Fisiopatologia Da Pele: Prof Beatriz Essenfelder Borges

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AULA 1

FISIOPATOLOGIA DA PELE

Profª Beatriz Essenfelder Borges


TEMA 1 – INTRODUÇÃO AO TECIDO EPITELIAL

A pele, um dos maiores órgãos do nosso corpo, é formada por tecido


epitelial e tecido conjuntivo. Dessa maneira, precisamos primeiramente entender
cada um desses tecidos para depois conhecer a fundo a fisiopatologia da pele.
Assim, essa primeira aula será sobre tecido epitelial.
Antes de falarmos de tecido epitelial, precisamos ter em mente que todos
os tecidos do corpo funcionam de forma integrada nos órgãos.
Para que possamos iniciar o estudo sobre o tecido epitelial, precisamos
relembrar alguns conceitos básicos de biologia celular. Primeiramente, temos que
ter bem claro o que é uma célula e qual a sua estrutura. A célula é a menor unidade
funcional de ser vivo e é constituída de diversas organelas. Cada organela tem
funções bem específicas. As organelas funcionam como pequenos órgãos dentro
da célula e são importantes na formação dos tecidos como um todo. O retículo
endoplasmático, uma das principais organelas celulares, tem como função
sintetizar as proteínas e enviar ao complexo de Golgi para serem modificadas e
secretadas. Esse conceito é importante quando formos falar das secreções nas
glândulas que podem ser proteicas.
Outro ponto importante que precisa ser recordado é o que são os tecidos
no organismo. Tecidos são conjuntos de células especializadas que
desempenham uma determinada função, dependendo da sua localização. Cada
tecido tem sua especificidade, dependendo do local em que está no organismo.
Depois de termos relembrado pontualmente esses conceitos, vamos
começar a estudar o tecido epitelial.
O tecido epitelial é formado por células que revestem as superfícies
internas e externas do corpo e que secretam substâncias com pouca matriz
extracelular. A matriz extracelular é composta por várias moléculas organizadas
que formam estruturas complexas. Um exemplo seria o das fibras de colágeno e
a membrana basal. Várias moléculas da matriz extracelular possuem receptores
nas superfícies celulares e assim interagem conjuntamente para o funcionamento
do organismo.
As principais funções do tecido epitelial no organismo são o revestimento e
a secreção. Quando se fala em revestimento, devemos ter em mente tanto o
revestimento interno quanto o externo dos órgãos e até mesmo o revestimento do
corpo como um todo (pele).

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Além disso, esse tecido tem outras funções, como proteção, absorção de
moléculas e íons em órgãos como rins e intestino, e serve ainda para perceber
estímulos gustativos e olfatórios.
A secreção também é importante nesse tecido, pois este possui glândulas
que são estruturas especializadas na secreção de alguns tipos de substâncias.
O tecido epitelial pode surgir a partir dos três folhetos embrionários
(endoderme, mesoderme e ectoderme). A ectoderme origina o tecido epitelial que
reveste externamente o corpo; a mesoderme origina o epitélio que reveste os
vasos sanguíneos, chamado de endotélio e também o epitélio de revestimento de
membranas que envolvem órgãos; já a endoderme origina o epitélio do tubo
digestivo e as glândulas relacionadas a ele.

TEMA 2: CARACTERÍSTICAS CELULARES DO TECIDO EPITELIAL

O tecido epitelial é composto por células epiteliais e por uma matriz


extracelular, que consiste na lâmina basal.
As células do tecido epitelial são poliédricas, pois possuem várias faces.
São justapostas e com pouca matriz celular entre elas. Devido ao fato de
possuírem pouca matriz, essas células se aderem por meio de especializações de
membranas e citoesqueleto. Dessa maneira, podem se organizar como folhetos
ou como unidades secretoras. Além disso, possuem grande quantidade de
citoplasma, devido à intensa atividade bioquímica que desenvolvem, como síntese
e secreções de substâncias.
Suas células podem ter vários formatos, desde células pavimentosas até
células colunares. Isso acontece pelo fato de se organizarem como folhetos ou
aglomerados tridimensionais.
Como as células dos epitélios possuem vários formatos, seus núcleos
também têm formatos distintos. Variam de esféricos até alongados ou ovais e
acompanham a forma da célula. Uma célula cuboide possui núcleo esférico, e as
pavimentosas têm núcleos achatados. Essa forma do núcleo e a sua posição na
célula ajudam a identificar se essas células estão organizadas em uma única ou
várias camadas.
Os epitélios se apoiam sobre o tecido conjuntivo, e naqueles que revestem
as cavidades dos órgãos ocos, essa camada de tecido conjuntivo recebe o nome
de lâmina própria.

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Entre as células epiteliais e o tecido conjuntivo existe a lâmina basal, com
espessura entre 40 a 120nm e visível somente em microscópio eletrônico. Tem
como componentes principais colágeno tipo IV, laminina, entactina e
proteoglicanos. Dessa maneira, prendem-se ao tecido conjuntivo através das
fibrilas de colágeno tipo VII. Essas lâminas basais não são exclusivas de tecido
epitelial, pois existem também em outros tecidos. Por exemplo, ao redor das
células de Schuwann no sistema nervoso periférico e células musculares.
As funções da lâmina basal são aderir às células epiteliais ao tecido
conjuntivo, filtrar moléculas, regular diferenciação celular por se ligarem a fatores
de crescimento, influenciar a proliferação e a polaridade das células, servir de
suporte para migração e organizar proteínas nas membranas.
A lâmina basal influencia a diferenciação e a proliferação celular no tecido
epitelial. Quando as células perdem o contato com a lâmina basal, elas morrem
por um processo chamado de apoptose ou morte programada. A lâmina basal
serve ainda de suporte para a migração durante o desenvolvimento embrionário
e a regeneração dos epitélios.
Associada à porção inferior da lâmina basal, existe uma camada de fibras
reticulares, que possui como principal proteína estrutural o colágeno do tipo III.
Essa camada de fibras reticulares é chamada de lâmina reticular, que é secretada
pelo tecido conjuntivo. A lâmina basal e a lâmina reticular compõem a membrana
basal do tecido epitelial. A membrana basal é visível ao microscópio óptico
(microscópio de luz). Para entender melhor, a seguir temos uma figura
representando o epitélio, lâmina própria e membrana basal (Figura1).

Figura 1 – Desenho esquemático de estruturas do tecido epitelial

Fonte: Sciencepics/Shutterstock

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As lâminas basal e reticular se mantêm unidas pela proteína de adesão
fibronectina, pelo colágeno do tipo VII, e pelas microfibrilas, formadas pela
glicoproteína fibrilina. Essas substâncias também são secretadas pelas células do
tecido conjuntivo. Dessa maneira, a membrana basal está ligada à matriz
extracelular do tecido conjuntivo pelas fibrilas de ancoragem e adesão.
As superfícies apical, lateral e basal de muitas células epiteliais são
modificadas para o melhor desempenho da sua função.
Os epitélios possuem especializações de membrana em abundância.
Essas estruturas também são encontradas na maioria dos tecidos, mas o tecido
epitelial, por ter como característica uma adesão intensa e coesão entre as
células, faz com que haja várias estruturas na sua membrana. A pele, por
exemplo, é sujeita a fortes trações e, dessa maneira, possui estruturas de adesão
que possibilitam que não se rompa.
As especializações de membrana no tecido epitelial podem ser na
superfície lateral, basal e apical. Na superfície lateral temos as interdigitações,
junções de oclusão, junções aderentes, desmossomos e junções comunicantes.
Já na superfície apical temos as microvilosidades e cílios. E na superfície basal
há os hemidesmossomos (Figura 2).

Figura 2 – Especializações de membrana

Fonte: Sakurra/Shutterstock; Sakurra/Shutterstock; José Luís Calvo/Shutterstock; José Luís


Calvo/Shutterstock; Rost9/Shutterstock.

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As interdigitações estão presentes na epiderme e no fígado e têm como
função aderir e ampliar a superfície de contato entre duas células. São
invaginações da membrana plasmática lateral que se encaixam na célula vizinha,
garantindo uma maior adesão e coesão celular.
Junções oclusivas estão próximas da superfície apical da célula e se
formam pela interação das membranas laterais das células adjacentes. Vedam o
espaço intracelular da passagem de substâncias entre as células vizinhas e estão
presentes nas células intestinais, tubos renais e canais excretores. São formadas
pela ligação de proteínas transmembranas de adesão, por exemplo, as ocludinas
e claudinas.
As junções aderentes fazem a ligação entre as células, fazendo com que a
camada epitelial fique mais resistente a trações e pressões. São formadas por
proteínas caderinas que estão ancoradas a filamentos de actina formando a trama
terminal no ápice das células. As caderinas são glicoproteínas dependentes de
cálcio e, na falta desse íon, perdem a capacidade de adesão.
Os desmossomos são constituídos por duas placas densas situadas na
porção citoplasmática adjacente à membrana celular de células vizinhas. As
placas são constituídas pelas proteínas desmoplaquina, placoglobina, placofilina
e estão ligadas entre si por proteínas transmembranosas (desmogleínas) no
espaço intercelular. Na porção citoplasmática, cada placa está ligada por
filamentos intermediários do citoesqueleto (queratina). Tem como função formar
regiões pontuais de adesão entre as células, conferindo resistência à tração.
Podem ser encontrados além do epitélio, nas células musculares cardíacas.
As junções comunicantes são formadas por seis monômeros proteicos de
conexinas ligados entre si, formando um poro na região central chamado de
conexon. Esses conexons permitem a passagem de íons e moléculas pequenas
e têm a capacidade de abrir e fechar quando estimulados. Cada célula possui um
conexon alinhado à célula vizinha, formando um canal que facilita a passagem de
moléculas entre elas. São estruturas importantes na contração muscular e nas
células do intestino.
Em relação às especializações de membrana apical, temos as
microvilosidades, que são evaginações da membrana com a finalidade de
aumentar a superfície de absorção. Dessa maneira, estão presentes nas células
do epitélio de revestimento do intestino delgado e do túbulo contorcido proximal
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do rim. Elas são formadas por filamentos de actina que entrelaçam na trama
terminal, a qual possui miosina responsável pela produção do movimento. Os
feixes de actina são mantidos por fibrina e vilina. As células com microvilosidades
possuem grandes quantidades de glicocálice, devido à grande produção de
dissacaridases e dipeptidases. O glicocálice tem como função ajudar a proteger a
superfície celular de lesões mecânicas e químicas. E também pode atuar como um
filtro gerando um microambiente especial na superfície da célula.
Os cílios também são especializações apicais e têm como principal função
movimentar o muco através do seu batimento. Estão presentes nos epitélios do
aparelho respiratório conduzindo o muco, poeira e micro-organismos para fora do
corpo e na tuba uterina, conduzindo o muco e o zigoto para o útero. Possuem na
sua estrutura nove pares de microtúbulos periféricos e um par central. Para
relembrar, os microtúbulos são estruturas cilíndricas e ocas formadas por
proteínas chamada tubulinas. Estão inseridos nos corpúsculos basais dos ápices
celulares, logo abaixo da membrana. Para que os cílios se movimentem
rapidamente, precisam de energia da molécula de ATP (adenosina trifosfato).
Na parte basal da célula tem uma especialização de membrana chamada
de hemidesmossomo que tem como função proporcionar resistência aos tecidos,
fixando a célula à matriz extracelular. Promovem a ligação de filamentos
intermediários do citoesqueleto aos componentes que estão presentes na lâmina
basal. Essa estrutura é formada por um disco citoplasmático na qual se inserem
os filamentos intermediários e uma porção constituída por proteínas
transmembranas de adesão conhecidas como integrinas, que se ligam aos
componentes da lâmina basal. Estão presentes nos epitélios da pele, cavidade
oral, esôfago, vagina e córnea.

TEMA 3 – TIPOS DE EPITÉLIOS

Depois de observar as estruturas, função e o arranjo das células epiteliais,


podemos dividir os epitélios em dois grupos: os epitélios de revestimento e os
epitélios glandulares.

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3.1 Epitélio de revestimento

Nesse tipo de epitélio, as células se organizam em folhetos que recobrem


a superfície externa do corpo ou revestem as cavidades internas, lúmen dos vasos
sanguíneos e dos órgãos ocos.
São classificados de acordo com as camadas de células que formam os
folhetos e com as características morfológicas das suas células. Se no epitélio
houver somente uma camada de células, o epitélio é dito simples. Se houver mais
de uma camada, é estratificado.
Os epitélios simples são encontrados em superfícies de absorção ou
secretoras e proporcionam uma fina camada protetiva contra atrito. As células
desse epitélio são de achatadas a cilíndricas e dessa forma depende a função.
Por ser um epitélio de absorção, pode possuir microvilosidades e cílios na sua
constituição. Podem ser divididos em pavimentoso, cúbico, cilíndrico ou
prismático, cilíndrico ciliado e cilíndrico pseudo-estratificado ciliado.
O epitélio pavimentoso simples é constituído por células achatadas que
constituem uma superfície contínua que aparenta um pavimento. É encontrado
revestindo superfícies envolvidas no transporte passivo de gases e líquidos como
a superfície pulmonar, os capilares sanguíneos, o coração e as vísceras. É
conhecido como mesotélio, quando está revestindo as vísceras.
O epitélio cúbico simples possui células cuboides, com núcleos
arredondados, e está presente na parede externa do ovário, ductos excretores de
glândulas e pâncreas.
O epitélio cilíndrico simples apresenta células alongadas, altas, com
núcleos elípticos, podendo estar na base, no centro ou no ápice do citoplasma.
Está presente no intestino, na vesícula biliar e, quando ciliados, estão presentes
nas tubas uterinas ajudando a passagem dos espermatozoides.
O epitélio cilíndrico pseudo-estratificado ciliado tem esse nome, pois
quando observado em determinados cortes, dá a impressão de mais de uma
camada, mas, na verdade, é um epitélio simples com todas as células encostando
na membrana basal. Suas células são altas e possuem cílios. Está presente na
traqueia e brônquios.
Já os epitélios estratificados possuem mais de uma camada de células e
podem ser classificados a partir da estrutura da camada de célula superficial.

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Geralmente têm função de proteção. São divididos em pavimentoso, cúbico,
prismático ou de transição.
O epitélio pavimentoso estratificado se distribui em muitas camadas, e o
formato das células vai depender da localização delas. As células basais ficam
próximas ao tecido conjuntivo e têm formato cúbico ou prismático. Essas células
migram para a superfície e modificam a sua forma. Quanto mais na superfície,
mais alongadas e achatadas ficam. Essa migração para a superfície faz com que
as células basais se afastem dos nutrientes do tecido conjuntivo e, dessa maneira,
descamem, sendo substituídas pelas células novas que iniciam a migração. Esse
epitélio é encontrado nas cavidades úmidas como cavidade oral, esôfago, vagina,
canal anal, que estão sujeitas a atrito e força mecânica. Também conhecido como
epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado.
O epitélio pavimentoso estratificado queratinizado está presente em
superfícies secas (pele) e possui células da camada superficial que perdem suas
organelas e têm o citoplasma substituído por uma proteína fibrosa, a queratina,
levando a célula à morte e formando uma camada não celular. Essa queratina
impede a desidratação e dá proteção à superfície da pele. As células mortas
acabam sendo descamadas da superfície.
O epitélio cúbico estratificado possui células cúbicas ou cilíndricas
dispostas em duas ou três camadas. Está presente em glândulas salivares e
sudoríparas.
O epitélio de transição está presente na bexiga, ureter e início da uretra. As
células são especializadas para que possam sofrer distensões e relaxamentos.
Quando o epitélio está distendido, as células se apresentam de uma forma,
parecendo 2 a 3 camadas, e quando o epitélio está relaxado, parece ter quatro a
cinco camadas.
A seguir, temos a Tabela 1, que contém todas as informações mais
importantes de cada tipo de epitélio.

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Tabela 1 – Características gerais dos epitélios de revestimento simples e
estratificados

Forma e
Número de
Epitélio aspecto Função Localização
camadas
celular
Pavimentoso simples Pulmão, capilar
Células Passagem de
Única camada sanguíneo e
achatadas substâncias
vísceras
Cúbico simples Ovário,
pâncreas e
Absorção e
Única camada Células cúbica ductos
secreção
excretores de
glândulas
Cilíndrico simples Células altas e Digestão e Intestino e
Única camada
prismáticas absorção vesícula biliar
Cilíndrico Proteção,
pseudoestratificado remoção e Traqueia e
Única camada Células altas
ciliado eliminação de brônquios
impurezas
Pavimentoso Proteção
Cavidade oral,
estratificado (não Várias Células mecânica e
esôfago, vagina
queratinizado) camadas achatadas contra perde de
e canal anal
água
Pavimentoso Células Proteção e
Várias
estratificado achatadas ou impede a Pele
camadas
queratinizado cuboides desidratação
Cúbico estratificado Várias Células cúbicas Transporte ativo Glândula salivar
camadas ou cilindricas de íons e sudorípara
Transição Várias Células com
Proteção Bexiga e ureter
camadas forma variável

3.2 Epitélio glandular

Os epitélios glandulares são formados por células que têm como função
secretar, sintetizar, armazenar e eliminar substâncias como proteínas, lipídeos e
complexos conjugados de carboidratos e proteínas.
As glândulas são formadas a partir do epitélio de revestimento. As células
desse epitélio proliferam e acabam invadindo o tecido conjuntivo. Podem ser
classificadas como exócrinas e endócrinas.
As glândulas exócrinas são aquelas que possuem um canal ou ducto,
mantendo a união com o epitélio de origem. As secreções nessa glândula ocorrem
através desse ducto tubular, que faz com que sejam eliminadas na superfície do
corpo ou em uma cavidade. Esse tipo de glândula possui duas partes: a porção
secretora, responsável pela síntese e secreção de substâncias, e a parte dos
ductos glandulares, que é a região que elimina a secreção.

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As glândulas exócrinas podem ser divididas em simples, quando têm
apenas um ducto secretório, e glândula composta, quando possui ductos
ramificados.
Além dessa classificação, ainda podemos dividir as glândulas exócrinas
quanto à organização celular da parte secretora. Dependendo da forma, as
glândulas simples podem ser tubulares (quando apresentam um formato de tubo),
tubulares enoveladas e tubulares ramificadas ou acinosas. As compostas podem
ser divididas em tubulares, acinosas ou tubuloacinosas.
A localização de cada uma das glândulas depende do tecido que
pertencem. A glândula tubular simples está presente no intestino grosso,
possuindo uma luz tubular única que despeja a secreção no interior do órgão. A
glândula tubular simples ramificada está no estômago e possui várias porções
tubulares secretoras que chegam em um único tubo não ramificado. A glândula
acinosa simples aparece como bolsas nas superfícies epiteliais, por exemplo, da
uretra peniana. A glândula acinosa simples ramificada possuí muitos ácinos
secretores que desembocam em um único canal excretor (um exemplo seria a
glândula sebácea). A glândula tubular composta apresenta ductos ramificados e
um exemplo é a glândula de Brunner do duodeno. A glândula acinosa composta
possui unidades com forma de ácinos e secretam para um sistema de ductos
ramificados (os exemplos são as glândulas do pâncreas). As glândulas túbulo-
acinosa compostas possuem unidades secretoras com componentes tubulares
ramificados e componentes acinosos ramificados (um exemplo é a glândula
salivar submandibular).
Quanto à eliminação da secreção pela glândula exócrina, podemos
classificá-la em merócrina (pâncreas), quando a secreção é eliminada sem perda
do citoplasma como uma exocitose; apócrina (mamária) quando a secreção
contém o produto mais pedaços do citoplasma das células secretoras; e holócrina
(sebáceas), quando a secreção eliminada é constituída pelas próprias células
secretoras, levando a célula a morte.
As glândulas exócrinas possuem células que secretam alguns tipos de
secreções diferentes, como secreção serosa, mucosa ou seromucosa. As células
serosas secretam fluído aquoso rico em enzimas e, dessa maneira, possuem
grande quantidade de retículo endoplasmático rugoso. As mucosas secretam
fluído rico em glicoproteínas. E, por último, as seromucosas são conhecidas como
mistas, pois possuem tanto células serosas quanto mucosas.

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A seguir, um quadro representativo de todas as características,
classificações e exemplos das glândulas exócrinas (Tabela 2).

Tabela 2 – Glândulas exócrinas e suas classificações

Glândula intestinal e
Simples
1- Ramificação da porção sudorípara
secretora Glândula sebácea e
Ramificada
submandibular
Glândula de
Tubular reta
Lieberkühn do intestino

2- Formato da porção Tubular enovelada Glândula sudorípara


secretora
Acinosa Glândula salivar

Alveolar Glândula salivar parótida


Glândula intestinal e
Simples
sudorípara
3- Ramificação do ducto
Composta Glândula salivar parótida

Apócrina (secreção +
Glândula mamária
citoplasma)
Merócrina (sem perda de Glândula salivar
4- Liberação da secreção citoplasma) submandibular e do pâncreas
Holócrina (morte da célula e
libração junto com a Glândula sebácea
secreção)
Serosa Glândula salivar parótida
Glândula de Brünner
5- Tipo de secreção Mucosa
(duodeno)
Glândula salivar
seromucosa
submandibular

As glândulas endócrinas, por sua vez, são cordões com células secretoras
envolvidas por uma rede de vasos sanguíneos. A taxa de secreção dessas
glândulas é modulada por hormônios. Não possuem ductos, por isso suas
secreções são lançadas na corrente sanguínea e seguem pela circulação até
encontrar o alvo específico. As partes secretoras de algumas glândulas
endócrinas são determinadas por células contráteis que estão presentes entre as
células secretoras e a membrana basal. Possuem formato estrelado com núcleo
centralizado e citoplasma com prolongamentos que envolvem a porção secretora
da glândula. A contração dessas células é parecida com a contração das células
musculares. Quando se contraem, comprimem as partes secretoras e eliminam o
produto de secreção. Na glândula tireoide é encontrado um tecido um pouco

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diferente, em que as células epiteliais se dispõem em folículos esféricos que
armazenam moléculas que formarão os hormônios.
As glândulas endócrinas são classificadas como cordonal e folicular ou
vesicular. As cordonais se organizam em fileiras ou cordões anastomosados e
separados por vasos sanguíneos. E são a maioria das glândulas endócrinas.
Adrenal, paratireoide, lobo anterior da hipófise, ilhotas de Langerhans. As
foliculares possuem as células organizadas em folículos com uma única camada
de célula. Esses folículos são preenchidos com o material secretado. O exemplo
desse tipo de glândula é a tireoide.

TEMA 4 – BIOLOGIA DO TECIDO EPITELIAL

Já sabemos que o tecido epitelial está apoiado sobre o tecido conjuntivo,


que tem como finalidade sustentar, nutrir, trazer substâncias essenciais para o
funcionamento das glândulas e para proporcionar adesão do epitélio. A região de
contato do epitélio e lâmina própria pode ser aumentada quando existe uma
evaginação do tecido conjuntivo chamada de papilas, as quais estão presentes
em grande quantidade no tecido epitelial de revestimento da língua, pele e
gengiva, pois esse tipo de tecido está muito sujeito a trações mecânicas.
As células do tecido epitelial possuem polaridade, que ocorre devido à
diferença na composição química da membrana plasmática e na posição das
organelas. A diferença na composição química da membrana plasmática é
determinada pela inserção de algumas glicoproteínas em regiões específicas da
membrana e por estruturas especializadas que isolam a superfície apical da
basolateral, limitando o movimento das glicoproteínas na membrana. A parte da
célula voltada para a superfície livre é chamada de polo apical, enquanto o lado
oposto é chamado de polo basal. O polo apical possui canais iônicos, proteínas
transportadoras, incluindo bomba de prótons e enzimas hidrolíticas. O polo basal
contém canais iônicos, bomba de sódio e potássio e receptores específicos para
hormônios e neurotransmissores.
Essas estruturas citadas nos polos das células são importantes, pois, com
raras exceções, os vasos sanguíneos não penetram nos epitélios, tendo os
nutrientes vindo do tecido conjuntivo. Os nutrientes por difusão chegam à lâmina
basal e entram nas células epiteliais pela superfície basolateral por processos
dependentes de energia.

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As células do tecido epitelial possuem uma alta capacidade de renovação
por atividade mitótica, pois esse tecido é muito dinâmico. A divisão mitótica é um
processo constante nas células epiteliais, pois estas possuem vida curta e
precisam ser constantemente renovadas. A velocidade de renovação desse tecido
varia de epitélio para epitélio. As que se renovam mais rapidamente são as células
do epitélio intestinal, que são totalmente substituídas a cada semana. As de
renovação lenta são as células do pâncreas e fígado, que levam mais de mês para
serem substituídas.
Assim como em outros tecidos, os epitélios podem sofrer uma alteração
reversível na qual um tipo de célula adulta é substituído por outro tipo celular,
processo este denominado de metaplasia, que é uma substituição celular
patológica. No caso de fumantes crônicos, por exemplo, o epitélio
pseudoestratificado ciliado da traqueia pode se modificar em pavimentoso pela
ação das toxinas e componentes irritativos presentes na composição do cigarro.

TEMA 5 – CÉLULAS EPITELIAIS ESPECIALIZADAS

O tecido epitelial possui células especializadas em uma atividade funcional


específica e, para que possam desenvolvê-la, possuem algumas organelas mais
desenvolvidas do que outras. Temos os seguintes exemplos: células que
transportam íons, células que transportam por pinocitose, células serosas, células
secretoras de muco, células mioepiteliais e células secretoras de esteroides.
As células que transportam íons utilizam energia e têm como característica
na superfície basal apresentar pregas na membrana e possuir interdigitações
entre células adjacentes. Além disso, possuem grande quantidade de
mitocôndrias entre as invaginações para fornecimento de energia (ATP). Também
possuem junções estreitas que têm um papel essencial no transporte. O
transporte de íons pode ocorrer em várias direções (apical – basal e basal – apical)
em diversos tecidos epiteliais. Nos intestinos, nos rins, nas glândulas salivares e
na vesícula biliar, a direção do transporte é do ápice para a região basal da célula.
E no plexo coroide, o fluxo tem direção oposta, da região basal para a apical da
célula.
As células que transportam por pinocitose aparecem no epitélio
pavimentoso simples que revestem os vasos sanguíneos e os vasos linfáticos,
conhecidos como endotélio, ou revestem as cavidades (mesotélio). O processo

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da pinocitose é a interiorização de moléculas em vesículas para o citoplasma da
célula.
As células serosas têm formato piramidal, com núcleos arredondados. O
fato de essa célula possuir na região basal basofilia faz com que possua grande
quantidade de retículo plasmático rugoso nesse local, seguido de Complexo de
Golgi bem desenvolvido na região acima do núcleo e vesículas secretoras. O
produto de secreção das vesículas sai da célula por exocitose, processo esse bem
controlado por proteínas motoras e do citoesqueleto. Essas células aparecem no
pâncreas e nas glândulas salivares.
Um exemplo de células secretoras de muco é a célula caliciforme do
intestino, que possui muitos grânulos com glicoproteínas hidrofílicas. Esses
grânulos preenchem a parte apical da célula, e o núcleo fica na região basal
juntamente com o retículo endoplasmático rugoso e o complexo de Golgi. Essas
organelas estão em abundância nessas células, pois sintetizam grande
quantidade de proteína que se juntará com os monossacarídeos, por meio da ação
das enzimas glicosiltransferases e, quando liberadas da célula pela secreção, se
tornarão hidratadas, formando o muco viscoso, elástico e lubrificante. Também
temos células produtoras de muco no pulmão, esôfago, estômago, glândulas
salivares e trato genital.
As células mioepiteliais estão em várias glândulas exócrinas, como
lacrimais, salivares, mamárias e sudoríparas. Essas células estão ao redor das
unidades secretoras e se organizam de forma longitudinal. Localizam-se entre a
lâmina basal e a região basal da célula secretora ou do ducto, conectadas pelos
desmossomos e junções comunicantes. No citoplasma das células mioepiteliais,
há inúmeros filamentos de actina e miosina e filamentos intermediários
(queratina). Elas se contraem ao redor da porção secretora da glândula auxiliando
a saída de secreção para a região exterior.
Células secretoras de esteroides estão presentes nos testículos,
suprarrenais e ovários. São acidófilas e arredondadas com núcleo central.
Possuem muito retículo endoplasmático liso com enzimas para sintetizar
colesterol. A secreção é de esteroides com atividade hormonal.

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REFERÊNCIAS

ALBERTS, B. et al. Fundamentos de biologia celular. 2. ed. Porto Alegre:


Artemed, 2017.

_____. Molecular biology of the cell. 4. ed. New York: Garland Science, 2002.

DE ROBERTIS, E. M. F.; HIB, J. D. R. Bases da biologia celular e molecular. 3.


ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.

GARTNER, L. P.; HIATT, J. L. Tratado de histologia em cores. 3. ed. Rio de


Janeiro: Elsevier, 2007.

JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica: texto e atlas. 12. ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.

ROSS, M. H.; PAWLINA, W. Histologia: texto e atlas, em correlação com Biologia


celular e molecular. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.

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AULA 2

FISIOPATOLOGIA DA PELE

Profª Beatriz Essenfelder Borges


TEMA 1 – INTRODUÇÃO AO TECIDO CONJUNTVO

Para podermos entender a pele e a sua fisiologia, precisamos entender o


complexo mundo da histologia. Já conhecemos o tecido epitelial e todas as
características dos epitélios. Essas informações serão importantes para
entendermos a fisiopatologia do sistema tegumentar.
O tecido epitelial é nutrido pelo tecido conjuntivo adjacente, por meio dos
capilares sanguíneos, uma vez que o tecido epitelial não é vascularizado.
Dessa maneira, vamos iniciar o estudo do tecido conjuntivo. Esse tecido
possui essa nomenclatura porque une os tecidos, proporcionando conexão,
preenchimento espacial e sustentação.
Esse tecido possui matriz extracelular em abundância, a qual é formada
por diversas combinações de proteínas fibrosas e moléculas adesivas,
constituindo o que chamamos de substância fundamental.
As fibras são compostas de colágeno e formam tendões, trabéculas e o
estroma (tecido de sustentação) e podem também oferecer propriedades elásticas
e de resistência.
A substância fundamental é constituída de glicosaminoglicanos,
proteoglicanos, laminina, fibronectina e proteínas receptoras como as integrina,
fornecendo, assim, uma rigidez para a matriz extracelular.
A diversidade de moléculas desse tecido proporciona não somente função
estrutural, mas também reserva de fatores de crescimento que controlam a
proliferação celular e troca de nutrientes entre as células e o sangue.
O tecido conjuntivo tem a sua origem num folheto embrionário chamado
mesoderme, que origina o mesênquima, que possui células mesenquimais que
envolvem os órgãos em desenvolvimento. Estas células têm a capacidade de
formar todas as células do tecido conjuntivo, do sangue e dos músculos.

TEMA 2 – CÉLULAS DO TECIDO CONJUNTIVO

O tecido conjuntivo possui diversas células com origens e funções


diferenciadas. O fibroblasto é uma das células do tecido conjuntivo que se origina
das células mesenquimais indiferenciadas e permanece toda a sua existência
dentro de tecido. Já macrófagos e plasmócitos se originam da medula óssea e
migram para o tecido conjuntivo para desempenhar suas atividades. Mas para
entender melhor essa dinâmica, vamos estudar cada célula desse tecido.

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As células mesenquimais são um tipo especial de célula que é a tronco
pluripotente, a qual célula tem a capacidade de se diferenciar em muitos tipos de
células. No tecido conjuntivo, essas células podem se diferenciar em fibroblasto,
célula adiposa, condroblasto e osteoblasto. As células mesenquimais apresentam
formato de estrela, devido aos prolongamentos citoplasmáticos. É uma célula com
muitas junções comunicantes na membrana lateral.
Para esclarecer como as células do tecido conjuntivo se formam, a Figura
1 é um esquema representativo das linhagens celulares derivadas da célula
indiferenciada. As células derivadas da linhagem hematopoiética possuem células
intermediárias entre os exemplos, mas no esquema isso não foi representado.

Figura 1 – Esquema representativo da origem das células do tecido conjuntivo

Fonte: Elaborado pela autora.

2.1 Fibroblastos

Esse tipo de célula é a mais comum desse tecido e tem capacidade de


secretar a proteína colágeno. Possui formato estrelado e até alongado com
prolongamentos citoplasmáticos, podendo apresentar dois núcleos e retículo
endoplasmático rugoso e complexo de Golgi bem desenvolvido. Isso porque essa
célula tem capacidade de sintetizar componentes da matriz extracelular. Além do
colágeno, os fibroblastos sintetizam também elastinas, glicoproteínas,
proteoglicanos e fatores de crescimento. Esses fatores de crescimento auxiliam
no processo de proliferação e diferenciação celular.
Quando os fibroblastos estão metabolicamente quiescentes ou em
repouso, nós o chamamos de fibrócitos, os quais têm estrutura fusiforme, são

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menores e mais delgados que os fibroblastos que estão com o metabolismo muito
ativo. Quase não possuem prolongamentos citoplasmáticos, nem retículo
endoplasmático e Golgi bem desenvolvidos. Essas características diferentes são
claras, pois essas células não estão em atividade e sim em repouso. Quando se
ativam em fibroblastos, modificam-se morfologicamente para que possam fazer
produção e secreção de moléculas da matriz.
A Figura 2 demonstra um esquema de todas as funções do fibroblasto, já
que ele é uma das células mais importantes desse tecido.

Figura 2 – Funções destinadas aos fibroblastos do tecido conjuntivo

Fonte: Shutterstock/Designua.

2.2 Macrófagos e monócitos

Os macrófagos possuem morfologia dependente do tecido em que estão


presentes. Quando observados em microscópio eletrônico, possuem superfície
irregular, pois têm grande atividade de endocitose (pinocitose e fagocitose).
Apresentam complexo de Golgi bem desenvolvido, com muitos lisossomos no
citoplasma e retículo endoplasmático rugoso bem desenvolvido.
Os macrófagos surgem de células precursoras da medula óssea. As células
precursoras, após a divisão, produzem monócitos, que amadurecem e formam os
macrófagos. Dessa maneira, os macrófagos são monócitos que saíram dos vasos
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sanguíneos e penetraram no tecido conjuntivo modificando sua estrutura
morfológica para macrófagos. Resumindo, o monócito é uma célula do sangue e
o macrófago é uma célula do tecido. Os dois são as mesmas células só que em
estágios de maturação diferentes.
Os macrófagos fazem parte do sistema fagocitário mononuclear, que
possui diferentes células fagocitárias. Todas têm função de atuar como células de
defesa, fagocitando restos celulares, bactérias, células neoplásicas. Em alguns
locais, esses macrófagos possuem nomes diferentes e relacionados ao tecido em
que estão: células de Kupffer (Fígado), micróglia (Sistema Nervoso Central),
células de Langerhans (pele) e osteoclastos (no tecido ósseo).
A transformação de monócitos em macrófagos é importante para que os
macrófagos adquiram uma característica mais condizente com a função. Ocorre
aumento celular, aumento em síntese proteica, assim o retículo endoplasmático
rugoso precisa se desenvolver, e o complexo de Golgi e lisossomos também
aparecem em grande quantidade e, consequentemente, os filamentos de
citoesqueleto, como microtúbulos.
Na tabela a seguir, podemos observar as células pertencentes ao sistema
fagocitário mononuclear com suas funções e localizações específicas (Tabela 1).

Tabela 1 – Células do sistema fagocitário mononuclear

Célula Local de ação Função


Monócito Sangue Formador de macrófagos
Macrófago Tecido conjuntivo e órgãos Fagocitose, apresentador de
linfoides antígenos e secreção de
fatores inflamatórios
Célula de Kupffer Fígado Fagocitose, apresentador de
antígenos e secreção de
fatores inflamatórios
Micróglia Sistema nervoso central Fagocitose, apresentador de
antígenos e secreção de
fatores inflamatórios
Célula de Langerhans Pele Apresentação de antígeno
Osteoclasto Osso Digestão do osso
Fonte: Elaborado pela autora.

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2.3 Mastócitos

São células espalhadas pelo corpo, mas estão principalmente na derme,


no trato digestivo e no respiratório. Quando está maduro, tem morfologia
arredondada com citoplasma cheio de grânulos secretores. Seu núcleo é
pequeno, central e esférico.
Tem como função armazenar nos grânulos os mediadores químicos para
as respostas inflamatórias, como as histaminas e heparinas. Participam do
processo imune com uma função essencial nas inflamações, alergias e
infestações por parasitas.
Os mastócitos surgem de células hematopoiéticas na medula óssea, mas
estão imaturos e assim circulam no sangue por um curto período de tempo até
que vão para o tecido conjuntivo para se proliferarem e diferenciarem em células
ativas.
Existem duas populações diferentes de mastócitos: uma é a do tecido e a
outra é da mucosa. A do tecido é encontrada na pele e cavidade peritonial, e seus
grânulos contêm heparina (anticoagulante). Já a da mucosa está presente no
intestino e pulmão, e seus grânulos possuem condroitin sulfato.
Os mastócitos possuem receptores de superfície específicos para a ligação
com a proteína do soro sanguíneo imunoglobulina E (IgE), que é produzida pelos
plasmócitos.

2.4 Plasmócitos

Trata-se de células com núcleo esférico, pois são ovoides com grande
quantidade de retículo endoplasmático e complexo de Golgi. No tecido conjuntivo
normal, estão em pequena quantidade, mas em locais de possível entrada de
bactérias e proteínas estranhas, como nas mucosas do intestino, estão em grande
quantidade. Aparecem também em maior número quando temos uma inflamação
crônica.
Os plasmócitos surgem dos linfócitos B do sangue, que entram no tecido
conjuntivo e se diferenciam nos plasmócitos, e apresentam como função principal
produzir anticorpos. Relembrando, os anticorpos são glicoproteínas da família das
imunoglobulinas produzidas quando ocorre a entrada de uma molécula estranha
no organismo (antígenos).

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2.5 Leucócitos

São células de defesa, também conhecidas como glóbulos brancos. Os


leucócitos migram do sangue para o tecido conjuntivo por diapedese para agirem
contra invasores. Participam ativamente do processo inflamatório e são
recrutados quando ocorre liberação de mediadores químicos no local da
inflamação.
A inflamação é um processo vascular e celular contra qualquer substância
estranha ao organismo e tem como eventos principais o aumento do fluxo
sanguíneo e da permeabilidade vascular, a saída dos leucócitos para o local da
inflamação e depois fagocitose do agente nocivo.
Os leucócitos permanecem temporariamente no sangue e não retornam a
ele depois de terem ido ao tecido conjuntivo, com exceção dos linfócitos.
São classificados em granulócitos e agranulócitos. Os granulócitos são os
neutrófilos, eosinófilos e basófilos. Seus núcleos são irregulares e possuem
grânulos específicos. Já os agranulócitos possuem núcleo regular e são os
linfócitos e monócitos.

2.6 Células adiposas

São células especializadas e produção de energia, residem no tecido


conjuntivo e formam o tecido adiposo. São grandes e esféricas e armazenam
triglicerídeos. A gota de gordura que armazena faz com que o núcleo fique na
periferia da célula.
Como visto até aqui, o tecido conjuntivo apresenta uma infinidade de
células, todas com características peculiares. Dessa maneira, na tabela a seguir
(Tabela 2), para que facilite o aprendizado, resumimos os tipos celulares e suas
funções.

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Tabela 2 – Células do tecido conjuntivo com suas funções específicas

Célula do tecido conjuntivo Principal função


Fibroblasto Produção de moléculas de matriz extracelular
Condrócitos Produção de moléculas de matriz extracelular
Osteócitos Produção de moléculas de matriz extracelular
Monócitos Defender o organismo
Macrófagos Fagocitose de substâncias e bactérias, apresentador de
antígeno e secreção de mediadores inflamatórios
Mastócito Liberação de moléculas ativas e participação de reações
alérgicas
Plasmócito Produção de anticorpos
Neutrófilo Fagocitose de substâncias estranhas e bactérias
Eosinófilo Fagocitose de parasitas, participação de reações
alérgicas e controle da atividade dos mastócitos
Basófilo Participação de reações alérgicas
Linfócito Participação na resposta imunológica
Células adiposas Armazenamento de gordura e reserva de energia
Fonte: Elaborado pela autora.

TEMA 3 – FIBRAS DO TECIDO CONJUNTIVO

São estruturas longas que possuem proteínas que se montam ou


polimerizam. Existem três tipos no tecido conjuntivo: as colágenas, as reticulares
e as elásticas. Alguns autores consideram as colágenas e reticulares um tipo só,
pois as duas apresentam como principal proteína da sua estrutura o colágeno. Já
a elástica possui a elastina como principal proteína.
Em cada tipo de tecido conjuntivo, as fibras estão em quantidade e
organização diferente. Geralmente as características do tecido são dadas pela
quantidade de fibras presentes, e se são mais colágenas ou elásticas.

3.1 Fibras colágenas

Essas fibras, que possuem a proteína colágeno na sua estrutura e são as


mais abundantes no tecido conjuntivo, têm como função dar força e permitir
flexibilidade ao tecido. As células que produzem essas fibras são fibroblastos,
condrócitos e osteócitos e outras células.
Existem vários tipos de colágenos, mas estão divididos em quatro grandes
grupos: os que formam longas fibrilas, os associados as fibrilas, o que forma rede

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e os de ancoragem. Os diferentes tipos de colágeno estão localizados nos ossos,
nas cartilagens, no músculo liso e na lâmina basal.
Os colágenos que formam longas fibrilas são aqueles em que os colágenos
I, II, III, V ou XI se agrupam para formar as fibrilas. E formam os ossos, dentina,
tendões e derme. Os associados as fibrilas são os do tipo IX, XII e XIV, que ligam
as fibrilas de colágeno uma à outra e aos componentes da matriz extracelular. O
colágeno que forma rede tem o colágeno tipo IV se associando para formar essa
rede para funcionar como local de aderência e filtração. E, por último, temos os
de ancoragem, que é o tipo VII, que faz ancoramento do colágeno do tipo I com a
lâmina basal.
A estrutura funcional da fibra colágena é o tropocolágeno, o qual provém
do procolágeno, que é sintetizado no retículo endoplasmático e no complexo de
Golgi das células produtoras de colágeno. O procolágeno se transforma em
tropocolágeno pela enzima procolágeno peptidase.
O tropocolágeno tem glicina e lisina na sua estrutura. As cadeias peptídicas
se enrolam formando uma hélice e se unindo para formar a fibra completa de
colágeno. Os variados tipos de colágeno são resultados de diferenças na estrutura
das cadeias polipeptídicas.
Nos colágenos do tipo I, II e III, o tropocolágeno está agregado em
microfibrilas, formando as fibrilas. Essas moléculas estão unidas por pontes de
hidrogênio e ligações hidrofóbicas. No colágeno tipo I e III, as fibrilas se associam
formando as fibras. O colágeno do tipo II não forma fibra e está presente em
cartilagens. O colágeno do tipo IV não forma nem fibras nem fibrilas. As fibras
colágenas mais numerosas no tecido conjuntivo são as do tipo I.

3.2 Fibras reticulares

Essas fibras são formadas por colágeno do tipo III associadas a


glicoproteínas e proteoglicanos. Estão presentes em músculo liso, baço, nódulos
linfáticos, medula óssea vermelha.
São extremamente finas e formam uma rede bem delicada envolta de
células de órgãos parenquimatosos, como as glândulas endócrinas. Essa rede é
flexível, pois os órgãos em volta estão capacitados para sofrer alterações
fisiológicas mudando de forma ou volume.

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No processo de cicatrização, as primeiras fibras a serem sintetizadas são
as reticulares, que depois são substituídas pela colágena, que é bem mais
resistente a trações.

3.3 Fibras elásticas

As fibras elásticas são formadas por proteína elastina e glicoproteína


fibrilina (microfibrilas). São três tipos diferentes: as oxitalânicas, as elaunínicas e
as elásticas.
As fibras elásticas surgem de fibras oxitalânicas, que são constituídas por
glicoproteínas como a fibrilina. As fibras oxitalâmicas vão construindo feixes de
microfibrilas e nas fibrilinas dessas microfibrinas vai aparecendo a elastina.
Devido à deposição irregular de elastina entre as microfibrilas oxitalâmicas, vão
aparecendo as fibras elaunínicas. Finalmente, a elastina ocupa todo o centro das
microfibrilas e se transforma em fibra elástica.
As fibras oxitalânicas podem ser encontradas no olho e em algumas
regiões da derme e não possuem elasticidade, mas são muito resistentes a
trações. As fibras elaunínicas são encontradas em glândulas sudoríparas e na
derme. A fibra elástica pode ser encontrada no mesentério, ao redor de vasos
sanguíneos e nos tecidos conjuntivos densos.
As células que produzem elastina são os fibroblastos e o músculo liso dos
vasos sanguíneos. A proelastina se polimeriza para formar a elastina, que é uma
molécula ativa. Ela é rica em glicina e prolina e contém também os aminiácidos
desmosina e isodesmosina, os quais são formados pela ligação de quatro
resíduos de lisinas ligados covalentemente. Isso parece ser o motivo da
consistência elástica que a molécula de elastina possui.

TEMA 4 – SUBSTÂNCIA FUNDAMENTAL

É uma mistura de moléculas como glicosaminoglicanos e proteoglicanos


(aniônicas) e glicoproteínas multiadesivas. Possui um aspecto viscoso,
transparente e homogêneo e tem como função ocupar o espaço entre as células
do tecido conjuntivo, lubrificar e servir de barreira contra a entrada de
microrganismos nocivos.
Os glicosaminoglicanos são polímeros formados por vários dissacarídeos,
com um grupo de amina (hexosamina – glicosamina ou galactosamina) e um

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monossacarídeo não nitrogenado o ácido hialurônico (ácido glicurônico ou ácido
idurônico). Essas cadeias lineares, com exceção o ácido hialurônico, têm ligações
covalentes com um eixo proteico formando um proteoglicano.
Os proteoglicanos são associados a um ou mais dos glicosaminoglicanos,
que são sulfato de darmatana, condroitin sulfato e sulfato de heparana.
A função dos proteoglicanos e glicosaminoglicanos é a de encher o espaço
entre as células do tecido conjuntivo, grudar as células a matriz e permitir a
passagem de nutrientes e outras substâncias aos tecidos ao redor e se ligar a
fatores de crescimento.
Os proteoglicanos dão produzidos no retículo endoplasmático rugoso (eixo
proteico). A glicosilação inicia no retículo e termina no complexo de Golgi
juntamente com a sulfatação da molécula.
As glicoproteínas multiadesivas são proteínas ligadas a glicídios e têm
como função ligar célula a célula e célula a substrato. Um exemplo é a
fibronectina, que é formada pelo fibroblasto e apresenta receptores de ligação
para células, colágeno e glicosaminoglicanos, auxiliando a migração e adesão
celular. Outro exemplo de glicoprateínas multiadesivas é a laminina, que tem
como função a adesão de células basais à lâmina basal.
No tecido conjuntivo, existe também uma pequena quantidade de fluido
chamada de fluido tissular, que se assemelha ao plasma sanguíneo em relação
aos íons e água, oxigênio, dióxido de carbônico e nutrientes. Esse fluido leva ao
tecido conjuntivo os nutrientes e gases e retira as excretas da metabolização
celular, o que ocorre com o transporte de água. O plasma passa para o tecido
conjuntivo devido à pressão hidrostática, e a pressão coloidosmótica faz o líquido
retornar para o capilar. Como a quantidade de líquido que sai é maior do que a
que retorna, uma parte fica no tecido conjuntivo. Quando ocorre qualquer
problema com esse equilíbrio, podemos ter a formação de edema no local.
A Figura 3 demonstra exatamente a dinâmica do movimento dos fluidos
através do tecido conjuntivo. A importância dessa movimentação se dá pelo fato
de que é por meio dela que as células são nutridas e o tecido conjuntivo consegue
passar substâncias para outros tecidos, por exemplo, o tecido epitelial.

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Figura 3 – Movimento dos fluidos

Fonte: Shutterstock/Alila Medical Media.

TEMA 5 – TIPOS DE TECIDOS CONJUNTIVOS

A classificação do tecido conjuntivo ocorre devido à composição das suas


células e da matriz extracelular. Dessa maneira, pode ser dividido em tecido
conjuntivo frouxo, tecido conjuntivo denso modelado e não modelado, tecido
elástico, tecido reticular, tecido mucoso, tecido adiposo, tecido cartilaginoso,
tecido ósseo e tecido sanguíneo.
Os tecidos adiposos, cartilaginoso, ósseo e sanguíneo não serão
comentados neste momento, pois estamos introduzindo a histologia para que
possamos entender a pele. Dessa maneira, alguns tecidos não são necessários
para o entendimento imediato. O tecido adiposo será abordado em outra aula,
pois tem grande importância na formação da pele, mas os outros ficarão para
outro momento.
Na Figura 4, temos um esquema mostrando todos os tipos de tecido
conjuntivo, conforme sua organização estrutural ou componentes e função de
cada um deles.

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Figura 4 – Esquema de todos os tipos de tecidos conjuntivos

Fonte: Elaborado pela autora.

5.1 Tecido conjuntivo propriamente dito

Esse tecido pode ser dividido em frouxo e denso. O tecido propriamente


dito frouxo é um tecido que tem a capacidade de suportar pequenas trações e
pressões. Ele preenche os espaços entre as células, por exemplo, de músculo, e
forma camadas ao redor dos vasos sanguíneos. E pode estar na derme,
hipoderme e glândulas.
O tecido frouxo possui todos os elementos característicos do tecido
conjuntivo e tem todas as células, mas as que estão em maior quantidade são
fibroblastos e macrófagos. É rico em condroitin sulfato, ácido hialurônico, o que
permite que possui elasticidade, flexibilidade e delicadeza. Muito vascularizado.
O tecido conjuntivo denso tem como principais funções proteger e dar
resistência aos tecidos. Tem quase a mesma composição do tecido frouxo,
diferindo na quantidade de células, que é menor e em que predominam as fibras
de colágeno. Esse tecido tem pouca flexibilidade, mas é bem resistente a trações.
Pode ser dividido em denso modelado e denso não modelado.
O tecido denso modelado possui as fibras de colágeno organizadas em
feixes paralelos e alinhados com os fibroblastos. Essa organização ocorre devido
aos fibroblastos ordenarem as fibras em resposta a tração, oferecendo uma maior
resistência. Como exemplo, temos os tendões, que conectam os músculos
estriados ao osso. Os tendões possuem feixes de colágeno (Primários) que se
juntam formando uma estrutura maior (secundários) e envolvidos por tecido frouxo
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com vasos sanguíneos e nervos. O tendão, por fim, é envolto externamente de
tecido denso. Essa estrutura do tendão é necessária para que ele possa se nutrir,
pois não possui vasos sanguíneos. Dessa maneira, os nutrientes passam por
difusão do tecido conjuntivo denso que está à sua volta.
O tecido denso não modelado possui as fibras formando feixes
desorganizados, ou seja, sem orientação determinada. As fibras acabam
formando uma trama tridimensional e isso garante que possa ter pressão
ocorrendo em qualquer direção. A derme profunda possui esse tipo de tecido.

5.2 Tecido conjuntivo elástico

Esse tecido possui as fibras elásticas espessas e dispostas paralelamente.


Entre essas fibras, o espaço é ocupado com fibras de colágeno e células
fibrócitos. Pelo fato de possuir muitas fibras elásticas, sua coloração é amarelada
e tem como características principais a alta flexibilidade e a elasticidade. Está
presente no ligamento suspenso do pênis e no ligamento amarelo da coluna
vertebral.

5.3 Tecido conjuntivo reticular

Trata-se de um tecido com alta capacidade de suportar as células de alguns


órgãos. É extremamente delicado, formado por fibras reticulares dispostas em
rede. Possui fibroblastos especializados, chamados de células reticulares, e estão
agrupados com as fibras. Essa disposição cria um ambiente específico para os
órgãos hematopoiéticos e linfoides, pois têm a formação das trabéculas, local de
passagem de células e fluidos. Além das células reticulares, esse tecido possui
macrófagos, linfócitos e plasmócitos, que têm como função monitorar as
substâncias que circulam nos espaços das trabéculas removendo qualquer
organismo nocivo por meio da fagocitose.

5.4 Tecido conjuntivo mucoso

Possui poucas fibras e muita substância fundamental com grande


quantidade de ácido hialurônico, o que faz com que tenha consistência de
gelatina. Tem como principal célula os fibroblastos. No cordão umbilical, recebe o
nome de geleia de Wharton e pode estar presente também na polpa jovem dos
dentes.

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REFERÊNCIAS
ALBERTS, B. et al. Fundamentos de biologia celular. 2. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2017.

_____. Molecular biology of the cell. 4. ed. New York: Garland Science, 2002.

COLLARES-BUZATO, C. B. Junções celulares. In: CARVALHO, H. F.; RECCO-


PIMENTEL, S. M. A Célula. 3. ed. Barueri: Manole, 2013.

DE ROBERTIS, E. M. F.; HIB, J. Bases da biologia celular e molecular. 3. ed.


Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.

GARTNER, L. P.; HIATT, J. L. Tratado de histologia em cores. 3. ed. Rio de


Janeiro: Elsevier, 2007.

JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica: texto e atlas. 12. ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.

MORAES, S. G.; JOAZEIRO, P. P. Fibroblasto. In: CARVALHO, H. F.;


COLLARES-BUZATO, C. B. Células: uma abordagem multidisciplinar. Barueri:
Manole, 2005.

ROSS, M. H.; PAWLINA, W. Histologia: texto e atlas, em correlação com biologia


celular e molecular. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.

15
AULA 3

FISIOPATOLOGIA DA PELE

Profª Beatriz Essenfelder Borges


TEMA 1 – INTRODUÇÃO AO TECIDO ADIPOSO

O tecido adiposo, que representa mais ou menos 20% do peso corporal. É


um tipo especial de tecido conjuntivo e possui grande quantidade de células
adiposas (também conhecidas como adipócitos), que podem estar agrupadas ou
isoladas. No corpo, estão agrupadas, formando o tecido adiposo.
Diferentemente do fígado e músculo esquelético que armazenam
glicogênio, esse tecido é conhecido por fazer reserva energética, principalmente
em forma de triglicerídeos, os quais têm uma eficiência maior na produção
energética. As reservas dessa molécula se renovam constantemente e recebem
influência de muitos hormônios e estímulos do sistema nervoso.
O sistema nervoso periférico tem controle direto sobre esse tecido, através
dos sistemas simpático e parassimpático. As reações catabólicas do tecido
adiposo (degradação) estão relacionadas com as inervações simpáticas, como
ativação da enzima lipase, hormônio sensível para processo de lipólise. Já as
reações anabólicas (síntese) ficam por conta do sistema parassimpático, que
auxiliam no processo de acúmulo de gordura e captura de glicose e ácidos graxos.
No entanto esse tecido não tem a função apenas de fazer reserva
energética, pois também está relacionado com o modelamento do contorno do
corpo. Por estar abaixo da pele, absorve choques mecânicos e serve como
isolamento térmico, preenchimento de espaços entre tecidos e secreção de
substâncias.
O tecido adiposo é classificado em tecido adiposo unilocular e multilocular.
Essa divisão está relacionada à distribuição corpórea, fisiologia e estrutura de
cada um deles. O tecido uniocular tem apenas uma gota de gordura ocupando o
citoplasma, já o multilocular possui várias gotas de gordura e muitas organelas
conhecidas como mitocôndrias.
As células do tecido adiposo surgem a partir de uma célula mesenquimal
indiferenciada, que dá origem ao lipoblasto, que amadurece e forma as células do
tecido unilocular e multilocular. Quando as células perdem a gordura de seu
interior para o metabolismo corpóreo, as células maduras podem retornar ao
estado de possuir apenas algumas gotas de gordura. Na Figura 1, isso está
representado pelas flechas nos dois sentidos.

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Figura 1 – Esquema representativo da origem dos adipócitos nos dois tipos de
tecido adiposo

TEMA 2 – TECIDO ADIPOSO UNILOCULAR

O tecido adiposo unilocular é conhecido também como tecido adiposo


comum ou tecido amarelo. Tem coloração variando do branco ao amarelo mais
escuro, dependendo da alimentação. Essa diferença na coloração está muito
relacionada com uma substância chamada de caroteno que se acumula nas gotas
de lipídeos. Quase que o total de tecido adiposo no ser humano é unilocular,
sendo o mais abundante, e o seu acúmulo no corpo está relacionado com o sexo
e a idade da pessoa.
O recém-nascido possui uma camada sob a pele chamada de panículo
adiposo, que tem distribuição constante e espessura uniforme. Conforme o recém-
nascido cresce, esse panículo adiposo desaparece em determinadas regiões do
organismo e cresce em outras. Quem determina essa deposição de gordura são
os hormônios sexuais e aqueles produzidos no córtex da suprarrenal.
As células adiposas, ou adipócitos, são arredondadas quando estão
isoladas, mas no tecido, por estarem pressionadas, ficam com uma característica
mais poliédrica. Possuem uma gota lipídica que ocupa quase que todo o
citoplasma, como mostrado na Figura 2. As células adiposas são envoltas de
lâmina basal e sua membrana plasmática possui vesículas endocíticas,
principalmente de pinocitose.

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Figura 2 – Desenho esquemático do adipócito. Célula característica do tecido
unilocular. Adipócito com uma única gota de gordura no citoplasma

Crédito: Shutterstock/Sakurra

As células adiposas são sustentadas por fibras reticulares de colágeno tipo


III que formam uma estrutura chamada de septo. Portanto, esses septos são
tecido conjuntivo que contém vasos sanguíneos e nervos.
A vascularização desse tecido é intensa, mesmo com pouco citoplasma. As
terminações nervosas nesse tecido estão nas paredes dos vasos sanguíneos e
apenas poucos adipócitos possuem inervação.
A dinâmica de remoção de lipídios desse tecido ocorre de forma desigual
em todos os locais. Primeiramente ocorre a retirada dos depósitos de gordura
subcutâneos, mesentério e retroperitoniais. Os coxins das mãos e pés levam mais
tempo para serem removidos.
Caso a oferta calórica diminua, as células do tecido adiposo perdem suas
gotas de lipídeos e ficam com formato fusiforme e com poucas gotinhas de
gordura.
Na característica secretora, esse tecido tem a capacidade de secretar
várias substâncias, e uma delas é a leptina, que são hormônios peptídicos
produzidos pelos adipócitos. A leptina tem como funções participar do controle de
apetite, controle da massa corporal, angiogênese e funções cardiovasculares.
Diversas células possuem receptores para a leptina, mas ela age
principalmente no hipotálamo contribuindo para a diminuição da ingestão de
alimentos e aumentando o gasto energético.
A origem das células adiposas uniloculares se dá pelas células derivadas
do mesênquima, os lipoblastos. Elas são parecidas com os fibroblastos, mas com

4
função de armazenamento de gordura. E a gota única que é característica dessa
célula ocorre pela aderência de várias gotas até e formação de uma só.

TEMA 3 – TECIDO ADIPOSO MULTILOCULAR

Esse tecido também é conhecido como tecido adiposo pardo. Devido à


grande vascularização e à presença de inúmeras mitocôndrias, o tecido adquire
uma coloração marrom escura. As mitocôndrias possuem uma molécula chamada
de citocromo, que são avermelhados, conferindo a coloração característica ao
tecido.
Esse tecido não está distribuído pelo corpo todo, mas apenas em áreas
delimitadas. Como não possui capacidade de crescimento, no adulto, fica em
quantidade muito pequena, aparecendo, por exemplo, ao redor da artéria aorta.
As células desse tecido são pequenas e com formato de polígono. No
citoplasma, aparecem muitas gotas de gordura de todos os tamanhos. Essas
células formam como se fosse um epitélio, nesse caso chamado de arranjo
epitelioide, pois estão em massa juntamente com os vasos sanguíneos.
Têm como função produzir calor e por isso estão mais presentes nos
recém-nascidos e em animais que têm o hábito de hibernar.
Em torno das células estão as terminações nervosas liberando uma
substância chamada de norepinefrina, que é uma monoamina responsável pela
estimulação do tecido multilocular na estimulação da lipólise e oxidação de ácidos
graxos. Essa oxidação ocorre para a produção de calor, já que não ocorre
liberação de molécula energética, como o ATP (Figura 3).

5
Figura 3 – Célula do tecido adiposo multilocular

Crédito: Shutterstock/Jose Luis Calvo

A produção de calor ocorre, pois na membrana interna das mitocôndrias


existe uma enzima chamada de termogenina (UCP1), que faz com que os elétrons
transportados para o espaço intermebrana voltem para a matriz da mitocôndria
sem que passem pela ATP sintetase nos corpúsculos elementares, agindo como
um canal de prótons. Dessa maneira, não há produção de ATP e o fluxo de
prótons dissipa o calor. Esse calor aquece o sangue nos capilares das células do
tecido adiposo multilocular e depois vai para todo o organismo.
É exatamente dessa maneira que os recém-nascidos se protegem do frio,
dissipando calor.
Esse tecido também tem origem nas células mesenquimais indiferenciadas,
mas as células que formam o tecido multilocular é epitelioide, parecendo uma
glândula cordonal (endócrina), antes de acumularem as gotas de gordura.
Não ocorre nova formação de tecido adiposo multilocular depois do
nascimento e muito menos a transformação de um tecido adiposo unilocular em
multilocular ou vice versa.

TEMA 4 – HIPODERME

A hipoderme é muitas vezes confundida com tecido adiposo subcutâneo, e


isso precisamos deixar bem claro, pois quando estivermos estudando a pele,
vamos precisar saber que são conceitos distintos, pois possuem metabolismos
diferentes.
O que diferencia a hipoderme do tecido adiposo subcutâneo são as
características anatômicas e histológicas. No caso da hipoderme, as diferenças
6
estão relacionadas com a capacidade de revestir quase o corpo todo, possuir
lóbulos adiposos ovais muito organizados, ter os septos conectando a derme a
essa camada, permitindo assim uma grande estabilidade estrutural. Além disso,
apresenta células adiposas recobertas por tecido conjuntivo e bem
vascularizados. E quando o indivíduo entra em processo de emagrecimento, esse
tecido diminui de espessura.
Já o tecido adiposo subcutâneo tem como características uma distribuição
dependente do sexo do indivíduo, pois está em regiões específicas como coxas,
abdômen e braços. Possui lóbulos de gordura grandes, com pouca definição e
quase sem vascularização. Os septos ligam o tecido à fascia muscular, o que faz
com que tenha pouca estabilidade e elasticidade. Os adipócitos são envolvidos
por tecido conjuntivo propriamente dito frouxo. E quando o indivíduo está em fase
de emagrecimento, os lipídios são pouco movimentados. Dessa maneira, esse
tecido está envolvido principalmente com a determinação dos contornos do corpo
que diferenciam de homem para mulher.

TEMA 5 – TECIDO ADIPOSO E METABOLISMO

O tecido adiposo antigamente era visto apenas como um tecido de reserva,


mas, atualmente, já se sabe que ele tem grande participação no metabolismo
corpóreo, sendo visto por alguns autores como um órgão endócrino.
Essa relação de interação com o organismo pode ser percebida pelas
substâncias que agem nesse tecido, estimulando a formação dos adipócitos,
secreção de hormônios, metabolização de esteroides sexuais.
O nome dado às substâncias secretadas no tecido adiposo é adipocinas,
que agem através de mecanismos endócrinos e parácrinos atuando como
moduladores imunológicos, agindo nas citocinas pró e pré-inflamatórias,
influenciando a fome, o gasto energético, o tônus vascular, o perfil lipídico e a
proliferação celular.
Na Tabela 1 constam algumas das adipocinas importantes no metabolismo
corpóreo. Vamos esclarecer algumas delas para que possamos entender a
dinâmica desse tecido. O que temos que ter em mente é que nem todas as
adipocinas possuem ação hormonal, mas todas, de alguma forma, agem no
metabolismo.

7
Tabela 1 – Adipocinas liberadas pelo tecido adiposo

Adipocina Efeito no metabolismo


Leptina Informa o sistema nervoso central sobre a reserva de
energia
LLP Hidrolisa triacilglicerol de lipoproteínas
CETP Transfere ésteres de colesterol entre lipoproteínas
Apo-E Componente proteico das lipoproteínas
Adiponectina Aumenta a sensibilidade a insulina
Resistina Aumenta a resistência a insulina
Glicocorticóides Converte cortisona em cortisol no tecdo adiposo
TGF-β Regula proliferação, diferenciação e apoptose de
adipócitos
VEGF Estimula angiogênese
TNF-α Aumenta o consumo de energia
Interleucina 6 Pró-inflamatório e lipolítico
Angiotensinogênio Controle de longo prazo da pressão arterial

5.1 Leptina

A primeira adipocina a ser descoberta no tecido adiposo foi a leptina em


1994. É um hormônio proteico produzido principalmente no tecido adiposo, mas
pode também ser secretada em pequena quantidade pelo intestino, placenta,
epitélio gástrico e músculo.
Está relacionada à homeostasia corpórea no que se trata de energia. Seu
pico de liberação nos humanos ocorre durante a noite e às primeiras horas da
manhã, e sua meia-vida plasmática é de 30 minutos. É um hormônio responsável
pelo controle da ingestão alimentar, agindo em células neuronais do hipotálamo
dentro do sistema nervoso central. A ação desse hormônio no sistema nervoso
central (hipotálamo), em mamíferos, faz com que ocorra a redução da ingestão
alimentar e o aumento do gasto energético, além de regular a função
neuroendócrina e o metabolismo da glicose e de gorduras.
A ação dessa substância é feita a partir da ativação de receptores
específicos presentes nas membranas de órgãos alvos. Existem dois tipos de
receptores para a leptina, o ObRb, de cadeia longa (maior quantidade de

8
aminoácidos), com maior expressão no hipotálamo, e os receptores de cadeia
curta (menor quantidade de aminoácidos), ObRa, encontrados em outros órgãos
como o pâncreas, e mais especificamente nas células das ilhotas de Langerhans.
Ela reduz o apetite no indivíduo a partir da inibição da formação de
neuropeptídeo Y, e também do aumento da expressão de neuropeptídeos
anorexígenos (hormônio estimulante de a-melanócito (a-MSH) e hormônio
liberador de corticotropina (CRH).
Já se sabe que a leptina pode agir no próprio tecido adiposo, pois foram
encontrados receptores para ela na membrana dos adipócitos, sugerindo que ela
possua uma atividade autócrina. Nos adipócitos, a leptina pode aumentar a
quantidade de mitocôndrias no interior das células, fazendo com que possa oxidar
muitos lipídios.
A Figura 4 mostra todas as atividades que a leptina pode desempenhar,
mostrando sua grande importância no organismo. Ainda temos muito que estudar
sobre essa molécula e, devido à sua grande atuação, pode ser que ainda exista
muito mais a saber.

Figura 4 – Funções da leptina no metabolismo corpóreo

Crédito: Shutterstock/Designua

9
5.2 Adiponectina

É um hormônio proteico produzido quase que somente pelo tecido adiposo.


Já se sabe que tem um papel importante na regulação do metabolismo de ácidos
graxos e glicose. Tem a capacidade de inibir citocinas pró-inflamatórias e
aumentar as anti-inflamatórias, por exemplo, a interleucina-10. Parece atuar de
forma positiva no processo de fibrose no fígado, atuando como anti-inflamatório.

5.3 Resistina

É uma proteína rica em cisteínas e tem como uma das funções principais
promover resistência à insulina, além de estar envolvida com o processo
inflamatório. Ela age especificamente na captação de glicose relacionada com a
insulina. A insulina é um hormônio secretado pelas células betas pancreática e
tem como função captar a glicose para os tecidos.
A insulina, depois de produzida, fica armazenada em vesículas sob a ação
dos níveis de glicose no sangue. Responde também de maneira positiva aos
aminoácidos, ácidos graxos e corpos cetônicos. Além disso, a secreção desse
hormônio também pode ser controlada pelo sistema nervoso.
A resistência à insulina é uma resposta ineficiente a uma concentração
qualquer desse hormônio. Pode ocorrer em várias situações, por exemplo,
diabetes, obesidade, hipertensão e infecções. Pouco se sabe sobre os
mecanismos dessa resistência, mas já se tem conhecimento de que pode estar
relacionada ao aumento da gliconeogênese hepática e a modificações em vias de
sinalização da própria insulina no tecido adiposo.

5.4 Fator de necrose tumoral (TNF-α)

O TNF- α é uma citocina, ou seja, molécula envolvida nas respostas


imunológicas. Quando em excesso no tecido adiposo, leva a um descontrole
funcional desse tecido gerando um processo inflamatório, por exemplo, na
obesidade.
Essa molécula atua negativamente na lipase lipoproteica, que tem a função
de hidrolisar os triglicerídeos das lipoproteínas no tecido adiposo. Isso leva a crer
que possui um efeito local, regulando o tamanho da célula de adipócito. Portanto,
o TNF- α, além de diminuir a ação dessa lipase, também reduz o transporte de
glicose pelo transportador GLUT-4 (inibição da via da lipogênese).
10
O fator de necrose tumoral também parece estar envolvido na manutenção
da massa do tecido adiposo, pois tem relação direta com a quantidade e volume
dos adipócitos do tecido.

5.5 Angiotensinogênio

O angiotensinogênio é quebrado pela enzima renina, produzida no rim, à


angiotensina I e posteriormente em angiotensina II pela enzima conversora de
angiotensina (ECA), ambas as enzimas expressas no tecido adiposo. Dessa
maneira, a angiotensina II, produzida localmente no tecido adiposo, pode induzir
a diferenciação dos adipocitos.
O angiotensinogênio também está envolvido no aumento da pressão
arterial, fato esse que está muito relacionado com a obesidade, pois indivíduos
obesos geralmente possuem pressão arterial alta.

5.6 Interleucina (IL-6)

A interleucina-6 tem a função de captar ácidos graxos pelo tecido adiposo


para o fígado, juntamente com o TNF-α, quando reduz a atividade da lipase
lipoproteica. Isso causa um excesso de ácido graxo no fígado e aumenta a
secreção de triglicerídeos pelo fígado. Dessa maneira, a interleucina-6 contribui
para a hipertrigliceridemia e a obesidade visceral.
Nos adipócitos, essa citocina tem papel regulatório autócrino e parácrino.
Mas também age em outros tecidos, por exemplo, na estimulação do eixo
hipotálamo, hipófise e suprarrenal, acelerando o metabolismo de cortisol e
contribuindo para a obesidade visceral.
A IL-6 está presente no plasma sanguíneo em concentrações altas. E essa
concentração e expressão pelo tecido adiposo estão relacionadas positivamente
com a resistência à insulina, à obesidade e à intolerância à molécula da glicose.
Essa resistência ao hormônio insulina acontece devido ao aumento da
gliconeogênese no fígado pela IL-6.

5.7 Lipogênese e lipólise

A lipogênese é a síntese de ácidos draxos que vão ser armazenados no


tecido adiposo e também no fígado. Na ingestão de carboidratos ocorre uma
quebra e transformação em glicose que vai para o sangue.

11
Quando ocorre um aumento de glicose no sangue, o excesso vai para o
fígado para ser armazenado em forma de glicogênio. Mas se, por um acaso, esse
glicogênio estiver em alta concentração, o fígado faz a quebra em ácido graxo e
o joga no sangue. Assim, a quantidade de ácidos graxos na corrente sanguínea
aumenta muito e esse excedente será depositado na pele dentro dos adipócitos,
aumentando o tecido adiposo.
O processo inverso, a lipogênese, é a lipólise. A lipólise é a hidrólise dos
lipídios com a formação de ácidos graxos e glicerol e tem como local de ocorrência
o tecido adiposo.
Muitos são os fatores que influenciam esses processos, como ingesta
calórica, hormônios, gasto de energia corpórea e hereditariedade.

5.8 Grelina

A grelina é um hormônio que está relacionado com o estado de fome. Pode


ser produzido pelo estômago e pode agir sobre o hipotálamo nos centros
relacionados à fome. Dizemos que esse hormônio tem atuação contrária à da
leptina.
A Figura 5 mostra as relações hormonais com o apetite. A leptina suprime
o apetite quando está em baixa concentração, pois é um hormônio relacionado
com a saciedade, como bem vimos. Além da leptina, a diminuição de estrogênio
também leva a uma perda de apetite. A grelina e o neuropeptídeo estimulam o
apetite, pois estão relacionados com a estimulação do centro da fome. Ainda está
representada a insulina que estimula o apetite quando em alta concentração.

12
Figura 5 – Relação hormonal com apetite

Crédito: Shutterstock/Designua

Quanto mais secreção de grelina, maior será a sensação de fome. Esse


hormônio está relacionado com o equilíbrio energético e o estímulo à deposição
de gordura. Em pessoas obesas, os níveis de grelina são baixos e os de leptina
são altos: quanto mais tecido adiposo, mais leptina.
Tanto a grelina quanto a leptina precisam estar de forma equilibrada no
organismo. Indivíduos com desregulação dessa balança podem ganhar ou perder
peso de forma muito rápida (Figura 6). Já se sabe que esses dois hormônios
participam ativamente do metabolismo corpóreo, e qualquer alteração nessa
balança pode predispor uma patologia. O ganho de peso pode estar relacionado
com o desejo incontrolável de comer que a grelina pode fazer no sistema central.

13
Figura 6 – Desenho esquemático do equilíbrio de leptina e grelina

Crédito: Shutterstock/Designua

A secreção de grelina aumenta conforme a ingestão de alimentos. Por


exemplo, quando fazemos uma refeição hiperlipídica, a concentração de grelina
diminui e ocorre o inverso quando ingerimos uma refeição hiperproteica.
A grelina tem a capacidade de aumentar a oxidação dos lipídios, podendo
influenciar a função endócrina do pâncreas e consequentemente o metabolismo
da insulina. Além disso, pode estar relacionada com atividades cardiovasculares
e ações de parada de proliferação celular.
Em patologias, a grelina pode estar agindo em concentrações diferentes.
Na anorexia, a concentração desse hormônio está alta, enquanto na obesidade,
muito baixa.
A obesidade é muito criticada, principalmente quando se fala em hábitos
alimentares, mas considerando tudo que foi falado sobre o tecido adiposo e suas
características, fica muito claro que essa patologia tem uma relação muito forte
com a parte endógena, a regulação hormonal e o acúmulo de gordura pelo
metabolismo corpóreo.
É claro que a alimentação, o estresse e o sedentarismo podem afetar na
obesidade, mas a regulação endógena nunca pode ser deixada de lado. Cada vez
mais fica clara a necessidade de uma mudança nos hábitos de vida, incluindo uma
alimentação saudável e uma diminuição do estresse, para que as desregulações
hormonais não ocorram. Se internamento o indivíduo estiver equilibrado,
consequentemente por fora também estará em forma.

14
REFERÊNCIAS

ALBERTS, B. et al. Fundamentos de biologia celular. 2. ed. Porto Alegre:


Artemed, 2017.

_____. Molecular biology of the cell. 4. ed. New York: Garland Science, 2002.

DE ROBERTIS, E. M. F.; HIB, J. De Robertis bases da biologia celular e


molecular. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.

DEVLIN, T. M. Manual de bioquímica com correlações clínicas. São Paulo:


Edgar Blucher Ltda, 2011.

GARTNER, L. P.; HIATT, J. L. Tratado de histologia em cores. 3. ed. Rio de


Janeiro: Elsevier, 2007.

JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica: texto e atlas. 12. ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.

LEHNINGER, A.L. Princípios de bioquímica. 3. ed. São Paulo: Sarvier, 2002

MENDES, M. R. Dermatologia: do nascer ao envelhecer. Rio de Janeiro:


MedBook, 2012.

ROSS, M. H.; PAWLINA, W. Histologia: texto e atlas, em correlação com biologia


celular e molecular. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.

RUBIN E, FARBER J-L. Patologia Rubin. Rio de Janeiro: Interlivros, 2003.

SAMPAIO, S. A. P.; RIVITTI, E. A. Dermatologia. 4. ed. São Paulo: Artes


Médicas, 2014.

15
AULA 4

FISIOPATOLOGIA DA PELE

Profª Beatriz Essenfelder Borges


TEMA 1 – INTRODUÇÃO À PELE

A pele é o maior órgão do corpo, recobrindo toda a superfície. Possui


diversas funções, entre elas proteger o organismo da entrada de patógenos,
manter a temperatura e impedir desidratação.
Devido à sua constituição, protege contra atrito e, por possuir terminações
nervosas sensoriais, consegue perceber o meio ambiente e informar o sistema
nervoso central e periférico para gerar respostas fisiológicas.
Possui vasos sanguíneos, glândulas específicas e tecido adiposo que
auxilia perfeitamente no controle de temperatura do organismo.
O entendimento desta aula só será possível se lembrarmos do tecido
epitelial, conjuntivo e adiposo, pois a pele está intimamente relacionada a esses
tecidos.
Estruturalmente a pele possui uma parte epitelial de origem da ectoderme,
que é a epiderme e outra porção conjuntiva de origem mesodérmica, que é a
derme.
A espessura da epiderme determina a pele em espessa ou fina. A pele
espessa está presente em locais como palma das mãos e planta dos pés e em
algumas articulações. Já a pele fina está em todo o restante do corpo.
Logo abaixo da derme vem a hipoderme (Figura 1), que é um tecido celular
subcutâneo conjuntivo, propriamente dito frouxo, e não faz parte da pele, pois
apenas serve como união entre a pele e os órgãos. Esse tecido conjuntivo possui
na sua estrutura as células adiposas formando o panículo adiposo.

Figura 1 – Desenho esquemático das camadas da pele e da hipoderme

Fonte: Solar 22/Shutterstock.

2
A epiderme e a derme se encontram em uma região irregular. A derme
possui papilas dérmicas que se encaixam nas curvas da epiderme que são
chamadas de cristas epidérmicas, fazendo com que aumente a ligação entre as
camadas.
A pele apresenta estruturas anexas conhecidas como unha, pelos, glândula
sebácea e glândula sudorípara.
Depois de termos uma ideia da pele, vamos detalhar cada parte com todas
as suas estruturas, para que depois possamos falar das patologias relacionadas
à pele.

TEMA 2 – EPIDERME

A epiderme possui um epitélio estratificado pavimentoso queratinizado. As


células predominantes na epiderme são os queratinócitos, mas também existem
os melanócitos, as células de Langerhans e as de Merkel.
A espessura da epiderme é variável, dependendo do local em que se
encontra. Em regiões como a palma das mãos, esse epitélio é espesso, chegando
até a 1,5 mm e apresenta cinco camadas. Essas camadas são basal, espinhosa,
granulosa, lúcida e córnea, como mostrado na Figura 2.

Figura 2 – Camadas da epiderme

Fonte: Shutterstock/Blamb.

3
Vamos detalhar essas camadas iniciando da derme para a superfície.
Assim, a camada basal possui células prismáticas ou em formato de cubos que
repousam na membrana basal, local que separa a epiderme da derme. Essa
camada também é chamada de camada germinativa por apresentar muitas
células troncos no seu interior. Possui uma grande atividade mitótica, pois é
responsável, juntamente com a camada espinhosa, pela renovação da epiderme.
Dependendo do local e até mesmo da idade do indivíduo, a epiderme pode sofrer
renovação a cada 15 dias, podendo chegar até 30 dias. Nessa camada, existem
muitos filamentos de queratina, mas conforme as camadas vão se aproximando
da superfície, a quantidade desses filamentos aumenta.
A camada espinhosa possui células cuboides ou um pouco achatadas com
um núcleo bem central. No seu citoplasma, há expansões com filamentos de
queratina chamados de tonofilamentos que se unem com as células vizinhas pelos
desmossomos. Essa arquitetura, quando vista no microscópio eletrônico, dá à
célula um aspecto espinhoso. Na epiderme, os filamentos de queratina e os
demossomos são importantes, pois dão adesão celular e resistência ao atrito.
Nessa camada, também temos as células tronco de queratinócitos.
A camada granulosa tem células poligonais com núcleo central e com
apenas três a cinco camadas. No citoplasma das células estão presentes os
grânulos de querato-hialina, que não possuem membrana envolvendo mas lá
existem proteínas histidinas fosforiladas e ricas em cistina, o que confere
característica de grânulos basófilos. As células dessa camada também possuem
os grânulos lamelares, que só podem ser visualizados ao microscópio eletrônico
e apresentam discos lamelares envolvidas com bicamadas lipídicas e membrana.
A finalidade desses grânulos lamelares é se fundir com a membrana da célula e
secretar o conteúdo lipídico para que esse se deposite e forme uma barreira de
impermeabilização, impedindo a desidratação.
A camada lúcida é bem mais evidente na pele espessa e possui células
achatadas sem organelas e núcleos, pois essas estruturas foram digeridas por
enzimas lisossomais. Apresentam muitos filamentos de queratina e podem-se
observar os desmossomos aderindo-se às células vizinhas.
A camada córnea tem células achatadas, mortas e sem núcleo. Possuem
citoplasma com muita queratina. A diferenciação dos queratinócitos faz com que
os tonofilamentos modifiquem a sua composição. Na camada basal, temos células
com queratina de peso molecular baixo, e quando os queratinócitos estão bem

4
diferenciados, eles sintetizam queratinas com peso molecular mais alto. Na
camada córnea, esses tonofilamentos estão agrupados com a matriz de grânulos
de querato-hialina, assim não possuem vida e descamam continuamente.
Essas camadas da epiderme com todas as características citadas fazem
parte da pele espessa, já a pele fina frequentemente não possui camada
granulosa e lúcida, e a camada córnea geralmente é muito pequena.
A Figura 3 é uma fotomicrografia de corte de pele espessa da planta do pé
de um ser humano, mostrando as camadas da epiderme e a derme invadindo a
epiderme com as papilas dérmicas sendo representadas. E mais abaixo também
podemos ver o tecido conjuntivo.

Figura 3 – Fotomicrografia das camadas da epiderme

Fonte: Junqueira; Carneiro, 2013.

Na junção da epiderme com a derme ou entre os queratínócitos da camada


basal, podemos encontrar uma célula chamada de melanócito. Essas células têm
origem embriológica da crista neural e apresentam prolongamentos do citoplasma
que penetram nas células da camada basal e espinhosa da epiderme enviando a
melanina para estas.

5
Os melanócitos se aderem à membrana basal pelos hemidesmossomos,
estruturas especializadas da membrana.
A melanina é uma proteína produzida pela ajuda da enzima tirosinase, que
transforma o aminoácido tirosina em dopa na presença de oxigênio molecular e
depois em dopa-quinona, que, após algumas reações, forma o composto tirosina
melanina que se junta com proteínas formando as melanoproteínas. Essas, por
sua vez, vão polimerizar e formar ao final a melanina.
A enzima tirosinase é produzida nos polirribossomos do retículo
endoplasmático rugoso, depois enviada ao complexo de Golgi para ser acumulada
em vesículas secretoras. Essas vesículas se chamam melanossomos e é nelas
que a síntese de melanina se inicia. Nos melanossomos iniciais, existe tanto
melanina quanto tirosinase, mas quando acaba a síntese da melanina, esse
melanossomo passa a ser chamado de grânulo de melanina, pois não tem mais
atividade da tirosinase (Figura 4).
Depois de formados esses grânulos de melanina, eles vão para os
prolongamentos dos melanócitos até chegar nos queratínócitos, que depositam a
melanina. Os grânulos se aderem ao lisossomo dos queratinócitos e, dessa
maneira, as células mais da superfície não possuem melanina.

Figura 4 – Desenho de um melanócito produzindo e liberando grânulos de


melanina

Fonte: Designua/Shutterstock.

As células de Langerhans estão por toda a epiderme, mas aparecem com


maior frequência na camada espinhosa. São células ramificadas que ficam entre
os queratinócitos. Surgem a partir de célula precursora da medula óssea e
6
caminham pelo sangue. Essas células têm capacidade de apresentar os
antígenos para os linfófitos T, participando assim da imunidade cutânea.
As células de Merkel estão presentes principalmente na pele espessa.
Estão na parte mais profunda da pele, sobre a membrana basal e aderidas aos
queratínócitos pela especialização de membrana conhecida como desmossomo.
Essas células funcionam como mecanorreceptores na sensibilidade ao tato. Em
contato com a base dessa célula, temos fibras nervosas aferentes que fazem a
sinalização para sistema nervoso central.
Na Figura 5, temos um desenho esquemático mostrando os tipos celulares
que tem em cada camada da epiderme.

Figura 5 – Esquema das células presentes na epiderme

Fonte: Designua/Shutterstock.

TEMA 3 – DERME

Essa camada é o tecido conjuntivo em que a epiderme se apoia e junta a


pele ao tecido subcutâneo ou mais conhecido como hipoderme.
A derme possui espessura variada de acordo com o local, mas chega no
máximo a 3mm na planta dos pés. Possui borda irregular, com saliências e papilas
dérmicas que acompanham as curvas da epiderme. Essas papilas possuem a
função de aumentar a superfície de contato da derme com a epiderme, deixando
a região de união forte.
Dividida em duas camadas com limites nada distintos entre elas. A camada
papilar é a mais superficial, e a camada reticular é a mais profunda.
7
A camada papilar possui tecido conjuntivo propriamente dito frouxo que
forma as papilas dérmicas. Nessa camada há as filbrilas de colágeno que unem a
membrana basal e a derme, fazendo com que fique presa à epiderme. E os vasos
sanguíneos que estão presentes nessa camada fazem a nutrição e oxigenação
de toda a epiderme.
A camada reticular é mais grossa, formada por tecido conjuntivo
propriamente dito denso. Possui feixes colágenos mais espessos.
As duas camadas possuem muitas fibras elásticas, pois são responsáveis
pela elasticidade parcial da pele. Essas fibras se orientam de forma diferenciada
nas camadas da derme. Na camada papilar, estão dispostas perpendicularmente
à epiderme, já na camada reticular são paralelas e mais grossas.
Esse sistema elástico possui fibras elásticas diferentes: fibras oxitalâmicas,
eulaunínicas e maduras. As oxitalâmicas estão mais na superfície e são dispostas
perpendicularmente à junção dermoepidérmica. As eulaunínicas estão na parte
intermediária da derme, ligando as fibras oxitalâmicas com as fibras da derme
reticular. E por último, estão as fibras elásticas maduras, que possuem 90% de
elastina e estão na derme reticular. O fato de estas últimas possuírem muita
elastina faz com que consigam absorver os choques e participar das distensões
da pele sem sofrer muitos estragos.
A derme ainda apresenta vasos sanguíneos, vasos linfáticos e nervos.
Aparecem também as glândulas sebáceas, sudoríparas e os folículos pilosos.
Os vasos sanguíneos que suprem a nutrição da pele estão dispostos em
dois plexos: um que está presente entre a derme e a hipoderme e outro que fica
entre as camadas da derme, papilar e reticular.
Os vasos linfáticos são revestidos por células endoteliais dispostas em uma
única camada ao longo da derme papilar. Formam um plexo linfático na derme
que vai chegar à hipoderme.
A inervação da derme confere à pele sensibilidade a pressão, temperatura,
tato, dor e prurido. A atividade motora da derme é de responsabilidade do sistema
nervoso autônomo, que atua no músculo eretor do pelo e nas células do músculo
liso dos vasos para que possam se contrair.
A inervação da pele pode ocasionar vasoconstrição para evitar perda de
calor e regular a temperatura, impedindo a circulação do sangue nas arteríolas
superficiais, como vasodilatação para permitir a circulação sanguínea na derme.

8
A regulação do fluxo periférico também é controlado por estruturas
chamadas de glomos, as quais estão nas pontas dos dedos, face e orelhas e nada
mais são do que anastomoses de arteríolas e vênulas que se contraem para que
o fluxo seja controlado, regulando assim a temperatura.
Nas mãos, pés, lábios e genitais existem nervos sensitivos que formam as
estruturas que recebem estímulos do meio ambiente. Existem receptores
encapsulados e não encapsulados. Os não encapsulados são as terminações
nervosas livres que são sensíveis ao toque e à pressão, chamados também de
receptores táteis. Já os encapsulados são os corpúsculos de Ruffini, Vater-Pacini,
Meissner e Krause.
O corpúsculo de Meissner é responsável pela sensibilidade tátil e estão
presentes em maior quantidade na derme papilar, principalmente em mãos e pés.
O corpúsculo de Vater-Pacini são receptores específicos para percepção de
pressões e estão mais localizados nas palmas das mãos. O corpúsculo de Krause
está entre a mucosa e a pele (área de transição) como nos lábios, língua,
pálpebras, glande, clitóris e lábios vulvares. E possuem maior sensibilidade ao
frio. Os discos de Merkel são terminações nervosas sensíveis ao tato e à pressão,
e estão localizados principalmente nos dedos. O corpúsculo de Ruffini está
relacionado com a sensação de calor e está presente principalmente permeando
as fibras de colágeno. Na Figura 6, podemos observar todos os receptores
sensoriais da pele e verificar um resumo da função específica de cada um deles.

9
Figura 6 – Desenho esquemático dos receptores sensoriais da pele com as
sensibilidades específicas de cada um

Fonte: Tefi/Shutterstock.

TEMA 4 – HIPODERME

A hipoderme não faz parte da pele; é uma camada que está abaixo da
derme e é formada por tecido conjuntivo propriamente dito frouxo.
Essa camada tem como uma de suas funções aderir a derme aos órgãos
que estão por baixo. É responsável por permitir o deslizamento da pele sobre as
estruturas. Pode ter uma camada de tecido adiposo, que, quando está
desenvolvida, pode formar o panículo adiposo, o qual é responsável por dar forma
ao corpo, além de servir como reserva energética e proteção contra o frio. As
células pertencentes a essa camada são os adipócitos, que têm formato
arredondado e no seu interior triglicerídeos.
Portanto, as principais funções dessa camada são ligar a derme a músculos
e ossos, participar da termoregulação, modelar o corpo e auxiliar contra choques,
e pode ainda servir como reserva energética devido à presença de tecido adiposo.
Como já descrito, na hipoderme temos vasos sanguíneos, tecido fibroso,
nervos e muito tecido adiposo.

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TEMA 5 – ANEXOS DA PELE

As estruturas anexas da pele possuem origem embriológida da ectoderme.


São os pelos, unhas, glândula sebácea e sudorípara. Assim, vamos falar de cada
uma delas.

5.1 Pelos

Os pelos são finos e, queratinizando-se, surgem a partir da invaginação da


epiderme. A coloração do pelo, o seu tamanho e a disposição na pele variam
conforme a localização e a cor da pele de cada pessoa. Podem estar presentes
em toda a superfície corpórea, com exceção de poucos locais.
Não possuem crescimento contínuo, pois apresentam fases de repouso
entre as fases de crescimento, as quais variam conforme a região. No couro
cabeludo, por exemplo, a fase de repouso é bem curta e a de crescimento é muito
longa. Os pelos da face e da região pubiana sofrem influência de hormônios
sexuais no seu desenvolvimento.
A invaginação da epiderme que origina o pelo é chamada de folículo piloso.
Esse folículo, quando em crescimento, apresenta uma dilatação terminal chamada
de bulbo piloso. No centro desse bulbo, existe a papila dérmica, que é recoberta
por células formando a raiz do pelo que tem o eixo do pelo.
Nos pelos mais grossos, as células que estão no centro da raiz produzem
células vacuolizadas que originam a medula do pelo. Essa estrutura é pouco
queratinizada. Ao redor dessa medula, as células se diferenciam, formando o
córtex. E as células depois do cortex formam a cutícula, que possuem muita
queratina. E as células periféricas formam as bainhas epiteliais, que envolvem o
eixo do pelo.
Os músculos eretores do pelo estão colocados na bainha e na camada
papilar da derme. Esses músculos funcionam contraindo o pelo para posição
vertical, ficando ereto.
A coloração dos pelos está relacionada com os melanócitos, que ficam
entre a papila e o epitélio da raiz do pelo que distribuem a melanina para o córtex
e a medula. Evento parecido acontece na epiderme para a coloração da pele.
O processo de queratinização do pelo é diferente do processo da epiderme,
principalmente porque no pelo a queratinização está no bulbo piloso e na
epiderme está por toda a superfície.

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Depois de entendermos como o pelo é constituído, vamos observar na
Figura 7 as estruturas presentes no folículo piloso e ao seu redor.

Figura 7 – Esquema da estrutura de um pelo com todos os seus componentes:

Fonte: Disignua/Shutterstock.

5.2 Unhas

As unhas, que têm origem embrionária na ectoderme, são camadas de


células queratinizadas que ficam dispostas na parte superior da falange dos dedos
e têm como funções proteger as pontas dos dedos e auxiliar na manipulação de
objetos.
Possui três camadas: uma mais interna chamada de unha ventral, que é
bem macia; a camada intermediária, que possui grande quantidade de queratina;
e a camada mais externa, chamada de unha dorsal. Essas camadas são
achatadas com células queratinizadas e fundidas chamadas de onicócitos, os
quais não possuem como função descamar.
A composição da unha é queratina, água, minerais e lipídios. A queratina,
como já mencionada, é o componente que dá resistência. Já a água, que está na
concentração aproximada de 12%, auxilia na característica de dureza, isso devido
ao fato de estar em baixa concentração. Os minerais presentes são magnésio,
cálcio, sódio, ferro, cobre e zinco. E o principal lipídio encontrado é o colesterol,
tanto que quando entramos em contato com substâncias que possuem solventes,
as unhas ficam quebradiças, pois ocorre a degradação do colesterol.
Na Figura 8, temos uma unha com toda a sua estrutura. A unha livre é a
parte que fica para fora do dedo e, assim, acaba sendo um local de reserva de

12
microrganismos. A placa ungueal é a unha propriamente dita, parte visível. A
lúnula é a parte em formato de meia lua que tem como função proteger os vasos
sanguíneos que estão na epiderme. A cutícula ou eponíquio é uma camada
bastante transparente de células que adere a unha na base e tem como função
principal vedar a placa da unha e o sulco ungueal. A retirada dessa estrutura pode
levar a processos inflamatórios pela entrada de microrganismos ou até mesmo
sujeiras. O hiponíquio é o local que a lâmina possui contato com a epiderme. O
leito ungueal possui poucas camadas e não possui células granulares, e é onde a
unha cresce sobre o dedo, tem muita irrigação e não possui melanócitos. E por
últimos, temos a matriz, que é o local por onde a unha cresce.

Figura 8 – Estrutura da unha

Fonte: Monomoon/Shutterstock.

A unha cresce continuamente e pode ser afetada de muitas maneiras pela


temperatura, por infecções, por doenças genéticas, por problemas
dermatológicos, e por conta da alimentação. No caso da alimentação, para que
não se tenha problemas como unhas quebradiças, é preciso controlar a ingestão
de vitaminas e sais minerais que são essenciais para o crescimento adequado
dessa estrutura.

5.3 Glândulas sebáceas

As glândulas sebáceas estão localizadas na derme e os ductos dessa


estrutura são cobertos pelo epitélio estratificado, abrindo-se geralmente nos
folículos piolosos. Mas, em determinadas regiões, os ductos podem se abrir para
a superfície da pele, por exemplo, nos lábios, mamilos, glande e pequenos lábios
vaginais. Nas mãos e pés não se encontra esse tipo de glândula.
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Estruturalmente as glândulas sebáceas são acinosas e podem possuir
vários ácinos que se abrem em um curto ducto. Esses ácinos possuem células
epiteliais sobre a membrana basal. Por sua vez, essas células achatadas e
epiteliais se diferenciam conforme proliferam, ficando arredondadas. Isso devido
ao fato de que precisam de espaço para armazenar o produto da secreção. As
células mais centrais acabam morrendo e rompem, liberando a secreção sebácea.
Até a puberdade essas glândulas quase não têm atividade, mas, com a
estimulação dos hormônios sexuais, passam a secretar seu produto. Essa
estrutura está representada na Figura 9.

Figura 9 – Desenho esquemático da glândula sebácea com seu ducto e as células


diferenciadas para o processo de secreção

Fonte: Designua/Shutterstock.

Essa glândula é holócrina, ou seja, o produto da secreção da glândula é


liberado juntamente com toda a célula, assim ocorre a morte da célula. Para que
as células mortas sejam repostas, as glândulas sebáceas possuem células tronco
localizadas na membrana basal, que sofrem multiplicações constantes pelo
processo de mitose para fazer a reposição do que foi perdido durante a secreção.
A secreção dessa glândula tem na composição uma complexa mistura de
lipídios que contêm triglicerídios, ácidos graxos, colesterol e ésteres de colesterol.

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5.4 Glândula sudorípara

A glândula sudorípara possui duas porções, a condutora e a secretora. E


na porção secretora ainda pode ser classificada como tubulosa enovelada. Além
dessa classificação, podemos dividir as glândulas sudoríparas em merócrinas e
apócrinas, como demonstrado na Figura 10.

Figura 10 – Desenho esquemático das glândulas sudoríparas merócrinas e


apócrinas

Fonte: Timonina/Shutterstock.

As glândulas sudoríparas merócrinas são aquelas que liberam o produto


de secreção sem perda de citoplasma. Estão em grande quantidade por toda a
pele, exceto na glande. Apresentam ductos que se abrem na superfície da pele,
não se ramificam e possuem tamanho menor que da parte secretora que está
localizada na derme. As células secretoras têm formato de pirâmide e entre elas
e a membrana basal encontramos as células mioepiteliais que auxiliam no
processo da secreção. A inervação dessas glândulas são por fibras colinérgicas.
Nessa glândula merócrina existem dois tipos de células: as escuras e as
claras. As escuras estão próximas ao lúmen e as claras ficam entre as células
mioepiteliais e as escuras. As células escuras têm muitos grânulos secretórios na
parte apical, que contém glicoproteínas, por isso, possuem uma grande
quantidade de retículo endoplasmático rugoso em seu citoplasma. Já as células
claras não possuem esses grânulos, contendo apenas muitas mitocôndrias e
dobras da membrana plasmática para que possa fazer transporte de fluído e sais.
Isso porque a função das células claras é fazer a produção da parte aquosa do
suor.

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O ducto dessa glândula se abre para a superfície da pele e possui uma
hélice que atravessa a epiderme. Possui duas camadas de células que estão
sobre a membrana basal.
O suor secretado pela glândula merócrina é bem diluído, com baixa
concentração de proteínas, mas com sódio, potássio, cloreto, ureia, amônia e
ácido úrico. Quando o suor chega à pele, é totalmente evaporado. Isso ocorre
para auxiliar na diminuição da temperatura corporal.
As glândulas apócrinas estão presentes na axilas, aréola mamária e região
perianal. Os ductos dessa glândula se abrem para o folículo piloso e possuem o
lúmen da parte secretora bem dilatado. O produto da secreção é viscoso e sem
cheiro, mas, quando em contato com as bactérias da pele, pode ter um odor
bastante desagradável. Na mulher, essas glândulas sofrem grande influência do
ciclo menstrual. A inervação ocorre através de fibras adrenérgicas.

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REFERÊNCIAS

ALBERTS, B. et al. Fundamentos de biologia celular. 2. ed. Porto Alegre:


Artemed, 2017.

_____. Molecular biology of the cell. 4. ed. New York: Garland Science, 2002.

COLLARES-BUZATO, C. B. Junções celulares. In: CARVALHO, H. F.; RECCO-


PIMENTEL, S. M. A célula. 3. ed. Barueri: Manole, 2013.

DE ROBERTIS, E. M. F.; HIB, J. De Robertis bases da biologia celular e


molecular. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.

GARTNER, L. P.; HIATT, J. L. Tratado de histologia em cores. 3. ed. Rio de


Janeiro: Elsevier, 2007.

JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica: texto e atlas. 12. ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.

MORAES, S. G.; JOAZEIRO, P. P. Fibroblasto. In: CARVALHO, H. F.;


COLLARES-BUZATO, C. B. Células: uma abordagem multidisciplinar. Barueri:
Manole, 2005.

ROSS, M. H.; PAWLINA, W. Histologia: texto e atlas, em correlação com biologia


celular e molecular. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.

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AULA 5

FISIOPATOLOGIA DA PELE

Prof. ª Beatriz Essenfelder Borges


INTRODUÇÃO

A pele está sujeita a diversas alterações, assim como todos os tecidos.


Mas, na pele, essas alterações podem levar a lesões elementares, que podem
acontecer isoladamente ou combinadas, levando a um processo chamado de
dermatose.
Assim, podemos observar os processos anatomopatológicos básicos que
ocorrem na pele. Entre eles, estão as degenerações, alterações metabólicas,
proliferações, malformações, disfunções e inflamações.
A pele funciona como uma barreira mecânica contra a entrada de
patógenos e até mesmo contra a desidratação. A epiderme possui células mortas
ricas em queratina, que se juntam pelas especializações da membrana impedindo
assim a entrada de qualquer microrganismo.
A pele possui um pH de 5, apresentando assim características ácidas,
podendo sofrer variações com a época do ano, como diminuição do pH no verão.
Como possuímos uma microbiota permanente na pele, é fundamental que o pH,
a temperatura e a umidade sejam bem controlados, para que a pele possa
realmente funcionar como uma barreira. Caso contrário, podemos abrir portas
para a entrada de patógenos causadores de doenças.
Na pele, temos a microbiota residente, que são esses microrganismos que
estão lá para auxiliar na defesa do hospedeiro. Os microrganismos dessa
microbiota estão mais na parte profunda da camada córnea e se proliferam em
equilíbrio para que não saiam do controle e possam auxiliar nas defesas. Os
gêneros de bactérias mais encontrados nessa microbiota são Staphylococcus,
Micrococcus, Corynebacterium, Brevibacterium, Propionibacterium e
Acinetobacter.
Esses microrganismos são de difícil remoção, mas podem ser eliminados
com o processo de descamação e produção de suor. Geralmente, são pouco
patogênicos, mas podem invadir o hospedeiro e causar processo inflamatório.
Mas, também podemos ter uma microbiota transitória que está relacionada
com microrganismos que se depositam na superfície da pele e colonizam
temporariamente essa parte mais superficial da pele. Nesse caso, os patógenos
possuem um potencial maior de causar doenças no hospedeiro. Os gêneros mais
comuns de bactérias transitórias são Enterobacter e Pseudomonas.

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Na Figura 1 temos um desenho esquemático representativo da microbiota
transitória e residente nas mãos, para que possamos perceber que,
independentemente da lavagem das mãos, possuímos organismos que estão
sempre presentes.

Figura 1 – Desenho esquemático demonstrando a microbiota transitória e


residente nas mãos

Créditos: WhiteDragon/Shutterstock.

TEMA 1 – DEGENERAÇÕES DA PELE

As degenerações da pele geralmente vêm associadas a outras patologias,


por exemplo as inflamações. Na pele, ocorrem vários tipos de degenerações,
dependendo do problema patológico instalado.
Quando estamos com uma infecção viral, por exemplo o vírus do herpes
simples, os seus efeitos nas células epiteliais geram uma degeneração
balonizante. Essa degeneração tem como característica principal mostrar a
alteração das células epiteliais que ficam no formato de balão, devido ao edema
local. As células perdem as especializações de membrana e isso faz com que
possa ocorrer a formação de bolhas.
A degeneração basófila do colágeno é um tipo de degeneração que ocorre
quando temos exposição de áreas da pele ao sol. Ocorre uma degeneração das
fibras de colágeno e das fibras elásticas. Pode ser identificada por presença de
material basófilo na derme papilar.

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A degeneração fibrinoide do colágeno ocorre em pacientes com lúpus
eritematoso. É caracterizada pelo depósito de fibrina no meio das fibras de
colágeno ou ao redor dos vasos sanguíneos. Pode aparecer também nas
vasculites alérgicas.
A degeneração granulosa da epiderme ocorre em doenças congênitas e se
caracteriza por produzir edema intracelular, alterando os contornos celulares das
partes superior e mediana da camada espinhosa da epiderme. Pode vir
acompanhada de grânulos irregulares e às vezes muito grandes de
querato-hialina.
A degeneração hidrópica ou de liquefação também pode aparecer no lúpus
eritematoso, quando ocorre vacuolização das células basais e edema na derme.
A degeneração hialina do colágeno ocorre nas cicatrizações, queloides ou
na esclerodermia. Tem como característica aumento do volume dos feixes de
colágeno e diminuição de fibroblastos.
A degeneração reticular é característica de doenças virais e dermatites
agudas. Causa um edema intenso, levando ao rompimento das células da
epiderme. Forma vesículas septadas, cujos septos são restos das membranas
das células.
Na dermatologia, as degenerações são inúmeras; aqui, apenas falamos de
algumas para que possamos ter em mente a importância da pele, da qual,
qualquer alteração pode estar associada a uma patologia. Algumas patologias
apresentam lesões na pele como característica e sinal clínico. Na próxima aula
falaremos um pouco de algumas doenças de pele, propriamente.

TEMA 2 – ALTERAÇÕES METABÓLICAS

A pele sofre com alterações no metabolismo corpóreo. E o inverso também


se aplica: também podemos ter alterações na pele que podem levar a alterações
metabólicas.
Um exemplo de alterações na pele quando temos uma alteração
metabólica pode ser visto nas doenças chamadas de aminoacidopatias, como
fenilcetonúria, homocistinúria e alcaptonúria.
A fenilcetonúria é uma doença genética, congênita, que é caracterizada por
o indivíduo não conseguir fazer a quebra do aminoácido fenilalanina em tirosina.
Geralmente, é um problema na enzima que faz essa quebra chamada de
fenilalanina hidroxilase. Como não há a enzima para fazer a quebra, ocorre um

4
acúmulo da fenilalanina no sangue e a excreção dos seus derivados na urina. Os
derivados são ácido fenilpirúvico e fenilacético. A elevação dos níveis de
fenilalanina no sangue é complicada, pois essa substância é tóxica para o
organismo, levando a problemas no sistema nervoso central. Em decorrência do
aumento dessa substância, não ocorre a inibição competitiva pela tirosina,
levando à deficiência de tirosinase, o que provoca alterações pigmentares pela
diminuição da produção de melanina. Com isso, a pele e o cabelo desses
indivíduos afetados ficam claros e os olhos, azuis.
Na fenilcetonúria, as alterações da pele são frequentemente erupções
eczematosas atópicas e alterações esclerodermiformes na parte central do corpo.
Ainda não se sabe como ocorrem as alterações eczematosas, mas as
esclerodermiformes ocorrem devido às alterações do metabolismo de triptofano,
que diminuem sua absorção devido ao elevado nível de fenilalanina.
A homocistinúria é uma doença metabólica hereditária autossômica
recessiva que tem como característica a deficiência na enzima cistationina
beta-sintetase e, na pele, essa deficiência leva ao aparecimento de eritema malar
intenso.
A alcaptonúria também é uma doença metabólica autossômica recessiva,
mas congênita. É caracterizada pela ausência de oxidase do ácido homogentísico
que deriva dos aminoácidos tirosina e fenilalanina. A alteração que aparece na
pele por essa ausência é uma pigmentação azul-acinzentada, azul-amarelada ou
azul-acastanhada nas axilas, regiões auriculares e extremidade nasal. Na análise
histológica, pode-se perceber o pigmento amarelado ou acastanhado na derme,
entre as fibras colágenas.
Outra patologia metabólica que pode alterar a pele é a gota, um distúrbio
do metabolismo das purinas. Essa doença é mais comum em homens e tem
ocorrência familiar frequente. É caracterizada pela hiperuricemia e surto de artrite.
As modificações cutâneas se caracterizam pelo edema e eritema no local, como
se fosse uma celulite. Em pacientes com essa doença há depósitos de material
amorfo na derme (tofo gotoso) e cristais de urato envoltos por linfócitos e células
multinucleadas grandes.
Podemos ter alterações no metabolismo de lipídios, como os xantomas.
Esses xantomas são lesões cutâneas por depósitos de lipídios na pele. São a
exteriorização, na pele, de um distúrbio local ou geral do metabolismo corpóreo.
Podem aparecer mesmo com os lipídios circulantes normais, sendo uma alteração

5
local. Os xantomas planos são as placas amareladas planas ou levemente
elevadas e os mais comuns são os xantelasmas que aparecem nas pálpebras e
estão relacionados com anormalidades nas lipoproteínas séricas de baixa
densidade (Figura 2).
Os lipídios circulantes estão ligados a proteínas chamadas de
apolipoproteínas-A, para que possam circular na corrente sanguínea. Dessa
forma, essa ligação compõe as lipoproteínas de várias densidades. As de baixa
densidade são LDL e VLDL, que se diferenciam pela concentração dos
componentes. A LDL é composta de 57% de colesterol, 30% de fosfolipídio e 13%
de triglicerídio. Já a VLDL possui de 50% a 80% de triglicerídio, de 9% a 20% de
colesterol e de 10% a 25% de fosfolipídios.

Figura 2 – Imagem de um xantelasma, placa amarelada na região das pálpebras

Créditos: Nau Nau/Shutterstock.

Pessoas com diabetes mellitus também podem ter alterações na pele, pela
mudança no metabolismo de hidratos de carbono, gorduras e proteínas ou pela
falta do hormônio insulina. As manifestações clínicas na pele podem ser
aparecimentos de lesões de cor castanha, bolhas, placas verrucosas, pele
espessada.
Uma doença mais rara, mas também relacionada à alteração do
metabolismo, é a porfiria. Essa patologia ocorre pela deficiência enzimática na
biossíntese do grupo heme da hemoglobina. Existem várias formas de porfiria,
mas a maioria são hereditárias e com grande influência ambiental, pois muitos
que possuem a mutação não desenvolvem a doença se não tiverem o início
marcado por um fator ambiental. Essa doença pode afetar várias partes do corpo,
inclusive a pele. Ocorre uma fotossensibilidade, pela capacidade das porfirinas de
absorverem a luz ultravioleta, causando um estado ativado que proporciona a
6
produção de radicais livres de oxigênio. E esses radicais levam a dano tecidual e
peroxidação das membranas.
Na Figura 3, temos um esquema dos locais das manifestações clínicas das
porfirias. Apesar de termos muitas variações, todos os tipos de porfirias acometem
a pele.

Figura 3 – Esquema do local das manifestações clínicas das porfirias

Créditos: Designua/Shutterstock.

TEMA 3 – PROLIFERAÇÕES

Entre essas alterações, temos os processos hiperplásicos do epitélio e as


neoplasias, com proliferação alterada das células da pele. Para podermos
entender algumas patologias, precisamos esclarecer o que é e como ocorre a
hiperplasia e como se desenvolvem as neoplasias, sempre relacionando essas
ocorrências com os componentes da pele.
A hiperplasia é o aumento do número de células de um determinado tecido
ou órgão. Todas as células que fazem mitose podem sofrer processo de
hiperplasia.
7
As células do nosso organismo, para se dividirem, passam pelas fases do
ciclo celular. O ciclo celular acontece para que a célula possa se duplicar e formar
uma célula nova. É um processo altamente regulado e com fases bem definidas.
O ciclo celular é dividido em duas fases principais, a intérfase e a mitose.
A intérfase compreende as fases de G1, S e G2. No período da intérfase, as
células se preparam para o processo de divisão. Em G1, ocorre o crescimento
celular, a produção de proteínas. Na fase S temos a duplicação do DNA, para que
ele depois possa se dividir e formar duas células idênticas. Na fase G2, também
há crescimento celular com intensa produção proteica, isso para que a célula
possa passar para a fase M, que é a mitose, propriamente (Figura 4).

Figura 4 – Esquema do ciclo celular, com suas fases

Créditos: Alila Medical Media/Shutterstock.

Na fase M, ocorre a divisão da célula, pela mitose. A mitose também é


dividida em fases: prófase, metáfase, anáfase e telófase (Figura 5). Na prófase,
forma-se o fuso mitótico e os cromossomos espiralados se prendem ao fuso. Na
metáfase, ocorre a formação da placa equatorial e a separação das cromátides
irmãs. Na anáfase, ocorre a ida dos cromossomos ao polo. E, na telófase, os
cromossomos deixam de estar em espiral, a membrana nuclear se refaz, constitui
um nucléolo e ocorrem citocinese e cariocinese, formando as células-filhas.

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Figura 5 – Fases da mitose

Créditos: gritsalak karalak/Shutterstock.

Depois de entendermos como as células se dividem, precisamos entender


que os tecidos têm capacidades diferentes de proliferar e são classificados de
acordo com essa capacidade.
As células estáveis são aquelas que estão em tecidos com baixo potencial
de proliferação. Um exemplo é o hepatócito, que só prolifera se é estimulado a
isso.
As células lábeis estão continuamente no ciclo celular; portanto, se dividem
continuamente, como as células da epiderme.
E as células permanentes são aquelas que não se dividem, por exemplo os
miócitos e os neurônios.
Pensando na hiperplasia, as células lábeis e estáveis, como as da
epiderme e os fibroblastos, têm alta capacidade de aumentar o seu número de
células. Já as permanentes não sofrem com hiperplasia e sim com hipertrofia, que
é o aumento do tamanho da célula.
As hiperplasias pseudoepiteliomatosas são alterações hiperplásicas de
células epiteliais, em resposta a inflamações granulomatosas. Nessa patologia,
ocorre proliferação intensa sem atipia celular e, quando cessa o estímulo
inflamatório, a camada volta ao normal.
Outra patologia relacionada à proliferação é a neoplasia. Existem diversos
tipos de neoplasias, mas vamos nos focar naquelas relacionadas a alterações
celulares da pele.
As neoplasias de pele são caracterizadas por crescimento anormal e
totalmente descontrolado das células da pele. Os diferentes tipos de neoplasias

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de pele estão relacionados com o local que é atingido. Dessa maneira, temos os
carcinomas basocelulares, os espinocelulares (células escamosas) e o melanoma
(Figura 6).

Figura 6 – Desenho esquemático dos tipos de neoplasias de pele

Créditos: Solar22/Shutterstock.

O carcinoma basocelular é o tipo mais frequente de neoplasia de pele. Está


relacionado com as células basais que formam a camada profunda da epiderme.
Em descoberta recente, revelou-se que ele pode ter cura. São mais aparentes em
locais de exposição ao sol, como rosto, orelhas, pescoço, couro cabeludo e
ombro. Mais frequentemente, aparece uma pápula vermelha com crosta central.
O carcinoma espinocelular atinge as células escamosas que estão
presentes na camada superior da pele. Pode aparecer em todo o corpo, mas são
mais frequentes em locais que ficam muito expostos ao sol. Geralmente podem
ficar avermelhados, parecendo uma ferida escamosa e com aparência de verruga.
O melanoma é menos frequente, mas é o mais agressivo. Mas, se
detectado precocemente, tem grandes chances de cura. É caracterizado por
parecer uma pinta, que geralmente muda de cor e pode variar de tamanho e
forma. Algumas vezes, pode sangrar. A sua localização pode ser em qualquer
local do corpo. Origina-se nas células de melanócitos e nas fases iniciais são mais
superficiais, mas podem atingir as camadas mais profundas da pele. Essa

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capacidade de infiltração permite que esse tipo de neoplasia faça metástase, que
é o contato com a corrente sanguínea e a colonização de outros órgãos.
Depois de descrevermos brevemente como ocorre cada uma das
neoplasias de pele, podemos observar, na Figura 7, as características clínicas
dessas neoplasias.

Figura 7 – Características clínicas das neoplasias de pele

Carcinoma espinocelular Carcinoma basocelular

Melanoma

Créditos: Sergei Primakov/Shutterstock; Jax10289/Shutterstock; Krzysztof Winnik/Shutterstock.

TEMA 4 – MALFORMAÇÕES E DISFUNÇÕES

As malformações se caracterizam por excessos ou deficiências dos


componentes da pele, podendo incidir em um ou vários desses componentes.
Geralmente designamos essas malformações com o nome de nevo.
Podemos separar os nevos em epiteliais, sebáceos e pilosos. Os três
possuem alguns constituintes normais, da pele, em abundância. Os epiteliais são
aqueles que possuem excesso de estruturas epidérmicas, os sebáceos possuem
muitas glândulas sebáceas e os pilosos possuem muitos folículos pilosos.
Geralmente, essas malformações são benignas que podem se transformar
em malformações malignas, por exemplo um melanoma.

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Um exemplo de uma malformação por hipodesenvolvimento é a hipoplasia
dérmica focal, que pode ser tanto desenvolvimento anormal de epiderme como da
derme.
As malformações, proliferações e degenerações levam a um processo de
disfunção na pele, que geralmente está relacionada à inflamação.
A pele possui alterações primárias de função sem causa aparente como as
sardas, que são o excesso de melanina, e o vitiligo, que é a falta de melanina.
As sardas (Figura 8) aparecem quando tem muita melanina nos locais que
ficam mais expostos ao sol e acometem pessoas de peles muito claras e ruivas.
O seu aparecimento é mais comum na infância e adolescência. Possuem tons
castanho-claros e são diferentes de manchas na pele. São lesões benignas.

Figura 8 – Pele com sardas: coloração e tamanho

Créditos: Irina Bg/Shutterstock.

O vitiligo é o contrário das sardas, pois é perda de coloração da pele pela


diminuição da função dos melanócitos ou até mesmo pela ausência dessas
células. Manchas brancas aparecem devido a essa falta de pigmentação. E a
disposição das manchas brancas é bem característica (Figura 9).

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Figura 9 – Mão com as manchas brancas características de uma pessoa com
vitiligo

Créditos: Bonevoyage/Shutterstock.

O vitiligo acomete igualmente os dois sexos e pode aparecer em qualquer


idade. Geralmente os melanócitos dos pacientes com vitiligo são destruídos. Ele
pode apresentar caráter autoimune e estar relacionado com a ocorrência na
família. Estresse e alguns distúrbios psicossociais podem também levar ao seu
aparecimento.

TEMA 5 – INFLAMAÇÕES

As inflamações na pele podem ocorrer por diversos fatores. O que temos


que ter em mente é que, cada vez que ocorre um problema na pele, como uma
lesão, desencadeamos um processo interno de resposta para auxiliar na
eliminação e reparo daquela lesão.
As inflamações podem ser isoladas ou associadas a processos como
degenerações, alterações metabólicas, proliferações e malformações. Mas,
podemos entender que as inflamações são o ponto final do processo
fisiopatológico.
Vamos detalhar o processo inflamatório, já que, em toda a nossa aula,
falamos de patologias associadas à inflamação. Quando ocorre uma lesão,
podendo ser um corte na pele ou a entrada de algum microrganismo, o nosso
corpo precisa agir. Primeiro, para impedir sangramento e entrada de novos
invasores. Dessa maneira, uma cascata de eventos vai acontecer no interior do
corpo.
O primeiro evento é a vasodilatação, com consequente aumento do fluxo
sanguíneo. Depois, ocorre o aumento da permeabilidade do vaso, para que as
células de defesa possam sair do vaso e chegar ao local da lesão no tecido. Esse

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aumento de permeabilidade ocorre por efeito da ação de mediadores químicos
como as histaminas, interleucinas, TNF-alfa e leucotrienos.
Como os eritrócitos ficam concentrados no vaso por perda de líquido para
o interstício, devido ao aumento da permeabilidade, ocorre a diminuição do fluxo
sanguíneo. E, assim, os leucócitos pavimentam o endotélio, pois se ligam a
moléculas de adesão como as integrinas. Depois de aderidos ao vaso, sofrem
processos chamados de diapedese e transmigração, que são a saída dos
leucócitos para o local da inflamação, por estímulos quimiotáticos.
Na fase aguda, a inflamação se caracteriza por eritema, edema e dor
produzida pela compressão das terminações nervosas. Na pele, a inflamação
aguda causa dermatite e eczemas agudos (vesiculação, exsudação e
consequências epidérmicas).
Na fase crônica, a infiltração é de monócitos que, ativados, se transformam
em macrófagos. Esses macrófagos ativados produzem substâncias químicas que
são mediadores inflamatórios e que, se não controlados, podem levar a lesões
teciduais, com fibroses características.
Dentre as inflamações crônicas temos os granulomas, que são grupos de
macrófagos cercados por leucócitos como os linfócitos e os plasmócitos. Podem
ser de corpo estranho ou imune.
Quando o corpo está agindo contra os invasores, temos a produção das
citocinas pró-inflamatórias, mas essas citocinas precisam ser barradas, em
determinado momento, para que não ocasionem mais lesão no tecido. Dessa
maneira, temos as citocinas anti-inflamatórias que garantem o autocontrole do
processo inflamatório.
Para que as citocinas possam ser produzidas, precisamos de nutrientes
fundamentais. E a importância disso é que a nossa alimentação está relacionada
diretamente ao combate de invasores e início de processos inflamatórios do nosso
organismo.
Para a produção das pró-inflamatórias devemos ingerir gorduras do tipo
ômega 6, como as do açafrão e do milho (ácido linoleico), e carne vermelha, ovos,
leite (ácido aracdônico). E, para a produção das anti-inflamatórias, devemos
ingerir gorduras ômega 3, como óleos de canola (ácido alfa-linolênico) e salmão,
atum e sardinha (ácido docosa-hexaenoico).
Dentre as inflamações da pele, temos algumas das quais devemos saber
um pouco mais, como acantose, hiperqueratose e granulomas em paliçada.

14
A acantose é a hipertrofia da camada espinhosa da epiderme. Pode estar
associada a diabéticos ou obesos. Ocorre devido a um excesso de queratina. E
tem como característica o aparecimento de manchas escuras. Os locais mais
afetados são axilas, pescoço e virilha. Uma alimentação saudável e o controle da
glicemia podem evitar esse tipo de inflamação de pele.
A hiperqueratose é o aumento do estrato córneo e sua ocorrência
geralmente se associa à presença de uma quantidade grande de queratina. Isso
pode levar também ao aumento da camada granular da epiderme. Pode estar
relacionada com falta de vitamina A. Um tipo especial é a folicular, que tem como
característica o excesso de queratina nos folículos capilares, levando à formação
de pápulas. Já a hiperqueratose plantar ocorre nas solas dos pés e a cirurgia é
recomendada para retirada do excesso de pele morta no local.
Para entender melhor a hiperqueratose plantar, que é bem comum, a
Figura 10 mostra o local de crescimento das camadas de epiderme nas solas dos
pés.

Figura 10 – Desenho esquemático e imagem dos pés com hiperqueratose plantar

Créditos: Cunaplus/Shutterstock; Aksanaku/Shutterstock.

Os granulomas em paliçada são inflamações crônicas que têm como


característica a degradação das fibras de colágeno e ocorrem no granuloma
anular.
O granuloma anular é benigno, de origem autoimune, e acomete mais
crianças e jovens. Pode estar relacionado com diversos estímulos, como
químicos, físicos, infecciosos e incidência de algumas doenças. Mas, seu
aparecimento não está bem esclarecido ainda.

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Esse granuloma tem como característica a formação de placas
eritematosas da cor da pele, parecendo um anel ou círculo. A forma disseminada
é mais comum nos idosos. A área central da placa é levemente atrófica e aparece
geralmente em cotovelos, pés e joelhos, mas pode atingir o corpo todo.
O colágeno na área central (derme superior) tem completa degeneração e
ocorre com aumento da produção de mucina. Há uma alteração, também, nas
fibras elásticas. As lesões podem ser anulares ou papulosas. Muitas vezes,
podem ter associação com a exposição ao sol ou relação com o diabetes mellitus.
Para melhor entendimento, na Figura 11 vamos observar imagens de
granulomas anulares locais e disseminados, para que possamos ter uma ideia da
sua manifestação clínica.

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Figura 11 – Manifestação clínica do granuloma anular

Créditos: Pratuan Netsaengsri/Shutterstock; Tisforthan/Shutterstock.

Para finalizar esta aula, precisamos entender que as alterações fisiológicas


da pele são muitas e estão relacionadas com o surgimento de diversas patologias.
O aparecimento de patologias cutâneas é tratado sempre por especialistas da
área de dermatologia, mas precisamos observar qualquer alteração para fazer o
encaminhamento correto e até mesmo o tratamento adequado.

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REFERÊNCIAS

ALBERTS, B. et al. Fundamentos de biologia celular. 2. ed. Porto Alegre:


Artmed, 2017.

ALBERTS, B. et al. Molecular biology of the cell. 4. ed. Nova York: Garland
Science, 2002.

GARTNER, L. P.; HIATT, J. L. Tratado de histologia em cores. 3. ed. Rio de


Janeiro: Elsevier, 2007.

JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica: texto e atlas. 12. ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.

MENDES, M. R. Dermatologia: do nascer ao envelhecer. 1. ed. Rio de Janeiro:


MedBook, 2012.

ROBERTIS, E. M. F. de; HIB, J. de R. Bases da biologia celular e molecular. 3.


ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.

ROSS, M. H.; PAWLINA, W. Histologia: texto e atlas, em correlação com biologia


celular e molecular. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.

SAMPAIO, S. A. P.; RIVITTI, E. A. Dermatologia. 4. ed. São Paulo: Artes


Médicas, 2014.

18
AULA 6

FISIOPATOLOGIA DA PELE

Profª Beatriz Essenfelder Borges


CONVERSA INICIAL

Nesta aula vamos falar das alterações fisiopatologias mais comuns


relacionadas à pele. Algumas são apenas alterações funcionais, processos
inflamatórios, mas outras estão relacionadas ao processo do envelhecimento do
ser humano.
Abordaremos assuntos como celulites, problemas de falta de colágeno na
pele, acne, falta de hidratação e algumas dermatites.

TEMA 1 – CELULITE

Dermatologicamente a celulite é chamada de lipodistrofia ginoide, que


significa acúmulo de gordura na pele. A epiderme fica com aspecto ondulado em
algumas regiões do corpo, sendo mais frequente em mulheres e após a
puberdade. Pode acometer mais mulheres brancas. No homem, só aparece se
ocorre desregulação hormonal.
A celulite não é considerada um problema médico, mas afeta a estética
feminina, por isso as mulheres buscam tantos tratamentos para esse problema
(Figura 1).

Figura 1 – Desenho esquemático da celulite em comparação com a pele normal

Fonte: Shutterstock/Oliavolha.

Se compararmos a pele normal com a pele com celulite demonstrado na


Figura 1, podemos observar alguns padrões característicos. Na pele normal,
temos a epiderme lisa, a derme regular, os vasos sanguíneos normais, o colágeno
saudável e o tecido adiposo regular. Já na pele com celulite, esse padrão se altera,
a epiderme aparece com “furinhos”, a derme possui irregularidades, diminuição
dos vasos sanguíneos e ocorre estiramento do colágeno e aumento do tecido
adiposo.
2
O fato de não acontecer em homens é pela estrutura do tecido adiposo.
Nesse tecido há as fibras que separam os adipócitos e nas mulheres elas são
finas e perpendiculares à pele para se ligarem ao músculo, enquanto nos homens
são bem grossas e ligam-se no músculo obliquamente. Assim, quando aumenta
o tecido adiposo na mulher, ocorre expansão em direção à pele e no homem, por
causa das fibras grossas, a gordura não vai para a pele, alterando-a, mas sim
para a parte mais profunda.
Os locais de observação da celulite geralmente são nos tecidos que sofrem
a influência do hormônio feminino estrogênio. Esse fenômeno não tem relação
direta com o peso, pois todas as mulheres, independentemente de serem magras
ou gordas, podem ter celulites.
Os hormônios femininos estrogênio e progesterona têm funções muito
importantes no corpo da mulher. Os estrogênios estão relacionados à proliferação
e ao crescimento das células e determinam características sexuais femininas,
sendo produzidos pelos folículos ovarianos. A progesterona, por sua vez, está
relacionada com a preparação do corpo da mulher para a gravidez e
amamentação, e é secretado pelo corpo lúteo.
Para entendermos a regulação hormonal para deposição de gordura na
mulher, precisamos entender o ciclo menstrual (Figura 2). O hormônio folículo
estimulante (FSH) é produzido na hipófise e estimula as células do folículo
ovariano a produzir estrogênio. Quando este atinge seu pico de liberação, ocorre
a secreção do hormônio luteinizante (LH), que induz o folículo a se transformar
em corpo lúteo e produzir progesterona. Todos esses hormônios aumentados
fazem com que a mucosa uterina fique espessa, mas se não acontecer a
fecundação, os hormônios vão diminuir. E a diminuição de progesterona faz com
que ocorra a menstruação.
Essa explicação breve é apenas para que possamos entender as
oscilações hormonais nas mulheres e observarmos na Figura 2 esses detalhes.

3
Figura 2 – Ciclo menstrual das mulheres

Fonte: Shutterstock/Designua.

Depois de vermos como o estrogênio é produzido na mulher, precisamos


entender que esse hormônio tem como característica aumentar o depósito de
proteínas, aumentar a taxa metabólica do organismo, fazendo acúmulo de lipídios
no tecido subcutâneo, principalmente em locais como mama, glúteo e coxas.
Dessa maneira, fica muito evidenciada a relação do estrogênio com a
lipodistrofia ginoide, pois além de fazer acúmulo de lipídio em locais específicos,
também age em vasos sanguíneos, alterando a irrigação local, fazendo com que
aconteça um comprometimento dos tecidos e leve ao processo de fibrose.
Apesar de saber dessa relação com os hormônios, as causas das celulites
ainda são pouco conhecidas. Isso pode ter relação com etnia, biotipo, distribuição
de gordura corporal. Os buracos formados pela celulite nada mais são que gordura
hipodérmica na pele.
Vários são os fatores que predispõem à celulite, como problemas
vasculares, utilização de anticoncepcionais, má alimentação, sedentarismo e
fatores hereditários.

4
Em relação à má alimentação, deve-se ter atenção especial para os
alimentos ricos em açúcar. Esse tipo de alimento aumenta o risco de aparecimento
de celulites, pois podem afetar a função da insulina. A insulina é produzida pelas
células beta pancreáticas com a finalidade de auxiliar a entrada de glicose nas
células do organismo. Quando existe glicose em excesso, a insulina pode ficar
com sua função alterada e estimular o depósito de gordura nas células do corpo.
Alimentos ricos em açúcar também causam um maior envelhecimento do
tecido conjuntivo, alterando as fibras de colágeno e a pele como um todo, assim,
podem causar celulites.

TEMA 2 – ACNE

A acne é uma doença de pele causada pela inflamação ou infecção


das glândulas sebáceas (folículos pilossebáceos), também conhecida como
dermatose inflamatória.
Na puberdade, o aparecimento de acnes ocorre devido ao início da
produção dos hormônios androgênios no homem e estrogênio nas mulheres. São
esses hormônios que iniciam o funcionamento das glândulas sebáceas, que
acabam ficando mais ativas na fase da puberdade. Nessa fase, as glândulas
acabam alterando a secreção sebácea devido à sinalização hormonal tanto da
pele quanto do couro cabeludo. Por isso, o aparecimento de acnes está mais
relacionado à adolescência, mas pode ocorre em qualquer faixa etária.
O local de aparecimento está relacionado com a quantidade de glândulas
sebáceas, assim pode aparecer mais nas costas, face e peito.
O surgimento da acne pode ocorrer em decorrência de quatro fatores
(Figura 3). O primeiro pode ser o entupimento folicular por sebo ou por
queratinócitos; depois, pela produção excessiva de secreções da glândula
sebácea e pela colonização dos folículos pilosos pela bactéria da microbiota
normal Propionibacterium acne; e, por último, pela liberação de mediadores
inflamatórios.

5
Figura 3 – Fatores que podem levar à formação de acnes

Fonte: Shutterstock/Designua.

A bactéria Propionibacterium acne é um microrganismo normal da pele e


tem como função consumir a produção das glândulas sebáceas, mas quando a
produção do sebo é muito grande, essa bactéria pode proliferar e causar
inflamação no folículo.
Essa inflamação acaba abrindo portas para os microrganismos
oportunistas que também estão na pele, como o Staphylococcus e
Corynebacterium, causando agravamento do processo inflamatório.
Existem vários tipos de acnes e estas podem ser classificadas como não
inflamatórias (comedões) e inflamatórias (pápulas, pústulas, nódulos e cistos)
Os comedões abertos e fechados são os cravos, já as pápulas são lesões
arredondadas e eritematosas, pústulas que possuem pus, e os nódulos são
inflamações profundas na pele levando a um processo de degradação de tecido
e cicatrizes. Os nódulos, quando em gravidade maior, podem formar os cistos. Na
Figura 4, temos os tipos principais de acnes.

6
Figura 4 – Tipos principais de acnes

Fonte: Shutterstock/Igdeeva Alena.

Pensando na acne não inflamatória, temos os comedões, que são tampões


de sebo nos folículos e podem ser abertos e fechados. Os abertos possuem o
folículo dilatado, e o fechado tem o folículo cerrado na superfície da pele.
Claramente os fechados têm uma maior dificuldade para remoção, mas de
maneira geral os comedões são de fácil retirada. Os fechados podem evoluir para
uma acne inflamatória, devido à maior dificuldade de eliminação.
Quando a bactéria Propionibacterium acne se prolifera em um comedão
fechado, ela passa a decompor o ácido graxo e a secreção sebácea, fazendo com
que o epitélio do folículo se irrite e os neutrófilos sejam recrutados. Essa
inflamação faz com que ocorra o rompimento do folículo na derme e o conteúdo
do comedão provoca um aumento do processo inflamatório no local, produzindo
as chamadas pápulas. Caso a inflamação seja muito severa, podemos ter o
aparecimento das pústulas com produção de pus.
Os nódulos e os cistos são também processos inflamatórios mais profundos
na pele, podendo ter a participação de mais de um folículo. Já quando surgem os
cistos, temos grandes nódulos flutuantes.
As acnes podem possuir graus diferentes, podendo ter níveis de 1 a 4. O
grau I é aquele mais simples, sem reações inflamatórias, mas apenas com
aparecimento de cravos. O grau II tem cravos e espinhas pequenas e, com

7
pequeno nível de inflamação, podem surgir pontos de pus com as pústulas. No
grau III, as lesões são mais evidentes, maiores e profundas, podendo ser
dolorosas e bem inflamadas. Por último, no grau IV há lesões com cistos, muitos
abscessos, cicatrizes e aparecimento de acnes conglobata.
A acne conglobata é a mais grave, surge mais em homens e é
caracterizada pelo aparecimento de fístulas exsudativas, abscessos, cicatrizes e
queloides.
A acne fulminante é um processo agudo com instalação de febre e úlceras,
pois os abscessos que surgem causam uma necrose hemorrágica, levando à
leucocitose e a dores articulares.
O diagnóstico deve ser feito com a observação e detecção do motivo que
está levando ao aparecimento das acnes, à gravidade do processo e à relação do
paciente com o psicossocial. Esse é um ponto bem importante, pois muitas
pessoas que possuem essa patologia cutânea têm vergonha e acabam se
isolando dos meios sociais.
Dependendo da gravidade, isso pode deixar muitas cicatrizes, o que
também é bem problemático, principalmente para os adolescentes, que estão na
fase de aceitação social. O tratamento pode ser tópico ou sistêmico, dependendo
da gravidade.

TEMA 3 – ENVELHECIMENTO DA PELE

Com o processo de envelhecimento do ser humano, as células somáticas


entram em processo de morte celular e não ocorre a substituição intensa como
quando o indivíduo é jovem. Isso possivelmente acontece pelo envelhecimento
também das células durante toda a nossa vida.
Pensando fisiologicamente o processo de envelhecimento está relacionado
com a degradação do tecido fibroso e uma menor quantidade de renovação
celular, além de diminuição da quantidade de vasos sanguíneos e de algumas
glândulas. Alterações na pele durante o envelhecimento levam a uma maior perda
de água, e a hidratação pode ficar comprometida.
Muitos são os fatores que podem levar ao envelhecimento da pele: a
genética e o estilo de vida estão entre os primeiros. A própria fisiologia individual
pode alterar as condições, podendo ocorrer uma perda de função de quase
metade até os 45 anos. Os hábitos alimentarem também influenciam: alimentos
com altas concentrações de açúcar podem levar a um processo precoce, assim

8
como o tabagismo e o uso de álcool. Outro fator importante é a exposição ao sol.
Já é sabido que a radiação ultravioleta pode prejudicar muito e causar um
envelhecimento precoce.
Em relação ao envelhecimento da pele, temos aqueles que são intrínsecos
e os extrínsecos. Os intrínsecos estão relacionados com o envelhecimento
cronológico.
O envelhecimento cronológico está ligado à genética, a reações do
metabolismo, à regulação hormonal e ao estresse oxidativo. A capacidade de
replicação das células diminui conforme o tempo, devido aos danos ocorridos ao
DNA das células, principalmente as expostas a lesões do envelhecimento.
A diminuição das taxas hormonais de estrogênio e testosterona durante a
menopausa e andropausa leva a uma degradação da pele com dificuldade de
renovação celular, assim tornando as camadas da epiderme e derme mais fina.
O estresse oxidativo está relacionado ao envelhecimento da pele por alterar
o ciclo celular, causar muitos danos ao DNA, fazendo com que ocorra a liberação
de mediadores pró-inflamatórios levando a várias patologias.
A quantidade de açúcar exacerbada na circulação pode levar a danos
oxidativos, ocasionando o envelhecimento precoce, além de alterar a atividade da
insulina. O açúcar, quando se liga às fibras de colágeno e elastina, desenvolve
um processo chamado de glicação, que promove a perda de elasticidade cutânea
e o aparecimento de rugas.
O envelhecimento extrínseco ocorre devido principalmente ao estilo de
vida: exposição solar, sedentarismo, alimentação, álcool, tabagismo, poluição do
ambiente.
A radiação solar é um dos fatores mais preponderantes no envelhecimento
da pele, pois causa queimaduras, aparecimento de sardas e manchas e pode
causar melanoma. Quando a pele entra em contato frequente com o sol, ela fica
mais espessa, áspera e com muitas rugas. Não é preciso ser somente
queimaduras solares, pois qualquer tipo de queimadura pode levar a um
envelhecimento precoce.
Na Figura 5 temos os níveis de queimadura na pele. Pode-se observar que
o nível 3 atinge uma região muito maior e mais profunda da pele. Queimaduras
de pele levam ao envelhecimento precoce, pois a pele perde suas características.

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Figura 5 – Níveis de queimadura de pele

Fonte: Shutterstock/Tefi.

Os tabagistas também apresentam um envelhecimento severo na pele,


pois o contato direto desta com as toxinas da fumaça levam a uma perda de
elasticidade e a uma baixa oxigenação cutânea. A pele do fumante geralmente é
mais amarelada e eles possuem muitas rugas ao redor da boca.
O álcool pode estimular a produção de radicais livres que lesionam o DNA
levando ao processo de envelhecimento, pela degradação de colágeno e acúmulo
de elastina.
Por último, temos o envelhecimento pela má alimentação. Já comentamos
sobre os alimentos ricos em açúcar, mas podemos citar também aqueles que
auxiliam na recuperação da pele como os ricos em vitamina A e C.
O envelhecimento da pele tem 3 fases: a da perda de luminosidade, a perda
de firmeza e a perda da densidade. Na fase de perda da luminosidade, aparecem
as linhas de expressão devido a uma insuficiência de colágeno, causando uma
leve flacidez e irregularidades na pele.
A fase de perda de firmeza ocorre quando não ocorre um preenchimento
adequado das fibras na pele. Ocorre um desgaste grande de colágeno e elastina,
levando a um aumento das rugas mais profundas na face.
E a fase de perda da densidade ocorre devido à diminuição do metabolismo
celular e à queda significativa de produção de colágeno. Isso ocasiona uma perda
de densidade e o relaxamento da pele, além de ressecamento.
A Figura 6 mostra um desenho comparativo de uma pele jovem e uma pele
de um idoso para que possamos observar as diferenças estruturais dessas peles.

10
Conforme a pessoa envelhece, os componentes celulares são alterados dando
uma forma diferente à morfologia da pele.

Figura 6 – Desenho comparativo de uma pele de um jovem e de uma pessoa idosa

Fonte: Shutterstock/Neokryuger.

TEMA 4 – DESIDRATAÇÃO CUTÂNEA

A camada córnea é a responsável pelo equilíbrio de hidratação da pele,


pois nessa camada existe o fator natural de hidratação, o qual é formado pelo
depósito de secreção das glândulas sebáceas e sudoríparas formando um manto
hidrolipídico, juntamente com os queratinócitos decompostos e ácido hialurônico,
que auxilia na retenção hídrica.
O processo de hidratação da pele é fundamental para repor a proteção
natural. Quando o fator de nutrição não está funcionando, ocorre uma maior perda
hídrica, consequentemente falta oxigenação do tecido deixando a pele áspera,
sem brilho e com rugas.
As rugas podem surgir por uma expressão facial muito intensa. A utilização
demasiada de alguns músculos faciais faz com que ocorra o aparecimento de
rugas em determinadas localidades da face. E quando estão relacionadas ao

11
envelhecimento, temos as alterações do tecido conjuntivo, causando
deformidades na camada de gordura, além de perda progressiva de elastina e
colágeno.
O ácido hialurônico está na pele, mas principalmente na derme. É da classe
dos glicosaminoglicanos com repetições de dissacarídeos em sua cadeia. Dessa
maneira, é um composto com características hidrofílicas (Figura 7).

Figura 7 – Desenho esquemático da pele jovem e envelhecida com ácido


hialurônico e a estrutura do ácido

Fonte: Shutterstock/Elh.

Possui consistência viscosa e espessa, possibilitando o preenchimento dos


espaços na derme, garantindo proteção contra choques. Com o decorrer dos
anos, sua produção diminui, causando contração da substância fundamental e a
perda da característica de viscosidade. Já na epiderme, auxilia na hidratação
devido a suas características intrínsecas.
Além da alteração do ácido hialurônico, a falta de hidratação pode levar a
alterações de colágeno e elastinas por falta de oxigenação e envelhecimento
dessas fibras.
A perda de colágeno leva à flacidez celular, pois é a proteína de ligação da
pele com estruturas adjacentes. Muitas vezes não é a desidratação que leva à
perda de colágeno e sim o envelhecimento do colágeno que auxilia no processo
de desidratação da pele, pois sem essa proteína as glândulas sebáceas e
sudoríparas diminuem a função deixando a pele exposta para a perda de água.
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Os livros de dermatologia trazem que as pessoas com mais ou menos 50
anos produzem apenas 35% do colágeno necessário para o nosso organismo.
A reposição de colágeno pode ser feita pela nossa alimentação, dessa
maneira o consumo de carne vermelha é importante, pois esse alimento é rico
nessa fibra.
A desidratação pode ocasionar um processo chamado de turgor. Essa é
uma condição que faz com que a pele fique com menos elasticidade. Quando um
idoso está desidratado e puxamos a sua pele com as mãos, ela demora para voltar
ao normal, o que indica a desidratação do indivíduo.
O turgor da pele está relacionado com o entrelaçamento das fibras de
colágeno e elastina. O equilíbrio entre estas é o responsável por uma pele
saudável, por isso a falta dessas fibras causa a perda da flexibilidade da pele,
causando-lhe um aspecto de envelhecida e fazendo com que apareçam as rugas
e linhas de expressão. A água, neste contexto, auxilia esse equilíbrio entre as
fibras e garante a característica saudável da pele.
Na Figura 8 observamos um desenho esquemático da pele jovem e
envelhecida mostrando o equilíbrio e o desequilíbrio das fibras de colágeno e
elastina, além do ácido hialurônico com o passar do tempo.

Figura 8 – Desenho esquemático da disposição das fibras de colágeno,


elastina e ácido hialurônico em pele jovem e envelhecida

Fonte: Shutterstock/Elen Bushe.

TEMA 5 – ESTRIAS

Dermatologicamente a estria é uma atrofia do sistema tegumentar que


aparece no momento em que as fibras elásticas e colágenas se rompem. Isso leva

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ao processo de cicatrização, constituindo a aparência das estrias na pele (Figura
9).

Figura 9 – Desenho esquemático de uma pele normal e outra com estria para
evidenciar o rompimento do colágeno

Fonte: Shutterstock/Cessna 152.

As estrias podem ser classificadas em três tipos: as vermelhas, as brancas


superficiais e as brancas profundas (Figura 10). Aparecem quando acontece um
crescimento muito rápido da pele, por exemplo, na gravidez ou quando a mulher
engorda de uma vez só, na expansão dos seios por próteses de silicone, levando
a um estiramento cutâneo muito grande.

Figura 10 – Imagens de peles com estrias avermelhadas e esbranquiçadas.

Fonte: Shutterstock/Baipooh; Shutterstock/Natalie Speliers Ufermann.

As vermelhas são aquelas recentes, assim mais fáceis de serem


eliminadas. A coloração indica que o irrigamento sanguíneo ainda está ocorrendo.
Com a degradação do colágeno e elastina, alguns pequenos vasos também se
rompem, causando um processo inflamatório com cicatrização local.

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Conforme passa o tempo, as estrias vermelhas passam a ficar brancas,
porque cessa o processo inflamatório local. Assim, a cicatrização foi finalizada e
as estrias aparecem lisas com uma pequena elevação. Entre as estrias brancas,
temos as superficiais e também conhecidas como hipertróficas e as profundas ou
atróficas.
As estrias têm várias causas, mas já se sabe que podem estar relacionadas
a fatores hormonais e mecânicos. É mais comum nas mulheres, mas podem
aparecer em qualquer pessoa de qualquer idade.
Em relação à causa hormonal, na gravidez e na adolescência, que é o
período de maior frequência de aparecimento de estrias nas mulheres, isso pode
estar relacionado aos hormônios glicocorticoides. Esses hormônios agem na
inibição dos fibroblastos, que são responsáveis pela manutenção das fibras e
substância amorfa no tecido conjuntivo que compõe a pele.
Dentro da dermatologia, existe uma teoria endócrina para explicar o
aparecimento de estrias e está relacionada com as funções hormonais, pois tanto
na adolescência quanto na gravidez os hormônios androgênios estão elevados e
nos obesos há um aumento dos hormônios da suprarrenal, levando, assim, a
pensarmos que a relação hormonal pode ser realmente um fator que contribui
para o aparecimento das estrias.
Os tratamentos para as estrias são muito difíceis, pois apenas as
avermelhadas podem ser tratadas. Mas, na maioria das vezes, o que é feito é
apenas dar um aspecto mais saudável à pele.

15
REFERÊNCIAS

ALBERTS, B. et al. Fundamentos de biologia celular. 2. ed. Porto Alegre:


Artemed, 2017.

_____. Molecular biology of the cell. 4. ed. New York: Garland Science, 2002.

DE ROBERTIS, E. M. F.; HIB, J. De Robertis bases da biologia celular e


molecular. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.

GARTNER, L. P.; HIATT, J. L. Tratado de histologia em cores. 3. ed. Rio de


Janeiro: Elsevier, 2007.

JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica: texto e atlas. 12. ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.

MENDES, M. R. Dermatologia: do nascer ao envelhecer. 1. ed. Rio de Janeiro:


MedBook, 2012.

ROSS, M. H.; PAWLINA, W. Histologia: texto e atlas, em correlação com biologia


celular e molecular. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.

SAMPAIO, S. A. P.; RIVITTI, E. A. Dermatologia. 4. ed. São Paulo: Artes


Médicas, 2014.

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