EXMO. DR.

JUIZ DO TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE ANGRA DOS

REIS - RJ.

  

FRANCISCO CANINDE DA COSTA RAIMUNDO, brasileiro, solteiro,

autônomo, título de eleitor nº 0864603103/53, Zona nº 0147, seção 0074,
identidade nº 105660905 DETRAN/RJ, e do CPF nº 073.648.597-05, residente
e domiciliado na Rua da Assembleia, 39, Bairro Morro Boa Vista, Angra dos
Reis – RJ, CEP. 23.952-020, 1º Suplente do Progressistas (PP), através de
seu representante legal Dr. Luís Machado dos Santos, identidade 115644
OAB/RJ, com escritório localizado na Rua Adriano Augusto Pereira, 28,
Engenho, Itaguaí – RJ, CEP. 23820-000, tel. (021) 988344601,
email:[email protected], local que indica para fins do Art. 39, I do CPC,
vem perante V.Exa. propor a presente

AÇÃO DE DECRETAÇÃO DE PERDA DE CARGO ELETIVO EM

DECORRÊNCIA DE DESFILIAÇÃO PARTIDÁRIA SEM JUSTA CAUSA C/C
TUTELA ANTECIPADA

em face de EDSON CARLOS RODRIGUES, título eleitoral nº. ____________,

Zona ___ª, identidade ______________, CPF _____________, Residente e
domiciliado a Rua _____________________________, CEP. _________e o
endereço de trabalho sito a Câmara Municipal de Angra dos Reis situada a Rua
da Conceição, 255 - Centro, Angra dos Reis - RJ, 23900-437, Tel.: (24) 2404-
2744, e PARTIDO PROGRESSISTA - PP, Rua da Quitanda, nº 30, sala. 819,
Centro, Rio de Janeiro – RJ, CEP: 20011-030, tel. (21) 2240-4420, na pessoa
de seu Presidente Dr. LUIZ ANTONIO DE SOUZA TEIXEIRA JÚNIOR, pelos
fatos e fundamentos a seguir expostos.
 

INICIALMENTE

DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
Inicialmente, afirma não ter condições de arcar com a custa processual e
honorária advocatícios, por não ter recurso e sem prejuízo de seu sustento e de
sua família, fazendo jus aos benefícios da gratuidade de justiça e da assistência
jurídica integral, conforme preceitua a Lei n.º 1.060/50 e a Constituição da
República federativa do Brasil, em seu artigo 5.º, inciso LXXIV.

Informar os seguinte endereço:

- Câmara de Vereadores de Agra dos Reis: Sede: Rua da Conceição, 255 -

Centro, Angra dos Reis - RJ, 23900-437, Tel.: (24) 2404-2744; endereço
do Plenário da Câmara Municipal de Angra dos Reis: Praça Nilo Peçanha,
s/nº - Centro - Angra dos Reis - RJ

Informar que:

O Partido Progressista - PP protocolou petição inicial no dia 06-05-2022

processo nº 0600021-61.2022.6.19.0116, na 116ª ZONA ELEITORAL DE
ANGRA DOS REIS/RJ, Classe Judicial: Petição Cível, Assunto Principal:
Cargo - Vereador, AÇÃO ORDINÁRIA DE PERDA DE MANDATO DO
VEREADOR EDSON CARLOS RODRIGUES. Requer assim o
aproveitamento dos autos acima referido, com expedição de ofício a 116 º
Zona Eleitoral para que forneça cópia completa dos referido processo.

O Vereador EDSON CARLOS RODRIGUES protocolou no dia 01-04-2022

processo nº 0600008-66.2022.6.19.0147, na 116ª ZONA ELEITORAL DE
ANGRA DOS REIS/RJ, Classe Judicial: FILIAÇÃO PARTIDÁRIA, Assunto
Principal: Filiação Partidária – Cancelamento. Requer assim o
aproveitamento dos autos acima referido, com expedição de ofício a 116 º
Zona Eleitoral para que forneça cópia completa dos referido processo.

DA ANTECIPAÇÃO DA TUTELA

Diante do fumus boni iuris e do periculum in mora a

seguir demonstrados, requer, preliminarmente, que seja empossado o
candidato que se encontra na qualidade de 1º suplente ao cargo de vereador
para o pleito de 2020, no Município de Angra dos Reis, que tenham mantido a
condição de filiado ao PARTIDO PROGRESSISTA – PP.

Reitere-se, por oportuno, que o referido suplente

deverá ser empossado na vaga a ser aberta pela decretação de perda do cargo
eletivo em decorrência de desfiliação partidária pelo vereador eleito pelo
PARTIDO PROGRESSISTA – PP para o pleito de 2020, que se desfiliou do
PP, após a data de 01 de abril do corrente ano, em virtude do entendimento
adotado pelo E. TSE, e confirmado pelo E. STF, em que se garantiu o direito
das agremiações partidárias de manterem as vagas obtidas no pleito em caso
de desfiliação dos filiados eleitos, bem como dos suplentes.

DO FUMUS BONI IURIS

Verifica-se que, com base nos julgamentos vistos no

TRE e STF, não há dúvida na aplicabilidade das normas Constitucionais e
Infraconstitucionais, em que se garante aos partidos políticos o direito de
manter as vagas alcançadas pelo sistema proporcional, nos casos de
desfiliação dos filiados eleitos.

DO PERICULUM IN MORA

Fato é que os mandatos eletivos dos vereadores duram 4 (quatro) anos, sendo
certo que a eleição se deu no ano de 2020, e durarão até 1º de janeiro de
2025, e já estamos no meio do ano de 2022, restando somente o exercício de
2023 e 2024, não havendo como esperar por longa solução de litígios no que
concerne aos mandatos eletivos. O Partido Progressista - PP protocolou
petição inicial em 06/15/2022 com AÇÃO ORDINÁRIA DE PERDA DE
MANDATO DO VEREADOR EDSON CARLOS RODRIGUES na comarca da
116ª Zona Eleitoral de Angra dos Reis, com a seguinte numeração: Processo
nº 0600021-61.2022.6.19.0116. Vereador EDSON CARLOS RODRIGUES
protocolou no dia 01-04-2022 processo nº 0600008-66.2022.6.19.0147, na
116ª ZONA ELEITORAL DE ANGRA DOS REIS/RJ, Classe Judicial: FILIAÇÃO
PARTIDÁRIA, Assunto Principal: Filiação Partidária – Cancelamento.
 No pleito eleitoral disputado no ano de 2020 no
Município de Angra dos Reis, o Partido Progressista -PP alcançou o total de 2
(duas) vagas de vereadores da Câmara Municipal de Angra dos Reis, tendo
sido eleitos os senhores vereadores Gabriella Carneiro Oliveira e EDSON
CARLOS RODRIGUES, restando como primeiro suplente o senhor
FRANCISCO CANINDE DA COSTA RAIMUNDO (anexo relatório do resultado
da totalização, Eleições Municipais 2020).

Com a cassação o mandato do então vereador

EDSON CARLOS RODRIGUES, assumirá a vaga o senhor vereador
FRANCISCO CANINDE DA COSTA RAIMUNDO

Em 27 de Março de 2007, em resposta a Consulta

formulada por agremiações partidárias o Egrégio Tribunal Superior Eleitoral,
determinou que os mandatos eletivos pertencessem aos partidos pelos quais
foram eleitos, sendo certo que em caso de desfiliação, quem deverá assumir a
vaga será o suplente.

No caso em comento,

em 01 de ABRIL de 2020, os Sr. EDSON CARLOS

RODRIGUES, DESFILIOU-SE da agremiação PP, (fls.___ e Processos nº
0600008-66.2022.6.19.0147)

Não há de se falar que o Vereador EDSON

CARLOS RODRIGUES pode retornar ao Partido de origem, pois entende o
requerente que o Partido Progressista – PP já requereu a perda do Mandato do
Vereador EDSON CARLOS RODRIGUES, conforme Processo nº 0600021-
61.2022.6.19.0116.

DO DIREITO

A decisão do E. Tribunal Superior Eleitoral encontra

supedâneo legal, seja constitucional seja infraconstitucional, sendo certo,
então, que se trata de interpretação da legislação ora vigente, não se
vislumbrando inovação legal, sendo então tão somente interpretação e
aplicação da norma.
 A Legislação Eleitoral tem suas peculiaridades e,
mais do que qualquer outra deve ser aplicada e interpretada como um sistema,
onde se aplicam, além da norma fundante, as normas complementares,
ordinárias e a resolução, estas últimas, inclusive, a que se empresta força de
lei ordinária, conforme jurisprudência já assentada.

No ordenamento jurídico pátrio temos no ápice a

Constituição da República Federativa do Brasil 1988, que em seu artigo 14,
caput, assinala ser a soberania popular exercida através do voto direto, no qual
serão escolhidos seus representantes.

E como é cediço, para que o cidadão possa exercer,

por completo, seus direitos políticos, certo requisitos deverão ser atendidos,
dentre estes há de se destacar o previsto no inciso V do parágrafo 3º, do
referido art. 14, em que vemos as condições de elegibilidade, também
conhecidas como requisitos de elegibilidade, valendo citar:

“Art.14, A soberania popular será exercida pelo

sufrágio universal e pelo voto direto e secreto,
com valor igual para todos, e, nos termos da lei,
mediante:...”.
§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da
lei:
I – a nacionalidade brasileira;
II – o pleno exercício dos direitos políticos;
III – o alistamento eleitoral;
IV – o domicilio eleitoral na circunscrição;
V – a filiação partidária;
...”(Grifamos)”.
Cumpre ressaltar que, o não atendimento dos
aludidos requisitos determina o indeferimento do Requerimento de Registro de
Candidatura, ainda que o filiado tenha sido regularmente escolhido na
convenção.

No âmbito da legislação infraconstitucional, mais

especificamente em se tratando da esfera das leis ordinárias, temos o Código
Eleitoral, Lei Federal nº. 4737/65, que em seu art. 108 é categórico ao afirmar
que:
 “Art. 108. Estarão eleitos tantos candidatos
registrados por um Partido ou Coligação
quantos o respectivo quociente partidário
indicar, na ordem da votação nominal que cada
um tenha recebido”. (Grifamos)
Todo esse conjunto de normas corrobora com a
decisão da Corte Superior, quanta preponderância do Partido Político em
relação ao mandato do parlamentar por este eleito, mantendo ao primeiro, o
direito de conservá-lo na hipótese de mudança de sigla, ou na simples
desfiliação.

Releva salientar a posição adotada no voto do

Min.rel. César Asfor Rocha, que pedimos vênia para transcrever in verbis:

“É da maior relevância assinalar que os partidos

políticos têm no Brasil, status de entidade
constitucional (art.17 da CF), de forma que se
pode falar, rememorando a lição de Maurice
Duverger (As Modernas Tecnodemocracias,
tradução de Natanael Caixeiro, Rio de Janeiro,
Paz e Terra, 1978), que as modernas
democracias de certa forma secundarizam, em
beneficio dos Partidos Políticos, a participação
popular direta; na verdade, ainda segundo esse
autor, os Partidos Políticos adquiriram a
qualidade de autênticos protagonistas da
democracia representativa, não se encontrando,
no mundo ocidental, nenhum sistema político
que prescinda da sua intermediação, sendo
excepcional e mesmo até exótica a candidatura
individual a cargo eletivo fora do abrigo de um
Partido Político”. (Grifamos)
Como o caso em comento a conduta dos
vereadores e suplentes, Réus no presente processo, se enquadram na
hipótese vedada pela Resolução nº. 22610 TSE, de 25 de outubro de 2007,
pois houve desfiliação partidária sem justa causa, mister se faz à atuação
do TRE para o restabelecimento do direito.

   

DOS PEDIDOS
 Ante ao exposto, é a presente para requerer:

a) que se decrete a perda do cargo eletivo do

vereador EDSON CARLOS RODRIGUES, no presente processo, em
decorrência de desfiliação partidária, e, a final, declare VAGO o cargo eletivo
da Câmara de Vereador de Angra dos Reis, que pertence ao Réu, convocando
assim para assumir o mandato aquele filiado em situação regular.

b) o deferimento da ANTECIPAÇÃO DA TUTELA

requerida, em virtude da existência do fumus boni iuris e do periculum in mora
para empossar o senhor FRANCISCO CANINDE DA COSTA RAIMUNDO

c) seja deferida a gratuidade de justiça e custas

judiciais para todo o feito;

d) a citação dos Réus para, em querendo, se

manifestar, no prazo de 5 dias, na forma prevista pelo artigo 4º da Resolução
TSE, de 25 de outubro de 2007, sob pena de decretação de revelia, onde se
presumirão verdadeiros os fatos narrados na inicial;

e) a designação de audiência de conciliação,

instrução e julgamento, conforme determina a Resolução do E. TSE;

f) que ao fim seja confirmada a antecipação dos

efeitos da tutela, em cumprimento ao determinado na Resolução 22610 do
TSE, de 25 de outubro de 2007, para empossar o suplente que se manteve no
Partido, ora Recorrente;

g) a procedência do pedido exordial para decretar a

perda do cargo eletivo do Réu EDSON CARLOS RODRIGUES no presente
processo, em decorrência de desfiliação partidária, com o direito da Coligação
e do partido em manter as sua vaga alcançada pelo sistema proporcional em
nome da filiada FRANCISCO CANINDE DA COSTA RAIMUNDO, posto que
esta se manteve filiado à agremiação partidária PP.

h) que se comunique ao Presidente da Câmara de

Vereadores de Angra dos Reis a procedência do pedido para que seja
empossado o vereador o suplente FRANCISCO CANINDE DA COSTA
RAIMUNDO, no prazo de 10 (dez) dias.

DAS PROVAS

Protesta por todos os meios de provas em direito

admitidas, especialmente, documental, testemunhal e depoimento pessoal dos
Réus.

TESTEMUNHAS:

1- LUIZ ANTONIO DE SOUZA TEIXEIRA JÚNIOR, Rua da Quitanda, nº

30, sala. 819, Centro, Rio de Janeiro – RJ, CEP: 20011-030, tel. (21)
2240-4420,

2-

Nessas condições, aguarda e confia serenamente o

recorrente, que se digne esse Egrégio Juízo, melhor apreciando a prova dos
autos, julgar procedente o pedido, para declarar a perda de cargo eletivo e/ou
cassar a diplomação do eleito que se desligou da agremiação pertencente
Partido Progressista – PP.

Dá a presente o valor de R$ 1.000,00 (HUM MIL

REAIS), para os efeitos fiscais.

                                                            Nestes termos,

                                                           P. Deferimento.

                                                            Rio de janeiro, 12 de maio de 2020.

LUIS MACHADO DOS SANTOS

OAB/RJ 115.644