Etapa 3
Etapa 3
Etapa 3
Sara Pieper
O PODER DA MUSICOTERAPIA NO
DESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS COM
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA
RESUMO
1 INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
auditiva ocorre de forma mais lenta que o normal. Da mesma forma, esses indivíduos,
possuem uma capacidade auditiva focal, ou seja, em uma canção, o indivíduo autista
possui uma maior capacidade de detectar as notas que compõe um acorde em
comparação a um indivíduo com desenvolvimento típico. Isso explica os casos de
grandes gênios musicais autistas, que apresentam uma super habilidade para tocar e
compreender estruturas complexas das músicas (GATTINO, 2015).
Devido à redução dos níveis de atividades no complexo temporal secundário
e terciário – áreas relacionadas às regiões auditivas do giro temporal superior, onde
são processados os sons da linguagem verbal, e, a ocorrência do processamento da
fala no córtex auditivo primário, os autistas apresentam grande dificuldade na
compreensão da linguagem verbal. Isso explica o motivo pelo qual a linguagem verbal
não atrai a atenção da criança com TEA da mesma forma que atrai a criança com
desenvolvimento típico. Assim, a compreensão acústica da fala não é entendida de
igual forma, ficando em evidência os motivos pelos quais as crianças autistas evitam
o contato através da linguagem verbal, elas assim o fazem, não porque não querem
se comunicar, e sim porque não a entendem (GATTINO, 2015).
Em contrapartida, a música é processada principalmente no córtex auditivo
primário, onde o autista não possui deficiência, tornando-se um meio de comunicação
mais efetivo e interessante para eles, do que a linguagem verbal. Ou seja, a música
se torna uma forte aliada para o desenvolvimento de crianças com TEA. Desta forma,
tais fatores evidenciam a possibilidade de utilização da música com finalidade
terapêutica, visando promover o desenvolvimento cognitivo, psicomotor e emocional
dos indivíduos, proporcionando assim maior qualidade de vida aos mesmos.
2.2 - Musicoterapia
A musicoterapia é uma forma de tratamento da pessoa com TEA, sendo
assim, pode entender-se como uma técnica de terapia que está atrelada a música,
seu objetivo é ressaltar, por intermédio da aplicação de métodos e técnicas, outras
capacidades, incluindo a cognição (PAREDES, 2012).
É válido trazer à baila, que no ano de 2005, houve um estudo com 40
indivíduos autistas com a técnica de musicoterapia e como resposta obtiveram a
relação à linguagem e comunicação, bem como na cognição, motricidade e no
comportamento. Segundo Grandin e Panek (2015), o referido estudo começou a ser
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das melhores formas para desenvolver a linguagem e o controle das emoções deles
(LAI et al., 2012) (FABRICIUS, 2012).
Salienta-se que a música junto a neuroplasticidade aumenta a
conexão entre os lobos frontal e temporal em ambos os hemisférios, desta forma,
ativa as áreas da emoção (WAN; SCHLAUG, 2010). Nesse sentido, os pacientes que
passaram pelo tratamento da musicaterapia obtiveram excelentes resultados, tais
como demonstrações não verbais de bem-estar e afeto, por exemplo o sorriso social,
retribuição de gestos provenientes de outrem, beijo, abraço, prazer e satisfação com
as sessões (FLEURY; SANTOS, 2016).
Para melhor compreensão da musicoterapia como técnica de tratamento para
pessoas com TEA, é essencial entender que ela é diferente da musicalização, uma
vez que essa última está inteiramente voltada a mostrar em forma de conhecimento
músicas, que muitas vezes passa despercebida pelos seres humanos no dia-a-dia.
Logo, percebe-se que o objetivo da musicalização é totalmente diferente da
musicoterapia.
Sendo assim, a musicalização é um processo que desenvolve a percepção
do sujeito para que ele seja sensível à música, notando que o material sonoro é
importante. Partindo disso, a musicalização é posta como aprendizado da arte, o local
que a música ocupa e seu significado (VIGOTSKI, 2001) (FARACO, 2009). Enquanto
a musicoterapia não é focada em ensinar sobre a arte, o significado da música, ou
algo somente cultural, está inteiramente focado no desenvolvimento cognitivo da
pessoa com TEA, até porque se trata de um tratamento e técnica que surte diversos
efeitos como já mencionados anteriormente.
É de suma importância compreender que no âmbito educacional, a
musicoterapia surte mudanças comportamentais nas crianças com TEA, isso porque
elas acabam tendo uma melhor adaptação à vida escolar (ARAÚJO et al., 2018).
Para mais, não é de hoje que a música é um dos métodos mais utilizados no
aprendizado na educação infantil, uma vez que os sons agregam na interação e
comunicação entre os educandos, sendo assim, melhora o desempenho escolar
(BARBOSA; BORBA, 2010).
É bem verdade que a música tem grande influência na vida dos adultos e isso
não é diferente na vida da criança, que dirá na vida da criança com TEA. Nesse
sentido, a música na educação infantil desencadeia um excelente desenvolvimento
da aprendizagem do cognitivo. Nas escolas de educação infantil é comum as cantigas
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de roda, elas são usadas como instrumento de aprendizagem, uma vez que
possibilitam articular diversas linguagens, tais como: oral, gestual, corporal e musical
(MARTINS, 2012).
À vista disso, cabe destacar, segundo Monteiro e Fermoseli (2014), que as
crianças com TEA que tiveram acompanhamento com a musicoterapia e atividades
extramusicais apresentaram melhorias na concentração, na expressão dos
sentimentos, no desenvolvimento das funções cognitivas, na criatividade e no
desenvolvimento da afetividade.
2.2.1 - Musicoterapia e seu uso no tratamento do TEA
Já há muitos anos a musicoterapia é utilizada no tratamento de pacientes
com TEA. Sua utilização traz benefícios em diversas áreas da vida do indivíduo e de
sua família pois ele desenvolve habilidades sociais, emocionais, cognitivas, motoras e
de comunicação (SIMPSON & KEEN, 2011). A prática nessa área teve início na
década de 1960 onde a utilização terapêutica da música era aplicada para tratar as
limitações e dificuldades da pessoa com transtorno autista (AIGEN, 2009). O principal
motivo do aparente sucesso das técnicas musicoterapêuticas no tratamento do TEA
é, possivelmente, o especial interesse que a música desperta nessa população
(Berger, 2003)
De acordo com o artigo “As contribuições da musicoterapia no tratamento do
transtorno do espectro autista (TEA)” de Letícia Cunha e Silva e Andrea Volpato
Wronski (2021), a música é uma expressão artística que ultrapassa as barreiras do
comunicável, e todos os elementos contidos nela, têm a capacidade de emergir os
mais diversos sentimentos no ser humano, em decorrência da sua vivência social e
cultural. Segundo Molnar-Szakacs & Heaton (2012), pessoas com TEA, de um modo
geral, demonstram notável interesse por música e podem até mesmo ter uma
habilidade excepcional na área musical, o que faz da música, segundo os autores,
uma janela única para o mundo do autismo.
Indivíduos com TEA, aparentemente, possuem uma ativação menor na área
pré-motora e na ínsula anterior esquerda, em relação a sujeitos com desenvolvimento
típico, em especial durante o processamento de música “alegre”, neste caso definida
como música tonal em andamento rápido e tonalidade maior (CARIA; VENUTI;
FALCO, 2011).
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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir do estudo realizado foi possível conhecer sobre o Transtorno do
Espectro do Autismo (TEA) e suas particularidades que é caracterizado por ser um
distúrbio do neurodesenvolvimento que incide diretamente no comportamento e
comunicação social da criança desde o início de sua vida. Entre as suas
particularidades estão a dificuldade de se comunicar com o mundo ao seu redor,
integração social e incapacidade de realizar jogos simbólicos, assim como
apresentam um padrão de comportamento restritivo e repetitivo.
A musicoterapia se apresenta como uma importante alternativa para auxiliar
na estimulação de atividades lúdicas e prazerosas que atraem a atenção das
pessoas com autismo e ainda confere competências e habilidades que contribuem
para o processo de interação social e aprendizagem significativa.
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REFERÊNCIAS
BRUSCIA K. Definindo musicoterapia. Enelivros, Rio de Janeiro 2001.
FRABRICIUS, T. On neural systems for speech and song in autism. Brain, Oxford
University Prees (OUP), 2012; 135(11).
WAN; C.; SCHLAUG, G. Neural pathways for language in autism: the potential for
music based treatments. Future Neurol; 5(6): 797-805. 2010.