Aula 4 A Função Social Da Atuação Do Psicólogo 1

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Aula 4: A função

social na atuação do
Psicólogo

Psicologia Ciência e Profissão


Profa. Roseane Carvalho
1º semestre
Vídeo: Ana Bock e o compromisso social da psicologia

• https://www.youtube.com/watch?v=SjtyFJZjGIM
• Estudiosos da linha da Psicologia
Social Brasileira como Ana Bock,
questionam à quem a Psicologia
A função social na serve, recorrentemente em suas
atuação do obras. Levantando assim, críticas
Psicólogo históricas sobre envolvimento
de nossa ciência com as
ditaduras e elites privilegiadas
social e economicamente.
• Compromisso Social ou
Responsabilidade Social é um
tema que existe há muito
tempo na Psicologia. E
segundo Ana Bock (1999),
“assumir compromisso social
em nossa prática é acreditar
que só se fala do ser humano
quando se fala das condições
de vida que o determinam.”
PSICOLOGIA E COMPROMISSO
SOCIAL

• Psicologia a serviço de quem? que tipo de


atendimento os psicólogos devem promover?
• Como abandonar práticas elitistas e colaborar a
Psicologia de alcance da maioria da população?
• Que população é esta? Que homem é este,
brasileiro, pobre, com péssimas condições de vida e
trabalho?
• Como nosso trabalho pode colaborar para melhoria
das condições de vida?”

(Bock, 1990, p. 142 )


PSICOLOGIA E COMPROMISSO SOCIAL

• Após dois anos de regulamentação da Psicologia no Brasil em 1962:

✓ Brasil mergulhou em um longo período ditatorial- (Ditadura Militar 1964-


1985);
• Decreto-Lei no. 744 de fevereiro de 1969
✓ Institucionaliza a repressão e o controle ideológico no interior da
academia;
✓ A Psicologia se desenvolve nesse contexto histórico de suspensão dos
direitos fundamentais.
• DITADURA MILITAR (1964 –
1985):

✓ “Cidadania em recesso”
✓ Aprofundamento das
desigualdades sociais
✓ Suspensão dos direitos
fundamentais
PSICOLOGIA E COMPROMISSO SOCIAL

• ATÉ DÉCADA DE 80:

✓ Psicologia à serviço do Estado


✓ Distante da realidade
✓ Auxiliar de outras áreas: laudos e diagnósticos
✓ Neutra: coloca o indivíduo em lugares já existentes
✓ Elitista
✓ Normalizadora e naturalizante da subjetividade
✓ Pouca consideração pelas política públicas
PSICOLOGIA E COMPROMISSO SOCIAL

• A PARTIR DÉCADA 80: MOBILIZAÇÃO

✓ Sai do papel secundário


✓ Compreensão do psiquismo de
maneira integrada
✓ Atuação institucional
✓ Participação nas políticas públicas
PSICOLOGIA E COMPROMISSO SOCIAL

• COMPROMISSO SOCIAL:

✓ Estender os serviços da Psicologia à


toda população
✓ Psicólogo posicionar-se como
cidadão, reivindicando seus direitos
✓ Psicólogo colocar-se como
profissional: atuar para atender aos
direitos
✓ superar o elitismo
PSICOLOGIA E COMPROMISSO SOCIAL

✓ Contribuir para construção de condições


dignas de vida em nossa sociedade
✓ Atuar na manutenção das políticas públicas
e na construção de novas políticas
✓ Contribuir para compreensão da
subjetividade
PSICOLOGIA E
COMPROMISSO SOCIAL

✓ A Escuta e o diálogo devem


contribuir para que o indivíduo se
perceba como cidadão.

✓ Desconstruir determinadas
maneiras de pensar acerca de si
mesmo sem a relação com o grupo no
qual está inserido.
A ausência da psicologia nas políticas públicas

• A psicologia aplicada, presente desde muito cedo na história dessa


área, teve essa característica, de se colocar como auxiliar de outras
áreas. É dessa forma que se nota a presença da psicologia nos setores
sociais, basicamente vinculada à emissão de laudos e diagnósticos e
com pouca participação direta na implementação de ações para
atender aos indivíduos.

• Além disso, esse atendimento, quando ocorria, era, em geral, nos


moldes do atendimento que tradicionalmente tem caracterizado a
prática profissional: o do profissional liberal, que faz atendimento
clínico individual.
• Diretamente associada a essa visão, há outra convicção que tem
sido predominante na história da psicologia. Diz respeito à
naturalização dos fenômenos psicológicos, implicando a busca de um
conhecimento considerado universal sobre o psiquismo humano.
• Uma dessas convicções é a que coloca a psicologia como
neutra, detentora de um saber científico sobre o homem, que
poderia ser utilizado em qualquer lugar: nas escolas, nas
empresas, nas instituições de recuperação, nas situações
grupais.

• O psicólogo seria o “especialista”, o “técnico” que poderia


produzir conhecimentos sobre comportamentos, emoções,
aprendizagem, desenvolvimento, personalidades, relações
interpessoais, os quais poderiam orientar a atuação de outros
profissionais.
• Desde sempre, a perspectiva dessa nova psicologia foi a de
buscar um conhecimento condizente com a realidade
brasileira, que respondesse a seus problemas mais
relevantes, que atendesse às necessidades da maioria das
pessoas e que fizesse tudo isso com vista à emancipação dos
indivíduos. Em desacordo com políticas e práticas tuteladoras,
assistencialistas e autoritárias, buscavam-se alternativas que
reconhecessem os indivíduos como sujeitos e capazes de
atuar para sua emancipação.
• Hoje já é possível observar a presença da psicologia e dos
psicólogos na defesa dos direitos de crianças e adolescentes; na
defesa do estatuto do idoso; na defesa da ampliação da Reforma
Psiquiátrica; na implementação e defesa do Sistema Único de
Saúde; na defesa do Sistema Único de Assistência Social, ocupando
os lugares destinados à Psicologia; nos debates sobre o sistema
prisional; sobre as medidas socioeducativas.
• Essa presença tem sido pautada pelo respeito aos Direitos Humanos, o
que pode ser compreendido como uma estratégia necessária e
apropriada, se considerarmos o contexto contraditório que é vivido no
Brasil pós-ditadura, afirmação dos direitos sociais diante do
neoliberalismo.

• Nesse contexto, o eixo dos direitos humanos remete à consideração


sobre como os direitos fundamentais e os direitos sociais são tratados
em uma sociedade. A relação do Estado com os indivíduos, cidadãos,
deve partir da premissa dos direitos humanos, universais e inalienáveis.
• Considerar a dimensão subjetiva dos fenômenos sociais é
identificar na relação entre os indivíduos e o contexto social
aspectos que vão se constituindo em ambas as direções.

• Há aspectos subjetivos individuais que passam a constituir os


fenômenos sociais; e há aspectos objetivos dos quais se
apropriam os indivíduos e que passam a constituir sua
subjetividade.
POLÍTICAS PÚBLICAS, UM DESAFIO À PSICOLOGIA

• O campo das políticas públicas:

✓ novo e amplo espaço de inserção dos psicólogos, para onde se dirigem


inúmeros recém- formados.
✓ aumento da oferta dos concursos públicos e veem nesse espaço a possibilidade
de se manterem economicamente até que o consultório possa sustentá-los;
✓ outros por buscarem a segurança e os benefícios próprios de uma carreira
pública;
✓ um terceiro grupo por vislumbrar nesse trabalho a possibilidade de desenvolver
práticas comunitárias.
• Deve-se considerar que o espaço do serviço público é sem dúvida aquele que
possibilita uma real inserção comunitária, permitindo o desenvolvimento de um
“fazer psi”, aqui traduzido em práticas junto aos grupos vulneráveis, sejam eles
de mulheres, crianças, transtornos mentais ou associações de moradores, entre
outros que buscam a emancipação e o fortalecimento comunitário.
• Trabalhar na perspectiva da desnaturalização dos
fenômenos sociais e psicológicos tem o intuito de
fortalecer a perspectiva de que podemos atuar em
relação à dimensão subjetiva para produzir mudanças.
Queremos pessoas mais felizes, capazes de decidir
sobre sua vida, que tenham as suas necessidades
básicas atendidas, que tenham a possibilidade de se
apropriar das produções da humanidade, podendo,
inclusive, manifestar novas e mais nobres necessidades.
PSICOLOGIA E COMPROMISSO SOCIAL

• Resolução CFP Nº 002/2006: Juramento


da Psicologia

"Como psicólogo, eu me comprometo a


colocar minha profissão a serviço da
sociedade brasileira, pautando meu
trabalho nos princípios da qualidade
técnica e do rigor ético. Por meio do meu
exercício profissional, contribuirei para o
desenvolvimento da Psicologia como
ciência e profissão na direção das
demandas da sociedade, promovendo
saúde e qualidade de vida de cada sujeito
e de todos os cidadãos e instituições."
REFERÊNCIAS:

• GONÇALVES, M. G. M. Psicologia, subjetividade e políticas públicas. São


Paulo, Cortez, 2010, "4. Psicologia e Políticas Públicas" p.69-120.
• YAMAMOTO, O. H. Questão social e políticas públicas: revendo o
compromisso da Psicologia. In: BOCK, A. B. (org.). Psicologia e o
Compromisso Social. 2.ª ed. Rev. São Paulo, Ed. Cortez, 2009, p.37-54.
• CONSANI, L.C.M. Compromisso Social da Psicologia PSICOLOGIA, CIÊNCIA E
PROFISSÃO. https://www.scielo.br/j/pcp/i/2021.v41nspe4/

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