Energia Fotovoltaica - Manual Sobre Tecnologias, Projeto e Instalação
Energia Fotovoltaica - Manual Sobre Tecnologias, Projeto e Instalação
Energia Fotovoltaica - Manual Sobre Tecnologias, Projeto e Instalação
ÍNDICE
1 INTRODUÇÃO 1.1
ÍNDICE i
ENERGIA FOTOVOLTAICA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAÇÃO
ÍNDICE ii
ENERGIA FOTOVOLTAICA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAÇÃO
ÍNDICE iii
ENERGIA FOTOVOLTAICA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAÇÃO
ÍNDICE iv
ENERGIA FOTOVOLTAICA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
Um dos principais objectivos deste projecto, foi o de proceder à edição de guias técnicos em
áreas concretas de intervenção das Fontes de Energia Renováveis (FER), nomeadamente da
“Bioenergia”, “Energia Solar Térmica” e da “Energia Solar Fotovoltaica”. O trabalho realizado
pela maior parte dos parceiros deste projecto, em representação de cinco países da União
Europeia, consistiu na tradução de textos originais e respectivas adaptações no contexto da
realidade de cada um dos países em causa.
O guia técnico que respeita à área da intervenção da energia fotovoltaica (PV), constitui o
objecto de trabalho das páginas que se seguem.
A Alemanha tem sido também autora de um conjunto de iniciativas institucionais nas áreas da
certificação e de estratégias de incentivos, que têm merecido um reconhecimento ao nível
Mundial.
Em termos de obra executada, este País tem demonstrado uma fortíssima capacidade de
realização, apresentando uma área superior a 25% do valor da área total de sistemas PV
actualmente em funcionamento em todo o Mundo.
Neste contexto, o trabalho que se segue apoiou-se de forma acentuada nos bons exemplos
implementados no terreno por parte da Alemanha, tendo-se por objectivo não só fornecer um
conjunto de instrumentos de apoio para os interessados na área de intervenção da energia
fotovoltaica, desde projectistas até aos potenciais investidores, mas também chamar a atenção
junto dos centros de decisão políticos e empresariais, de um potencial não explorado num País
onde abunda o Sol.
Tendo por objectivo fazer um enquadramento do interesse desta tecnologia para Portugal,
incluindo o seu contexto Europeu e Mundial, bem como apresentar algum do trabalho já
desenvolvido por parte dos Centros de Decisão do Poder Central deste País com vista à
desejada promoção da tecnologia fotovoltaica, apresentam-se de seguida algumas referências
sobre Directivas e Protocolos estabelecidos ao nível da União Europeia, e Programas,
Decretos Lei e Diplomas já elaborados e apresentados de forma oficial por parte do Governo
Português.
INTRODUÇÃO 1.1
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A data limite para a transposição desta Directiva para o ordenamento jurídico nacional, foi 27
de Outubro de 2003.
No âmbito desta Directiva, a título indicativo, Portugal apresentou o compromisso de ter como
meta em 2010, 39% de energia eléctrica produzida a partir de fontes de energia renováveis, no
contexto do consumo bruto nacional de electricidade.
Assim, para 2010, onde é estimado para o Continente Português um consumo bruto de energia
eléctrica da ordem dos 62 TWh, implicará que a produção de energia eléctrica a partir da FER
deverá ser superior a 24 TWh.
Programa E4
Dentro das medidas previstas pelo E4 que se encontram mais directamente relacionadas com
o âmbito da Directiva 2001/77/CE, e que se destaca o seu interesse no âmbito da tecnologia
fotovoltaica, temos a agilização do acesso e incentivo ao rápido desenvolvimento da produção
de energia eléctrica a partir das FER, a promoção das FER com potencial a médio prazo (onde
se inclui a energia fotovoltaica) e a promoção da micro-geração de electricidade a partir da
energia solar fotovoltaica.
Diplomas Publicados
INTRODUÇÃO 1.2
ENERGIA FOTOVOLTAICA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAÇÃO
Portaria n.º 383/2002 de 10 de Abril: No contexto do Programa E4, foi necessário proceder a
alguns ajustamentos na portaria nº 198/2001, de 13 de Março, que criou a “Medida de Apoio ao
Aproveitamento do Potencial Energético e Racionalização de Consumos” (MAPE), por sua vez
já alterada pela Portaria nº 1219-A/2001, de 23 de Outubro. É definido um regime de incentivos
financeiros, num contexto de atribuição de subsídios reembolsáveis e a fundo perdido,
considerando como elegíveis os projectos relativos a centros de produção de energia eléctrica
com utilização de fontes renováveis. Esta medida, inserida no eixo 2 do Programa Operacional
da Economia (POE) do QCA III, estará em vigor no período entre 2000 a 2006.
Para a produção de energia eléctrica a partir das fontes de energia renováveis, existem em
Portugal, basicamente, dois mecanismos de apoio: i) um regime jurídico, que considera uma
remuneração diferenciada por tecnologia das FER e respectivo regime de exploração; ii) e uma
medida de apoio ao investimento inicial de projectos de produção de energia a partir das FER.
INTRODUÇÃO 1.3
ENERGIA FOTOVOLTAICA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAÇÃO
2 CONHECIMENTOS ELEMENTARES
Os sistemas fotovoltaicos podem ser divididos em sistemas ligados à rede e em sistemas autónomos. No
último caso, o aproveitamento da energia solar precisa de ser ajustado à procura energética. Uma vez
que a energia produzida não corresponde (na maior parte das vezes) à procura pontual de energia de
um consumidor concreto, torna-se obrigatório considerar um sistema de armazenamento (baterias) e
meios de apoio complementares de produção de energia (sistemas híbridos).
No caso dos sistemas com ligação à rede, a rede pública de distribuição de electricidade opera como um
acumulador de energia eléctrica. Contrastando com o caso Português, em alguns países, como é o caso
da Alemanha, a maioria dos sistemas fotovoltaicos encontram-se ligados à rede. Nestes sistemas, a
totalidade da energia produzida é injectada na rede pública de distribuição de energia eléctrica, como
resultado da receita adicional que é conseguida pelo maior valor que é pago, por cada unidade de
energia eléctrica produzida por sistemas fotovoltaicos. Ainda no caso da Alemanha, há previsões no
sentido de que, no ano 2050, os sistemas fotovoltaicos possam ser responsáveis por uma fatia
significativa da energia eléctrica fornecida (cerca de um terço).
Nos próximos anos, será de prever que os sistemas fotovoltaicos sejam progressivamente instalados na
Europa. A longo prazo, será mesmo de prever um aumento generalizado da sua procura.
Paralelamente, os sistemas autónomos assumirão um papel de grande relevo nos países em vias de
desenvolvimento. A indústria fotovoltaica local poderá ter um papel chave na crescente implementação
deste tipo de sistemas domésticos.
Figura 2.1
Este cenário vem ao encontro do grande potencial para a implementação dos sistemas autónomos nos
países em vias de desenvolvimento, onde se encontram grandes áreas que permanecem sem
fornecimento de energia eléctrica. As sucessivas evoluções tecnológicas e a diminuição dos custos de
produção nos países industrializados, poderão também contribuir para a generalização deste tipo de
aplicação.
No campo das pequenas aplicações solares de fornecimento de energia eléctrica, também podemos
observar consideráveis avanços: calculadoras electrónicas, relógios, carregadores de pilhas, lanternas e
rádios, são alguns dos exemplos conhecidos do uso bem sucedido das células solares em sistemas
autónomos de reduzida dimensão.
Figura 2.6 - Triciclo com cobertura de um sistema solar, para alimentação de uma arca frigorífica
de gelados
Sepp Fiedler; Solar Lifestyle GmbH
Cabanas remotas dos Alpes (moradias de fim de semana), electrificação de povoações em países
em vias de desenvolvimento
Figura 2.9 – Excursão à Inn Rappenecker Hof – 70% da energia é fornecida por um sistema
fotovoltaico
Figura 2.11 – Sistema fotovoltaico para o fornecimento de energia a bóias de sinalização marítima
Figura 2.12 - Sistema fotovoltaico com um desenho semelhante a uma flor, para uma fonte em
Mauerpark Prenzlauer Berg, Berlim
Sistemas solares de bombagem de água para garantir o fornecimento de água potável e água
para irrigação
Figura 2.13 – Sistema solar de bombagem de água para garantir o fornecimento de água potável
Imagem: Fa. Siemens
1. Gerador fotovoltaico
2. (um ou vários módulos fotovoltaicos, maioritariamente dispostos em paralelo)
3. Regulador de carga
4. Acumulador
5. Consumidor
Será de prever na Europa um forte crescimento, no que respeita aos sistemas fotovoltaicos com ligação
à rede pública eléctrica. No caso concreto da Alemanha, os sistemas fotovoltaicos com ligação à rede,
foram instalados com maior intensidade após a entrada em vigor de subsídios governamentais no âmbito
do “Programa dos 1.000 telhados” (1991-1995). Com a posterior evolução para o “Programa dos 100.000
telhados” (desde 1999) e o “Decreto das Fontes de Energia Renovável” (EEG1/4/2000), o Governo
Um dos aspectos mais importantes dos sistemas fotovoltaicos ligados à rede, tem sido a sua
interligação à rede pública eléctrica.
Um sistema fotovoltaico com ligação à rede é composto, normalmente, pelos seguintes componentes:
1. Gerador fotovoltaico (vários módulos fotovoltaicos dispostos em série e em paralelo, com estruturas
de suporte e de montagem)
2. Caixa de junção (equipada com dispositivos de protecção e interruptor de corte principal DC)
3. Cabos AC-DC
4. Inversor
5. Mecanismo de protecção e aparelho de medida
De início, o local preferencial para a instalação técnica fotovoltaica, foi o topo dos telhados dos edifícios.
Posteriormente, a integração dos sistemas fotovoltaicos em diferentes tipos de prédios (apartamentos,
escolas, centros comerciais), tem vindo a ganhar um espaço cada vez maior. Paralelamente, a utilização
da tecnologia fotovoltaica em diferentes formas de construção, como por exemplo nos painéis anti-ruído
das auto-estradas, está também a crescer de forma acentuada. A grande variedade de opções
actualmente disponíveis, em termos de alternativas técnicas, serão ilustradas pormenorizadamente no
capítulo 8.
Um outro tipo de projecto, também em franca expansão, refere-se aos grandes projectos fotovoltaicos
que são construídos à superfície do solo, formando grandes centrais fotovoltaicas ligadas à rede. Este
tipo de projecto fotovoltaico tem vindo a ser promovido por empresas operadoras do sector eléctrico.
Figura 2.16 – Sistema fotovoltaico ligado à rede, instalado no telhado de uma casa familiar
Imagem: ENERGIEBISS
Figura 2.17 –Sistema fotovoltaico com ligação à rede numa área urbana, na zona comercial de
Weiberwirtschaft em Berlin
Figura 2.18 -Sistema fotovoltaico com ligação à rede, encontrando-se a instalação fixada no solo
Imagem: Siemens
O Sol fornece energia na forma de radiação, que é a base de toda a vida na Terra. No centro do Sol, a
fusão transforma núcleos de hidrogénio em núcleos de hélio. Durante este processo, parte da massa é
transformada em energia. O Sol é assim um enorme reactor de fusão.
Devido à grande distância existente entre o Sol e a Terra, apenas uma mínima parte (aproximadamente
duas partes por milhão) da radiação solar emitida atinge a superfície da Terra. Esta radiação
corresponde a uma quantidade de energia de 1x1018 KWh/ano. A figura 2.19 relaciona esta quantidade
de energia, com o consumo anual de energia no mundo e com os recursos das energias de origem fóssil
e nuclear.
Os tipos de energia predominantemente utilizados na era industrial são limitados. De acordo com a
evolução da exploração das reservas de petróleo e de gás, é previsto que as reservas se esgotem nas
três primeiras décadas do nosso século. Mesmo no caso de serem descobertos novos depósitos, apenas
se prolongará a dependência da energia fóssil por mais algumas décadas.
Figura 2.19 – Conteúdo energético da radiação solar na superfície terrestre, em contraste com o
consumo mundial de energia e com as reservas dos recursos de energia fóssil e nuclear
dados: BMWi 2000
A quantidade de energia solar que atinge a superfície da Terra corresponde, aproximadamente, a dez mil
vezes à procura global de energia. Assim, teríamos de utilizar apenas 0,01 % desta energia para
satisfazer a procura energética total da humanidade.
A intensidade da radiação solar fora da atmosfera, depende da distância entre o Sol e a Terra. Durante o
decorrer do ano, pode variar entre 1,47 x 108 km e 1,52 x 108 km. Devido a este facto, a irradiância E0
varia entre 1.325 W/m2 e 1.412 W/m2. O valor médio é designado por constante solar, EO = 1.367 W/m².
No entanto, apenas uma parte da quantidade total da radiação solar atinge a superfície terrestre. A
atmosfera reduz a radiação solar através da reflexão, absorção (ozono, vapor de água, oxigénio, dióxido
de carbono) e dispersão (partículas de pó, poluição). O nível de irradiância na Terra atinge um total
aproximado de 1.000 W/m2 ao meio-dia, em boas condições climatéricas, independentemente da
localização. Ao adicionar a quantidade total da radiação solar que incide na superfície terrestre durante o
período de um ano, obtém-se a irradiação global anual, medida em kWh/m2. Esta parâmetro varia de um
modo significativo com as regiões, como se pode observar na figura 2.20.
A irradiação solar, em algumas regiões situadas perto do Equador, excede 2.300 kWh/m2 por ano,
enquanto que no sul da Europa não deverá exceder os 1.900 kWh/m2. Em Portugal, este valor poderá
situar-se entre os 1.300 kWh/m2 e os 1.800 kWh/m2. São notáveis as diferenças sazonais existentes por
toda a Europa, quando se observa a relação entre a radiação solar para os períodos de Verão e de
Inverno.
A luz solar que atinge a superfície terrestre, é composta por uma fracção directa e por uma fracção
difusa. A radiação directa vem segundo a direcção do Sol, produzindo sombras bem definidas em
qualquer objecto. Por outro lado, a radiação difusa carece de direcção específica.
A figura 2.23 apresenta as fracções da radiação diária directa e difusa, durante o período de um ano em
Lisboa. Nos dias claros, a fracção da radiação directa prevalece. No entanto, na maioria dos dias
cobertos de nuvens (especialmente no Inverno), a radiação solar é quase completamente difusa. Em
Portugal, a proporção da radiação solar difusa durante um ano, é cerca de 40 % para 60 % de radiação
directa.
Wh/(m2/d)
Radiação Directa
8000
Radiação Difusa
7000
6000
5000
4000
3000
2000
1000
0
1 15 29 43 57 71 85 99 113 127 141 155 169 183 197 211 225 239 253 267 281 295 309 323 337 351 365
Dias do Ano
Figura 2.23 – Padrão típico da radiação directa e difusa total diária em Lisboa
Ds Azimute Solar
Js Ângulo de elevação solar
D Azimute do colector
E Inclinação do colector
Js
Ds E
D
A irradiância solar depende da altura do Sol (=Js). Esta é calculada a partir de uma base horizontal.
Devido à trajectória do Sol, a altura do Sol muda durante o dia e também durante o ano.
A luz solar toma o percurso mais curto através da atmosfera, quando a posição do Sol é perpendicular à
superfície da Terra. Se o ângulo de incidência solar é mais baixo, o percurso através da atmosfera é
mais longo. Nesta segunda posição, leva a uma maior absorção e difusão da radiação solar, o que
implica uma menor irradiância. A Massa de Ar (factor AM), indica um múltiplo do percurso da radiação
solar na atmosfera para um local preciso, num determinado momento. A relação entre a posição do Sol
(Js) e a Massa de Ar, é definida do seguinte modo:
1
AM
sin J s
Neste contexto, AM = 1 quando a posição do Sol é perpendicular (Js = 90°). Isto corresponde à posição
solar no equador ao meio dia, no início da Primavera ou do Outono.
A figura 2.27 mostra a posição mais alta do Sol, para a latitude de 39º (Santarém). A altura solar máxima
é atingida no dia 21 de Junho, quando Js = 74,3°. Equivale a uma Massa de Ar de 1,039. No dia 22 de
Dezembro, atinge-se a altura solar mínima Js = 27,7° e, respectivamente, uma Massa de Ar de 2,151.
A radiação solar no espaço que não é influenciada pela atmosfera, é designado espectro AM O.
x Reflexão atmosférica
x Absorção pelas moléculas da atmosfera (03, H20, 02, CO2)
x Dispersão de Rayleigh (dispersão molécular)
x Dispersão de Mie (dispersão por partículas de pó e poluição do ar)
Figura 2.28 – Espectro solar AM 0 no espaço e AM 1,5 na Terra com uma altura solar de 41,8°
A tabela que se segue, mostra a dependência da irradiância com a altura do Sol (Js). A absorção e a
dispersão de Rayleigh, aumentam com a diminuição da altura solar. A dispersão devida à poluição do ar
(difusão de Mie), varia consideravelmente conforme a sua localização, sendo maior nas áreas industriais.
Influências climatéricas locais como as nuvens, a chuva ou a neve, levam a uma maior redução da
radiação.
Tabela 2.2
Js AM Absorção Dispersão de Difusão de Mie Redução
Rayleigh Total
90º 1,00 8,7% 9,4% 0...25,6% 17,3...38,4%
60º 1,15 9,2% 10,5% 0,7...29,5% 19,4...42,8%
30º 2,00 11,2% 16,3% 4,1...44,9% 28,8...59,1%
10º 5,76 16,2% 31,9% 15,4...74,3% 51,8...85,4%
5º 11,5 19,5% 42,5% 24,6...86,5% 65,1...93,8%
A radiação solar é sempre maior numa área que se estende perpendicularmente em relação aos raios
solares, do que numa área horizontal das mesmas dimensões. Uma vez que o azimute e a altura solar
mudam ao longo do dia e do ano, o ângulo de incidência da radiação solar varia constantemente na
maior parte das áreas potenciais ao aproveitamento da energia solar (telhados,....). A análise da
radiação anual ajuda a equacionar a conveniência das áreas existentes, tendo em conta o seu
aproveitamento solar. Para ilustrar este aspecto, a figura 2.29 mostra o exemplo de Lisboa, a qual
representa a irradiação solar anual que incide numa área de um metro quadrado, em função do azimute
e da altura solar (média a longo prazo).
90
80
70
Inclinação (graus)
60
50
40
30
20
10
0
-180 -150 -120 -90 -60 -30 0 30 60 90 120 150 180
Azimute (graus)
400-600 600-800 800-1000 1000-1200 1200-1400 1400-1600 1600-1800 1800-2000
Figura 2.29 – Irradiação solar global para diferentes orientações da superfície receptora
A orientação da instalação solar, tem por resultado diferentes níveis de irradiação. Em Portugal, a
orientação óptima de uma instalação é a direcção Sul, com um ângulo de 35º de inclinação. Neste caso,
o nível de irradiação é quinze por cento maior do que numa área horizontal (ângulo de inclinação: ȕ = 0).
A utilização das fachadas para a integração de tecnologias solares (ângulo de inclinação ȕ = 90°) implica
uma produção de energia menor, devido à redução significativa da irradiação. Neste caso, a boa
visibilidade da instalação solar (o proveito da imagem), aspectos de design, entre outros factores, têm
um papel vital para a decisão final sobre a construção da fachada com este material.
90
80
70
Inclinação (graus)
60
50
40
30
20
10
0
-180 -150 -120 -90 -60 -30 0 30 60 90 120 150 180
Azimute (graus)
300-400 400-500 500-600 600-700 700-800 800-900 900-1000 1000-1100 1100-1200 1200-1300
Figura 2.30 – Irradiação solar global no semestre de Verão, com diferentes orientações da
superfície receptora (kWh/m²)
90
80
70
Inclinação (graus)
60
50
40
30
20
10
0
-180 -150 -120 -90 -60 -30 0 30 60 90 120 150 180
Azimute (graus)
100-200 200-300 300-400 400-500 500-600 600-700 700-800
Figura 2.31 – Irradiação solar global total em Lisboa, no semestre de Inverno, para diferentes
orientações da superfície receptora (kWh/m²)
O semestre do Verão (de Abril a Setembro), proporciona a maior proporção do total da irradiação anual
global, aproximadamente 77 %, e perto de 1.120 kWh/m². Na latitude média Europeia de 52º (como por
exemplo Berlim, Londres, Amsterdão), o ângulo óptimo de inclinação em termos da energia produzida é
de 27º.
No semestre do Inverno, na mesma localização, o ângulo mais favorável de inclinação é de 50º e tem
como resultado apenas 260 kWh/m².
Desta forma, um sistema autónomo utilizado apenas no Verão, tem um pequeno ângulo de inclinação.
Sistemas fotovoltaicos ajustáveis podem tomar em consideração ambas as posições solares ideais
(posição diária e posição sazonal).
O albedo varia de acordo com a composição da superfície terrestre. Trata-se de um dado inicial
solicitado por alguns programas de simulação. Quanto maior for o albedo, maior é a reflexão da luz solar
(pelo que mais brilhantes ficam as zonas adjacentes) e a radiação difusa. Pode-se assumir um valor
geral de 0,2 para o albedo.
A medição da radiação solar pode ser efectuada com piranómetros, por sensores fotovoltaicos ou
indirectamente através da análise das imagens de satélite.
Os piranómetros são instrumentos de medição de elevada precisão, que medem a radiação solar num
plano horizontal. Compõem-se principalmente de duas semi-esferas de vidro, um prato de metal preto
que é usado como superfície absorvente, os termoelementos e uma concha de metal branco. A radiação
solar atravessa o vidro semi-esférico, incidindo perpendicularmente sobre a superfície absorvente,
aquecendo-a. Uma vez que o aquecimento depende directamente da irradiação, esta pode ser calculada
recorrendo à diferença de temperatura do metal branco e a superfície absorvente. Para calcular esta
diferença de temperatura é utilizado uma fila de termoelementos, dispostos em paralelo, que
proporcionam uma tensão proporcional à diferença de temperatura.
Figura 2.32 – Piranómetro [Kipp & Zonen Ltd.; fotografia: Lambrecht, Göttingen]
Os sensores fotovoltaicos são muito mais baratos do que os piranómetros. Na maioria dos casos são
utilizados sensores de silício cristalino. Um sensor fotovoltaico consiste numa célula solar, que fornece
uma corrente eléctrica proporcional à irradiância solar. Contudo, certas partes da radiação solar não são
medidas com total precisão devido à sensibilidade do espectro. A radiação infravermelha de onda longa,
não pode ser medida por uma célula solar. Alcança uma precisão média de medida de 2 % a 5 % por
ano, conforme a calibragem e a estrutura do sensor. Pode atingir-se uma precisão abaixo de 4 % com a
calibragem e a utilização de sensores de temperaturas laminados para compensar a temperatura.
Os sensores solares fotovoltaicos, são muitas vezes instalados como um instrumento operacional de
controlo nos sistemas fotovoltaicos de maior dimensão. Neste contexto, devemos salientar que um
sensor da mesma técnica celular (amorfo, silício monocristalino e policristalino, Cádmio Telúrico ou CIS –
Diselenieto de Cobre e Indío), aumenta a precisão e simplifica a avaliação. Os aparelhos de aquisição e
armazenamento de dados, ligados a dispositivos de análise ou a inversores modernos, podem comparar
a radiação medida com a energia eléctrica produzida, permitindo assim avaliar o desempenho do
sistema fotovoltaico. Na figura 2.34, é apresentado um compacto aparelho de medida, que inclui um
sensor, um visualizador da radiação e da temperatura, e um sistema de aquisição e armazenamento de
dados opcional.
Fabricantes e fornecedores de piranómetros: Kipp & Zonen, Thies Clima, Uniclima sensors, UMS.
Se um sistema seguir a posição do Sol, a energia produzida será maior. Nos dias de maior radiação, em
que existe uma grande proporção de radiação directa, podem obter-se ganhos relativamente elevados
de radiação através deste movimento. Em dias sem nuvens, estes ganhos podem atingir 50 % no Verão
e 300 % no Inverno, quando comparados com os ganhos de sistemas fotovoltaicos com uma área de
captação horizontal.
A maior parte do aumento da produção de energia, devido ao movimento do equipamento que permite
seguir a deslocação do Sol, pode ser obtida no Verão. Não só os ganhos absolutos são muito maiores
do que no Inverno, mas também a proporção de dias nublados é significativamente maior no Inverno.
Há dois tipos de dispositivos, que permitem o movimento dos equipamentos de acordo com a
deslocação do sol: os que têm dois eixos e os que têm apenas um eixo. Os mecanismos com dois eixos
(figura 2.38) focam sempre o Sol na melhor posição. No entanto, dado que os mecanismos de dois eixos
são muito mais complexos do ponto de vista técnico do que os de um eixo, são muitas vezes preteridos
a favor destes últimos.
Estes dispositivos permitem seguir a trajectória diária do Sol bem como a trajectória anual. Esta última
pode ser conseguida de um modo bastante simples, uma vez que o ângulo de inclinação terá de ser
ajustado em maiores períodos de tempo (semanas ou meses).
Figura 2.35 - Diferenças na irradiância para duas áreas - horizontal e orientada, em dias sem
nuvens, para 50º de latitude
Na Europa Central, os sistemas fotovoltaicos com dispositivos de dois eixos, podem obter um aumento
de produção de 30 %. Nos dispositivos de um eixo, este ganho situa-se nos 20 %. Nos locais de maior
radiação, o aumento de energia produzida será ainda maior.
No entanto, seguir o Sol implica uma maior despesa. Este processo requer um mastro vertical regulável,
que terá de resistir às grandes pressões do vento. Pode vir equipado com um sistema de controlo
eléctrico, ou ser movido através de meios termohidráulicos. Se utilizamos um sistema de controlo
eléctrico, será necessário a sua alimentação em energia eléctrica, o que reduz a eficiência energética
global do sistema. Os sistemas termohidráulicos são baseados no princípio de aquecimento de líquidos e
nas diferenças resultantes de pressão.
Caso o mecanismo deixe de funcionar, o sistema fotovoltaico pode ficar imobilizado numa posição
desfavorável, o que conduz a uma diminuição considerável da radiação captada durante o período de
imobilização.
Em geral, na Europa Central, a maior produção energética dos sistemas fotovoltaicos com estes
dispositivos, não compensa o maior investimento que resulta do mecanismo em causa.
No entanto, verifica-se uma crescente oferta de sistemas com um eixo, com preços mais competitivos
(figuras 2.36 e 2.37), cuja utilização pode fazer sentido em determinadas condições. Em alguns casos, o
proveito económico dos sistemas fotovoltaicos pode ser aumentado, quando é pago um preço mais
elevado pela energia produzida. Para além do aumento da energia produzida, entre outros argumentos a
favor deste mecanismo, coloca-se o seu aspecto visual e o respectivo impacto sobre a opinião pública.
O sistema termohidráulico da figura 2.36, possui dois tanques tubulares nos extremos do módulo
fotovoltaico. Por cima deles são colocados dois painéis de sombreamento. Caso a superfície do módulo
fotovoltaico não esteja devidamente orientada para o Sol, o líquido nos tanques aquece de forma
diferente. Devido à diferença de pressão desenvolvida, o líquido é pressionado na direcção do tanque
tubular com a menor temperatura, através de um tubo que os liga. O aumento de peso resultante leva à
viragem do painel, até se atingir o equilíbrio. Os sistemas termohidráulicos são fundamentalmente
conhecidos pelo seu elevado tempo de resposta, especialmente durante o horário matinal. O módulo
fotovoltaico é ajustado apenas ao fim de uma hora, da sua posição nocturna para a direcção do Sol
matinal a Leste. As perdas resultantes reduzem a energia produzida.
A orientação dos módulos através de um sistema de controlo eléctrico, que é apresentada na figura 2.37,
é operada com dois pequenos módulos solares em posição oposta e no ângulo direito, em direcção ao
módulo fotovoltaico segundo o eixo de rotação. Estão ligados electricamente em anti-paralelo. Quando o
módulo fotovoltaico está orientado directamente para o Sol, ambos os módulos solares experimentam a
mesma irradiância. Se a iluminação dos módulos é idêntica, a tensão fica equalizada. Caso um dos
módulos tenha maior iluminação, produz-se a respectiva mudança do sinal de tensão. Produz-se assim
uma corrente através de um motor DC, que define a direcção do movimento para o qual a diferença de
tensão é compensada. Neste contexto, ambos os módulos de direcção solar alimentam simultaneamente
o mecanismo de corrente continua.
O material utilizado nas células solares deve ser da maior pureza possível. Isto pode ser conseguido
através de sucessivas etapas na produção química. Até aos dias de hoje, os fabricantes de células
solares têm obtido, na sua maior parte, o material purificado do desperdício da indústria electrónica de
semicondutores.
A seguir será ilustrado o princípio funcional de uma célula solar de cristal de silício. Os átomos de silício
formam um retículo cristalino estável. Cada átomo de silício detém quatro electrões de coesão (electrões
de valência) na sua camada periférica. Para atingir uma configuração estável de electrões, dois electrões
de átomos vizinhos formam um par de ligações de electrões. Através do estabelecimento desta ligação
com quatro átomos de silício vizinhos, obtém-se a configuração do gás inerte estável de seis electrões.
Com a influência da luz ou do calor, a coesão dos electrões pode ser quebrada. O electrão pode então
mover-se livremente, deixando uma lacuna atrás de si, no retículo cristalino. Este processo é designado
por auto-condução.
A auto condução não pode ser utilizada para gerar energia. Para que o material de silício funcione como
um gerador de energia, o retículo cristalino é propositadamente contaminado com os chamados átomos
impuros (figura 2.40). Estes átomos possuem um electrão a mais (fósforo), ou um electrão a menos
(boro), do que o silício na camada externa de valência. Por este motivo, os átomos impuros causam
defeitos no interior do retículo cristalino. Se ao retículo for adicionado fósforo (impureza n), fica um
electrão supérfluo por cada átomo de fósforo introduzido. Este electrão pode mover-se livremente dentro
do cristal e por isso transportar carga eléctrica. Com o boro (impureza p), fica disponível uma lacuna
(electrão de coesão perdido) por cada átomo de boro introduzido. Os electrões dos átomos vizinhos de
silício podem preencher este orifício, resultando na produção de uma nova lacuna noutro lugar. O
mecanismo condutor que resulta da presença dos átomos impuros, é chamado de condução extrínseca.
Contudo, se virmos individualmente o material de impureza p ou n, as cargas livres não têm uma
direcção definida durante o seu movimento.
Figura 2.40 - Condução extrínseca com silício dopado com impurezas do tipo n e p
Se juntarmos as camadas dos semicondutores n e p impuros, produziremos uma região de transição pn.
Isto leva à difusão dos electrões supérfluos do semicondutor n para o semicondutor p na junção. Cria-se
assim uma nova área com poucos portadores de carga (ver figura 2.41), designada por barreira de
potencial. Na área n da região de transição, os átomos dopantes positivos são remetidos para trás,
acontecendo de modo semelhante com os negativos na área p. É criado um campo eléctrico que se
mantém contrário ao movimento dos portadores de carga. Por esta razão a difusão não se mantém
infinitamente.
Figura 2.41 - Criação da barreira de potencial numa região de transição pn, através da difusão dos
electrões e das lacunas
Se um semicondutor pn (célula solar) é exposto à luz, os fotões são absorvidos pelos electrões. As
ligações entre electrões são quebradas por este fornecimento de energia. Os electrões libertados são
conduzidos através do campo eléctrico para a área n. As lacunas assim criadas seguem na direcção
contrária para a área p. Todo este processo é denominado por efeito fotovoltaico. A difusão dos
portadores de carga até aos contactos eléctricos, produz tensão na fronteira da célula solar. Se não
estiver ligada a nenhuma carga, é obtida a tensão de circuito aberto na célula solar. Se o circuito
eléctrico estiver fechado, a electricidade pode fluir. Contudo, alguns electrões que não alcançam os
contactos são recombinados. A recombinação consiste no processo de unir um electrão livre a um átomo
destituído de um electrão de valência (lacuna).
Neste contexto, chamamos de longitude da difusão, à distância média que um electrão cobre durante o
seu ciclo de vida no retículo cristalino, até que encontre um átomo com um electrão de valência com o
qual estará pouco depois ligado. Durante este processo são perdidos os portadores de carga livre, e não
podem contribuir para a geração posterior de electricidade. A longitude da difusão depende da
quantidade de defeitos no interior do cristal, devendo ser suficientemente grande, para permitir que uma
quantidade suficiente de portadores de carga atinjam os contactos. A difusão de material depende do
material usado. Para uma razão de um átomo impuro (dopante) por cada dez biliões de átomos de
silício, esta distância está estimada em 0,5 mm.
Isto corresponde, aproximadamente, a duas vezes o valor de espessura do diâmetro de uma célula. Na
região da barreira de potencial, a probabilidade de uma separação (electrões, lacunas) bem sucedida é
elevada, sem que haja lugar à recombinação. Fora desta região, a probabilidade de recombinação
aumenta conforme a distância à mesma.
A célula solar clássica de silício cristalino, é composta por duas camadas de silício contaminadas com
diferentes impurezas. A camada orientada para o Sol está contaminada negativamente com fósforo, e a
camada inferior está contaminada positivamente com boro. É produzido um campo eléctrico na junção
das duas camadas, que conduz à separação das cargas (electrões e lacunas) libertadas pela luz solar.
No intuito de gerar electricidade a partir da célula solar, são impressos contactos metálicos nas suas
partes frontal e posterior. Em geral, e neste contexto, é utilizada a impressão em tela. É possível
conseguir uma camada de contacto em toda a extensão da célula, com a aplicação de uma folha de
alumínio ou de prata na parte posterior. No entanto, a parte frontal deverá ser tão translúcida quanto
possível. Aqui os contactos são essencialmente aplicados na forma de uma grelha fina ou numa
estrutura em árvore. A reflexão da luz pode ser reduzida, com o depósito por vapor de uma camada mais
fina (camada anti-reflexão) na parte frontal da célula solar, feita de nitreto de silício ou de dióxido de
titânio.
1 separação da carga
2 recombinação
3 energia do fotão não utilizada (por exemplo na transmissão)
4 reflexão e sombreamento através dos contactos frontais
Figura 2.42 - Estrutura e função de uma célula cristalina solar
A radiação provoca a separação dos portadores de carga, como é acima descrito, e o surgimento de
uma corrente caso exista um aparelho de consumo ligado (a imagem mostra uma lâmpada). As perdas
ocasionadas pela recombinação, pela reflexão e pelo sombreamento entre os contactos frontais,
ocorrem na célula solar. Para além disso, uma grande proporção da energia de radiações de onda longa
e curta não pode ser aproveitada. Como exemplo, as perdas de transmissão estão ilustradas na figura.
Uma outra parte da energia não aproveitada é absorvida e transformada em calor. As perdas individuais
de uma célula solar de silício cristalino, são dadas no seguinte balanço energético:
Figura 2.43
O material mais importante para as células solares cristalinas é o silício. Não é um elemento químico
puro, mas uma ligação química em forma de dióxido de silício.
Para a obtenção do silício, em primeiro lugar é necessário separar o oxigénio não desejado do dióxido
de silício. Para o conseguir, a areia de sílica é aquecida e fundida num cadinho, junto com pó de carvão.
Durante este processo é criado o silício metalúrgico, com uma pureza de 98 %.
O processo de zona flutuante consiste noutro processo de produção de silício monocristalino, sendo
utilizado para a produção de células solares de maior pureza e de maior eficiência (1 a 2 %). No
entanto, o material bruto necessário para alcançar esta pureza, uma barra de silício cristalino de extrema
pureza, é muito dispendioso. É reduzida através de uma espiral e fundida do fundo até à parte superior
com a ajuda de um campo de altas frequências. A partir do núcleo de silício monocristalino, é produzido
silício monocristalino no topo da barra, à medida que esta arrefece. O material impuro fica, de
preferência, no banho de fusão.
Tamanho: Maioritariamente 10x10 cm² ou 12,5x12,5 cm², diâmetro 10, 12,5 ou 15 cm.
Estrutura: Homogénea.
Cor: Gama de azul-escuro para preto (com Anti-reflexão), cinza (sem Anti-Reflexão).
Fabricantes de Células: Astro Power, BP Solar, CellSiCo, Eurosolare, GPV, Helios, Isofoton, RWE
Solar, Sharp, Shell Solar, Solartec, Telekom-STV.
Produção: O processo de produção mais comum para o silício policristalino, é o de fundição de lingotes.
O silício em estado bruto é aquecido no vácuo até uma temperatura de 1.500 ºC e depois arrefecido na
direcção da base do cadinho, a uma temperatura aproximada de 800 ºC. São assim criados os blocos de
silício de 40x40 cm2 com uma altura de 30 cm. Os blocos são primeiro serrados em barras e depois em
pastilhas com uma espessura de 0,3 mm. Durante a serragem, perdem-se partes do silício na forma de
pó de serragem. Depois da introdução de impurezas de fósforo, a camada posterior de contacto é unida
à pastilha. Por último, os contactos eléctricos são fixados no lado frontal juntamente com uma camada
de anti-reflexão (AR).
Forma: Quadrada.
Fabricantes de células: BP Solar, Eurosolare, ErSol, GPV, Kyocera, Photowatt, Q-Cells, RWE Solar,
Sharp, Shell Solar, Sunways.
Figura 2.52 - Isometria de uma célula POWER. É criada uma estrutura microscópica de um orifício
no intercâmbio dos sulcos, cortados em ambos os lados.
Produção: As células POWER, são constituídas por pastilhas policristalinas produzidas por fundição de
lingotes. São posteriormente tratadas num processo estrutural mecânico. São polidos sulcos em ambos
os lados (anterior e posterior) da pastilha de silício, recorrendo a uma fresadora com uma lâmina de
rotação rápida. As partes polidas de ambas as faces, são colocadas em posição rectangular umas em
relação às outras.
São então criados orifícios macroscopicamente diminutos na intersecção dos sulcos, onde a célula é
transparente. A transparência da célula resulta assim do regular padrão de orifícios que a compõem.
Pode variar entre 0 % e 30 %, de acordo com o tamanho do orifício. A Célula POWER pode também ser
produzida com duas faces fotossensíveis.
Forma: Quadrada.
Estrutura: O padrão estrutural semelhante a cristais de gelo da célula policristalina permanece visível.
Uma pequena franja opaca permanece no limite da célula transparente por razões técnicas.
Para além disso, por razões mecânicas, a pastilha cortada requer uma espessura de cerca de 0,3
mm. Para reduzir as elevadas perdas de material e aumentar a sua exploração, foram desenvolvidos
diferentes tipos de procedimentos de laminagem de faixas, que permitem produzir lâminas directamente
a partir do banho de fusão do silício. Já detêm a espessura da futura pastilha, precisando apenas que a
sua superfície lisa seja cortada em peças com a ajuda de raios laser. Devido aos progressos
tecnológicos, a espessura das folhas de silício será reduzida a 0,1 mm no futuro. O procedimento de
laminagem de faixas consome menos energia e material, e tem um maior potencial de redução de
custos, quando comparado com a produção de pastilhas utilizando a fundição de lingotes ou as técnicas
de laminagem de cristais.
Quatro tecnologias prevaleceram até à fase de maturidade de produção em série e são utilizadas na
produção comercial de células solares. Pastilhas obtidas nos processos de EFG, faixa de filamentos e
rede dendrítica, têm a forma de faixas de silício. As células Apex são células solares de película fina
policristalina, com um substrato de baixo custo.
Produção: O processo EFG (Edge-defined Film-Fed Growth = Alimentação da película com limite de
crescimento definido), foi utilizado na produção industrial em série durante muitos anos. Um corpo de
forma octogonal feito em grafite é imerso no banho de silício e retirado de seguida. O resultado são
tubos octogonais de 5,6 m de comprimento, com uma largura lateral de 10 cm e uma espessura média
da parede de 0,28 mm. As pastilhas prontas para ser usadas, são cortadas dos oito lados do Octógono.
Deste modo, perde-se menos de 10 % do material. Após a contaminação do material com fósforo e a
união da camada de contacto posterior, as pastilhas são equipadas com contactos eléctricos no lado
frontal e com uma camada de anti-reflexão (AR). Apesar do silício EFG ser policristalino, apresenta um
pequeno número de fronteiras entre núcleos e reduzidos defeitos no cristal. Por este motivo, as células
assemelham-se mais a células monocristalinas na sua aparência e na sua qualidade eléctrica.
Para produzir células ainda mais finas com uma maior rapidez de laminagem, serão no futuro produzidos
tubos arredondados em vez de octogonais. No entanto, esta técnica de produção continua ainda a ser
desenvolvida.
Eficácia: 14 %.
Estrutura: Durante o processo EFG, são obtidos cristais expandidos, que podem apenas ser vistos de
perto. A superfície da célula é ligeiramente irregular.
Figura 2.58 - Extracção de uma faixa de silício num processo de laminagem de faixas
Eficiência: 12 %.
Forma: Rectangular.
Eficiência: 13 %.
Forma: Rectangular.
Produção: As células Apex são as primeiras aplicações de um procedimento de película fina com silício
cristalino, que está preparado para a produção em série. Um substrato condutivo de cerâmica, substitui a
espessa pastilha de silício e é coberta num processo horizontal e contínuo com uma fina película de
silício policristalino de 0,03 a 0,1 mm, como uma camada fotoactiva. São assim criadas células solares
em larga escala com características semelhantes às clássicas células policristalinas. São ainda
necessárias elevadas temperaturas de processo (900 a 1.000 ºC). No entanto, a escassa necessidade
de semicondutores de alta qualidade, bem como a elevada velocidade de produção, prometem obter
proveitos em termos de custos.
Eficência: 9,5 %.
Forma: Quadrada.
Cor: Azul (com AR), a cor cinza prateada das células Apex sem AR foi utilizada nos painéis de protecção
solar do Centro de Inovação para as Técnicas do Meio Ambiente em Berlim – Adlershof (ver a imagem 8-
258).
De modo a assegurar que entre tanta luz quanto possível na célula, é aplicada uma camada de anti-
reflexão, que garanta que apenas uma quantidade mínima de luz seja reflectida na superfície da célula.
Esta camada de anti-reflexão é a responsável pela cor azul (nas células policristalinas), ou pelas
tonalidades de azul escuro ao preto (nas células monocristalinas), que resultam após a sua aplicação
sobre a pastilha cristalina de cor cinza.
Figura 2.61 - Gama de cores das células monocristalinas, eficácia: de 11.8% a 15.4%
Imagem: Solartec Photo – Archiv
Figura 2.62 - Células policristalinas. Célula esverdeada com AR especial, eficácia: 11.8 %
Célula: ASE
Contactos frontais
Figura 2.67 - Comparação da impressão em tela com a tecnologia Saturno: Produção dos
contactos frontais e da estrutura da superfície.
Com o intuito de integrar as células num circuito eléctrico, são unidos contactos metálicos em ambos os
lados. Na face da célula que está orientada para o Sol, é utilizada uma fina malha metálica, para
minimizar a área de sombreamento. Os contactos da zona anterior são normalmente unidos, utilizando
um processo de impressão em tela. Durante este processo, uma massa metálica é pressionada sobre a
pastilha de silício através de uma máscara. As linhas individuais (linhas de contacto), têm neste
procedimento uma largura situada entre 0,1 mm e 0,2 mm. Duas linhas significativamente mais
espessas, que são soldadas com os contactos da zona posterior da célula vizinha, atravessam as finas
linhas de contacto.
Foram desenvolvidas tecnologias especiais para as células solares de elevada potência, no sentido de
melhorar as suas características de contacto e minimizar a reflexão na superfície da célula. Um exemplo
é o denominado “Procedimento Saturno”. Neste caso, a linha de contacto é cortada com raios laser. A
largura das linhas de contacto é significativamente reduzida para 0,02 mm, quando comparada com o
processo de impressão em tela.
Devido a este facto, existem menos células sombreadas e é possível cortar ainda mais linhas na célula
solar. As perdas óhmicas reduzem-se e a “vala” cortada por laser pode ser preenchida por completo com
material de contacto.
Por outro lado, uma superfície com uma textura de pequenas pirâmides, permite uma menor perda de
reflexão. A luz incidente reflecte-se e refracta-se várias vezes na superfície das pirâmides. Assim, uma
maior quantidade de luz pode penetrar no interior da célula e ser absorvida. Este efeito é chamado
fotóforo. Dependendo do procedimento e do fabricante, é possível obter diferentes tipos de estruturas ou
texturas na superfície, como por exemplo pirâmides soterradas na tecnologia de contacto soterrado.
Neste caso, as linhas de contacto são recolocadas em valas numa secção transversal rectangular a
partir de cavidades em forma de V.
Figura 2.68 - Célula policristalina, com contactos na zona frontal gravados por impressão em tela
Figura 2.69 - Célula monocristalina, com contactos na parte frontal gravados a laser
Célula: BP
Figura 2.70 - Linhas de contacto frontal nos limites das partículas da célula de silício
policristalino
Célula: AIAU
Figura 2.71 - Desenho do padrão dos contactos frontais. Eficiência: 96% comparada com
contactos frontais optimizados
Célula: AIAU
Figura 2.72 - Desenho do padrão dos contactos frontais. Eficiência: 98% comparada com
contactos frontais optimizados
Célula: AIAU
Contactos posteriores
Em contraste com os contactos frontais, os contactos posteriores podem ser aplicados em toda a
extensão do espaço da parte posterior da célula. Embora não sejam visíveis nos módulos standard que
possuem uma cobertura opaca traseira, são visíveis em módulos especiais para integração em edifícios
com uma cobertura traseira transparente (ver capítulo 3), e podem ser utilizados como mais um
elemento de desenho arquitectónico.
Desde a década de 90, o desenvolvimento dos processos de película fina para fabricar células solares,
tornaram-se cada vez mais importantes. Neste caso, os semi-condutores fotoactivos são aplicados em
finas camadas num substrato (na maioria dos casos vidro). Os métodos utilizados incluem disposição por
vaporização, processos de disposição catódica e banhos electrolíticos. O Silício amorfo, o diselenieto de
cobre e índio (CIS), e o telurieto de cádmio (CdTe), são utilizados como materiais semicondutores.
Devido à elevada absorção luminosa destes materiais, uma camada com uma espessura menor que
0,001 mm é, teoricamente, suficiente para converter a luz solar. Estes materiais são mais tolerantes à
contaminação de átomos estranhos.
Comparando com as temperaturas de fabrico das células de silício cristalino, que vão até 1.500 ºC, as
células de película fina apenas requerem temperaturas situadas entre 200 ºC e 500 ºC. Os menores
consumos de materiais e de energia, assim como a elevada capacidade de automatização da produção
em larga escala, oferece um potencial considerável para a redução dos custos de produção, quando
comparada com a tecnologia de produção do silício cristalino.
As células de película fina não estão restringidas no seu formato aos tamanhos standard das pastilhas,
como acontece no caso das células cristalinas. Teoricamente, o substrato pode ser cortado em vários
tamanhos e revestido com material semi-condutor. Todavia, uma vez que na interligação interna apenas
podem ser ligadas em série células com medidas semelhantes, a área eléctrica eficaz vem determinada
pela maior área rectangular possível dentro de uma forma assimétrica. A área exterior a este rectângulo
não é activa do ponto de vista eléctrico, mas não pode ser distinguida visualmente da área activa.
Figura 2.76 - Comparação da espessura da célula, material usado e gasto energético entre células
de película fina (à esquerda) e células de silício cristalino (à direita)
Fonte: Informação do fabricante, Photon 9/2001, Quasching
Uma característica das células de película fina, que as diferencia das células cristalinas, é o tipo de
interligação. Enquanto as células cristalinas estão soldadas de célula para célula (interligação externa),
as células de película fina estão interligadas monoliticamente (interligação interna). As células são
separadas electricamente e interligadas em etapas estruturais, que têm lugar entre as fases de fabrico
individual das camadas celulares (ver capítulo 3 “enfitamento das células”). Isto cria finas ranhuras
transparentes entre as células individuais.
No intuito de atingir a maior produção energética possível, as ranhuras são tão finas quanto possível e
dificilmente visíveis a olho nu. Contudo, podem ser utilizadas como um elemento de desenho e
especificamente alargadas. Quanto maior é a ranhura entre as células, maior é a transparência. O efeito
óptico semi-transparente pode também ser criado, acrescentando ranhuras perpendiculares às tiras
celulares.
O contacto eléctrico é criado na parte posterior por um revestimento metálico opaco. Na parte frontal
orientada para a luz, esta função é desempenhada por uma camada de metal óxido (fortemente
transparente e condutivo), designada por camada OTC (Óxido Transparente Condutivo). Os materiais
tipicamente OTC incluem óxido de zinco (ZnO), óxido de estanho (SnO2) e óxido de índio e estanho
(ITO).
Na tecnologia de película fina, os termos usados para as células e módulos de tecnologia cristalina,
precisam de ser complementados com outro termo: o módulo monolítico. Neste caso, uma célula
consiste numa longa e estreita fita de material semicondutor, depositada sobre um substrato de vidro.
Assim, o módulo em bruto designa uma folha de vidro completamente revestida com várias fitas de
células ligadas em série. Quando este é encapsulado com um material composto (EVA) e protegido por
uma segunda folha de vidro, passa a designar-se por módulo.
Apesar de ter em termos relativos uma baixa eficiência, a energia produzida pode, sob certas condições,
ser bastante considerável.
As células de película fina têm um melhor aproveitamento para baixos níveis de radiação e para
radiações do tipo difusa. Para além disso, o coeficiente de temperatura é mais favorável, isto é, a
deterioração do desempenho para elevadas temperaturas é menor da que se verifica com outras
tecnologias.
Outra vantagem das películas finas resulta da sua forma celular (longas e estreitas fitas), conferindo-lhe
uma menor sensibilidade aos efeitos de sombreamento. No caso de um módulo cristalino, uma folha de
árvore pode cobrir completamente a célula cristalina. No caso do módulo de película fina, essa folha
poderá cobrir várias células ao mesmo tempo, ficando no entanto apenas uma pequena área de cada
uma destas células efectivamente sombreada (ver capítulo 3 “Propriedades eléctricas dos módulos de
película fina”).
Produção: O silício amorfo (sem forma) não forma uma estrutura regular de cristal, mas uma rede
irregular. Como resultado, ocorrem ligações livres que absorvem hidrogénio até à saturação. Este silício
amorfo hidrogenado (a-Si:H) é criado num reactor plasmático, através da vaporização química (DVC) de
Silano Gasoso (SiH4). Este processo requer temperaturas relativamente baixas, na ordem dos 200 ºC a
250 ºC.
A contaminação é levada a cabo pela mistura de gases que contêm o correspondente material
contaminante (por exemplo B2H6 para a dopagem do tipo p e PH3 para a dopagem do tipo n). Dada a
reduzida extensão da difusão do material a-Si:H contaminado, os portadores de carga livre da junção
directa p-n não conseguem sobreviver por forma a contribuir para a geração de energia eléctrica. Assim,
uma camada i intrínseca (não contaminada) é aplicada entre as camadas contaminadas n e p,
aumentando a longevidade do portador de carga. É este o local onde a absorção da luz e a geração da
carga ocorrem. As camadas p e n criam apenas o campo eléctrico que separa os portadores de carga
libertados. Se as células forem depositadas na parte superior do vidro, como acontece na figura 2.78,
então cria-se a característica estrutura p-i-n. Em alternativa, podem também ser depositadas numa
sequência inversa (n-i-p) na parte posterior. Isto permite que sejam criados módulos solares flexíveis
sobre qualquer tipo de substrato (sobre chapas de metal ou de plástico).
A maior desvantagem das células amorfas, consiste na sua baixa eficiência. Esta eficiência diminui
durante os primeiros 6 a 12 meses de funcionamento, devido à degradação induzida pela luz (o “Efeito
Staebler-Wronski”), até nivelar num valor estável. As células solares multi-junções foram desenvolvidas
para contrariar este problema (ver figura 2.105). Nas células são sobrepostas duas estruturas p-i-n e,
com células triplas, três estruturas p-i-n. Cada célula individual pode ser optimizada para uma diferente
banda de cor do espectro solar, conseguindo-se assim aumentar a eficiência total.
De acrescentar que, com células em pilhas, o efeito do envelhecimento do material é reduzido, uma vez
que as camadas i individuais são mais finas e, portanto, menos susceptíveis de se degradarem com a
luz.
Tamanho: Módulo standard máx. 0,77 x 2,44 m2 ; módulo especial máx. 2 x 3 m2.
Espessura: : 1 – 3 mm para o substrato (plástico, metal ou vidro não solidificado), com um revestimento
de silício amorfo de aprox. 0,001 mm.
Estrutura: Homogénea.
Fabricantes de células: Dunasolar, Kaneka, RWE Schott Solar, Sanyo, Solar Cells, Uni-Solar.
Figura 2.80 - Fachada solar no centro de investigação Joint Research Centre em Ispra, em Itália
Fotografia: Flabeg
Produção: O material semi-condutor activo das células solares CIS, é o diselenieto de cobre e índio. O
composto CIS forma muitas vezes uma liga com o gálio e/ou o enxofre. Quando se fabricam as células, o
substrato de vidro é inicialmente revestido com uma camada fina de molibdénio como contacto reverso,
utilizando o processo de disposição catódica. A camada absorvente CIS do tipo p, pode ser fabricada
através da vaporização simultânea dos elementos cobre, índio e selénio numa câmara de vácuo, a
temperaturas de 500ºC. Outra hipótese consiste no depósito dos elementos individuais de forma
consecutiva, camada após camada. O óxido de zinco contaminado com alumínio (ZnO:Al), é utilizado
como o contacto frontal transparente (camada transparente). Este material dopado negativamente (tipo
n), é disposto com uma camada intermédia i ZnO. Uma camada tampão de sulfato de cádmio do tipo n é
utilizada para reduzir as perdas ocasionadas pela combinação inadequada dos retículos cristalinos das
camadas CIS e ZnO.
Ao contrário do silício amorfo, as células solares CIS não são susceptíveis de se degradarem com a
indução da luz. Contudo, apresentam problemas de estabilidade nos ambientes quentes e húmidos, pelo
que deve ser garantida uma boa selagem contra a humidade.
O módulo CIS constitui actualmente a mais eficiente de todas as tecnologias de película fina. É
expectável que os custos de produção, ao avançar-se para uma produção em massa, venham a ser
consideravelmente mais baixos do que o Silício cristalino. Existe ainda a necessidade de maiores
progressos na substituição da camada tampão CdS, por um composto sem Cádmio. O potencial perigo
que surge com o conteúdo de selénio é considerado negligenciável, devido à sua baixa proporção.
Espessura: 3 mm para o substrato (vidro não solidificado) com um revestimento de 0,003 mm.
Estrutura: Homogénea.
Cor: Preta.
Figura 2.82 - Pista de patinagem no gelo em St. Moritz (Suiça) a 1.800 m acima do nível do mar
Fotografia: Suntechnics
Figura 2.84 - Torre Solar no Centro de Educação e Tecnologia do Instituto de Artes Manuais de
Heilbronn (Alemanha) com módulos CIS
Fotografia: Würth Solar
Produção: Células solares CdTe são fabricadas sobre um substrato de vidro, com uma camada de
condutor transparente – normalmente óxido de estanho índio (OTI) – como contacto frontal. É revestido
com uma camada transparente CdS do tipo n (que é tão fina quanto possível), antes de ser revestido
com a camada absorvente Cd Te do tipo p. São utilizados processos simples de fabrico como a
impressão em tela, a disposição galvânica ou a pirólise pulverizada.
Módulos de maiores dimensões e com maiores eficiências, podem ser fabricados, recorrendo a
processos de disposição por vaporização, em que os materiais de deposição e o substrato são mantidos
juntos. No processo em vácuo, as camadas de CdS e de CdTe, são depositadas a temperaturas
aproximadas de 700 ºC. A camada dupla de CdS/CdTe é activada quando entra numa atmosfera que
contém cloro. O CdS funciona como uma camada transparente. Absorve uma pequena proporção da luz
visível na parte azul do espectro e permite que a restante radiação passe para a camada de CdTe
activo. O contacto metálico reverso é então revestido utilizando um processo de disposição catódica. Se
existe um controlo fiável da tecnologia de deposição, particularmente na zona posterior, então não
haverá lugar a uma degradação dos módulos CdTe.
Tal como a produção CIS, esta tecnologia também tem um potencial considerável para a redução de
custos numa produção em massa. No entanto, a toxicidade do Cádmio pode constituir um problema, que
pode afectar a aceitação dos módulos e assim a sua capacidade de criar um impacto positivo no
mercado.
O CdTe é um composto não tóxico de elevada estabilidade. Este composto pode contudo apresentar um
risco para o ambiente e para a saúde na sua condição de gás. O estado físico gasoso apenas ocorre
durante o processo de fabrico das células, em centros de produção com ambientes controlados.
Espessura: 3mm de substrato material (vidro não solidificado) com 0,008 mm de revestimento.
Estrutura: Homogénea.
Um novo tipo de células solares foi introduzido pelo professor Suíço Michael Grätzel em 1991, podendo
desenvolver-se numa alternativa económica à tecnologia do silício. O material básico da “Célula de
Grätzel” é o semi-condutor de dióxido de titânio (TiO2). No entanto, não funciona na base de uma junção
p-n no semi-condutor, absorvendo a luz num corante orgânico, de forma semelhante ao modo com que
as plantas usam a clorofila para capturar a energia da luz solar através da fotossíntese.
Na realidade, as camadas de TiO2 /corante e do electrólito, não estão tão claramente separadas uma da
outra. Em vez disso, o electrólito penetra completamente o material semicondutor.
Estas células solares fotoelectroquímicas são diferentes das clássicas células solares. Uma camada de
dióxido de titânio com colorante e uma solução condutora salina como electrólito, são colocadas entre
dois eléctrodos condutivos e transparentes (folhas de vidro revestidas com TCO). O Dióxido de Titânio é
aplicado como uma capa na parte superior do eléctrodo, utilizando um processo de impressão em tela. A
camada é cozida a 450 ºC, para formar uma fita sólida de 10 µm de espessura. Isto cria uma
estrutura de superfície irregular, micro porosa, que consiste em partículas de 10-30 nm (0,00001 -
0,00003 mm) de espessura. Como resultado, a superfície interior desta “esponja leve” é mil vezes maior
que uma película suave. Uma vez que o TiO2 absorve apenas luz ultravioleta, a superfície do TiO2 é
revestida de um corante ultra fino, baseado no rutênio. O electrólito líquido entranha-se completamente
na camada porosa e, deste modo, liga electricamente o corante com o eléctrodo inferior.
A característica única do conceito da célula sensitivizada com colorante, é que a absorção da luz e o
transporte da carga ocorrem em materiais diferentes. As cargas são criadas através da absorção da luz
no corante, enquanto que o semi-condutor TiO2 e os iões libertados no electrólito são responsáveis pelo
transporte. Daqui resulta a vantagem de que a recombinação não pode acontecer, mesmo com a
presença de materiais semicondutores contaminados. Isto permite evitar o recurso às tecnologias de
vácuo ou às salas de fabrico condicionadas em termos da qualidade do ar, no fabrico das células.
Quando a luz incide na célula, o corante é estimulado e injecta um electrão no dióxido de titânio. O
electrão passa através das partículas do TiO2 para o eléctrodo superior, alcançando o eléctrodo inferior
através do circuito eléctrico externo. O catalisador de platina ajuda a transferir o electrão para a solução
electrolítica. O electrólito transporta o electrão de novo ao corante e o ciclo fica completo.
Os materiais utilizados não são tóxicos e a sua produção é económica. O dióxido de titânio é produzido
em grandes quantidades na indústria (é utilizado, por exemplo, nas tintas de parede, na pasta dentífrica
e no papel). Quanto aos materiais dispendiosos como a platina e os corantes estáveis, são apenas
precisos em proporções reduzidas. Contudo, existem ainda sérios problemas que devem ser resolvidos
antes de se partir para uma produção industrial em massa, particularmente em termos da estabilidade a
longo prazo e na selagem. Para melhorar o manuseamento e simplificar a selagem, estão a ser
concentrados esforços no sentido de aumentar a espessura dos electrólitos líquidos até formar um gel
semelhante ao gel dos acumuladores.
Figura 2.90 - Primeiro módulo comercial a partir de uma série de produção limitada
Fotografia: STA, Austrália
As modestas eficiências sob as condições de referência CTS, são contrabalançadas pela elevada
eficiência em termos comparativos para baixas intensidades de radiação. As células nanocristalinas
sensitivizadas com colorantes, provaram ser muito tolerantes aos ineficazes ângulos de incidência da luz
solar e aos sombreamentos.
Em contraste com as células cristalinas, a sua eficiência cresce com o aumento da temperatura. Como
resultado, são utilizadas para pequenos dispositivos em espaços interiores e na integração em edifícios.
Neste último caso, as células sensitivizadas com colorantes oferecem novas e estimulantes
possibilidades de desenho, graças à sua flexibilidade em termos de transparência e à sua coloração
avermelhada (de cor ocre), que pode evoluir para cor verde-cinza, conforme o corante aplicado.
O silício não é tóxico, bem como quase inesgotável. Uma alternativa promissória para o futuro, consiste
nas células solares de película fina de silício cristalino. Não só tiram proveito das vantagens do material
do silício cristalino, bem como das vantagens da tecnologia de fabrico de película fina (produção em
massa, automatizada, com reduzido desperdício de material e menos caro). As actividades de
investigação estão a progredir em duas direcções.
2.1.1
Os processos que se desenvolvem a altas temperaturas, consistem na deposição de películas de silício
de elevada qualidade sobre um substrato barato a temperaturas situadas entre 900 ºC a 1.000 ºC,
criando estruturas microcristalinas semelhantes ao silício policristalino. Esta tecnologia é implementada
no fabrico das células Apex. Neste caso, a célula é classificada como sendo uma célula cristalina, uma
vez que está baseada em pastilhas que estão interligadas externamente.
O segundo tipo de processo, que decorre a baixas temperaturas, é uma tecnologia genuína de película
fina com interligação integrada em série. A deposição a temperaturas entre os 200 e os 500 ºC, produz
películas de silício com estruturas microcristalinas de grão muito fino. As baixas temperaturas permitem
a utilização de substratos baratos (vidro, metal ou plástico). Os processos de deposição são similares
com os das tecnologias de silício amorfo. Com o objectivo de criar camadas de espessura inferior a 10
µm, e apesar da menor capacidade de absorção do silício cristalino, a captação da luz deve ser
optimizada com estruturas que permitem a retenção da luz. Por este motivo, as superfícies de silício e as
camadas de contactos (TCO), são “texturadas” (ver “estruturas da superfície e contactos nas células de
silício cristalino”).
As células microcristalinas têm obtido eficiências máximas estáveis de 8,5 %. Poderão ser conseguidos
melhores resultados, através da combinação numa célula “tandem” de estruturas microcristalinas e de
silício amorfo. As células “tandem” são designadas por micromorfas, um termo que deriva das palavras
microcristalina e amorfa. Quando combinadas, as células de estrutura p-i-n são capazes de utilizar
melhor o espectro solar, do que individualmente. Simultaneamente, experimentam uma menor
degradação. Foi medida uma eficiência máxima de 12 % em condições estáveis de funcionamento. O
primeiro módulo comercial foi lançado no mercado do Japão pela Kaneka.
Produção: A célula solar HCI, resulta da combinação da clássica célula solar cristalina, com uma célula
de película fina. HCI - Heterojunção com uma Camada fina Intrínseca, refere-se à estrutura destas
células solares híbridas. Consiste em silício cristalino e amorfo associados a uma película fina adicional
não contaminada (camada fina intrínseca). Uma pastilha monocristalina forma o núcleo da célula HCI e é
revestida em ambos os lados por uma camada fina de silício amorfo (a-Si). Como camada intermédia,
uma camada ultrafina i (intrínseca) de silício, sem impurezas, liga a pastilha cristalina com cada uma das
camadas de silício amorfo. Uma camada a-Si dopada com impurezas do tipo p, é depositada no lado
frontal, que forma a junção p-n com a pastilha monocristalina com impurezas do tipo n.
Enquanto que nas células solares convencionais de silício, o mesmo material semicondutor é
contaminado de forma diferente no intuito de criar uma junção p-n, nas células solares HCI isto ocorre
entre os dois semicondutores estruturalmente diferentes. Esta junção é conhecida por heterojunção. A
camada amorfa p/i e a pastilha de impurezas do tipo n, cria uma estrutura p-i-n semelhante às células
amorfas de película fina. A parte posterior da pastilha é revestida com silício amorfo intensivamente
contaminada, para prevenir a recombinação dos portadores de carga livre no eléctrodo posterior. Nas
superfícies da célula, o revestimento anti-reflectivo e a textura da pastilha contribuem para diminuir as
perdas por reflexão.
Eficiência: 17,3 %.
Estrutura: Homogénea.
Para os sistemas solares com ligação à rede eléctrica pública, geralmente são utilizadas células solares
de silício monocristalino e policristalino. A menor eficiência do silício policristalino é contrabalançada
pelas vantagens que oferece em termos do preço final, que advém dos menores custos de fabrico.
Os módulos de silício amorfo têm sido maioritariamente utilizados em aplicações de lazer (pequenas
aplicações, campismo, barcos). Recentemente, os resultados de longo prazo conseguidos com testes,
demonstraram que as reservas referentes à sua estabilidade e ao seu comportamento ao longo do
tempo, eram infundadas, pelo que os módulos amorfos poderão tornar-se cada vez mais comuns nos
grandes sistemas.
Os módulos híbridos HCI alcançam maiores níveis de eficiência entre os módulos comerciais
disponíveis.
Os módulos de película fina CIS e CdTel alcançaram a fase de produção em série e têm vindo a ser
utilizados em vários locais de referência.
Os chamados semicondutores III-V, como são o Arsenieto de Gálio (GaAs) que consiste em elementos
do Grupo III e do Grupo V na tabela periódica, permitem a produção de células solares de elevada
eficiência. Não são competitivas no preço. Por este motivo, são utilizadas apenas no espaço e para
sistemas de concentração, normalmente combinadas com compostos adicionais III-V, tais como o GaSb
ou o GalnO, em células solares sobrepostas. Estas células duplas e triplas são interessantes objectos de
investigação, num esforço que visa estabelecer novos recordes de eficiência celular.
As células sensitivizadas com colorantes, são uma variante interessante para o futuro. Com as suas
cores e transparência poderão vir a constituir um novo marco, especialmente na integração em edifícios.
Na Austrália, os primeiros módulos foram produzidos comercialmente em quantidades limitadas. Os
valores máximos de eficiência das células e módulos solares são sumariamente descritos na tabela a
seguir. Os valores para os módulos que estão disponíveis no mercado, podem ser vistos na análise geral
do mercado, que será também objecto de abordagem no presente documento.
A imagem que a seguir se apresenta, mostra um sistema com várias unidades compostas por módulos
de diferentes tecnologias celulares. Cada unidade individual possui uma potência instalada de 1 kWp.
Figura 2.92 - Instalação fotovoltaica com módulos que utilizam várias tecnologias de células
solares no Colégio Weihenstephan (Alemanha). Da esquerda para a direita: policristalino,
monocristalino, CIS, amorfo, Telurieto de Cádmio, sendo cada um de aprox. 1 kWp
Fotografia: Soltec
Uma célula solar composta por camadas de silício contaminado por impurezas do tipo p e do tipo n, tem
o mesmo princípio que um díodo comum de silício. Ambos têm propriedades eléctricas semelhantes.
Como exemplo, a curva característica do díodo de silício BAY 45 é aqui ilustrada. Quando o díodo é
ligado a um circuito de modo a que o potencial seja positivo no ânodo dopado com impurezas do tipo p,
e negativo no cátodo dopado com impurezas do tipo n, o díodo está directamente polarizado. Neste caso
aplica-se a curva característica do primeiro quadrante. A partir de uma tensão definida (a tensão limiar
de condução neste caso é 0,7V), a corrente passa a fluir. Se o díodo for polarizado inversamente, a
corrente é impedida de circular nesta direcção. Neste caso aplica-se a curva característica do terceiro
quadrante. O díodo apenas se torna condutivo quando se superar a tensão de bloqueio (neste caso
150V). Isto pode levar inclusive à destruição do díodo.
Tabela 2.5
Parâmetros Símbolo Unidade
Tensões: U V
Tensão aos terminais da célula UD V
solar.
Tensão no díodo UT V
Tensão da temperatura
Correntes:
Corrente nos terminais da célula I A
solar
Corrente do díodo ID A
Corrente de saturação do díodo IS A
inversamente polarizado
Fotocorrente IPH A
Corrente a través da resistência em IP A
paralelo
Factor do díodo m
Coeficiente do fotocorrente C0 m2/V
Irradiância solar E W/m2
Resistência em paralelo Rp :
Resistência em Série Rs :
Em baixo, o diagrama simplificado de circuito equivalente das células solares é considerado em maior
relevo
Figura 2.94 - Diagrama do circuito equivalente e curva característica da célula em total escuridão
Fórmula:
U = UD
§ muUU ·
I I D I 0 u ¨ e T 1¸
¨ ¸
© ¹
Uma célula solar não iluminada é representada por um díodo no diagrama do circuito equivalente. Neste
contexto, também é aplicável a curva característica de um díodo. Para uma célula solar monocristalina,
pode-se assumir uma tensão limiar de condução de aproximadamente 0,5 V e uma tensão de bloqueio
de 12-50 V (dependendo da qualidade e do material da célula).
Fórmula:
U = UD
IPH = c0 x E
I = IPH – ID
Quando a luz incide na célula solar, a energia dos fotões gera portadores de carga livre. Uma célula
solar iluminada forma um circuito paralelo entre uma fonte de corrente e um díodo. A fonte de corrente
produz uma corrente fotoeléctrica (fotocorrente) IPh. A corrente depende da irradiância solar. A curva
característica do díodo é desviada pela magnitude da fotocorrente na direcção da polarização inversa
(quarto quadrante no diagrama).
Fórmula:
I = IPH – ID – IP
UD U RS u I
IP
RP RP
O diagrama completo do circuito eléctrico equivalente, é designado por modelo de um díodo e é utilizado
como modelo standard de uma célula fotovoltaica. Na célula solar ocorre uma queda de tensão, quando
os portadores de carga migram do semicondutor para os contactos eléctricos. Isto é descrito pela
resistência série RS. Esta resistência tem uma amplitude de uns poucos miliohms. O modelo é completo
por uma resistência paralela (RP >>10 ohms), que descreve a corrente de fuga inversa. Ambas as
resistências são responsáveis pelo abatimento da curva característica da célula solar. Com a resistência
em série, é possível calcular as curvas características de corrente e de tensão das células solares, para
diferentes irradiações e temperaturas, de acordo com os procedimentos estabelecidos nas normas DIN
EN 60891/IEC 60891.
Para além dos modelos de células solares já apresentados, são ainda utilizados outros modelos. A
tabela 2.6 oferece uma visão geral dos modelos mais comuns, com os respectivos diagramas do circuito
eléctrico equivalente, as respectivas equações de corrente e de tensão, e a avaliação da precisão. Para
completar os diagramas do circuito eléctrico equivalente, foi acrescentada uma resistência geral de carga
R. O objectivo destes diagramas e modelos da célula solar, é o de descrever a curva característica solar
através de equações matemáticas o mais fielmente possível, com o modelo experimental. Estes modelos
suportam o conhecimento teórico, permitindo a concepção dos instrumentos de controlo e de medida nos
sistemas fotovoltaicos (por exemplo controladores MPP) ou dos programas de simulação (ver capítulo 7).
Permitem ainda determinar o ponto de máxima potência sob diferentes condições de operação e, deste
modo, determinar o ponto operacional óptimo do sistema fotovoltaico. Para este efeito é necessário
começar pela determinação do gradiente M da curva característica (ver figura 2.98).
du Du
M tanY
di Di
O MPP é descoberto na curva característica de corrente/tensão no ponto onde o gradiente M vale um,
pelo que o ângulo do gradiente Ȧ é de 45º. Do ponto de vista matemático, a equação da potência/tensão
resulta da segunda derivada da equação de corrente/tensão. No ponto MPP, a potência toma o seu valor
máximo, pelo que o gradiente da curva de potência/tensão é igual a zero e o ângulo do gradiente é
também de zero graus (ver também figura 2.99, curva característica vermelha).
Figura 2.97 - Gradiente na curva característica de corrente tensão de uma célula solar
O modelo efectivo da célula solar eficaz, precisa apenas de quatro parâmetros celulares para resolver as
equações de corrente e tensão. Isto reduz o esforço para efectuar o cálculo e para obter informação
sobre os parâmetros que são apropriados. A característica especial da utilização do modelo efectivo da
célula solar, é que ambas as resistências Rs e Rp do modelo standard, estão combinadas numa
resistência fotovoltaica fictícia RPV. Esta resistência fotovoltaica pode tomar valores positivos e negativos.
Por este motivo não é uma resistência óhmica.
Os quatro parâmetros celulares necessários (RPV, UT , I0 e IPH), podem ser calculados como se segue, a
partir do gradiente M e a partir dos parâmetros celulares de tensão de circuito aberto U0C, da corrente de
curto-circuito ICC, da tensão MPP UMPP e da corrente MPP IMPP:
ICC U MPP § I ·
R pv M ¨¨1 CC ¸¸
I MPP I MPP © I MPP ¹
U
UT M R pv ICC 0C
UT
I0 = ICCe
Iph =ICC
As seguintes aproximações da curva característica podem ser derivadas com uma precisão de 1%:
U 0C § I MPP U MPP U I ·
M ¨¨ k 1 k 2 MPP k 3 MPP k 4 ¸¸
ICC © ICC U 0C U 0C ICC ¹
Para calcular as constantes desta equação, foi utilizado um método matemático numérico (método dos
mínimos quadrados). Os parâmetros da célula e do módulo necessários para o cálculo (U0C, ICC, UMPP e
IMPP), podem ser obtidos a partir das fichas técnicas fornecidas pelos fabricantes. São calculados os
quatro parâmetros celulares acima indicados a partir do gradiente M. Todos os pontos da curva solar
característica podem ser calculados com bastante precisão, utilizando as equações da tabela 2.6 para a
tensão e a corrente. O modelo efectivo da célula solar é o modelo base do instrumento de medição, que
determina o ponto de desempenho máximo que é apresentado na figura 2.98. Este dispositivo pode
calcular a potência nominal (ponto MPP sob condições CTS) dos módulos fotovoltaicos em condições
normais de funcionamento. A precisão da medida de potência nominal no terreno, utilizando este
instrumento num módulo fotovoltaico, está estimada em + 5%.
Tabela 2.6 - Diagramas do circuito equivalente das células solares e respectivas equações da
curva característica
Na literatura técnica, é encontrado com frequência apenas uma parte da curva de corrente e de tensão –
a parte na qual a célula solar produz corrente (4º quadrante da curva característica na Figura 2.95). Ao
mesmo tempo, a curva característica é reflectida segundo o eixo da tensão. Esta parte da curva
característica é, então, denominada curva característica da célula solar.
Figura 2.99 - Curva corrente-tensão característica de uma célula solar de silício cristalino
Se a luz incidir sobre uma célula solar desligada da carga, é criada uma tensão aproximada de 0,6 V.
Esta tensão pode ser medida como a tensão de circuito aberto a partir dos dois contactos da célula. Se
ambos os contactos estiverem em curto-circuito através do amperímetro, a corrente do curto-circuito
poderá ser calculada. No intuito de registar completamente a curva característica da célula solar, será
necessária uma resistência variável (derivação), um voltímetro e um amperímetro.
Por forma a se poder comparar diferentes células ou mesmo diferentes módulos fotovoltaicos,
encontram-se especificadas condições uniformes de teste, sob as quais os dados eléctricos da curva
característica da célula solar são identificados. Estas “Condições de Teste Standard” estão em
consonância com as normas IEC 60904 / DIN EN 60904:
1. MPP (Ponto de Potência Máxima), é o ponto da curva característica onde a célula solar funciona
à máxima potência. Para este ponto estão especificadas a potência PMPP, a corrente IMPP e a
tensão UMPP. O valor da potência MPP é fornecido em unidades pico de vátio.
2. A corrente do curto-circuito ICC é aproximadamente 5 a 15% maior do que a corrente MPP. Com
células standard cristalinas (10cm x 10cm) sob condições de referência CTS, a corrente de
curto-circuito é cerca de 3 A.
3. A tensão do circuito aberto UOC regista, com células cristalinas, aproximadamente 0,5 a 0,6 V e,
para células amorfas, aproximadamente 0,6 a 0,9 V.
Figura 2.100 - Comparação entre as curvas corrente-tensão características das células solares de
silício cristalino e amorfo, assumindo uma irradiância de 1.000 W/m², numa superfície com uma
área de 5cm x 5cm e a uma temperatura de 28°C.
O factor de forma é um indicador da qualidade das células solares. É definido como um quociente entre
a potência MPP e a potência máxima teórica que surge como o produto da corrente de curto-circuito e da
tensão de circuito aberto.
Para as células cristalinas solares, o factor de forma tem um valor que se situa entre 0,75 a 0,85. Para as
células solares amorfas este valor situa-se entre 0,5 a 0,7. Graficamente, o factor de forma pode ser
determinado como o rácio entre a área B e a área A (ver figura 2.102).
Os parâmetros mais importantes das células solares aparecem listados na tabela a seguir.
Tabela 2.7
Parâmetro Símbolo Unidade Descrição
Potência: P
MPP (ponto de máxima PMPP Wp Potência máxima sob as condições de referência CTS- (potência
potência) nominal)
Eficiência K % Rácio entre a energia fornecida pela célula e a irradiância solar
Factor de Forma FF Factor que compara a qualidade das células solares, compreendido
geralmente ente 0.5 e 0.85
Tensão: UL
Tensão MPP (no ponto de UMPP V Tensão fotovoltaica no ponto MPP (Tensão nominal)
potência máxima)
Tensão de circuito aberto U0C V Tensão de circuito aberto, geralmente especificada para condições
de referência CTS: tensão que a célula solar fornece quando ambos
os terminais não estão ligados a uma carga.
Corrente: IK
Corrente MPP (no ponto de IMPP A Corrente fotovoltaica no MPP (corrente nominal)
máxima potência)
Corrente de curto-circuito Icc A Corrente de curto-circuito, geralmente especificada para condições
de referência CTS: corrente que a célula solar fornece quando
ambos os terminais estão ligados directamente entre si.
Dado que o módulo fotovoltaico ou o gerador fotovoltaico consiste num conjunto de células solares
ligadas entre si, a informação deste capítulo poderá ser transferida para os capítulos seguintes.
Consoante o material e a tecnologia utilizada, as células solares são mais ou menos eficazes na
conversão das diferentes bandas de cor da luz solar em electricidade. A sensibilidade espectral define a
faixa da radiação para a qual a célula funciona de um modo mais eficaz, e influência a eficiência sob
diferentes condições de radiação. A maior parcela de energia solar está concentrada na faixa da luz
visível entre 400 nm e 800 nm.
Enquanto as células solares cristalinas são particularmente sensíveis à radiação solar de onda longa, as
células de película fina utilizam melhor a luz visível. As células de silício amorfo podem absorver a
radiação de onda curta com eficácia. Em contraste, os materiais CdTe e CIS são mais adequados para
as ondas de comprimento médio.
Figura 2.104 - Sensibilidade espectral de uma célula solar amorfa de junção tripla e das células
individuais verticalmente sobrepostas
Fonte: Uni-Solar
Nas células em pilha, que são particularmente comuns na tecnologia de película fina, as células
individuais sobrepostas permitem uma optimização das diferentes amplitudes de comprimento de onda
(ver figura 2.104). A figura 2.105 apresenta a estrutura em camadas de uma célula solar tripla. Neste
caso, a célula superior absorve a luz azul e permite a penetração dos outros componentes da luz. A luz
verde/amarela é captada pela célula média. Por fim, a célula inferior converte a luz vermelha. Esta
divisão em diferentes zonas do espectro, confere à célula tripla o maior nível de eficiência entre as
células amorfas e, adicionalmente, o melhor aproveitamento para baixos níveis de irradiância (ver
capítulo 3 “Propriedades eléctricas dos módulos de película fina”).
Figura 2.105 - Estrutura em camadas de uma célula de junção tripla. As três sub-células são
sensíveis a diferentes repartições espectrais da radiação
A eficiência K(eta) das células solares é o resultado do rácio entre a potência entregue pela célula solar
e a potência da radiação solar. Por este motivo, é calculada a partir da potência MPP (PMPP), da
irradiância solar (E) e da área da superfície (A) da célula solar, como se segue:
PMPP FF u U OC u ICC
K
AuE AuE
Nos módulos solares fotovoltaicos, A toma o valor da área da superfície do módulo. Nas fichas técnicas
dos módulos, a eficiência é especificada sempre sob condições de teste standard CTS:
Kn = K (CTS)
Isto permite calcular à eficiência nominal das células solares e dos módulos:
PMPP (STC )
K
A u 1000 W / m 2
A eficiência das células solares depende da irradiância e da temperatura. A eficiência para um nível de
irradiância ou de temperatura particular é o resultado da diferença entre a eficiência nominal e a
amplitude da variação da eficiência.
K = Kn – 'K
Com o factor de radiação s, pode ser calculada a amplitude da variação da eficiência para irradiações
que se desviam das condições de referência CTS.
E
s
1000 W / m 2
A título de exemplo, para s= 0,5 significa que o factor de radiação é metade do equivalente para a
irradiância sob condições de referência CTS e que, por isso, a irradiância é de 500 W/m2. A variação
aproximada da eficiência das células de silício cristalino resulta, para temperaturas constantes, da
fórmula que se segue:
Com s=0,5 e uma eficiência solar sob condições de referência CTS de 15,4 %, obtém-se uma eficiência
0,4 % menor do que sob condições CTS. Neste caso concreto, a eficiência com irradiância de 500 W/m2
é de 15 %. Em contraste, as células amorfas triplas são aproximadamente 30 % mais eficientes para
fracos níveis de radiação do que sob condições de referência CTS (ver capítulo 3 “Propriedades
eléctricas dos módulos de película fina”).
A eficiência das células solares cristalinas decresce com o aumento da temperatura. Por este motivo, as
células solares cristalinas atingem a sua maior eficiência a baixas temperaturas. Os coeficientes de
temperaturas dependem do tipo de material. No caso do silício cristalino, o coeficiente de variação da
eficiência em função da temperatura toma o valor aproximado de 0,45 % / ºC (ver capítulo 3). Para
uma irradiância constante, a variação da eficiência é calculada do seguinte modo:
A reduzida potência das células solares justifica a ligação de várias células no fabrico dos módulos
fotovoltaicos (encadeamento de células). Na ligação em série, os contactos frontais de cada célula são
soldados aos contactos posteriores da célula seguinte, por forma a ligar o pólo negativo (parte frontal) da
célula com o pólo positivo (parte posterior) da célula seguinte. Os terminais de início e de fim da fileira de
células são estendidos para o exterior, tendo em vista a posterior ligação eléctrica.
As células cristalinas são interligadas numa determinada fase da produção. Em contraste, a ligação
eléctrica entre as células de película fina constitui uma parte integrante do fabrico das células, através do
corte de ranhuras na camada do material semicondutor. Neste caso, os materiais são cortados em tiras
celulares de aproximadamente um centímetro de largura, através de um laser ou de uma ponta de corte
mecânico.
A figura 3.3 mostra a sequência de fabrico para a deposição do material celular na superfície frontal do
substracto. Esta técnica é usada nos módulos CdTe e na maioria dos módulos de silício amorfo. Em
primeiro lugar dá-se a separação da camada TCO em tiras paralelas, nas quais é depositada a camada
celular. O segundo corte é então efectuado, ligeiramente afastado mas em paralelo com a primeira linha.
Finalmente, é aplicado o contacto posterior, sendo então feito o corte do mesmo numa terceira fase. Isto
cria uma ligação eléctrica desde o contacto posterior de uma célula até ao contacto frontal da célula
seguinte, estando as tiras celulares interligadas em séries.
As células CIS e as células amorfas baseadas em filmes flexíveis, são depositadas na sequência
inversa, começando pelo contacto posterior. Porém, a estruturação ocorre de forma análoga.
Por forma a proteger as células das tensões mecânicas, dos agentes atmosféricos e da humidade, as
células são embebidas num material transparente maleável, que tem ainda a particularidade de
assegurar o isolamento eléctrico entre as células. Para a estabilização da estrutura, o material de
encapsulamento é aplicado a um substrato. Na maioria dos casos é usado vidro, mas também é possível
usar plástico acrílico, metal ou folheados de plástico.
Dependendo do processo, as células solares podem ficar assentes na parte posterior, frontal ou entre o
material de substrato. É importante que a cobertura, no lado sensível à luz, seja feita de material com um
elevada transmissão luminosa, por forma a permitir a maior incidência possível da energia solar na célula
solar. Por esta razão, o vidro com baixo teor de ferro é usado geralmente como substrato frontal, pois
permite uma penetração de 91 % da luz.
O vidro solar é temperado para que possa resistir às elevadas cargas térmicas. Um vidro solar anti-
reflectivo recentemente desenvolvido, tem uma cobertura adicional anti-reflexo aplicada por um processo
cáustico ou por imersão, e uma transmissão luminosa de 96 %. Este grau de transparência permite um
aumento da produção total do módulo na ordem de 3,5 %, em comparação com os restantes módulos
que usam vidro solar convencional.
x Encapsulamento EVA
x Encapsulamento Teflon
x Encapsulamento em resina fundida
No encapsulamento em EVA, as fileiras de células são laminadas numa câmara de vácuo, pela
aplicação de uma pressão negativa e positiva a uma temperatura crescente (processo de laminagem em
vácuo). Durante este processo, o EVA derrete e circunscreve completamente as células solares. O EVA
deve ser resistente à radiação UV que incide na superfície frontal. Na maioria dos casos, esta protecção
é conseguida através de uma placa de vidro temperado, feita de vidro branco de elevada transparência
(vidro solar). A parte posterior poderá ser feita a partir de um vidro endurecido convencional ou de um
placa opaca.
dimensões a falta de estabilidade da célula durante o processo de laminagem (flutuação das células),
dificulta a manutenção rigorosa da distância entre as células.
A escolha de diferentes substratos permite utilizar vários tipos de processos de laminagem durante o
fabrico.
Encapsulamento em Teflon
Com o encapsulamento em Teflon, as células solares são circundadas por um fluoropolímero especial
(Teflon), num processo semelhante ao anteriormente descrito. Em contraste com o encapsulamento
EVA, as células solares encapsuladas assentam num substrato galvanizado e não requerem outra
cobertura na face frontal. O Teflon é resistente aos raios UV, altamente transparente, repele a sujidade,
não perde cor e tem uma superfície não-reflectiva. Nos módulos Teflon, a camada Teflon tem apenas
0,5 mm de espessura e é boa condutora de calor. Esta característica permite que a célula seja
arrefecida independentemente do local e do tipo de instalação. Como substrato pode ser utilizado uma
folha convencional de vidro endurecido que satisfaça as necessidades estruturais, ou qualquer material
opaco, como é o caso do metal, ardósia, cimento ou cerâmica. O encapsulamento Teflon é usado
maioritariamente para módulos especiais produzidos em pequena escala (ex.: telhas solares).
O encapsulamento em resina recorre a um processo de fundição, no qual as células solares são fixadas
entre duas folhas de vidro, através de amortecedores adesivos. Os bordos das folhas são unidos com
separadores transparentes e adesivos nas duas faces. A folha frontal consiste num vidro branco
endurecido, de elevada transparência. A folha oposta consiste num vidro convencional endurecido, que
satisfaz os requisitos estruturais. A cavidade resultante é preenchida com uma resina fundida fortemente
transparente. O tipo de resina utilizada determina se é necessário ou não a solidificação da resina
através da incidência de radiação UV. Este processo pode influenciar a escolha do tipo de material da
placa posterior. Se for usada um tipo de resina que exige o uso de radiação UV, não será permitida a
aplicação de vidros tingidos na face posterior, dado que a resina situada entre as células solares e a
folha de vidro tingida não se solidificará.
O encapsulamento de resina fundida permite o fabrico de módulos com dimensões máximas de 2,5 m x
3,8 m. A maior vantagem deste tipo de encapsulamento consiste na rigorosa posição das células, que
permanece constante durante a fundição. Isto permite que se mantenham intervalos uniformes entre as
células, mesmo para grandes módulos. O encapsulamento em resina é utilizado normalmente para
módulos especiais tendo em vista a integração em edifícios (fachadas, coberturas de vidro e dispositivos
de sombreamento).
A resina usada no fabrico dos módulos é também utilizada para a produção de superfícies envidraçadas
com isolamento acústico. Por este motivo, um módulo encapsulado com resina fundida, tem
propriedades atenuantes em termos da propagação do ruído.
Existem poucas diferenças no que respeita o encapsulamento das células cristalinas. Os módulos
monolíticos de película fina têm por base uma folha de vidro (substrato), que é revestida pelo material
semicondutor. Não é possível usar vidro temperado como substrato, dado que as elevadas temperaturas
que caracterizam o processo de deposição do semicondutor iriam comprometer a resistência do vidro.
Caso o módulo acabado de película fina tenha que responder a determinadas exigências em termos de
dureza e de comportamento em caso de fractura (por exemplo, numa fachada), o módulo deverá ainda
incorporar uma adicional folha de vidro de segurança endurecido. Por este motivo, um módulo de
película fina com vidro de segurança endurecido, consiste sempre em duas folhas de vidro.
Em face das diferentes tecnologias de revestimento que são usadas no fabrico das células de película
fina, o material semicondutor poderá ser depositado no topo ou no lado oposto da folha de substrato,
dependendo do substrato se encontrar na face frontal ou posterior (ver secção 3.1.1 encadeamento de
células). A posição do material semicondutor afecta a possível estrutura do módulo.
Nos módulos monolíticos amorfos ou CdTe, a camada do semicondutor está assente no lado posterior
do vidro do substrato. Isto permite que o vidro do substrato desempenhe também a função de protector
contra os agentes atmosféricos. Com o encapsulamento EVA, estes módulos poderão ser revestidos na
face posterior por uma folha de tedlar, de vidro convencional ou, caso a aplicação o imponha, de vidro de
segurança endurecido.
Nos módulos CIS e nos módulos amorfos com revestimento metálico, a camada semicondutora é
aplicada, respectivamente, ao vidro do substrato e à película do substrato. O módulo CIS recebe uma
adicional folha de vidro, para protecção contra os agentes atmosféricos, assim como uma folha de vidro
de segurança endurecido, no caso de vir a ser necessário.
Enquanto que os módulos CIS possuem sempre duas lâminas de vidro, os módulos amorfos integrados
em películas não utilizam qualquer tipo de vidro. Na face frontal, as unidades monolíticas dos módulos
são envolvidas por um fluoropolímero que contém EVA (ver encapsulamento com Teflon), sendo
estabilizadas na face posterior por um folheado de aço laqueado.
Quando se fabricam módulos de película fina com encapsulamento em resina, os vidros frontal e
posterior do módulo não poderão ser usados como substratos das células de película fina, uma vez que
são feitos de vidro termo-endurecido. Tal como acontece com as células mono e policristalinas, os
módulos monolíticos de película fina são colocados e fundidos entre duas folhas de vidro modular. Por
este motivo, este módulo vidro-vidro possui três folhas, sendo mais espesso do que os módulo vidro-
vidro com células mono ou policristalinas de resina fundida.
Módulos monocristalinos
Módulos policristalinos
Módulos de película fina (amorfos, CdTe e módulos CIS)
Módulos Teflon
Módulos de Resina Fundida
(a classificação “módulo EVA” não é geralmente usada)
Módulos metal-película
Módulos de plástico acrílico
Módulos vidro-vidro
Os módulos que são fabricados em processos de laminagem (encapsulamento EVA e Teflon), são
também referidos como laminados. Dependendo do resto da estrutura do módulo, são conhecidos como
laminados flexíveis, laminados película-vidro ou laminados vidro-vidro. Quando a designação “laminado”
é utilizada a sós, refere-se aos laminados película-vidro. No entanto, os laminados podem em geral
serem descritos como módulos sem armação. Na realidade, o termo apenas se refere à tecnologia de
encapsulamento, sendo disponíveis com e sem armação.
Existem ainda as seguintes distinções, que serão mais à frente explicadas em detalhe:
x Módulo Standard
x Módulo Especial
x Módulo feito à medida
Módulos Standard
Os módulos standard ou convencionais são fabricados com o objectivo de obter a maior produção por
metro quadrado, ao menor custo possível. Na sua maioria são laminados película-vidro encapsulados
com EVA. Há módulos standard com e sem armações de alumínio. São aplicados sempre que não
existam exigências especiais em termos de dimensão e forma, quer geralmente unidos a armações base
standard, quer incorporados em sistemas de perfil que fazem parte integrante de edifícios. Um módulo
standard típico é composto por 36 a 72 células e oferece uma potência nominal típica situada entre 50 e
140 Wp (nas células cristalinas). As células encontram-se normalmente dispostas em quatro fileiras
consecutivas, resultando num módulo rectangular com dimensões aproximadas de 1,00 m x 0,5 m.
de 2,5 m x 1,25 m. Mais à frente será possível encontrar-se uma visão geral do mercado dos módulos
standard com e sem armação.
Módulos especiais
Os módulos especiais são módulos produzidos em massa para determinados propósitos. Nestes casos
poderão ser utilizados materiais ou armações específicas. Como exemplo incluem-se todas as
aplicações de pequena escala, e os módulos leves utilizados em veículos solares, barcos, campos e
telhas solares. Estas últimas requerem uma armação que assegure a protecção do telhado no que se
refere à chuva e à neve.
Módulos específicos
Os módulos específicos são módulos que são fabricados especialmente para uma determinada
aplicação. Poderá ser uma fachada fria ou quente, ou uma cobertura de vidro de um edifício. O local da
aplicação determina a estrutura do módulo, a dimensão e a forma. As possibilidades de desenho para os
módulos específicos, serão descritas com maior detalhe na próxima secção.
Os módulos solares podem ser integrados de forma harmoniosa na envolvente dos prédios, pelo que
não devem ser considerados apenas como componentes que geram energia eléctrica, mas também
como um versátil material de construção. Este tipo de aplicação requer módulos de aspecto diversificado
e com qualidades funcionais diversas, por forma a corresponder ao que é pretendido para a zona de
implantação. O mercado fotovoltaico oferece uma ampla gama de soluções de desenho, que vão ao
encontro da maioria das exigências do sector da construção civil.
Encontra-se disponível no mercado uma grande variedade de módulos standard e especiais. Com os
módulos standard, os projectistas podem escolher entre vários tipos de células, dimensões e estruturas
de armação. Dependendo da aplicação, existe também uma larga gama de módulos especiais. O que
estes dois tipos de módulos têm em comum, é que são comercializados como produtos acabados,
oferecendo aos projectistas a oportunidade de escolha, mas não lhes permitindo alterar a sua aparência
final.
Em contraste, os módulos específicos são fabricados apenas por encomenda. Os dois componentes
principais que formam os módulos fotovoltaicos – as células solares e o vidro, oferecem ao técnico
inúmeras possibilidades de desenho. Para além de poder escolher o tipo de células e a sua distribuição,
os diferentes atributos das superfícies envidraçadas permitem criar módulos multifuncionais, podendo
oferecer soluções feitas à medida que vão ao encontro das especificidades arquitectónicas dos edifícios.
x Tipo de célula
x Cobertura da célula
x Formato da célula
x Face de contacto da célula
x Face posterior da célula
x Dimensão do vidro
x Formato do vidro
x Tipo de vidro
A aparência final do módulo é determinada pelo modo em que se combinam estes parâmetros. Por isso,
em conjunto com o fabricante de módulos, os projectistas podem criar módulos individuais com
diferentes:
x cores (dependendo do tipo de célula, da face posterior, da face de contacto e do tipo de vidro)
x transparência (ver distribuição da célula)
x flexibilidade: podem construir-se módulos curvos com um raio de curvatura mínimo de 0,9 m, a
partir de células solares cristalinas, nas quais as células são encaixadas entre as folhas curvas
ou, então, os módulos acabados são curvados. Os módulos de película fina são
permanentemente flexíveis e enroláveis quando são depositados sobre substratos maleáveis.
Figura 3.21 - Módulo específicos de vidro curvo O módulo vidro-vidro (resina fundida) curvado em
frio é mantido em tensão através de tirantes
Fotografia: Saint Gobain
Tipo de célula
Existe uma grande oferta de células no mercado. O que à primeira vista parece ser uma gama uniforme,
após um exame mais apurado revela uma diversidade considerável. As células cristalinas diferem de
acordo com os processos de fabrico, na sua:
x estrutura (homogénea, cristalina),
x forma (rectangular, quadrada, semi-quadrada, arredondada),
x dimensão (10cm x 10cm, 12,5cm x 12,5cm, 15cm x 15cm),
x cor (azul, preta). O uso de revestimentos especiais anti-refletivos, permite obter cores como a
magenta, o dourado, o castanho e o verde. No caso de se omitir o revestimento anti-reflectivo,
obtém-se uma cor de cinza prateado.
x
As células de película fina não estão limitadas a dimensões standard das pastilhas, mas sim à dimensão
do vidro do substracto. Dado que o substrato é completamente coberto pelas células solares, não existe
a rede de células nem os circuitos de corrente típicos dos módulos cristalinos. No seu lugar, a superfície
solar é homogénea e unicolor. Só num exame mais aprofundado podem ser observadas as linhas
divisórias entre as tiras celulares. A cor é determinada pelo material da célula (a-Si, CIS ou CdTe). Os
formatos típicos dos módulos são 1,20 m x 0,60 m ou 1,00 m x 0,60 m (conforme o fabricante). Para o
fabrico de maiores módulos, com dimensões máximas de 2,00 m x 3,00 m, as células de película fina
são divididas em diferentes grupos de células, durante a deposição do material e, de seguida,
combinadas no módulo.
Outra característica associada à tecnologia da película fina consiste na capacidade de fabrico de células
solares flexíveis em substratos maleáveis.
Uma descrição mais detalhada dos vários tipos de células e a sua aparência pode ser encontrada no
capítulo 2.
Nos módulos vidro-vidro, existe uma considerável liberdade de escolha em termos de desenho,
conforme a posição das células e a possível interacção entre a estrutura, a sombra e a luz. Com
módulos mono e policristalinos, o espaçamento entre as células e a distância à margem do vidro, podem
ser definidos livremente. Isto permite o controlo específico da transparência (em termos de luz e de
energia) e a possibilidade de jogar com o efeito luminoso resultante. Se um módulo solar cristalino tiver
de ser uniformemente transparente, recomenda-se a utilização de módulos semitransparentes
semelhantes aos módulos baseados em células POWER.
Nos módulos de película fina, a semitransparência também é criada com adicionais ranhuras
perpendiculares à tira celular. Neste caso, o material celular é retirado em estreitas tiras, de modo a que
a luz possa entrar através destes canais. Isto cria um padrão finamente entalhado que proporciona aos
módulos de película fina uma transparência uniforme e de cor neutra.
As células cristalinas são normalmente quadradas, semiquadradas ou quadráticas. Por este motivo
podem ser facilmente distribuídas nos módulos rectangulares. No caso dos módulos se desviarem da
forma rectangular, em resultado das exigências da fachada (por exemplo), colocam-se duas
possibilidades em termos da disposição da célula ao longo das margens diagonais do módulo: ou são
recuadas ao longo da margem diagonal ou são cortadas em paralelo com esta. Esta última hipótese
reduz a corrente que atravessa a célula, pelo que não será possível a sua ligação em série com as
restantes. Permanecem assim inactivas do ponto de vista eléctrico. A aparência visualmente homogénea
deste módulo, acarreta necessariamente custos adicionais em relação à alternativa do recuo da célula.
Figura 3.32 - Módulos vidro-película com contactos frontais pretos e película posterior preta de
polyester Tedlar, na igreja de Riethnordhausen perto de Erfurt, na Alemanha (classificado como
monumento histórico)
Figura 3.33 - Módulos semitransparentes para protecção solar no telhado em forma de dente de
serra de uma casa particular (Jakob-Kaiser-Haus) em Berlim, Alemanha
Módulos vidro-Tedlar: Sólon
Contactos frontais
É possível, por um baixo custo, variar o padrão e a cor das linhas de contacto (ver secção 2.4.1
“Contactos frontais”). Em vez do contacto standard de cor prateada, as pistas condutoras dos módulos
cristalinos podem ser tingidos por forma a combinar com a cor da célula, resultando numa impressão
visual homogénea.
Dimensão do vidro
No caso dos módulos específicos, é possível fabricar módulos com dimensões máximas de 2,5 mx3,8 m
(módulos de maiores dimensões são tecnicamente viáveis, acarretando contudo um aumento
exponencial de custos). Por este motivo, estes módulos permitem respeitar os requisitos arquitectónicos
e revestir fachadas geometricamente complexas.
Formato do vidro
Geralmente as lâminas de vidro podem ser fabricadas com vários formatos (triângulos, trapézios,
curvas). Contudo, deve-se ter em conta que, em comparação com os módulos standard, estes
específicos formatos acarretam um aumento de custos, muitas vezes desproporcionado.
Tipo de vidro
A cobertura frontal deve ser de material muito transparente. A superfície do vidro por si só proporciona
um vasto campo de acção em termos de desenho, e pode ser executada, por exemplo, como vidro
estrutural ou como superfície ondulada semelhante a uma casca de laranja.
A cobertura posterior pode também ser utilizada como um elemento de desenho. Praticamente todos os
vidros produzidos pela indústria vidreira podem ser empregues nos módulos vidro-vidro. Os módulos
fotovoltaicos podem ser modificados ou fabricados com o propósito de proporcionar características
adicionais de construção, nomeadamente protecção solar, isolamento acústico e isolamento térmico. Por
este motivo, cumprem normalmente com o que é estipulado para os componentes externos dos edifícios.
x vidro reflectivo, no qual a face posterior é revestida com uma capa de óxido metálico reflectivo
(ver a fachada Ökotec, capítulo 8);
x vidro de controlo solar, recoberto na sua face posterior por camadas selectivas de óxido
metálico, que reflectem a radiação solar de onda comprida. Em contraste, a luz visível entra
praticamente sem obstáculos através do vidro, de modo que o interior do edifício se mantém
brilhante, mas fresco no Verão (ver a fachada Berufsgenossenschaff Holz, capítulo 8);
x vidro acústico, com um elevado efeito de isolamento acústico em resultado da sua estrutura
(ver Arena, capítulo 8);
x vidro de segurança laminado, que consiste em duas folhas de vidro unidas por uma película
plástica de polivinil butiral (PVB). Em caso de estilhaço, a camada de junção mantém os
fragmentos do vidro unidos à estrutura. Enquanto vidro de segurança, permite o uso de módulos
em coberturas envidraçadas (ver capítulo 8 “Estruturas de vidro no tecto”);
x vidro isolante, consiste em pelo menos duas folhas sobrepostas, nas quais o espaço entre elas
é preenchido com gás. Garante o isolamento térmico do edifício. A camada interna também pode
ser escolhida livremente;
x vidro isolante para uso em coberturas (tectos quentes) com uma lâmina interna de vidro
laminado de segurança.
Figura 3.38 - Estrutura de um modulo específico usando vidro isolante [Flabeg Solar]
A utilização de plástico acrílico oferece outras hipóteses interessantes de desenho. Com os instrumentos
adequados, o plástico acrílico pode ser facilmente serrado, furado e polido, permitindo assim a criação
de módulos em qualquer formato. Podem ser dobrados em frio e moldados a quente. O raio mínimo de
curvatura em frio para a distribuição de células de 10 cm x 10 cm, é 350 vezes a espessura da folha
acrílica mais forte. A folha acrílica posterior pode ser colorida, serigrafada ou pintada.
Módulos específicos com as células fotovoltaicas intercaladas entre as placas de vidro isolante
Entre as múltiplas interessantes utilizações dos módulos vidro-vidro, destaca-se a protecção contra a
radiação directa e os efeitos de sombra providenciados pelas células intercaladas entre as placas de
vidro. O espaçamento entre as células permite aproveitar efeitos sinérgicos, dado que, para além de
gerar electricidade, regula a intensidade da luz que penetra no espaço interior, e em simultâneo fornece
isolamento térmico através do vidro isolante. A superfície envidraçada isolante protege as células solares
da sujidade e da acção dos agentes atmosféricos. No entanto, parte da radiação solar perde-se, uma vez
que tem de passar através de duas folhas de vidro antes de atingir as células solares.
Os módulos de silício amorfo têm uma potência específica aproximada de 50 W por m2. A presença de
células amorfas indica que a eficiência só será ligeiramente reduzida nas elevadas temperaturas
sentidas no interior das folhas de vidro isolante. É possível obter dimensões máximas de um metro de
largura e de três metros de altura. Para um espaço de 29 mm entre as folhas e uma espessura mínima
de 6 mm para cada folha de vidro, o conjunto tem uma espessura mínima de 41 mm.
Figura 3.41 - Efeito de luz e de sombra provocado pelas células (janelas envidraçadas da
esquerda e da direita). Os envidraçados do centro são módulos de vidro isolante com células
solares POWER integradas
Imagem: Solon AG, Zwickert
Projecto BIMODE
Na Academia de Artes de Meios (KHM) em Colónia, Alemanha, uma equipa interdisciplinar dos campos
da arte, arquitectura, indústria e investigação, desenvolveram propostas de desenho nas quais alteraram
o formato, a cor e a dimensão das células cristalinas, a geometria dos caminhos da condução eléctrica e
o formato dos módulos. Este projecto foi finalizado em Junho de 1999, e contou com a participação das
seguintes entidades: BP Solar (Alemanha), a Bayer AG (Alemanha), a Ove Arup & Partners (Reino
Unido), a Teulades i Facanes Multifunctionals (Espanha) e o Instituto de Energia Solar (Espanha). De
seguida são apresentados três dos desenhos desenvolvidos no projecto.
Para o encaminhamento dos condutores que provêm das células fotovoltaicas, desde o material
implantado até ao exterior, é necessário furar a parte posterior do módulo, sendo fixada uma caixa de
junção, junto dos pontos de entrada dos cabos. A caixa de junção do módulo deve ter uma protecção
mínima de IP 54 e uma classe II de protecção. Na montagem deve ter-se o máximo de cuidado para
evitar a penetração de água. Para tal utilizam-se canais circulares de escoamento (ver secção 9.2).
Outra hipótese para a saída dos condutores, consiste em encaminhar os condutores ao longo do bordo
exterior do vidro. O tipo de cabo escolhido é determinado em função do tipo de instalação.
Figura 3.45 - Saída dos cabos com a caixa de junção do módulo no lado posterior
Figura 3.46 - Saída lateral dos cabos equipados com fichas de encaixe
Figura 3.48
Conforme referido na secção 3.1.1, as várias células solares são interligadas por forma a aumentar a
potência total útil. Nesse sentido temos duas possibilidades: a interligação de células em série ou em
paralelo. Nos módulos fotovoltaicos, as células solares encontram-se ligadas maioritariamente em série
até perfazer os níveis de tensão pedidos. O diagrama seguinte demonstra a mudança nos parâmetros
eléctricos e nas curvas características, quando são ligadas três células solares em série. Observa-se que
a tensão da célula aumenta enquanto que a intensidade da corrente permanece inalterada.
Figura 3.49 - Curva I-U para três células solares ligadas em série
Para além da clássica ligação em série das células solares, nos módulos de maior potência é
estabelecida a ligação em paralelo entre duas ou mais fileiras de 36 células cada. A figura 3.51 ilustra a
mudança nas curvas I-U quando as três células solares estão ligadas em paralelo. Neste caso, a tensão
permanece inalterada e a corrente é aumentada.
Figura 3.51 - Curvas I-U para três células solares ligadas em paralelo
Os parâmetros eléctricos dos módulos fotovoltaicos são determinados pelos fabricantes nas condições
de referência CTS (ver secção 2.5.2). A corrente de curto-circuito Isc, a tensão de circuito aberto UOC e o
índice máximo de potência Pmax ou PMPP, são especificados para os módulos solares com uma margem
de tolerância inferior a + 10%.
Na realidade estas condições ocorrem muito raramente. Mesmo no caso do sol brilhar com a intensidade
especificada, a temperatura da célula será sempre superior a 25 ºC. Por este motivo é muitas vezes
especificada a temperatura nominal de funcionamento da célula do módulo (NOCT). Esta temperatura da
célula é determinada para um nível de irradiância de 800 W/m2, uma temperatura ambiente de 20 ºC e
para uma velocidade do vento de 1 m/seg. A partir destes dados podem ser determinados os
coeficientes térmicos da corrente e da tensão. A tabela seguinte ilustra uma ficha técnica típica de um
módulo fotovoltaico monocristalino. Para além das especificações eléctricas, também é fornecida
informação sobre as dimensões, o peso, os valores limite de pressão térmica e mecânica e a
dependência da temperatura.
Embora a informação desta ficha técnica seja muito detalhada em comparação com a de outros
fabricantes, faltam alguns dados que são recomendados pelo projecto de norma DIN EN 50380 “fichas
técnicas e informação da placa dos módulos fotovoltaicos” e pela IEC 62145 Ed. 1 “especificação sem
detalhe”. Referimo-nos, em particular, às características eléctricas para baixos níveis de radiação (com
condições NOCT e com 200 W/m2 e 25 ºC) e à corrente inversa máxima admissível. Estes valores não
só proporcionam indicações valiosas em termos de desempenho para projectistas e instaladores, como
também resultados de simulação mais rigorosos em termos da produção total de energia do sistema. Por
estes motivos espera-se que os fabricantes passem a fornecer esta informação na ficha técnica,
cumprindo o estabelecido no projecto de norma DIN EN 50380.
Por outro lado, a tensão MPP permanece relativamente constante com as variações da radiação solar.
Na figura 3.52, pode-se observar que para um módulo standard de 50 Wp, a alteração máxima da
tensão MPP produzida pelas variações da irradiância é de aproximadamente 4 V. Contudo, dado que a
maioria dos sistemas fotovoltaicos possuem vários módulos fotovoltaicos ligados em série, a tensão
MPP poderá flutuar dentro de um intervalo de 40 V, sob a influência das variações da radiação. Para
fracos níveis de radiação (apenas alguns W/m2) a tensão cairá. Os inversores passam então a operar ao
nível da tensão correspondente, isto é, o ponto operacional do inversor para baixas irradiâncias deixa de
ser o MPP.
Figura 3.52 - Curvas I-U do módulo para diferentes irradiâncias, a uma temperatura constante
A tensão do módulo é principalmente afectada pela temperatura da célula. O desvio da tensão para um
módulo ventilado de 50 Wp sob condições CTS, pode elevar-se a -8 V no Verão e a +10 V no Inverno.
As variações da tensão do módulo determinam a tensão do sistema e, consequentemente, têm uma forte
influência na concepção do sistema fotovoltaico. Deve existir um especial cuidado com o aumento da
tensão que se verifica para baixas temperaturas. Quando se encontram vários módulos ligados em série,
esta condição poderá causar um nivel de aumento da tensão (poderá ser superior a 100 V) que leve a
que seja ultrapassada a tensão máxima permitida pelos dispositivos situados a jusante.
No Verão, a redução da potência útil do módulo fotovoltaico para altas temperaturas, pode elevar-se a
35%, em comparação com as condições de referência (conforme figura 3.54). Por forma a minimizar esta
perda de potência, os módulos fotovoltaicos devem poder dissipar este excesso de calor para o exterior
(suficiente ventilação).
Figura 3.53 - Curvas I-U do módulo para diferentes temperaturas e para uma irradiância constante
de 1.000 W/m2
Figura 3.54 - Potência do modulo para diferentes temperaturas e para uma irradiância constante
de 1.000 W/m2
Para além das características nominais (CTS), são frequentemente especificados nas fichas técnicas
dos módulos fotovoltaicos, os coeficientes térmicos da tensão e da corrente em valor percentual (mV ou
ma por ºC). Isto permite calcular o desempenho eléctrico para qualquer temperatura. No caso de não ser
fornecido qualquer informação sobre os coeficientes de temperatura, poderá sempre ser utilizado o
gráfico a seguir, que é aplicável para módulos de silício cristalino, e que permite determinar os
respectivos parâmetros em função da variação da temperatura.
Figura 3.55 - Dependência térmica das características eléctricas dos módulos fotovoltaicos
A certificação do módulo conforme o estipulado nas normas IEC 61215 e o DIN EN61215 (ver secção
3.1.12), implica que os coeficientes térmicos da tensão de circuito aberto e da corrente de curto-circuito
sejam medidos. O coeficiente térmico da potência MPP normalmente não é medido, mas determinado
através do processo de cálculo previsto na normas IEC 60891 e DIN EN 60891.
Tabela 3.2
Dados: informação do fabricante, LEEE-TISO, TÜV e dados de medida do ECN
Coeficiente térmico típico Módulo de silício cristalino
Para a tensão de circuito aberto -0.30 a -0.45 %/°C
Para a corrente do curto-circuito -0.02 a -0.08 %/°C
Para a potência MPP (CTS) -0.37 a -0.52 %/°C
Num dia típico de Verão, para um nível de irradiância de 800 W/m2 e uma temperatura ambiente de 20
ºC, as células de um módulo livre estão a uma temperatura situada em torno dos 42 ºC. A temperatura
operacional é fundamentalmente influenciada pelas condições térmicas ambientais, que por sua vez
podem diferir em função do tipo de instalação e de montagem do gerador fotovoltaico. Desenvolvem-se
maiores temperaturas para um sistema fotovoltaico integrado no telhado, do que para um sistema bem
ventilado. Na figura 3.56, as barras vermelhas ilustram o aumento da temperatura de um gerador
fotovoltaico em relação à temperatura ambiente, quando a irradiância que incide na superfície do módulo
é de 1.000 W/m2. A redução total da energia produzida em resultado do aquecimento do módulo surge
na forma das barras azuis.
Figura 3.56 - Aumento da temperatura e redução da produção anual para vários tipos de sistemas
de montagem dos geradores fotovoltaicos
Fonte: Proceedings do seminário: Geradores fotovoltaicos para pequenos sistemas e dispositivos, ISE
1997
Em resumo pode-se afirmar que, em face das diferentes condições de irradiância e de temperatura, um
sistema fotovoltaico raramente entrega a sua potência nominal, sendo na generalidade das situações
consideravelmente inferior.
Sob certas condições operacionais, uma célula solar sombreada pode aquecer a tal extremo, que o
material celular fique danificado. Origina-se assim o que é designado por um ponto quente. Isto pode
acontecer, por exemplo, quando flui uma corrente inversa relativamente elevada através da célula solar.
Se cair uma folha no módulo solar, de tal modo que uma célula solar (C36 na figura 3.59) fique
totalmente obscurecida, esta célula passará a estar inversamente polarizada, actuando como uma carga
eléctrica e convertendo a energia eléctrica em calor. Se a corrente que a atravessa for suficientemente
elevada, poderá resultar o ponto quente já mencionado. A maior intensidade de corrente que pode fluir
através da célula, é a corrente do curto-circuito. As correntes de curto-circuito ocorrem com frequência
nos sistemas fotovoltaicos autónomos equipados com controladores shunt.
Um conjunto de dezoito a vinte células pode criar uma tensão de cerca de 12 V. Conforme é descrito no
capítulo 2, a tensão de disrupção de uma célula solar situa-se entre 12 a 50 V. Com este nível de tensão
é possível que a corrente inversa flua através das células solares sombreadas. Para prevenir a
ocorrência de pontos quentes, a corrente deve ser desviada da célula solar através de uma derivação da
corrente. Esta derivação da corrente é conseguida através de um díodo de bypass ou derivação, ligado
em antiparalelo com as células solares. Este díodo impede o aparecimento de tensões inversas elevadas
nas células solares. A máxima tolerância ao sombreamento, seria conseguida caso existisse um díodo
de derivação por cada célula. Contudo, na prática, os díodos de derivação são normalmente associados,
por razões de fabrico, a 18 ou 20 células solares, pelo que um módulo solar de 36 a 40 células tem dois
díodos de derivação.
Se um módulo estiver situado na sombra de um objecto próximo (chaminé, antena, ... , ver figura 3.61), a
curva do módulo I-U será modificada pelo díodo de derivação. Sem o díodo de derivação, a corrente total
do módulo estaria determinada pela célula sombreada.
Figura 3.61 - Sombreamento de uma célula de um módulo standard com dois díodos de derivação
De acordo com a menor irradiância incidente nas células, obtem-se a curva de cor vermelha do gráfico
que a seguir se apresenta. O díodo de derivação garante que a corrente total circule, pelo menos,
através de 18 células não sombreadas, o que origina a curva de cor verde. Pode-se também observar
que a tensão MPP cai para cerca de metade. As curvas I-U para os módulos sombreados da figura 3.62,
aplicam-se a módulos standard com 36 células sob condições de referência CTS, nos quais existe uma
célula sombreada em 75 % da sua superfície.
Os díodos de derivação são normalmente alojados nas caixas de junção dos módulos.
Para além da eficiência, os módulos cristalinos e de película fina diferem em termos da dependência à
intensidade da radiação e à temperatura, da resposta espectral e da tolerância ao sombreamento.
Na prática, a menor eficiência dos módulos de película fina leva a uma maior área de captação para se
obter a mesma produção energética. A menor eficiência dos módulos de película fina não implica uma
menor energia produzida por unidade de potência. Neste contexto, os módulos de silício amorfo são
únicos. Os módulos que se encontram no mercado comportam-se geralmente de modo muito
semelhante.
O processo de degradação do material amorfo por acção da radiação solar (Efeito Staebler Wronski),
provoca a redução da eficiência do módulo durante os primeiros 6 a 12 meses de operação. Depois
deste período inicial, acaba por estabilizar num determinado valor. A potência correspondente é
especificada pelos fabricantes como sendo a potência nominal. Isto significa que os módulos de silício
amorfo são na realidade fornecidos com uma potência superior à potência nominal. Este facto deverá ser
tido em conta durante o dimensionamento de determinados equipamentos do sistema, tal como os
inversores.
Para além das diferenças na eficiência, convém destacar o abatimento das curvas de corrente-tensão
dos módulos de película fina, em particular dos módulos CdTe. A menor definição do MPP implica a
necessidade de um maior controlo tecnológico. O abatimento das curvas I-U dos módulos de película
fina, resulta em menores factores de forma do que para os módulos cristalinos.
No entanto, os módulos de película fina são geralmente mais flexíveis em termos de dimensões
geométricas. Nos módulos cristalinos, as dimensões do módulo são determinadas pela geometria da
pastilha de silício usada, em que a tensão nominal do módulo é por sua vez um múltiplo das tensões das
células individuais ligadas em série. Na tecnologia de película fina, as células consistem
fundamentalmente em tiras de células de 0,50 cm a 2,00 cm de largura. Os fabricantes de células e
módulos de película fina, têm maior liberdade de escolha no que respeita ao comprimento e número de
tiras celulares interligadas, pelo que é o desenho do módulo que determina a potência e,
consequentemente, a corrente e tensão do mesmo. Se aumentarmos a área do módulo poderemos
aumentar, quase infinitamente, a potência (figura 3.64).
Figura 3.65 - Comparação entre os comportamentos dos módulos de película fina e os módulos
de silício cristalino perante sombreamentos
Durante a concepção dos sistemas de película fina, deve-se ter em atenção os diferentes efeitos que
podem resultar de sombreamentos parciais perpendiculares ou paralelos às tiras de células. A sombra à
esquerda da figura 3.66 provoca grandes perdas e, por tal motivo, deverá sempre ser evitada.
Figura 3.66 - Planeamento do sistema com módulos de película fina tendo em atenção a
projecção da sombra
Conforme já foi referido no capítulo 2, as células de película fina absorvem melhor os comprimentos de
onda curto e médio do espectro da radiação visível, do que as células cristalinas. Esta resposta espectral
permite que as células de película fina tenham um melhor desempenho para baixos níveis de radiação
solar. No caso de se aplicar células multijunções, este efeito poderá elevar a eficiência da célula a mais
de 30 % acima da eficiência registada para as condições de referência CTS. Isto consegue-se
optimizando a célula do topo para a radiação azul de elevada energia do espectro solar. Esta faixa do
espectro solar pode penetrar através das nuvens, de modo que, quando há uma maior prevalência da
radiação difusa (como acontece frequentemente nos casos em que o céu está encoberto), aumenta a
eficiência da célula.
Figura 3.67 - Comparação entre a eficiência dos módulos amorfos de tripla junção e módulos
cristalinos, instalados no exterior
Normalmente, os módulos de película fina não são sensíveis aos aumentos de temperatura. Porém, os
módulos CIS mostram um comportamento térmico semelhante ao dos módulos de silício cristalino. O
coeficiente térmico da potência é apenas algo menor do que para os módulos cristalinos.
A redução da potência por cada unidade acrescida de temperatura (ºC) é, em comparação com os
módulos de silício cristalino, inferior a 0,3 % com módulos CdTe e inferior a 0,4 % com módulos amorfos.
Os pontos MPP estão situados perto um do outro a diferentes temperaturas. Por este motivo, o maior
potencial de aplicação da tecnologia de película fina, reside na integração em edifícios onde
normalmente é difícil garantir uma boa ventilação do módulo e um sombreamento mínimo.
Com modelos amorfos e para baixas irradiâncias, o coeficiente térmico da potência pode inclusivamente
assumir um valor positivo. Neste caso, a potência do módulo poderá ser maior para temperaturas
superiores a 25 ºC. Em contraste, nos módulos cristalinos, o coeficiente térmico para qualquer nível de
irradiância é sempre negativo.
Figura 3.70 - Coeficiente térmico da potência PMPP para um módulo amorfo tandem [Kin97]
Figura 3.71 - Coeficiente térmico da potência PMPP para um módulo policristalino [Kin97]
Os módulos CdTe dispõem geralmente de uma elevada tensão nominal, entre 30 a 60 V, pelo que os
sistemas autónomos onde são aplicados estes módulos tendem a usar acumuladores de 24 V.
Na tabela seguinte são fornecidos os coeficientes térmicos típicos para os módulos de película fina sob
condições de referência CTS. Esta informação pode também ser consultada na visão geral do mercado
que mais à frente será apresentada.
As diferenças entre as qualidades eléctricas para questões como o comportamento com a radiação
difusa, o aumento de temperatura e a tolerância ao sombreamento, permitem afirmar que, na maioria
dos sistemas implementados, as células amorfas sobrepostas permitem atingir os maiores níveis de
produção de energia (kWh por kWp) e, por isso, possuem um maior índice de desempenho (ver capítulo
5 “Estimativa da produção de energia”). A produção específica adicional que é obtida no Centro da
Europa para os módulos amorfos de tripla junção, em relação aos módulos fotovoltaicos cristalinos, está
cotada entre 10 e 20 %.
Para os menos entendidos, será sempre difícil avaliar a qualidade de um módulo. Por esta razão, as
marcas certificadas oferecem um certo nível de confiança na altura da avaliação. A certificação atribuída
por Institutos oficiais acreditados, que têm por base a realização de testes estipulados pelas normas IEC,
constitui uma informação fidedigna. Um outro critério importante de avaliação consiste no período de
garantia oferecido pelo fabricante.
A Centro Europeu de Investigação situado em Ispra (Itália), desenvolveu um procedimento especial para
testar módulos. A especificação de teste nº 503, “Módulos fotovoltaicos Terrestres de Silício Cristalino –
Qualificação do Desenho e Aprovação do Modelo”, foi adoptada em 1993 pela Comissão Internacional
Electrotécnica (IEC), sob a forma da norma IEC 61215, e ratificada em 1995 como a norma Alemã e
Europeia DIN EN 61215.
A especificação foi alargada aos módulos amorfos, tendo em consideração a degradação do material
celular. Por este motivo, foi posteriormente (em 1996), emitida a norma IEC 61646, “Módulos
fotovoltaicos Terrestres de Película Fina – Qualificação do Desenho e Aprovação do Modelo“ (DIN EN
61646). Os módulos certificados por esta norma são considerados módulos de elevada fiabilidade e
durabilidade.
Para a certificação do módulo é feita uma colheita aleatória de uma amostra de oito módulos, retirados
directamente da linha de produção. Um dos módulos é usado para controlo, enquanto que os restantes
sete módulos são submetidos a diversos testes tecnológicos e físicos:
x Inspecção visual;
x Desempenho sob diferentes condições (CTS, NOCT e com T = 25º e E = 200 W/m2);
x Teste de isolamento térmico;
x Medição dos coeficientes térmicos;
x Teste de exposição a factores externos;
x Teste de resistência a um ponto quente;
x Teste de resistência ao choque térmico;
x Testes de resistência aos raios UV;
x Teste de estanquicidade e resistência ao gelo;
x Teste de robustez dos acabamentos;
x Teste de resistência mecânica e de torção;
x Teste de resistência ao granizo
Os procedimentos para os diversos testes e medições, são parcialmente definidos em várias normas: As
bases para a medida do desempenho do módulo, vem estipulado nas várias secções da norma DIN EN
60904-1 (IEC 60904-1) “Medição das Características Fotovoltaicas de Corrente-Tensão”. Esta norma
especifica os requisitos dos procedimentos de teste e de medição, e define quais as fontes de luz
artificial que poderão ser utilizadas no teste. Por exemplo, especifica a distribuição espectral que
corresponde a um espectro de referência solar. A norma IEC 60891 é outra norma de referência, que
descreve os procedimentos para as correcções da temperatura e da irradiância na determinação das
características I-U das células e dos módulos cristalinos, para vários níveis de temperatura e de
irradiância. O teste de resistência mecânica, no que respeita à resistência ao impacto, é especificado na
norma IEC 61724.
O certificado de homologação atribuído no contexto da norma IEC 61215 ou IEC 61646, é globalmente
aceite como uma marca de qualidade dos módulos. É actualmente exigido pela maioria das autoridades
competentes que gerem programas nacionais e internacionais de apoio. Os módulos standards são
normalmente certificados pelas normas IEC 61215 ou IEC 61646. Não é muito frequente os módulos
especiais e específicos serem certificados, sobretudo devido aos elevados custos associados com a
concessão do certificado, que não se justifica para um número tão reduzido de módulos.
Infelizmente, as medições feitas sob condições de referência CTS, dizem muito pouco sobre os
desempenhos reais dos módulos. Faria sentido especificar o desempenho médio ou a produção nas
condições reais de operação (condições de campo). Isto requer medições e cálculos das eficiências para
várias irradiâncias e temperaturas. Vários Institutos de todo o mundo têm vindo a trabalhar no sentido de
definir procedimentos standardizados para a determinação da produção energética nas condições de
campo. Os maiores progressos foram feitos pela “Junta da Comissão Europeia do Centro de
Investigação” em Ispra, e teve como resultado o projecto da norma IEC 61853 “Teste do desempenho e
índice de produção de módulos fotovoltaicos terrestres”. Este documento define seis dias de referência
com regimes de irradiâncias e temperaturas típicas, para os quais é determinado a energia produzida.
1) Dia de calor nas regiões desérticas: elevada irradiância e temperatura (valores máximos de
1.100 W/m2 e 45 ºC)
2) Dia de primavera nas regiões montanhosas: elevada irradiância e baixa temperatura (valores
máximos de 1.000 W/m2 e 6 ºC)
3) Dia de outono com o céu coberto: irradiância e temperatura medianas (valores máximos de
350W/m2 e 15ºC)
4) Dia quente e húmido de Verão com ligeiras nuvens: irradiância mediana e elevada temperatura
(valores máximos de 600 W/m2 e 30 ºC)
5) Dia de Inverno nos países setentrionais: baixa irradiância e baixa temperatura (valores máximos
de 200 W/m2 e 0 ºC)
6) Dia de Verão nas regiões costeiras frias: irradiância normal e baixa temperatura (valores
máximos de 1.000 W/m2 e 18 ºC)
Uma vez de acordo com a norma IEC 61215, onde são medidos e registados todos os dados relativos ao
módulo, será apenas necessário combinar esta informação com os dados meteorológicos para os dias
de referência (através de um procedimento normalizado), para se chegar à energia produzida. É
perfeitamente possível que um módulo com uma maior eficiência nas condições de referência CTS,
possa vir a ter uma menor produção energética total.
Este teste está relacionado com a protecção das pessoas contra choques eléctricos. Esta protecção
deve ser garantida pelos módulos de protecção Classe II, através de, no mínimo, um isolamento duplo
que permaneça intacto durante o período de vida útil do módulo. Este teste pressupõe a prova da
conformidade do módulo à norma IEC 61215.
A TÜV Rheinland tem vindo a atribuir a marca TÜV-PROOF desde 1999. Esta marca de certificação
implica a realização de testes que vão para além das exigências da norma IEC 61215 e pode ser
atribuída a sistemas completos ou a componentes individuais, como os módulos, inversores e interruptor
principal DC. A marca TÜV-PROOF num módulo significa que, entre outros, a especificada eficiência e
conformidade com a protecção Classe II e norma IEC 61215, foram avaliados e confirmados.
A qualidade de um módulo também é assegurada pelo período de validade da garantia. As garantias dos
fabricantes são normalmente válidas por períodos entre 10 a 26 anos. Contudo, deve-se verificar a que
potência se refere a garantia: se à potência mínima ou se à potência nominal. A garantia de 90 % da
potência mínima com uma tolerância de desempenho de 10 %, é equivalente a uma garantia de 80 % da
potência nominal.
Os módulos fotovoltaicos são combinados entre si através de ligações em série e em paralelo, por forma
a criar uma maior unidade do ponto de vista eléctrico e mecânico. Os módulos ligados em série
constituem as fileiras. Para minimizar as perdas de potência no sistema, apenas deverão ser utilizados
módulos do mesmo tipo.
Uma fileira constituída por três módulos fotovoltaicos e as resultantes curvas de corrente-tensão, são
ilustradas na figura seguinte.
O número de módulos ligados em série perfaz a tensão do sistema, que por sua vez determina a tensão
de entrada do inversor. Deve-se ter em atenção que a tensão de circuito aberto da fileira de módulos é
sempre maior do que as equivalentes tensões operacional e nominal. Na eventualidade de ser atingido
este nível de tensão, poderão ser ultrapassadas as tensões de entrada admissíveis dos inversores.
As ligações em paralelo entre módulos individuais é utilizado tipicamente nos sistemas autónomos (ver
Figura 3.74).
Nos sistemas com ligação à rede, encontram-se várias fileiras ligadas em paralelo. O número de
módulos por fileira irá depender da tensão do sistema, o que deverá produzir as curvas características
do gráfico seguinte.
As fileiras individuais são ligadas entre si na caixa de junção geral do gerador. Para além destes cabos
são ainda ligados o cabo principal DC e, caso seja necessário, o condutor de ligação equipotencial.
A caixa de junção geral do gerador contém terminais, aparelhos de corte e, se necessário, fusíveis de
fileira e díodos de bloqueio das fileiras. Frequentemente é também instalado um descarregador de
sobretensões para desviar as sobretensões para a terra (ver capítulo 5). Esta é a principal razão pela
qual a ligação equipotencial ou o condutor de terra são ligados à caixa de junção geral. Por vezes,
também é alojado o interruptor principal DC (ver capítulo 3). Esta caixa deve ser de protecção classe II, e
ter os terminais positivo e negativo claramente separados no interior da caixa. No caso de ser instalada
no exterior, deverá estar protegida, no mínimo, com protecção IP 54.
Figura 3.76 - Díodos de bloqueio das fileiras, fusíveis de fileira e caixas de junção do gerador
Os fusíveis de fileira protegem os cabos contra sobrecargas. Devem ser concebidos para funcionar em
DC (ver capítulo 5). Os fusíveis cilíndricos são normalmente distribuídos de forma semelhante aos
fusíveis de fileira.
Para promover o desacoplamento entre as fileiras dos módulos individuais, podem ser ligados díodos de
bloqueio em série com cada fileira. No caso de ocorrer um curto-circuito ou o sombreamento de uma
fileira, as restantes poderão continuar a funcionar sem serem perturbadas. Sem a presença de díodos de
bloqueio nas fileiras, uma corrente fluiria no sentido inverso através da fileira afectada. A tensão de
bloqueio destes díodos deverá ser igual ao dobro da tensão de circuito aberto da fileira fotovoltaica sob
condições CTS.
Durante a operação do sistema fotovoltaico, os díodos de bloqueio das fileiras estão directamente
polarizados. Isto permite que a corrente da fileira flua através dos díodos de bloqueio das fileiras
(normalmente são necessários dissipadores de calor). A circulação de corrente provoca perdas de
potência nos díodos (aprox. 0,5 a 2,0 %), que tem origem na queda de tensão aos terminais do díodo de
aproximadamente 0,5-1,0 V. Por este motivo, nos sistemas sombreados, a produção energética para
sistemas que usem díodos de bloqueio, não é substancialmente maior à dos sistemas que não possuem
díodos de bloqueio. As perdas devido às correntes inversas são compensadas pelas perdas originadas
pelas quedas da tensão aos terminais dos díodos.
A falha de um díodo de bloqueio de fileira provou ser problemática. A experiência do programa “1000
telhados” mostrou que, frequentemente, a falha destes díodos de bloqueio e, consequentemente das
fileiras fotovoltaicas, não eram descobertas nem reparadas senão demasiado tarde.
Por este motivo, são actualmente suprimidos os díodos de bloqueio das fileiras nos sistemas
fotovoltaicos com ligação à rede. Os estudos liderados pelo Instituto Fraunhofer para sistemas de
Energia Solar ISE, demonstraram que os módulos standard suportam correntes inversas sete vezes
superiores à corrente do curto-circuito, sem serem danificados [Lau 98].
De acordo com o estabelecido na norma VDE 0100-712 (IEC 60364-7-712), os díodos de bloqueio de
cada fileira não são necessários, se forem usados módulos do mesmo tipo, com uma protecção de
classe II, certificados para suportar 50 % da corrente nominal de curto-circuito quando polarizados
inversamente e no caso do desvio da tensão do circuito aberto entre as diferentes fileiras individuais do
gerador fotovoltaico não seja superior a 5 %.
Para proteger os módulos e os cabos das fileiras das sobrecargas, são intercalados fusíveis de fileira em
todos os condutores activos (positivos e negativos). Se não se utilizarem fusíveis de fileira, os
condutores de fio devem estar dimensionados para a máxima corrente de curto-circuito do gerador,
menos a corrente da fileira. Para a escolha de uma caixa de junção apropriada, ver capítulo 5.
3.3 Inversores
O inversor solar estabelece a ligação entre o gerador fotovoltaico e a rede AC ou a carga AC. A sua
principal tarefa consiste em converter o sinal eléctrico DC do gerador fotovoltaico num sinal eléctrico AC,
e ajustá-lo para a frequência e o nível de tensão da rede a que está ligado.
Também é conhecido como conversor DC/AC. Com a utilização dos modernos dispositivos electrónicos,
a conversão num sinal de corrente alternada standard envolve perdas relativamente pequenas.
Dependendo da aplicação, existe uma distinção entre os inversores utilizados nos sistemas com ligação
à rede (inversores de rede) e nos sistemas autónomos (inversores autónomos). Os inversores para os
sistemas autónomos são analisados mais detalhadamente na secção 3.10. De seguida observamos os
inversores para sistemas com ligação à rede.
Nos sistemas fotovoltaicos com ligação à rede, o inversor é ligado à rede eléctrica principal de forma
directa ou através da instalação do serviço eléctrico do prédio. Com uma ligação directa, a electricidade
produzida é injectada directamente na rede eléctrica pública. Com o acoplamento à instalação do prédio,
a energia gerada é em primeiro lugar consumida no prédio, sendo então a excedente fornecido à rede
pública.
Os sistemas fotovoltaicos com uma potência instalada até 5 kWp (ou com uma dimensão inferior a 50
m2), são construídos geralmente como sistemas monofásicos. Para maiores sistemas, a alimentação é
trifásica, e é ligada ao sistema de alimentação trifásico. Para esta aplicação, os inversores centrais
trifásicos equipados com tirístores são frequentemente usados. Contudo, é cada vez mais frequente a
utilização de vários inversores monofásicos, que são distribuídos de forma equilibrada entre as três
fases.
O seguinte diagrama mostra o princípio do acoplamento dos sistemas fotovoltaicos à rede eléctrica, com
inversores monofásicos e trifásicos.
Figura 3.80 - Princípio de sistema fotovoltaico com ligação à rede com inversor monofásico e
trifásico
Com o objectivo de fornecer à rede eléctrica a maior potência possível, o inversor deve funcionar no
ponto MPP do gerador fotovoltaico. Como já foi indicado na secção 3.1.9, o ponto MPP do gerador
fotovoltaico muda de acordo com as condições meteorológicas. No inversor, o sistema de rastreio MPP
garante que o inversor é constantemente ajustado ao ponto MPP. O sistema de rastreio MPP consiste,
basicamente, num conversor DC ligado em série com o inversor, e que ajusta a tensão de entrada do
inversor em função do nível de tensão MPP.
1. A conversão da corrente DC gerada pelo gerador fotovoltaico em corrente AC, de acordo com os
requisitos técnicos e de segurança que estão estipulados para a ligação á rede;
2. Ajuste do ponto operacional do inversor ao MPP do gerador fotovoltaico (rastreio do ponto MPP);
Fabricantes de inversores para ligação à rede: ACE, ASP, Aixcon, Dormüller, Exendis, Fronius, G&H
Electronic, Kaco Gerätetecnik Karschny, Mastervolt, NKF Electronics, Philips Lighting, Siemens, SMA,
Solar-Fabrik, Solar Konzept, Solon, Sputnik, Sun Power, Sunways, UfE, Victron, Würth, Wuseltronik.
Dependendo do seu princípio operacional, os inversores para ligação á rede podem dividir-se em
inversores comutados pela rede (sincronizados pela rede) e em inversores auto-controlados.
Um inversor comutado pela rede é constituído, basicamente, por uma ponte comutada de tirístores. A
tradicional utilização de inversores tirístorizados nas tecnologias de automação (tecnologia de regulação
e controlo, controladores de motores…), levou a aplicação de tirístores nos primeiros inversores solares.
Estes dispositivos ainda são utilizados actualmente, particularmente nos grandes sistemas fotovoltaicos.
Para os inversores monofásicos de potências reduzidas (<5 kWp), existem apenas alguns fabricantes
que ainda constroem inversores que se baseiam nesta tecnologia.
Cada par de tirístores da ponte recebe alternadamente um impulso, sincronizado com a frequência da
rede. Uma vez que os tirístores apenas podem comutar para o estado de condução, mas não
conseguem desligar-se, é necessário a intervenção da tensão da rede para forçar os tirístores a passar
ao estado de bloqueio (comutação). Por este motivo, estes inversores designam-se por “comutados pela
rede”. Caso aconteça um colapso na rede, o inversor desliga-se automaticamente. Esta característica
implica que os inversores sincronizados pela rede não podem funcionar no modo autónomo. Conforme
pode ver-se no seguinte diagrama, são criadas correntes de onda quadrada, o que leva a designar
frequentemente estes inversores como inversores de onda quadrada.
Estes desvios da forma original da onda sinusoidal da rede eléctrica, provocam o aparecimento de fortes
componentes harmónicos (perturbações) e em simultâneo um elevado consumo de potência reactiva
(inactiva). Os valores limite para os harmónicos encontram-se especificados na norma IEC 100-3-2 e
1000-3-3 (DIN VDE 0838). São necessários filtros de saída e equipamento de compensação para limitar
o conteúdo harmónico. Utiliza-se um transformador principal de 50 Hz para isolar electricamente a rede
principal. Nos modernos dispositivos com tirístores, os impulsos de disparo são controlados por
microprocessador. Retardando o impulso de disparo (controlo por ângulo de fase) é possível
implementar um controlo de rastreio do ponto MPP.
Tal como os inversores comutados pela rede, os semicondutores responsáveis pela comutação da
corrente dos inversores auto-controlados, são também ligados num circuito em ponte. Dependendo do
desempenho do sistema e do nível de tensão, são utilizados os seguintes componentes semicondutores:
A aplicação do princípio de modulação por largura de impulso por estes dispositivos, permite uma boa
reprodução da onda sinusoidal.
Através da comutação instantânea do estado dos dispositivos electrónicos a uma frequência em torno
dos 10-100 Khz, formam-se impulsos, cuja respectiva duração e espaçamento corresponde a uma onda
sinosoidal. Assim, após a filtragem do sinal por um filtro passa-baixo, forma-se um sinal eléctrico com um
conteúdo harmónico de baixa frequência e de pequena amplitude, que é perfeitamente compatível com a
rede. As necessidades da potência reactiva destes inversores são relativamente baixas.
Devido à elevada frequência da comutação para a formação dos impulsos, estes dispositivos criam
perturbações de elevada frequência. Isto significa que os problemas de compatibilidade electromagnética
(EMC) precisam de ser tidos em conta durante a concepção da instalação. Isto consegue-se através do
uso de circuitos de protecção adequados e da blindagem do equipamento. Os inversores auto-
controlados com a marca CE e que possuem uma declaração de conformidade EC, mantêm geralmente
os níveis de EMC abaixo dos valores limites estabelecidos pela norma alemã para a compatibilidade
electromagnética de equipamentos (EMVG - Gestz über die Elektromagnetische Verträglichkeit von
Geräfen).
Em princípio, os inversores auto-controlados são adequados para as redes autónomas. Caso estes
inversores estejam ligados à rede eléctrica pública, a frequência do sinal injectado na rede deve ser
sincronizada com a da rede eléctrica. Os impulsos de disparo dos comutadores electrónicos são gerados
em conformidade com a frequência fundamental da rede.
São com frequência utilizados transformadores de baixa frequência (LF) – 50 Hz, nos inversores auto-
controlados e sincronizados, por forma a ajustar a tensão de saída com a rede receptora. O campo
magnético do transformador separa (isola electricamente) o circuito DC do circuito AC.
Um típico inversor auto-controlado com transformador LF, possui os seguintes componentes de circuito:
Controlador comutado (conversor step-down ou redutor)
Conversor em ponte completa
Transformador de rede
MPPT (Sistema de rastreio do ponto de máxima potência)
Circuito de monitorização da rede ENS/MSD, com aparelhos de corte integrados
O isolamento eléctrico do transformador permite que o gerador fotovoltaico seja concebido para tensões
reduzidas. Para além disso, deixa de ser necessário qualquer equalização do potencial eléctrico da
armação do gerador fotovoltaico (ver capítulo 5). O transformador também reduz as interferências
electromagnéticas.
Contudo, para além de adicionais perdas de potência, o transformador provoca o aumento da dimensão,
do peso e dos custos do equipamento. Por este motivo, alguns fabricantes passaram a utilizar um
transformador de reduzidas dimensões ou decidiram omiti-lo por completo.
Para as gamas de baixa potência, são preferencialmente utilizados os inversores sem transformador.
As perdas do inversor são reduzidas pela eliminação do transformador. Para além disso, é reduzido o
tamanho, o peso e o custo do inversor. A tensão do gerador fotovoltaico tem de ser significativamente
maior do que o valor de pico da tensão da rede, ou alterada através de um conversor elevador DC/DC
integrado com o inversor. Quando são utilizados conversores DC/DC, produzem-se perdas adicionais,
cancelando parcialmente as perdas evitadas com o transformador.
A falta de isolamento eléctrico entre os circuitos de potência DC e AC nos inversores sem transformador,
requer rigorosas medidas de protecção em termos da configuração eléctrica de segurança. A
regulamentação de segurança do sector especifica que, para o funcionamento em paralelo de sistemas
privados de geração eléctrica com inversores sem transformador isolante, deva ser instalado um
dispositivo universal sensível à corrente residual, isto é, no lado AC e DC. Actualmente estão disponíveis
dispositivos sensíveis à corrente universal para inversores sem transformador, que garantem as
condições de segurança eléctrica. Será ainda possível integrar o circuito de protecção com o sistema
ENS/MSD (ver secções 3.7 e 5.8.2).
Na tabela a seguir são apresentados os prós e os contras dos inversores com e sem transformador.
A eficiência da conversão caracteriza as perdas originadas pela conversão da corrente DC em AC. Nos
inversores, estas perdas compreendem as perdas ocasionadas pelo transformador (nos que possuem
transformador), pelos comutadores electrónicos e pelo controlador, pelos dispositivos de registo de
dados operacionais, etc..
Os primeiros inversores solares possuíam um método de controlo de ponto fixo (o ponto operacional do
inversor estava definido para um nível de tensão particular). Qualquer ajuste em função das variações
das condições meteorológicas era apenas possível numa faixa de valores muito estreita.
Os últimos modelos de inversores para sistemas fotovoltaicos ligados à rede, deve garantir uma
adaptação óptima à curva característica do gerador solar (curva I-U). Durante o dia, os parâmetros
operacionais do gerador fotovoltaico variam constantemente. A irradiância e a temperatura alteram o
“Ponto de Potência Máxima” (MPP) do gerador fotovoltaico. Sempre no intuito de transformar a máximo
potência solar num sinal AC, o inversor tem de fixar e rastrear automaticamente o ponto operacional
óptimo (rastreio MPP). A qualidade da capacidade de ajuste do inversor ao ponto operacional óptimo é
descrito pela eficiência do rastreio.
Neste caso, a flutuação do ponto operacional causado pelo acoplamento indesejado da frequência da
tensão de rede no lado DC, deve ser tão pequena quanto possível. Estes efeitos manifestam-se com
maior relevo nos inversores sem transformador.
Eficiência estática
Esta eficiência estática pode ser determinada para vários regimes de carga.
A eficiência nominal definida pela fichas técnicas dos fabricantes, é obtida durante o funcionamento no
intervalo nominal do inversor (Un e In). Para além disso, também é referido com frequência a eficiência
máxima, que normalmente se encontra no intervalo de 50 a 80 % da potência nominal.
O cenário nominal assim como a eficiência máxima, conseguem-se apenas para determinadas
condições de irradiância e de temperatura. As variações da irradiância são responsáveis pelo
funcionamento frequente do inversor no intervalo de carga parcial. A relação entre a eficiência do
inversor, a tensão do gerador fotovoltaico e o regime de carga, tem uma influência decisiva na produção
anual de energia eléctrica. Consequentemente, as curvas de eficiência (ver figura 3.86) fornecem uma
visão mais correcta do que a mera indicação da eficiência nominal.
Figura 3.86 - Curvas características de diferentes tipos de inversores (de acordo com as
especificações dos fabricantes)
As curvas de eficiência são precisas a uma determinada temperatura ambiente para o inversor e
dependem da tensão de entrada.
No intuito de permitir e facilitar a comparação entre diferentes inversores com base na sua eficiência, foi
criada a eficiência Euro, KEuro. Trata-se de uma eficiência dinâmica calculada para o clima europeu. O
diagrama a seguir mostra a frequência e o conteúdo energético das diferentes classes de irradiância,
baseadas na evolução da radiação solar de um determinado ano na Alemanha.
Figura 3.87 - Frequência e energia de várias classes de irradiância para um ano normal na
Alemanha [dgs99]
Verifica-se que as irradiações acima de 800 W/m2 ocorrem raramente, pelo que, para esta latitude, os
inversores funcionam frequentemente num regime parcial. Por forma a tomar em consideração diferentes
cenários de carga, a eficiência Euro é calculada através de uma média pesada das eficiências estáticas,
definidas para seis diferentes regimes de carga (carga nominal e cinco diferentes cargas parciais):
KEuro = 0,03 x K5% + 0,06 x K10% + 0,13 x K20% + 0,1 x K30% + 0,48 x K50% + 0,2 x K100%
O valor K50% dá a eficiência do inversor para uma potência de saída do gerador fotovoltaico, de 50 % da
potência nominal do inversor (PPV = 0.5 x Pn INV). Assume-se que o inversor está sujeito a uma carga de
50 % da carga nominal, durante 48 % do tempo de operação ao longo de um ano (0,48 x K50%). As
restantes quatro condições de carga obtêm-se de modo similar.
O valor da eficiência Euro permite a comparação entre diferentes inversores. A eficiência Euro é
aproximadamente equivalente à eficiência máxima do inversor. Não se justificam extensas comparações
entre as curvas de eficiência dos inversores. Dependendo da classe de potência, nível de tensão DC e
conceito do circuito, a eficiência Euro varia entre (KEuro =) 86 a 95 %.
A eficiência Euro é calculada normalmente apenas para a tensão nominal, enquanto que o intervalo
operacional MPP cobre um ampla gama de tensões. Na norma IEC 61683 (DIN EN 61683), são
especificadas três tensões para o cálculo da eficiência: a tensão mínima de entrada, a tensão nominal e
90 % da tensão máxima de entrada. Um método standardizado para o cálculo da média pesada da
eficiência Euro, para diferentes tensões, seria de grande ajuda no sentido de obter uma melhor
estimativa da actual eficiência operacional do inversor e para estabelecer comparações entre diferentes
dispositivos.
No método 3), um inversor sub-dimensionado iria reagir a uma situação de sobrecarga através do corte
do gerador em condições óptimas de irradiância. Os inversores que utilizam os métodos 1) e 2), podem
ser utilizados para várias condições, inclusivamente para ligeiros sub-dimensionamentos.
Figura 3.88 - Módulo AC com sistema de aquisição de dados operacionais e interface com um PC
Fotografia: Dorfmüller
O número de valores registados situa-se algures entre cinco valores diários e um valor por minuto. Os
tempos de operação e os diferentes parâmetros são registados como valores diários, semanais, mensais
e/ou anuais. Os dados são directamente armazenados ou enviados para um sistema de aquisição e
registo de dados, que comunica com um computador. Os dados são analisados através de um software
apropriado fornecido pelos fabricantes. A capacidade de armazenamento destes dispositivos é
geralmente de 28 a 450 dias. Alguns destes dispositivos são auxiliados por um sistema externo de
aquisição e registo de dados, ou então é um computador que assume esta função. A maioria dos
inversores têm um interface para Pc, em série ou paralela: interface RS-232 ou RS- 485.
A crescente modularidade dos inversores, levou muitos fabricantes a oferecer sistemas externos de
aquisição de dados externos com múltiplas interfaces de comunicação. Esta solução permite que os
dados de vários inversores sejam armazenados e avaliados a partir de um único dispositivo. Por sua vez,
são cada vez mais utilizados sistemas automáticos de monitorização e de sinalização. A função de
sinalização de defeitos permite a emissão de sinais de alarme acústicos ou visuais, assim como a
transmissão de mensagens por fax, computador, e-mail e/ou Internet.
Tabela 3.6
Parâmetro Símbolo Unidade Descrição
Potências
Potência nominal DC Pn DC W Potência fotovoltaica para a qual é dimensionado o inversor
Potência máxima PDC max W Máxima potência fotovoltaica que é admissível pelo inversor
fotovoltaica
Potência nominal AC Pn AC W Potência AC que o inversor pode fornecer permanentemente
Máxima potência AC PAC max W Máxima potência AC do inversor
Factor de potência cos M Parâmetro de controlo da potência reactiva deve ser superior a
0,9
Potência de ligação Pon W Especifica a potência fotovoltaica de arranque para a qual é
iniciada a operação do inversor
Potência de desligação Poff W Especifica a potência fotovoltaica para a qual o inversor se
desliga
Potência em stand-by Pstandby W Especifica a potência do inversor em modo “stand-by” (modo de
vigília), quando não está em operação e fora do período nocturno
Potência em modo nocturno Pnoite W Especifica a potência do inversor no período nocturno
Tensões
Tensão nominal DC Un DC V Tensão fotovoltaica para a qual é dimensionado o inversor
Intervalo de tensão MPP UMPP V Especifica o intervalo de tensão de entrada no qual o inversor
procura o ponto MPP
Tensão máxima DC UDC max V Tensão fotovoltaica máxima à entrada do inversor
Tensão de desligamento UDC off V Tensão fotovoltaica mínima para a qual o inversor ainda opera
Tensão nominal AC Un AC V Tensão de saída AC do inversor (normalmente 230 V)
Correntes
Corrente nominal DC In DC A Corrente fotovoltaica para a qual é dimensionado o inversor
Corrente máxima DC IDC max A Corrente máxima fotovoltaica na entrada do inversor
Corrente nominal AC In AC A Corrente AC que é injectada pelo inversor na rede à potência
nominal.
Corrente máxima AC IAC max A Corrente máxima AC à saída do inversor
Taxa de distorção k % Factor de qualidade da corrente ou da tensão fornecida (calcula-
harmónica se a partir do rácio entre o valor RMS das componentes
harmónicas e a fundamental), deve ser inferior a 5 %
Nível de ruído dB(A) Dependendo do tipo e da classe de desempenho, o ruído em
operação pode atingir diversos níveis– isto deve ser tomado em
conta ao escolher a localização do inversor
Intervalo de temperatura T °C Dependendo do tipo e da classe de desempenho, existem vários
intervalos de temperaturas; para ter em atenção ao escolher a
localização do inversor (por exemplo num sótão ou no exterior)
Tabela 3.7
Propriedades Descrição
Categoria de protecção IP Na altura de escolher a localização do inversor deve-se ter em conta:
Categoria:
IP 5_ protecção contra o depósito de poeiras
IP 6_ protecção contra a penetração de corpos sólidos estranhos e poeiras
IP _1 protecção contra a queda vertical de gotas de água
IP _3 Protecção contra a queda de água de gotas de água até 60º da vertical
IP _4 Protecção contra projecções de água
IP _5 Protecção contra jactos de água de baixa pressão
IP _7 Protecção contra a imersão em agua
Os inversores podem dividir-se em três grupos: inversores centrais, inversores de cadeia de módulos e
inversores integrados. Os conceitos que estão associados a cada tipo de inversor são explicados em
detalhe no capítulo 5. De seguida são apresentados alguns exemplos de diferentes inversores.
Configuração multifileira
A utilização de inversores para elevadas tensões de entrada, particularmente no caso dos inversores de
cadeia de módulos (ver capítulo 5), pode conduzir a substanciais perdas de energia. Os sistemas
sombreados ou que possuem campos de módulos com diferentes orientações, são os mais afectados.
Uma das soluções adoptadas para reduzir estas perdas, é conhecida pela configuração multifileira.
Neste caso, o sistema é concebido de forma a que os módulos com condições semelhantes de
irradiância são ligados uns aos outros, formando uma única "fileira". Cada fileira tem o seu próprio
conversor DC/DC com um rastreador MPP separado, de modo a cada fileira operar no ponto de máxima
potência. Por este motivo, as fileiras MPPs podem ser diferentes. Através do barramento DC é fornecida
uma tensão DC constante pelo conversor DC/DC à unidade onduladora (inversor).
O conceito “mestre-escravo” (ver capítulo 5) permitiu o desenvolvimento de uma nova solução para a
optimização da produção de energia. Este conceito, utilizado normalmente para os grandes inversores
(200 kW ou mais), foi expandido para os inversores de baixa potência (até 5 kW).
Vários inversores de baixa potência trabalham em conjunto como unidades “mestre-escravo”. Quando a
irradiância é reduzida, apenas operam os dispositivos mestres. Com o aumento da irradiância, atinge-se
a potência limite do dispositivo mestre, sendo então accionado o primeiro dispositivo escravo. De modo
semelhante, o crescente aumento da irradiância conduz à sucessiva entrada em operação dos restantes
dispositivos escravos. Este conceito permite optimizar a eficiência global do sistema.
Figura 3.94 - Curva característica de eficiência de uma unidade mestre-escravo com três
inversores
Outra possibilidade para a optimização da eficiência global dos sistemas fotovoltaicos nos intervalos de
baixas potências, consiste na ligação do inversor a uma rede trifásica. Este conceito tem as seguintes
vantagens:
x elevada eficiência;
x melhoria na qualidade do sinal eléctrico produzido;
x simplicidade do circuito;
x maior robustez e longevidade dos dispositivos;
x possibilidade de utilização de equipamento protector redundante, com monitorização da tensão
trifásica (em substituição do dispositivo protector ENS/MSD).
Outros desenvolvimentos
Os fabricantes de inversores têm vindo a dar uma especial ênfase à modularidade dos seus dispositivos.
Múltiplos inversores de pequena dimensão são ligados entre si do lado DC ou AC. Isto permite a ligação
de várias unidades conversoras sob a forma de um único sistema modular, que forneça a potência total
desejada.
Tal como os componentes de potência, esta modularidade estende-se a outras funcionalidades que
opcionalmente podem equipar os inversores, de acordo com as especificações do cliente. Isto inclui, em
particular, visualização, registo e armazenamento de dados operacionais, interfaces de comunicação,
funções de protecção, entre outros. Deste modo os dados operacionais dos múltiplos inversores podem
ser monitorizados à distância, através das suas interfaces de comunicação. Novos conceitos estão neste
momento a ser desenvolvidos, em que o rastreador MPP e o conversor DC/DC estão separados e
ligados através de um barramento DC a um inversor central.
3.4 Cabos
Para a instalação eléctrica de um sistema fotovoltaico, apenas devem ser usados cabos que cumpram
os requisitos para esta aplicação. Antes de mais é necessário distinguir entre os cabos de módulo ou de
fileira, cabo principal DC e cabo do ramal AC.
Designam-se por “cabos de módulo” ou “cabos de fileira”, os condutores que estabelecem a ligação
eléctrica entre os módulos individuais de um gerador solar e a caixa de junção do gerador. Estes cabos
são geralmente aplicados no exterior. Com o objectivo de garantir protecção contra a ocorrência de
falhas de terra, bem como de curto-circuitos, os condutores positivos e negativos não podem ser
colocados lado a lado no mesmo cabo. A experiência tem demonstrado que os cabos monocondutores
com isolamento duplo são a melhor solução, oferecendo uma elevada segurança.
Contudo, a versão standard deste tipo de cabo apenas permite temperaturas máximas de 60 ºC. Os
fabricantes de telhas fotovoltaicas têm medido temperaturas que vão até 70 ºC no telhado. Por este
motivo são usados os “cabos solares” nas aplicações exteriores. As características principais destes
cabos são a resistência aos ultra-violetas e ao clima, sendo apropriados para um largo espectro de
temperaturas (entre -55 ºC e 125 ºC). Nas instalações integradas nos telhados poderá ser utilizada a
versão standard.
A caixa de junção do módulo permite que sejam fixados cabos com uma secção transversal de 1,5 mm2
até 6,0 mm2.
A tabela a seguir apresenta uma lista de alguns tipos de cabos de fileira de vários fabricantes e as
respectivas características.
Os cabos são fornecidos frequentemente nas cores vermelha, azul e preta, por forma a permitir uma
maior compreensão do desenho da instalação.
Sistemas de ligação
A ligação dos cabos de fileira e outras ligações eléctricas DC, devem ser levadas a cabo com extremo
cuidado. A fraca qualidade dos contactos eléctricos podem levar ao aparecimento de arcos e,
consequentemente, ao aumento do risco de incêndio. Normalmente são usados quatro sistemas de
ligação.
Figura 3.98
Os tipos de cabo acima mencionados, podem também ser utilizados para o cabo principal DC. Este cabo
estabelece a ligação entre a caixa de junção do gerador e o inversor. Se a caixa de junção do gerador
estiver localizada no exterior, estes cabos devem ser entubados, uma vez que não são resistentes aos
raios ultra-violetas. Sempre que houver possibilidade de opção, os cabos de policloreto de vinilo (PVC)
não deverão ser usados no exterior. O material halogeneizado PVC é frequentemente utilizado nas
instalações eléctricas. Tendo em consideração os impactos no ambiente, deverão ser escolhidos
produtos isentos de halogéneo.
Por razões associadas à protecção contra falhas de terra e curto-circuitos, recomenda-se o uso de cabos
monocondutores isolados para as linhas positiva e negativa. Se forem usados cabos multicondutores, o
condutor de protecção verde/amarelo não deverá estar sujeito a qualquer tensão. Para as instalações
fotovoltaicas expostas ao risco de incidência de relâmpagos, deverão ser usados cabos blindados (ver
capítulo 5 “Protecção contra descargas atmosféricas, sobretensões e ligação à terra”). Os cabos devem
ser encaminhados de modo a que a sua integridade mecânica nunca seja posta em causa (ex. pela
acção de roedores). Deverá ser sempre possível isolar os condutores da tensão da linha principal DC.
Normalmente, o interruptor principal DC e os pontos de isolamento da caixa de junção do gerador
asseguram esta função.
O cabo de ligação de corrente alternada liga o inversor à rede receptora, através do equipamento de
protecção. No caso dos inversores trifásicos, a ligação à rede de baixa tensão é efectuada com um cabo
de cinco pólos. Para os inversores monofásicos é usado um cabo de três pólos.
Os cabos devem ser colocados através de materiais de fixação apropriados. Os vários materiais da
instalação, tais como as braçadeiras dos cabos, devem também ser resistentes aos agentes
atmosféricos.
As opções mais simples para fixar os cabos são, sem dúvida alguma, as braçadeiras. Os tubos flexíveis
de protecção, as calhas e os clips, também poderão ser usados como sistemas alternativos de fixação.
O interruptor principal DC deve ter suficiente poder de corte para permitir a abertura do circuito DC em
boas condições de segurança. Deve estar também dimensionado para a tensão máxima em circuito
aberto do gerador solar (à temperatura de -10ºC), bem como para a corrente máxima do gerador
(corrente de curto-circuito em condições CTS). O comutador principal DC é alojado com frequência na
caixa de junção do gerador. Por razões de segurança, é preferível instalá-lo directamente antes do
inversor. As fichas (por exemplo, nos inversores de fileira) podem funcionar como isoladores, desde que
não estejam sujeitos a cargas. Sendo a irradiância suficiente, o gerador fotovoltaico fornece energia e,
por esse motivo, os seus terminais estão sob carga. Ao separar uma tomada em carga, a corrente
directa pode provocar o aparecimento de um arco eléctrico, o que constitui sério risco em termos de
segurança.
Fabricantes de interruptores DC: ABB, AEG, Klöckner Moeller, Merlin, Santon, Siemens, Winkhaus
Disjuntores
Os disjuntores são aparelhos de protecção contra sobreintensidades, que podem voltar a ser rearmados
depois de disparararem. Isolam automaticamente o sistema fotovoltaico da rede eléctrica, caso ocorra
uma sobrecarga ou um curto-circuito. Estes dispositivos automáticos são frequentemente usados como
interruptores AC.
Disjuntores diferenciais
O sistema MSD consiste em dois dispositivos independentes de monitorização da rede AC, cada um
deles com um aparelho de corte automático alocado, estando estes dois interruptores ligados em série
entre si.
Aparelhos de medida
Antes do aparecimento do programa Alemão EEG (Erneuerbare Energien Gesetz - Lei das Energias
Renováveis), na maior parte dos sistemas fotovoltaicos instalados na Alemanha, a energia era injectada
na instalação colectiva de serviço eléctrico dos edifícios. Apenas o excesso de electricidade era injectada
na rede eléctrica pública. Nessa altura, para além dos contadores da energia entregue e pedida á rede,
era frequentemente instalado um terceiro contador da energia produzida pelo sistema fotovoltaico. Esta
prática é actualmente seguida em Portugal. Com o aumento do tarifário atribuído pela lei EEG, a cada
unidade de energia produzida e entregue na rede pelo sistema fotovoltaico (actualmente de 0,50
EUR/kWh), toda a energia fotovoltaica produzida passou a ser entregue na rede eléctrica pública.
3.8 Acumuladores
Antes de mais, deveremos discutir as propriedades básicas dos acumuladores (baterias recarregáveis),
por forma a apoiar a nossa decisão para diferentes aplicações. Os detalhes relacionados como o cálculo
da capacidade dos acumuladores são fornecidos no capítulo 6.
Nas instalações de energia solar, os acumuladores ou baterias de ácido de chumbo, são os elementos
mais comuns para os armazenamentos de curta duração. Estas baterias têm a melhor relação preço-
eficiência, e podem assegurar elevadas e reduzidas correntes de carga com uma boa eficiência. Nos
sistemas fotovoltaicos, a capacidade de armazenamento situa-se geralmente entre 0,1 e 100 kWh,
embora já tenham sido implementados alguns sistemas na gama dos MWh. Outros tipos de baterias
actualmente comercializados, são as baterias de níquel-cádmio, de hidreto metálico de níquel e de iões
de lítio. Estas últimas baterias são apenas usadas em pequenos equipamentos (rádios, relógios,
lanternas, computadores portáteis), não sendo aplicadas nas instalações da dimensão dos sistemas
fotovoltaicos.
As baterias de ácido de chumbo compreendem várias células individuais, cada uma delas com uma
tensão nominal de 2 V. Quando são montadas em bloco, as células são dispostas dentro de um
invólucro comum, sendo internamente ligadas em série (por ex. 6 células para um bloco de 12 V). Nos
grandes sistemas de acumulação, as baterias são construídas geralmente como células individuais,
devido ao seu peso. Quando são instaladas, são ligadas entre si em série ou em paralelo, criando
diferentes níveis de tensão e capacidades.
Uma bateria consiste basicamente num recipiente que contém duas placas de diferente polaridade
(positiva e negativa), isoladas por separadores e imersas num electrólito de ácido sulfúrico diluído
(H2SO4). As placas actuam como eléctrodos e consistem fundamentalmente em grelhas de chumbo que
têm a função de reter a matéria activa e conduzir a corrente eléctrica. A matéria activa porosa é, na
realidade, quem armazena a energia. A sua estrutura esponjosa fornece suficiente área superficial para
a reacção electroquímica. Com a bateria carregada, a massa activa no eléctrodo negativo é feita de
chumbo (Pb), e no eléctrodo positivo de dióxido de chumbo (PbO2).
Com o estabelecimento do circuito eléctrico, os electrões irão fluir do pólo negativo para o positivo,
provocando uma reacção química entre as placas e o ácido sulfúrico. Isto provoca a formação do sulfato
de chumbo (PbSO4) nas superfícies das placas, à medida que o sulfato do ácido se liga à matéria activa.
O electrólito é assim consumido quando a bateria se descarrega. Isto reduz a concentração do ácido
tornando o electrólito mais aquoso. Esta mudança pode ser medida com um densímetro, que permite
verificar o estado de carga da bateria.
Quando o gerador fotovoltaico recarrega a bateria, com uma tensão superior à tensão dos terminais da
bateria, os electrões circulam na direcção contrária (do pólo positivo para o pólo negativo). Verifica-se
então a inversão da processo químico que ocorreu durante a descarga. O processo não é
completamente reversível. Pequenas quantidades de sulfato de chumbo não se voltam a dissolver
(sulfatação). Em resultado do processo de carga/descarga, a capacidade da bateria diminui. Esta perda
de capacidade é maior quanto maior foi a profundidade da descarga. Se for utilizada apenas uma parte
da capacidade da bateria, então a diminuição é relativamente pequena, pelo que a vida da bateria, isto é,
o seu número de ciclos, aumenta consideravelmente para operações caracterizadas por fracas
descargas. A figura 3.103 mostra a relação entre a profundidade da descarga e o número de ciclos.
Figura 3.103 - Ciclo de vida útil dos acumuladores de ácido de chumbo O número de ciclos
depende do tipo de bateria e da profundidade de descarga
A vida útil de uma bateria vem definida para o ponto a partir do qual, completamente carregada, a bateria
tem apenas 80 % da sua capacidade nominal. Depois deste ponto, a bateria pode continuar a ser usada,
mas a sua capacidade reduz-se continuamente e o risco de uma súbita falha aumenta
consideravelmente, particularmente em resultado de um curto-circuito (ver 3.8.3 “Efeitos do
Envelhecimento”).
Fabricantes de baterias de ácido de chumbo para sistemas fotovoltaicos: Akku Gesellschaft, BAE, Bären,
Bayern Batterie, Deutsche Exide, Hawker, Hoppecke, Mastervolt, Moll, Swisssolar, Varta.
As baterias de ácido de chumbo podem ser divididas em diferentes tipos, de acordo com a tecnologia da
placa e o tipo de electrólito que utilizam. Nas instalações solares são normalmente utilizadas baterias
húmidas de electrólito fluido (conhecidas por baterias solares), baterias de gel, baterias estacionárias de
placa tubular e baterias de bloco.
Baterias Húmidas
A bateria mais comum nas instalações fotovoltaicas é a simples bateria de ácido de chumbo composta
pelas placas e pelo fluido electrólito. Devido ao seu extenso uso como bateria de arranque nos
automóveis, é fabricada em largas quantidades. Ambos os eléctrodos, positivo e negativo, constituem as
placas da bateria. Dado que a matéria activa pode ser simplesmente espalhada na estrutura da grelha,
as placas podem ser produzidas a um baixo custo.
Figura 3.105 - Vista expandida de uma bateria aquosa de ácido de chumbo (bateria de arranque)
Imagem: Varta
Neste ponto iremos abordar a questão do uso da bateria de um carro como um acumulador solar. A
bateria de arranque de um carro é construída com um grande número de placas, relativamente delgadas,
do que resulta uma extensa superfície activa. Neste caso poderá ser produzida uma forte corrente inicial
durante um curto período de tempo. Esta corrente flui apenas por uns segundos, pelo que a capacidade
da bateria apenas diminui ligeiramente. Para favorecer os desempenhos da bateria num curto período de
tempo (placas delgadas), reduz-se o tempo de vida útil. Por este motivo, a aplicação de uma bateria de
arranque num sistema solar sujeita a uma profundidade de descarga de 50 %, tornar-se-ia rapidamente
inutilizável, após alguns dias. A sua capacidade ficaria reduzida a uma pequena fracção da sua
capacidade inicial. Apenas seria possível um maior tempo de vida útil, se fosse utilizado um especial
controlador de carga, que limitasse o nível de descarga da bateria a 10 % da sua capacidade nominal.
Contudo, isto implicaria uma maior capacidade da bateria.
Em contraste com as baterias dos carros, os acumuladores solares são constituídos por placas espessas
por forma a aumentar o seu ciclo de vida útil, e as grelhas de chumbo são endurecidas com um aditivo
de antimónio. Para além disso, o electrólito possui um conteúdo ácido ligeiramente inferior para reduzir a
corrosão e, por este motivo, aumentar a vida útil da bateria. A capacidade de uma bateria depende tanto
da intensidade da corrente de descarga como da temperatura. Quando a temperatura baixa a sua
capacidade torna-se menor, verificando-se o inverso para temperaturas superiores. Por exemplo, se a
temperatura descer de 20 ºC para 0 ºC, a capacidade disponível diminui aproximadamente 25 %.
A curva característica da bateria húmida da figura 3.103, ilustra o ciclo de vida útil de uma típica bateria
solar (da marca Varta). Para profundidades de descarga de 70 % (o que significa que 70% da sua
capacidade é descarregada regularmente), atinge um ciclo de vida de apenas 200 ciclos. Para 50 %,
aumenta significativamente para um número algures acima de 400 ciclos e, para 20 %, atinge 1.000
ciclos.
Este tipo de bateria é especialmente apropriada para aplicações pontuais, por exemplo para caravanas
de campismo, barcos e casas de ocupação temporária (fim de semana ou férias). Assumindo que a
bateria está correctamente dimensionada, a probalidade de uma descarga de 50 % será reduzida, pelo
que a vida da bateria será significativamente elevada. Para que a profundidade da descarga não seja
superior a 50 %, será necessário o uso de um controlador de carga, que faça o deslastre das cargas por
forma a proteger a bateria.
A bateria de gel de chumbo constitui uma versão melhorada da normal bateria de ácido de chumbo.
Neste caso, o ácido sulfúrico é imobilizado pelo recurso a aditivos, passando a ter a consistência de um
gel. As suas principais vantagens são:
1. Não tem problemas de estratificação e é caracterizada por uma reduzida sulfatação do ácido;
2. Possui um maior ciclo de vida útil;
3. Não liberta gases, pelo que permite o seu uso mesmo para fracas condições de ventilação;
4. O invólucro é completamente selado, isento de derrames, o que permite a instalação da bateria
em qualquer posição e localização (barcos, caravanas de campismo, etc..);
5. Não requer cuidados de manutenção, uma vez que não existe a necessidade de repor o nível do
electrólito durante o seu tempo de vida.
As baterias de electrólito fluido são sistemas ventilados, em que as respectivas válvulas permitem a
libertação dos gases e a adição de água, por forma a repor o nível do electrólito. Em contraste, as
baterias de gel não requerem nenhuma ventilador, dado que em condições normais de funcionamento
não existe a necessidade de adicionar água. Estas baterias são então seladas, vindo apenas equipadas
com uma válvula de segurança, que permite a libertação dos gases que se foram acumulando, em
resultado das sobrecargas da bateria. Por este motivo, as baterias de gel não requerem especiais
cuidados de manutenção e são designadas por baterias de ácido de chumbo reguladas por válvulas
(VRLA).
Deve-se chamar a atenção para o facto deste tipo de bateria precisar de um controlador de carga que
seja adequado às suas características, dado que as baterias de gel são altamente sensíveis a
sobrecargas. A tensão de corte da carga deve ser rigorosamente mantida para que não venha a ocorrer
o fenómeno de gaseificação. Devido à selagem da bateria não é possível verificar o seu nível da carga
através de um aparelho de medição da concentração do ácido (densidade do electrólito). O único modo
de obter uma informação aproximada sobre o estado da carga, é através da tensão aos terminais da
bateria.
A curva característica da bateria de gel da figura 3.103, mostra que para uma bateria VRLA (de marca
“Sonnenschein”) é possível obter um número de 1.000 ciclos de carga/descarga, para uma profundidade
de descarga máxima de 50 %. O número de ciclos é assim superior ao dobro daquele que se verifica
para a bateria húmida de electrólito fluido, em condições equivalentes. O dimensionamento típico da
bateria para uma profundidade de descarga máxima de 30 %, implica um número de 2.000 ciclos para a
bateria de gel, mas apenas de 700 ciclos para a bateria húmida. As baterias de gel têm um maior
período de vida, mas são mais caras do que as baterias húmidas. O campo de aplicação para estas
baterias vai, claramente, no sentido de uma utilização permanente, para vários anos de vida útil.
Para operações permanentes, durante períodos que vão de quinze a vinte anos, e em grandes
instalações fotovoltaicas autónomas, as baterias estacionárias são uma escolha acertada.
O peso, o volume, o custo da instalação (pode ser necessário construir uma plataforma que suporta o
banco de baterias) e os preços comerciais, que podem ser duas a três vezes superiores aos restantes
tipos de baterias, são as características principais desta solução.
As baterias de placas tubulares estão disponíveis como baterias húmidas do tipo OPzS (as siglas
provêm do alemão “Ortsfeste Panzerplatte Spezial” ou “Placa Tubular Estacionária Especial”), que
contêm electrólito fluido e separadores especiais, ou então como baterias seladas, com electrólito de gel
e válvulas de segurança do tipo OpzV (as siglas provêm do alemão “Ortsfeste Panzerplatte
Verschlossen” ou “Placa Tubular Estacionária Selada”). Este equipamento está standardizado nos
sistemas de emergência, mas não está especificamente desenvolvido para a indústria solar. Estes
produtos são fiáveis e possuem várias décadas de existência, pelo que são uma excelente escolha para
aplicações solares autónomas.
Diferenciam-se das baterias solares e de arranque pelo desenho dos eléctrodos positivos, que são
constituídos por placas tubulares. Nestas placas existem tubos permeáveis que rodeiam as varetas,
através dos quais passa o electrólito. O tubo protector mantém mecanicamente a matéria activa no
espaço interior e limita a sedimentação (queda de finas partículas da matéria activa no fundo da caixa da
bateria). As placas tubulares são particularmente estáveis, incrementando os ciclos de vida da bateria.
Pode ver-se na figura 3.103 que o ciclo de vida das baterias OPzS e OPzV (da marca “Sonnenschein”) é
significativamente maior do que nos restantes tipos de baterias. Para uma profundidade de descarga até
50 %, as baterias OPzS e OPzV têm um ciclo de vida útil de aproximadamente 3.500 ciclos, atingindo os
5.000 ciclos quando a profundidade de descarga não ultrapassa 45 % da sua capacidade nominal. As
baterias OPzS requerem cuidados de manutenção em cada 0,5 a 3,0 anos, enquanto que as baterias
OPzV dispensam qualquer intervenção em termos de manutenção.
Figura 3.108 - Vista de uma bateria OPzV com placas tubulares positivas e placas negativas
radiais
Imagem: Deutsche Exide Standby GmbH
Figura 3.109 - Secção de uma placa plana Nome DIN: ‘Bloco OGi’ (Ortsfeste Gitterplaten – Placas
estacionárias radiais)
As baterias de bloco caracterizam-se pela sua elevada fiabilidade e ciclo de vida. Conforme se pode
verificar na figura 3.103, atingem números da ordem de 1.300 ciclos para 75 % de profundidade de
descarga e de 4.500 ciclos para 30 % (Bloque Varta, gama “Vb”). Devido à larga reserva de ácido do
recipiente, a manutenção apenas é necessária por períodos de três a cinco anos. Este tipo de bateria é
frequentemente utilizada nos sistemas fotovoltaicos, dado que mesmo as pequenas intensidades de
corrente podem ser aproveitadas para a recarga, conseguindo-se eficiências de carga na ordem de 95 a
98 %.
Capacidade
A capacidade C de um acumulador, é a quantidade de electricidade que a bateria pode fornecer até ficar
totalmente descarregada, em determinadas condições de descarga. A capacidade nominal é o produto
da descarga constante In e do tempo de descarga tn: Cn = In x tn
Com elevadas correntes de descarga, as moléculas de sulfato que se depositaram no início do processo
bloqueiam a rápida penetração das restantes moléculas. Consequentemente, é possível descarregar
uma maior quantidade de energia de uma bateria quando a descarga é feita lentamente, com reduzidas
correntes, do que para uma descarga rápida, com elevadas correntes. Por este motivo, a capacidade
nominal da bateria Cn tem de ser sempre especificada juntamente com a respectiva corrente de
descarga ou, como é habitual, em função do tempo de descarga para o qual a capacidade nominal da
bateria é expressa.
Se a energia total de uma bateria for descarregada em 10 horas, fluirá uma muito maior corrente do que
aquela que se verifica para uma descarga total com uma duração de 100 horas. A figura 3.110 mostra
um exemplo típico desta relação: para uma descarga de 100 horas, a bateria tem uma capacidade de
C100 = 100 Ah, podendo ser descarregada durante 100 horas com uma corrente de 1A. Se a mesma
bateria for descarregada por uma intensidade de corrente de 8 A, a tensão final de descarga é atingida
ao fim de 10 h, pelo que apenas pode fornecer 80 Ah. Assim, a capacidade da bateria C10 é de 80 Ah.
Normalmente o fabricante indica qual das capacidades é a nominal. Geralmente, para as baterias
estacionárias é C10, para as baterias de arranque é C20 e para as baterias solares é C100.
Figura 3.110 - Relação entre o tempo da descarga e o regime da descarga para as baterias de
ácido de chumbo com placas radiais
Tensão
A tensão nominal de uma bateria de ácido de chumbo é de 2,0 V por célula. Em geral estão disponíveis
no mercado baterias de 12 V com seis células em série e baterias de 24 V com doze células em série.
As baterias OPzS e OPzV são normalmente consideradas como baterias mono-celulares. Em
funcionamento, a tensão nos terminais das baterias flutua de acordo com o seu estado operacional. Para
proteger a bateria, são pré-determinados dois valores limite, que devem ser mantidos de forma rigorosa.
Durante a carga, a tensão máxima de carga marca o limite superior. Na descarga, a tensão mínima de
descarga marca o limite inferior que é tolerado. Outro parâmetro a ter em conta é a tensão de
gaseificação, a partir da qual a bateria começa a gaseificar de forma significativa durante o processo de
carga. De seguida é explicado com maior detalhe a variação da tensão durante os processos de carga e
de descarga.
A tensão em circuito aberto de uma bateria ou a tensão que se verifica na inexistência de uma carga é
denominada a tensão de equilíbrio, não podendo ser medida imediatamente após a carga ou descarga,
uma vez que é necessário estabelecer em primeiro lugar o equilíbrio termodinâmico. A tensão de
equilíbrio depende da concentração do electrólito. Dependendo do estado da carga e do tipo de bateria,
flutua algures entre 1,96 V e 2,12V para cada uma das células (ver tabela 3.10). Na prática está algures
entre 12,00 V e 12,70 V para uma bateria com uma tensão nominal de 12 V.
Carga e descarga
Figura 3.111 - Variação da tensão ao longo do tempo durante a carga (em cima) e descarga (em
baixo) para uma corrente constante de 100 Ah (C100)
Durante o processo de carga a tensão na bateria cresce gradualmente. Depois de um certo ponto,
atinge-se um valor de tensão onde se começa a dar início à formação de gás (a água divide-se em
hidrogénio e oxigénio). A mistura gasosa oxigénio-hidrogénio libertada é altamente explosiva. Perto da
tensão de gaseificação, o fabricante define o valor máximo da tensão de carga para cada bateria, onde
se deve interromper o processo de carga. Esta função é desempenhada pelo regulador de carga, por
forma a que a bateria não sofra qualquer dano pela falta de fluido ou por uma excessiva concentração
de ácido, reduzindo desta forma o risco da concentração da mistura gasosa oxigénio-hidrogénio. Uma
vez que a tensão máxima de carga depende da temperatura, o controlador de carga necessita também
de medir e incorporar o nível de temperatura das baterias no seu algorítmo de carga.
Figura 3.112 - Dependência térmica da tensão máxima de carga para uma bateria de ácido de
chumbo com placas radiais
Conforme é apresentado na figura 3.112, a tensão máxima de carga de uma bateria a 20 ºC situa-se
entre 2,3 V e 2,35 V por célula. Este valor diminui para maiores temperaturas (+ 40 ºC Æ 2,25 V a 2,3 V)
e aumenta para menores temperaturas (0 °C Æ 2.4 V a 2.45 V). O estado de envelhecimento da bateria
também influi neste valor. Normalmente é atingido mais rapidamente nas baterias velhas do que nas
baterias novas. Os controladores de carga inteligentes são desenvolvidos tendo em atenção estes
factores.
Á medida que a bateria fica descarregada a tensão à saída modifica-se. Depois de uma brusca redução
inicial, devido às perdas óhmicas, decresce continuamente, diminuindo com maior intensidade no fim do
processo de descarga, até ser atingida a tensão mínima de descarga. Se a bateria continuar a ser
descarregada, e a tensão decair abaixo da tensão mínima de descarga, a concentração de ácido sofrerá
uma forte redução, dando lugar a um processo de sulfatação. Por este motivo deverão ser evitadas, em
qualquer circunstância, profundas descargas. Conforme pode ser visto na figura 3.111, o nível da
corrente de descarga determina a variação da tensão ao longo do tempo, assim como o valor mínimo da
tensão de descarga. Para uma elevada corrente de descarga, por exemplo nas descargas rápidas, a
tensão final de descarga cai, mas no geral é descarregada menos energia.
A fracção disponível da capacidade nominal da bateria é denominada por estado de carga da bateria.
Especialmente nos fornecimentos energéticos autónomos, é importante conhecer a quantidade de
energia que fica armazenada no “tanque”. Efectuar esta medição de forma exacta nos sistemas
fotovoltaicos torna-se extremamente difícil, devido à operação cíclica irregular de carga e descarga das
baterias. O estado de carga consegue ser determinado através de dois métodos relativamente simples.
Para baterias húmidas (com válvulas de ventilação), a densidade relativa do ácido pode ser medida
usando um densímetro ou um sensor especial. Neste caso deve estar garantido que a solução
electrolítica está bem misturada. Uma vez que a densidade é, de grosso modo, proporcional à
concentração do ácido sulfúrico, esta indica o estado de carga. Os valores limite dependem do tipo de
bateria. Os valores típicos encontram-se listados na tabela 3.10.
Com baterias de gel seladas (com o electrólito imobilizado), a densidade não pode ser medida. Neste
caso o estado de carga só poderá ser determinado através da medição da tensão. No entanto, para
estimar o estado de carga de acordo com a tabela 3.10, a tensão da célula tem de ser aumentada até
atingir a tensão de equilíbrio. Por este motivo a bateria deverá estar em circuito aberto, pelo menos
quatro horas antes da medição. Mesmo assim este método não fornece resultados exactos, uma vez que
a estratificação do ácido e a condição de envelhecimento, têm implicações directas na tensão da bateria.
Nos maiores sistemas autónomos recomenda-se a instalação permanente de um voltímetro de precisão
para medir a tensão da bateria, bem como adicionais amperímetros que controlam regularmente a
corrente de carga e de descarga.
Mesmo que a bateria não seja descarregada, ocorrem constantemente reacções químicas nos
eléctrodos, que vão descarregando lentamente a bateria. Esta auto-descarga, no caso dos
acumuladores solares, não deverá ultrapassar 3 % por mês.
O factor de carga designa o rácio entre a carga (a corrente fornecida em Ah) e a capacidade de
descarga da bateria. O factor de carga ideal seria 1. Contudo, devido às perdas de conversão, na prática
encontra-se algures entre 1,02 e 1,20, dependendo do nível de descarga e da bateria. O inverso do
factor de carga constitui a eficiência da carga, que deverá estar situada entre 83 e 98 %. A eficiência
global também toma em consideração as perdas de armazenamento, pelo que é calculada a partir do
rácio entre a energia fornecida pela bateria (em Wh) e a energia que é armazenada. Para uma bateria
nova, deverá estar situado entre 70 e 85 %, dependendo do método de carga.
O maior inconveniente dos acumuladores de ácido de chumbo é o seu curto período de vida útil. Para
100 a 800 ciclos completos, funcionam entre 3 a 8 anos. As baterias estacionárias atingem um maior
período de vida útil, que vai de 10 a 15 anos. Os motivos para tal resultam dos vários processos
reversíveis ou irreversíveis de envelhecimento, alguns dos quais se influenciam e se intensificam
mutualmente:
- Estratificação do ácido (reversível): dado que a maior concentração de ácido cai para o fundo,
prevalece uma maior densidade na parte inferior da célula. Isto conduz ao aparecimento de
diferença de potencial (ver tabela 3.10) e assim a uma descarga na parte inferior. Uma ocasional
carga de equalização (gaseificação), durante os intervalos de manutenção, ajuda a diluir o ácido
do electrólito.
A selecção do acumulador depende de muitos factores, sendo influenciada pelos critérios em termos de
gestão do sistema e pelas condições climatéricas. As especiais exigências definidas para o acumulador
durante a sua operação, podem ser classificadas de um modo lato de acordo com o tempo de
funcionamento por ano, o tipo de cargas (cargas fortes ou fracas) e o número de ciclos por semana. No
entanto, ainda assim é difícil generalizar sobre qual é a melhor bateria para um determinado tipo de
aplicação, uma vez que as principais questões, como são o custo, a instalação, a manutenção e a
fiabilidade, são factores decisivos para a escolha.
Não existe um sistema de armazenamento que preencha todos os requisitos indicados na mesma
extensão. Será necessário deliberar quais são as propriedades mais importantes, tendo em atenção a
respectiva aplicação.
Para sistemas usados pontualmente (casas de férias, de fim de semana, etc..), uma simples bateria solar
de electrólito fluido deverá satisfazer as necessidades de armazenamento do sistema fotovoltaico.
Constitui uma escolha de baixo custo, com reduzidos requisitos de manutenção (basta ocasionalmente
verificar o nível do electrólito e fazer o enchimento do recipiente com água destilada), podendo resultar
num longo período de vida útil se a bateria for dimensionada de forma “generosa”. Se for possível manter
a bateria num local protegido, estarão também garantidas as condições de segurança contra danos
externos e contra o derrame de ácido.
A simples bateria de gel (VRLA) constitui uma solução ainda melhor, dado que é mais segura, não
requer cuidados de manutenção, possui um maior tempo de vida útil e tem um custo reduzido.
Esta bateria tem demonstrado os suas capacidades nas aplicações de comunicações móveis, dado que
não existe derrame de ácido, mesmo na ocorrência de danos em trânsito (o ácido está confinado pelo
gel). Uma vez que não ocorre a gaseificação, os requisitos para a acomodação da bateria são menos
exigentes. No entanto, as baterias VRLA são muito sensíveis às sobrecargas.
No caso dos sistemas que são permanentemente utilizados ao longo do ano, o período de vida útil das
baterias solares normais e de gel não é geralmente suficiente. Precisam de ser substituídas com alguma
regularidade. Neste caso, recomenda-se o uso de baterias estacionárias de bloco, do tipo OPzS ou
OPzV. O desenho das OPzV com o electrólito imobilizado (gel), é preferível se não for possível a
acomodação das baterias num local bem ventilado e se não for viável manter uma manutenção
periódica.
Ao adquirir as baterias, deve-se garantir que as especificações a seguir indicadas sobre a bateria são
fornecidas pelo fabricante:
1. Capacidade da bateria em função dos respectivos tempos de descarga. Uma vez que os
fabricantes indicam as capacidades nominais para diferentes tempos de descarga, deverão estar
pelo menos especificados os valores C10 e C100 para, respectivamente, tempos de descarga de
10 e 100 horas, de modo a se poder estabelecer comparações entre vários produtos;
3. Ciclo de vida útil ou tempo de vida útil em anos, em função da profundidade de descarga,
ilustrados a partir de um gráfico ou de uma tabela (semelhante ao da figura 3.103). Com a ajuda
desta informação, será possível determinar qual o produto com a melhor relação custo-eficiência.
Os produtos mais baratos estão limitados a 400 ciclos para profundidades de descarga de 30 %,
enquanto que produtos 50 % mais caros permitem o dobro do número de ciclos. O ciclo de vida
útil da bateria está relacionado com o número total de ciclos completos que a bateria perfaz
durante a sua vida útil. Um ciclo completo compreende a descarga da capacidade normal e a
subsequente completa recarga. O número de ciclos para descargas parciais (por exemplo, 30%),
pode ser convertido em ciclos completos, multiplicando este número pela profundidade da
descarga (ex: 400 ciclos parciais x 30% de descarga = 120 ciclos completos). Os produtos para
os quais não estão especificados os ciclos de vida útil, devem levantar suspeitas.
Em geral, devem ser sempre preferidos os recipientes transparentes, uma vez que permitem o controlo
visual do nível do electrólito, da sedimentação, da corrosão dos terminais e da possível formação de
gelo. As baterias seladas não são disponibilizadas em recipientes transparentes.
Figura 3.113 - Sistema de acumulação de Mindelheimer Hütte (nos Alpes). O nível do electrólito é
facilmente verificado pelas marcas na caixa transparente da bateria
Fotografia: Fischer Energy Systems
- manter limpos os topos das baterias para evitar possíveis curto-circuitos resultantes da acumulação
de pó húmido e de sujidade;
- conferir se os terminais dos cabos estão bem apertados;
- conferir o nível de electrólito. Se necessário abrir as cápsulas de ventilação e repor o nível máximo
do electrólito com água destilada;
- medir as tensões do bloco e de cada célula, assim como a densidade do ácido das células (para a
carga máxima, com uma corrente de descarga nula ou aproximadamente nula);
- promover uma carga total intensiva a 2,4V por célula, mantendo a gaseificação do electrólito por
várias horas (carga de equalização), por forma a misturar a solução electrolítica (com excepção das
baterias de gel).
Deve também ser conduzido um exame visual. Os resultados das regulares manutenções permitem
determinar com facilidade o envelhecimento da bateria e detectar as falhas de células individuais. A
documentação dos trabalhos de manutenção constitui também uma importante fonte de informação.
Do ponto de vista eléctrico, é necessário intercalar um fusível geral entre a bateria e os restantes
dispositivos (carga, controlador, gerador fotovoltaico). Esta prática deve ser respeitada mesmo para os
sistemas mais pequenos com um ou dois módulos fotovoltaicos.
Existem alguns requisitos especiais para o local da instalação, particularmente no caso das baterias com
electrólito fluido. Este local pode ser claramente identificado no exterior como sendo a “sala das
baterias”. No interior deverá ser sinalizado por tabuletas de proibição de fumar e de perigo em caso da
ocorrência de faíscas. A sala das baterias deverá ser suficientemente ventilada (Sau02).
3.8.7 Reciclagem
O chumbo constitui o elemento mais nefasto em termos ambientais, nas baterias de ácido de chumbo.
Para minimizar o impacto destas substâncias no ambiente, as baterias gastas não deverão ser
colocadas junto do lixo doméstico. As estações dedicadas ao tratamento e a valorização de baterias e de
sucata de chumbo, assim como os próprios vendedores, devem aceitar as velhas baterias e assegurar a
sua reciclagem. Na Europa Continental, as baterias de chumbo e os acumuladores são 95 % recicláveis,
sendo o chumbo recuperado de novo processado para o fabrico de novas baterias. Este ciclo permite
minimizar os impactes no ambiente que estão associados com o uso de acumuladores de chumbo para
o armazenamento de energia.
Nos sistemas autónomos, a tensão do sistema do gerador fotovoltaico deverá ser compatível com a
tensão do barramento das baterias. As tensões normalmente mais comuns são de 12 V, 24 V ou 48 V. A
tensão de carga deve ser maior do que a tensão da bateria. Por exemplo, para uma bateria de 12 V,
poderá atingir 14,4 V. Os módulos cristalinos standard de 36 a 40 células solares, proporcionam uma
tensão nominal situada entre 15 V e 18 V. A tensão nominal do gerador deverá ser superior à tensão de
carga das baterias, de tal forma que a tensão MPP, para maiores temperaturas, seja suficientemente
elevada para que possibilite a carga das baterias. Para além disso ocorrem perdas de tensão nos cabos
e no díodo de bloqueio das fileiras, normalmente limitadas a cerca de 1 a 2 %.
superado. Por este motivo, o controlador de carga mede a tensão da bateria e protege-a contra a
possibilidade de sobrecargas. Isto pode ser conseguido através de:
Para baixos níveis de irradiância, a tensão fotovoltaica é inferior à tensão da bateria, o que leva à
descarga da bateria através do gerador. Para prevenir esta situação, são utilizados díodos de bloqueio
do gerador, normalmente integrados com o controlador de carga.
O perfeito funcionamento dos acumuladores ao longo do seu período de vida útil, requer que os
controladores de carga operem de uma forma flexível. A tensão máxima de carga e mínima de descarga,
dependem do estado de carga do acumulador. Para além disso, devem ser tomadas em consideração as
propriedades dos diferentes tipos de baterias (baterias húmidas e baterias de gel), a temperatura e a
idade da bateria. Para monitorizar a temperatura da bateria, utiliza-se um sensor de temperatura, que
está ligado ao controlador de carga. Os controladores de carga podem fazer a diferença, ao permitirem o
aumento do ciclo de vida útil dos acumuladores.
Figura 3.114 - Controlador de carga para as instalações exteriores com indicador do estado da
carga
Fotografia: Steca
A figura 3.114 mostra um controlador de carga que responde de um modo flexível perante o sistema de
geração fotovoltaica e de acumulação. O controlador de carga pode detectar o estado da carga do
acumulador e ajustá-la em função da capacidade de carga, idade e temperatura do acumulador. Para
além disso, a segurança do processo de carga da bateria é garantida pela controlo da corrente de carga
através da técnica de modulação por largura de impulso (PWM).
A figura 3.116, mostra um pequeno e simples controlador de carga com protecção contra sobrecargas e
contra profundas descargas, para sistemas autónomos até 60 W. O consumo interno deste
minicontrolador de carga é extremamente baixo (<12 mW), pelo que é apropriado para os mais
pequenos módulos fotovoltaicos.
Fabricantes de controladores de carga: ATT TBB, Mastervolt, Meyer Solar Technologie, Morningstar,
Heliotrope, Phocos, Reusolar, Schams Electronic, Steca, Solarwatt, SunSelector, SunWare, Trace,
Uhlmann Solarelectronic.
Quando se atinge a tensão máxima de carga, o controlador série interrompe a entrega de potência do
módulo, através de um relé ou de um semicondutor S1, voltando a fechar o circuito após uma
determinada redução da tensão. Estas constantes comutações “on-off” criam oscilações da tensão perto
da tensão máxima de carga, bem como perdas permanentes de energia. Tendo em conta estas
desvantagens foram desenvolvidos os controladores de carga de regulação constante.
A protecção por depleção, baseada em relés que provocam o isolamento entre as cargas e as baterias,
encontra-se geralmente integrada com a maioria dos controladores de carga (S2 nas figuras 3.117 e
3.118 e S1 na figura 3.119). Esta protecção só será útil, se existir um prévio comando de corte antes de
ser atingida a situação extrema de corte. Neste caso, torna-se importante prever um botão de reset (re-
inicialização). Por exemplo, se a tensão da bateria descer para valores inferiores à tensão mínima de
descarga (devido a uma elevada corrente que se manifeste durante um breve momento – ex: arranque
do frigorifico), e em resultado as cargas forem deslastradas pelo controlador, depois de uma pequena
recuperação de energia a tensão da bateria é geralmente suficientemente elevada para alimentar
pequenas cargas (por exemplo, uma lâmpada) por mais algumas horas, sem que a tensão da bateria
volte a descer para valores críticos. Assim, nas situações de descarga da bateria, o botão de re-
inicialização permite manter a alimentação de pequenas cargas.
Os controladores de carga apenas podem suportar determinados limites de corrente, quer no lado do
gerador, quer no lado da carga. Para proteger os sensíveis componentes electrónicos, o controlador é
equipado com um fusível. Geralmente são mantidos os mesmos valores limites para a corrente máxima
do módulo e a corrente máxima da carga, o que significa que é escolhido um fusível comum para ambas
as correntes. Nos dispositivos que estão comercialmente disponíveis, os valores standard para os
valores máximos de corrente variam entre 5 e 30 A. Para maiores sistemas, com correntes ainda mais
fortes, ou são utilizados modelos especiais ou o sistema é dividido em vários grupos, de modo a evitar a
falha da generalidade do sistema, em caso de avaria. Do lado da bateria, as correntes são adicionadas
de novo, uma vez que de outro modo existe o risco dos grupos de baterias não estarem sujeitos a cargas
iguais.
Dado que a tensão da bateria determina o ponto operacional da curva característica do gerador
fotovoltaico, e que por esse motivo o gerador fotovoltaico raramente funciona no ponto MPP, os
controladores de carga “Shunt” e série nem sempre conseguem fazer o melhor aproveitamento da
energia solar disponível. As perdas de energia podem elevar-se a valores situados entre 10 % e 40 %,
dependendo da tensão da bateria, da irradiância e da temperatura. Isto pode ser evitado utilizando um
sistema de rastreio MPP, que consiste essencialmente num conversor DC/DC regulado. A regulação é
executada pelo rastreador MPP, que em cada cinco minutos varre a curva característica I-U do gerador
fotovoltaico e determina o ponto MPP. O conversor DC/DC é então regulado de modo a tomar a máxima
potência disponível do gerador fotovoltaico, ajustando por outro lado o sinal de saída em função da
tensão de carga da bateria.
Um inversor autónomo deve poder alimentar uma vasta gama de equipamentos eléctricos,
nomeadamente ferramentas e máquinas eléctricas, electrodomésticos e dispositivos electrónicos de
comunicação.
Dois conceitos diferentes de inversores lideram o mercado: o inversor sinusoidal e o inversor trapezoidal.
Fabricantes de inversores autónomos: ACR, ASP, FEG, Fronius/Steca, Mastervolt, PDA, ProWatt,
Siemens, SMA, Studer, SunPower, Trace, Victron Energy, Wagan.
Os inversores de onda sinusoidal satisfazem a maior parte dos requisitos atrás citados. Estes
dispositivos são baseados no princípio da modulação por largura de impulso (ver secção 3.3.3), sendo
adequados mesmo para a operação de equipamento electrónico sensível. Quando comparados com os
inversores trapezoidais, os inversores de onda sinusoidal são mais caros, devido à sua maior
complexidade.
Por estas razões, é frequentemente mais vantajoso ter uma rede DC para as pequenas cargas (luz, etc.)
e ligar as restantes cargas ao inversor. Converter a totalidade do sistema para um fornecimento AC, 230
V, não é a melhor solução, uma vez que as maiores correntes ocorrem geralmente por pequenos
períodos de tempo. Em consequência, o inversor estaria a trabalhar a maior parte do tempo em regime
de carga parcial, resultando elevadas perdas de conversão. A separação dos sistemas DC e AC permite
a selecção de um inversor de menor potência e, consequentemente, de menor custo, sendo então
possível obter uma maior eficiência de conversão.
Ao seleccionar a classe de potência do inversor, deve-se atender à potência nominal das cargas:
Os inversores de baixo consumo podem ser ligados ao controlador de carga como se fossem uma carga,
desde que a potência do conjunto do inversor e das cargas ligadas não supere o valor máximo de
potência tolerado pelo controlador de carga. Contudo, os inversores são geralmente directamente
ligados à bateria, uma vez que as correntes solicitadas são geralmente demasiado elevadas para o
controlador de carga (especialmente no arranque de uma carga de 230 V). A ligação directa com a
bateria implica que o inversor possui um sistema integrado de controlo da profundidade da descarga.
Para se poder começar a planear um sistema fotovoltaico, tendo em vista o seu posterior
dimensionamento e respectivo orçamento a apresentar ao cliente, é fundamental conhecer bem o local
da instalação. A visita ao local da instalação permitirá efectuar uma avaliação prévia sobre as condições
básicas existentes, que poderão levar desde logo a uma indicação mais ou menos favorável sobre a
instalação de um sistema fotovoltaico.
Antes que a planificação se inicie, o cliente deverá também ser confrontado com as alternativas
disponíveis e as respectivas ordens de grandeza de custos de investimento inicial e de funcionamento. A
possibilidade de se poder recorrer a subsídios, deverá também ser averiguada, uma vez que estes
assumem, em muitos dos casos, uma influência decisiva sobre a decisão final do sistema a instalar.
Para os trabalhos a realizar no telhado, ou em outro tipo de infra-estrutura de suporte a considerar para o
sistema, o cliente deverá apoiar-se na realização de uma consulta aos empreiteiros locais.
Durante a visita ao local e na fase de registo de dados, um bom contributo para a base de um bom
planeamento, passará pelo inequívoco esclarecimento junto do cliente das seguintes questões:
No fim deste capítulo são apresentadas algumas orientações para a elaboração de um questionário tipo,
tendo em vista a recolha de dados durante a reunião no local. O questionário constituirá um documento
indispensável na visita ao local.
Deverá também ser assegurada a recolha de documentos, que poderão de igual forma desempenhar um
importante apoio no planeamento. Alguns destes documentos poderão mesmo ser necessários para a
apresentação de candidaturas a subsídios e para o registo junto da empresa operadora da rede de
distribuição. Entre estes documentos podem-se identificar:
x Peças desenhadas e escritas do projecto do edifício, onde constará a inclinação do telhado, entre
outras inúmeras informações sobre o edifício
x Fotografias
Durante a reunião no local, será de grande utilidade o projectista fazer-se acompanhar de:
Figura 4.1 - Análise de sombreamento, utilizando uma câmara com acessórios especiais de
geometria solar
Arquitectos Sol-id-ar
Durante as conversas com o cliente, o vendedor deverá assegurar-se das expectativas e desejos do
cliente. A consulta, neste caso, significa ajudar o cliente a tomar uma decisão correcta e de acordo com
as suas pretensões.
Uma opinião qualificada é decisiva para o cliente. O vendedor é com frequência o primeiro elemento de
contacto para questões relativas à utilização da energia solar. Para além de conhecimentos técnicos
sobre questões referentes à estrutura, função, dimensão e instalação de sistemas fotovoltaicos, deve
também possuir conhecimentos esclarecedores sobre custos e subsídios, assim como sobre o
significado global da utilização da energia solar.
O objectivo é ganhar o cliente como um parceiro activo de diálogo e responder às suas questões de
forma que seja compreensível, mesmo para os menos esclarecidos. Nesta situação é de grande ajuda
utilizar diagramas de apoio que sejam de fácil compreensão para um leigo.
Deve-se estar devidamente preparado para responder às questões colocadas pelo cliente. A seguir
apresentam-se algumas questões que normalmente são colocadas por um potencial utilizador de um
sistema fotovoltaico:
A projecção de sombras sobre um sistema fotovoltaico, tem um efeito muito maior na produção de
energia, do que no caso dos sistemas solares térmicos. Neste contexto, este assunto será tratado em
profundidade na presente secção.
Os resultados operativos obtidos no programa Alemão dos “1000 telhados”, demonstraram que existe
sombreamento parcial em cerca de metade dos sistemas, devido a circunstâncias específicas que se
prendem com a sua localização. Para um número substancial destes sistemas, as sombras provocaram
reduções anuais de produção de energia entre 5 a 10 %.
Em muitos dos casos, a sombra pode ser classificada como temporária, como resultado da localização
do sistema ou do edifício. Neste contexto pode-se destacar:
I) Sombreamento temporário
Os depósitos de neve, de fuligem e de folhas sobre o gerador, podem sujar a superfície do gerador,
gerando desta forma sombras de maior permanência. A permanência desta sujidade será tanto menor,
quanto melhor funcionar o sistema de auto-limpeza do gerador. A auto-limpeza resulta da lavagem da
sujidade pela água da chuva. Para esta auto-limpeza, será suficiente os painéis serem colocados com
um ângulo mínimo de inclinação de 12º. Maiores ângulos de inclinação aumentam a velocidade de
escorrimento da água da chuva e, consequentemente, melhora a limpeza das partículas de sujidade. Por
este motivo, este tipo de sombreamento pode ser reduzido com o aumento do declive do gerador
fotovoltaico.
Para uma inclinação óptima em termos da produção de energia, superior a 22º (no caso Português),
consegue-se ter uma boa auto-limpeza dos módulos.
De notar que a neve depositada sobre um sistema fotovoltaico derrete-se mais rapidamente do que a
restante neve que o rodeia.
Nas áreas com muita neve, a disposição dos módulos standard na posição horizontal (A), permite reduzir
para metade as perdas que resultam do sombreamento causado pela neve, dado que assim apenas
ficam afectadas duas filas de células de cada módulo e não quatro, como acontece no caso na
disposição vertical (B).
Figura 4.3 - Módulos fotovoltaicos inclinados (local com elevada presença de neve)
O sombreamento causado pelas folhas, pelos dejectos de pássaro e pela poluição do ar, têm um
impacto mais forte e mais duradouro. Se um sistema for fortemente afectado por estes factores, a
limpeza regular dos módulos fotovoltaicos aumentará de um modo notável a energia produzida. Numa
localização normal e com um painel onde se verifique um declive adequado, pode assumir-se que a
perda devida à sujidade assume um valor entre 2 % a 5 %. Geralmente esta perda é simplesmente
aceite [Qua96].
Se houver uma grande acumulação de resíduos, os módulos podem ser limpos utilizando maiores
quantidades de água (com uma mangueira) e um utensílio suave de limpeza (uma esponja), sem usar
detergentes. Para evitar riscar as suas superfícies, os módulos não devem ser escovados ou aspirados
com um equipamento de limpeza a seco.
Os cabos por cima do prédio podem também ter um efeito particularmente negativo, projectando
sombras que se movem constantemente.
As sombras geradas pelo próprio edifício envolvem sombras constantes, devendo por isso ser
consideradas de modo particularmente especial. Deve ser dada particular atenção às chaminés,
antenas, pára-raios, antenas de satélite, saliências do telhado e da fachada, ressaltos da estrutura do
prédio, etc.
Alguns sombreamentos podem ser evitados, deslocando o gerador fotovoltaico ou o objecto que causa a
sombra (por exemplo, a antena).
Caso não seja possível, o impacto da sombra pode ser minimizado na fase de concepção do sistema,
como por exemplo através da escolha da forma como são interligadas as células e os módulos (ver
capítulos 3 e 5).
Para avaliar a sombra que resulta no local, é preciso proceder a uma análise de sombreamentos. Para
tal, o contorno da sombra do meio circundante é registado para um ponto do sistema, normalmente o
ponto central do gerador fotovoltaico.
Para grandes sistemas, ou no caso de se desejar uma maior precisão, a análise de sombreamentos
pode ser levada a cabo para vários pontos diferentes.
Para os registos onde é utilizado um plano do local e um mapa de trajectória solar, é calculada a
distância e as dimensões da projecção da sombra pelos objectos. A partir desta informação é calculado
o ângulo de azimute e o ângulo de elevação.
O ângulo de elevação gama (J) é calculado a partir da diferença entre a altura do objecto que projecta a
sombra (h2) e a altura do sistema fotovoltaico (h1), e da distância entre os dois.
h2 h1 § h h1 · § 'h ·
tan J oJ arctan¨ 2 ¸ arctan¨ ¸
d © d ¹ © d ¹
O ângulo de elevação é obtido para todos os obstáculos na área que rodeia o sistema solar, sendo
preciso conhecer a altura e a distância dos objectos a partir do local de observação. O azimute dos
obstáculos pode ser calculado directamente a partir do plano do local ou do esquema.
Os ângulos de elevação e os ângulos de azimute dos objectos, podem também ser determinados
utilizando um analisador de sombras (câmara apropriada, câmara digital com software).
Contudo, um mapa de trajectória solar com o eixo das ordenadas graduado segundo uma divisão
trigonométrica, é o suficiente em várias situações (estão incluídos mapas de trajectória solar no final
deste capítulo). Este é copiado sobre uma transparência e disposto num semi-círculo. O observador, na
perspectiva do sistema, pode agora olhar para os objectos através deste diagrama, ler directamente e
anotar os ângulos de elevação e de azimute. Para poder registar um maior ângulo de visão, poderá ser
de grande utilidade uma lente de visão angular, semelhante às lentes do tipo olho de peixe, utilizadas
como vigia nas portas. As fotografias a seguir ilustram a utilização deste simples analisador de
sombreamentos.
O factor de transmissão especifica a quantidade de radiação solar que passa através da árvore. Este
factor é considerado em alguns programas de simulação (por exemplo PV-Sol).
É possível retirar deste diagrama o nível de sombreamentos que são produzidos num mês em particular.
No exemplo apresentado, a localização está 50 % sombreada no dia 21 de Dezembro. De manhã e no
início da tarde, o Sol penetra cerca de uma hora em cada ocasião. A partir do dia 21 de Fevereiro, não
se produzirão mais sombras. Não haverá sombreamentos no período que medeia os meses de Março a
Outubro.
Uma avaliação mais aprofundada do diagrama pode ser levada a cabo graficamente, através de cálculos
ou - o modo mais fácil - utilizando aplicações lógicas (por exemplo SUNDI, PV-Sol, PVS, Solem. ver
capítulo 7). A maioria dos programas de simulação calculam as perdas de irradiação e a partir destas
calculam de grosso modo as perdas de energia. Neste caso, o contorno da sombra é determinado num
ponto do gerador fotovoltaico (usualmente o ponto central) e introduzido como um dado no computador.
A precisão é suficiente para a maioria das situações. Apenas para programas de simulação mais
complexos (por exemplo PV- Cad. PV- SYST. ver capítulo 7), é tido em conta a geometria do gerador e o
modo com que os módulos estão ligados. Sem programas de simulação, são necessários os totais de
irradiação para cada mês no local da instalação. Isto permite estimar a perda de irradiação para cada
mês a partir do valor de percentagem de sombreamento, que é calculada a partir do mapa de trajectória
solar.
Como foi descrito na secção anterior, quando se prevê a produção de energia, a redução da irradiação é
normalmente determinada para a área do gerador. No entanto, isto não tem em conta que a curva
característica do gerador é modificada em função do sombreamento, o que provoca que o MPP se
desloque. O ponto operacional do inversor tenta rastrear o ponto MPP. O desvio do MPP determina a
redução da potência relativamente a um gerador que não está sombreado.
O conceito de interligação dos módulos solares determina a amplitude da tensão de entrada do inversor.
Nos inversores de cadeia de módulos com elevadas tensões de entrada, todos os módulos estão
frequentemente ligados em série. Se o inversor tiver uma baixa tensão de entrada, leva a que o gerador
seja usado com várias fileiras paralelas.
Um estudo científico sobre o problema do sombreamento foi conduzido pela Universidade Técnica de
Berlim, utilizando diferentes desenhos de sistemas. Foi utilizado o programa de simulação electrónica
LEVANTAMENTO DAS CARACTERÍSTICAS DO LOCAL DA INSTALAÇÃO E ANÁLISE DE SOMBREAMENTOS 4.7
ENERGIA FOTOVOLTAICA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAÇÃO
“Pspice”, para a determinação das curvas características do gerador e das perdas expectáveis de
energia nas diferentes situações de sombreamento. Foi comparado um gerador fotovoltaico com um total
de vinte módulos ligados em série, com um gerador com quatro fileiras ligadas em paralelo. Com uma
irradiação de 1.000 W/m2, dois, quatro, seis e oito módulos foram sombreados, reduzindo-se a irradiação
sobre estes módulos a 500 W/m2. Enquanto que com a ligação em série as curvas características não
dependem da posição dos módulos sombreados, no gerador com ligações paralelas produzem-se
diferentes curvas características para diferentes situações de sombreamento.
Nos gráficos seguintes pode ver-se que as curvas características para situações de sombreamento
mostram um valor máximo da potência para pequenas tensões e um segundo máximo com as mais
elevadas tensões. Os factores nomeados no início determinam os valores máximos de potência, se
existem ou não, ou se são apenas uma ligeira proeminência nas curvas características onde se encontra
o MPP, e se o MPP se insere ou não no campo de rastreio do inversor. A quantidade de energia perdida
com geradores sombreados depende da amplitude da tensão de entrada do inversor e, por isso, do seu
dimensionamento. Para além disso, o conceito de rastreio do MPP do inversor é também decisivo.
Dependendo do conceito de rastreio e do percurso da sombra ao longo do tempo, o sistema funciona em
um destes pontos máximos. Há diferenças fundamentais entre a ligação em série e a ligação em
paralelo.
Com a ligação em série, ambos os máximos de potência são possíveis nos pontos operacionais para o
inversor, se eles se situarem dentro do raio de acção operacional do sistema de rastreio do MPP. Em
qual destes dois pontos é atingido, depende do percurso da sombra ao longo do tempo e do
comportamento do sistema de rastreio.
Figura 4.8 - Configuração da sombra e curvas características para uma ligação em série
Com o gerador inicialmente fora do alcance da sombra, o inversor opera no único máximo da curva
característica. A extensão gradual de sombras através da superfície do gerador, causa um incremento
maior de módulos sombreados. O máximo situado à esquerda, que inicialmente representa o MPP,
desloca-se para menores tensões. Uma vez que este máximo é bem pronunciado, o inversor continua
mantendo-se no máximo da esquerda, mesmo se o MPP tiver evoluído para o máximo da direita, quando
há um número maior de módulos sombreados.
Ligação em paralelo
Figura 4.9 - Configuração da sombra e curvas características para uma ligação em paralelo, com
sombreamento em 2 fileiras
Com um número crescente de fileiras sombreadas, o ponto de máxima potência da esquerda torna-se
mais pronunciado. Com forte sombreamento é possível que o MPP acabe por se situar aí. Este máximo
encontra-se a meio da tensão de circuito aberto do gerador e está, por este motivo, fora do raio de acção
operacional do inversor. O ponto máximo da direita encontra-se sensivelmente acima da tensão MPP do
gerador que não está sombreado.
Figura 4.10 - Configuração da sombra e curvas características para uma ligação em paralelo, com
sombreamento de 1 a 4 fileiras
Com a ligação em série, os pontos de potência máxima das curvas características, estão claramente
pronunciados para situações de sombreamento. Quando poucos módulos estão sombreados, as tensões
encontram-se dentro do campo de rastreio do inversor.
Numa ligação em paralelo, o inversor pode, efectivamente, rastrear até ao ponto máximo da direita, uma
vez que o da esquerda está fracamente pronunciado e a tensão é demasiado baixa. Seria apenas
possível rastrear até ao ponto máximo da esquerda, caso houvesse um forte sombreamento em muitas
fileiras. Neste caso, haveria lugar a uma perda de potência sensivelmente menor do que a que ocorre
para o ponto máximo da direita.
Numa ligação em paralelo, observa-se que a perda de energia apenas depende efectivamente do
número de fileiras sombreadas. Com sombreamentos em duas fileiras, apesar do aumento de dois
módulos sombreados para oito, a perda de potência permanece praticamente constante. A ligação em
série mostra perdas de energia consideravelmente maiores. No ponto máximo da esquerda, as perdas
aumentam com cada módulo adicionalmente sombreado. No ponto máximo da direita, há uma maior
perda constante de energia com extensos sombreamentos. A redução na energia produzida depende da
duração do sombreamento durante o ano.
O efeito do sombreamento num gerador interligado em série ou em paralelo, foi estudado e comparado
numa análise a longo prazo, utilizando a fachada fotovoltaica da Universidade de Ciência e Tecnologia
de Saarland. Com o objectivo de os comparar, ambos os desenhos foram implementados no mesmo
sistema fotovoltaico, através de um dispositivo de comutação. Para limitar as correntes na ligação em
paralelo, foram associados conversores DC/DC a cada módulo e ligados através de um barramento DC
com um inversor central. Os conversores DC/DC, que eram também responsáveis pelo rastreio do MPP,
são protótipos. Pode esperar-se que os fabricantes venham a adoptar esta solução. As medições de
longo prazo revelaram que a energia produzida era superior a 30 % para a ligação em paralelo, quando
comparada com a ligação em série para esta fachada.
Com geradores não sombreados, ou com baixo nível de sombreamento, os níveis de energia que são
possíveis serem produzidos por um sistema fotovoltaico, são independentes da sombra que afecta o
gerador. Neste caso, graças à montagem mais simples e mais efectiva do ponto de vista do custo, os
inversores de cadeia de módulos podem proporcionar a melhor solução económica.
Se não é possível evitar o sombreamento do sistema, a ligação dos geradores em paralelo permite
reduzir substancialmente as perdas de energia e, consequentemente, aumentar a eficiência do sistema
de geração, especialmente se houver lugar a um planeamento cuidadoso que leve a que o
sombreamento se produza apenas num número limitado de fileiras. As desvantagem destes geradores,
como são as perdas por efeito de Joule nos cabos resultantes das maiores correntes ou o aumento dos
custos de instalação, são mais do que compensadas pelo aumento da produção, sobretudo quando os
outros efeitos que afectam o desempenho do sistema, como é o desajuste das características dos
módulos, têm um maior efeito do que a interligação em paralelo. Os programas de simulação standard
para sistemas fotovoltaicos, são insuficientes para tomar em linha de conta estas situações complexas;
de modo que, particularmente quando existe sombreamento directo, os resultados da simulação devem
ser julgados criticamente.
Os sistemas fotovoltaicos são frequentemente construídos em áreas planas (como por exemplo em
telhados planos ou em espaços abertos). É assim possível encontrarem-se sistemas na posição
horizontal. Contudo, dado que a maior produção de energia é conseguida quando existe uma inclinação
óptima, os sistemas fotovoltaicos estão maioritariamente inclinados. Em Portugal, ângulos superiores a
20º, levam a um aumento da produção superior a 10 %, em comparação com uma instalação horizontal.
Para além disso, os sistemas horizontais têm de ser limpos com maior frequência, pelo facto de
ocasionarem maiores perdas como resultado da acumulação de sujidades.
Para especificar a utilização de uma área concreta, é empregue o factor de utilização de área “f”. Este é
definido como o rácio entre a largura do módulo e a distância entre as filas de módulos.
b
F
d
Normalmente tem-se por resultado um factor de utilização de área “f” situado entre 0 e 1, ou entre 0 % e
100 %. Um factor de utilização de área de 100 %, pode originar uma sombra mútua considerável entre
as filas individuais de módulos.
Com um baixo ângulo de inclinação E, o sombreamento é menor e a área pode ser melhor utilizada.
Contudo, nessa situação a produção solar anual diminui. Por esta razão, é normalmente escolhido um
ângulo de inclinação de 20 a 50º e um factor de utilização da área situado entre 35 e 45 %. A distância
entre as filas de módulos depende tanto da largura dos módulos como dos ângulos de inclinação e de
elevação.
b u sen 180 º E J
d
senJ
Como uma boa solução de compromisso, muitas vezes escolhe-se o ângulo de altitude solar mínimo no
Inverno (Lisboa 28º) como o valor do ângulo de sombreamento (ângulo de elevação a partir do qual
existe sombreamento).
Redução das perdas por sombreamento mútuo entre módulos fotovoltaicos inclinados
Os grandes sistemas fotovoltaicos requerem uma inspecção do local mais detalhada. Se necessário
poderá basear-se no presente modelo, ao desenvolver o seu próprio questionário. Se o sistema estiver
parcialmente sombreado, poderá também ser utilizado um questionário adicional.
Por forma a avaliar o efeito de sombreamento no sistema fotovoltaico, poderá ser desenhado um
esquema semelhante ao que a seguir se indica. O esquema pode ser efectuado durante o questionário
no próprio local, juntamente com os pontos cardeais, ou na cópia do plano do local. Para os prédios
novos, deverá ser considerado se posteriormente haverá lugar ou não à implantação de novos edifícios
na vizinhança mais próxima. Para além disso, também deverá ser considerado o crescimento das
árvores.
Os seguintes aspectos deverão ser assinalados no esquema ou na cópia do plano do local (com
fotografias adicionais, caso seja necessário):
A silhueta da sombra pode ser registada de acordo com a secção 4.3.2 e assinalada no respectivo mapa
de trajectória solar (no final da secção). Caso esta análise seja efectuada durante a visita inicial ao local,
o cliente pode já receber uma estimativa preliminar no que diz respeito ao efeito provocado pela
presença de sombras. O grau da latitude pode ser determinado pela figura 2.21, no intuito de seleccionar
o mapa da trajectória solar a aplicar.
Nome do Cliente
Rua, número
Código postal, localidade
Concelho
Telefone (privado)
Telefone (do trabalho): das____________ às __________________
Fax: Endereço do local da construção
Caso seja necessário: Arquitecto
Electricista
Construtor civil
Documentos úteis
Desejos do cliente
Outros documentos:
Telhado
Linhas e instalação
Comprimento aproximado do cabo:
Distância entre o gerador fotovoltaico e a caixa de junção: m
Distância entre o gerador fotovoltaico e a barra de distribuição equipotencial: m
Distância entre a caixa de junção e o inversor: m
Distância entre o inversor e o quadro eléctrico de distribuição: m
LEVANTAMENTO DAS CARACTERÍSTICAS DO LOCAL DA INSTALAÇÃO E ANÁLISE DE SOMBREAMENTOS 4.14
ENERGIA FOTOVOLTAICA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAÇÃO
Outros
Listagem de Sombreamentos
Legenda
No final do presente capítulo, encontram-se disponíveis várias fichas de registos, que servem de apoio
ao dimensionamento de um sistema fotovoltaico com ligação à rede.
Durante a visita ao local procede-se à escolha, na presença do cliente, da área mais apropriada para a
instalação do sistema fotovoltaico. A ficha de registo de dados do edifício deverá incluir as
especificações do sistema: orientação, inclinação, área disponível, tipo de montagem, sombreamentos,
comprimento dos cabos, localização do inversor.
Com base nestas especificações, é seleccionado o módulo que irá ser instalado. As especificações
técnicas do módulo escolhido determinam os passos seguintes do dimensionamento do sistema.
Primeiro, será determinado o número de módulos que podem ser instalados na área disponível. Este
número permitirá determinar de forma aproximada a potência total do sistema fotovoltaico.
A tabela seguinte poderá ser utilizada para um cálculo mais preciso das necessidades de área, em
função do tipo de material celular a instalar:
A aplicação de módulos semitransparentes requer maiores áreas, de acordo com o factor percentual de
transparência dos módulos.
Por sua vez, questões como o desenho da instalação, a montagem e a integração arquitectónica do
módulo fotovoltaico com o edifício, desempenham também um papel importante no estabelecimento da
área de instalação. Estes assuntos serão abordados com maior detalhe no capítulo 8.
Durante muito tempo, foi comum a instalação de um conversor DC/AC (inversor) central, para todo o
sistema fotovoltaico. Actualmente, nem sempre os sistemas fotovoltaicos com potências nominais de
vários kWp, têm um único e poderoso inversor. Em particular, nos sistemas de dimensão média, existe a
crescente tendência para a instalação de vários inversores de pequena dimensão (conceito de inversor
descentralizado).
Cada uma das três configurações mencionadas tem vantagens e desvantagens, conforme o tipo de
aplicação. Nos caso dos inversores descentralizados, deverão ser preferencialmente utilizados para sub-
sistemas com áreas de captação individuais com diferentes orientações e inclinações, ou que estão
parcialmente sombreados.
Nas gamas de tensão reduzida (UDC d120 V, segundo as Regras Técnicas de Instalações Eléctricas de
Baixa Tensão), um número reduzido de módulos (3 a 5 módulos standard) são ligados em série numa
fileira. Uma das principais vantagens destas curtas fileiras reside na menor influência da sombra no
comportamento da fileira, uma vez que o módulo com o maior sombreamento determina a corrente total
da fileira. Para além disso, as perdas totais dependem do número de fileiras sombreadas, pelo que o
número de módulos sombreados tem uma menor influência no comportamento global do sistema.
Para uma tensão inferior a 120 V, é possível instalar material eléctrico de protecção classe III (ver tabela
5.2). A principal desvantagem desta configuração reside nas elevadas correntes resultantes, o que
obriga à selecção de maiores secções para os condutores, por forma a reduzir as perdas resistivas.
Tabela 5.2
Classificação da protecção eléctrica Símbolo
Classe I O aparelho está ligado ao condutor de terra
Classe III Segurança ou protecção de tensão reduzida (máxima AC: 50 V, máxima DC: 120 V)
Nas instalações com módulos de película fina, por vezes é feita a ligação em paralelo de módulos
individuais.
Para fileiras compridas de módulos fotovoltaicos, para os maiores níveis de tensão associados (UDC >
120 V), são necessários equipamentos de classe II de isolamento. A principal vantagem destas
configurações são as menores correntes que atravessam os condutores, pelo que é possível reduzir a
secção transversal dos cabos. A maior desvantagem reside no aumento das perdas energéticas, em
virtude do maior impacto do sombreamento nas longas fileiras.
Figura 5.3 - Configuração do sistema para níveis de tensão superiores a 120 V com um inversor
central
Com o intuito de equilibrar o regime de operação entre os diferentes inversores, os inversores “mestre” e
“escravo” permutam periodicamente de funções (rotação de papéis).
A principal vantagem desta configuração, reside no facto de que, para menores níveis de irradiação,
apenas opera um inversor (o mestre), resultando numa maior eficiência global do sistema
(particularmente nos intervalos de baixa potência). Contudo, os custos de investimento desta
configuração são naturalmente superiores aos custos equivalentes para um único inversor central.
O sistema fotovoltaico de 1 MWp instalado no telhado de Neue Messe München, no Centro de Exibições
de Munique (Alemanha), representa um bom exemplo de uma configuração de inversores “mestre-
escravo”.
Figura 5.5 - Sistema fotovoltaico de 1 MWp do Centro de Exibições Neue Messe München, em
Munique
Fotografia: Shell Solar
Nos sistemas compostos por campos fotovoltaicos com diferentes orientações ou sujeitos a
sombreamentos, a instalação de um inversor por cada campo ou fileira de módulos, permite uma melhor
adaptação da potência às condições de irradiação. Nestas configurações tem de existir um especial
cuidado para ligar módulos que estão sujeitos a semelhantes condições ambientais (orientação e
sombreamento). Como já foi visto anteriormente, para fileiras muito compridas, o sombreamento poderá
estar na origem de desequilíbrios em termos de potência, dado que o módulo com a menor irradiância
determina a corrente que circula na fileira.
Figura 5.6 - Configurações do sistema para várias unidades conversoras DC/AC de cadeia de
módulos
Quando se escolhe um local exterior para a instalação, deve-se ter em conta que mesmo cumprindo o
grau de protecção IP 65, as condições ambientais (variação da temperatura, humidade, etc.) têm
implicações na probabilidade da ocorrência de falhas e no período de vida útil do dispositivo. Por este
motivo, os inversores devem estar pelo menos protegidos da radiação solar directa e da chuva.
A ligação dos inversores às fileiras de módulos, tem as seguintes vantagens em comparação com a
configuração de inversores centralizados:
Um dos pré-requisitos para a maior eficiência global do sistema, consiste na compatibilidade entre os
inversores e os módulos fotovoltaicos. Seria por certo mais vantajoso se cada módulo estivesse
funcionando permanentemente no seu ponto de máxima potência (MPP). Na prática isto é possível. No
entanto, o ajuste do MPP será sempre mais bem sucedido se os módulos fotovoltaicos e os inversores
forem integrados numa única unidade. Estas unidades módulos/inversores estão actualmente
disponíveis no mercado e são designadas por módulos AC.
Alguns dos inversores integrados são tão pequenos que podem ser montados na própria caixa de junção
do módulo.
Outra das vantagens destes módulos, reside na sua modularidade, pois nas restantes configurações a
expansão do sistema fotovoltaico não é tão simples. Os módulos AC permitem que os sistemas
fotovoltaicos sejam reforçados conforme o desejado, ou que sejam constituídos por um único módulo.
Aponta-se com frequência que a maior desvantagem destes módulos é a sua menor eficiência. Na
realidade, não existe uma diferença tão significativa em relação aos inversores centralizados, conforme
se mostra na figura 5.11. Para além disso, a menor eficiência é compensada pela maior produção
energética que resulta do óptimo ajuste para o ponto MPP dos respectivos módulos.
Os módulos AC ainda são relativamente caros. Só poderão existir vantagens em termos de custo, depois
dos módulos AC e dos respectivos inversores estarem amplamente disponíveis no mercado.
Na montagem dos módulos AC, deverá existir a preocupação de se facilitar o acesso aos módulos, por
forma a permitir a substituição dos inversores defeituosos. Igualmente importante é a monitorização dos
inversores individuais, através do registo dos dados operacionais mais relevantes e da sinalização de
falhas. Por este motivo, os fabricantes oferecem sistemas já configurados para a possibilidade de
monitorização, através de um computador e de um software apropriado.
O inversor central deverá, sempre que seja possível, ser instalado junto da caixa do contador ou na sua
proximidade. Se as condições ambientais o permitirem, fará sentido instalar o inversor perto da caixa de
junção geral do gerador. Este procedimento permite reduzir as perdas de energia que ocorrem através
do cabo principal DC, assim como reduzir os custos de instalação. Os grandes inversores centralizados
são frequentemente instalados junto com outros dispositivos eléctricos, tais como aparelhos de ligação,
de protecção, de corte, etc., num armário/quadro de potência.
Os inversores de cadeia de módulos, protegidos por invólucros com graus de protecção IP 65, são
normalmente instalados nos telhados. Porém, a experiência demonstra que estes dispositivos deveriam
estar protegidos da chuva e da radiação solar directa. Ao escolher o local da instalação, é crucial que se
mantenham as condições ambientais exigidas pelo fabricante do inversor, especialmente em termos de
humidade e de temperatura. O ruído produzido pelo inversor (dependendo da potência e do fabrico),
deverá também ser considerado.
O número de inversores deriva da potência estimada para o sistema fotovoltaico e do tipo de sistema
escolhido. Como regra geral, dado que os inversores são fornecidos para vários níveis de potência e que
a potência total do sistema fotovoltaico é determinada pela área útil disponível, é utilizado um rácio entre
as potências do gerador fotovoltaico e do inversor de 1:1. Qualquer desvio é tomado com base neste
rácio e definido para o seguinte intervalo:
No caso da aplicação de módulos amorfos, deverá também ter-se em atenção na fase de desenho, a
degradação progressiva da potência. Os módulos amorfos podem ter inicialmente uma potência superior
em 15 % da potência nominal, na qual apenas irão estabilizar ao fim dos primeiros meses de
funcionamento. Este efeito, que resulta da degradação inicial da luz (ver capítulo 3), deverá ser tomado
em conta ao determinar a tensão e a corrente do inversor. Durante o período de degradação, a tensão
operacional poderá ser aproximadamente 11 % superior à tensão nominal e a corrente operacional 4 %
superior.
Em termos gerais, poderá ser favorável a escolha de um inversor com uma potência sensivelmente
menor do que a potência do gerador fotovoltaico (PWR DC < PPV), dado que a eficiência do inversor é
relativamente baixa para as gamas de potência operacionais inferiores a 10 % da potência nominal. Ao
longo do ano, os valores de irradiância são raramente superiores a 850 W/m2, pelo que a potência
nominal dos sistemas fotovoltaicos é raramente atingida no seu funcionamento normal. Na realidade, a
potência operacional dos sistemas fotovoltaicos é próxima de 50 % da potência nominal. Com o intuito
de optimizar a eficiência do inversor, este é frequentemente sub-dimensionado. Esta prática permite
manter os elevados níveis de eficiência do inversor (rendimentos superiores a 90%), mesmo para baixos
níveis de irradiância solar (ver figura 5.13, linha verde).
Se o inversor for sobredimensionado (PINV DC > PPV), a taxa de crescimento da eficiência do inversor em
função da irradiância é menor, pelo que os maiores níveis de eficiência são só atingidos para elevadas
irradiâncias.
Para além da irradiância, existem outros factores que afectam a potência nominal do gerador
fotovoltaico, nomeadamente:
A amplitude da tensão no inversor, resulta do somatório das tensões individuais dos módulos ligados em
série numa fileira. Uma vez que a tensão do módulo e a tensão total do gerador fotovoltaico dependem
da temperatura, são determinantes no dimensionamento as situações operacionais extremas do Inverno
e do verão.
Quando se dimensiona o sistema, o intervalo de operação do inversor deve ser ajustado em função da
curva característica do gerador fotovoltaico. O intervalo MPP do inversor deve incorporar, conforme pode
ser visto na figura que se segue, os pontos MPP da curva característica do gerador para diferentes
temperaturas. Para além disso, deve-se ter em conta a tensão limite de operação e a tensão máxima
admissível do inversor.
O primeiro valor limite deriva da estação fria para uma temperatura do módulo de -10 ºC. Para baixas
temperaturas, a tensão de funcionamento do módulo aumenta até ao limite máximo da tensão de circuito
aberto. Se o inversor for desligado num dia soalheiro de inverno (por exemplo devido a uma falha de
rede), a tensão do circuito aberto será demasiadamente elevada para se poder voltar a ligar o sistema
em segurança. Esta tensão deve ser menor do que a tensão DC máxima admissível do inversor. Caso
contrário o inversor poderá ficar danificado. Assim, o número máximo de módulos ligados em série
deriva do quociente entre a tensão DC máxima admissível do inversor e a tensão de circuito aberto do
módulo à temperatura de -10 ºC.
U max( INV )
nmax
U OC ( Módulo 10 ºC )
A tensão de circuito aberto dos módulos à temperatura de -10 ºC, nem sempre vem especificada nas
fichas técnicas fornecidas pelos fabricantes. No seu lugar é especificada a variação da tensão 'U em %
ou em mV em função da temperatura, expressa em °C. Este coeficiente de temperatura é sempre
acompanhado de um sinal negativo.
A fórmula seguinte permite calcular a tensão de circuito aberto para uma temperatura de -10 ºC, a partir
da tensão do circuito aberto nas condições de referência CTS (UOC (STC)):
Se não for fornecido nenhum destes dados, é possível usar a figura 3.55 (capítulo 3) para determinar o
valor correspondente. Esta figura mostra que a tensão de circuito aberto de um módulo mono ou
policristalino à temperatura de -10 ºC sofre um aumento de 14 % em relação às condições de referência
CTS.
No verão, os módulos instalados no telhado podem estar sujeitos a temperaturas superiores a 70 ºC.
Esta temperatura serve geralmente de base para determinar o número mínimo de módulos de uma
fileira. Com um bom sistema de ventilação, pode estimar-se uma temperatura máxima de 70 ºC em
Portugal.
Para os elevados níveis de radiação do Verão, um sistema fotovoltaico terá uma tensão aos seus
terminais inferior àquela que se verifica para as condições de referência CTS (tensão nominal que consta
da ficha técnica do módulo), devido às elevadas temperaturas a que está sujeito. Se a tensão
operacional do gerador cair abaixo da tensão MPP mínima do inversor, a eficiência global do sistema
ficará comprometida e, na pior das hipóteses, poderá provocar o corte do inversor. Por este motivo, o
sistema deverá ser dimensionado de tal modo que, o número mínimo de módulos ligados em série numa
fileira, derive do quociente entre a tensão mínima MPP de entrada do inversor e a tensão MPP do
módulo à temperatura de 70 ºC.
A fórmula seguinte permite calcular o número mínimo de módulos que é possível ligar em série numa
fileira:
U MPP ( INVMin )
nmin
U MPP ( Módulo 70 ºC )
Se a tensão do módulo no MPP a 70 ºC não fôr especificada na folha de dados do fabricante, esta
poderá ser calculada a partir da tensão MPP nas condições de referência CTS (UMPP (STC)), através do
coeficiente 'U em % ou em mV por cada ºC, como se segue:
§ 45 º C u 'U ·
U MPP ( Módulo 70 ºC ) ¨1 ¸ u U MPP (CTS )
© 100 ¹
Em geral, pode assumir-se de que a tensão MPP de um módulo mono ou policristalino à temperatura de
70 ºC, cairá cerca de 18 % em relação às condições de referência CTS.
Figura 5.15 - Determinação da frequência das tensões do gerador solar através do programa de
simulação SolEm
I max( INV )
N Fileira d
I n Fileira
Se o inversor for sub-dimensionado, deverá ser verificada a frequência com que o inversor opera com
excessivas correntes de entrada. Isto permite avaliar se existem elevadas ou ligeiras sobrecargas do
inversor. Esta avaliação pode ser realizada através de adequados programas de simulação. O resultado
da simulação que é apresentado na figura seguinte mostra que o inversor está sujeito a uma forte
sobrecarga. Este regime de operação leva ao envelhecimento prematuro do inversor ou à destruição dos
componentes electrónicos.
Figura 5.16 - Determinação da frequência das correntes do gerador solar através do programa de
simulação SolEm
Conforme já foi referido, os inversores podem ser dimensionados através de adequados programas de
simulação. A título de exemplo, a figura seguinte mostra a mensagem de erro apresentada pelo
programa PVS 200, que resulta de uma incorrecta concepção do sistema fotovoltaico. À semelhança do
PVS 200, os programas de simulação PV- Sol, PVS e SolEm, fornecem avisos de dimensionamento
incorrecto quando são ultrapassados os valores limites. Estes programas de simulação são descritos em
detalhe no capítulo 7.
Figura 5.18 - Exemplo do esquema eléctrico de um sistema de 2 kWp com inversor central
No dimensionamento dos cabos devem ser observados três critérios essenciais: o cumprimento dos
limites fixados pela tensão nominal e pela intensidade de corrente máxima admissível do cabo, e a
minimização das perdas na linha.
Tensão nominal
A tensão dos sistemas fotovoltaicos, normalmente não ultrapassa a tensão nominal dos cabos standard
(tensões nominais situadas entre 300 e 1.000V). Nos maiores sistemas fotovoltaicos, com longas fileiras
de módulos, a tensão nominal no cabo deverá ser confrontada com a tensão de circuito aberto do
gerador para T = -10 ºC.
A corrente máxima que pode fluir pelo módulo ou pelo cabo da fileira, é obtida pela diferença entre a
corrente do curto-circuito do gerador e a corrente de curto-circuito de uma única fileira:
Na prática podem ocorrer duas situações: o cabo é dimensionado em função do valor de intensidade de
corrente máxima, ou então é instalado um aparelho de protecção contra sobre-intensidades em cada
fileira, pelo que a corrente máxima Imax terá de ser menor ou igual à corrente máxima admissível da
canalização eléctrica Iz, ou à corrente de não funcionamento do dispositivo protector Inf.
Imax d Iz
De acordo com a norma europeia IEC 60364-7-712, o cabo da fileira tem de ser capaz de transportar
1,25 vezes a corrente de curto-circuito do gerador, e estar protegido contra falhas de terra e curto-
circuitos.
A corrente máxima admissível dos condutores é influenciada pela temperatura ambiente, pelo
agrupamento de condutores e de cabos, e pelo encaminhamento dos cabos (por exemplo, pelo interior
de tubagens, entre vigas, pela parte posterior do estuque, enterrados, etc.). Para uma dada temperatura
ambiente de referência, os fabricantes de cabos fornecem tabelas das correntes máximas admissíveis
dos cabos e dos condutores. Para a determinação das correntes admissíveis reais da instalação,
aqueles valores deverão ser multiplicados pelos factores de correcção associados a cada um dos
parâmetros citados anteriormente.
A temperatura nas coberturas pode atingir valores próximos de 70 ºC, pelo que estes níveis de
temperatura devem ser considerados quando se dimensiona o cabo da fileira para as instalações
colocadas em telhados. No caso de instalações integradas no telhado, os cabos das fileiras são
dimensionados para uma temperatura de serviço de 55 ºC e não têm de ser resistentes aos raios UV.
Com base nestes pressupostos, e para o correcto dimensionamento da cablagem dos sistemas
fotovoltaicos instalados em edifícios, fará sentido obter dos fabricantes os factores de correcção dos
cabos para as temperaturas de 55 ºC e 70 ºC.
Os cabos da fileira são normalmente agrupados até à caixa de junção do gerador. A disposição e o
afastamento entre os cabos e os condutores também deve ser tido em conta através do equivalente
factor de conversão.
Na protecção individual dos cabos das fileiras, deve-se ter em atenção que a corrente de curto-circuito é
aproximadamente igual à corrente nominal da fileira. Este facto condiciona o tipo de fusíveis que é
possível utilizar para a protecção dos cabos da fileira contra curto-circuitos.
Os fusíveis são normalmente distribuídos pelas várias fileiras dos grandes sistemas fotovoltaicos. A
secção transversal do cabo da fileira pode assim ser determinada a partir da corrente limite de não fusão
do fusível da fileira. Neste caso, a corrente máxima admissível do cabo (Iz,), deverá ser superior à
corrente nominal do aparelho de protecção (In), e inferior à corrente limite de não fusão do mesmo (Inf).
Por sua vez o Inf não poderá ser superior a 1,15 vezes o Iz.
In d Iz d Inf d 1,15 Iz
No intuito de evitar cortes intempestivos, a corrente nominal do fusível In terá de ser, pelo menos, 1,25
vezes maior do que a corrente nominal da fileira In Fileira.
In t 1.25 In Fileira
Uma vez que pode ocorrer uma falha de isolamento nos dois condutores activos, positivo e negativo, os
fusíveis devem proteger todos os condutores de fase. Para o condutor de protecção poderão ser
utilizados tanto fusíveis como disjuntores. No entanto, deve-se verificar se os disjuntores são adequados
para o funcionamento numa linha DC.
a 1 % da tensão nominal do sistema fotovoltaico para as condições de referência CTS. Este critério limita
a 1% as perdas de potência através dos cabos DC do sistema fotovoltaico.
A prática demonstra que para sistemas que operam com níveis de tensão DC superiores a 120 V (UMPP >
120 V), esta recomendação é mantida sem grandes problemas. No entanto, para tensões reduzidas
(UMPP < 120 V), é possível que a queda da tensão no circuito supere o limite de 1 %, mesmo usando
cabos com uma secção nominal de 6 mm2. Esta situação ocorre sobretudo no caso de existirem grandes
distâncias entre o inversor e o gerador fotovoltaico.
Por este motivo, e para este tipo de sistemas, é assumido uma queda de 1 % de tensão no cabo de
fileira e uma queda adicional de 1 % no cabo principal, como limite de dimensionamento.
Por este motivo, quando se utiliza como limite de dimensionamento uma queda de tensão admissível de
2 % para as condições de referência CTS, é de esperar que as perdas totais anuais no circuito DC não
sejam superiores a 1 %. As vantagens associadas a este desenho do sistema compensam as maiores
perdas, particularmente nas situações de sombreamento (ver capítulo 5 “Conceito da instalação eléctrica
para tensões reduzidas”).
Após determinar a secção transversal do cabo da fileira com base na corrente máxima admissível, este
resultado deverá ser confrontado com o limite de 1 % da queda de tensão admissível na linha. As
fórmulas que se seguem permitem calcular a secção transversal do cabo da fileira, assumindo o mesmo
comprimento para todos os cabos das fileiras. Neste caso, assume-se que haverá uma perda de
potência de 1 % em relação à potência da fileira para as condições de referência CTS.
2 u LM u I Fi
AM
1%U MPP u N
2
2 u LM u I Fi
AM
1%PFi u N
2 u U MPP u PFi
AM 2
1%U MPP u N
O resultado obtido deve ser arredondado para o maior valor aproximado das secções nominais dos
cabos standard (2,5mm2, 4mm2 e 6mm2).
As perdas totais nos cabos do sistema fotovoltaico, para as secções escolhidas, podem ser
determinadas através das seguintes fórmulas:
2
2 u N u LM u I Fi
PM
AM u N
2
2 u N u LM u PFi
PM 2
AM u U MPP u N
2
2 u I Fi §L L L ·
PM u ¨¨ 1 2 3 ... ¸¸
N © A1 A2 A3 ¹
O comprimento dos cabos de cobre das fileiras de módulos, pode ser obtido a partir dos seguintes
gráficos, considerando as secções nominais standard dos cabos. Nestas projecções foram definidas
perdas máximas na linha de 1 %.
Figura 5.19 - Comprimentos recomendados para os cabos de fileira de secção A=2.5 mm2 , para
uma tensão MPP inferior a 300 V
Figura 5.20 - Comprimentos recomendados para os cabos de fileira de secção A=2.5mm2 , para
uma tensão MPP superior a 300V
Figura 5.21 - Comprimentos recomendados para os cabos de fileira de secção A=4mm2 , para uma
tensão MPP inferior a 300V
Figura 5.22 - Comprimentos recomendados para os cabos de fileira de secção A=4mm2 , para uma
tensão MPP superior a 300V
Figura 5.23 - Comprimentos recomendados para os cabos de fileira de secção A=6mm2 , para uma
tensão MPP inferior a 300V
Figura 5.24 - Comprimentos recomendados para os cabos de fileira de secção A=6mm2 , para uma
tensão MPP superior a 300V
O cabo principal DC, assim como as linhas dos vários campos fotovoltaicos, devem ser capazes de
transportar a corrente máxima produzida pelo gerador fotovoltaico. Dado que a corrente de curto-circuito
do gerador fotovoltaico é ligeiramente superior à corrente nominal, os fusíveis não são adequados para
protegerem a instalação contra curto-circuitos. Como protecção contra falhas de isolamento e de
protecção de terra, é recomendada a instalação de um aparelho de protecção de corte automático,
sensível às tensões de contacto DC.
Adoptando mais uma vez a norma Alemã IEC 60364-7-712, sugere-se que o cabo principal DC seja
dimensionado para 1,25 vezes a corrente de curto-circuito do gerador sob condições CTS.
Imax d Iz
A secção transversal do cabo pode então ser optimizada, assumido-se uma perda máxima de potência
na linha de 1%.
2
2 u LDC u I n
ADC
FP u PFV PM u N
Com o factor de perdas FP = 1 % ou FP = 2 % para tensões reduzidas.
O valor calculado para a secção transversal do cabo principal ACABO DC , é arredondado para o maior valor
aproximado das secções transversais standard (2,5mm2, 4mm2, 6mm2, 10mm2, 16mm2, 25mm2, 35mm2,
etc.).
As respectivas perdas no cabo principal PCABO DC , são calculadas para a secção transversal do cabo
seleccionado, de acordo com:
2
2 u LDC u I n
PDC
ADC u N
2
2 u LDC u PFV
PDC 2
ADC u U MPP u N
Para uma eficaz protecção de terra e de curto-circuito, são recomendados cabos isolados para os
condutores positivos e negativos. Se forem usados cabos multipolares, o condutor de protecção de cor
verde/amarelo não deverá estar sujeito a nenhuma tensão. Para as instalações fotovoltaicas situadas em
locais onde existe o risco potencial de ocorrência de descargas atmosféricas, deverão ser usados cabos
com ecrãs/blindagens (ver capítulo 5 “Protecção contra descargas atmosféricas”).
Para o cálculo da secção transversal do cabo de alimentação AC, assume-se uma queda de tensão
máxima admissível na linha de 3 %, relativamente à tensão nominal da rede.
A secção transversal ACABO AC para uma instalação monofásica é calculado da seguinte forma:
2 u L AC u I nAC u cos M
AAC
3% u U n u N
3 u L AC u I nAC u cos M
AAC
3% u U n u N
Para potências fotovoltaicas até 5 kWp, são normalmente utilizadas secções de cabo ACABO AC até 6 mm2.
As perdas no cabo PCABO AC para a secção transversal escolhida, são determinadas através da seguinte
fórmula:
2
2 u L AC u I nAC u cos M
PAC
AAC u N
2
3 u LAC u I nAC u cos M
PAC
AAC u N
Para além disso, a impedância da rede aos terminais do inversor não deve ser superior a 1,25 :. Isto
resulta numa resistência adicional para o cabo do inversor (ver secção 5.8.1). Esta resistência é
determinada pelo comprimento (distância ao ponto de interligação da rede eléctrica pública) e secção
transversal do cabo de alimentação AC.
Para a maioria das configurações de sistemas fotovoltaicos, as caixas de junção do gerador podem ser
adquiridas junto dos fornecedores, já devidamente equipadas e montadas. Os fabricantes de módulos e
de inversores oferecem várias alternativas que são adequadas para os sistemas standard. As caixas de
junção fixadas no exterior, devem ficar protegidas em conformidade com o Código IP 54 e devem ser
resistentes aos raios UV. Recomenda-se no entanto a escolha de um local para a instalação que proteja
a caixa de junção da chuva e da irradiação solar directa.
Ao escolher a caixa de junção, deve-se verificar se existe um número suficiente de terminais para a
ligação dos cabos das fileiras. A caixa de junção do gerador deverá assegurar um grau de protecção de
classe II. Deve ser assegurada uma fácil acessibilidade para qualquer trabalho de manutenção que seja
necessário realizar. Nas caixas de junção com ligadores de aperto por parafuso, deve-se sempre
verificar a qualidade das ligações, pois um erro de execução pode levar à falha de uma fileira inteira. As
caixas de junção com ligadores de acoplamento por mola são as mais adequadas.
Os díodos de bloqueio das fileiras têm por função o desacoplamento eléctrico entre fileiras individuais.
Estes díodos são apenas utilizados nos sistemas fotovoltaicos com inversores centrais em que os
módulos estão sujeitos a importantes sombreamentos, ou então para módulos que não cumpram a
protecção classe II. São integrados na caixa de junção geral do gerador, juntamente com dissipadores
de calor. Para a protecção contra sobre-tensões, os descarregadores de sobre-tensão são ligados na
caixa de junção aos terminais negativos e positivos, e à terra (ver secção 5.7). O interruptor principal DC
é também frequentemente colocado na caixa de junção geral do gerador.
Faz também sentido ter um interruptor DC separado, imediatamente antes do inversor. Esta prática
permite o isolamento do cabo principal DC, prevenindo a ocorrência de contactos directos devido a uma
activação acidental do aparelho de corte (por exemplo, durante os trabalhos de manutenção do inversor).
De acordo com a norma europeia IEC 60364-7-712, deve ser instalado um aparelho de corte geral entre
o gerador fotovoltaico e o inversor. Este interruptor DC de corte bipolar deve ser dimensionado para a
tensão máxima do circuito aberto do gerador solar à temperatura de -10 ºC (UOC (PV –10 °C)) e para 125 % da
corrente máxima do gerador (ICC PV).
Na selecção do interruptor deve-se verificar se este possui a capacidade de ligar e desligar a corrente
directa em boas condições de segurança. As tomadas de encaixe dos cabos dos módulos, apenas
podem funcionar como isoladores sem carga, pelo que não possuem poder de corte nem de fecho. Em
nenhuma situação estes dispositivos poderão ser usados em substituição dos aparelhos de corte (ver
capítulo 3).
A caixa de junção geral do gerador pode incorporar componentes eléctricos standard, num invólucro
protegido contra impactos mecânicos. Na instalação dos aparelhos de corte, de protecção e de
comando, é possível usar blocos terminais montados sobre calhas em perfilado. Nesta disposição, os
terminais positivos e negativos deverão ser rigorosamente separados e protegidos contra falhas de terra
e curto-circuitos.
Nos grandes sistemas fotovoltaicos, são muitas vezes necessárias várias caixas de junção. Na
configuração dos inversores de cadeia de módulos, a caixa de junção geral do gerador pode ser
dispensada, uma vez que as fileiras estão directamente ligadas ao inversor. Neste caso, os
descarregadores de sobretensão (varistores) encontram-se integrados com os inversores de cadeia de
módulos.
Em linhas gerais, aplicam-se os seguintes comentários para a protecção de sistemas fotovoltaicos contra
descargas atmosféricas e sobretensões:
3 se não for instalado nenhum sistema de protecção contra descargas atmosféricas, o gerador
fotovoltaico terá de ser ligado à terra e incorporado no conjunto equipotencial, excepto:
A figura 5.24 proporciona uma vista geral das medidas, que devem ser tomadas para a protecção dos
sistemas fotovoltaicos contra descargas atmosféricas e sobretensões nos prédios em que não existem
equipamentos sensíveis (equipamentos informáticos, ...). Estes comentários serão examinados com
maior detalhe na secção seguinte.
Figura 5.25 - Selecção das medidas de protecção contra descargas atmosféricas e sobre-tensões
para sistemas fotovoltaicos instalados em prédios que não possuam equipamento sensível
A probabilidade de um prédio vir a ser atingido por um raio, pode ser determinada com base nas suas
dimensões, na informação ambiental e no “índice ceráunico”, que determina o número médio de dias de
tempestade por ano para a respectiva região. Para uma área urbana, a probabilidade de uma casa ser
atingida por uma descarga atmosférica, é de uma ocorrência em cada 1.000 anos. Numa quinta isolada
na orla de uma montanha, a probabilidade da incidência de uma descarga atmosférica, aumenta para
uma em cada 30 anos. Se esta quinta estiver numa localização não exposta, numa área rural com um
número normal de tempestades, a probabilidade desce, de novo, para uma ocorrência em cada 500
anos [Bec97].
De um modo geral, um sistema fotovoltaico instalado num edifício, não aumenta o risco do edifício de
poder vir a ser atingido por descargas atmosféricas directas. Por este motivo, construir um sistema
fotovoltaico num edifício já existente, não implica forçosamente a instalação de qualquer sistema
adicional de protecção contra descargas atmosféricas.
Em alguns casos particulares, quando o sistema fotovoltaico se encontra em locais expostos, poderá ser
necessária a instalação de um sistema próprio de protecção contra descargas atmosféricas. Um exemplo
desta situação, é o caso dos sistemas fotovoltaicos instalados nos telhados planos dos edifícios, uma
vez que o gerador fotovoltaico, como uma estrutura que se projecta para além do telhado, constitui um
ponto preferencial de impacto.
Cada impacto produzido por um raio, cria efeitos indirectos na área circundante, dentro de um perímetro
aproximado de 1km. Por esse motivo, a probabilidade de um prédio de poder ser afectado
indirectamente por um raio, é muito maior do que a probabilidade do prédio poder ser atingido por este.
Pode assumir-se que, durante o tempo de vida útil de um sistema fotovoltaico, este será afectado
numerosas vezes pelas descargas atmosféricas da área circundante.
O sistema de protecção interno de um prédio contra descargas atmosféricas, abrange todas as medidas
e equipamentos que respeitam não só a protecção dos dispositivos electrónicos (entre outros) dos
efeitos indirectos das descargas atmosféricas, como também dos efeitos da flutuação da tensão da rede
pública principal.
Quanto maior for o risco de um prédio de poder vir a ser atingido por um raio, e a importância dos
equipamentos electrónicos que abriga, mais abrangentes serão as medidas que deverão ser tomadas
para a protecção interna contra descargas atmosféricas. Um requisito prévio para a protecção interna
contra descargas atmosféricas, é a ligação equipotencial dos elementos condutores (guia técnico de
pára-raios, norma IEC 364-5-54). Através do barramento de terra, todos os sistemas condutores, tais
como as canalizações metálicas de água, de gás, de aquecimento, ... , devem ser ligadas ao eléctrodo
de terra (ver secção 5.7.5).
O raio pode ser acoplado indutivamente nos módulos fotovoltaicos, nos cabos dos módulos e no cabo
principal DC. O acoplamento indutivo nos módulos fotovoltaicos com armações metálicas, é perto de
metade daquele que se verifica com os módulos fotovoltaicos sem armação. No intuito de reduzir o
acoplamento nos condutores activos, cada condutor activo de uma fileira (positivo e negativo) deve estar
tão próximo um do outro quanto possível.
Neste caso, devemos estar seguros de que os cabos estão correctamente protegidos contra curto-
circuitos. Quanto menor for a área amarela da anterior figura, menor será a tensão induzida pela corrente
da descarga nos cabos dos módulos.
Recomenda-se o uso de cabos isolados blindados, nos sistemas fotovoltaicos que estão expostos a
descargas atmosféricas. A secção do cabo blindado deve ser no mínimo de 16 mm2 (cobre). O extremo
superior da blindagem deverá estar bem ligado à sub-estrutura metálica de apoio e às armações dos
módulos fotovoltaicos, segundo o traçado mais curto possível. Se não forem usados cabos blindados,
terão de ser ligados aos condutores activos descarregadores de sobre-tensão, com uma corrente
nominal de descarga de cerca de 10 kA. Com cabos blindados, é suficiente usar descarregadores de
sobre-tensão com uma corrente nominal de fugas aproximada de 1 kA.
do gerador. Nos locais expostos a raios, são instalados aparelhos de protecção contra sobre-tensões,
antes e depois do inversor.
Tabela 5.6
Tipo Uc (AC) Uc (DC)
75 75 V 100 V
150 150 V 200 V
275 275 V 350 V
320 320 V 420 V
440 440 V 585 V
600 600 V 600 V
A norma Alemã DIN VDE 0675, Parte 6, estabelece a diferença entre dois tipos de descarregadores, tipo
B e tipo C, de acordo com as classes SPD I e II para a norma IEC 61643-1. Os descarregadores de tipo
B, Classe I, podem escoar directamente para a terra descargas atmosféricas, e são utilizados quando
existe um risco elevado de incidência de descargas atmosféricas. Os descarregadores de sobre-tensões
Tipo C, Classe II, são utilizados normalmente nos lados DC e AC, com correntes nominais de descarga
de 1 kA por cada unidade de potência instalada (kWp). A tensão operacional UC (DC) do descarregador,
tem de corresponder, no mínimo, à tensão de circuito aberto do gerador fotovoltaico. A seguinte tabela
mostra os tipos e tensões recomendadas para os descarregadores AC e DC.
Um descarregador de sobre-tensão deve estar ligado entre cada pólo e a terra. Com os protectores de
sobre-tensão tipo C, Classe II, as tensões de referência deverão ser igual a 1,4 vezes a tensão máxima
fotovoltaica (E VDE 0126 Part 31). Para os locais com elevada probabilidade de incidência de descargas
atmosféricas, recomenda-se a instalação de descarregadores equipados com dispositivos de isolamento
térmico e indicadores visuais de falha.
O operador do sistema deve fazer uma inspecção visual dos descarregadores depois de cada
tempestade. No mínimo, esta inspecção deverá ser efectuada todos os seis meses. Se o local da
instalação dos descarregadores não for facilmente acessível, a falha dos descarregadores deverá ser
sinalizada remotamente. O indicador visual de falhas deve estar colocado num local de boa visibilidade
para o operador do sistema (por exemplo, na vizinhança imediata da caixa do contador). Nos inversores
que possuem monitorização contínua do isolamento da rede, o disparo dos aparelhos de protecção é de
imediato detectado, pelo que neste caso não é necessário a monitorização remota.
Se o prédio não tiver um sistema de protecção contra descargas atmosféricas, a estrutura de suporte do
gerador fotovoltaico deverá ser ligada à terra e incorporada na união equipotencial (ver indicação 1 na
figura 5.27).
O gerador fotovoltaico deve ser ainda ligado à terra, sempre que são utilizados inversores que não
possuem transformador de isolamento. Neste caso recomenda-se a ligação das armações dos módulos
à terra para áreas fotovoltaicas iguais ou superiores a 10 m2 [Doh99].
Deverá existir um especial cuidado na ligação das armações dos módulos fotovoltaicos e das sub-
estruturas metálicas ao condutor de protecção. Com o objectivo de assegurar a equipotencialidade entre
diferentes circuitos de protecção, é recomendado o emprego de condutores de ligação com uma secção
transversal mínima de 10 mm2 (cobre). A resistência de terra do eléctrodo de terra, ao qual o sistema
fotovoltaico está ligado, deverá ser medida e registada.
Não é necessário ligar à terra estruturas de suporte dos módulos fotovoltaicos de classe II para
potências totais instaladas inferiores a 5 kWp, nem as estruturas perfiladas de apoio que estão próximas
de prédios ou situadas no solo, das instalações fotovoltaicas que empregam tensões reduzidas de
segurança.
As medidas para a protecção contra descargas atmosféricas estão descritas na secção 5.7.2. O
diagrama a seguir mostra um exemplo de um sistema de protecção interno contra descargas
atmosféricas para um sistema fotovoltaico com um inversor centralizado.
Figura 5.28 - Exemplo de protecção contra sobre-tensões, para uma instalação PV que não está
integrada num sistema de protecção contra descargas atmosféricas
Para longos cabos DC, recomenda-se a instalação do descarregador de sobre-tensão (2)) antes do
inversor. Frequentemente, o descarregador de sobretensão (2)) e/ou (3)), já vem integrado com o próprio
inversor. Para os pequenos sistemas fotovoltaicos, com varistores integrados na entrada do inversor, é
possível dispensar o descarregador de sobre-tensão da caixa de junção geral do gerador. Também são
comercializados módulos fotovoltaicos com descarregadores integrados (varistores) na caixa de junção
do módulo.
Se já existir um sistema de protecção contra descargas atmosféricas, o gerador fotovoltaico deverá ser
incorporado neste sistema de protecção. O objectivo é prevenir que o raio seja capaz de atingir
directamente o módulo fotovoltaico. No caso dos captores de haste vertical, as varetas dos pára-raios
poderão ser utilizadas por forma a garantir que o cone de protecção abranja o sistema, em conformidade
com o estipulado no guia técnico do Pára-Raios.
Deverá ser mantida a separação entre a estrutura fotovoltaica e o sistema de protecção externo. O
afastamento entre o gerador fotovoltaico e a haste deve ser superior a 2 m, de forma a evitar-se uma
descarga lateral no gerador. As armações dos módulos fotovoltaicos e a estrutura metálica de suporte do
gerador fotovoltaico, deverão ser bem ligadas a um descarregador e pelo caminho mais curto possível.
Deve-se procurar evitar que as hastes dos pára-raios projectem sombras sobre os módulos. Pode
mesmo vir a ser necessário mudar as hastes dos pára-raios de local ou substituir a haste por uma mais
pequena, de modo a evitar maiores sombreamentos.
Normalmente são feitas grandes exigências em matéria de protecção contra sobre-tensões. O diagrama
seguinte apresenta um exemplo de um sistema de protecção interno contra descargas atmosféricas,
para um sistema fotovoltaico equipado com um inversor centralizado.
Figura 5.29 - Exemplo de protecção contra sobre-tensões para uma instalação FV que está
integrada num sistema de protecção contra descargas atmosféricas
O condutor geral de protecção ou de terra, deve ser encaminhado através da via mais curta para o
eléctrodo de terra, preferencialmente em linha recta e vertical. Devido aos riscos de descarga laterais e
de indução, deve ser separado dos restantes cabos eléctricos. Deve evitar-se formas de ligação que
possam vir a gerar correntes de retorno (loops). Os condutores de protecção dos geradores
fotovoltaicos situados em prédios que não possuem sistema de protecção contra descargas
atmosféricas, devem ter a mesma secção transversal que o cabo principal DC, ou 4 mm2, conforme
a maior secção.
Para além destes condutores, poderão também ser utilizados componentes “naturais”, como por
exemplo:
x o esqueleto metálico da estrutura do prédio;
x o aço reforçado de ligação contínua da estrutura de betão armado do prédio;
x fachadas, carris e sub-estruturas das fachadas de metal, desde que:
o as suas dimensões venham ao encontro do que é regulamentado para os condutores de
descida, e a sua espessura não seja inferior a 0,5 mm;
o exista uma ligação eléctrica conductiva na direcção vertical.
As instalações metálicas, tal como as canalizações de abastecimento de água ou de gás, não poderão
ser consideradas como eléctrodos de terra.
Os condutores neutro e de protecção não devem, sob circunstância alguma, ser usados como
condutores de terra ou eléctrodos de terra.
O circuito de protecção deve ser construído de acordo com um dos seguintes tipos:
Também podem ser usados como componentes “naturais”, as estruturas contínuas de aço do betão
armado, ou outra construção subterrânea de metal inserida nas fundações do edifício e com dimensões
dentro dos valores limite acima indicados.
5.7.6 Variantes das protecções contra descargas atmosféricas e das protecções de terra
Os diagramas a seguir mostram possíveis desenhos dos circuitos de protecção para um gerador
fotovoltaico [Dgs99].
Siglas:
CJG Caixa de junção geral do gerador equipada com descarregadores de sobretensão
INV Inversor equipado com varistores
M Caixa do contador
BarrT Barramento de terra
Q Quadro eléctrico
De salientar ainda o capítulo III do Decreto-Lei nº 168/99 – “Requisitos Técnicos de Segurança”, que
estabelece os condicionamentos técnicos de ligação que o gerador deve respeitar, afim de operar sem
provocar perturbações e efeitos adversos no fornecimento de energia eléctrica aos restantes utilizadores
da rede.
Em todos os casos, as características e o tipo de ligação á rede receptora deverão ser sempre
esclarecidos junto do respectivo operador de rede, antes do pedido da licença de estabelecimento da
instalação de produção. O operador deverá disponibilizar um conjunto de informações, como sejam
dados sobre a potência disponível de ligação no respectivo ponto de recepção e a potência de curto-
circuito mínima.
Outro aspecto fundamental, será o esquema de protecção “anti-Islanding”, que consiste na detecção de
uma falha da tensão da rede (devido a trabalhos de manutenção pelo pessoal técnico da operadora ou à
actuação de uma protecção da linha) e a abertura automática de um aparelho de interligação, que corte
a ligação á rede da instalação de produção. Estes componentes de protecção formam o sistema de
protecção da interligação, e encontram-se geralmente integrados com o inversor.
A compatibilidade entre os sistemas irá depender, entre outros (potência da instalação, capacidade da
linha, etc.), da impedância do ponto de interligação (impedância AC da rede receptora no ponto de
interligação). Esta impedância, que não deverá ser superior a um determinado valor, é medida através
de um instrumento de medida que está adaptado para medir a resistência do circuito entre a fase L e o
condutor neutro N.
A resistência do ramal monofásico de ligação, entre a saída do inversor e o ponto de ligação à rede
receptora, é calculado da seguinte forma:
2 u LAC
R AC
AAC u N
Tabela 5.7
Parâmetros eléctricos Símbolo Unidade
Comprimento do cabo do ramal AC LAC m
Secção transversal do cabo do ramal AC AAC mm2
Condutividade Eléctrica (cobre KCU = 56; alumínio KAL = 34) N m/(: x mm2)
Resultam assim os seguintes valores de resistência por unidade de comprimento dos condutores de
cobre, em função da respectiva secção:
Tabela 5.8
Secção AAC Resistência RAC
1,5 mm2 0,024 :/m
2,5 mm2 0,014 :/m
4 mm2 0,009 :/m
6 mm2 0,006 :/m
A impedância do sistema vista pelo inversor, é o resultado do somatório da impedância da rede no ponto
de interligação e da impedância do ramal. O ponto de interligação, é definido como o ponto da rede
receptora onde se liga a extremidade do ramal que serve a instalação de produção.
A protecção da interligação destina-se a impedir que a instalação de produção possa perturbar a rede de
recepção e a minimizar os riscos de acidentes devido ao funcionamento do gerador fotovoltaico em
paralelo com a rede.
Nos sistemas fotovoltaicos que possuem protecções de interligação do tipo ENS/MSD, a protecção é
garantida através da monitorização contínua e corte automático da ligação à rede. Para este tipo de
protecção de interligação, o inversor poderá ser desligado no caso do valor da impedância da rede
exceder 1,25 : (“ohms”). Nestes casos, terá de ser escolhido um cabo para o ramal da ligação com uma
maior secção transversal, ou então encurtado o comprimento da linha (escolhendo uma localização mais
próxima do inversor).
O inversor deverá estar localizado junto ao quadro geral do gerador, em série com o contador (contador
que efectua a medição da energia total produzida pela instalação de produção).
A ligação do gerador à rede eléctrica pública não deve provocar variações significativas da tensão da
rede. Esta condição pode ser avaliada pelo cálculo do aumento de tensão no ponto de interligação.
Segundo o GTPIEE, se o resultado for inferior a 1 %, é provável que a ligação não provoque uma
perturbação significativa.
Esta condição também pode ser estimada pelo rácio entre a potência de curto-circuito no ponto de
interligação e a potência máxima aparente (potência AC) do sistema fotovoltaico (na Alemanha, este
rácio nunca é superior a 50).
Sccm = IPC x Un 3
Segundo o GTPIEE, deve-se optar pela ligação a uma rede de baixa tensão ou de média tensão,
conforme se verifique o seguinte:
Caso não se verifique a condição anterior para os sistemas ligados em baixa tensão, poderá ser
necessário a ligação à rede de média tensão. Esta situação levaria a um aumento dos custos totais de
investimento para o operador do sistema fotovoltaico.
A operação de um sistema fotovoltaico em paralelo com a rede, poderá ser implementada de uma das
seguintes formas:
1) instalação fotovoltaica monofásica equipada com inversores que não funcionam de modo autónomo,
até uma potência máxima aparente de 4,6 kVA. Este sistema faz a monitorização da tensão entre
fases da alimentação trifásica do prédio;
2) instalação fotovoltaica trifásica que entrega uma potência máxima na rede de 30 kVA, e que consiste
na interligação entre múltiplos inversores monofásicos com uma potência individual até 4,6 kVA, não
autónomos, com capacidade de monitorização da tensão entre fases de uma alimentação trifásica;
3) instalação fotovoltaica trifásica que entrega uma potência máxima na rede de 30 kVA, equipada com
dispositivo de vigilância e de corte trifásico ENS/MSD;
4) instalação fotovoltaica trifásica que entrega uma potência máxima na rede de 30 kVA, e que consiste
na interligação entre múltiplos inversores monofásicos. Neste caso cada fase deverá ser ligada a um
dispositivo ENS/MSD monofásico, e a potência entre fases não deverá superar 4,6 kVA;
5) instalação fotovoltaica monofásica que entrega uma potência máxima na rede de 4,6 kVA, equipada
com um dispositivo ENS/MSD monofásico;
Os valores limite de 4,6 kVA para as ligações monofásicas e de 30 kVA para as ligações trifásicas, estão
relacionados com a potência nominal standard PnAC do inversor. A potência do gerador fotovoltaico
poderá naturalmente ser superior a 5 kWp e 30 kWp, respectivamente.
A ligação à rede receptora deve ser efectuada através de um órgão de corte de segurança, que permite
isolar a instalação de produção. Este aparelho deve estar permanentemente acessível pelo pessoal
técnico da concessionária da rede receptora.
Existem vários tipos de sistemas de protecção da interligação à rede receptora, cada um deles com
diferentes características particulares. O sistema ENS/MSD é talvez o mais representativo de todos,
dado a universo de sistemas fotovoltaicos que estão ligados à rede na Alemanha, onde este dispositivo é
largamente difundido.
O dispositivo ENS /MSD pode vir integrado no próprio inversor ou estar disponível como uma unidade
separada monofásica até 4,6 kVA, e trifásica até 30 kVA. Nas instalações fotovoltaicas com potências
AC superiores a 4,6 kVA, é possível ligar em paralelo os sistemas individuais ENS/MSD de cada inversor
ou intercalar um único sistema ENS/MSD no ramal de ligação à rede receptora.
De acordo com o GTPIEE, a presença destes dispositivos de corte automático, não dispensa o uso de
um órgão de corte de segurança de comando manual, para o isolamento da instalação de produção
durante os trabalhos de inspecção, de manutenção ou de reparação.
A energia entregue à rede eléctrica pública pela instalação fotovoltaica, é medida por um contador que é
propriedade do produtor. Este contador é independente de um outro contador, que mede a energia
consumida a partir da rede (propriedade do distribuidor). Estes dois aparelhos deverão estar localizados
num invólucro com índice de protecção adequado e instalados em local previamente acordado com o
distribuidor.
No caso de uma instalação de produção ligada á rede de baixa tensão, e de acordo com o guia
GPLIEMA, deverá ainda existir um outro contador situado no interior da propriedade, que permita a
leitura da energia total produzida pela instalação de produção. Este aparelho destina-se ao controlo dos
níveis de autoconsumo, que terá de ser sempre superior a 50 % da totalidade da energia eléctrica
produzida. Os registos deste contador deverão ser comunicados pelo produtor à entidade licenciadora da
instalação.
Figura 5.33
O conteúdo e a extensão da proposta, fornecem ao cliente uma informação valiosa sobre a empresa que
deverá conduzir o trabalho. A proposta técnica-comercial deverá ser elaborada com base na compilação
dos dados recolhidos. Esta proposta deverá apresentar referências detalhadas das unidades
necessárias em termos de equipamentos e materiais, devendo neste campo ser o mais objectiva
possível.
5.9.1 Custos
Para os sistemas standard, os fabricantes e fornecedores fornecem muitas vezes uma cotação que inclui
todos os componentes necessários e acessórios. Para os primeiros trabalhos, fará sentido recorrer a
esta informação. Contudo, é sempre necessário verificar se todos os componentes estão incluídos para
o projecto em causa e observar os níveis de desempenho dos componentes individuais, por forma a ser
possível comparar os diferentes orçamentos.
Deve ser dada uma especial atenção à selecção dos módulos fotovoltaicos e dos inversores, pois estes
dois componentes são responsáveis por 75 a 85 % dos custos totais do sistema fotovoltaico. Será
sempre vantajoso confrontar preços de diferentes fornecedores e/ou fabricantes.
Geralmente surge algum factor de incerteza, quando se faz o cálculo dos recursos e do tempo envolvido
na instalação. Só será possível fazer uma estimativa correcta, depois de se ter ganho alguma
experiência com projectos. Na secção 5.9.2., são fornecidos alguns valores aproximados dos tempos
envolvidos, para a instalação de sistemas fotovoltaicos standard em casas particulares. Deverá também
ser incluído na proposta comercial, a eventualidade de custos adicionais para andaimes e todo o
trabalho de construção que vier a ser necessário realizar no telhado. A avaliação precisa das condições
de instalação, é outro factor importante para a apresentação de uma proposta bem fundamentada (ver
capítulo 4 “Visita ao local”).
O diagrama a seguir mostra a distribuição percentual dos custos dos sistemas fotovoltaicos para varias
configurações de inversores.
Na tabela que se segue, estão apresentados preços específicos médios em €/kWp (líquido) para
sistemas fotovoltaicos, de acordo com um inquérito conduzido no ano 2.000, no âmbito do programa
Alemão “100.000 telhados”. Este inquérito permitiu verificar que 93 % dos sistemas registados neste
programa, foram sistemas instalados em telhados. Os custos apresentados são muito semelhantes aos
que são praticados ao nível do nosso País.
Tabela 5.9
Fonte: relatório anual kfW 2000 e IÖW 2001
Preços específicos médios em €/kWp
Geral 50-120 kWp 10 – 50 5 – 10 3–5 2–3 <2
kWp kWp kWp kWp kWp
Gerador solar 4.313 3.941 4.045 4.518 4.429 4.362 4.469
Inversor 684 624 596 681 738 671 828
Outros componentes 497 386 522 437 491 518 638
Custos de mão-de-obra 518 356 464 444 540 613 721
Total 6.012 5.307 5.627 6.079 6.199 6.164 6.657
Contudo, os custos evitados com os materiais de construção numa fachada convencional ou numa
cobertura normal, podem ser deduzidos. Para além disso, existem outros benefícios e sinergias que não
podem ser directamente deduzidas, como poderão ser as poupanças de energia na iluminação e no
aquecimento pelo uso de vidros semitransparentes, e os aspectos qualitativos como a estética, o
carácter inovador e a imagem ecológica da tecnologia solar.
A proporção de sistemas instalados em fachadas na Alemanha (em 2001) foi de 5 %. A proporção dos
sistemas integrados no telhado foi de 7 %. A seguinte tabela mostra os custos brutos de várias fachadas
fotovoltaicas, para diferentes tecnologias e infra-estruturas, em comparação com os custos de
envidraçados convencionais.
Tabela 5.11 - Factores de custo médio para diferentes tipos de módulos fotovoltaicos
Base de Dados: Sta99 e inspecções próprias
Factor médio por m²
Módulo Standard 1,00
Módulo Standard integração no telhado 1,10
Telhas fotovoltaicas 1,15
Módulo especial 1,30
Módulo de concepção específica para coberturas de vidro 1,48
Módulo de concepção específica com fixação mecânica pontual 1,63
Módulo de concepção específica com vidro isolante 1,70
Para os módulos semitransparentes, o custo por kWp depende fortemente do índice de transmissividade
do módulo. Nas telhas solares a proporção do caixilho é maior, o que implica uma menor superfície de
captação solar. Resulta assim que os custos específicos por unidade de produção podem sofrer um
aumento de 20 %, em comparação com os custos específicos por unidade de área.
Todos os valores apresentados nesta secção devem ser entendidos como valores de referência. A figura
5.39 mostra a distribuição percentual do tempo despendido na construção de sistemas fotovoltaicos de
grande e de pequena dimensão. Torna-se claro que o tempo ocupado no desenho e planeamento do
projecto é superior para os grandes sistemas fotovoltaicos.
Para os sistemas instalados em habitações particulares, o tempo necessário para a aquisição, visita ao
local, preliminar planificação e elaboração da proposta comercial, é aproximadamente de oito horas.
Para o planeamento, preparação e aquisição do equipamento, são necessárias cerca de doze horas. A
instalação de uma estrutura no telhado para sistemas de 2 a 3 kWp, requer cerca de duas a seis horas.
Devem ser previstas três horas para cada uma das seguintes tarefas: redacção, entrega da
documentação, teste e arranque da instalação. Os serviços adicionais e os tempos necessários para a
implantação do sistema fotovoltaico, podem ser retirados da lista que a seguir é indicada. Estes valores
são válidos para sistemas com potências compreendidas entre 1 e 5 kWp.
Para além dos tempos afectos à implantação do sistema, devem ser ainda considerados os períodos de
tempo gastos nas deslocações, os tempos mortos, os tempos de preparação, entrega e remoção do
material, e os tempos gastos em reuniões, na verificação final, entrega e monitorização do sistema.
Estes últimos valores devem estar calculados no âmbito das despesas correntes [Dgs99].
Tabela 5.12
Nº Quantidade Serviço Tempo
(minutos)
01 unidade Módulo fotovoltacio, 100 Wp 30
Montagem numa armação existente no telhado e ligação
02 (m) Cabo para a ligação do módulo até à caixa de junção fotovoltaica 8
03 Unidade Caixa de junção do gerador fotovoltaico até 2 kW 140
Montagem e ligação
04 (m) Cabo principal DC assente em braçadeiras 11
05 (m) Cabo principal DC canalizado 5
06 (m) Tubagem metálica 11
Colocado 40 x 40 mm
07 Unidade Inversor central para um gerador solar com uma potência máxima de 2 kWp 180
Inclui o interruptor principal DC
Ajuste: 80 minutes ; Ligação: 100 minutos
08 Unidade Inversor de cadeia de módulos para um gerador solar com uma potência máxima de 2 kWp 65
09 Unidade Caixa do contador que mede a energia entregue à rede 200
(equipada com equipamento de protecção AC)
montagem, ajuste e ligação
Nas seguintes tabelas são expostos exemplos de cotações de sistemas fotovoltaicos instalados em
telhados, com potência até 2 kWp. Estes exemplos permitem assegurar que nenhum dos principais itens
será esquecido na elaboração da proposta.
Tabela 5.13
Nº. Quantidade Serviço Valor Valor
unitário Total
1. Gerador fotovoltaico e instalação DC
1.01 20 unidades Fornecimento e montagem dos módulos fotovoltaicos de 100W. Inclui estrutura de
suporte e de fixação.
Fabricante: ..........................................
Tipo: .................................................
1.02 110 m Fornecimento, encaminhamento e ligação da cablagem do modulo fotovoltaico.
Inclui tubagem em material plástico isolante.
1.03 2m Fornecimento e assentamento da conduta de metal pintado (branco, castanho ou
cinzento).
3. Inversor
3.01 1 unidade Fornecimento, colocação, ligação e arranque de um inversor de cadeia de módulos
adequado para a operação em paralelo com a rede de baixa tensão.
Potência nominal: 2.000 W
Tensão de entrada: 125-500 V DC
Intervalo Operacional UAC: 196-253 V AC
Fabricante: ..........................................
Tipo: ..................................................
Total item 3: Inversor
4. Instalação AC
4.01 1 unidade Modificação e expansão da caixa do contador para a recepção do contador.
Fornecimento, instalação e ligação dos seguintes componentes:
Inclui:
1 aparelho de corte automático;
1 terminal eléctrico de 4 pólos;
2 terminais eléctricos unipolares;
4.02 2 Fornecimento, montagem e ligação dos contadores que medem a energia total
produzida pelo gerador e a energia injectada na rede.
4.03 18 m Fornecimento, encaminhamento, e ligação do cabo AC intercalado entre o inversor e
a caixa do contador. Inclui condutas e apoios.
4.04 1 unidade Fornecimento, montagem e ligação da caixa de junção geral no exterior.
4.05 1 unidade Fornecimento, ajuste e ligação de um interruptor rotativo, 3 pólos, 25 A.
Total item 4: Instalação AC
(Cont.)
Nº. Quantidade Serviço Valor Valor
unitário Total
5. Protecção contra descargas atmosféricas, ligação à terra e equalização do
potencial
5.01 25 m Fornecimento, colocação e ligação de cabo blindado. Inclui conduta em material
plástico isolante.
5.02 4m Fornecimento, colocação e ligação do condutor do circuito de protecção
5.03 6 unidades Fornecimento e instalação de ligadores adequados
Total item 5: Circuitos de protecção
6. Diversos
6.01 1 unidade Documentação:
Diagrama unifilar da instalação eléctrica
Esquema detalhado das ligações;
Descrição, tipos e características dos equipamentos;
Elaboração da memória descritiva do projecto;
Licenciamento da instalação.
Teste e arranque da instalação.
Entrega da instalação.
6.02 5h Tempo despendido pelo engenheiro projectista .
6.03 5h Tempo despendido pelo técnico instalador.
Total item 6: Diversos
Sumário
Item 01 Gerador fotovoltaico e instalação DC
Item 02 Montagem da estrutura de suporte dos módulos fotovoltaicos
Item 03 Inversor
Item 04 Instalação AC
Item 05 Protecção contra descargas atmosféricas, ligação à terra e equalização potencial
Item 06 Diversos
Total líquido
+ IVA
Orçamento total, em Euros
Tabela 5.14
Nº. Quantidade Serviço Valor Valor
unitário Total
1. Gerador fotovoltaico e instalação DC
1.01 20 unidades Fornecimento de módulos fotovoltaicos de 100W. Inclui estrutura e materiais de
suporte e de fixação.
Fabricante:..........................................
Tipo:.................................................
1.02 130 m Fornecimento, encaminhamento e ligação da cablagem do modulo fotovoltaico. Inclui
tubagem em material plástico isolante.
Fabricante: ..........................................
Tipo: .................................................
1.03 1 unidade Fornecimento, colocação e ligação da caixa de junção geral para uma potência do
gerador até 2.5 kW. Inclui protecção bipolar contra sobretensões com indicação
remota e aparelho de corte geral bipolar do gerador fotovoltaico.
Fabricante:..........................................
Tipo:.................................................
1.04 44 m Fornecimento, encaminhamento e ligação da cablagem do modulo fotovoltaico. Inclui
tubagem em material plástico isolante.
(Cont.)
Nº. Quantidade Serviço Valor Valor
unitário Total
1.05 1m Fornecimento e assentamento da conduta de metal pintado (branco, castanho ou
cinzento).
Total item 1: Gerador Solar
3. Inversor
3.01 1 unidade Fornecimento, colocação, ligação e arranque de um inversor de cadeia de módulos
monofásico, adequado para a operação em paralelo com a rede de baixa tensão.
Inclui invólucro com protecção IP apropriada para o local de instalação e os seguintes
componentes:
- Interruptor principal DC;
- Aparelhos de protecção contra sobretensões;
- Terminais de entrada DC;
- Terminais de saída AC;
Fabricante: ..........................................
Tipo: .................................................
Total item 3: Inversor fotovoltaico
4. Instalação AC
4.01 Modificação e expansão da caixa do contador para a recepção do contador da energia
entregue à rede. Fornecimento, instalação e ligação do seguintes componentes:
1 aparelho de corte automático;
1 terminal eléctrico de 4 pólos;
2 terminais eléctricos unipolares;
4.02 2 Fornecimento, montagem e ligação dos contadores que medem a energia total
produzida pelo gerador e a energia injectada na rede.
4.03 5m Fornecimento, encaminhamento, e ligação do cabo AC intercalado entre o inversor e a
caixa do contador. Inclui condutas e apoios.
Total item 4: Instalação AC
6. Diversos
6.01 1 unit Documentação:
- Diagrama unifilar da instalação eléctrica
- Esquema detalhado das ligações;
5.9.4 Descrição, tipos e características dos equipamentos;
5.9.5 Elaboração da memória descritiva do projecto;
Licenciamento da instalação.
Teste e arranque da instalação.
Entrega da instalação.
6.02 5h Tempo despendido pelo engenheiros projectista.
6.03 5h Tempo despendido do técnico instalador.
Total item 6: Diversos
(Cont.)
Nº. Quantidade Serviço Valor Valor
unitário Total
Sumário
Item 01 Gerador fotovoltaico e instalação DC
Item 02 Montagem da estrutura de suporte dos módulos fotovoltaicos
Item 03 Inversor
Item 04 Instalação AC
Item 05 Protecção contra descargas atmosféricas, ligação à terra e equalização potencial
Item 06 Diversos
Total líquido
+ IVA
Orçamento total, em Euros
Para se ter uma previsão da produção de energia, é necessário avaliar a localização e a qualidade do
sistema fotovoltaico. Para este efeito, são deduzidas as perdas do sistema fotovoltaico à produção ideal
calculada para o gerador (Eideal). O diagrama a seguir mostra os factores de perdas e a percentagem
média das perdas de que são responsáveis, em relação à totalidade da energia Eideal produzida pelo
gerador.
Figura 5.36 - Diagrama do fluxo de energia para um sistema com ligação à rede
E real
ID
E ideal
A energia idealmente produzida pelo gerador fotovoltaico (Eideal), é o resultado do produto entre o
número de horas de sol equivalente (Heq), a área da superfície do gerador fotovoltaico (APV) e a
eficiência dos módulos fotovoltaicos (K (“eta”)).
ou também:
A maneira mais generalizada do cliente ter uma previsão da energia produzida anualmente pelo sistema
fotovoltaico, é através do recurso a programas de simulação (ver capítulo 7).
Em alternativa aos programas de simulação, poderá ser usado um diagrama de irradiação solar (ver
capítulo 2, figura 2.29). Usando este diagrama, podemos determinar a irradiação anual que incide em
cada unidade de área a partir da orientação e inclinação do módulo (Irr). O valor assim calculado é
multiplicado pela área total da superfície do gerador (APV), resultando na irradiação anual total que é
colectada pelo gerador fotovoltaico:
Com a eficiência do módulo (K), obtemos a energia ideal produzida (Eideal) num ano:
Eideal = EPV x K
Ao multiplicar este valor percentual pelo índice de desempenho (ID), obtemos a energia realmente
produzida pelo gerador fotovoltaico.
Ereal = Eideal x ID
A produção específica expressa em kWh por kWp, também permite comparar resultados operacionais
entre sistemas situados em diferentes locais. Este parâmetro pode ser definido para referências
temporais de um dia, de uma semana, de um mês ou de um ano, sendo designado por “Factor de
Produção”.
E real
FP
PnPV
Para os sistemas fotovoltaicos autónomos, tornou-se uma prática corrente calcular o factor de produção
como um valor médio diário. Se o factor de produção for calculado para um período de um ano, deverá
coincidir com a produção específica anual do sistema fotovoltaico.
Ao nível nacional, é de realçar a transposição da Directiva Europeia sobre o desempenho energético dos
edifícios que se encontra actualmente em preparação, no sentido da revisão da regulamentação e
legislação nacional, remetendo para a obrigatoriedade dos edifícios virem a ter um certificado energético.
Algumas das novas medidas que serão contempladas na regulamentação energética dos edifícios
(RCTE – Regulamento do Comportamento Térmico dos Edifícios e RSECE - Regulamento dos Sistemas
Energéticos e de Climatização dos Edifícios), consistem na limitação do consumo energético global dos
edifícios para fins de aquecimento, arrefecimento e para águas quentes sanitárias, e o incentivo à
instalação de sistemas solares nos edifícios através da concessão de um limite superior de consumo
energético.
Os sistemas fotovoltaicos instalados em edifícios estão sujeitos às disposições construtivas que incidem
sobre os produtos e edificações urbanas. Estes disposições fazem parte integrante dos regulamentos
técnicos aplicáveis em cada país ou região particular, que estipulam quais os produtos de construção
que podem ser utilizados e em que situação. No caso dos produtos de construção, poderá diferenciar-se
entre:
Os produtos de construção que não têm grande relevância em termos de segurança, não requerem
nenhuma homologação especial para a sua instalação. Contudo, devem ir ao encontro dos requisitos
estipulados para o material de que são constituídos, por exemplo, em termos da sua resistência
mecânica, resistência ao calor e durabilidade.
Os módulos fotovoltaicos com fixação mecânica, que não têm outra função do que a produção de
energia (por exemplo, na montagem sobre o telhado), poderão ser catalogados como "Outros Produtos
de Construção”. A resistência mecânica e a durabilidade dos módulos encapsulados com resina fundida
ou com EVA, é definida fundamentalmente pelas características do vidro que usam. Assim, o factor
determinante consiste em saber se o vidro é um produto de construção regulamentado ou não.
Os vidros regulamentados usados no sector da construção são o vidro plano, armado, perfilado em
forma de U, duplo e o vidro especial de segurança (laminado, temperado ou endurecido a quente).
Tomando como exemplo o vidro temperado, verifica-se que o emprego deste vidro como parede ou
cobertura de vidro não é autorizado, salvo se estiverem reunidas algumas condições em termos de
espessura, altura da queda e dimensões do vidro. Os módulos solares construídos com materiais não
regulamentados, como é o caso do vidro temperado, só poderão ser integrados em edifícios após a
solicitação de um parecer técnico e respectiva aprovação. Esta situação será o caso da maioria dos
módulos standard, já que normalmente utilizam vidro temperado.
À semelhança dos produtos de construção, poder-se-á estabelecer uma divisão no que respeita:
Não é tão fácil afirmar que um determinado tipo de construção está regulamentado como no caso dos
produtos de construção, porque obviamente não é possível aplicar uma marca CE a um processo de
construção (embora exista a marca de qualidade LNEC para os empreendimentos de construção).
Em Portugal, o alvará de licença de construção é emitido pela Câmara Municipal. Concluída a obra, a
autarquia procede à vistoria da obra e, no caso de um parecer positivo, emite a licença de utilização da
construção que comprova a conformidade da obra com o projecto que foi aprovado e com os
condicionantes do licenciamento. A certificação de produtos tais como o vidro e a cerâmica, são
essencialmente assegurados pela Certif (Associação para a Certificação de Produtos) e o CTCV (Centro
Tecnológico da Cerâmica e do Vidro).
x limitação do risco de lesões de pessoas por queda de fragmentos importantes em caso de quebra do
vidro,
x segurança dos utilizadores e dos intervenientes durante as operações de conservação e de
manutenção,
x segurança em caso de incêndio.
Devido ao risco da ocorrência de lesões por parte das pessoas que circulam debaixo de áreas
envidraçadas dos edifícios (envidraçados horizontais ou com uma inclinação superior a 10º da vertical),
resultante da queda de fragmentos na eventualidade da quebra do vidro, é normalmente recomendado o
uso de vidro de segurança laminado. Se as estruturas de protecção estiverem fixas em baixo, e se
tiverem suficiente capacidade para suportar o peso dos painéis envidraçados de forma permanente,
poderá ser autorizada a utilização de outros materiais. Neste contexto, os painéis/módulos fotovoltaicos
semitransparentes deverão ser compostos por placas de vidro duplo isolante, em que a placa posterior é
feita de vidro de segurança laminado.
Se for prevista a circulação do pessoal de manutenção sobre os módulos, para além de terem de cumprir
os requisitos gerais, os módulos fotovoltaicos terão de ser submetidos a testes de resistência ao
impacto.
No caso de envidraçados verticais ou que não se desviem em mais de 10º da posição vertical (inclui os
sistemas de montagem), poderão ser utilizados vários materiais de vidro regulamentos, desde que
cumpram com as regras atrás citadas.
Em geral, nas superfícies acessíveis, deverá ser garantida uma protecção contra a queda dos
envidraçados, se as superfícies adjacentes estiverem a mais do que um metro abaixo da estrutura. Os
envidraçados de espaços habitados devem ser construídos de tal forma que os utilizadores, quando em
contactos normais ou acidentais com os envidraçados, não se magoem ou caiam através dela.
Segundo a norma alemã DIN 18516-4, é permitido o uso do vidro de segurança endurecido a quente nos
painéis de vidro ventilados de fachadas exteriores. Esta norma permite ainda a montagem de módulos
solares com vidro de segurança endurecido, desde que a temperatura do vidro não ultrapasse 80 ºC.
Actualmente já estão disponíveis no mercado módulos fotovoltaicos semitransparentes com uma
estrutura laminada de vidro endurecido, especialmente comercializados para este tipo de aplicação.
Embora os módulos fotovoltaicos sejam compostos principalmente de materiais que não são
combustíveis (vidro, silício, alumínio), também incorporam materiais inflamáveis (resina, plásticos). Por
este motivo, não recebem em geral uma classificação máxima em termos de resistência e reacção ao
fogo.
Fabricante:____________ Código:____________
Potência nominal DC: ____________ Potência máxima fotovoltaica: ____________
Intervalo UMPP : _________ – _______ Local do ponto de ligação:____________
Tensão de corte DC:__________ Eficiência:____________
UDC, max:____________ IDC, max:____________
Preço: ____________ Garantia:____________
Registo de dados/visualizador:________________________________________________
6. Dimensionamento
Conferir a compatibilidade entre a esquema de ligação dos módulos e o inversor (tendo em atenção os
seguintes casos: T = –10 °C, +70 °C, Imax).
Caso ocorram discrepâncias, repetir os passos anteriores. Se necessário seleccionar diferentes módulos
e/ou diferentes inversores.
Listagem das principais partes do sistema e dos respectivos custos. Estimativa dos recursos materiais e
humanos, assim como do tempo envolvidos no projecto. Elaboração do orçamento do projecto.
Prever a produção energética total anual do sistema (poderá ser utilizado um programa de simulação
para o efeito).
Irradiação em cada unidade de área (kWh/m2):________________________
Irradiação na área da superfície total do gerador (kWh):__________________
Perdas percentuais por sombreamento (%):_____________________
Produção total do sistema fotovoltaico (kWh):______________________
(com um índice de desempenho de, por exemplo, 80%)
Produção específica (kWh/kWp):________________________
6.1 Introdução
O correcto uso de programas de simulação, requer um conhecimento prévio por parte do técnico sobre
os sistemas fotovoltaicos autónomos. Os programas devem a sua precisão à introdução de
consideráveis quantidades de dados complexos e à destreza do técnico no manuseamento desses
dados. A este respeito, o processo de desenho aqui descrito deve ser visto como um primeiro passo, no
sentido de se produzir um desenho final do sistema a instalar.
Uma das tarefas mais importantes quando se planeiam sistemas autónomos, consiste em equilibrar a
relação entre o consumo e a produção de energia. Uma vez que a energia solar é uma fonte de energia
limitada e aleatória, o consumo diário de energia eléctrica, o nível de radiação e a capacidade do
acumulador, devem ser calculados com rigor e equilibrados entre si.
Um gerador fotovoltaico que seja apenas usado durante uma fracção do seu tempo de vida útil,
conduzirá a maiores períodos de retorno do investimento. Nestes casos, é mais sensato utilizar um
sistema híbrido, composto por um gerador fotovoltaico e um gerador auxiliar operado por um motor de
combustão. Outra combinação possível consiste num sistema fotovoltaico apoiado por um gerador
eólico. Dependendo das condições do local, o gerador eólico poderá constituir uma interessante solução,
uma vez que o sol e o vento se complementam em muitos locais. O diagrama de um simples sistema
fotovoltaico autónomo é ilustrado na figura 2.14.
Com o intuito de se ter um maior conhecimento sobre a interacção entre as baterias e os geradores
fotovoltaicos, é no presente capítulo apresentada uma breve descrição do processo eléctrico associado a
um sistema autónomo directamente acoplado. Os sistemas autónomos directamente acoplados, são
utilizados maioritariamente para sistemas de menor escala. Por razões de custo, frequentemente
carecem de controlador adicional (controlador de carga).
Um pequeno gerador fotovoltaico (como por exemplo um módulo fotovoltaico), está ligado a um díodo de
bloqueio e a um acumulador (ver figura 6.1). De noite, quando o módulo fotovoltaico não fornece
nenhuma tensão, o acumulador deve ser impedido de se descarregar, através da resistência interna do
módulo fotovoltaico. Nesta situação, o díodo de bloqueio garante que nenhuma corrente inversa circule
através do módulo fotovoltaico. Caso contrário, o módulo fotovoltaico funcionaria como uma carga,
convertendo a energia eléctrica em calor. O díodo de bloqueio é assim necessário para evitar perdas de
descarga do acumulador e para proteger o módulo fotovoltaico de sobreaquecimentos. Quando o
gerador fotovoltaico está iluminado, o díodo de bloqueio provoca uma queda adicional de tensão de 0,5
V a 0,7 V.
Num dia soalheiro, o módulo fotovoltaico fornece corrente em correspondência com a curva
característica do gerador. A figura 6.1 ilustra a curva corrente/tensão do módulo fotovoltaico e da curva
dinâmica I-U do acumulador. Observa-se que a tensão do acumulador flutua perto da tensão de circuito
aberto à volta de 12,5 V. A tensão de circuito aberto pode cair para valores inferiores a 11 V antes de
PLANEAMENTO E DESENHO DE SISTEMAS AUTÓNOMOS 6.1
ENERGIA FOTOVOLTAICA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAÇÃO
atingir a tensão de corte da descarga, ou elevar-se acima de 14 V, até atingir a tensão de corte da carga.
O acoplamento do gerador fotovoltaico provoca um deslocamento da curva característica do acumulador,
em função do valor da corrente fotovoltaica que provém da curva característica do gerador. De outro
modo, o ponto B da curva dinâmica do acumulador iria situar-se directamente no eixo da tensão.
No nosso exemplo, podem estar ligadas três diferentes cargas ao acumulador através de um comutador.
Conforme a carga que estiver ligada (resistência Ra, Rb ou Rc), ocorrem diferentes condições
operacionais.
No caso B, a resistência da carga é tão grande que a corrente para a carga B é completamente
fornecida pelo gerador fotovoltaico. A curva de carga resistiva corta as curvas I-U do acumulador e do
módulo fotovoltaico, precisamente no seu ponto de intersecção.
A carga A precisa de uma corrente maior. O módulo fotovoltaico fornece apenas parte da energia
eléctrica requerida, sendo a restante fornecida pelo acumulador, pelo que a corrente de descarga flui e o
acumulador é descarregado.
Caso a carga C seja ligada, desenvolve-se uma menor corrente devido à maior resistência Rc. A
corrente fotovoltaica é maior que a corrente pedida pela carga. Uma adicional corrente de carga, de
aproximadamente 0,9 A, circula através do acumulador. Por este motivo, o módulo fotovoltaico pode
alimentar a carga C e carregar simultaneamente o acumulador. Este sistema operará de modo fiável,
com poucos cuidados de manutenção se, considerando as quedas de tensão do díodo de bloqueio e das
linhas fotovoltaicas, o sistema for dimensionado por forma a que não seja ultrapassada a tensão de corte
da carga, e se a capacidade do acumulador for tal que, para fazer face às necessidades de consumo, a
tensão de corte da descarga não seja atingida.
Os controladores electrónicos são normalmente utilizados nos sistemas autónomos equipados com
vários módulos fotovoltaicos e acumuladores. Os controladores de carga melhoram consideravelmente o
funcionamento destes sistemas, assegurando que o acumulador não seja sobrecarregado (ver capítulo 3
“controladores de carga”). Para além disso, muitos controladores de carga proporcionam protecção
contra a descarga. Um adicional controlador MPP optimiza a exploração da energia solar.
As consideráveis flutuações de radiação durante o decorrer do ano levam a que, para se atingir uma
elevada eficácia do sistema autónomo, seja muitas vezes necessário estimar o consumo em função dos
meses e das estações ou, pelo menos, entre os picos do Verão e do Inverno.
Neste caso foi considerado que o período do Verão decorre entre Maio e Agosto, e de Inverno entre
Setembro e Abril (devido ao baixo nível de radiação característico deste período). O cálculo da energia
da radiação de cada período é baseado no mês mais fraco, tomando em consideração a localização, a
inclinação e a temperatura. O cálculo da radiação será tratado em detalhe na próxima secção.
Iremos agora tratar da análise de todos os pontos individuais de consumo de energia eléctrica. São
listados todos os dispositivos eléctricos previstos, a respectiva potência, o tempo diário de operação e o
consequente consumo energético.
2 Considerou-se que o frigorífico não será utilizado no Inverno, atendendo ao tipo de utilização
desta casa de férias e respectiva localização. Como veremos nos cálculos do gerador
fotovoltaico, esta opção levará a uma redução de custos do sistema.
3 No Verão está prevista a irrigação diária do jardim com cerca de 2.000 l de água. Durante o
Inverno apenas será preciso o fornecimento de àgua para fins sanitários, na quantidade de 200
l/dia. A bomba fornece 600 l/hora, resultando tempos de operação de 3,33 e 0,33 horas/dia.
A tabela 6.1 mostra as três principais cargas: frigorífico, sistema de bombagem de água e televisão. O
frigorífico tem o maior consumo de energia eléctrica. Se o frigorífico não estiver desligado no Inverno, o
consumo durante o Inverno levaria a que fosse necessário duplicar a potência do gerador solar. O
sistema de bombagem é uma carga interessante para um sistema solar, porque no Inverno apenas
requer 1/10 do consumo que se verifica no verão. A taxa de consumo está, por assim dizer, sincronizada
com o nível de radiação solar.
Depois de se estimar a procura diária de energia eléctrica, devemos determinar a correcta dimensão do
gerador fotovoltaico. Há diversos métodos para o cálculo da energia produzida pelos diferentes tipos de
módulos solares disponíveis no mercado. No procedimento mais simples o cálculo tem por base a
potência nominal de um módulo (ver capítulo 3 “parâmetros eléctricos dos módulos fotovoltaicos nas
condições de teste standard”).
6.3.1 Modelo para o cálculo da energia que é produzida por um gerador fotovoltaico
A explicação que a seguir será desenvolvida, é dirigida aos leitores que pretendem ter uma visão mais
aprofundada sobre esta matéria. Aqueles que estão mais interessados nos resultados do que
propriamente na fundamentação das fórmulas, podem avançar para o resumo da secção 6.3.4 e para os
exemplos de cálculo da secção 6.8..
Consideremos um exemplo:
O valor horizontal da radiação para o mês de Maio, para um dado local na Região do Ribatejo, atinge
5,80 kWh/ (m2 x d). Por outras palavras, no decorrer de um dia normal de Maio, o sol fornece uma
radiação energética de 5,80 kWh por metro quadrado de área horizontal. O período entre o nascer e o
pôr do sol no mês de Maio, dura aproximadamente 14 horas.
Receberíamos a mesma quantidade de energia, por assim dizer, ao comprimir a ocorrência da radiação
para 5,8 horas e tendo a intensidade de irradiação standard de 1.000 W/m2, incidindo numa superfície
com uma área de 1 m2. Um módulo de 50 watts, assente no solo (irradiação horizontal), será irradiado
por 5,8 horas com uma intensidade de irradiação de 1 kW/m2, e assim produziria uma energia diária de
5,8 h x 50 W = 290 Wh (assumindo que a temperatura da célula permaneça a 25º C durante este
período). Por exemplo, um gerador solar de 0,5 kWp, fornece em Maio 0,5 kW x 5,8 h/dia = 2,9
kWh/dia.
Se alinharmos este gerador solar na direcção Sul, com um ângulo de inclinação de 45º em relação ao
plano do chão, teremos de ajustar a energia produzida utilizando o respectivo factor de correcção de
inclinação. O factor Z3 em Maio é de 0,94. A energia produzida pelo nosso gerador seria então de 2,242
kWh/d x 0,94 = 1,973 kWh/dia.
Por último, devemos tomar em consideração o desvio da temperatura da célula em relação ao valor
standard, que em média é sempre superior a 25 ºC para os meses de Verão. Por este motivo a potência
é reduzida. O correspondente factores Z4 apresenta em Maio um valor de 0,88. A energia produzida pelo
nosso gerador solar passará assim a ser de 2,242 kWh/d x 0,88 = 1,973 kWh/dia.
Resumo:
A energia produzida pelo gerador fotovoltaico, resulta do produto entre a potência nominal do gerador
fotovoltaico e os factores de correcção. Podemos resumir o cálculo da energia produzida por um gerador
fotovoltaico, pela seguinte fórmula:
Eideal = PPV x Z2 x Z3 x Z4
Tabela 6.2
Parâmetros Símbolo Unidade
Energia idealmente produzida pelo gerador fotovoltaico Eideal KWh/d
Potência nominal do gerador fotovoltaico PPV KWp
Factor da Tabela 6.2, influência da localização e do mês do ano Z2 h/d
Factor da Tabela 6.3, influência do desvio do plano horizontal Z3 -
Factor da Tabela 6.4, influência da temperatura Z4 -
Até ao presente momento, ficamos a conhecer a procura total de energia eléctrica diária dos futuros
aparelhos de consumo e a energia produzida por um gerador solar, de acordo com a sua localização
geográfica, a estação do ano e a orientação do gerador. O gerador fotovoltaico, a carga e o acumulador,
estão ligados através de linhas de transmissão eléctricas. As linhas e os acumuladores, em particular,
são os principais responsáveis pela redução da energia final a ser entregue ao consumo. As quedas de
tensão que ocorrem nas linhas e a variação da tensão aos terminais do acumulador, provocam perdas
adicionais de conversão e de desajustamento. Só depois de se considerarem estas perdas é que
poderemos conhecer a quantidade de energia que realmente está disponível para os consumidores.
Perdas na linha
Quando dimensionamos as linhas (ver secção 6.4), devemos garantir que as perdas fiquem limitadas a
cerca de 3 %. Como será visto a seguir, este é um objectivo bastante ambicioso em sistemas de baixa
tensão. A energia solar é um bem primário que não deve ser desperdiçado. Só para raros casos poderá
fazer sentido, do ponto de vista económico, aceitar elevadas perdas na linha e compensá-las com a
colocação adicional de módulos. Em termos práticos, uma percentagem de perdas de 3 % é plenamente
justificada.
De um modo simples, a energia produzida por um módulo é reduzida em duas linhas (3 % de cada vez):
1 na linha que vai do gerador ao acumulador através do controlador de carga;
2 na linha que vai do acumulador à carga através do controlador de carga.
Por este motivo, aplicaremos 6 % como perdas da linha. Isto significa que devemos reduzir pelo factor VI
= 0,94 a energia libertada pelo gerador.
Perdas de conversão
A conversão da energia eléctrica em energia química e de novo em energia eléctrica, que ocorre no
acumulador, é um processo difícil de calcular em termos energéticos, dado que envolve pormenores da
sua construção e idade, da temperatura, da profundidade de descarga e da intensidade da carga e de
descarga. Neste caso só é possível utilizar valores baseados na experiência. Na prática é aceite uma
perda média de 10 %, o que implica a redução da energia produzida pelo gerador pelo factor VC = 0,9.
Estas perdas são o resultado da variação do nível da tensão durante a operação. Os diferentes níveis de
tensão, observados pelo gerador solar nos terminais da bateria, são determinados pelo respectivo
estado de carga das mesmas e da temperatura. Isto significa que o gerador está com frequência
operando fora do seu ponto máximo de potência, o que, contudo, depende simultaneamente da radiação
e da temperatura. Este desvio de tensão, conhecido por desajuste, é estimado como uma perda média
de energia de 10 %. Esta perda leva ao factor adicional de perda Vm = 0,9.
Para reduzir estas perdas, também é possível utilizar o controlador de MPP, utilizando conversores
DC/DC ou, como normalmente se faz nos sistemas fotovoltaicos com ligação à rede, utilizando um
inversor apropriado.
Os controladores MPP sob a forma de conversores DC/DC, podem ser bastante eficazes. Estão também
disponíveis controladores de carga com controladores MPP. Neste último caso, deve contudo ser
tomado em consideração os maiores custos de investimento.
Os controladores MPP também podem ser integrados em inversores autónomos. Fará sentido a
integração de um controlador MPP com um inversor, se muitos aparelhos de consumo operarem com
uma corrente alterna de 230 V. Contudo, em contraste com a operação de injecção de energia para a
rede, a tensão é convertida por duas vezes (de corrente contínua em corrente alterna e de corrente
alterna em corrente contínua), permitindo assim que o acumulador possa ser usado como um dispositivo
de armazenamento. Esta dupla conversão origina perdas maiores, do que as que ocorrem com o
controlador MPP num sistema com ligação à rede. Junto com as perdas de eficiência que ocorrem com
cargas parciais, resultam perdas médias globais de 10 %, pelo que raramente se justifica a instalação de
um inversor apenas com a finalidade de rastrear o MPP.
PLANEAMENTO E DESENHO DE SISTEMAS AUTÓNOMOS 6.5
ENERGIA FOTOVOLTAICA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAÇÃO
Dimensionamento do gerador:
W
PPV
Z2 u Z3 u Z 4 uV
Com
V = Vl x Vc x Vm
A quantidade de energia eléctrica realmente disponível para o sistema de consumo eléctrico, pode agora
ser reduzida à seguinte fórmula:
Ereal = Eideal x V
ou também,
Ereal = PPV x Z2 x Z3 x Z4 x V
Desta forma, resultam as seguintes perdas totais: V = 0,94 x 0,9 x 0,9 = 0,76
Tabela 6.3
Características Símbolo Unidade
Consumo médio diário de energia W KWh/d
Energia realmente produzida pelo gerador fotovoltaico (energia útil disponível) Ereal KWh/d
Energia idealmente produzida pelo gerador fotovoltaico Eideal KWh/d
Potência nominal do gerador fotovoltaico PPV KWp
Factor da tabela 6-2, influência da localização e do mês do ano Z2 h/d
Factor da tabela 6-3, influência do desvio do plano horizontal Z3 -
Factor da tabela 6-4, influência da temperatura Z4 -
Perdas totais das linhas, de conversão e desajuste V -
Excesso no verão VE KWh/d
Reserva no Inverno IR KWh/d
A reserva do Inverno IR, é calculada a partir da diferença entre a energia media diária e o consumo
diário de energia Winverno no Inverno: IR = Einverno real – Winverno em kWh/dia.
Exemplo:
Para este exemplo teremos, num determinado lugar situado na Região do Ribatejo, um gerador solar de
0,5 kWp, com um ângulo de incidência de 45º, orientado para sul. Na época de Verão, representada
pelo mês de Maio, podemos calcular uma energia útil de 0,5 kW x 5,8 h/d x 0,94 x 0,88 x 0,76 = 1,5
kWh/dia.
Na época de Inverno, representada por Dezembro, apenas teremos disponíveis 0,5 kW x 1,95 h/d x 1,55
x 1,02 x 0,76 = 0,276 kWh/dia.
As necessidades de 248 Wh/dia para a pequena casa de férias, podem desta forma ser cobertas. No
entanto, a reserva seria apenas de 11 %. Neste caso, o cliente deveria ser consultado sobre a
possibilidade de experimentar o gerador de 0,5 kW e de, posteriormente, caso venha a ser necessário,
aumentar a potência do sistema. Esta possibilidade deverá ser considerada na fase de planeamento do
sistema, em termos da flexibilidade da estrutura de fixação e suporte dos módulos, na escolha do
controlador de carga e na secção transversal do cabo, por forma a permitir a fácil implementação de uma
eventual maior potência no futuro.
No Verão será produzido um excesso de energia considerável: são consumidos 0,656 kW/dia e estarão
disponíveis 1,5 kWh/dia, o que corresponde a um aumento de 130 %. Poderão assim ser alimentados
pontos de consumo adicionais e/ou tolerados maiores períodos de consumo dos equipamentos, do que
aqueles que foram considerados na fase de dimensionamento.
Dados necessários:
2. Factor Z2 para a radiação horizontal, na localização indicada. Seleccionar o mês com a menor
radiação para cada caso (no Verão é Maio, no Inverno é Dezembro):
No Verão (Lisboa, Maio): Z2= 5,80 h/dia
No Inverno (Lisboa, Dezembro): Z2= 1,95 h/dia
3. Factor Z3 para a orientação do gerador fotovoltaico (ângulo de inclinação de 45º, orientado para
sul):
No Verão (Maio): Z3 = 0,94
No Inverno (Dezembro) : Z3 = 1,55
Tabela 6.4
Estação Consumo energético Z2 em h/d Z3 Z4 V Potência do
diário em kWh/d Gerador em kWp
Verão (Maio) 0,656 kWh/dia Z2= 5,80 Z3 = 0,94 Z4 = 0,88 V = 0,76 0,5
Inverno (Dezembro) 0,248 kWh/dia Z2= 1,95 Z3 = 1,55 Z4 = 1,02 V = 0,76 0,5
Para garantir com algum nível de fiabilidade a operacionalidade do sistema no Inverno, precisamos de
escolher um gerador de 0,5 kWp, mesmo se estiver consideravelmente sobredimensionado para a época
do Verão.
Para dimensionar as secções transversais dos cabos, deve-se também tomar em conta a extensiva
discussão sobre o dimensionamento de cabos que é abordada no capítulo 5. A capacidade das linhas de
transmissão da corrente eléctrica e o dimensionamento dos fusíveis, deve seguir o estabelecido na
norma VDE 0298 parte 4.
A secção transversal do cabo pode ser calculada de acordo com a seguinte fórmula:
LuP
S
3% u U 2 u N
Tabela 6.5
Parâmetros Eléctricos Símbolo Unidade
Comprimento da linha (condutor positivo + negativo) L M
Potência transmitida na linha P W
Secção transversal do cabo S mm2
Condutividade eléctrica (cobre CU =56 , alumínio AL =34)
Perdas percentuais da linha (geralmente 3 %) %
Tensão do sistema U V
No desenho do gerador fotovoltaico, assumimos na secção anterior uma perda de tensão nas linhas de 3
%. Para cumprir esta condição, deve ser seleccionada uma suficiente secção transversal de linha. O
método para o fazer é indicado na figura 6.2:
Nesta imagem é apresentado um exemplo de um sistema solar com gerador fotovoltaico, controlador de
carga, acumulador e três diferentes elementos de consumo. No início, cada ponto de consumo tem a sua
própria linha de cabo calculada. Se a instalação for levada a cabo deste modo, cada ponto de consumo
será protegido por um fusível, a partir de um quadro de distribuição, situado após o controlador de carga.
No entanto, também seria possível combinar linhas em ligações paralelas, entre as estações A, B e D do
distribuidor. Neste caso, ao permitir o factor simultaneidade, deve ser acrescentada a secção transversal
das linhas que correm em paralelo. O fusível de corte da linha principal e os fusíveis de potência a
jusante, são escolhidos em concordância. As respectivas secções transversais podem ser calculadas
utilizando a fórmula acima indicada, ou encontradas a partir dos diagramas a seguir apresentados e
compilados numa tabela.
Figura 6.3 - Secções transversais da linha recomendadas num sistema de 12 V: Perdas da linha
de 3%
Figura 6.4 - Secções transversais da linha recomendadas num sistema de 24 V: Perdas de linha
de 3%
Tabela 6.7 - Determinação das secções transversais da linha numa instalação de 24V
Cablagem entre: Comprimento em m Componentes Potência Ø Calculado Ø Seleccionado
(condutores de ligação em W em mm² em mm²
positivo e negativo)
Gerador–acumulador 10 Gerador 500 20,7 25
A capacidade de transmissão da corrente de acordo com a norma VDE 0298 parte 4, é feita em
camadas separadas e com uma temperatura ambiente inferior a 30 ºC, utilizando as secções
transversais de cabo calculadas. Devido ao facto da tensão do sistema, no cálculo da secção transversal
do cabo, se encontrar no denominador como um valor quadrático, a duplicação da tensão implica uma
redução de ¼ da secção transversal. Os custos da cablagem podem assim ser reduzidos, concebendo a
instalação para uma tensão do sistema de 24 V. Contudo, é difícil encontrar cargas apropriadas para
tensões de 24 V, pois são escassas e são significativamente mais caras, do que as aplicações para 12
V. A tensão que em última análise acaba por ser seleccionada, depende de cada caso individual.
Este cabo está sob tensão, quer durante a carga quer durante a descarga. A secção transversal do cabo
é definida de acordo com a maior carga. A carga máxima acontece, quer na carga do acumulador à
potência máxima do gerador, quer ao descarregar o acumulador através dos elementos de consumo,
com o maior factor de simultaneidade (coeficiente que representa a probalidade dos equipamentos
eléctricos estarem ligados em simultâneo), na ausência de radiação.
Há cenários de aplicações (por exemplo, em sistemas que são apenas utilizados aos fins-de-semana),
nos quais a dimensão do gerador pode ser reduzida significativamente, dado que é capaz de recarregar
o acumulador nos dias úteis, por forma a que haja suficiente energia disponível no fim-de-semana (é a
seguir apresentado um exemplo representativo). Neste caso, a potência de descarga pode ser maior do
que a potência de carga. A secção transversal do cabo deve então ser determinada com base na
potência de descarga e no relevante factor de simultaneidade, podendo ser equivalente à soma de todas
as secções transversais dos cabos que servem cada ponto de consumo.
Com o objectivo de obter um tempo de vida útil suficientemente longo para as baterias de electrólito
ácido (ver capítulo 3), deve-se calcular a capacidade da bateria para uma profundidade de descarga
sempre inferior a 50 % da capacidade nominal da mesma, tal como vem definida pelo fabricante. Desta
forma, teremos de seleccionar um acumulador com uma capacidade Cd igual ao dobro da capacidade
calculada a partir dos valores de consumo. A equação empírica que a seguir é indicada pode ser
utilizada para determinar a capacidade do acumulador.
Z uW u F
Cn
Un
F é um factor para os dias de reserva, W é o respectivo consumo médio diário e Un a tensão nominal
aos terminais do acumulador.
O factor específico que deve ser utilizado para os dias de reserva deve ser discutido com o utilizador.
Evidentemente que precisamos de seleccionar o maior dos dois valores. Mas o valor para o Verão
deverá também implicar a disponibilidade de uma reserva que seja suficiente para este período.
PLANEAMENTO E DESENHO DE SISTEMAS AUTÓNOMOS 6.10
ENERGIA FOTOVOLTAICA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAÇÃO
Á primeira vista, o custo de um sistema de 24 V é inferior (cerca de 50%) ao custo de 12 V. Mas após
esta primeira impressão, fica claro que para criar uma tensão de 24 V, precisamos do dobro das células
do acumulador (precisamos de 6 células no sistema de 12 V e de 12 no sistema de 24 V). Em teoria
temos os mesmos custos (pois embora tenhamos no sistema de 24 V células com metade da
capacidade, precisamos do dobro delas).
Seria agora possível comprar um pequeno inversor de 400 W, com uma tolerância a sobrecargas até 50
% (o preço para um inversor sinusoidal para esta capacidade é normalmente de 350 EUR), restringindo
a utilização a pequenos equipamentos eléctricos, ou optar por um produto significativamente mais
potente, com o intuito de abranger outros tipos de aparelhos eléctricos. Assim, uma ou duas tomadas de
230 V seriam instaladas à saída do inversor e, para os outros aparelhos eléctricos (luz, televisão, bomba
de água), seria instalada uma rede de 12 V ou de 24 V.
Embora seja possível converter todas as cargas para 230 V, será necessário ter em atenção que o
inversor será mais caro e estará a funcionar muitas vezes em carga parcial, logo sob condições
desfavoráveis, reduzindo a eficiência da conversão.
Para grandes comprimentos de linha e sistemas maiores, é recomendado o uso de um inversor central
autónomo.
Temos a consciência de que no Inverno a energia solar disponível poderá ser escassa para a satisfação
dos consumos de electricidade da nossa casa de férias, enquanto que no Verão temos a situação
inversa. Surge assim a ideia de que a combinação com uma outra fonte de energia, poderá constituir
uma boa solução para manter os níveis de produção estáveis.
Figura 6.6 - Energia produzida por um pequeno gerador eólico doméstico, com condições
favoráveis em termos de localização e com os seguintes dados: Diâmetro do rotor: 1,5 m,
Potência a 9 m/s de velocidade: 200 W (aprox.) e Energia libertada: 72 kWh/a (aprox.)
A combinação com um gerador eólico poderá ser uma boa ideia, se existir um espaço sem prédios nem
árvores na área circundante, idealmente numa colina exposta. A energia solar e a energia eólica podem
com muita frequência complementarem-se entre si. A figura 6.6 mostra que nos meses do Inverno existe,
na realidade, uma compensação para a radiação solar disponível.
Figura 6.7 - Esquema eléctrico de uma instalação híbrida com gerador eólico
Um pequeno gerador de apoio implica uma menor despesa. A corrente alternada fornecida por este
gerador, é utilizada para carregar o acumulador através de um carregador de baterias, caso a radiação
solar já não seja suficiente e o acumulador esteja perto do seu nível crítico de carga. O gerador de apoio
não deverá ter demasiada potência, para prevenir excessivas correntes de carga e elevados custos de
geração e de carga. No nosso caso, consideraríamos uma potência de 0,5 a 2 kW. A potência em causa
podería ser superior a quatro vezes a potência do gerador solar. Para os operadores do sistema solar
mais preocupados com os impactos no meio ambiente, para além dos geradores comuns que trabalham
a petróleo, estão disponíveis pequenos geradores por menos de 1.000 EUR, que funcionam com gás
líquido.
Existe uma solução mais elegante para combinar um gerador de apoio nos grandes sistemas: o inversor
e o carregador da bateria são combinados numa única unidade (compreendem os mesmos componentes
básicos), e o gerador de apoio entrará automaticamente em funcionamento quando for preciso, através
de um controlador central. Num sistema como este, para além das falhas de concepção, que podem
sempre acontecer, existe a segurança de uma alimentação continua durante todo o ano.
Numa situação ideal, este gerador auxiliar poderia funcionar a partir de fontes de energias renováveis
(óleo vegetal ou gás biológico). Para além disso, e para melhorar o equilíbrio ecológico, existe a
possibilidade de combinar a geração de calor e de electricidade (CHP): o calor desperdiçado na
combustão do motor seria utilizado para efeitos de aquecimento.
Existe um amplo leque de aplicações fotovoltaicas, onde é possível utilizar software e programas de
simulação. No planeamento, estes meios permitem resolver problemas de dimensionamento e levar à
optimização dos sistemas fotovoltaicos. Os programas de simulação permitem verificar valores de tensão
limiar de condução e estados operacionais, e simular o funcionamento de um sistema para diferentes
configurações. Estes programas são frequentemente utilizados no ensino académico, e na formação de
projectistas e de instaladores. Os programas de simulação têm também sido um importante instrumento
de trabalho nas áreas de investigação e de desenvolvimento, promovidas pelos fabricantes de
componentes. Se o objectivo consiste em melhorar, optimizar ou desenvolver novos componentes e
novos conceitos de sistemas, o software de simulação é sempre uma opção válida.
Muitos Engenheiros ou Projectistas que trabalharam durante largos períodos com módulos fotovoltaicos
e inversores específicos, tendo desta forma adquirido uma forte experiência acumulada, terão com
certeza importantes referências sobre o dimensionamento dos sistemas. Contudo, terão dificuldades em
resolver problemas mais complexos sem a ajuda de programas de desenho e de simulação.
O desenho dos sistemas fotovoltaicos ligados à rede eléctrica pública, não é uma tarefa fácil,
contrariamente ao que poderá parecer numa primeira apreciação. Cada inversor tem o seu próprio raio
de acção MPP no lado DC. Ao mesmo tempo, cada inversor tem os seus próprios valores limite de
corrente e tensão, definindo assim o campo de operação permitido para o equipamento. Os módulos têm
de ser ligados de modo a que os componentes eléctricos do sistema (gerador fotovoltaico e inversor)
sejam compatíveis entre si. Por este motivo, para cada módulo fotovoltaico particular, as configurações
de instalação eléctrica irão depender do inversor instalado. A questão começa assim a ficar interessante.
Qual destas configurações tem a maior eficiência? Qual é a solução mais prática do ponto de vista
económico? Estas são questões para as quais os métodos empíricos e a experiência muitas vezes não
são suficientes.
O principal objectivo de um programa consiste em dar apoio na concepção dos diferentes sistemas
fotovoltaicos.
No entanto, a simulação não substitui o desenho nem a estimativa da energia produzida nas fases
preliminares por parte de um técnico. Para além do poderoso programa de simulação, é necessário o
conhecimento de um especialista, no sentido de se poder obter resultados de simulação que sejam
realistas. Só desta forma será possível conseguir-se a optimização de grandes ou complexos sistemas.
A qualidade dos resultados da simulação depende do rigor dos parâmetros introduzidos e do método de
simulação utilizado. Se forem introduzidos dados errados num computador, o resultado será uma série
SOFTWARE E PROGRAMAS DE SIMULAÇÃO PARA SISTEMAS FOTOVOLTAICOS 7.1
ENERGIA FOTOVOLTAICA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAÇÃO
impressionante de dados que não fazem qualquer sentido. Os resultados da simulação devem ser
avaliados de forma crítica e não se deve confiar neles cegamente. É importante escolher o programa
certo para cada tarefa particular, dado que o tempo dedicado à aprendizagem do programa não servirá
de nada se o programa não for adequado para a tarefa que tivermos em mente.
Enquanto que na maioria dos países industrializados os sistemas fotovoltaicos com ligação à rede estão
fortemente difundidos, nos países em vias de industrialização são predominantes os sistemas
fotovoltaicos autónomos.
A ocorrência de erros de desenho num sistema ligado à rede, afecta substancialmente a funcionalidade
do sistema e a viabilidade económica do projecto.
Nos sistemas autónomos, o mau dimensionamento resulta em falhas grosseiras do sistema. Uma das
consequências directas mais frequentes, é o envelhecimento prematuro das baterias. No caso de se
verificar o sobredimensionamento do sistema, levará a maiores custos de investimento, os quais poderão
ser muito significativos.
A utilização de programas de simulação poderá evitar estes diferentes tipos de problemas. No entanto,
há que ter a noção de que o leque de erros que podem resultar da utilização de programas de
simulação, também pode ser significativo. O primeiro passo deve sempre consistir na completa
caracterização do sistema que está a ser simulado. A introdução de dados incorrectos e os respectivos
cálculos com resultados errados, são frequentes nos programas complexos, sobretudo no caso dos
utilizadores inexperientes.
Alguns programas como o PV*SOL e o PVS, fazem a validação dos principais parâmetros introduzidos,
mas não garantem que todos os erros sejam evitados. O SolEm, por exemplo (à semelhança do
processo de validação dos dados de entrada), proporciona perspectivas adicionais sobre a frequência de
particulares estados de funcionamento, permitindo que se reconheçam rapidamente situações de
sobredimensionamento.
Os algoritmos dos programas podem apresentar cálculos insuficientes, o que por sua vez também pode
causar falsos resultados. É fácil entender porque é que os programas de computador originam erros -
apenas temos de pensar no volume de sistemas operacionais ou nos aplicativos do “Office”, que têm
centenas de programadores envolvidos no seu desenvolvimento. Em comparação, os programas de
simulação de sistemas solares são desenvolvidos por um técnico ou por pequenas equipas de trabalho.
O reduzido número de unidades vendidas, a ausência de reclamações dos erros que ocorrem e a
pressão na manutenção do preço de venda, impedem maiores desenvolvimentos e revisões depois do
lançamento do software. As dificuldades iniciais (tais como o colapso do programa) encontram-se hoje
resolvidas, tendo sido concluído também um trabalho de validação dos programas.
No entanto, o resultado dos programas de simulação deverá ser sempre comparado com anteriores
resultados. Para os sistemas com ligação à rede, o rácio de performance PR ou a energia anualmente
produzida em função da potência instalada E (em kWh/kWp), proporciona uma boa referência (ver
capítulo 5). Estes parâmetros de avaliação estão disponíveis na maioria dos programas. Para os
sistemas fotovoltaicos em Portugal, o rácio de performance deve ser maior do que 1,1 e a energia
anualmente produzida deve ser superior a 1.100 kWh/kWp. Contudo, uma inclinação desfavorável do
sistema (na integração em telhados ou nas fachadas), ou a presença de sombras, afectam a quantidade
de energia que é possível gerar. Neste caso, se os resultados forem significativamente superiores a
1.500 kWh/kWp ou significativamente inferiores a 500 kWh/kWp, poderá assumir-se que os valores
introduzidos estão incorrectos, ou que o desempenho do sistema é largamente prejudicado pela
envolvente.
Os resultados do cálculo para sistemas fotovoltaicos autónomos, são mais difíceis de conferir. Neste
caso, os resultados podem ser comparados, através de regras empíricas que se baseiam na relação
entre o gerador fotovoltaico, o acumulador de energia e as cargas (ver capítulo 6), ou então com base na
experiência adquirida nos anteriores sistemas instalados.
SOFTWARE E PROGRAMAS DE SIMULAÇÃO PARA SISTEMAS FOTOVOLTAICOS 7.2
ENERGIA FOTOVOLTAICA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAÇÃO
No programa dos “1.000 telhados” que foi promovido na Alemanha, o sombreamento foi responsável por
mais de 30 % das perdas de energia nos sistemas fotovoltaicos. O efeito do sombreamento da superfície
do módulo acaba geralmente por provocar perdas que são sempre superiores ao que inicialmente estava
previsto (ver capítulos 4 e 5). A análise de sombreamentos é assim factor crítico nas simulações dos
sistemas fotovoltaicos.
Por outro lado, a qualidade de cada programa varia consideravelmente. Enquanto que no SOLDIM e no
GOMBIS as perdas de sombreamento são estimadas pelo utilizadores, nos programas PVS e PV*SOL a
sombra horizontal pode ser introduzida graficamente. No entanto, é assumido que a sombra cobre por
igual todo o gerador fotovoltaico. Podem ser realizados cálculos similares para as perdas de radiação
solar utilizando o programa SUNDI.
Os programas PVSYST e Pvcad, permitem uma análise tridimensional do sombreamento que pode
ainda ter em conta os seus contornos não homogéneos. Contudo, esta maior precisão implica uma
descrição mais complexa da área circundante e a possibilidade da ocorrência de erros.
Com o intuito de oferecer um panorama geral do mercado, os programas de simulação podem ser
classificados de acordo com os métodos de programação e de cálculo.
Figura 7.1 - Classificação do software e dos programas de simulação para sistemas fotovoltaicos
Na presente secção será apresentada uma selecção dos programas mais importantes de simulação que
se encontram disponíveis. Para além da informação geral sobre o programa, é discutido o campo de
operação, a facilidade de uso e as principais características do programa. São também apresentados
exemplos sob a forma de imagens de ecrã (imagem da interface do software com o utilizador), com o
objectivo de se dar uma impressão visual do programa.
Na maioria dos programas, uma versão de demonstração gratuita está disponível e pode, nalguns casos,
ser conseguida a partir da Internet. Na escolha do programa de simulação, são factores importantes o
tipo de aplicação solar, o âmbito de intervenção ou o campo de aplicações do programa. É importante
definir qual o tipo de sistema ou a configuração do sistema que desejamos simular: sistema montado no
telhado, sistema integrado no telhado, sistema autónomo, sistema híbrido fotovoltaico, sistema
fotovoltaico para bombagem de água ou se um sistema ligado à rede.
Com a crescente integração da tecnologia fotovoltaica nos edifícios, os programas que oferecem as
facilidades CAD, como é o PVcad, virão a ser utilizados com maior frequência. Por este motivo, os
fabricantes de módulos são chamados a disponibilizar os ficheiros CAD dos módulos nos respectivos
sites da Internet.
A primeira categoria compreende o grupo constituído por programas de cálculo ou de análise elementar.
Estes programas são baseados em métodos estatísticos, em combinação com cálculos simples. Na
maioria dos casos, os resultados são baseados em valores mensais. Os programas de cálculo são
orientados por aplicação e fornecem resultados de forma expedita. No entanto, em geral são menos
flexíveis e podem ser apenas utilizados para sistemas standard. O programa americano PV F-chart e o
simples programa de cálculo em DOS, PV-calc, não são abordados com profundidade por serem pouco
utilizados. No capítulo 6 é apresentado um programa que permite dimensionar simples sistemas
autónomos. Devido à sua estrutura simplificada, os processos de computação são adequados para o seu
uso nos programas de simulação baseados na internet (ver capítulo 7).
Os programas de simulação por passo de tempo, são amplamente utilizados devido ao seu largo âmbito
de aplicação. Estes programas utilizam modelos que pretendem reproduzir, o mais fielmente possível, o
sistema real. O comportamento do programa é calculado com base em séries temporais de dados
meteorológicos, que normalmente têm uma resolução definida em intervalos de uma hora. Os modelos
foram implementados para vários componentes, tal como módulos fotovoltaicos, inversores, baterias e
cargas, permitindo obter numerosas variantes do mesmo sistema.
Este sistema é simulado em intervalos de uma hora ou inferiores a uma hora, utilizando dados de
irradiação solar, de temperatura e, caso se aplique, valores de consumo para um período típico simulado
(normalmente um ano). Estes programas requerem mais tempo de processamento do que os programas
de cálculo. Contudo, a crescente capacidade de processamento dos últimos computadores, implica que
esta desvantagem deixou de fazer sentido. Os programas de simulação por passo de tempo são
consideravelmente mais flexíveis do que os programas de cálculo. No entanto, a simulação por passo de
tempo também tem os seus limites, devido aos métodos implementados. Para simular novas
configurações de um sistema ou investigar parâmetros muito específicos, normalmente não existe outra
opção do que especificar o sistema no programa de simulação.
DASTPVPS
O DASTPVPS é um pacote de software utilizado para dimensionar, simular e identificar defeitos nos
sistemas fotovoltaicos para bombagem de água. O programa foi desenvolvido na Universidade de
Bundeswehr (Universidade Federal das Forças Armadas) em Munique, na Alemanha.
O pacote DASTPVPS compreende cinco módulos: treino, dimensionamento, simulação AC, simulação
DC e diagnóstico. O programa permite dimensionar, em conjunto com a tubagem, o gerador fotovoltaico,
o inversor (quando aplicável), o motor AC ou DC, o parafuso excêntrico ou o êmbolo da bomba, assim
como simular o sistema fotovoltaico para bombagem de água em geral.
O módulo de treino é utilizado para explicar o modo básico de funcionamento de um sistema fotovoltaico.
O módulo de dimensionamento ajuda o Engenheiro a dimensionar o sistema mais adequado. No módulo
de simulação AC, o comportamento operacional de um sistema fotovoltaico AC de bombagem de água é
calculado para várias configurações e dados de irradiação. O módulo de simulação DC permite a
simulação de sistemas DC de bombagem de água com ligação directa ao gerador solar (sem controlador
MPP). O módulo de diagnóstico oferece a possibilidade de análise do sistema e de validação dos
resultados. Estes últimos são expostos sob a forma de gráficos e de tabelas.
O DASTPVPS inclui uma extensa libraria de dados de irradiação, de módulos fotovoltaicos e de grupos
motor/bomba. Mas o utilizador pode também introduzir os seus próprios dados directamente na base de
dados de componentes. O DASTPVPS é uma aplicação suportada pelo sistema operativo DOS, mas
que pode correr em Windows.
Greenius
O programa de simulação Greenius está disponível no mercado desde Julho de 2002. O programa está
a ser desenvolvido pelo Centro Aeroespacial Alemão, DLR (Deutsches Zentrum für Luft – und Raumfahrt
e.V.), no seu posto “Plataforma Solar de Almería” em Espanha, sendo subsidiado pelo programa Altener
da União Europeia. Este programa de simulação é principalmente aplicado nos projectos de grandes
centrais de produção com base em fontes de energia renováveis. À semelhança dos sistemas
fotovoltaicos, o programa também pode simular parques eólicos e vários tipos de centrais solares
termoeléctricas.
No Greenius, a central produtora é definida a partir dos respectivos dados de localização e dos
parâmetros tecnológicos e económicos. Pode aceder-se aos dados de diferentes locais a partir da base
de dados meteorológica do Greenius. Alternativamente, pode ser completada com dados
meteorológicos pessoais. As simulações técnicas ocorrem por períodos de um ano com intervalos de
uma hora e mostram, por exemplo, a potência fornecida pela central a cada hora.
Para além de simulações técnicas, podem ser executados extensivos cálculos económicos. Isto faz do
Greenius um importante instrumento para desenhar e planear projectos de centrais produtoras
baseadas em fontes de energia renováveis. O programa inclui ainda um aplicativo que permite
dimensionar sistemas fotovoltaicos com ligação à rede pública eléctrica.
O programa foi concebido para projectistas que para além do detalhe dos resultados técnicos, procuram
também análises económicas baseadas em indicadores chave que resultem de extensas análises do
fluxo de caixa. Em comparação com os restantes programas, o cálculo da eficiência económica é dos
SOFTWARE E PROGRAMAS DE SIMULAÇÃO PARA SISTEMAS FOTOVOLTAICOS 7.5
ENERGIA FOTOVOLTAICA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAÇÃO
mais versáteis. Estão disponíveis numerosas interfaces para exportar resultados e gráficos para outras
aplicações Windows.
O Greenius permite comparações entre tecnologias para diferentes fontes de energia renováveis, o que
o torna um programa particularmente apropriado para empresas de projectistas que se concentram no
mercado internacional. Uma versão de baixo custo do programa está disponível para fins de formação. O
Greenius está, até agora, apenas disponível em inglês. O próximo lançamento está actualmente em
desenvolvimento.
O programa de simulação PV-Design Pro compreende três variantes, nomeadamente para a simulação
de sistemas autónomos, de sistemas com ligação à rede e de sistemas fotovoltaicos para bombagem de
água.
Para os sistemas autónomos, podem ser integrados no sistema fotovoltaico um gerador de apoio e um
gerador eólico, sendo feita uma análise de sombreamentos. O sistema pode ser optimizado através da
variação dos parâmetros individuais, e efectua cálculos detalhados para a obtenção de dados
operacionais e das curvas características. As extensas bases de dados climatéricas e de componentes
(módulos) também deixam um pouco a desejar.
O programa de simulação PV-Design Pro está incluído no Solar Studio Suite, bem como programas de
cálculo de sistemas solares térmicos, aplicativos para o cálculo da posição do sol e dados
meteorológicos. Apesar do Solar Studio Suite ser um dos programas mais completos deste panorama,
o seu preço supera largamente a maioria dos produtos da concorrência. Para os utilizadores que se
sentem confortáveis com a versão inglesa, o pacote de programas do Hawai será uma boa alternativa às
opções Europeias.
Figura 7.4 - Gráfico das curvas características para uma determinada instalação fotovoltaica no
PV–DesignPro
PVS
No PVS pode ser observado, com a ajuda dos resultados da simulação, a influência que as variáveis de
entrada (irradiação, temperatura do módulo e consumo) têm no comportamento operacional do sistema.
É ainda possível observar as principais interdependências: o método de operação do gerador solar e a
função do sistema de controlo.
Figura 7.5 - Principal menu do PVS para a simulação de sistemas com ligação à rede
O comportamento dos componentes do sistema é descrito através de modelos de eficiência, que estão
caracterizados por um número reduzido de parâmetros que precisam de ser especificados pelo
utilizador. Podem ser simuladas configurações típicas do sistema tais como sistemas DC, sistemas AC
com ou sem gerador de apoio e sistemas com ligação à rede. Para os sistemas autónomos pode, por
exemplo, ser definida a rejeição de carga e visualizada a frequência da distribuição dos níveis de carga
da bateria.
Nas bases de dados dos módulos fotovoltaicos e dos inversores, podem ser acrescentadas as
características de novos produtos. Actualmente existe um número limitado de módulos e inversores
integrados no programa. Os dados mais recentes dos componentes (actualmente só existe uma base de
dados de módulos), podem ser periodicamente actualizados através de uma base de dados disponível
na Internet.
É possível introduzir dois campos fotovoltaicos com diferente orientação. No entanto, só é possível
utilizar um tipo de inversor por sistema. No processo de dimensionamento, todos os valores introduzidos
para cada parâmetro são analisados e confirmados. Se o inversor e o gerador fotovoltaico estiverem
incorrectamente dimensionados, surge uma mensagem de erro.
Os dados de entrada necessários para a simulação da irradiação são fornecidos pela aplicação lógica
que processa a radiação e que está integrado no PVS. Para além dos valores médios mensais
calculados a partir da irradiação diária, são ainda necessários dados de temperatura. Esta informação é
fornecida pela base de dados que integra o software.
SOFTWARE E PROGRAMAS DE SIMULAÇÃO PARA SISTEMAS FOTOVOLTAICOS 7.7
ENERGIA FOTOVOLTAICA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAÇÃO
Também está integrada uma ferramenta que permite comparar as variações que resultam de diferentes
ângulos de inclinação. Para tomar em consideração o sombreamento, é disponibilizado um editor de
sombras. Este componente permite introduzir o contorno da sombra utilizando o cursor. Como
característica adicional, pode optimizar-se o espaçamento entre as várias filas de módulos nos sistemas
inclinados.
O software é completado com um menu para o cálculo da eficiência económica do sistema. Neste
cálculo são considerados os subsídios e a tarifa especial de venda de energia eléctrica para a rede. Os
resultados são impressos em três formatos: sob a forma de um relatório resumido, de uma apresentação
detalhada e de uma representação do comportamento do sistema. Para além disso, oferece ainda a
possibilidade de comparar diferentes sistemas. A viabilidade económica é demonstrada num relatório.
Posteriormente, é possível armazenar os valores da simulação horária num ficheiro ASCII, permitindo
maiores avaliações com outras aplicações lógicas.
Está actualmente em desenvolvimento uma nova versão, sendo antecipada uma nova estruturação do
núcleo do programa e o aperfeiçoamento do subprograma que simula os sistemas fotovoltaicos
autónomos. O maior enfoque será o modelo da bateria, tendo em conta os modos de funcionamento, o
seu comportamento ao longo da sua vida útil, as perdas e os sistemas de controlo, para além da
integração de uma análise e de uma optimização automática de custos, com a capacidade de auto-
configurar complexos sistemas autónomos.
PV*SOL
O PV*Sol é um programa de simulação por passo de tempo que se tornou largamente utilizado e que foi
desenvolvido pela empresa Dr. Valentin Energie Software GmbH de Berlim, que também desenvolveu o
conhecido programa T*SOL para sistemas solares térmicos. O PV*SOL permite o desenho e a
simulação de sistemas fotovoltaicos com ligação à rede e de sistemas autónomos. Nos últimos anos,
este programa tem sofrido melhoramentos constantes, atingindo um nível funcional que faz dele uma
ajuda extremamente útil para os profissionais que trabalham com o fotovoltaico.
Com o seu expedito instrumento de desenho, o programa permite o fácil dimensionamento, fornecendo
os principais resultados da simulação a uma velocidade impressionante. Os utilizadores mais entendidos
beneficiam das diversas funções que o programa oferece para a optimização dos sistemas. Neste
programa são considerados aspectos tais como os efeitos da temperatura, da variação do erro de
cálculo e da dispersão dos dados característicos.
Figura 7.9 - Menu principal para a simulação de sistemas fotovoltaicos com ligação à rede no
PV*SOL
O sistema fotovoltaico a simular pode ser subdividido em vários campos fotovoltaicos com diferente
orientação, tendo diferentes módulos e inversores. O programa permite simular todos os diferentes tipos
de conceitos de sistema (inversor central, de fileira ou modular). Tal como no PVS, é possível realizar
uma análise de sombreamentos, ainda que nas situações de sombreamentos mais complexos, a sua
precisão não esteja ao nível do PVcad nem do PVSYST. Os objectos predefinidos com projecção de
sombra disponíveis a partir do editor de sombras PV*SOL, são sempre de grande ajuda. Depois de
introduzir os parâmetros destes objectos, a silhueta da sombra é desenhada automaticamente.
Num cenário livre da presença de sombras, podem também esperar-se resultados realistas, uma vez
que é considerado o comportamento dos módulos fotovoltaicos e dos inversores para situações de carga
parcial. Os factores da temperatura podem ser permitidos, utilizando um modelo dinâmico de
temperatura. Após a simulação é possível, por exemplo, mostrar o gráfico da temperatura para um
módulo não ventilado, num determinado dia.
Na simulação são considerados os vários factores de perdas do sistema fotovoltaico, tais como os erros
por desajuste, a temperatura, as perdas na linha e nos díodos, e o albedo. O PV*Sol faz a verificação
dos dados introduzidos, o que permite detectar dados incorrectos e alertar nesse sentido o utilizador.
Quando se selecciona um inversor, e se assim o desejarmos, apenas serão mostrados os modelos que
são apropriados para o módulo escolhido e a correspondente instalação eléctrica. Uma vasta e
actualizada libraria está disponível para a selecção dos componentes. Esta libraria inclui,
aproximadamente, 500 tipos de módulos, 200 inversores e vários tipos de acumuladores e de cargas
pré-definidas. À semelhança da base de dados dos componentes, existem bases de dados com diversos
perfis de consumo, tarifários da electricidade e modelos de venda da energia eléctrica injectada na rede.
É extremamente fácil especificar os perfis individuais de consumo utilizando o disponível e bem
concebido menu.
Estão integrados no programa cerca de 250 conjuntos de dados meteorológicos de locais Europeus.
Podem ainda ser carregados módulos adicionais de dados meteorológicos. Todas as bases de dados
podem ser editadas para futuras actualizações. Assim, o PV*Sol permite o cálculo das mais comuns
variáveis de avaliação de sistemas fotovoltaicos, bem como a extensa apresentação dos resultados sob
a forma de relatórios e de gráficos. Os resultados podem ser visualizados em tabelas e gráficos com
resoluções definidas para intervalos inferiores a uma hora.
Os resultados da simulação podem ser fornecidos sob a forma de um extenso relatório de projecto ou
processados noutras aplicações. O PV*SOL permite ainda cálculos exaustivos ao nível da análise
económica, tendo em conta todos os possíveis subsídios, tarifários e modelos de venda da energia
eléctrica injectada na rede. Calcula ainda as emissões de gazes poluentes para a atmosfera. O
programa tem uma interface directa com o programa METEONORM para a síntese dos dados
meteorológicos e com o programa horizOn para o cálculo da linha do horizonte.
O PV*SOL está disponível numa “Versão N” simplificada, que serve unicamente para simular sistemas
fotovoltaicos com ligação à rede. A versão “Profissional” contém, para além desta unidade de simulação,
os modelos e librarias para a simulação de sistemas fotovoltaicos autónomos. Está também disponível
uma versão multilíngue do PV*SOL, onde é possível mudar livremente a língua, mesmo durante o
funcionamento da aplicação.
PVSYST
A versão actual não só é mais acessível para o utilizador, como também tem um melhor desempenho. O
PVSYST funciona agora numa “perspectiva multinível”. Existem diferentes níveis de aplicação com
diferentes funcionalidades que correspondem aos variados grupos de utilizadores, tais como Arquitectos,
Engenheiros e Cientistas, com as suas diferentes expectativas e conhecimentos.
O programa está apenas disponível em Inglês e Francês. Uma característica agradável para o utilizador,
consiste no suporte “on line” (em ligação com a rede de transmissão de dados), linha que permite
contactar o autor do programa directamente via e-mail, assim como participar num fórum “on line” para
utilizadores. Para efeitos de teste, pode ser conseguida a versão total do programa pela Internet. Esta
versão pode ser testada por um período máximo de dez dias.
Figura 7.14 - Interface gráfica do usuário para a análise tridimensional do sombreamento com o
PVSYST
Para além da simulação de sistema autónomos com geradores de apoio e sistemas com ligação à rede,
o PVSYST é também capaz de fazer análises especiais. Pode ser utilizado para calcular as curvas
características dos módulos fotovoltaicos quando existe sombreamento parcial, o que permite, por
exemplo, determinar a carga térmica dos módulos solares. Para além disso, para efeitos de simulação, é
possível determinar e expor numerosos parâmetros, tais como dados meteorológicos, tensões e
correntes eléctricas, quantidades de energia e desempenhos. O PVSYST permite também a análise tri-
dimensional da sombra.
SOLDIM
O programa SOLDIM pode ser utilizado para a concepção de sistemas fotovoltaicos autónomos e de
sistemas com ligação à rede. O SOLDIM integra módulos STASYS e IN-GRID, bem como bases de
dados e ferramentas para suporte. O IN-GRID foi desenvolvido para o planeamento e a análise
económica de sistemas fotovoltaicos ligados à rede. O Módulo STASYS pode ser utilizado para o
desenho de sistemas fotovoltaicos autónomos.
O SOLDIM consiste num híbrido entre um programa de cálculo e um programa de análise por passo de
tempo. Para a simulação são utilizados valores médios mensais e alguns valores diários que variam
sempre para a hora mais próxima. A rapidez do cálculo, as composições individuais das janelas
Windows de introdução de dados, as bases de dados e as listagens dos custos dos artigos, fazem do
SOLDIM um suporte útil para aquisição e consulta pelo cliente. O programa permite aos utilizadores
experimentados fazer cálculos rápidos e fiáveis e comparar várias configurações de sistemas.
Figura 7.15 - Menu principal do SOLDIM para o cálculo de sistemas fotovoltaicos com ligação à
rede
SolEm
O programa de simulação SolEm foi apresentado aos profissionais pela primeira fez em Março de 2001.
Desde então o programa estabeleceu-se com sucesso no mercado, tendo recebido numerosos prémios.
SOFTWARE E PROGRAMAS DE SIMULAÇÃO PARA SISTEMAS FOTOVOLTAICOS 7.11
ENERGIA FOTOVOLTAICA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAÇÃO
O SolEm proporciona um modo barato e fácil de analisar sistemas fotovoltaicos com ligação à rede. Em
contraste com os outros programas apresentados, o SolEm está baseado no MS-Excel da Microsoft. A
interface entre o Excel e o código fonte VBA, permite que o programa seja transparente e facilmente
adaptado pelos utilizadores. O código fonte aberto suporta a ideia de ser um programa de simulação que
pode ser personalizado ou melhorado pelo utilizador, como é normal na comunidade Linux. Por este
motivo, o SolEm fornece assim uma interface ideal para a sua expansão.
O SolEm inclui extensas bases de dados de módulos, de inversores e de estruturas de montagem, com
capacidades de expansão e de modificação, bem como funções úteis de busca.
Actualmente, a base de dados meteorológica compreende mais de cem locais, permitindo a importação
de dados meteorológicos de outros locais a partir do METEONORM ou de dados de medição.
As funções de desenho permitem três orientações diferentes (número de módulos, área do módulo e
produção). Juntamente com o teste da validade dos valores introduzidos, os testes de potência, da
corrente e da tensão, facilitam o correcto dimensionamento do sistema. São determinadas e
apresentadas a frequência dos diferentes estados operacionais do inversor e a relação inversor-gerador
fotovoltaico. O módulo de desenho é capaz de optimizar o sistema através destas ferramentas úteis. O
dimensionamento do cabo AC e DC é também facilitado, uma vez que permite a selecção entre a
definição da queda de tensão ou da secção transversal do cabo.
A análise económica permite que seja efectuado o prognóstico sobre o balanço da energia solar, os
custos de produção da electricidade, a amortização e a taxa de crédito. Neste caso são considerados
factores de custo, tabelas de preços, subsídios, tarifários especiais, impostos, entres outros parâmetros
financeiros.
O SolEm permite ajudar vários tipos de utilizadores a determinar o desenho e a energia produzida. O
SolEm torna o desenho do sistema facilmente perceptível e, devido à sua adaptabilidade, pode ser
implementado em aplicações de maior complexidade.
Os programas de simulação de sistemas, são necessários para simular sistemas que vão para além dos
limites dos programas de simulação por passo de tempo, ou no caso de se pretender calcular novas
variantes de componentes e de sistemas. Estes programas permitem que a simulação individual dos
módulos seja definida e implementada nos cálculos. Neste caso, o utilizador define o método de
simulação através de uma fórmula ou linguagem de simulação orientada para o diagrama.
O sistema de simulação de sistemas fotovoltaicos mais conhecido é o INSEL. O SMILE, que foi
desenvolvido na TU de Berlim, também entra nesta categoria de programas. Os sistemas fotovoltaicos
podem ainda ser simulados com o TRNSYS, um sistema de simulação utilizado na simulação da
eficiência energética de edifícios e no sector do solar térmico. Os sistemas de simulação utilizados no
sector electrónico, como o PSpice, também podem atingir bons resultados de simulação se forem
introduzidos os circuitos equivalentes das células solares.
No entanto requerem um treino considerável, por forma a que seja possível aproveitar a maioria das
vantagens fornecidas, tal como a sua grande flexibilidade. Nos programas profissionais de simulação por
passo de tempo com interfaces acessíveis para o utilizador, mesmo utilizadores com pouca experiência
com computadores, podem executar a simulação de um sistema em poucas horas. Por outro lado, com
os programas de simulação, o período de treino pode alastrar-se durante vários dias ou semanas.
Consequentemente, são mais apropriados para efeitos de investigação e desenvolvimento.
INSEL
O ambiente de simulação INSEL, que foi desenvolvido na Universidade de Olldenburg, está no mercado
há uma década. Uma linguagem de simulação orientada para blocos foi desenhada para o INSEL,
estando especialmente talhada para simular sistemas que utilizam fontes de energia renováveis. São
implementados numerosos modelos no interior dos vários blocos, de células solares, inversores,
baterias, geradores eólicos, sistemas para bombagem de água e centrais solares termoeléctricas.
Os vários blocos podem ser combinados visualmente com a interface HP VEE. O INSEL inclui uma base
de dados de radiação que contém os valores médios mensais de cerca de dois mil locais em todo o
mundo.
SMILE
A Universidade Técnica de Berlim e a companhia GMD First, têm vindo a desenvolver o ambiente de
simulação SMILE desde 1990. O SMILE é utilizado maioritariamente para simular e optimizar sistemas
complexos de conversão energética. O ambiente de simulação SMILE inclui uma linguagem de
simulação orientada para objectos e fórmulas com capacidade de tradução, um sistema de execução
(runtime system), um “solucionador” numérico, uma estrutura de planeamento optimizada e uma libraria
de componentes. Esta última proporciona um conjunto básico de modelos que descrevem a maioria dos
conversores de energia e as suas combinações, e permite ao utilizador reunir, simular e optimizar, um
sistema energético segundo o princípio dos blocos estruturais.
A orientação para blocos e fórmulas permite que os vários módulos sejam facilmente integrados e os
módulos existentes facilmente expandidos. As áreas de aplicação do SMILE estendem-se à utilização da
energia solar térmica, ao aquecimento e ar condicionado, à simulação térmica de prédios, às redes
hidráulicas e à tecnologia das centrais energéticas. No campo do fotovoltaico, estão implementados
vários modelos para os módulos fotovoltaicos e inversores. Contudo, o SMILE não possui interfaces
gráficas nem descrição dos resultados. Actualmente, o SMILE apenas está disponível para as
plataformas UNIX. Para um uso não comercial, pode ser gratuitamente disponibilizado através da
Internet.
TRNSYS
horizON
A actual versão 2.0 do horizON, é comercializada pela empresa Energiebüro de Zurich. Este programa
está focado no cálculo da linha do horizonte e da trajectória solar. Baseia-se em fotografias digitais que
são combinadas até ao milímetro, por forma a constituir um panorama de 360º. O horizonte calculado
pode ser impresso com a prática função de impressão, ou exportado para um dos seguintes formatos de
programas: METEONORM, PV*SOL e PVSYST. A interface com o utilizador é muito simples e está
claramente estruturada. O software é na sua generalidade apropriado para aqueles que desejam
determinar de um modo preciso a linha do horizonte, sem ter de despender muito tempo e esforço.
METEONORM
A Oficina Federal de Energia Suíça (BEW), encomendou à companhia Meteotest, sediada em Berna, o
desenvolvimento do programa METEONORM, com vista à execução de cálculos com dados
meteorológicos.
Ainda que a maioria dos programas possuam uma extensa libraria de dados meteorológicos para
variadíssimos locais, frequentemente as características das localizações têm de ser simuladas por não
existirem dados disponíveis sobre elas. Com o METEONORM, é possível calcular a radiação global
necessária e os dados da temperatura para qualquer parte do mundo. Para além destes parâmetros,
também é possível determinar a humidade relativa, bem como a velocidade e direcção do vento.
No METEONORM foram integradas várias bases de dados de qualidade, para criar uma única base de
dados mundial para a simulação de sistemas energéticos. Utilizando a interpolação espacial baseada
nesta extensa base de dados, que inclui actualmente os dados meteorológicos de 2.400 estações
meteorológicas espalhadas por todo o mundo, os dados pretendidos podem ser calculados para os
locais desejados em intervalos de uma hora. Os resultados das subsequentes simulações é fornecido
em intervalos horários com 16 formatos diferentes à escolha, bem como com formatos previamente
definidos pelo utilizador. Os dados obtidos podem também ser apresentados na forma gráfica e
impressa.
SUNDI
O SUNDI foi desenvolvido no Instituto para a Tecnologia da Energia Eléctrica na Universidade Técnica
de Berlim. O programa calcula o percurso do trajecto solar e permite a análise dos sombreamentos.
Pode ser aplicado para qualquer localização no globo, quer seja seleccionada da base de dados, quer
seja introduzida individualmente.
De acrescentar que, utilizando os seus próprios valores de medida de radiação global, o software pode
determinar a radiação directa e difusa e a irradiação numa área, para qualquer orientação da mesma.
Todos os cálculos podem ser conduzidos para um determinado período, dia ou ano específico. Os
resultados são fornecidos na forma gráfica ou em tabelas. Os mapas de trajectória solar podem ser
visualizados no ecrã com a sombra projectada. A irradiação horizontal, sombreada e não sombreada, e
definida em intervalos de meia hora, pode ser exportada para outros programas para uma posterior
utilização. Este programa tem sido utilizado pelas Universidades, Escolas Técnicas e Centros de
Formação. O SUNDI pode ser obtido gratuitamente através da Internet (para o endereço, ver a secção
7.6).
O programa Shell Solar Path, foi desenvolvido na Universidade de Bochum, sendo a actual versão 2.0
comercializada pela Shell Solar. Permite o desenho de mapas de trajectória solar para qualquer local do
mundo, tomando em consideração os sombreamentos locais.
Figura 7.23 - Mapa de trajectória solar para Munique utilizando o Shell Solar Path
Pode ainda determinar a duração da irradiação directa em superfícies inclinadas. Como característica
adicional, é possível descrever o nascimento e o pôr-do-sol, bem como o comprimento do dia. As séries
temporais geradas para a altitude solar podem ser exportadas sob a forma de um ficheiro de texto, com
um intervalo mínimo temporal de um minuto. No entanto, ainda que a duração da sombra possa ser
determinada, não é possível calcular a energia da irradiação e as perdas derivadas do sombreamento.
Consequentemente, o Shell Solar Path não pode ser comparado com o programa SUNDI em termos de
funcionalidade.
O prático programa de desenho INSOLAR, é fornecido pela casa editora independente “Technik Verlag”
(www.electropraktiker.de/software). Infelizmente, este programa não fornece uma simulação da energia
produzida. O preço do programa torna-se assim desproporcionado em relação aos seus benefícios, uma
vez que a maioria dos programas de simulação oferecem não só a possibilidade de desenhar e simular o
sistema, mas permitem também estimar a energia total produzida.
Vários fabricantes de inversores oferecem aos utilizadores outros programas de desenho pela Internet,
livres de encargos. O objectivo destes fabricantes é o de fornecer informação clara (para além daquela
SOFTWARE E PROGRAMAS DE SIMULAÇÃO PARA SISTEMAS FOTOVOLTAICOS 7.16
ENERGIA FOTOVOLTAICA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAÇÃO
que consta do Manual do Produto), sobre o comportamento operacional do dispositivo e sobre qualquer
possível configuração da instalação eléctrica. Estes programas são maioritariamente implementados
como tabelas do Microsoft EXCEL e têm várias funcionalidades. O programa mais conhecido é o
programa oferecido pelo fabricante de inversores SMA, sendo fornecido sob a forma de uma tabela
Excel GenAu (http://www.sma.de).
GenAu detém uma base de dados de módulos fotovoltaicos disponíveis no mercado e de inversores
SMA. O programa permite que os módulos sejam combinados com os inversores, utilizando várias
configurações possíveis de ligação dos geradores. Neste caso, as diferentes combinações gerador-
inversor são testadas para garantir que respeitem as principais limitações em termos de compatibilidade.
O programa está disponível na língua Alemã, Inglesa, Italiana e Espanhola.
No entanto, e em geral, o software de simulação “on line” é muito limitado em termos de funcionalidade e
de precisão, sendo principalmente útil para o fornecimento de informação inicial sobre sistemas
fotovoltaicos standard e para uma estimativa grosseira da energia produzida. Ainda que aliviem as
empresas de energia solar de grande parte do trabalho necessário para obter informação, deve ser
ressalvado na respectiva página da Internet que os cálculos não são rigorosos e que estão limitados no
seu âmbito. Para o utilizador em geral, deverá ainda ser especificado que não substituem, de modo
algum, a consulta a um profissional da área.
Um programa de algum modo completo, no que respeita ao cálculo da quantidade de energia produzida
por um sistema fotovoltaico ligado à rede, é o “SolarCalc”. Utilizando este programa, o utilizador pode
estimar a produção energética de um sistema fotovoltaico standard.
O programa “Aeetes”, determina as relações básicas entre o uso da energia solar e a tecnologia
fotovoltaica.
Endereços Internet :
DASTPVPS: http://www.ibom.de
GOMBIS: http://www.gombis.de
greenius: http://www.greenius.net
horizON: http://www.energiebuero.ch
INSEL: http://www.physik.uni-oldenburg.de/ehf
Meteonorm: http://www.meteotest.ch
Outras Versão Demo Gratuita CD (10 €), CD, Internet CD, Internet Sim Gratuito 4)
Internet (grátis)
Língua(s) Alemão Alemão, Inglês Alemão, Inglês Inglês, Francês Inglês, Espanhol Inglês
Preço Individual Diskette 25 €, Aprox. 450 € 584 € e 421 € 700 CHF (aprox. 159 US$ gratis 3)
da licença para Internet gratuita (exclusivamente 480 €) + IVA.
a versão ligação à rede)
completa
(incluindo IVA e
envio)
Foco da Sistemas com Simulações, Simulações, Análise Simulação Tecnologia
Aplicação ligação à rede, desenho e desenho e meteorológica detalhada de Solar, Serviços
análise apresentações apresentações compreensiva e sistemas Engenharia de
tridimensional do comerciais de comerciais de detalhada, fotovoltaicos e Edifícios,
sombreamento, sistemas sistemas sombra em 3D, solares térmicos, tecnologia de ar
interfaces CAD fotovoltaicos, fotovoltaicos, validação, erro instrumentos de condicionado,
(Desenho produção, curvas produção, curvas por desajuste, radiação. sistemas
Assistido por características e características, dispersão energéticos
Computador) sombras, cálculo módulo de exemplar e complexos
de temperaturas curvas
espaçamentos dinâmicas, características.
entre fileiras de perdas e
módulos, sombreamentos,
formação. formação.
Áreas de Sistemas com sim sim sim Sim Sim Sim
Aplicação ligação à rede
Sistemas sim Sim Sim Sim
autónomos
Sistemas Fotovoltaico + PV + gerador PV + gerador de PV + gerador de
híbridos gerador diesel diesel apoio apoio
Sistemas Sim
fotovoltaicos
para bombagem
de água
Outras EO em EO em EO, ST
tecnologias 2) preparação preparação
Gerador de sim Sim Sim Sim
radiação solar
Sombras sim Sim sim sim Sim
Viabilidade Sim Sim Sim Sim
económica
Balanço da sim Sim sim
emisão
Libraria Dimensão da Aprox. 2000 Aprox 2000 em Aprox. 250 na Aprox. 100 na 2.132 ---
Libraria todo o mundo Europa Europa, 22 na
(meteorológica) Suíça
Libraria 3) M, I M, I, B, C, L M, I, B, C, L M, I, B, C M, I, B M, I
Resultados Documentação Sim Sim Sim Sim Sim
dos dados de
entrada
Parâmetros de Sim Sim Sim Sim Sim Sim
avaliação
Exposição visual Sim Sim Sim Sim Sim
Impressão / Sim Sim Sim Sim Sim
cópia em papel
Ficheiros Sim Sim Sim Sim Sim Sim
(exportação)
Intervalo mínimo 1 h 1h 1h 1h 1h Qualquer
de tempo para
os resultados
1) Setembro 2002
2) Outras tecnologias: EO =Eólica, CSTE = Centrais Solares Termoeléctricas, ST =Sistemas solares térmicos, CC = Células de
Combustível, BA = Bombagem de Água, ICCE =Instalação Combinada de Calor e Energia
3) Libraria: M: Módulos, I: Inversores, B: Baterias, C: Controladores de Carga, L: Cargas, P: Bombagem de água, F: Células de
combustível, R: Sistemas de montagem
4) Para uso não comercial
Endereços de Internet:
PVcad: http://www.iset.uni-kassel.de/pvcad
PVS: http://www.econzept.com
PV*SOL: http://www.valentin.de
PVSYST: http://www.pvsyst.com
Solar Studio Suite: http://www.mauisolarsoftware.com
SMILE: http://www.smilenet.de/
Libraria Dimensão da Worldwide 120 Approx 2000 Over 100 sites (Ger, DWD maps 3 North American
Libraria worldwide Aus, Sw) (Ger, Aus Sw, sites only
(meteorológica) Lux, Bel, Ne)
Libraria 3) --- M, I, C, B, L M, I, P, R not necessary ---
Bibliografias Bibliografia 120 em todo o Aprox 2000 em Perto de 100 sites (Ger, DWD mapas 3 Só localizações
Meteorológica munto todo o mundo Aus, Sw) (Alemanha, em Norte América.
Austria, Suíça,
Luxemburgo,
Bélgica,
Holanda )
Bibliografias 3) --- M, I, C, B, L M, I, P, R não ---
necessários
Resultados Documentação Sim Sim Sim Sim Sim Sim
dos dados de
entrada
Parâmetros de Sim Sim Sim Sim Sim Sim
avaliação
Exposição visual Sim Sim Sim Sim Sim Sim
Impressão / cópia Sim Sim Sim Sim Sim Sim
em papel
Ficheiros Sim Sim Sim Sim Sim Sim
(exportação)
Intervalo mín. de Qualquer 1h 1h 1 year Qualquer Qualquer
tempo para os
resultados
1) Setembro 2002
2) Outras tecnologias: EO =Eólica, CSTE = Centrais Solares Termoeléctricas, ST =Sistemas solares térmicos, CC = Células de
Combustível, BA = Bombagem de Água, ICCE =Instalação Combinada de Calor e Energia
3) Libraria: M: Módulos, I: Inversores, B: Baterias, C: Controladores de Carga, L: Cargas, P: Bombagem de água, F: Células de
Combustível, R= Sistemas de Montagem
Endereços Internet:
Solar Path: http://www.shell.de
SOLDIM: http://www.soldim.de
SolEm: http://www.solem.de
SolINVEST: http://www.solinvest.de
SUNDI: http://www.volker-quaschning.de/software/sundi
TRSNYS: http://www.transsolar.de
8.1 Introdução
A maior parte da superfície dos edifícios é adequada à instalação de campos fotovoltaicos, quer nas
fachadas quer nos telhados (inclinados ou planos). A este respeito, pode-se estabelecer uma distinção
entre soluções aditivas e soluções integrativas.
Numa solução aditiva, os módulos fotovoltaicos são fixados no topo do telhado ou na fachada, através
de uma estrutura metálica. O sistema fotovoltaico consiste assim num elemento técnico e estruturante,
colocado no edifício com a única função de gerar energia.
Numa solução integrativa, os componentes do telhado ou da fachada do edifício, são substituídos por
elementos fotovoltaicos. O sistema fotovoltaico passa a fazer parte constituinte do envelope do edifício e,
para além de gerar energia eléctrica, assegura funções de protecção climatérica, isolamento térmico,
isolamento acústico, sombreamento e segurança. Esta capacidade de integração dos módulos
fotovoltaicos permite explorar efeitos sinérgicos e implementar soluções de elevado valor estético.
Este capítulo apresenta conceitos básicos relacionados com a instalação de sistemas fotovoltaicos em
telhados e fachadas, fazendo uma retrospectiva de instalações aditivas e integrativas em telhados
inclinados e planos, fachadas, assim como em coberturas envidraçadas e em dispositivos de
sombreamento.
No futuro, o telhado incorporará elementos energéticos que convertem a luz solar em potência eléctrica
ou em calor. Isto significa que haverá no futuro grandes mudanças no aspecto do telhado (e da fachada),
sobretudo no que respeita ao material e respectiva aparência final.
Do mesmo modo do que as formas de telhado ilustradas na Figura 8.4, existem um número variado de
formas para telhados encurvados e formas especiais para telhados inclinados.
No que diz respeito a este ponto, é necessário distinguir entre conceitos de cobertura do telhado e de
selagem do telhado.
A cobertura do telhado tem por base elementos individuais, tais como telhas (cerâmica, barro, pedra,
fibrocimento), placas de ardósia ou placas em lâminas. São colocadas por forma a facilitar o escoamento
da água da chuva segundo um declive específico mínimo, em função do tipo de cobertura.
Trata-se de uma impermeabilização da cobertura, a qual deverá cobrir toda a superfície do telhado. A
título de exemplo, temos as mantas de feltro betuminoso, as membranas de plástico e o revestimento de
plástico aplicado como um fluído (e endurecido posteriormente). Esta aplicação é absolutamente
necessária para coberturas com uma inclinação inferior a 5º. As ligações, os terminais, as aberturas e as
juntas, também fazem parte da selagem de um telhado.
Tabela 8.1
Tipo Exemplos Material Método de fixação, trabalho Aspectos a ter em conta
Telhas Telha de dupla ranhura, Telha em S, canudo Barro Engatada; fixada com grampos; Boa ventilação; resistência mecânica alta/média.
Telha plana
Assentamento numa base de isolamento térmico, com Aparecimento de musgos e fungos, humidades
argamassa, material espumoso
Telha de betão Tipo ‘Frankfurter Pfanne’ Betão Engatada; fixada com grampos; assentamento numa base de Elevada resistência mecânica; Aparecimento de fungos, humidades
isolamento térmico, com argamassa, material espumoso
Telha plana do tipo Ardósia I Ardósia natural Pregada Descoloração; agentes climatéricos; baixa resistência mecânica
“Shingle” Ardósia II Ardósia de fibrocimento Pregada Contracção (quando seca), enchimento (com a humidade), os furos devem ter uma maior
secção, aparecimento de veios
Telha plana de madeira Madeira Pregada ‘”Abaulada” em resultado da variação da humidade; para um telhado com declive < 18°, é
preciso preservar quimicamente a madeira
Telhas de corte curvo Betume Pregada, fixada com grampos Extracção da humidade
Placas Lâminas trapezoidais Aço, galvanizado Aparafusadas, rebitadas Lâminas galvanizadas trapezoidais, nalguns casos com uma capa adicional de plástico;
Placas de rebordo vertical Zinco, titânio, cobre, Fixadas com pinças parafusos sempre colocados na parte superior
alumínio Problemas de corrosão
Rufo, chapas de remate Chumbo, zinco Soldadas, pressionadas Boa ventilação; elevada expansão térmica; fragilidade
Placa ondulada Lâmina translúcida ondulada Fibrocimento, Poliéster Aparafusada Penetração da água projectada pelo vento
Lâmina ondulada de betume Betume Pregada Penetração da água projectada pelo vento
Placa plana Vidro endurecido de segurança, vidro isolante, Vidro, folhas de plástico, Ponto fixo, linearmente ou sobre toda a superfície: colada, Combina muito bem com os módulos fotovoltaicos, uma vez que podem ser usadas as
vidro laminado de segurança, vidro de protecção coberturas metálicas, pressionada, fixada com grampos, aparafusada, dependendo mesmas subestruturas e fixações
solar. Células solares do sistema envidraçado Observar as normas de engenharia para as construções com vidro (ver secção 5.11.1)
Módulos fotovoltaicos
Fluidos plásticos Impregnação do telhado Poliuretanos, acrílicos, Vertido, espalhado Aplicação sujeita às condições climatéricas; o substrato deve ser cuidadosamente
resinas preparado
Revestimento do Membrana soldada Betume Colada, soldada Tempo de vida máximo 20 anos, pode ser inferior à instalação solar. Corrosão do betume
telhado Tela de plástico EPDM Unida com ar quente na junção com lâminas de zinco.
Contém plastificantes; friabilidade; ter em atenção a compatibilidade com o betume.
Material Vegetal Telhado de colmo Caniços Unido/atado com arame aos ripados Ate à data, não se conhecem instalações fotovoltaicas. Uma possibilidade seria, por
Telhado ajardinado Folha metálica, substrato, exemplo, a instalação no telhado sobre as águas furtadas.
plantas especiais Disposto por cima das telas Apenas podem ser montadas em armações inclinadas
Acabamentos e Telhas de ventilação Betão, barro Encaixe Podem ser removidas
elementos especiais Telhas da cumeeira e do beiral Betão, barro Fixadas com grampos (novos edifícios), ou com argamassa Impedem a instalação de módulos fotovoltaicos
(telhados antigos)
Drenagem do telhado, caleira, algeroz Plástico, metal, tijolo Aparafusados, fixados com grampos ou clips, rebitados, Impedem a instalação de módulos fotovoltaicos
soldados
Acessórios para extracção/ventilação, chaminés, Plástico, metal, fibrocimento Aparafusados Impedem a instalação de módulos fotovoltaicos
respiradouros Metal
Chapa de remate Aparafusada, colada, soldada Impedem a instalação de módulos fotovoltaicos
Regra geral, os telhados inclinados são ventilados (telhados frios), sendo a sua estrutura (do exterior
para o interior) da seguinte forma:
x Cobertura do telhado (1º nível de drenagem). A água da chuva e humidades são recolhidas no ponto
mais baixo e escoadas através de caleiras.
x Ripado.
x Telas ou sub-telhas (2ª camada impermeabilizadora).
x Vigas com placas de isolamento térmico.
No caso do telhado não se encontrar térmicamente isolado, ou do sótão vir a ser usado como espaço de
habitação, será necessário isolar o telhado. O isolamento térmico poderá ser executado de três
diferentes modos:
Instalações no telhado
A inclinação que define um telhado plano não é um dado preciso, situando-se normalmente entre 5º e
11º. Em termos estruturais, os telhados inclinados possuem coberturas que garantem o escoamento das
águas, enquanto que os telhados planos possuem camadas impermeabilizadoras e isolantes. O
escoamento das águas do telhado é geralmente resolvido através de um algeroz, que descarrrega a
água através de um tubo de escoamento.
Conforme a estrutura do telhado, pode-se diferenciar entre o telhado ventilado com duplo revestimento
(telhado frio) e o telhado sem ventilação com revestimento simples (telhado quente). O telhado quente é
o sistema mais comum nos telhados planos.
Um telhado ventilado possui uma ventilação constante entre a camada isolante e o revestimento do
telhado, por forma a prevenir a formação de orvalho no telhado e, desta forma, evitar eventuais danos
causados pela acumulação de humidades. Por outro lado, esta ventilação permite evitar a transferência
das deformações térmicas para as camadas interiores da cobertura, em resultado da incidência dos raios
solares. A zona de ventilação deve ter, pelo menos, 15 cm de altura, uma vez que a ventilação, ao
contrário do que acontece nos telhados inclinados, não é promovida pelo fluxo térmico ascendente, mas
depende unicamente do vento.
Neste caso, a ventilação é omitida a favor de uma estrutura mais simples do telhado e de uma menor
altura de construção. O isolamento térmico é localizado directamente entre a estrutura de suporte e o
revestimento do telhado. Isto requer a instalação de uma barreira de vapor acima da camada de suporte,
de modo a evitar a infiltração de humidades no telhado, em resultado de condensações na área da
camada de isolamento.
Enquanto que os telhados planos permitem uma certa liberdade ao projectista do sistema fotovoltaico, os
telhados inclinados determinam a orientação e a inclinação dos módulos. Por este motivo, devem-se
estudar as características do telhado antes de iniciar a fase de projecto (ver capítulo 4).
Figura 8.15
Para a montagem de sistemas fotovoltaicos no telhado, os módulos são dispostos sobre a cobertura do
telhado, usando para o efeito uma subestrutura metálica. A cobertura do telhado é mantida e continua a
desempenhar a função de escoamento das águas. Para a instalação de campos fotovoltaicos em
telhados já existentes, esta opção é seguramente a mais indicada, pois tem a melhor relação custo-
benefício (os custos de material e de implantação são reduzidos). Contudo tem a desvantagem, para
além do seu aspecto estético, de todos os componentes, incluindo os acessórios, as ligações eléctricas e
os cabos, ficarem expostos.
MONTAGEM E INTEGRAÇÃO EM EDIFÍCIOS 8.8
ENERGIA FOTOVOLTAICA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAÇÃO
A estrutura metálica deve ser capaz de suportar as forças que ocorrem nos módulos e transferi-las à
estrutura do telhado. Para além da elevada carga térmica na altura do verão, os módulos estão expostos
a grandes tensões mecânicas.
São exercidas forças de pressão e de tracção nos módulos. As primeiras resultam em grande parte do
peso da neve e da geada, da pressão do vento em função da altura do prédio e do próprio peso dos
módulos e da subestrutura. As forças de tracção resultam essencialmente do efeito de tracção do vento.
Os factores de tracção do vento dependem da inclinação do telhado, sendo maiores nas esquinas do
telhado e diminuem gradualmente dos extremos para o centro (DIN 1055, capítulo 4). Para os telhados
com uma inclinação superior a 35º, a carga de tracção pode ser considerada constante para todo o
telhado. Estes efeitos devem ser observados na fase de desenho da estrutura fotovoltaica.
Com o intuito de minimizar as forças exercidas no gerador, deverão ser tomados em consideração os
seguintes aspectos na fase de planeamento:
x O espaço entre a superfície do módulo e a cobertura do telhado não deve ser muito grande. No
entanto, deve ser suficiente para permitir a eficaz ventilação do telhado e evitar que as folhas fiquem
presas, podendo dessa forma obstruir o escoamento da chuva.
x As linhas verticais e horizontais do prédio (cumeeira, beiral, empena), não devem ser ultrapassadas.
A distância entre o limite do campo fotovoltaico e os extremos do telhado deve ser, no mínimo, cinco
vezes superior à altura do campo fotovoltaico.
x Deve-se deixar um pequeno espaço entre os módulos, por forma a compensar a pressão do vento.
Dado que os sistemas fotovoltaicos podem operar durante períodos superiores a vinte anos, e que,
sobretudo no caso das estruturas perfiladas de suporte, todos os acessórios mecânicos estão expostos
às condições climatéricas, deve-se usar apenas um tipo de metal nos pontos de fixação. As
combinações de diversos metais, só poderão ser usadas se não houver qualquer risco de reacções
electroquímicas. Se for necessário, estes pontos de fixação deverão ser protegidos da humidade. No
entanto, é recomendado o isolamento entre metais com elevadas diferenças de potencial.
Outros componentes (como por exemplo sarjetas, cobertura de maçonaria, etc.), também devem ser
tomados em linha de conta, por forma a eliminar possibilidade de corrosão electrolítica. Se a estrutura de
suporte for construída no próprio local da instalação, deve ser garantida uma eficaz protecção contra a
corrosão. O material galvanizado por imersão a quente não poderá ser furado ou recortado, uma vez
que, a galvanização a frio, subsequentemente aplicada nos locais não-galvanizados, não é tão
duradoura como a galvanização por imersão a quente.
No sentido de integrar de forma harmoniosa o sistema na envolvente do edifício, os módulos devem ser
dispostos de modo a que, na medida do possível, seja criada uma única superfície linear para o gerador.
A distribuição espacial pelo telhado ou uma disposição em degrau, dão uma impressão descuidada.
Assim, para telhados com formas complexas ou no caso de existirem sombreamentos parciais, deverão
ser escolhidos arranjos fotovoltaicos contíguos ou de uma forma semelhante à superfície do telhado.
A estrutura metálica do sistema gerador fotovoltaico divide-se em duas partes: a estrutura de fixação ao
telhado e a armação de base do telhado inclinado.
Figura 8.16 - Sistema fotovoltaico montado na Sede do Partido Federal Alemão dos Verdes,
Berlim
Fixação ao telhado
Devem ser criados na superfície do telhado, pontos de fixação que recebam os módulos. A escolha do
sistema de montagem depende do tipo de cobertura. Existem soluções dependentes das vigas de
suporte e outras independentes. As soluções independentes oferecem um maior leque de soluções em
termos da colocação no telhado, mas estruturalmente não suportam cargas tão grandes quanto as
soluções dependentes.
Ganchos
Estes dispositivos de fixação para telhados têm a forma de um gancho, ultrapassam a cobertura do
telhado e são fortemente aparafusados às vigas ou aos ripados (1, 2). Os ganchos de telhado são
adequados para todas as coberturas com telhas, telhas betuminosas, ardósias ou telhas planas. O
gancho não deve ser pressionado contra a telha. Se for necessário, a cavilha da viga deverá ser calçada
com madeira (3). Deve ser efectuada uma recessão na telha que cobre o gancho, no ponto em que este
sobressai da cobertura, usando para o efeito uma rebarbadora (4).
Figura 8.18 - Jogo de ganchos para telha plana com placa de aço inoxidável
Fotografia: Phönix Sonnenstrom AG
Nos telhados ondulados usam-se umas pinças especiais, que se fixam firmemente nos rebordos das
chapas. Este tipo de montagem de telhado não pode levar grandes pesos estruturais.
Figura 8.21 - Grampos de cabeça arredondada para placas de rebordo KalZip, Trade Fair Centre
em New Munich
Fotografias: Corus Bausysteme e Shell Solar
Se por razões estruturais for necessário fixar o gerador à estrutura de suporte de telhados metálicos, os
pontos de penetração deverão ser selados nas placas das coberturas.
Esta fixação ao telhado especialmente desenvolvida para lâminas onduladas ou trapezoidais de aço
inoxidável, é apropriada para vários tipos de telhados perfilados.
Telhas de fixação
Existem vários fabricantes que oferecem telhas especiais para a fixação dos módulos fotovoltaicos.
Estas telhas são feitas de plástico ou de alumínio, tendo sido originalmente criadas para suportar
grelhas, para a retenção da neve ou para servirem de degraus. São instaladas na cobertura do telhado,
independentemente das vigas, sendo aparafusadas adicionalmente aos ripados. As telhas de fixação
são apenas adequadas para coberturas com telhas.
As calhas são montadas nos pontos mais seguros do telhado e recebem directamente os módulos
solares, no caso da montagem individual. Na montagem em painéis, que é ocasionalmente usada, vários
módulos solares são pré-montados e fixados às calhas. Este trabalho pode ser executado no solo. O
painel de módulos pode então ser elevado até ao telhado com a ajuda de uma grua ou de um guindaste
inclinado, para aí ser então montado. Os painéis são construídos com módulos standard de 100 Wp de
potência máxima. Em princípio envolve uma maior despesa de material.
Por forma a obter uma superfície plana para o gerador, a armação de base do telhado inclinado deve
compensar qualquer desnível existente na superfície do telhado. Por este motivo, este factor deve ser
verificado, antes da colocação de qualquer elemento de ajuste da altura do telhado. Isto pode ser
conseguido através de ganchos de telhado ajustáveis ou calçando-os com separadores ou anilhas
(dependendo do sistema de montagem). A armação do telhado inclinado deve permitir a fácil remoção
dos módulos individuais, uma vez que pode ser necessária a reparação do telhado por baixo do módulo
ou a substituição de um módulo defeituoso.
Existem vários tipos de armações para telhados inclinados disponíveis. Secções simples em forma de U,
C e L. As calhas Halfen são frequentemente usadas como calhas de montagem horizontal e vertical. Os
restantes acessórios, tais como os parafusos, as pinças de suporte, os grampos, os ganchos e os clips
que seguram os módulos, são fornecidos prontos para serem usados. Os sistemas variáveis podem ser
usados universalmente e podem receber diferentes módulos (tipos e dimensões). Os materiais standard
são o alumínio e o aço inoxidável, ou o aço galvanizado por imersão a quente. Devido ao risco de
corrosão nos contactos directos com a armação de alumínio, não é recomendado o uso de aço em
ambientes agressivos (nos ambientes industriais ou perto do mar), mesmo sendo galvanizado. Se as
instalações nos telhados envolviam geralmente muito tempo e trabalho, os novos sistemas de montagem
vieram simplificar esta tarefa, poupando tempo e materiais.
Para a montagem no telhado são usados módulos vidro-película (laminados) com e sem armação, ou
módulos vidro-vidro. Normalmente são colocados lado-a-lado, mas existem sistemas nos quais os
módulos são sobrepostos à semelhança das telhas. A possibilidade de circular por cima dos módulos,
para efeitos de manutenção e reparação, depende do tipo de módulos que for usado (ver as
especificações do fabricante). No entanto, deve-se sempre verificar se não existem pedras ou
fragmentos de metal presos nas solas dos sapatos, por forma a evitar riscar a superfície do módulo. A
título ilustrativo, são de seguida descritas sete armações de base de telhados inclinados, com vários
sistemas de fixação dos módulos. Neste caso, e de acordo com as definições fornecidas no capítulo 3, o
termo “laminado” refere-se aos módulos vidro-película, independentemente do módulo ser armado ou
não.
As calhas da Energiebis são adequadas para a montagem de módulos com e sem armação (módulos
vidro-película) para todos os tamanhos standard. São aparafusadas horizontalmente nos pontos de
fixação do telhado. Duas calhas paralelas fixam uma fileira de módulos. No caso dos módulos com
armação, a armação é fixa às calhas, sendo os módulos presos nas extremidades através de fixações de
alumínio. São usados grampos especiais com protecções de borracha para montar os módulos sem
armação. Os cabos são encaminhados através das condutas integradas nas calhas.
A armação AluTec para telhados inclinados é apropriada para segurar os laminados com armação.
Neste caso, as secções verticais AluVer são inicialmente aparafusadas aos pontos de fixação do telhado
(espaçamento de 1,2 a 1,4 m), sendo então fixadas as secções horizontais AluTec. Estas últimas são
secções especiais nas quais os módulos são simplesmente inseridos. Não são sequer necessárias
ferramentas nesta etapa. Os módulos mantêm-se no seu lugar, apenas devido ao seu peso. Nas partes
laterais das secções AluTec, são ajustados pequenos suportes para que os módulos não deslizem das
suas secções. Os cabos verticais são encaminhados nas secções AluVer, enquanto que os cabos
horizontais precisam de ser fixados aos perfis AluTec através de clips. A substituição dos módulos
individuais é feita de forma simples. As secções AluTec precisam de ser ajustadas à espessura dos
módulos usados e, por este motivo, são fornecidos com vários tamanhos.
A armação de sistema Sol-50 segue o mesmo princípio de desenho do sistema AluTec. Contudo, este
sistema pode receber módulos com armações de diferentes alturas, até ao limite de 50mm. As secções
horizontais são ajustadas à altura global da armação, através da inserção nas calhas de montagem de
dois calços por cada módulo, no topo e na base. Os módulos são fixados nas partes laterais através de
barras aparafusadas às secções, sendo as secções inferiores e superiores fechadas através da inserção
de lâminas.
Figura 8.35 - Secção com e sem calços para ajuste da altura da armação dos módulos
Fotografia: Osmer
SunStick é um sistema universal de fixação no telhado, que compreende pequenas peças que evitam o
corte das calhas de montagem. É um sistema modular composto por componentes préfabricados, que
podem ser armazenados em grandes quantidades, facilitando o seu transporte. É adequado para a
maioria dos módulos solares com armação e com dimensões máximas de 1,80 m x 1,40 m. Consiste
basicamente em duas calhas de base (2) por cada fileira vertical de módulos, a partir das quais é
possível construir qualquer expansão. Os parafusos de ajuste dos ganchos do telhado (5) permitem
ajustar a altura das calhas, por forma a nivelar eventuais irregularidades do telhado e evitar cargas sobre
as telhas. O sistema de expansão (3) permite através de um pino de segurança unir as secções, onde
são colocados os módulos (1). Estes são presos às calhas através de fixadores (4), ou no caso de
fixações no topo e na base do módulo, através de suportes terminais de módulos. Os únicos utensílios
necessários para a montagem dos módulos são uma chave Allen e uma chave-inglesa.
Figura 8.38 - Estrutura de fixação para telhados inclinados (com e sem módulos)
Fotografias: Abakus
Nesta estrutura de montagem para telhados inclinados e para módulos vidro-vidro, as calhas do sistema
são fixadas verticalmente aos suportes de montagem. Três calhas paralelas suportam, respectivamente,
uma fileira de módulos. Devido ao pequeno espaço entre os eixos dos suportes de montagem, estes são
fixados às ripas horizontais em vez das vigas. Os módulos são colocados de baixo para cima. Assentam
em secções de borracha (1) e são fixados às calhas de montagem, usando grampos de aço inoxidável
através de adaptadores de silício adequados (2, 3). Os grampos terminais no extremo inferior dos
módulos são presos à extremidade inferior das calhas através de longos parafusos e porcas especiais
para evitar o deslize dos módulos (4).
O sistema Solar Universal consiste num kit completo que é apropriado para praticamente todos os
materiais de cobertura de telhados. Este kit compreende telhas de fixação onduladas, calhas metálicas,
acessórios e cabos, bem como laminados de 100 watts sem armação e inversores. Não é possível
substituir os componentes individuais por componentes de outros fabricantes. As telhas solares são
instaladas nos necessários ripados adicionais e suportam as calhas de suporte verticais. Os grampos
retentores, onde são encaixados os módulos, são fixados a estas calhas. São necessárias duas calhas
para cada fileira vertical de módulos. Neste caso, os grampos de retenção dos módulos são montados
por cima do módulo inferior, sendo então colocado o módulo superior.
Figura 8.41 - Sistema Solar Universal Telha de fixação (em função do telhado) e montagem dos
módulos da base para o topo
Fotografias: Laumans
O sistema de montagem Solo é único entre os sistemas de montagem nos telhados. Neste caso, os
laminados de 40 Wp são montados individualmente sobre as telhas do telhado, usando grampos de
retenção de aço inoxidável. O formato do laminado, com as dimensões de 99 cm x 33 cm, permite que a
quase totalidade das telhas de barro (à excepção das telhas planas) e das telhas de cimento, possam
serem ajustadas aos laminados através de clips apropriados. A principal vantagem deste sistema reside
na simplicidade da montagem (dado que não é necessário qualquer intervenção na cobertura do
telhado), na facilidade de substituição dos módulos e na possibilidade de expansão do sistema. Não há
qualquer risco de corrosão, uma vez que os grampos de retenção são fabricados exclusivamente em aço
inoxidável.
Figura 8.44
Nos sistemas integrados no telhado, os módulos apoiam-se na base do telhado e substituem a cobertura
convencional do mesmo. A totalidade da superfície do telhado ou então apenas parte do telhado, podem
ser cobertas com módulos. O gerador tem uma dupla função: a de gerar energia eléctrica e a de proteger
o edifício contra os elementos climatéricos. Por este motivo, o sistema de montagem deve impedir a
entrada da água da chuva entre os módulos e nas margens do campo gerador. À semelhança do que
acontece nos telhados frios convencionais, será necessária uma estrutura de ripados. Se o declive for
MONTAGEM E INTEGRAÇÃO EM EDIFÍCIOS 8.20
ENERGIA FOTOVOLTAICA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAÇÃO
inferior ao valor mínimo, esta construção já não poderá por si só proteger contra a penetração de águas
e infiltração de humidades, pelo que será necessário uma sub-cobertura impermeável. No intuito de
evitar danos provocados pela retenção das humidades, provenientes da condensação que se forma na
parte posterior dos módulos, deve-se garantir a circulação de ar na parte posterior dos mesmos.
Os sistemas de seccões, para laminados com armação e sem armação, consistem numa estrutura que
não é auto-sustentada e que está fixada à subestrutura existente do telhado. Os módulos são dispostos
nesta armação e fixados linearmente ou pontualmente. A protecção climatérica é conseguida através da
sobreposição dos laminados, pelo uso de selos de borracha entre os laminados ou através de canais de
drenagem nas secções inferiores dos laminados. Os módulos são ventilados do mesmo modo que as
coberturas convencionais no plano da subestrutura do telhado. Para geradores com grandes superfícies
de captação, deve-se assegurar um espaço suficientemente grande, para que a circulação do ar se
possa fazer naturalmente.
Desenho: O sistema de secção Zetter tem um desenho semelhante ao sistema Solardach III. A
diferença reside na maior área de sobreposição do módulo no sistema Zetter (sobreposição de 15 cm).
Os módulos são normalmente suspensos numa construção composta por ganchos. Dado que na secção
Zetter estes elementos são presos às ripas horizontais do telhado, a posição das ripas terá de ser
modificada por forma a ajustar-se à altura do módulo.
Módulos: Devido à considerável área de sobreposição, não podem ser utilizados módulos standard. Os
laminados sem armação devem ser construídos por medida, uma vez que é necessário manter um
espaço entre as células e o bordo da área superior do módulo.
Manutenção: A disposição dos módulos favorece a sua auto-limpeza. Os módulos podem ser
individualmente substituídos.
Desenho: Neste sistema de montagem da Conergy Sistems, os suportes verticais dos módulos são
cortados segundo o comprimento do módulo, e fixados às ripas horizontais do telhado no ponto central
inferior dos módulos. Os módulos são então postos sobre as calhas de montagem, deixando uma
margem lateral de 3 mm, sendo suspensos numa estrutura em gancho. Os módulos são colocados de
baixo para cima, sendo o limite inferior de cada módulo apoiado sobre o limite superior do módulo
anterior. O completo kit é pré-fabricado em função do módulo que deverá ser instalado.
Protecção climatérica: As juntas horizontais são seladas pela sobreposição dos módulos. A protecção
contra a projecção de água é conseguida através de uma faixa expandida colada sobre o extremo
superior do módulo. A drenagem lateral da água faz-se pelos canais de drenagem das calhas de
montagem, situadas por baixo do plano dos módulos.
Módulos: Não existem limitações para os laminados com armação e para a maioria dos laminados sem
armação. No entanto, os módulos vidro-vidro deverão ter um comprimento máximo de 80 cm e uma
espessura de 10 mm (módulos maiores apenas por encomenda). Os módulos podem ser colocados quer
na posição vertical quer na posição horizontal.
Manutenção: A disposição dos módulos favorece a sua auto-limpeza. Os módulos podem ser
substituídos individualmente.
Desenho:. As secções de suporte do módulo (3) e os ganchos de montagem que recebem os módulos
(2) assentam nas ripas de madeira vertical, que juntamente com as ripas horizontais formam a
subestrutura do telhado (1). As secções de suporte com o formato de um M ajustam-se perfeitamente às
ripas, sendo afunilados. Isto permite a sobreposição e encaixe das secções superiores, criando ao
mesmo tempo uma diferença de altura entre os vários níveis.
Protecção climatérica: A selagem do telhado é garantida pelas juntas horizontais formadas pela
sobreposição em escada dos módulos. Nos partes laterais, as secções de suporte sobrepostas
funcionam como canais de drenagem (4). A faixa selante e adesiva (6) que é intercalada no espaço entre
o módulo e a secção de suporte, permite evitar a entrada de água da chuva e do vento. Para fazer face à
eventual acumulação de águas, é aplicada uma borda de protecção (8) no topo dos módulos. Se a
cobertura fotovoltaica apenas cobrir parte do telhado, são aplicados revestimentos em chapa que selam
a transição para a cobertura adjacente do telhado. Uma grelha perfurada situada nos limites inferiores do
campo do módulo facilita a ventilação.
Módulos: Este sistema é apropriado para qualquer módulo sem armação e para a maioria dos módulos
com armação, dado que as secções de aço inoxidável são individualmente cortadas à medida das
dimensões de cada módulo. Para os módulos com armação, são utilizadas secções de suporte com
recessos (7) nas barras de suporte (5). Estas barras suportam a armação dos módulos, existindo desta
forma um contacto contínuo entre os módulos e as secções de suporte. Os módulos podem ser
colocados quer na posição vertical quer na posição horizontal.
Manutenção: A disposição dos módulos favorece a sua auto-limpeza. Os ganchos de aço inoxidável são
maleáveis e, por este motivo, permitem libertar facilmente os módulos individuais.
Desenho: Neste sistema de montagem, os módulos são entregues no local da instalação já colados à
armação, que é constituída por quatro secções de alumínio perfilado. As ripas horizontais do telhado
devem ser adaptadas à largura do módulo. Os módulos são introduzidos em ganchos, que por sua vez
estão fixados às ripas horizontais. Os módulos são sobrepostos entre si na direcção vertical, isto é, o
extremo inferior do módulo é colocado por cima do extremo superior do módulo anterior.
Protecção climatérica: A selagem do telhado é garantida pela sobreposição das secções horizontal e
vertical (à semelhança das telhas), e pelos canais de drenagem que são integrados nestes. Se a
cobertura fotovoltaica for parcial, então são colocados revestimentos em chapa que selam a transição
para a cobertura adjacente do telhado.
Módulos: Este sistema é adequado para laminados sem armação de qualquer tamanho, uma vez que
as secções de alumínio são cortadas à medida do módulo. O módulo é habitualmente colocado na
posição horizontal, mas também é possível colocar o módulo na posição vertical. A companhia Biohaus
fornece um módulo de 150 W do fabricante espanhol Isofoton, que em conjunto com a armação Solrif,
formam uma telha solar com dimensões de 131 cm x 100,2 cm x1,6 cm, que é adequada ao sistema de
montagem Biosol Indach. Dispõe de uma versão semitransparente, que pode ser aplicada, por exemplo,
em estufas.
Manutenção: A sobreposição dos módulos favorece a sua auto-limpeza. As secções podem deslizar na
direcção vertical, sendo assim individualmente retiradas sem grandes dificuldades.
Módulos: Este sistema permite usar laminados sem armação de qualquer tamanho com uma espessura
máxima de 5mm. Os módulos podem ser colocados na posição vertical ou horizontal.
Manutenção: O perfil plano do gerador promove a sua auto-limpeza. Para soltar os módulos
individualmente, a faixa protectora de plástico tem de ser removida.
Desenho: Á semelhança do sistema Boal, o primeiro passo consiste em prender as secções contínuas
de suporte às ripas horizontais do telhado, com o mesmo espaçamento do que os módulos. Os módulos
são então assentes sobre estes, sendo deixada uma margem lateral mínima. Na junta horizontal, no
intervalo entre dois módulos sobrepostos, é inserida uma faixa de borracha de dupla face em forma de
U. Da mesma forma são extendidas faixas de borracha contínuas nas junções verticais, evitando desta
forma que os módulos fiquem soltos.
Protecção climatérica: As juntas verticais e horizontais são seladas por faixas de borracha. As
infiltrações de águas são escoadas através dos canais de drenagem das secções de suporte.
Módulos: Podem ser usados laminados sem armação com uma espessura de 3,5 a 7mm, dispostos na
posição vertical.
Manutenção: O perfil plano do gerador promove a sua auto-limpeza. Para retirar os módulos individuais,
têm de ser removidas as faixas verticais de borracha.
Figura 8.60 - Parte superior, inferior e juntas laterais nas telhas com cobertura parcial
Protecção climatérica: Dado que as placas de plástico são colocadas em sobreposição, elas
asseguram a protecção do telhado contra os agentes climatéricos. Os módulos são colocados lado a
lado, deixando espaços abertos entre eles. As infiltrações são escoadas através da superfície plástica,
que se encontra por baixo dos módulos.
Módulos: Podem ser usados todos os tipos de módulo com armação. As placas possuem folgas que
permitem que a sobreposição seja ajustada para os diferentes tamanhos de módulos. Os módulos são
montados preferencialmente na posição horizontal. Na posição vertical, as faixas Interflex são instaladas
horizontalmente, o que prejudica a ventilação na parte posterior.
Manutenção: Para além das armações do módulo, não há elementos estruturais sobre o plano do
gerador que prejudiquem a sua auto-limpeza. Os módulos podem ser separados individualmente do
conjunto.
Desenho: As placas trapezoidais têm características adequadas para receber módulos solares. Os
módulos são colados às placas nos locais de montagem e o conjunto, com os módulos já montados, são
sobrepostos no telhado e aparafusados às ripas, do mesmo modo que as placas onduladas
convencionais. Entre os módulos, podem ser montadas calhas como medida adicional de segurança. Os
módulos são ventilados através dos correntes de ar que circulam entre as ondas da placa. A ventilação
depende da altura e da largura da secção. As placas trapezoidais estão disponíveis em diferentes
formatos e cores. Deve ser dada uma especial atenção aos ligadores posteriores na selecção dos
módulos, pois estes não devem ultrapassar a profundidade da secção da placa. A densidade de
montagem dos módulos determina o limite do espaço visível da placa trapezoidal.
Módulos: São usados laminados sem armação, que podem ser montados na posição horizontal ou
vertical.
Estes módulos são modificados na sua forma e função, por forma a adquirirem as características
próprias das coberturas convencionais. Uma telha convencional sobrepõe-se à telha inferior e à telha
lateral, por forma a que a água da chuva possa fluir na sua superfície. A forma da sobreposição
(encaixe), garante que a neve e a água da chuva não penetrem por baixo da cobertura do telhado, e que
os fluxos de água não se infiltrem por baixo das telhas. Ao modificar os módulos solares, os fabricantes
procuraram introduzir este princípio, tendo desenvolvido armações especiais para a sobreposição. Estas
podem ser ajustadas directamente às ripas existentes. Contrariamente às telhas convencionais, em que
o respectivo peso oferece suficiente segurança em caso de tempestades, o reduzido peso dos módulos
solares faz com que seja obrigatória a sua fixação mecânica. A eliminação dos trabalhos relativos à
instalação das estruturas de suporte e a reduzida dimensão dos módulos, simplificam a montagem no
telhado.
A ventilação do módulo ocorre no plano da subestrutura do telhado. Contudo, o desenho das estruturas
da armação, que nalguns casos são compactas, requer frequentemente canais de ventilação adicionais,
por forma a permitir o arrefecimento das células solares. Se os módulos apenas cobrirem uma parte do
telhado, deve-se ter em atenção de que nem todos os sistemas podem ser combinados com os vários
tipos de cobertura e declives dos telhados.
Desenho: O sistema de telhas solares da Phönix, pode ser integrado na maioria das coberturas.
Consiste numa armação de plástico com a dimensão de 76,1 cm x 50,5 cm, que recebe um laminado de
vidro especial endurecido. Consequentemente, as dimensões da telha solar são ajustadas às dimensões
standard das telhas normais. È no entanto mais estreita do que as telhas convencionais. Por este motivo,
é necessário instalar outra linha de ripas no sistema de suporte horizontal existente. Os módulos são
sobrepostos na direcção vertical e encaixados entre si através de ranhuras alinhadas entre si. Os
módulos são finalmente presos em cada lado com perfis de acabamento feitos de alumínio anodizado,
aparafusados às ripas. Estas secções têm o mesmo comprimento que o módulo. Se a cobertura
fotovoltaica apenas cobrir uma parte do telhado, são aplicadas placas cuneiformes de remate, sendo
então a cobertura convencional do telhado aplicada ao mesmo nível do campo fotovoltaico. Na linha da
cumeeira e do beiral, a integração é conseguida através da sobreposição da cobertura do telhado.
Ventilação: A simples estrutura do módulo (laminado) e a armação plana de plástico da parte posterior,
permitem a ventilação no plano da subestrutura do telhado.
Sistema PV 700
Braas Dachsysteme, Alemanha
Figura 8.66 - Secção de corte longitudinal com abertura de telhado correctamente executada
Desenho: Este sistema, para os telhados da Braas, é um sistema completo que foi desenvolvido
especialmente para as seguinte telhas: Frankfurter Pfanne, Doppel-S, Taunus Pfanne, Harzer Pfanne e
Tegalit. Para além disto, pode ser combinada com a telha “Topas Reformpfanne” da RuppKeramik. Um
laminado sem armação da Shell Solar é montado sobre as ripas do telhado, usando cassetes especiais
de fixação. O módulo, com as dimensões de 38cm x 119,4cm, é colocado transversalmente. Cada
módulo substitui quatro telhas de uma fila e é preso mecanicamente às restantes telhas.
Ventilação: O uso de cassetes de fixação implica que a ventilação natural dos módulos não é possível;
sendo a ventilação conseguida através dos canais de ventilação integrados no interior das cassetes de
fixação.
Desenho: Este sistema de telhas solares do fabricante Pfliedere, foi desenvolvido especialmente para a
telha plana de barro “terra Piatta”. A “Terra Piatta Solar” consiste num laminado colado numa armação
de plástico. Tem 45cm de altura e 142,3 cm de largura e, de modo semelhante, ao do sistema Braas,
substituindo seis telhas de barro. Contudo, ao contrário do sistema PV 700, a Terra Piatta Solar consiste
num único componente e é colocado sobre as ripas do telhado como se tratasse de uma telha. Para
fazer face às tempestades, a telha solar é adicionalmente presa às ripas.
Ventilação: A armação de plástico é aberta no lado posterior, o que permite a ventilação do laminado no
plano da subestrutura do telhado.
Protecção climatérica: A armação de plástico tem os mesmos encaixes do que a telha Terra Piatta.
Consequentemente, a protecção climatérica é semelhante à de uma telha convencional.
Potência eléctrica: 50 Wp por módulo com células policristalinas (ver abaixo), 56 Wp por módulo com
células monocristalinas.
Manutenção: A ausência de elementos estruturais sobre o plano do gerador, favorece a sua auto-
limpeza. Os módulos individuais podem ser retirados, desapertando o parafuso de fixação. É possível
andar sobre os módulos desde que se tenha cuidado.
Figura 8.69
Desenho: O sistema solar Sesol foi desenvolvido para telhas onduladas do tipo Frankfurter Pfanne,
independentemente do fabricante. Cada elemento solar compreende um laminado sem armação de
33cm de comprimento e 108cm de largura, que é colado num suporte especial feito de mineral fundido.
Substitui quatro telhas convencionais e é colocado exactamente do mesmo modo. A telha solar não
requer qualquer elemento de segurança adicional, uma vez que o seu peso é similar ao das telhas
normais.
Potência eléctrica: 45,5 Wp por módulo policristalino SolarWatt, 47 Wp para um módulo monocristalino
Alfasolar.
SolarSklent
Rathscheck slates and roof systems, Alemanha
Desenho: Este sistema solar feito pela Rathsckeck, foi desenvolvido especialmente para telhados com
ardósias de corte curvo. Uma armação de plástico em forma de losango com dimensões de 92,1cm x
92cm, prende um laminado de vidro especial endurecido. Com uma dimensão equivalente a quatro
vezes quatro ardósias, o componente Solar Sklent é instalado em sobreposição na superfície do telhado,
como se tratasse de uma ardósia sobredimensionada. Não é necessário intervir nas ardósias adjacentes.
Cada elemento SolarSklent possui uma caixa de ligações, que necessita de ser oculta na placa.
Ventilação: O assentamento directo na placa significa que não é possível ventilar o módulo.
Protecção climatérica: Em resultado do seu formato, a SolarSklent garante o eficaz escoamento das
águas e, por isso, a protecção do telhado contra as infiltrações.
Manutenção: A ausência de elementos estruturais sobre o plano do gerador, favorece a sua auto-
limpeza. Para substituir um SolarSklent é preciso remover as ardósias adjacentes. É possível andar
sobre o SolarSklent, mas com algum cuidado.
Desenho: Estas telhas planas (shingle) constituem elementos flexíveis de plástico, de dimensões 2,20m
por 0,31m, sobre as quais são vulcanizados laminados num processo de junção a quente. As telas
fotovoltaicas são colocadas horizontalmente em sobreposição, têm um formato de um rolo de 2,20m x
30,5 cm, composto por fileiras de células de tripla junção, de silício amorfo, com as dimensões 12,7 cm
x 17,8 cm. Estas células são fixadas à placa através de pregos convencionais.
Ventilação: A fixação à placa implica que não é possível efectuar a ventilação do módulo. No entanto,
as células amorfas de película-fina são menos sensíveis às altas temperaturas.
Protecção climatérica: A selagem é assegurada pelo próprio formato da telha e, nalguns casos, pela
tripla sobreposição dos elementos.
Fabricantes de outros módulos especiais: Eternit AG, Suíça; 3S Swiss Sustainable Systems AG,
Suíça.
Estes são elementos para a cobertura de telhados que, de modo adicional, incluem as propriedades de
um módulo solar. O material do telhado é usado como um suporte mecânico para o módulo fotovoltaico e
desempenha funções ao nível da protecção climatérica. Por esse motivo, a sua impermeabilidade é
comparável à de uma cobertura convencional. Os módulos são presos aos elementos da cobertura do
telhado na sua parte posterior, na maior parte dos casos através de colagem. A ausência de elementos
estruturais no plano do gerador, favorece a auto-limpeza dos módulos. É possível retirar elementos
individuais de acordo com o tipo de cobertura do telhado. A reduzida dimensão de alguns dos módulos
tem como vantagem poderem ser ajustados, mesmo em menores áreas do telhado, mas isto representa
um maior custo em termos de cablagem e agrava as necessidades em termos de área de captação.
Desenho: Este sistema solar da Laumans foi especialmente desenvolvido para as telhas de barro
“Rheinland” e “Tiefa”. As telhas solares são telhas de barro normais com uma ligeira modificação no seu
topo, onde são introduzidas as ranhuras. Os módulos usados neste sistema compreendem três células
vedadas com teflon (monocristalino ou policristalino), assentes num substrato de vidro endurecido. São
ligadas em cadeias durante a produção e empacotadas em conjunto. No telhado, as cadeias são
colocadas de cima para baixo e encaixadas nas ranhuras das telhas, usando o patenteado sistema de
engate de aço inoxidável. As telhas solares podem ser colocadas de modo convencional com ou sem
módulos solares, proporcionando uma superfície geradora que pode posteriormente ser expandida.
Potência eléctrica: 3,7 Wp por módulo (policristalino) ou 4,55 Wp por módulo (monocristalino).
Manutenção: Os módulos têm uma superfície que repele a sujidade. Não é possível andar sobre eles.
Telha Sunny
Star Unity, Suíça
A Star Unity é uma empresa suíça, que oferece um produto similar à telha solar Laumans. A telha Sunny
é uma telha de dupla ranhura feita de plástico acrílico, que pode ser combinada com células
monocristalinas (6,5 Wp por telha) ou com células amorfas (2 Wp por telha). A telha é fornecida pela
Klöber e é originalmente transparente, sendo só depois tingida e adaptada como uma telha solar. Para
um sistema fotovoltaico até 3 kWp, a telha Sunny é fornecida na côr castanha ou em versão
transparente. Para potências superiores a 3 kWp, pode ser escolhida qualquer côr.
Desenho: Este sistema solar da Heisterholz foi desenvolvido especialmente para o formato da telha
“Müritz”, fabricada pela Heisterholz. Neste sistema, são ligadas entre si três telhas “Müritz”, que
suportam um módulo solar colado e fixado por um parafuso. O módulo é constituído por células
monocristalinas e tem uma placa frontal feita de vidro solar não reflectivo.
Desenho: Esta telha solar da SES, foi concebida especificadamente para a “linha XL” de telhas Eternit.
É também adequada para a integração em fachadas. A Sunslate baseia-se numa placa de fibrocimento
com dimensões de 72cm x 40cm, sobre a qual é colado um módulo com seis células solares de 30 cm x
40 cm. O módulo é um laminado constituído por células monocristalinas ou policristalinas, por uma placa
de vidro endurecido e por uma lâmina posterior de alumínio. Em termos da subestrutura e montagem, as
Sunslates são colocadas de modo idêntico às telhas convencionais, sendo pregadas ao ripado do
telhado. São fornecidas telhas naturais da fábrica de ardósias Magog para uma dupla cobertura com
módulos Sunslates de 27 cm x 29 cm, compostos por quatro células monocristalinas. Cada ardósia mede
62 cm x 27 cm.
Ventilação: Os ripados permitem que se efectue a ventilação das Sunslates. Contudo, dado que os
módulos são colados às ardósias e que existe uma dupla sobreposição, a ventilação posterior dos
módulos é algo limitada.
Desenho: A telha solar Solardachstein é oferecida pela SED e pela Solara, e foi concebida para telhas
convencionais. Trata-se de uma telha de 63cm x 42cm, de plástico reciclado, sobre a qual é colado um
módulo vidro-vidro composto por oito células solares policristalinas da Photowatt. O módulo vidro-vidro é
constituído por um vidro de segurança não reflectivo nas suas duas faces. A telha solar é colocada tal
como a telha original do telhado e, devido ao seu peso (dois terços do peso original), não requer outro
sistema mecânico de fixação, o que faz com que a seu colocação seja muito mais simples. É fornecida
nos formatos mais populares de telhas e com várias cores.
Ventilação: A telha solar é aberta na sua parte interior, o que permite a ventilação do módulo no plano
da subestrutura do telhado.
Manutenção: A ausência de elementos estruturais sobre o gerador favorece a sua auto-limpeza. A área
da superfície do gerador é transitável.
Figura 8.79 - Telha solar Solardachstein Esquerda: Infantário Beitenfurth, Austria Direita: Tipo
‘Heidelberger’
Fotografias: SED
O sistema solar Electra Slate, foi desenvolvido pelo fabricante de células solares Intersolar, juntamente
com o construtor de casas pré-fabricadas Alfred McAlpine, e consiste em células de película fina
integradas em telhas naturais de ardósia. Os laminados vidro-vidro têm 5,5 mm de espessura, 30 cm de
largura e 50 cm de altura. As células solares de silício amorfo são integradas na parte inferior da telha
(nos últimos 19 cm), enquanto que o resto da superfície é sobreposta pelos elementos circundantes. À
semelhança das ardósias originais, as Elektra Slates são pregadas directamente ao ripado do telhado.
Desenho: Este sistema solar da Solarwatt, foi desenvolvido especialmente para as telhas planas de
plástico da Halbauer. A telha solar consiste numa unidade de seis telhas individuais, que formam uma
área de 107 cm x 30 cm. O material plástico da telha plana recebe um módulo vidro-vidro, com células
solares monocristalinas, policristalinas ou EFG, que são coladas à telha. Para a sua montagem é
necessário mais uma secção horizontal. A telha solar é ligada às restantes telhas planas adjacentes
através de um gancho, não requererendo nenhuma fixação mecânica adicional.
Ventilação: A armação de plástico é aberta na face interior, sendo a ventilação do módulo feita no plano
da subestrutura do telhado. No entanto, o suporte estrutural da estrutura e a adicional secção do telhado,
restringem de alguma forma a ventilação do módulo.
Figura 8.82 - Solartec “Style“: Fixação invisível atraves de secções de retenção, que são
aparafusadas aos ripados
Figura 8.83 - Solartec “Design”: Secções de fixação com retentores aparafusados e perfil de
acabamento
Figura 8.84 - Fixação visível usando parafusos de aço inoxidável e anilhas, e selagem EPDM
Os sistemas “Design”, “Trend” e “Classic”, são colocados na vertical, desde a cumeeira até ao beiral do
telhado. O tipo “Classic” é baseado numa secção trapezoidal, enquanto que os sistemas “Design” e
“Trend” usam um desenho vertical rebatido. Os elementos do sistema “Design” possuem rebordos
laterais com 3 cm de altura. São colocados no telhado com um espaçamento de 4,5 cm e fixados através
de grampos. A largura total é de 45 cm (Design), 45,5 cm (Trend) e 47,4 cm (Classic). Existem
elementos de 3,05 m ou 5,08 m de comprimento para cada tipo.
Todos os tipos estão disponíveis com e sem a película fotovoltaica. Isto significa que se pode optar por
revestir a totalidade da superfície do telhado ou apenas áreas parcelares. Podem ser fornecidas secções
especiais para as juntas do algeroz e da cumeeira do telhado.
Ventilação: A ventilação tem lugar no plano da estrutura do telhado. É restringida pela colagem do
módulo ao elemento de aço. Contudo, as elevadas temperaturas não afectam o desempenho das células
amorfas de película fina.
Manutenção: A ausência total de elementos estruturais sobre o gerador, favorece a sua auto-limpeza. É
possível andar sobre os módulos desde que se tenha cuidado.
Figura 8.85
Figura 8.86 - 1,7 kWp Solartec “Style“ em aço inoxidável, no Nautineum Dänholm Stralsund, uma
divisão do Museu Oceanográfico Alemão
Fotografia: Rolf Reinicke, Museu Oceanográfico Alemão
Figura 8.87 - 50 kWp Solartec sobre estrutura ondulada na fachada industrial no ThyssenKrupp
Stahl em Duisburg-Beeckerwerth, na Alemanha
Perspectiva: Uma versão mais avançada com isolamento térmico integrado, chamada Thermodach
Solartec, surgiu recentemente, mas por enquanto apenas como um protótipo. Este elemento, de
construção muito ligeira, é constituído por duas folhas de aço revestidas com espuma de poliuretano,
com uma espessura máxima de 130 mm. Tal com para o sistema convencional Solartec, os laminados
amorfos de tripla junção são colados sobre os elementos sobrepostos.
O elemento Uni-Solar SSR para telhados fotovoltaicos, é feito de aço, revestido por uma liga de zinco e
alumínio, sendo também colocado segundo o método do rebordo vertical. Tal como os restantes
telhados convencionais de rebordo vertical, os elementos SSR são fixados à subestrutura, usando
grampos de retenção. São recobertos com os mesmos laminados Uni-Solar do sistema Solartec. A
largura standard é de 42 cm e o comprimento da faixa de 2,94 m para módulos de 64 Wp e de 5,56 m
para módulos de 128 Wp. Sob encomenda, é possível obter maiores tamanhos com larguras e
comprimentos máximos de 40,5 cm e 12 m, respectivamente. Os elementos podem ser usados em
superfícies curvas com um raio mínimo de 1,2 m. Todas as restantes características são iguais às das
secções Solartec.
Figura 8.90 - Esquerda: Secção de corte longitudinal do Quick Step Solar PV e Direita: Secção de
corte transversal da secção de rebordo vertical Solar PV
Desenho: O construtor de telhados metálicos Rheinzink desenvolveu dois produtos similares para
telhados de zinco. O sistema solar de rebordo vertical da Rheinzink, consiste numa cobertura que usa o
método clássico de rebordo. A totalidade da superfície dos laminados Uni-Solar de células amorfas de
tripla junção, é colada sobre as secções individuais. Á semelhança da cobertura de rebordo vertical
normal, os elementos de 43 cm de largura e 3 m de comprimento são dispostos na vertical e fixados no
rebordo através de grampos de retenção, em oposição à força de sucção do vento e de eventuais
deslizamentos.
O sistema Quick Step Solar PV consiste num telhado em degrau, feito com painéis colocados na
horizontal, sobre os quais são colados módulos solares vidro-vidro (usando para o efeito um adesivo
transparente). Para atenuar a discrepância visual com a superfície de zinco, são usadas células de silício
monocristalino cinzentas. Os painéis medem 36,5 cm x 2 m. As secções do Quick Step são colocadas
em paralelo segundo a linha do beiral e ligadas indirectamente à estrutura de suporte, usando uma
subestrutura especialmente desenvolvida para este efeito. As secções de zinco são inseridas na
estrutura de retenção.
Ventilação: As secções são ventiladas no plano da subestrutura do telhado. A união dos módulos com a
chapa de zinco afecta a ventilação, mas isto apenas tem relevância no caso das células cristalinas.
Potência eléctrica: 64 Wp por cada elemento de rebordo vertical, 63 Wp por cada elemento Quick Step.
Desenho: As contínuas secções verticais de montagem são presas aos elementos suplementares de
montagem longitudinais, no intervalo entre os módulos. As secções de montagem horizontal são
aparafusadas a estas secções, sendo então engatadas as secções de suporte vertical. Os colectores
são pousados sobre estas, sendo finalmente presos por calhas contínuas verticais e horizontais.
Protecção climatérica: As juntas são impermeabilizadas pelas secções metálicas que fecham a
estrutura. As chapas laterais de metal são sobrepostas por estas secções. Na junção inferior é inserida
uma fita vedante de borracha, por forma a impedir a penetração de água.
Protecção climatérica: Os laminados sem armação e as coberturas de vidro para os colectores, são
fixadas com calhas de alumínio verticais e horizontais. A impermeabilização das junções entre o vidro
solar e as calhas, é feita através de juntas cuneiformes de borracha.
Desenho: Este sistema consiste em tabuleiros de aço inoxidável que são montados na estrutura do
telhado, nos quais é feita a instalação de módulos fotovoltaicos ou de colectores térmicos. Os módulos
vidro-vidro possuem armações castanhas de alumínio anodizado.
Ventilação: Dado que os tabuleiros de aço inoxidável estão fechados, não é possível realizar a
ventilação posterior dos módulos.
Manutenção: Para além das armações do módulo, não existem outros elementos estruturais sobre o
plano do gerador que impeça a sua auto-limpeza. É possível circular por cima dos módulos.
Figura 8.96 - Esquerda: Tabuleiro de aço inoxidável, Centro: Módulo fotovoltaico e Direita:
Colector térmico
Figura 8.97 - Esquerda: Isometria dos componentes do sistema Schüco e Direita: A secção de
corte mostra a fixação e selagem com uma lâmina metálica intermédia e juntas cuneiformes
Protecção climatérica: As armações têm uma ranhura em todo o seu redor, onde se encaixam os
diferentes elementos e na qual são inseridas as lâminas laterais ao longo dos bordos do campo gerador.
Ventilação: As armações são abertas na face interior, permitindo a ventilação ao nível da subestrutura
do telhado. Contudo, esta ventilação é de algum modo limitada pela profundidade dos perfis.
Manutenção: Cada elemento individual só pode ser removido se forem retiradas as juntas cuneiformes
contínuas e as secções de montagem desapertadas. Os laminados não são transitáveis. As armações
planas dos módulos promovem a auto-limpeza do sistema.
Desenho: Este sistema também se baseia em perfis metálicos leves, em que os módulos fotovoltaicos e
os colectores térmicos são combinados num único sistema modular, que pode ser posteriormente
expandido. Os módulos fotovoltaicos com dimensões de 1,960 mm x 1,400 mm, são dispostos na
estrutura de montagem do telhado e aparafusados através das armações da moldura.
Protecção climatérica: As armações metálicas são totalmente vedadas e escoam a água para o nível
das telhas.
Inclinação mínima do telhado: 22º. Para menores declives é preciso tomar precauções especiais ao
longo das armações de remate.
Manutenção: As secções posteriores têm de ser abertas por forma a ser possível retirar os elementos
individuais. É possível circular sobre os módulos. As armações planas dos módulos permitem a auto-
limpeza do gerador.
Fotografias: Roto
Figura 8.105 - Os módulos préfabricados são elevados num guindaste até a altura do telhado
através de uma grua
O telhado articulado Energy, desenvolvido pela companhia de construção de vigas de madeira Schuh,
fornece uns préfabricados ainda maiores do que os anteriores. Os elementos articulados têm uma
largura de 2,5 m e um comprimento máximo de 16,0 m. São unidos com dobradiças e são baseados em
vigas de madeira especiais com cores metálicas. Estas unidades são completamente prefabricadas,
incluindo vigas para a cobertura do telhado, celulose injectada para efeitos de isolamento e moldes de
gesso como revestimento interno. Neste caso, os suportes articulados substituem o convencional ripado
de madeira usado nos telhados. O processo de assemblagem é feito na fábrica, em colaboração com a
empresa associada Corona. Podem ser integrados nestes elementos clarabóias ou aberturas para
chaminés, os módulos fotovoltaicos Stromaufwärts ou os colectores solares de larga dimensão Doma.
Figura 8.106 - Telhado prefabricado Energy Hinged com módulos fotovoltaicos integrados na
fábrica
Sistema Casatop
b+f, Beton- und Fertigteilwerk Dorsten GmbH, Alemanha
Ventilação: A sobreposição em camadas não permite que se efectue a ventilação dos módulos.
Outros fabricantes que produzem sistemas combinados: Sesol (integração no telhado); Viessmann
(montado no telhado); Flumroc, Suíça (integração em telhados metálicos de rebordo vertical).
Os telhados planos oferecem um enorme potencial em termos de áreas utilizáveis, sendo estas áreas
muito adequadas para a instalação de sistemas solares. Para além disso, permitem uma certa liberdade
no desenho dos geradores: frequentemente é possível orientá-los na direcção sul e escolher o ângulo de
inclinação óptimo. Contudo, o trabalho nos telhados planos deve ser levado a cabo com um extremo
cuidado, uma vez que as membranas do telhado podem ser facilmente danificadas, do que pode resultar
em infiltrações com consequências pouco agradáveis. Por exemplo, objectos com pontas afiadas, como
são os pregos e as arestas das chapas metálicas, podem penetrar a superfície com relativa facilidade.
No Verão, o betume fica mais amolecido e os cantos e bordos dos módulos podem deixar profundos
vincos na cobertura.
Á semelhança dos sistemas montados em telhados inclinados, os módulos são montados numa
estrutura metálica sobre a superfície do telhado, o que restringe o acesso ao telhado.
Consequentemente deverá ser garantido, antes da instalação do sistema fotovoltaico, que a
funcionalidade do mesmo seja mantida durante o tempo de vida útil do gerador. Uma vantagem do
sistema solar é que produz sombras que reduzem a carga térmica do telhado, prolongando desta forma
a sua capacidade funcional. No que respeita aos componentes metálicos, deve ser garantida a mesma
protecção contra corrosões. Nas regiões mais frias, onde existe o risco de cair neve, os módulos deverão
manter intervalos suficientes entre os seus limites inferiores e a superfície do telhado, de acordo com a
camada de neve no período de Inverno. Isto permite que a neve deslize e caia sem que se venham a
criar sombras nos módulos.
Também é possível fazer uma distinção entre os suportes fixos de um telhado plano e aqueles que
podem seguir a altura do Sol conforme a estação.
Fabricantes de suportes de telhado plano: Altec, Biohaus, Conergy Systems, Deger Energie,
Donauer, HaWi Energietechnik, Energiebiss, EWS, IBC, MHH, naturalmente Zenkel & Lauterbach,
Osmer Elektrotechnik, Phönix Sonnenstrom AG, Schüco, Schletter, SE-Consulting, Solar-Trak, Solara,
SolarMarkt, Solarnova, SolarWorld, Soltech e Wagner & Co.
Figura 8.109 - Sistema de montagem em telhados planos com várias alturas de construção
Fixação ao telhado
O método de fixação das estruturas de montagem nos telhados planos é de considerável importância.
Uma vez que os geradores possuem grandes áreas de exposição, deve ser dada uma especial atenção
às forças do vento no projecto dos sistemas de fixação dos geradores. A escolha do método de fixação
irá depender da estrutura do telhado. A questão relativa ao peso máximo que o telhado pode aceitar,
determina se o campo fotovoltaico deve ser instalado sem fixação ou se deve ser firmemente preso ao
telhado.
Em termos da construção do prédio, os telhados levemente inclinados que possuem camadas metálicas
de revestimento, não são considerados telhados planos, pelo que a correspondente instalação no
telhado com clips de fixação de rebordo vertical já foi descrita anteriormente para os telhados inclinados.
Contudo, devido à sua ligeira inclinação, são usadas estruturas de suporte planas.
Sistemas de lastragem
Nos sistemas montados com lastros, as estruturas de montagem são instaladas sem ser necessário
perfurar o telhado plano. São pousados blocos de betão sobre o telhado plano sem nenhuma outra
fixação, sendo as armações de suporte fixas a estes com parafusos. As bases de betão são tão pesadas
MONTAGEM E INTEGRAÇÃO EM EDIFÍCIOS 8.50
ENERGIA FOTOVOLTAICA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAÇÃO
que a instalação permanece firmemente presa, mesmo para a máxima força do vento. O peso
necessário depende da altura do edifício, da sua localização e da natureza da subestrutura (revestimento
do telhado). É provável que o peso necessário (aproximadamente 100 kg por m2) supere a capacidade
estrutural de compressão do telhado. Esta pode ser determinada a partir dos planos de construção da
estrutura do telhado. Neste caso é absolutamente necessário obter um certificado de estabilidade. É
possível adquirir blocos com a forma de um L nos fornecedores de materiais de construção, juntamente
com adequados fixadores angulares e calhas. Se necessário, deverá ser colocada na cobertura uma
camada intermédia para proteger o telhado de extremos cortantes.
Figura 8.113 – Esquerda: Lastragem com lajes de betão inseridas em secções metálicas e Direita:
Armação de metal fixada em lastros de betão
Montagem: Donauer Solartechnik
Figura 8.114 – Esquerda: Sistema de fixação em pedra, em L e Direita: Suporte ajustável, para as
posições do Inverno e do Verão
Montagens: Phönix Sonnenstrom e Schletter
O método de lastragem também pode ser usado sem uma armação de base, fixando os módulos
directamente aos plintos de concreto ou aos sistemas de tabuleiros de lastro.
Quando se fixam directamente aos plintos de betão, cada módulo é preso a dois suportes de betão com
suportes angulares especiais. Foi concebido um plinto de betão para os módulos fotovoltaicos, com
fixadores especiais feitos de aço inoxidável. Os módulos são montados longitudinalmente, resultando
numa menor elevação da instalação.
Figura 8.115 – Esquerda: Sistema de plintos de betão, com um par de plintos e de grampos de
aço inoxidável por módulo e Direita: Plinto de betão Sofrel
Uma outra forma de montagem com lastros são os sistemas de tabuleiro, nos quais os tabuleiros feitos
de plástico resistente aos raios UV ou de fibrocemento são colocados num telhado, sendo repletos com
gravilha ou placas de pavimento para atingirem o peso necessário. Estes sistemas podem também ser
usados sem nenhuma estrutura adicional de suporte. Os módulos ou são fixados directamente a estes
elementos ou por meio de fixadores de aço inoxidável. A vantagem destes sistemas reside na sua
facilidade de transporte e na possibilidade de utilização de material disponível no telhado.
O sistema ConSole da Econergy consiste em tabuleiros feitos de plástico e é adequado para módulos
com armação e com potências de 70 a 180 Wp. As armações dos módulos são directamente
aparafusadas em quatro pontos aos tubos de plástico.
O sistema de tabuleiro Solmax da companhia Solstis também consiste em plástico reciclado, mas
distingue-se dos restantes sistemas de tabuleiro pela sua flexibilidade. A flexibilidade deste material
permite que sejam fixados módulos com potências situadas entre 70 e 300 Wp. As armações dos
módulos são fixadas com rebites ao cano de alumínio do sistema de tabuleiro.
O sistema de tabuleiro Solgreen da Solstis, foi desenvolvido especialmente para os telhados com jardins.
Neste caso, o substrato do telhado actua como lastro para a estrutura de suporte. Consiste num tabuleiro
de plástico que assenta directamente na camada de protecção do telhado. É então coberta pela camada
de vegetação, sendo consequentemente seguro à terra. Os perfis de aço inoxidável são então fixados
aos tabuleiros. Estes perfis suportam módulos com ou sem armação. Nestes telhados, só poderão ser
usadas plantas rasteiras, que não cresçam mais do que o limite inferior dos módulos.
Sistemas fixos
Se não for possível usar sistemas de montagem em lastros por razões estruturais, o gerador deve ser
rigidamente preso à construção do telhado. Neste caso, as armações de suporte são montadas em vigas
cruzadas que são presas quer ao próprio telhado quer ao parapeito. Quando se penetra a parte
impermeável do telhado, os pontos de fixação devem ser cuidadosamente vedados. O número de furos
deverá ser o mínimo possível.
O gerador do Banco de Berlim assenta em suportes que estão aparafusados ao telhado de betão, que
suportam uma estrutura de secções de aço standard. A área de telhado situada por baixo dos módulos é
intensamente relvada.
Apesar da superfície ser ligeiramente inclinada, o gerador do campo de golfe em Berlin Wannsee foi
desenhado para ser facilmente visto em toda a sua extensão. O aumento da altura do gerador, obrigou à
transferência da correspondente maior carga (devido à acção do vento) para a estrutura de aço situada
por baixo da superfície do telhado.
Telhado gerador
BP Solar
O Telhado da BP é único entre os sistemas de montagem para telhados planos. Foi especialmente
desenvolvido para a restauração de telhados planos em edifícios industriais. Neste caso, uma
construção baseada numa estrutura em madeira com uma inclinação de 10º a 30º e com um vão máximo
de 30 m, é assente como um completo telhado inclinado sobre os muros de apoio, sem danificar a
membrana existente do telhado. A superfície do telhado que está orientada a sul é recoberta com
laminados sem armação. As restantes superfícies (beiral e margens laterais) são revestidas com uma
folha de metal trapezoidal. Os módulos são aparafusados com um sistema de clips à chapa de metal
galvanizada, sendo esta por seu turno aparafusada às vigas do telhado. O escoamento das águas
pluviais é feito como se tratasse de um telhado convencional, nomeadamente através de um sistema de
canos. A qualidade da protecção contra a penetração de águas e as infiltrações de humidades, permitem
evitar grandes reparações do telhado nos próximos 20 anos.
Figura 8.128 – Esquerda: Modelo de um clip de montagem e Direita: Fixação do módulo em dois
ou quatro lados
Fotografias: BP Solar
Em consequência da integração do sistema gerador num telhado plano, os módulos fotovoltaicos têm
normalmente um reduzido ângulo de inclinação e estão sujeitos a elevadas temperaturas. Isto implica
uma menor incidência da radiação solar em relação à inclinação e orientação óptima. Para além disso, a
menor capacidade de auto-limpeza provoca a acumulação da sujidade sobre os módulos, pelo que será
necessário limpá-los regularmente. As células de película fina poderão ter um melhor desempenho
perante estas condições (ver capítulo 3). Existe também um melhor aproveitamento da superfície do
telhado: a montagem na posição horizontal permite que seja alcançada uma maior potência em Wp por
m2 de área de telhado, podendo os módulos ser colocados em paralelo com os limites do telhado,
independentemente da orientação do edifício. Uma vez que não é necessário utilizar estruturas de
suporte (com a excepção do sistema Sofrel), os custos da estrutura de montagem acabam por ser
reduzidos.
O produtor de telhados planos Alwitra, laminou células solares de tripla junção, da empresa Uni Solar,
numa tela Evalon usada na cobertura de telhados. A tela solar pode ser colocada como se fosse uma
membrana impermeável normal, sendo adequada para qualquer telhado plano convencional. O técnico
pode trabalhar com uma máquina de soldar ao longo dos extremos da tela, sem ocasionar qualquer dano
MONTAGEM E INTEGRAÇÃO EM EDIFÍCIOS 8.56
ENERGIA FOTOVOLTAICA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAÇÃO
no telhado. Em relação à canalização eléctrica, as condutas dos cabos correm por baixo das superfícies
impermeabilizadas, evitando qualquer perfuração adicional. A tela Evalon-Solar pode ser adaptada para
qualquer tipo de telhado. A extrema leveza deste sistema permite a instalação de um gerador solar nos
telhados em que existe limitações em termos de carga.
O sistema de montagem para telhados da empresa Solstis (Suíça), é o protótipo do actual sistema de
montagem com o mesmo nome. Em contraste, a variante do velho Sofrel, que só terá sido usado no
colégio em Wattwill, é um sistema integrado no telhado. Os apoios de betão servem simultaneamente
como armação do módulo e como lastros. Estes blocos de betão assentam sobre uma camada de
material almofadada, sobreposta à camada impermeabilizadora. São presos grampos de aço inoxidável
aos blocos de betão, aos quais são fixados os módulos.
No sistema PowerGuard (desenvolvido nos EUA), as telhas isoladas com espuma de polistireno são
ancoradas face ao vento pelos módulos fotovoltaicos, em vez dos lastros de betão. Na restauração de
telhados planos, este sistema proporciona um isolamento térmico adicional, protegendo a membrana do
telhado das radiações UV e das intensas variações da temperatura. É adequado para telhados planos
com declives máximos de 10º e para todos os módulos standard, sendo no entanto preferível módulos
de grande dimensão.
Os elementos PowerGuard são fornecidos por medida em função dos módulos escolhidos, sendo
assentes na camada superior do telhado. Os engates fêmea e macho dispostos em cada um dos lados
do elemento, permitem o seu encaixe com outras unidades, conseguindo-se uma maior estabilização. Na
Alemanha, não são necessárias fixações adicionais para edifícios com menos de 20 m de altura. Caso
se pretenda cobrir a totalidade da superfície do telhado, são colocadas telhas desprovidas de elementos
solares, com 1,30 m de largura, entre o perímetro da instalação e o limite do telhado. Estas unidades
precisam de ser protegidas nas margens do telhado por remates, que deverão ser realizados por um
profissional. Nas coberturas parciais, o perímetro do gerador é protegido por chapas de metal e placas
de betão, por forma a evitar o levantamento da estrutura pelo vento. Devido à existência de canais de
ventilação nas telhas, apenas se assiste a um ligeiro aumento da temperatura dos módulos.
À semelhança do sistema PowerGuard, os elementos Sun Top Lite não têm de ser fixados à estrutura do
telhado ou incorporados em lastros. Em vez disso, os elementos são montados e selados à membrana
do telhado. Os módulos fotovoltaicos podem ter um comprimento de 1,24m a 1,8 m e uma largura de 0,6
m a 0,75m, e encimam uma subestrutura de polistireno. O sistema de montagem é também apropriado
para telhados inclinados e para todo o tipo de coberturas, como as telhas, placas metálicas trapezoidais
e onduladas. Uma vez que os elementos Sun Top Lite não podem cobrir a totalidade do telhado, mas
apenas uma área bem definida, o isolamento térmico adicional que é proporcionado pelas camadas de
polistireno, acaba por ter uma funcionalidade algo limitada.
Enquanto face frontal do edifício, a fachada constitui a primeira impressão do edifício. Por este facto, é
prestada uma especial atenção à aparência externa da fachada, segundo o estilo e filosofia dos
arquitectos e construtores. Os gostos actuais, os estilos regionais e as novas tecnologias, são também
reflectidas no desenho final. Neste contexto, os módulos fotovoltaicos podem enriquecer o reportório de
soluções arquitectónicas, quando tratados como elementos de construção. Nos edifícios modernos, as
fachadas de vidro proporcionam uma ligação para o mundo exterior. As inovadoras células solares
podem ser integradas nos painéis de vidro utilizados, transformando-os assim em dispositivos solares.
A fachada não é uma componente separada do edifício. As modernas paredes exteriores são
constituídas por diversas camadas individuais combinadas entre si, onde cada camada cumpre as suas
funções individuais.
Tradicionalmente, os muros são construídos com alvenaria estrutural, primeiro com recurso à pedra e
depois ao tijolo, sendo a união e a selagem dos elementos de construção feita com argamassa. Para
proteger as junções de argamassa contra a chuva, é com frequência aplicada uma camada de reboco na
parede. Para além da alvenaria tradicional, hoje em dia as paredes estruturais são também fabricadas
em betão.
Particularmente nos climas húmidos, devido à deterioração das paredes exteriores expostas à chuva,
foram gradualmente introduzidas novas técnicas de construção de paredes. A infiltração de humidades
pode ser interrompida por uma caixa de ar, situada entre as camadas interna e externa da parede. Este
espaço permite a ventilação da parede, facilitando a sua secagem, com a vantagem que já não torna
necessária a aplicação do reboco no exterior. Ainda que a complexidade da construção aumente, esta
solução, para além da protecção contra infiltrações, proporciona ainda uma boa prestação térmica e
acústica. A colocação de um material isolante adicional na caixa de ar, melhora ainda mais a qualidade
da construção.
Pode-se obter o mesmo efeito com diferentes tipos de revestimentos exteriores. No passado usavam-se
revestimentos de ardósia, telhas e madeira. Nos dias de hoje usam-se revestimentos de pedra, de
plástico, de metal ou de vidro. Isto permite reduzir a profundidade da parede, quando em comparação
com as construções maciças. Para além disso, estes revestimentos podem ser facilmente substituídos.
Em termos construtivos, trata-se de uma parede sólida com uma cortina ventilada, que toma a
designação de fachada cortina.
O uso de armações é uma prática usada desde longa data em construções com suportes de madeira.
Em vez de paredes sólidas, as estruturas de suporte consistem num esqueleto de aço, betão reforçado
ou madeira para suportar as cargas do edifício. A estrutura consiste em colunas, vigas, treliças e
elementos do telhado. Por outro lado, o revestimento do edifício é conseguido através de elementos que
apenas suportam o seu próprio peso e a força do vento. Estes materiais leves integram ou preenchem as
tramas estruturais, protegendo o edifício contra o clima e outras acções externas. Quando comparada
com as construções maciças, esta técnica permite reduzir a espessura e o peso da parede, mantendo a
mesma protecção térmica e capacidade estrutural. È esta capacidade estrutural, de materiais como o
aço e o betão, que torna possível a construção de arranha-céus.
O considerável grau de pré-fabricação, proporciona vantagens numerosas. Permite que a armação seja
construída de forma económica, precisa e independente das condições climatéricas, oferecendo em
simultâneo diversas possibilidades de desenho. O princípio de construção modular permite que
diferentes elementos da construção sejam combinados uns com os outros.
Com a gradual industrialização do sector da construção, o número de edifícios pré-fabricados tem vindo
a aumentar substancialmente na Europa. Os projectos de construção fazem um largo uso destes tipo de
sistemas de construção, com grandes painéis de revestimento e com paredes e tectos auto-sustentados.
Os prédios de maior altura são também construídos usando estruturas deste tipo, bem como os edifícios
comerciais e industriais.
Revestimentos
Como protecção climatérica e como elemento de desenho, o revestimento da fachada funciona como
uma pele exterior de uma fachada fria e está, na maioria dos casos, segura por uma estrutura de suporte
à parede estrutural do edifício. O espaço contínuo providenciado pela estrutura de suporte, cria ao
mesmo tempo o isolamento térmico e um espaço de ventilação.
Nos revestimentos, deve-se fazer uma distinção entre os pequenos e grandes painéis de revestimento.
Os pequenos painéis de revestimento de ardósia, de fibrocimento ou de madeira, são colocados de
modo semelhante às coberturas do telhado, sendo fixadas com pregos, parafusos ou pinças. Os
módulos fotovoltaicos devem ser tratados como grandes painéis de revestimento. Este tipo de painéis
estão disponíveis em várias formas e podem ser feitos de vários materiais, como o fibrocimento,
cerâmica, vidro, madeira, metal, plástico ou pedra. Conforme sejam elementos planos, curvos ou
perfilados, poderão ser presos com juntas abertas, fechadas ou sobrepostas.
Fachadas frias
As fachadas frias possuem cavidades por onde se verifica a circulação de ar. A capa exterior, que
consiste num revestimento ou alvenaria, protege o edifício contra os agentes climatéricos e será a
responsável pela aparência arquitectónica final. Por sua vez, a parede interna proporciona o suporte
estrutural e o isolamento térmico. Todas as partes que constituem a fachada são construídas sem
isolamento térmico, dado que não existe qualquer ligação às áreas quentes do edifício.
A presença de um sistema de ventilação implica que este tipo de construção é perfeito para a integração
de elementos fotovoltaicos. Neste caso, são usados laminados ou módulos vidro-vidro com vidros de
segurança endurecido. Os módulos estão equipados com caixas de junção nas suas partes posteriores.
A cablagem é encaminhada através de condutas fixadas aos elementos estruturais da construção, na
proximidade da camada de isolamento térmico.
Fachadas quentes
As fachadas quentes são fachadas que constituem o envelope do edifício, assumindo funções de
protecção climatérica, acústica e de isolamento térmico. Por vezes, também proporcionam suporte
estrutural. As fachadas quentes não estão ventiladas. Neste caso, são usadas secções com painéis de
isolamento térmico. Os elementos da fachada devem ter reduzidos coeficientes U. Podem ser painéis
isolantes opacos ou vidros térmicos transparentes ou semitransparentes.
Nas fachadas quentes, é possível substituir o vidro isolante convencional das áreas transparentes ou
semitransparentes, por módulos fotovoltaicos. Por outro lado, os laminados ou módulos vidro-vidro
poderão ser usados em paramentos ou revestimentos, em vez de vidros opacos. No entanto, no caso
dos módulos vidro-vidro, a lâmina posterior deverá ser opaca, ou então o espaçamento entre as células
deverá ser suficientemente reduzido para evitar a visualização do isolamento térmico posterior.
Em geral, os cabos eléctricos não são encaminhados através de uma caixa de junção posterior
convencional, mas sim lateralmente (por vezes protegidos por uma conduta). No intuito de acomodar os
díodos de derivação, que são particularmente importantes nas áreas de fachadas, pode ser montada, no
perfil da fachada, uma pequena caixa de junção da mesma espessura dos módulos. Contudo, isto
apenas é possível para uma limitada potência ou para um número limitado de díodos. Em alternativa,
para um custo ligeiramente superior, é possível aplicar uma caixa de junção externa em cada módulo
(facilmente acessível), ou instalar os díodos de derivação na caixa de junção do gerador.
Nas fachadas quentes, os cabos são incorporados nos perfis das estruturas de suporte. Devido aos furos
que têm de ser realizados nas secções perfiladas, deve-se ter uma particular atenção para garantir que a
diferença de pressão entre o interior e o exterior do revestimento esteja regularizada, por forma a evitar a
formação de condensações intersticiais na fachada.
Neste tipo de fachadas é construído, na face da fachada já existente, um envelope adicional de vidro
transparente (ecrã), que melhora o ambiente e o isolamento acústico do prédio. Entre a cortina exterior e
a fachada interior isolada existe uma zona tampão, que pode ser ventilada (se necessário) e incorporar
dispositivos de sombreamento solares. As fachadas de duplo revestimento são desenhadas para se
adaptar às condições ambientais e para atenuar as flutuações climatéricas nas diferentes estações.
Assim, o calor, o frio, a luz e o vento, são regulados para atingir um nível de conforto máximo, sem
recorrer a qualquer complexa tecnologia. Esta fachada exterior é extremamente adequada para integrar
módulos fotovoltaicos, uma vez que consiste num envidraçado único, em que os módulos podem ainda
proporcionar sombreamento.
Figura 8.144 - Fachada de duplo revestimento folha: Sparkass 2000 em Pforzheim, Alemanha.
Fotografia: Werkfoto Gartner
As colunas de aço da armação estrutural são dispostas na cavidade da fachada e são cobertas com
painéis de protecção contra o fogo
Fachada interna:
Elementos da construção com janelas de batente, revestimento de pedra e lâminas de alumínio
Fachada externa:
Envidraçado simples
Sombra solar:
Estores de alumínio na cavidade da fachada
Sistema fotovoltaico:
Sistema de sombreamento solar externo
Para se conseguir fachadas com a maior transparência possível, estão actualmente a ser desenvolvidas
estruturas leves para envidraçados, onde a distribuição das cargas permite que a estrutura de suporte
seja reduzida ao mínimo.
Os primeiro passos foram dados com envidraçados suspensos, usados pela primeira vez nos anos 60.
Estes sistemas permitem que as fachadas completas de vidro sejam construídas sem perfis horizontais e
verticais de suporte. Neste caso, as grandes placas de vidro são suspensas por ganchos de fixação e as
juntas verticais são seladas com silicone.
Isto permite que sejam suportadas grandes áreas de envidraçados, com alturas superiores a 10 m.
Também é possível suspender várias placas umas em cima das outras, com grampos.
As paredes envidraçadas com redes de cabos, requerem ainda menos componentes de metal. Neste
caso, as placas são fixadas pontualmente nos quatro cantos através de agrafos. As altas forças de
tensão dos cabos horizontais são absorvidas pelos muros adjacentes do prédio.
Estas fachadas construídas com estruturas leves, ainda não têm sido usadas para a integração de
células solares. No entanto, estas grandes superfícies de vidro não sombreadas e de elevada
transparência, apresentam um elevado potencial no que respeita a integração de módulos fotovoltaicos.
Os módulos fotovoltaicos podem ser integrados ou dispostos na face das fachadas. Ainda que, em
termos comparativos, a respectiva radiação incidente e logo a produção de energia sejam inferiores, as
fachadas oferecem outras vantagens. Se forem substituídos os elementos caros das fachadas, como é o
caso das placas de pedra ou de aço inoxidável, por elementos fotovoltaicos, resultam custos evitados
que tornam o sistema fotovoltaico muito interessante sob o ponto de vista económico. Também não será
de negligenciar o prestígio acrescido que os elementos fotovoltaicos oferecem ao edifício.
Os módulos fotovoltaicos podem ser facilmente fixados às fachadas já existentes. As paredes nuas de
fábricas e armazéns, apresentam um elevado potencial de aplicação. Se não houver nenhuma
especificação especial em relação ao formato e tamanho dos módulos, será sempre possível usar
módulos disponíveis no mercado. Uma vez que os módulos não têm de desempenhar funções de
protecção climatérica, podem ser livremente combinados, formando padrões tais como logotipos com
intenções publicitárias, entre outros objectivos.
Figura 8.150 – Esquerda: Igreja Sta. Gertrud na Colonha e Direita: Empresa Meyer& Meyer em
Osnabrück, Alemanha
Esquerda: Prof. Jürgen Claus, Projeto Biomode
Módulos vidro-vidro, triangulares com células coloridas BP Solar
Direita: Laminados com armação BP Solar
Sistema de fixação Schüco
Fotografia: Meyer & Meyer
As fachadas fotovoltaicas quentes ou frias são classificadas de acordo com os sistemas de fixação
usados na construções de paredes envidraçadas, nomeadamente entornos de alvenaria e caixilharias,
juntas estruturantes, fixações lineares bilaterais e fixações pontuais.
Juntas estruturais
Nas fachadas envidraçadas com juntas estruturais, os elementos de vidro aderem directamente a uma
armação. Estas armações de aço ou de alumínio encontram-se fixadas à estrutura principal de suporte.
Isto cria superfícies de fachada que, a partir do exterior, aparentam não ter qualquer apoio. O processo
de colagem é normalmente levada a cabo numa fábrica. As armações portadoras e o vidro são
fabricados como elementos individuais e instalados no local do edifício, na estrutura de suporte principal.
O adesivo químico suporta a carga dos elementos da cortina e a forças do vento, garantindo
simultaneamente a estanquicidade do conjunto. Este tipo de estruturas são apropriadas para as
fachadas frias ou quentes.
Uma vez que não existem armações externas que possam provocar sombreamentos nos limites dos
módulos, este tipo de sistemas são extremamente apropriados para a montagem de geradores
fotovoltaicos. Se forem pré-fabricados, facilitam a passagem dos módulos e reduzem o risco de danificar
os módulos no local da construção. Quando se usam laminados, as arestas da folha posterior de Tedlar
devem ser polidas, depois do processo de laminação, por forma a garantir uma união segura com a
armação de alumínio.
Nas fixações de suporte linear bilaterais, os laminados sem armação ou os módulos vidro-vidro, são
suportados nos extremos superiores e inferiores por secções perfiladas. Os módulos são aparafusadas
às secções que, por seu turno, são suportadas linearmente ou fixadas a um ponto da estrutura principal
da edificação. Os extremos livres, sem suportes, podem ser unidos por juntas de silicone.
Fixações pontuais
De acordo com a norma DIN 18516-4, nas fixações pontuais de placas de vidro, a superfície do agrafo
que cobre o vidro deve ter uma área de, no mínimo, 1.000 mm2, e a espessura da cobertura de vidro
deve ser de, no mínimo, 25 mm. Se as fixações forem feitas nos cantos das placas, são necessárias
áreas assimétricas de fixação.
Nestes sistemas de fixação standard para fachadas ventiladas, os pontos de apoio estão ancorados aos
suportes da parede do edifício, através de uma camada isolante que elimina o efeito das pontes térmicas
entre as paredes internas e externas. Os perfis verticais de alumínio que constituem a estrutura de
suporte, são aparafusados a estes. Por sua vez, os painéis de revestimento de média a grande
dimensão, são suportados por estes perfis por meio de agrafos. Neste caso, são usados laminados sem
armação. Podem ser facilmente combinados com outros painéis e substituídos em qualquer momento.
Sistema de fachada SJ
SJ Planungsgesellschaft, Alemanha
Quando se usam módulos vidro-vidro, as duas lâminas devem ser mantidas em separado. O sistema de
fachada SJ consegue este objectivo, usando rebites de aço inoxidável em forma de estrela, com uma
junta elástica em EPDM. Cada placa é suportada, no mínimo, em quatro pontos pelas “estrelas” e está
por sua vez fixada a uma estrutura de suporte normal. Este sistema de fachadas sem armação, é
adequado como cortina de protecção contra a chuva e o vento, podendo usar vidro normal, placas de
metal ou de pedra e módulos fotovoltaicos. As paredes externas do edifício ficam a uma distância de
cerca de 2 cm desta superfície.
Esta cortina de protecção ventilada consiste num revestimento para fachadas, composto por uma
estrutura de suporte de alumínio e por módulos fotovoltaicos. Os módulos fotovoltaicos da Solar-Fabrik
consistem em laminados de vidro de segurança sem armação, cuja temperatura, em operação, não
ultrapassa a temperatura máxima admitida de 80ºC. Isto é conseguido pela estrutura de suporte que
permite aumentar o intervalo entre as duas camadas para além dos valores mínimos estabelecidos (o
recomendado é de 10 cm). A estrutura de suporte da firma Fassadentechnik Schmidt é constituída por
barras e suportes especiais, e pode estender-se até 100 m. Três secções de suporte por cada módulo
são fixadas aos pontos de apoio da parede, com um intervalo máximo de 85 cm. A distância até aos
extremos do módulo é de 10 cm para a direita e para a esquerda. Dois módulos contínuos em altura são
presos às secções através de clips feitos de aço inoxidável ou de alumínio.
No caso dos laminados com armação, estes são inicialmente pré-montados em estruturas perfiladas,
formando elementos de grande dimensão, sendo depois fixados à estrutura principal de suporte da
fachada.
Figura 8.168 - Esquerda: Edifício residencial em Sonnenpark Dornbirn, Áustria e Direita: Empresa
Metzler em Feldkirch, Áustria
Esquerda: Fachada fria
Laminados com armação Kyocera
Desenho Stromaufwärts
Direita: Fachada fria
Laminados com armação Kyocera
Desenho Stromaufwärts
MONTAGEM E INTEGRAÇÃO EM EDIFÍCIOS 8.72
ENERGIA FOTOVOLTAICA - MANUAL SOBRE TECNOLOGIAS, PROJECTO E INSTALAÇÃO
As coberturas de vidro são usadas nas áreas de construção que devem receber iluminação natural.
Nestes casos, podem ser usados os mesmos materiais e armações das fachadas de vidro. Contudo, é
necessário tomar medidas estruturais especiais devido às elevadas cargas térmicas e às diferentes
tensões mecânicas a que a estrutura está sujeita. O sistema de drenagem também tem de ser adaptado
à inclinação. As faixas horizontais da cobertura são elevadas para melhorar a descarga da precipitação.
Como alternativa, é possível usar estruturas leves no telhado (ver Figura 8.235, Estação de comboios de
Berlim Lehrter Stadtbahnhof).
As coberturas de vidro estão frequentemente equipadas com dispositivos de protecção solar, que evitam
o sobreaquecimento ou o ofuscamento dos espaços que cobre. Neste caso, é possível usar elementos
fotovoltaicos para proporcionar sombra e protecção anti-brilho. Os telhados translúcidos sobre as áreas
sem aquecimento (escadas, átrios, etc) e sobre os espaços abertos (plataformas de caminhos-de-ferro,
garagens, etc.) são particularmente adequados, uma vez que a eficiência dos módulos é maior para
baixas temperaturas.
As imagens a seguir mostram exemplos de coberturas envidraçadas sobre espaços aquecidos (tectos
quentes que usam construções de vidro isolante) e espaços frios e abertos.
Figura 8.187 - Telhado sobre o passadiço de acesso de bloco residencial em Vauban, Freiburg,
Alemanh
Módulos vidro-vidro Saint Gobain
Clarabóias
O uso de envidraçados nas fachadas e nos telhados dos edifícios modernos, têm um efeito considerável
no ambiente interior do edifício. No entanto, enquanto que a radiação solar que incide no Inverno é vista
como benéfica, uma vez que proporciona um ganho passivo de calor, os ganhos solares dos
envidraçados orientados a sul não são desejados no Verão. Para evitar elevados consumos de energia
na climatização do edifício, em resultado das grandes áreas de envidraçados, é necessário integrar um
conceito de protecção solar. Os dispositivos de sombreamento externos são geralmente mais efectivos
do que os elementos de protecção solar internos ao vidro (estores interiores), uma vez que os primeiros
não permitem que a radiação solar entre no edifício, onde seria convertida em calor.
No caso de serem projectados para a rua, estes dispositivos solares deverão cumprir com os requisitos
de segurança para coberturas de vidro. Neste caso, são usados módulos vidro-vidro e laminados de
vidro endurecido a quente (duas folhas) ou vidro laminado de segurança (três folhas).
Embora os elementos sombreadores fixos sejam os dispositivos de sombreamento solar mais simples,
podem ser bastante efectivos se forem posicionados cuidadosamente. Com uma correcta dimensão e
distância até a área a ser sombreada, estes dispositivos podem bloquear os intensos raios solares na
época do Verão, quando o Sol está mais alto, enquanto que no inverno permitem que a radiação solar
entre no interior do edifício.
As superfícies do telhado também podem estar protegidas por dispositivos fixos de sombreamento.
Embora os elementos de sombra se encontrem normalmente numa disposição horizontal, também
podem ser aplicados verticalmente. Contudo, o sombreamento solar resultante, apenas pode ser previsto
de forma aproximada, pois a luz solar incidente só pode ser controlada pelo grau de transparência dos
elementos e pela altura do sol (ver capítulo 3).
Figura 8.204
9.1 Introdução
O crescente desenvolvimento da tecnologia fotovoltaica significa que, nos dias de hoje, o projectista do
sistema tem ao seu dispor uma grande variedade de módulos e de sistemas de montagem. Existem
diferentes opções de instalação, dependendo da dimensão do sistema, do conceito e das condições do
local (em termos de transporte e de montagem).
1) Os construtores podem instalar sistemas no telhado, desde que seja do lado DC do gerador e
que este tenha sido concebido para tensões reduzidas de segurança ou com sistemas de
ligação com tomadas-fichas;
2) Os técnicos que não possuírem formação em electricidade podem levar a cabo a instalação
eléctrica no lado DC, se forem instruídos por um electricista.
3) Os electricistas podem montar sistemas no telhado depois de terem sido instruídos nos
requisitos de segurança para trabalhos executados em telhados.
4) As abertura de furos em telhados planos e telhados com sistemas fotovoltaicos integrados,
devem ser realizados pelos construtores.
5) A ligação do inversor, a instalação eléctrica AC e o teste e arranque do sistema fotovoltaico,
devem ser sempre executados por um electricista qualificado.
6) O electricista qualificado é responsável por toda a instalação eléctrica do sistema fotovoltaico.
Ele garante o cumprimento das medidas e dos regulamentos técnicos que foram estabelecidos
no caderno de encargos.
Uma vez que os geradores fotovoltalicos são montados no exterior, devem ser respeitadas as
especificações (UV, resistência às intempéries, ....) relativas à montagem exterior dos componentes do
sistema (caixas de junção de módulos, caixas de junção do gerador e, se necessário, inversores). Estes
são considerados com maior detalhe nos capítulo 3 e 5. Para além disso, devem ser mantidas os
requisitos de segurança para as instalações eléctricas.
Em contraste com as fontes normais de tensão (rede eléctrica pública), os geradores fotovoltaicos têm
um comportamento operacional claramente diferente. A montagem, conforme as prática usuais para
instalações AC, pode conduzir a uma incorrecta instalação DC. Consequentemente, deve-se tomar
particular atenção às diferenças entre as instalações DC e AC.
- Os módulos estão activos ao serem instalados, não podendo ser desligados. Durante o dia, o
gerador fotovoltaico fornece a tensão nominal total.
- O nível de corrente DC é proporcional ao nível da irradiância. A tensão nominal, por outro lado, é
atingida mesmo para baixos níveis de radiação (ver capítulo 3).
- Os geradores fotovoltaicos são fontes de corrente, cuja corrente de curto-circuito encontra-se apenas
20% acima da corrente nominal. Este factor deve ser tomado em consideração quando se projecta o
sistema de protecção eléctrica (fusíveis, disjuntores, etc.).
- A corrente fotovoltaica é uma corrente DC, pelo que se houver uma falha de isolamento, pode surgir
um arco permanente. Por este motivo, a instalação (exceptuando para tensões <50V) deve estar
protegida contra falhas de isolamento e curto-circuitos, e as ligações dos cabos têm de ser
cuidadosamente executadas. Apenas podem ser usados disjuntores que possuem poder de corte
para correntes DC.
- Ao ligar o cabo principal DC, a caixa de junção do gerador deve estar isolada. Isto é conseguido pela
abertura dos terminais de isolamento na caixa de junção do gerador. De outro modo, existe o claro
risco do estabelecimento de um arco, dado que os cabos do gerador fotovoltaico estão sob tensão.
- Dado que não existem caixas de junção nos geradores que possuem inversores de fileira, o
isolamento é conseguido através do isolamento do cabo da fileira. As tomadas-fichas dos módulos
não devem interromper a corrente nos cabos das fileiras, dado o perigo de se formar um arco
eléctrico.
- Quando se ligam os aparelhos de corte, é preciso ter um especial cuidado com a polaridade dos
dispositivos e a direcção do fluxo da energia.
sobrevoltagem”).
- Os cabos devem ser colocados tão longe quanto possível do sistema de protecção contra descargas
atmosféricas (evitar cruzamentos), sobretudo dos condutores de descarga.
- Evitar instalar materiais de arestas cortantes e situações que possam resultar em danos mecânicos.
- Minimizar o comprimento total da canalização eléctrica.
- Ter em atenção a polaridade dos condutores ao estabelecer a ligação entre eles.
- Não usar cabos de cor verde-amarela como condutores activos.
- Os cabos DC não podem ser encaminhados em espaços nos quais estejam armazenados materiais
altamente inflamáveis ou nos quais existe perigo de explosão.
- Marcar os cabos DC ao juntar cabos com diferentes sinais de tensão (DC, AC).
Qualquer trabalho efectuado num telhado deve ser executado profissionalmente, devendo ser
asseguradas todas as condições de segurança. Isto aplica-se quando se instalam ganchos no telhado,
na montagem da armação de suporte do gerador e na colocação dos cabos através do telhado. Por este
motivo, é sempre preferível que os construtores civis e as empresas de instalações eléctricas trabalhem
em estreita colaboração na implantação dos sistemas fotovoltaicos. Se o sistema fotovoltaico for
instalado exclusivamente por uma empresa de instalações eléctricas, o instalador deverá estar
familiarizado com as medidas de segurança a ter nos trabalhos em telhados, e ter suficiente destreza
para efectuar o trabalho.
Sempre que haja risco de quedas em altura, devem ser tomadas medidas de protecção colectiva
adequadas e eficazes ou, na impossibilidade destas, de protecção individual, de acordo com a legislação
aplicável, nomeadamente o Regulamento de Segurança no Trabalho da Construção Civil.
O tipo de protecção depende da inclinação, natureza ou estado da superfície do telhado, das condições
atmosféricas e do tipo de trabalho a ser executado. Devem ser usados meios e/ou equipamentos
especiais de segurança, tais como andaimes, resguardos e guarda-corpos, redes de captação, ou outros
dispositivos de segurança susceptíveis de fixação.
Para além disso, o empreiteiro deve colocar à disposição dos trabalhadores equipamento individual de
protecção, nomeadamente cintos de segurança, capacetes, fatos especiais, máscaras, luvas e calçado,
entre outros equipamentos apropriado. O equipamento de protecção deverá ser mantido em bom estado
de conservação.
Sempre que existir o perigo de queda livre, deverão ser usados cintos de segurança suficientemente
resistentes, assim como cabos de suspensão, elementos de fixação devidamente ancorados a um ponto
resistente da construção e acessórios, de forma a garantir suficiente segurança.
O comprimento do cabo de suspensão do cinto de segurança deve ser regulado segundo o trabalho a
executar. No entanto, não deverá permitir uma queda livre superior a 1 m, a menos que existam outros
dispositivos de protecção que atenuem uma queda de maior altura (por exemplo barreiras de protecção,
rede de protecção, .....).
Sempre que a protecção contra quedas em altura seja apenas assegurada por meio de cinto de
segurança, o trabalhador deverá estar acompanhado durante a execução do trabalho.
Figura 9.4 – Equipamento individual de protecção, Esquerda: Bloco de inércia, Centro: Cinto de
segurança e Direita: Ancoragem dos cabos de suspensão
Figura 9.5 – Equipamento individual de protecção num telhado plano onde não existe nenhuma
barreira fixa numa distância de pelo menos 2 m do limiar do telhado
Equipamento de Trabalho
Para além de protecções contra a queda em altura, nos telhados com uma forte inclinação, será
necessário criar meios ou equipamentos de trabalho, tais como:
Estas escadas de madeira leve são penduradas nos ganchos do telhado (por razões de segurança a
partir do segundo degrau) e assentam sobre a superfície do telhado.
Plataformas de trabalho
As plataformas de trabalho devem estar suportadas com toda a segurança. Por sua vez, as pranchas de
apoio não devem ter a largura inferior a 40 cm e não devem suportar uma carga superior a 150 Kg.
O ângulo correcto de apoio nos prédios situa-se entre 65º e 75º. Devem projectar-se pelo menos 1 m
acima do ponto sobre o qual se apoiam. Devem ter medidas de segurança para evitar deslizamentos,
quedas ou afundamentos no chão onde assentam. Estas medidas incluem maiores pés, travões de
borracha ou ganchos fixados no topo (ou ter alguém que as segure firmemente).
Meios de elevação
Conforme as circunstâncias, existem várias possibilidades para a transferência dos módulos para o
telhado e/ou através do telhado para o local da instalação. Os módulos podem ser içados através dos
mesmos meios mecânicos usados para as placas de vidro. No telhado, podem ser usados guindastes
inclinados para o transporte dos módulos. Contudo, poderá ser necessário uma grua para a elevação
dos geradores fotovoltaicos, quer pela sua grande dimensão quer pelas áreas do telhado serem de difícil
acesso. Dado que o aluguer de gruas é relativamente caro, isto pressupõe um planeamento preciso e
uma boa preparação. No caso de fachadas devem ser usados elevadores.
O objectivo consiste em instalar um sistema fotovoltaico ligado à rede, com uma potência de 3,99 KWp,
num telhado já existente de uma casa privada de dois andares.
Neste exemplo têm de ser instalados 38 módulos, com uma uma potência individual de 105 Wp. Uma
vez que parte da superfície do gerador está sujeita a sombras provocadas por uma chaminé, é
necessário dividir o gerador em dois campos. Deverão ser usados dois inversores com diferentes
potências (Sunny Boy SWR 2500 e Sunny Boy SWR 700 da empresa SMA). A área do gerador que está
sombreada (8 módulos em duas fileiras) está ligada ao SWR 700. A área não sombreada do gerador (30
módulos em três fileiras) está ligada ao SWR 2500. A fixação do gerador é feita recorrendo ao sistema
de montagem AluTec (ver capítulo 8).
Devido à presença de janelas de sótão no telhado, o alinhamento das secções horizontais e verticais e,
consequentemente, a posição dos pontos de fixação do telhado, devem ser planeados cuidadosamente.
Todos os materiais usados para a assemblagem da subestrutura do gerador (secções, ganchos do
telhado, etc.), assim como os grampos e outros materiais de fixação, devem ser resistentes à corrosão e
compatíveis com os restantes materiais. O espaçamento entre os ganchos do telhado e as dimensões
dos parafusos, são escolhidos conforme as especificações do fabricante.
Os ganchos do telhado asseguram que o gerador fotovoltaico está firmemente ancorado à sua estrutura.
O número de ganchos deve ser previamente determinado e a sua distribuição deve constar no plano do
telhado (desenho técnico). As telhas que pertencem à área onde o gerador fotovoltaico vai ser instalado,
devem ser retiradas por forma a que toda estrutura do telhado correspondente fique visível. Os ganchos
do telhado são então aparafusados ao ripado de madeira (o diâmetro do parafuso deve ser, no mínimo,
de 6 mm). Devido à necessidade de integrar as janelas de sótão dentro da área circunscrita pelo
gerador, e devido ao alinhamento irregular do ripado do telhado, terá de ser usado quase o dobro de
ganchos dos que seria normal (perto de 40 peças).
Nota: o espaçamento entre as ripas determina o espaçamento entre os ganchos do telhado. Para o
sistema AluTec escolhido, o fabricante especifica um espaçamento máximo entre os ganchos de 1,2 a
1,4 m. Se não houvesse obstáculos de construção próximos, seria possível prender um gancho em cada
duas ou três ripas. Se o espaçamento entre as ripas fosse superior ao espaçamento prescrito para os
ganchos, será necessário a inserção de um nova ripa ou de uma viga secundária.
Para além dos ganchos do telhado, é também possível usar telhas de fixação (ver capítulo 8 “Fixações
no telhado”).
As telhas que foram levantadas têm então de ser recortadas pelo telhador ou pelo instalador, para
permitir que sejam recolocadas nas suas localizações originais, ficando embutidas nas telhas inferiores e
laterais. Finalmente a estrutura do telhado é novamente selada e a cobertura protegida contra as
intempéries.
Nota: Os ganchos do telhado não devem alterar a posição original das telhas, uma vez que de outro
modo poderiam resultar infiltrações.
As secções de fixação vertical, que foram previamente cortadas à medida, são alinhadas com os
ganchos do telhado e aparafusadas (diâmetro mínimo do parafuso, 6 mm). Neste caso, os desvios do
nível do telhado são corrigidos usando calços, enquanto que os desvios na geometria do telhado são
corrigidos através dos buracos alongados dos ganchos e das calhas de fixação. Isto é importante no
sentido de se ter uma superfície plana para o assentamento dos módulos do gerador. O formato das
secções verticais facilita o alinhamento e a montagem posterior das secções horizontais de fixação dos
módulos.
Nota: As fotografias das Figuras 9.11 a 9.20, foram fornecidas com o amável apoio de Agit GmbH,
Berlim.
Depois de terem sido montadas todas as secções verticais de fixação à subestrutura do telhado, as
secções horizontais de fixação dos módulos (calhas), são furadas nos pontos onde devem ser
aparafusados às secções verticais (diâmetro mínimo dos parafusos 6 mm). O comprimento standard
destas secções é de 4 m. As secções que forem demasiado compridas são cortadas para a dimensão
apropriada, enquanto que aquelas que forem demasiado curtas são combinadas com as secções
seguintes, usando fixações especiais (juntas de expansão de aproximadamente 6-7 mm). Isto garante
uma subestrutura estável e forte.
O sistema de montagem AluTec só é apropriado para módulos com armação. A distância entre as
secções horizontais é igual à altura do módulo mais 7-8 mm.
Será sempre útil fazer um molde em madeira por forma a manter o espaçamento e o alinhamento entre
as secções de fixação. Começando a partir da secção de fixação situada no ponto mais baixo, o molde
irá permitir verificar se o espaço entre as secções é mantido até ser alcançado a última secção (no ponto
mais alto). Este procedimento deve ser feito antes de aparafusar firmemente as secções de fixação dos
módulos às secções verticais, por forma a verificar que não existem folgas ou excessiva rigidez. Isto
garante uma inserção fácil e suave dos módulos nas calhas, e previne qualquer tensão mecânica
posterior (causada pelas flutuações de temperatura). As figuras mostram a assemblagem da
subestrutura do gerador. As áreas das janelas de sótão do telhado são também tidas em conta.
Depois de terem sido montadas as calhas de fixação dos módulos, estes são inseridos no seu interior,
fila por fila, começando pelo topo. O formato e a assemblagem destas calhas garantem que os módulos
assentem firmemente e sem vibrações.
Durante a colocação, os módulos ficam ligados electricamente uns aos outros, usando cabos de
módulos que são fixados às calhas (Radox 1 x 2,5 mm2) e tomadas-fichas. Este procedimento previne a
retenção de águas pluviais e da neve derretida na área do gerador, em resultado da colocação dos
cabos na superfície do telhado. Deve-se também prevenir qualquer infiltração de água nas tomadas ou
nas caixas de junção dos módulos.
Os cabos devem ser colocados de modo a que o isolamento não possa vir a ser danificado pela acção
mecânica de bordas cortantes, objectos com bicos, etc... Se necessário, deverão ser encaminhados
através de condutas de metal. Também é possível ligar os cabos do módulo directamente (sem
tomadas) às caixas de junção do módulo, desde de que os módulos estejam concebidos para tal (ver
referências nas especificações do fabricante). Neste caso, devem respeitar-se as recomendações de
segurança para as instalações eléctricas (ver capítulo 5).
Os módulos são aparafusados aos limites dos calhas de fixação através de grampos angulares. São
então inseridos finos separadores resistentes à água (por exemplo, neopreno) entre o grampo angular e
a armação do módulo. Os grampos permitem que seja gerada suficiente tensão mecânica nas armações
dos módulos, para que não possam vir a ser criadas oscilações ou vibrações sonoras.
Finalmente os cabos da fileira são encaminhados através das aberturas das telhas de ventilação do
telhado. Estas telhas são inseridas em determinados pontos do telhado, e garantem que o telhado
permanece impermeável nos pontos de inserção dos cabos. Por razões estéticas, estas telhas deveriam
situar-se por baixo do gerador e ser invisíveis do exterior. Os cabos de fileira são presos à subestrutura e
ligados aos módulos correspondentes (ao primeiro e ao último módulo de uma fileira).
Nota: As condutas de protecção devem ser resistentes aos raios UV e às elevadas temperaturas que se
verificam nas áreas exteriores.
Figura 9.17 – Abertura no telhado para a passagem dos cabos das fileiras
O gerador é de seguida ligado à terra (16,0 mm2 Cu) através de um eléctrodo de terra, que está ligado
ao barramento de terra do edifício (ver capítulo 5). Uma vez que a estrutura de suporte é condutora, não
é preciso qualquer ligação equipotencial adicional. Será suficiente estabelecer uma ligação ao condutor
de protecção de terra que seja resistente à corrosão, num ponto adequado da subestrutura. Esta ligação
deve ser mantida tão curta quanto possível.
Os cabos eléctricos que provêm das fileiras são canalizados no interior do edifício pelo caminho mais
curto possível, directamente para a caixa de junção do gerador. Neste ponto, deve-se ter uma especial
atenção para assentar cabos protegidos contra falhas de terra e curto-circuitos. Dado que estes cabos
são condutores activos, devem ser marcados como tal, especialmente se forem encaminhados
juntamente com outros cabos no interior do prédio (frequentemente, existem circuitos ou condutas
comuns). Os cabos de fileira são electricamente ligados aos terminais da caixa de junção do gerador
(cuidado com as voltagens > 120 V DC). Os descarregadores de sobretensão dos fusíveis de fileira,
garantem a segurança operacional adequada, enquanto que o interruptor principal bipolar DC permite o
corte em segurança do sistema em carga (por exemplo para efeitos de manutenção).
Nota: Para tensões DC > 50V, os contactos do interruptor principal DC devem estar espaçados de, pelo
menos, 5 mm, por forma a permitir um isolamento seguro. As especificações do fabricante na placa do
interruptor deveriam declarar expressamente se este é o apropriado para o nível de tensão requerido.
As ligações aos respectivos inversores de fileira são efectuadas a partir das caixas de junção do gerador,
até aos terminais de entrada DC dos respectivos inversores. Os inversores devem ser instalados num
local apropriado. Os factores a ter em conta na escolha do local, incluem a temperatura ambiente, a
capacidade de dissipação do calor (por exemplo para uma instalação em armário), a humidade relativa e
o ruído. Para efeitos de serviço e manutenção, os inversores devem estar facilmente acessíveis. Devem
ser sempre respeitadas as instruções do fabricante.
Sempre que houver uma grande distância entre a caixa de junção do gerador e o inversor, deverá ser
instalado um ponto de isolamento adicional antes do inversor. Isto permite um isolamento seguro do
cabo principal DC que alimenta o inversor.
Nota: Uma linha de dados permite a transferência dos parâmetros do sistema para um computador. Isto
é de particular interesse nas situações de monitorização remota.
Figura 9.19 – Esquerda: Caixa de junção geral do gerador e Direita: Instalação dos inversores
As saídas do inversor AC estão ligadas à rede principal através de aparelhos de protecção (fusíveis,
disjuntores de linha) e através do contador. No nosso exemplo, a caixa do contador, com um contador de
consumos de energia eléctrica instalado, é ampliada para a recepção de outro contador, que mede a
energia entregue ao Sistema Eléctrico Público (de acordo com as Condições Técnicas de Ligação).
Antes da entrada em exploração da instalação pelo utilizador, todos os sistemas deverão ser vistoriados.
No caso de expansão ou alteração de um sistema já existente, deverá ser verificado se as alterações
estão em conformidade com o que está estabelecido nas normas.
Resistência de terra.
Resistência de isolamento do gerador fotovoltaico.
Resistência do isolamento da linha principal DC.
Tensão de circuito aberto do gerador.
Tensão de circuito aberto de cada fileira.
Corrente de curto-circuito de cada fileira.
Queda de tensão em cada díodo (para os sistemas com díodos de fileira).
Queda de tensão em cada fusível (para os sistemas com fusíveis de fileira).
a) Resistência de isolamento
Curto-circuito no lado DC, isolar o descarregador de sobretensões, medir entre um condutor
e a ligação equipotencial. Na Tabela 2 mostram-se os valores que devem ser mantidos.
b) Tensão do circuito aberto
Isolar o sistema, medir a tensão entre os condutores positivo e o negativo.
c) Corrente de curto-circuito
Para sistemas com díodos de fileira: provocar um curto-circuito no sistema, medir a corrente
paralela ao díodo.
Para sistemas sem díodos de fileira: isolar o sistema, retirar os fusíveis de fileira e medir a
corrente em cada uma da fileiras.
d) Diferenças das tensões das fileiras
Para sistemas com díodos de fileira: isolar o sistema, medir a diferença tensão antes do
díodo;.
Para sistemas sem díodos de fileira: remover os fusíveis de fileira e medir a diferença de
tensão na fileira 1.
Estes dados servem como um certificado para o operador, e determinam se o sistema fotovoltaico está
completamente operacional e seguro para operar. Esta informação poderá constar do relatório técnico
apresentado para efeitos de requerimento do pedido de vistoria e emissão de licença de exploração.
A falha total de um sistema fotovoltaico é extremamente rara. A esmagadora maioria dos sistemas
funcionam durante largos anos, e as eventuais avarias estão normalmente associadas a pequenos
custos de reparação.
Como parte do programa fotovoltaico “1.000 telhados” (1991 a 1995), a instalação de sistemas ligados à
rede foi subsidiada pela governo Alemão. No âmbito deste programa foi documentado o comportamento
operacional, o tipo e o número de falhas dos vários sistemas. Em resultado destas investigações,
podem-se fazer os seguintes comentários:
A seguinte tabela mostra as principais falhas que ocorreram em 200 sistemas fotovoltaicos, após vários
anos de funcionamento. Estes sistemas foram seleccionados com base num nível de produção de
energia anual inferior à média.
Estas falhas e os respectivos os tempos de paragem dos sistemas fotovoltaicos, podem ser evitados
através de uma manutenção regular por parte do operador do sistema. A ficha de manutenção que
propomos a seguir poderá ser usada como guia.
Ficha de manutenção
Tabela 9.2
Medição da resistência de
Medições com Multímetro
Verificação de sob/sobre
Teste do circuito AC
Leitura dos dados
Inspecção Visual
isolamento
curvas I/U
tensões
saídas
terra
Tipo de Falha
Módulos FV
Sujidades X
Deslaminação do módulo X X X
Díodos de derivação X X (X)
Pontos de ligação X X X (X)
Humidades X X X X
Módulos defeituosos X X X (X)
Inversor
Eficiência X X X X
Características do sistema de
X X X X X
Controlo
Conteúdo Harmónico X X
Distúrbios na linha de tensão X X X
Instalação
Fusível X X X
Díodo de fileira defeituoso X X X
Curto circuito / Falha da protecção
X X
de terra
Descarregadores de sobretensão
X X X X
defeituosos
Aumento da resistência de terra X
Deve-se também verificar a canalização e as ligações eléctricas. Podem ocorrer as seguintes falhas que
não provocam a actuação do aparelho de corte, e que por isso podem levar ao aparecimento de tensões
de defeito ou à criação de arcos eléctricos:
Outros aspectos a ter em atenção são os eventuais danos térmicos e mecânicos, e a integridade dos
isolamentos dos cabos. Estes últimos poderão estar roídos por animais, ou deteriorados pela acção dos
raios UV, do tempo ou de sobretensões. Todo o isolamento “envelhece” com o decorrer do tempo. Uma
falha de isolamento pode levar à criação de um arco e provocar, em última instância, um fogo. Por este
motivo, a monitorização automática do estado do isolamento do sistema, que já vem implementada em
muitos inversores, é sempre recomendável. Neste caso, quando a falha de isolamento é assinalada, o
inversor isola o sistema da rede. Contudo, o gerador fotovoltaico irradiado ainda fornecerá corrente
directa para alimentar o arco, pelo que a falha não poderá ser isolada pelo inversor. No entanto, nos
Actualmente, é possível obter um diagnóstico remoto sobre o desempenho do sistema com os modernos
inversores, bastando para tal um modem e um PC. Na origem de avarias, poderão estar as seguintes
causas, ordenadas segundo a sua frequência:
1. Falha no inversor.
2. Ligações soltas entre cabos.
3. Fusíveis de fileira defeituosos.
4. Deficiência em um dos módulos, e por isso falha total ou parcial de uma fileira (díodos de derivação
ou contactos de células individuais no módulo).
5. Disjuntor defeituoso.
6. Falha de isolamento.
Começando pelo ponto de interligação ou pelo contador de energia eléctrica, a verificação do estado de
operação dos inversores e da caixa de junção do gerador, deverá ser feita através dos respectivos cabos
de ligação. No inversor, deve-se observar os dados operacionais, conferindo os leds de sinalização ou o
código de erro, ou usando software remoto e um computador portátil. O registo dos dados operacionais
do inversor (potência AC, UMPP, IMPP…), podem proporcionar pistas importantes para a localização da
origem da falha. O processo de medição deve ser iniciado no lado AC e só depois deverá prosseguir
para o lado DC. Se não houver tensão na ramal de ligação AC, é possível que o sistema de protecção da
interligação tenha disparado (por exemplo, uma impedância do sistema demasiado alta). Posteriormente,
verifica-se a linha DC e o interruptor principal DC. A resistência de isolamento de terra entre os
condutores activos e o potencial de terra deve ser, no mínimo, de 2 M:.
É possível medir em pleno funcionamento a tensão aos terminais dos fusíveis de fileira e, se existirem,
dos díodos de fileira, usando um voltímetro. Se resultarem excessivas diferenças entre as tensões
individuais das fileiras e/ou entre as correntes de curto-circuito individuais, isto indica que existe um
desajuste excessivo no gerador, ou que ocorreu uma falha eléctrica numa ou em várias fileiras. O passo
a seguir deverá consistir em efectuar medições individuais nos módulos da fileira correspondente. Neste
caso, para as fileiras maiores, dividi-se a fileira em dois, por forma a identificar a metade defeituosa da
fileira. È aplicado o mesmo método à metade da fileira resultante e por aí adiante, até chegar ao módulo
responsável pelo defeito. As ligações dos módulos e dos díodos de derivação também devem ser
verificadas. Também se deverá proceder à medição da tensão de circuito aberto UOC e determinar a
corrente de curto-circuito ISC. Deve-se ter em mente que esta corrente depende proporcionalmente da
irradiância.
A seguinte tabela lista os tipos de falhas mais comuns e mostra quais as verificações e medições que
podem ser usadas para as detectar.
Tabela 9.3
Diário Inversor - em operação ou existe mensagem de erro no visualizador?
Mensal Verificação dos níveis de - registar as medições do contador regularmente! (Não é necessário no caso de tele-
produção monitorização)
Superfície do gerador - Acumulação de sujidades?
- Folhas ou dejectos de pássaros?
- Remover com jactos de água
Cada seis Caixa de junção do gerador - Penetração de insectos/humidades?
meses - na medida do possível testar fusíveis
Descarregador de Verificar após uma trovoada!
sobretensões - intacto? (indicador branco, ou vermelho?)
Cablagem - Procurar arcos eléctricos, isolamentos danificados, outros (cabos roídos por
animais)
- Verificar ligações!
Antes de se iniciarem os trabalhos de reparação, deve-se verificar se estes estão ou não cobertos por
uma garantia, isto é, se é possível ou não aplicar a garantia dos fabricantes dos equipamentos. Se não
fôr o caso, deve ser apresentado um orçamento relativo aos custos de reparação do sistema. Deve ser
efectuado um caderno de inspecção para uma novo arranque do sistema.
Em regra, os sistemas fotovoltaicos são muito fiáveis. No entanto, na eventualidade de uma falha ou de
um defeito, pode acontecer que este só seja detectado depois de terem passado vários meses após as
últimas leituras do contador. Isto terá claras implicações na produção e, consequentemente, no resultado
económico da exploração. Com um sistema de monitorização dos dados de operação, as falhas ou
defeitos são rapidamente detectadas e sinalizadas. Deste modo, o proprietário do sistema poderá
verificar regularmente o desempenho do sistema e, quando necessário, chamar o engenheiro da
instalação para o diagnóstico da falha.
Para analisar os parâmetros do sistema, é necessário antes de mais que estes estejam armazenados.
Este registo é geralmente efectuado através do inversor. Os dados são armazenados em ficheiros de
dados, sendo então enviados ou lidos a partir de um computador. Nalguns casos é necessário um
sistema de aquisição de dados externo ou um sistema de armazenamento de dados externo. A precisão
das medições efectuadas pelo inversor é geralmente inferior ao de um contador normal de energia
eléctrica. Podem obter-se valores exactos a partir de um contador calibrado.
Um número cada vez maior de operadores, especialmente os dos grandes sistemas fotovoltaicos, estão
a optar pela visualização dos dados operacionais directamente a partir de painéis específicos para esse
efeito.
Figura 9.23 – Esquerda: Quadro de visualização para consulta no exterior e Direita: Quadro de
visualização para consulta no interior da habitação
Fotografias: Skytron
Após a aquisição e registo dos dados operacionais, estes são analisados. Começa a ser cada vez mais
comum a implementação de sistemas automáticos de verificação integrados no inversor ou no sistema
de aquisição de dados. Estes dispositivos detectam e sinalizam as falhas mais críticas, através de sinais
sonoros de alarme, mensagens por fax, computador, correio electrónico, ou internet.
Ao comparar os dados operacionais com as medições da irradiância (ver capítulo 2), é possível fazer
uma análise mais rigorosa. Contudo, isto requer um sensor de radiação, se possível, da mesma
tecnologia celular do gerador fotovoltaico. Sem este sensor, poderá ser feita a comparação usando
dados climatéricos e/ou dados de produção de outros sistemas fotovoltaicos. Por isso, o método usual
consiste na simulação da produção energética do sistema, com base nos dados climatéricos da
localização mais próxima do sistema fotovoltaico. Algumas empresas oferecem esta possibilidade
através de um serviço online suportado pela internet.
A verificação dos dados operacionais mensais pode ser feita através da leitura do contador que faz a
medição da energia total produzida pela instalação de produção, e a comparação dos valores obtidos
com os níveis de produção de outros sistemas cujos dados estão disponíveis via Internet (www.pg-
ertraege.de ou www.sonnenertrag.de).
Os níveis de produção dos sistemas fotovoltaicos dependem da irradiância solar para o ano em questão.
Pode obter-se uma primeira estimativa através dos valores médios de longo prazo da irradiação solar,
que estão disponíveis para muitos locais. Se desejarmos calcular de um modo mais exacto a energia
produzida pelo sistema, será necessário adquirir os dados de irradiância do ano respectivo, com uma
maior resolução cronológica (por exemplo valores horários).
Os dados operacionais de longo termo de sistemas fotovoltaicos na Alemanha, provêm dos sistemas
construídos ao abrigo do programa “1.000 telhados” (1991 a 1995). A produção anual destes sistemas
varia, mas situa-se perto do valor médio de 700 kWh/kWp. O índice de desempenho médio (ID) foi de
69%, enquanto que o índice de 75% demonstrou ter sido um bom ID. Os sistemas fotovoltaicos que
vieram a ser construídos depois deste programa, atingiram níveis de produção anual superiores. Por
isso, os níveis de produção anual de energia no programa “Sol nas Escolas”, no âmbito do programa dos
“100.000 telhados” foram, em média, 796 kWh/kWp. Numa análise geral da produção dos sistemas
fotovoltaicos instalados por toda a Alemanha (disponível na Internet e realizada pela Aachen
Solarförderverein – Associação para a Promoção Solar), o valor médio calculado foi de 798 kWh/kWp.
Quando os sistemas fotovoltaicos são integrados nos edifícios, os módulos ficam normalmente sujeitos a
temperaturas mais elevadas, o que se traduz numa menor eficiência, especialmente no caso dos
módulos de silício cristalino (ver capítulo 3). Para além disso, existem perdas de irradiação, uma vez
que, frequentemente, as superfícies não estão alinhadas segundo a direcção ideal e estão sujeitas a
sombreamentos. Por exemplo, as produções de energia registadas em nove sistemas de fachada
vertical objecto de estudo, estiveram compreendidos entre 370 e 570 kWh/kWp por ano (Dezembro
1998). Os mais recentes sistemas de fachadas, em resultado da optimização do desenho e da
concepção do sistema, atingem níveis de maiores produção energética, com valores que variam entre
500 e 700 kWh/kWp [Bec00, Bec02, Dgs01, Sta02].
Na tabela seguinte são apresentados as médias percentuais das perdas energéticas nos sistemas
fotovoltaicos. As maiores perdas surgem, conforme era esperado, na conversão da corrente alternada
para corrente contínua pelo inversor, sendo a sua eficiência anual, em média, de 90%.
A segunda maior fonte de perdas energéticas advém do desvio do desempenho actual do módulo
(eficiência) em relação à potência nominal nas condições de referência CTS, conforme estabelecido na
respectiva ficha técnica. As razões para que tal ocorra devem-se, por um lado, à flutuação natural da
irradiância e da temperatura e, por outro, à elevada tolerância nas especificação do desempenho dos
módulos pelos fabricantes.
As medições realizadas pelo Instituto Fraunhofer para Sistemas de Energia Solar, mostraram que a
quebra da potência do gerador fotovoltaico era, em média, inferior a 10% da soma das potências
nominais dos módulos fotovoltaicos. Seria desejável que os fabricantes de módulos reduzissem as
tolerâncias das potências nominais dos módulos. A tendência recente por parte de um número cada vez
maior de fabricantes, é de oferecerem tolerâncias de + 5% em vez de + 10%. Contudo, a
especificação positiva da tolerância pertence ainda ao domínio da aspiração. Seria muito sensato definir
uma potência mínima para os módulos.
Contudo, muitos operadores e instaladores de sistemas fotovoltaicos ainda negligenciam este ponto
essencial. Tal como acontece para o seguro de um carro, os aspectos do seguro têm ser esclarecidos
cuidadosamente com a seguradora. Esta discussão deverá ocorrer mesmo antes de se iniciar a
instalação do sistema fotovoltaico.
Com os riscos segurados, pode diferenciar-se entre danos à propriedade provocados por influência
externa (seguro da propriedade) e danos a terceiros resultantes do funcionamento do sistema. O último
exige um seguro de responsabilidades civil (seguro para terceiros), que cobrirá a compensação das
queixas justificadas pelos terceiros, qualquer relatório que seja necessário por parte de especialistas e
eventuais custos legais. Estes danos podem ser ocasionados, por exemplo, por um módulo solar que cai
do telhado, ou se o sistema fotovoltaico prejudicar a qualidade do serviço de fornecimento de energia
eléctrica pela rede eléctrica pública. A seguradora terá a tarefa de se precaver contra todas as queixas
de compensação injustificadas. Se o operador fôr o proprietário do edifício, o sistema fotovoltaico pode
estar incluído no seguro de habitação existente. Se não existir tal seguro, pode tentar cobrir os riscos
com o seguro pessoal de responsabilidade civil, que algumas seguradoras disponibilizam.
No entanto, também deve-se garantir que o seguro tenha a cobertura de eventuais riscos que possam
ocorrer durante o período de construção. Mesmo no caso da empresa ter sido adjudicada para a
execução dos trabalho de montagem e de instalação eléctrica, o cliente é, em princípio, responsável por
todos os danos que venham a ocorrer durante a fase de construção. Para além disso, é responsável pela
supervisão das empresas que realizam os trabalhos de construção. Mesmo antes de se dar inicio ao
trabalho, deve ficar esclarecido se estes riscos são ou não cobertos pelo seguro pessoal ou da
habitação, se devem estar segurados em separado ou não, ou se vai confiar ou não na responsabilidade
da empresa executante. Estes riscos podem também estar incluídos nos seguros a terceiros do sistema
de energia solar, sem que haja custos adicionais. Este tipo de seguros são recomendados sobretudo
para sistemas localizados em prédios que são propriedade de terceiros.
É particularmente importante que o operador se proteja contra perdas financeiras que possam ocorrer de
eventuais danos sobre o sistema, resultantes de agentes climatéricos, roubo, vandalismo, defeitos de
construção e/ou falhas operacionais.
Como parte integrante do seguro de habitação será possível, mediante um pequeno aumento do prémio
(ou mesmo sem nenhum encargo), ser compensado das perdas e danos que se possam verificar sobre o
sistema fotovoltaico, em consequência de tempestades, granizo, fogo, àgua, relâmpagos, etc. Esta
possibilidade é uma vantagem para os pequenos sistemas cujos operadores sejam também os
proprietários da habitação. No entanto, ainda que seja teoricamente possível para sistemas situados em
edifícios de terceiros (caso o proprietário esteja de acordo), não será recomendável, uma vez que o
proprietário do sistema tem menos direitos. Por exemplo, na eventualidade de uma avaria grave, poderia
ser claramente prejudicado pelo facto do seguro ter um capital inferior ao valor real do sistema ou no
caso dos prémios do seguro não terem sido pagos.
Os seguros especiais oferecidos para os sistemas de energia solar são, de longe, mais abrangentes do
que os seguros normais para habitações. Encontram-se incluídos riscos adicionais como o roubo e o
vandalismo, para além de falhas operacionais e a redução da produção energética em caso de falha ou
de avaria.
Deverão ser excluídos os danos provocados pelo desgaste do sistema, premeditação e clara negligência
do operador, e fenómenos naturais em que não seja possível demonstrar qualquer influência externa. Os
danos causados pelas tempestades e pelo granizo podem ser restringidos até um certo limite, desde que
se respeite as normas de construção e as normas de qualidade. No entanto, a protecção contra os
efeitos directos e indirectos das descargas atmosféricas representa um desafio considerável para os
técnicos (ver capítulo 5), podendo ter consequências muito gravosas para o sistema, com custos
consideráveis. Uma vez que os módulos e os inversores são extremamente sensíveis a sobretensões
(bem como os computadores utilizados para a monitorização dos dados), a cobertura do equipamento
eléctrico deve constituir o núcleo do plano de cobertura de riscos.
Para estabelecer uma comparação entre os prémios das várias seguradoras e descobrir a oferta mais
favorável, devem ser respondidas as seguintes questões:
Ainda não é possível proporcionar informação concreta sobre a extensão dos acidentes que ocorrem
durante a operação dos sistemas fotovoltaicos, dado que não existem dados estatísticos significativos.
Por esta razão, os prémios oferecidos pelas companhias seguradoras não são baseados em cálculos
sólidos, mas sim em previsões da extensão e consequências de um eventual acidente. Desta forma, os
prémios podem variar consideravelmente entre várias seguradoras. O operador deverá determinar,
juntamente com o profissional de seguros, qual a solução que melhor responde ás suas necessidades. A
chamada cobertura “multi-riscos”, apresenta-se como a solução recomendável para os maiores sistemas
fotovoltaicos instalados em telhados alugados. Os operadores privados que possuem os sistemas
instalados nos telhados das suas casas devem, pelo menos, incluir a instalação solar no seguro de
habitação e de incêndio, o que normalmente custa apenas mais alguns Euros.
Considerando os custos de produção de energia, os sistemas fotovoltaicos podem ser comparados com
outros sistemas de produção de energia, podendo assim ser calculados os níveis de compensação de
cobertura de custos, para os diferentes sistemas de produção e fornecimento de energia eléctrica à rede
pública de distribuição.
O desejado retorno do capital investido inicialmente, tem uma influência decisiva no cálculo dos custos
de produção de energia. Os cálculos económicos que excluem os juros e a valorização do capital
investido, apresentam-se com extrema simplicidade. Neste caso, são considerados os custos de
investimento inicial Cinv e determinados os custos gerais nos quais se incorrerá durante o tempo de vida
útil do sistema, custos de operação Cop, nomeadamente os custos operacionais, de manutenção,
prémios de seguros, entre outros eventuias custos que, como já referido, assumem uma reduzida
expressão com o presente tipo de sistemas.
Se as instalações fotovoltaicas são integradas no edifício durante a sua construção, tendo sido
considerada a sua localização desde o início do projecto de construção do edifício, os sistemas
fotovoltaicos integrados nos telhados ou nas fachadas podem ter como resultado poupanças
consideráveis nos materiais de construção (custos evitados Cev).
Para uma vida útil do sistema (n) – geralmente é assumida uma vida útil de 20 a 30 anos, os custos de
produção (Cprod), considerando a energia que será produzida anualmente pelo sistema fotovoltaico (Ea),
são calculados da forma que se segue:
C inv C op C ev
C prod
n u Ea
Exemplo:
No caso de um sistema fotovoltaico de 1 kWp instalado num prédio já construído (Ce =0), podemos
considerar um custo de investimento inicial de Cinv = 7.000 €, custos operacionais de Cop = 3.000 €
(por exemplo, 100 € por ano), uma vida útil n = 30 e uma produção anual de energia de Ea = 800 kWh.
Desta forma, o custo de produção de energia será dado pela seguinte equação:
7.000€ 3.000€ 0€
C prod 0,417€ / kWh
30 u 800kWh
Se forem considerados os juros sobre o capital (como normalmente acontece), usamos um método
dinâmico para ter em conta o efeito do “juro-do-juro” no período de vida ou de amortização do sistema.
Este “método das anuidades”, permite que os custos do investimento e todos os outros custos em que se
incorre, sejam convertidos em custos de capital que se mantêm constantes ano após ano.
p
a
1 1 p
n
Na tabela 10.1 são apresentados os factores de anuidade para diferentes periodos de vida útil e
diferentes taxas de juro. Conforme se pode ver, os custos anuais dependem fortemente da taxa de juro e
do período de amortização. Por exemplo, se forem usados fundos privados para construir o sistema
fotovoltaico, pode assumir-se uma taxa de juro consideravelmente mais baixa do que se for preciso
recorrer a um empréstimo bancário.
É possível determinar o valor que deverá ser no presente descontado, referente aos pagamentos futuros
no âmbito dos custos operacionais. Todos os pagamentos (Ci), nos diversos anos operacionais (i) do
sistema, são determinados. Com uma taxa de juro (p), obtemos os custos operacionais descontados:
n
Ci
C0 ¦ 1 p
i 1
i
Tabela 10.1 - Factor de anuidade a para vários períodos de vida útil n (anos) e taxas de juro p
Taxas de juro p
n 1% 2% 3% 4% 5% 6% 7% 8% 9% 10 %
10 0,1056 0,1113 0,1172 0,1233 0,1295 0,1359 0,1424 0,1490 0,1558 0,1627
15 0,0721 0,0778 0,0838 0,0899 0,0963 0,1030 0,1098 0,1168 0,1241 0,1315
20 0,0554 0,0612 0,0672 0,0736 0,0802 0,0872 0,0944 0,1019 0,1095 0,1175
25 0,0454 0,0512 0,0574 0,0640 0,0710 0,0782 0,0858 0,0937 0,1018 0,1102
30 0,0387 0,0446 0,0510 0,0578 0,0651 0,0726 0,0806 0,0888 0,0973 0,1061
C inv C op C ev u a
C prod
n u Ea
Exemplo:
3.000€
C0 1.252€
(1 p )15
Para os dados acima fornecidos, e para um factor de anuidade a = 0,0726, calculam-se os seguintes
custos de produção de energia:
C prod
7.000€ 1.252€ 0 u 0,0726 0,75€ / kWh
800kWh
A figura 10.1 mostra a dependência dos custos de produção de energia em relação à taxa de juros e à
vida útil dos sistemas, para pequenos sistemas com custos tipo de investimento de 7.000 €/kWp e
para grandes sistemas com custos tipo de investimento de 5.000 €/kWp. Neste caso, foi assumida uma
produção anual de energia de 800 kWh/kWp para os sistemas pequenos e de 850 kWh/kWp para os
grandes sistemas. Os custos operacionais para os pequenos sistemas alcançam o custo anual de 70 € e
nos grandes sistemas o valor de 25 €/kWp. É assumida uma irradiação anual de 1.000 kWh/m2 de
superfície horizontal. Como resultado, a energia solar dos sistemas pequenos é cerca de 50 % mais cara
do que a energia dos grandes sistemas.
Por certo que as respectivas condições de irradiação do local onde o sistema está instalado, também
desempenham um papel importante no cálculo dos custos de produção de energia.
A figura 10.2 mostra claramente a dependência existente (no caso da Alemanha), considerando uma
taxa de juro de 6 % e uma vida útil de vinte anos. A energia solar produzida na região de Hanover custa
0,67 € a 0,87 € por kWh. Pelo contrário, nos sistemas perto do Lago Constança, os custos expectáveis
são de 0,46 € a 0,72 € por kWh.
Actualmente, os sistemas fotovoltaicos podem ser competitivos do ponto de vista económico. Neste
contexto destacam-se as aplicações em locais afastados da rede principal.
Desde que o Programa E4 (Eficiência Energética e Energias Renováveis) entrou em vigor (em 2001), do
que resultou uma importante alteração no que se refere ao pagamento da energia eléctrica de origem
solar (particularmente nos pequenos sistemas fotovoltaicos, até 5 kWp), os sistemas de ligação à rede
em Portugal passaram a merecer um crescente interesse por parte dos investidores, como consequência
directa do contexto do novo ponto de vista económico destes sistemas.
sistemas de ligação à rede. Neste contexto é de realçar o interessante exemplo do caso da Alemanha,
com os sucessivos programas de incentivo na área da energia fotovoltaica.
A proporção, mais ou menos significativa, do fornecimento energético a partir dos sistemas solares
ligados à rede, quer no que se refere aos pequenos sistemas domésticos (até 5 kWp) quer nas restantes
áreas de aplicação dos sistemas com ligação à rede, dependerá, acima de tudo, da evolução no futuro
dos custos destes sistemas. Paralelamente, sem dúvida de que as politicas de incentivo desempenharão
também um papel decisivo, com principal destaque para as estratégias que visem a remuneração do
kWh produzido.
Na figura 10.3 poderá verificar-se que o volume de produção do equipamento tem uma forte influência
sobre o seu preço final. Esta factor teve uma forte influência nos preços praticados no mercado Alemão,
onde, desde o início dos anos 80, os preços desceram em mais de 60 %.
Como resultado do lançamento do mercado de diferentes programas de incentivo, como seja o programa
dos “70.000 telhados” no Japão, o programa dos “100.000 telhados” na Alemanha e da “Lei de
Alimentação da Energia Solar” em Espanha, os volumes de produção terão um aumento acentuado nos
próximos anos, sendo desta forma de prever uma maior redução nos custos do equipamento.
Num estudo sobre o fotovoltaico realizado em 2001 (Pesquisa Sarasin, Outubro 2001), o crescimento
médio anual no mercado global fotovoltaico até ao ano de 2010, foi calculado em 17,5 % [But01]. A
Bundesverband Solarenergie (Associação Federal Alemã da Energia Solar), assume um aumento anual
médio de 20 % até ao ano de 2010 (dados de Outubro 2001). Com estes valores, e considerando uma
curva de aprendizagem de preços com um factor de 18 %, teremos como resultado em 2010 uma
redução possível de 70 % no custo dos módulos, comparativamente aos custos dos módulos do ano de
2000. Depois deste período, o custo do sistema deverá descer com índices percentuais de algum modo
menores, uma vez que o planeamento, a cablagem, os inversores, entre outros materiais e
equipamentos que devem ser considerados num sistema fotovoltaico, têm de ser tidos em conta.
Nas áreas de elevada radiação solar, como por exemplo no Sahara, os custos de produção de energia
podem descer a valores inferiores a 0,20 €/kWh. Em consequência, nestas localizações os sistemas
fotovoltaicos serão mais competitivos, mesmo sem se ter em linha de conta os prováveis aumentos de
custo dos combustíveis convencionais.
Se os sistemas fotovoltaicos forem considerados no projecto inicial do edifício (isto é, desde o início do
processo de planeamento e construção), praticamente que poderá ficar assegurada a viabilidade
económica do sistema produtor de energia, em resultado das poupanças (custos evitados) dos materiais
convencionais de construção do telhado e/ou da fachada (ver capítulo 5).
Devido aos preços dos módulos serem responsáveis por mais de dois terços dos custos totais do
investimento inicial dos sistemas fotovoltaicos (ver figura 10.4), será sem dúvida alguma conseguida uma
redução de custos, resultante da produção massiva automatizada dos módulos. Nesta perspectiva,
existem grandes esperanças na tecnologia de película fina.
Actualmente, a principal matéria prima usada para as células solares é o silício cristalino. As células de
película fina apresentam uma percentagem no mercado de 13 % (ver figura 10.5), sendo as células de
silício amorfo usadas principalmente nas pequenas aplicações.
Figura 10.5 - Quotas de mercado dos vários tipos de células solares, ano 2001
Fonte: Photon International 3/2002
A quota de mercado de células de silício policristalino aumentou nos últimos dois anos, de 42 % para 50
%. A percentagem das células de silício monocristalino desceu de 42 % para 35 %. O valor de mercado
das faixas de silício aumentou drasticamente, desde 0,5 % no ano de 1999 para 5,6 % no ano de 2001.
A longo prazo, pode esperar-se que a proporção de células de película fina tenha um aumento
acentuado. O menor desperdício de material e a maior eficiência de produção que caracterizam esta
tecnologia, criam elevadas expectativas para o futuro, perspectivando-se importantes reduções nos
custos dos módulos fotovoltaicos.
A standardização dos módulos e a tendência para os módulos de maior eficiência, levará a reduções
adicionais de custo, particularmente no que respeita os custos de assemblagem dos componentes.
No que diz respeito aos inversores, já se verificaram também evoluções significativas em relação à
eficiência e à confiança. As condições impostas para a ligação à rede pública de um sistema
electroprodutor, serão ainda mais exigentes no futuro, em consequência de um número cada vez maior
de sistemas fotovoltaicos ligados à rede. Neste contexto, será cada vez mais importante a influência dos
inversores na rede principal. Para além da procura por dispositivos com uma boa relação eficiência-
custo, pode também observar-se uma evolução no sentido de se conseguir uma maior flexibilidade e
modularidade dos inversores. Paralelamente, os sistemas de dados de controlo operacional estão a
ganhar uma importância cada vez maior.
Na figura 10.3, é possivel verificar como é que as vendas de células solares a nível mundial têm
aumentado nos últimos dezoito anos: de 18 MWp para 400 MWp. O número de sistemas instalados em
Portugal tem também crescido (ver figura 10.6), mas de uma forma mais moderada, se considerarmos
quer as evoluções verificadas em outros países, quer o potencial de aplicação disponível.
Os sistemas fotovoltaicos aplicados em locais remotos da rede pública, são já em muitos dos casos
competitivos do ponto de vista económico, limitando desta forma a sua dependência dos programas de
subsídio.
O crescimento mundial nos sistemas de ligação à rede tem sido muito superior nos últimos dois anos
(tendo duplicado no ano 2000). Nos próximos anos, devem também esperar-se altos índices de
crescimento para o presente tipo de opção. No caso de Portugal espera-se que, com a agilização dos
processos administrativos e a regulamentação do sector, seja também possível prever para os sistemas
ligados à rede um cenário de forte procura.
A este crescente interesse não estará por certo alheio a nova remuneração da energia, entregue no
sistema eléctrico público por parte de um sistema fotovoltaico. O novo quadro legal surge com a
introdução do programa E4 - Eficiência Energética e Energias Renováveis (em 2001) e com a entrada
em vigor do Decreto-Lei n.º 339- C/2001 de 29 de Dezembro, que estabelece uma remuneração que
pode atingir os 0,5 € por cada unidade de energia injectada na rede pública. Esta remuneração divide os
sistemas fotovoltaicos em dois grupos: sistemas fotovoltaicos com uma potência inferior a 5 kWp, que
equivale a remuneração de 0,5 €/kWh, e os sistemas de potência superior a 5 kWp, que equivale a
remuneração de 0,3 €/kWh.
Através da Resolução do Conselho de Ministros nº 63/2003, o Governo traçou uma meta indicativa de
150 MW, em termos da potência fotovoltaica a instalar em Portugal até 2010.
Potência Fotovoltaica em kWp
1800
1600
1400
1200
1000
800
600
400
200
0
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
Sistemas autónomos domésticos Sistemas autónomos não-domésticos Sistemas ligados á rede
O relatório “NSR 2003 Portugal” da Agência Internacional de Energia (IEA-PVPS), revela do lado da
oferta um mercado de pequena dimensão em Portugal. Este mercado aparece constituído por 25
empresas, que desempenham actividades de projecto, de produção, de distribuição e/ou de instalação,
representando cerca de 150 postos de trabalho permanente. Ainda no âmbito deste trabalho, Portugal
aparece no cenário Europeu na última posição, a par com a Dinamarca, o que acaba por ser de alguma
forma estranho, se tivermos em linha de conta as diferenças que se verificam ao nível da radiação solar
entre estes dois países.
Figura 10.7 - Volume de negócios mundial da tecnologia fotovoltaica para cada tipo de aplicação
[But01]
As células solares são produzidas maioritariamente no Japão, nos EUA e na Europa (figura 10.8).
Embora os USA tenham dominado a produção de células no início dos anos 80, o Japão e a Europa têm
vindo a reforçar a sua posição, sendo actualmente líderes de mercado.
O continente mais produtivo no fabrico de células solares é a Ásia. Perto de 50 % da produção mundial
anual é fabricada na Ásia, onde o Japão lidera o sector com 172 MWp.
Mais de metade do mercado mundial fotovoltaico é dominado por apenas quatro fabricantes (figura
10.9), dos quais dois têm a sua sede no Japão. É pouco provável que esta situação venha a mudar num
futuro imediato.
Figura 10.9 - Quotas de mercado a nível mundial dos fabricantes de células solares
Fonte: Photon International 3/2002
10.5 Potencial da tecnologia fotovoltaica em Portugal
No âmbito dos objectivos traçados pelo protocolo de Quioto, o Governo Português assumiu o
compromisso de não aumentar as emissões de gases com efeito de estufa em mais de 27 %, até ao
período de 2008-2012 (tendo por base as emissões registadas em 1990).
Ainda no contexto do Protocolo de QUIOTO, será interessante confrontar-se a situação de Portugal com
o objectivo estabelecido na Alemanha, onde se preconiza desde já uma redução das emissões para o
ano de 2005, em vez de uma limitação sobre o seu crescimento. Paralelamente, a longo prazo, é
previsto um acentuar generalizado sobre o valor da redução das emissões de CO2. De acordo com as
recomendações da Comissão de Inquérito do Parlamento Alemão sobre as Medidas preventivas para
proteger a Atmosfera da Terra, as reduções das emissões atingirão 50 % para o ano de 2020 e 80 %
para o ano de 2050.
Se por um lado o significado deste valor poderá ter uma estreita dependência com o contributo da
energia hidroeléctrica, por outro lado é indiscutível que a taxa de crescimento anual do consumo de
energia eléctrica, obrigará a que se considere a intervenção da produção de energia eléctrica a partir de
outras fontes de energia renovável para além das Mini-Hídricas.
Com base nestas directrizes, o Governo definiu um conjunto de metas indicativas relativas à produção
de electricidade a partir de fontes renováveis de energia. Pese a escolha mais racional de conjugar a
disponibilidade económica do recurso e a aplicação de tecnologias maduras e competitivas, um outro
factor não menos importante consiste na complementaridade entre as várias fontes de energia, pois
permite manter a oferta de energia eléctrica praticamente imune às flutuações que caracterizam a
maioria das fontes de energia renovável.
Para além da tecnologia solar fotovoltaica, é promovido o aproveitamento da energia hídrica, eólica,
biomassa e hidroeléctrica. A seguinte tabela expõe, no âmbito dos compromissos estabelecidos, as
capacidades totais das novas centrais a serem instaladas em Portugal, até ao ano de 2012.
Hídricas Hídricas
Ano Eólica Biomassa + Biogás RSU Fotovoltaica Ondas Total
(SEP + SENV) (PRE)
2002 4.209 235 200 20 66 1 2 4.733
2003 4.445 245 260 25 66 1 5 5.047
2004 4.624 255 340 30 66 12 10 5.337
2005 4.624 270 500 40 66 20 20 5.540
2006 4.624 300 900 80 66 30 20 6.020
2007 4.624 350 1.300 110 66 50 20 6.520
2008 4.857 410 1.800 140 66 50 20 7.343
2009 4.995 480 2.400 170 66 50 20 8.181
2010 4.995 500 2.930 200 66 50 20 8.761
2011 5.123 505 2.950 200 66 50 20 8.914
2012 5.123 510 2.970 200 66 50 20 8.939
São de toda a actualidade os objectivos que se colocam na área do ambiente, com as respectivas
implicações sobre as preocupantes alterações climáticas, bem como na área da energia, com destaque
para a desejada autonomia e as limitações que se colocam ao nível do esgotamento dos recursos
fósseis. Neste contexto, sem dúvida alguma que Portugal, a par dos seus congéneres Europeus, deverá
apressar a implementação de medidas que assegurem o uso das energias renováveis numa escala
massiva, devendo a tecnologia fotovoltaica ser considerada com a devida atenção.
Na sua generalidade, em todo o território Português existe um elevado potencial que permite a
exploração de recursos energéticos renováveis. No caso da tecnologia fotovoltaica, observa-se uma forte
contradição entre o potencial deste País e a nula produção actual de electricidade a partir de sistemas
ligados à rede pública.
Para além da utilização de espaços abertos para a edificação de grandes centrais de produção de
energia fotovoltaica, com todas as eventuais limitações a si associadas em termos de ocupação de área
de terreno e respectivos impactes sobre o meio envolvente, sem dúvida alguma de que os sistemas
fotovoltaicos devem ser promovidos na integração de edifícios, quer nas coberturas quer nas fachadas.
As potencialidades de uso dos sistemas tolerantes à sombra, podem ainda abrir outras interessantes
perspectivas à expansão dos sistemas fotovoltaicos.
Ainda que a tecnologia fotovoltaica represente uma percentagem irrisória no quadro actual e futuro da
produção nacional, o seu potencial poderá ser elevado. A título de exemplo, se fosse instalado um
sistema de 5 kWp em cada uma das mais de três milhões de habitações domésticas que compõem o
parque habitacional nacional, resultaria uma produção anual de 19 TWh, ou seja, 47 % do consumo
total/bruto em Portugal que se verificou no ano de 2002.
Os sistemas fotovoltaicos não necessitam de combustível quando estão em funcionamento e não têm
emissões prejudiciais. No entanto, devem ser avaliadas questões que se prendem com o consumo de
energia durante o processo de fabrico do equipamento, os fluxos de material e as possibilidades de
reciclagem dos materiais.
Avaliação energética
Nos processos industriais a energia é utilizada sob diferentes formas. Para o fornecimento de energia ao
sistema eléctrico público, a produção nacional de energia eléctrica consome, sob a forma de carvão,
petróleo e de gás natural, cerca de 2,5 vezes a quantidade de energia entregue ao consumo final
(rendimento global de aproximadamente 40 %).
Quando nos referimos à energia, é habitual que seja a energia primária. Para avaliar a procura de
energia, e neste caso concreto para os sistemas fotovoltaicos, poderemos usar as seguintes definições:
Somatório dos gastos de energia de um produto (módulo fotovoltaico), desde o seu fabrico e uso, até à
sua “eliminação“.
Tempo de funcionamento necessário de um sistema energético (módulo fotovoltaico), para produzir tanta
energia útil como a sua CCE.
Índice entre o valor total líquido de libertação de energia de um sistema (módulo fotovoltaico) durante
toda a sua vida útil e a CCE.
Os dados de análise para sistemas com módulos de silício policristalino, resultam do relatório final
“Avaliação do programa de energia solar 100.000 telhados” (Fevereiro 2003), levado a cabo pelo Instituto
Ambiental de Leipzig e pelo Instituto da Energia e do Ambiente de Leipzig a pedido do Ministério Alemão
Federal da Economia e da Tecnologia).
Os dados para os sistemas com células monocristalinas e amorfas foram extraídos de diferentes estudos
(Alsema 2000, Instituto Ecológico 2001, Marheineck et al. 2000, Frischnkecht et al. 1996).
O processo de fabrico que envolve a matéria-prima silício exige um consumo intensivo de energia. Por
este motivo, é decisivo se o silício é considerado pela indústria fotovoltaica como uma perda ou se o seu
processo de fabrico (com o correspondente contexto energético) é tomado em consideração. A
relevância deste facto pode deduzir-se nos dois valores representados na figura 10.14 para os sistemas
que usam módulos policristalinos: o valor de 18.240 Wh/kWp e, considerando o silício como uma perda,
o valor de 11.570 kWh/kWp. De acordo com o E.A. Alsema (Universidade de Utrecht, 2000), estamos
mais perto da verdade se nos cálculos considerarmos o silício como material de perda. Por este motivo,
foram usados no diagrama os valores correspondentes que se encontram na literatura.
O valor para os módulos CIS está baseado na informação de Karl E. Knapp e Theressa L. Jestes (Solar
200, Conferência de Madison, Winsconsin), e não tem em conta o sistema fotovoltaico no seu todo, mas
apenas os módulos fotovoltaicos.
Como pode ser observado na figura 10.14, a largura das faixas para o consumo cumulativo de energia
primária varia consideravelmente em função dos diferentes pressupostos. Para calcular o tempo de
retorno da energia para os sistemas monocristalinos e amorfos, foi usada uma média aritmética, tendo-
se então chegado aos seguintes valores:
Tabela 10.4 - Tempo de retorno da energia para um sistema fotovoltaico incluindo todos os seus
componentes (Alemanha)
Sistema fotovoltaico Tempo de retorno da energia (anos)
Silício Monocristalino 5,55
Silício Policristalino 5,55
Silício Amorfo 3,88
CIS1) 3,84
1) módulos apenas
Particularmente no caso das células de película fina, são esperados tempos de retorno da energia
consideravelmente menores. A produção intensiva por si só implica tempos de retorno da energia
inferiores a um ano. Estes valores podem ser ainda mais baixos nas localizações onde existem
condições climatéricas mais favoráveis.
Reciclagem
Os anteriores comentários sugerem que os módulos fotovoltaicos descartados e com falhas deveriam
ser reciclados e re-introduzidos no ciclo do material. Isto é de particular importância para os
componentes de vidro e de silício.
A tabela 10.5 lista as proporções aproximadas de materiais que compõe os diversos módulos
fotovoltaicos. Mostra também as possibilidades de reciclagem.
Tabela 10.5 - Materiais típicos que compõe os módulos fotovoltaicos e as suas possibilidades de
uso
Fonte: Wam02
Componentes do Materiais Proporção relativa Reciclagem
módulo
Protecção superior Vidro Vidro plano, vidro fundido, vidro
30 - 65 %
oco, fibras
Encapsulantes EVA, acrílicos, etc. 5 – 10 % Térmica
Protecção posterior Poliéster, Alumínio, vidro, fluo polímeros, 0 – 10 % Térmica, reciclagem do metal,
aço sem vidro reciclagem do vidro
Armações Alumínio, aço, polimetano, PC etc. Reciclagem do metal, reciclagem
do plástico, térmica
Caixas de junção Tecnopolímeros ABS, PC, PPO, PET, etc. 0–5% Reciclagem do plástico, térmica
Cabos Cobre, poliolefina, borracha sintética , Reciclagem de material
1%
TPE, PTFE electrónico, reciclagem do metal
Selantes Silícios, acrílicos, polimetanos, polisulfitos, Térmica
espumas 0 – 10 %
PE, borrachas, poli- isobutilenos
Materiais de recheio AI2O3, TiO, C, CaCO3, SiO2, etc 1% Mineral, aditivos
Células de silício Si, Ti, Ag, Sn, Pb, Cu, Ni, Pd, etc fabrico de cerâmica, ligas
5 – 10 %
cristalino metálicas
Células de película fina Si Amorfo, Al, Sn, Cu, Pb, CdTe, S, Química, reciclagem do metal
<1%
CulnSe2, Mo, etc
Ligadores eléctricos Cu, Sn, Pb, Al, Ag 1% Reciclagem do metal
Foram conduzidos vários estudos sobre a reciclagem dos módulos fotovoltaicos (BP, Soltech, Flabeg,
RWE Schott Solar –formalmente ASE-), tendo sido desenvolvidos processos que permitem uma
reciclagem extensiva dos sub-componentes utilizados. Os processos permitem a reciclagem das
matérias-primas, das pastilhas de silício ou das células solares por inteiro. Apenas com a reciclagem das
células solares se consegue um efeito considerável no tempo de retorno da energia. Os valores
correspondentes encontram-se indicados na tabela 10.7. Pode observar-se que a reciclagem simples
pode realmente reduzir o valor original do tempo de retorno da energia em 20 ou 25 %.
A reciclagem na fábrica, por exemplo a reutilização da matéria-prima descartada, foi já adoptada pela
maioria dos fabricantes. Nos testes, um fabricante separou as pastilhas de silício inteiras do material de
união (usando ácido) e 75 % das pastilhas permaneceram intactas. Este procedimento é possível para
as novas células solares com uma eficiência reduzida. Para os módulos de película fina com recurso às
novas tecnologias, como é o Cádmio Telúrico ou o CIS, têm sido conduzidos estudos detalhados das
estratégias de reciclagem. Foi demonstrado que, teoricamente, a reciclagem dos módulos também é
possível.
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J. A. Revez & Filhos, Lda X X X Apartado 287 284328279 284328279 [email protected] www.revez-solar.com
Parque Industrial 7801 - 904 Beja
José Diogo d'Orey X X Rua Jorge Afonso 31 CV - Esq 1600-126 Lisboa 919848840 [email protected]
LOBO SOLAR, Lda X X X Zona Industrial Almeirim, Rua B, nº1 Apartado 332 7000-506 Évora 266771427 266708794 [email protected] www.lobosolar.com
Moreme – Montagens, Reparações e Manutenção Electromecânicas, Lda X X Travessa de S. Paulo, Lt. 117 Serra do Casal de Cambra 2605-192 Belas 219818380 219806567 [email protected] www.moreme.pt
MOVITROM, Manutenção e Sistemas de Energia, Lda X X Avª. São Miguel, 249 - Atelier 26 2775-751 Carcavelos 214539350 214539350 [email protected] www.movitrom.com
MVV Energy Portugal X Av. Da Liberdade, 129, 2º F 1250-140 Lisboa 213241040 213241041 [email protected] www.mvv.de
PETROTANK, representações e montagens, Lda X X Apartado 1 3740-909 Sever do Vouga 234550010 234555019 [email protected]
RX SOLAR – Engenharia e Projectos, Lda X X Rua do Emigrante, 6 8200 - 440 Guia – Albufeira 289561656 289561303 [email protected] www.rxsolar.pt
TAGUETEC, Comércio de Equipamentos Industriais, Lda X X R. Dr. José Domingues dos Santos 247 4455-008 Lavra Matosinhos 964166350 229563122 [email protected]
TECNERSOL – Técnicas de Energia Solar, Lda X X Av. António Augusto de Aguiar, 118 –5º 1050-019 Lisboa 213523681 213522629 [email protected]
TELEXTRÓNICA, Lda X X X Av. Colégio Militar, 153-B 1500-182 Lisboa 217152123 217155684 [email protected]
TETRAPROJECTO X Rua Capitães de Abril, 13-A Alfornelos 2700-148 Amadora 21 4768130 21 4754715 [email protected]
T&T Multieléctrica, Lda. X X Castro da Campia 3670 Campia 232750100 232750107 [email protected]
TUDOR – Soc. Portuguesa do Acumulador X R. Actor Tasso, 1 1050-002 Lisboa 21 3562112 21 3561456
VENSOL – Energias Renováveis, Lda. X X X Escritórios e exposição EN 378 (Km9) Fernão Ferro 2865-413 - Seixal 212123172 212128482 [email protected] www.vensol.pt
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