Efeito Agudo de Diferentes Métodos de Termoterapia
Efeito Agudo de Diferentes Métodos de Termoterapia
Efeito Agudo de Diferentes Métodos de Termoterapia
ORIGINAL
RESUMO
Objetivo
O objetivo deste estudo foi comparar quantitativamente o efeito agudo de diferentes
técnicas de termoterapia no ganho da amplitude de movimento. Participaram da pesquisa
voluntários (n=34) de ambos os sexos e média de idade de 22,3 anos (±3,3 anos).
Métodos
Os participantes foram divididos aleatoriamente em dois grupos: em um grupo, os
indivíduos foram submetidos a aplicação da lâmpada infravermelha (calor superficial),
enquanto no outro grupo utilizou-se o aparelho de ondas curtas (calor profundo) como
técnica de termoterapia.
1
Universidade Santo Amaro, Faculdade de Fisioterapia, Curso de Fisioterapia. São Paulo, SP, Brasil.
2
Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Médicas, Programa de Pós-Graduação em Clínica Médica. R. Tessália
Vieira de Camargo, 126, Cidade Universitária Zeferino Vaz, 13083-887, Campinas, SP, Brasil. Correspondencia para/Correspondence to:
E-mail: <[email protected]>.
Como citar este artigo/How to cite this article
Santos LN, Nakagima YH, Stocco TD. Efeito agudo de diferentes métodos de termoterapia na amplitude de movimento articular. Rev
Ciênc Med. 2019;28(2):69-76. http://dx.doi.org/10.24220/2318-0897v.28n2a4598
CC
BY Rev. Ciênc. Méd. 2019;28(2):69-76
70 LN SANTOS et al. http://dx.doi.org/10.24220/2318-0897v.28n2a4598
Resultados
Como resultado, observou-se que o grupo submetido ao calor profundo obteve melhora
significante em relação a amplitude de movimento, tanto em comparação dentro do
mesmo grupo, confrontando-se a amplitude de movimento pré- e pós-intervenção
(aumento médio de 10,9+3,1º), quanto quando comparado ao grupo submetido ao
calor superficial, que não apresentou melhora significativa (aumento médio de 3,1+2,5º).
Conclusão
Concluiu-se que, embora o efeito agudo da termoterapia seja benéfico no ganho de
amplitude de movimento, o calor profundo parece ter um efeito mais pronunciado
quando comparado às técnicas de calor superficial.
Palavras-chave: Amplitude de movimento articular. Maleabilidade. Termoterapia.
ABSTRACT
Objective
The objective of this study was to quantitatively compare the acute effect of different
thermotherapy techniques on the gain of range of motion.
Methods
Research volunteers (n=34) of both genders and mean age of 22.3 years (±3.3 years)
were randomly divided into two groups: one group in which subjects were treated
with infrared lamp (surface heat) while the other group was treated with the selected
thermotherapy technique with the shortwave apparatus (deep heat).
Results
The deep heat group obtained a significant improvement in terms of range of motion,
both within the same group, comparing the pre and post intervention range of motion
(mean increase of 10.9±3.1º) when compared to the superficial heat group, which in
turn did not show significant improvement (mean increase of 3.1+2.5º).
Conclusion
Although the acute effect of thermotherapy is beneficial in gain of range of motion,
deep heat seems to have a more pronounced effect when compared to surface heat
techniques.
Keywords: Range of motion. Pliability. Thermotherapy.
INTRODUÇÃO
A flexibilidade pode ser definida como a capacidade de alongamento de um músculo ou grupo muscular,
sendo considerada um componente essencial da aptidão física e, como tal, deve ser levada em conta nos
programas de treinamento e reabilitação [1,2]. Ainda, diversos aspectos são capazes de produzir alterações
na flexibilidade, tais como: sexo, idade, tamanho muscular, patologias e a temperatura tecidual [3]. Um nível
adequado de flexibilidade é fundamental na realização de atividades esportivas e de vida diária com qualidade,
de maneira harmônica e em toda a amplitude de movimento [4]. Nesse contexto, um déficit da flexibilidade
muscular acarretará uma diminuição da amplitude de movimento bem como alteração de força muscular e,
consequentemente, limitações no desempenho das atividades físicas, seja na vida diária ou de gesto esportivo [5].
Os exercícios de alongamento aumentam a flexibilidade muscular, e a diminuição subsequente da
rigidez reduz a carga imposta ao longo da junção musculotendínea durante movimentos articulares rápidos.
O alongamento ainda diminui a viscosidade das estruturas dos tendões e aumenta a elasticidade, fornecendo
uma base fisiológica para reduzir a resistência passiva, melhorar a amplitude de movimento da articulação e
reduzir o risco de lesões [6].
Estudos têm demonstrado o papel do alongamento de vários grupos musculares, tais como os
isquiotibiais, com melhora no comprimento e na extensibilidade dos músculos, em períodos curtos e longos
de alongamento [7,8]. A flexibilidade dos músculos isquiotibiais é influenciada por diversos fatores, tais como:
condicionamento físico, idade e sedentarismo, e o consequente encurtamento desse grupo muscular está
diretamente associado a disfunções na postura, diminuição da amplitude de movimento do quadril, joelho
e coluna lombar [9]. Dessa forma, torna-se especialmente necessária a manutenção da flexibilidade desses
músculos a fim de preservar e/ou atingir a movimentação máxima e o equilíbrio postural, reduzir a sobrecarga
da coluna, aumentar e/ou manter o desempenho físico e prevenir lesões [10].
Adicionalmente, agentes térmicos também desempenham um papel determinante em conjunto com o
alongamento para fomentar o efeito de ambos no ganho de flexibilidade muscular. O aumento da temperatura
tende a produzir o relaxamento das fibras musculares, diminuição da rigidez articular, aumento da extensibilidade
do colágeno, diminuição do espasmo muscular, aumento do fluxo sanguíneo, diminuição da viscosidade,
inibição da atividade simpática e melhora do aporte de oxigênio. Em segundo plano, o calor também pode ser
importante, pois diminui a dor existente durante o exercício de alongamento que, por consequência, aumenta
a complacência muscular e facilita alcançar a amplitude de movimento articular máxima [11].
A termoterapia, definida como a aplicação terapêutica de calor, pode ser obtida de diversas formas com
a finalidade de elevar a temperatura do tecido corporal local [12]. Um dos meios para aquecimento aplicado
ao tecido biológico é a lâmpada de luz infravermelha. Em geral, a penetração da radiação infravermelha fica
no máximo em 3mm da pele, definindo-a como recurso de calor superficial. Por outro lado, a diatermia é
um recurso que promove aquecimento dos tecidos profundos, podendo ser aplicada por equipamento de
ondas curtas que utiliza campos eletromagnéticos de alta frequência com radiações não ionizantes, de modo
continuo ou pulsado [13].
Embora seja evidente a eficácia da termoterapia na melhora da extensibilidade muscular, ainda não
existe consenso quanto ao tipo de aquecimento mais hábil para melhorar a amplitude de movimento de forma
imediata [14,15]. Dessa forma, aventa-se a hipótese de que, como o calor profundo alcança a musculatura
mais interna, acredita-se que ele proporcione melhores resultados na flexibilidade muscular do que o calor
superficial, uma vez que este último atinge apenas a epiderme e a musculatura próxima à superfície da pele.
Assim, o objetivo deste estudo foi analisar comparativamente e quantitativamente o efeito agudo do calor
profundo e do calor superficial na amplitude de movimento articular.
MÉTODOS
Fizeram parte da amostra 34 indivíduos saudáveis, de ambos os sexos (22 mulheres e 12 homens),
com média de idade de 22,3 anos (±3,3 anos) e não praticantes de qualquer tipo de atividade física regular
(frequência semanal maior que duas vezes) nos últimos seis meses.
Os critérios de inclusão foram: voluntários entre 18 e 25 anos de idade, de ambos os sexos, que não
praticassem nenhum tipo de atividade física com frequência semanal maior que duas vezes, por mais de seis
meses. Foram excluídos da pesquisa voluntários que estivessem fora da faixa etária pré-determinada (18 a 25
anos), praticantes de atividade física regular, que apresentassem deficits cognitivos, que fossem portadores
de outras lesões ou disfunções nos membros inferiores ou em outro segmento do corpo que prejudicasse a
avaliação. Além disso, foram excluídos os indivíduos que possuíam alguma contraindicação para aplicação
dos aparelhos utilizados: gestantes, portadores de edema agudo ou crônico de membros inferiores, lesões ou
doenças de pele na fase aguda, alteração de sensibilidade de pele, neoplasias, febre, disfunções vasculares,
infecções e implantes metálicos.
Os voluntários foram devidamente informados sobre os procedimentos da pesquisa e aceitaram participar
assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, seguindo as normas presentes na Resolução n°466
do Conselho Nacional de Saúde. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
Santo Amaro, São Paulo, SP, Brasil (Parecer nº 2.887.359).
Procedimento experimental
Análise Estatística
Análise descritiva foi obtida a partir dos dados amostrais de cada agachamento. Para tanto, os resultados
foram expressos como média e desvio padrão e comparados por meio da Análise de Variância, com posterior
Teste de Tukey, com nível de significância de 95% (p<0,05). Foi utilizado o software estatístico Minitab® (versão
17, Minitab Inc., State College, EUA).
A partir dos valores obtidos, foi utilizada estatística descritiva para apresentar os resultados e comparar
os dados amostrais. Os resultados foram expressos como média e desvio padrão. Foram aplicados o Teste
t de Student pareado, para comparar os dados pré e pós-intervenção intragrupo, e o Teste t de Student
não pareado, para comparar as médias entre os grupos de intervenção. Para ambos os testes, o nível de
significância foi de 95% (p<0,05). Foi utilizado o software estatístico Minitab® (versão 17, Minitab Inc., State
College, EUA).
RESULTADOS
Amplitude de movimento
150
140
136
130 (±16,4)
129
126 (±15,5) 125
Graus
120 (±14,7)
(±13,8)
110
100
90
Grupo GIN Grupo GOC
Pré Pós
Figura 1. Amplitude de movimento de flexão do joelho antes e após a intervenção dos recursos de termoterapia nos diferentes grupos (p<0,05).
Aumento da amplitude de
movimento pós-intervenção
14
12
10 10,9(±3,1)
8
Graus
3,1(±2,5)
2
0
Grupo GIN Grupo GOC
Figura 2. Média do aumento da amplitude de movimento da flexão do joelho pós-intervenção nos diferentes grupos (p<0,05).
DISCUSSÃO
CONCLUSÃO
O presente estudo analisou de maneira isolada o efeito agudo da termoterapia, concluindo que sua
aplicação, mesmo não combinada com outras técnicas, promove resultados benéficos na flexibilidade muscular.
A aplicação da termoterapia de calor profundo promove melhora significativa na amplitude de movimento
quanto ao efeito agudo, enquanto o calor superficial não possibilitou observar nenhuma melhora significativa.
No entanto, novas pesquisas com outros grupos de indivíduos, tais como idosos e pacientes com patologias
específicas, devem ser realizadas a fim de extrapolar os resultados para outras populações.
COLABORADORES
LN SANTOS e YH NAKAGIMA foram responsáveis pela aquisição e análise dos dados e escrita do manuscrito. TD
STOCCO participou da análise dos dados, correção e aprovação da versão final.
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