diálogo
após a narrativa, o/a educador/a também irá introduzir a discussão de conceitos e de palavras
apresentadas, promovendo a construção de novos conhecimentos e do alargamento de
vocabulário por parte das crianças. É importante destacar que nem todas as atividades
precisam de ser feitas no mesmo dia, tendo em vista que a duração depende, também, do
interesse e envolvimento das crianças. Assim, podem ser criadas duas ou mais sessões para
trabalhar a mesma narrativa, nesse caso o/a educador/a deve relembrar as crianças da
narrativa e ter sempre o livro presente.
Crianças: Fez uma surpresa à amiga; foi surpreendida; as duas coisas; mas ela também ficou
surpreendida por causa das tangerinas por isso é os dois; fez a surpresa à amiga mas também
fez a ela porque não sabia que tinha tangerinas.
Neste momento, a atividade continua, porém agora mais focada no conhecimento das
diferentes frutas. O educador/a deve estimular as crianças a dizerem os nomes das frutas que
já conhecem e das que estão a descobrir.
O/A educador/a mostra um cesto com as frutas da narrativa e permite que as crianças
sintam os cheiros e vejam as texturas, sempre estimulando o diálogo e a partilha, para
desenvolver a expressão e a linguagem oral. Em seguida, com as frutas já previamente
cortadas, apresenta e dá a provar às crianças.
Focando depois nos animais, o/a educador/a propõem um diálogo a este respeito.
Incentivando a expressão e a linguagem oral, mobilizando os conhecimentos prévios e
estimulando a curiosidade e vontade de aprender.
Educador/a pesquisa vídeos na internet com as crianças, para verem como são e como
se movem na natureza (vídeos previamente pesquisados em casa). Em seguida, promove uma
conversa sobre o comportamento dos animais, colocando questões para que as crianças
entendam porque eles retiraram as frutas da cesta.
Educador/a: Temos aqui informações novas!! Quénia, tribos, África… Conhecem alguma
destas palavras? Já as ouviram?
Educador/a: Onde podemos buscar informação? Será que estes livros podem ajudar? (livros
previamente escolhidos pelo educador/a com mapas, curiosidade e explicações sobre África e
os assuntos em causa)
O/a educador/a mostra num mapa onde fica Portugal, onde fica o continente africano
e onde está localizado o Quénia. Nesse momento, caso existam crianças de outras
nacionalidades no grupo, o educador/a também mostra onde são localizados os países em que
nasceram.
Educador/a: As tradições deste país são diferentes das nossas em Portugal, sabiam?
Gostavam de saber mais sobre as tradições do Quénia?
O/a educador/a deve ter previamente livros com informação pertinente acerca do
assunto e/ou realizar pesquisas na internet (previamente acessadas). Caso alguma criança seja
oriunda deste país, ou tenha familiares de lá, pode convidar a ir à sala falar sobre o país ou
cozinhar uma comida típica, por exemplo, criando uma nova atividade de promoção da
multiculturalidade.
SESSÃO POSTERIOR
Reconto
Ainda com esta atividade vamos concretizar, com as crianças, o conceito de surpresa.
Para fazer a salada de frutas será necessário comprar as frutas. Para isso, pode ser
realizada uma visita de estudo ao Mercado Municipal da cidade, fazendo até uma comparação
com o mercado do Quénia, que viram nas pesquisas. As crianças oferecem desenhos ou uma
flor aos comerciantes, sendo elas a escolher e preparar a surpresa, fazendo ponte com o
conceito que serve de mote ao livro. Antes de ir tudo deve ser registado: quais as frutas que
irão comprar e a quantidade, colocando por escrito e em desenho ou recortes, o que irá
trabalhar a literacia emergente e aprendizagem holística, pois envolve a matemática, por
exemplo.
Depois de comprarem as frutas, ajudam a lavar e a preparar a salada que irão oferecer.
Realizam, ainda, um convite para cada sala da escola, a convidar para a surpresa que
prepararam. Ensaiam a dramatização e, no dia marcado, apresentam aos amigos. No final
lancham a salada de fruta que prepararam
Momento final - Avaliação/Síntese
As crianças serão convidadas a eleger o que mais gostaram de aprender e /ou fazer.
Poderia ser realizado um jornal de parede com as aprendizagens destacadas pelas crianças,
acompanhado de fotos e comentários das mesmas. Serão também estimuladas a avaliar a
atividade do lanche sobre o que correu bem, o que poderia ter feito diferente e que sugestões
poderemos deixar. Como forma de complemento, seria também pedido às crianças o que
mais gostariam de descobrir.
ideias a trabalhar:
Silva, I. L., Marques, L., Mata, L., & Rosa, M. (2016). Orientações Curriculares para a
Educação Pré-Escolar. Lisboa: Ministério da Educação/Direção-Geral da Educação (DGE).