Fisiopatologia Da Pele: Prof Beatriz Essenfelder Borges
Fisiopatologia Da Pele: Prof Beatriz Essenfelder Borges
Fisiopatologia Da Pele: Prof Beatriz Essenfelder Borges
FISIOPATOLOGIA DA PELE
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Além disso, esse tecido tem outras funções, como proteção, absorção de
moléculas e íons em órgãos como rins e intestino, e serve ainda para perceber
estímulos gustativos e olfatórios.
A secreção também é importante nesse tecido, pois este possui glândulas
que são estruturas especializadas na secreção de alguns tipos de substâncias.
O tecido epitelial pode surgir a partir dos três folhetos embrionários
(endoderme, mesoderme e ectoderme). A ectoderme origina o tecido epitelial que
reveste externamente o corpo; a mesoderme origina o epitélio que reveste os
vasos sanguíneos, chamado de endotélio e também o epitélio de revestimento de
membranas que envolvem órgãos; já a endoderme origina o epitélio do tubo
digestivo e as glândulas relacionadas a ele.
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Entre as células epiteliais e o tecido conjuntivo existe a lâmina basal, com
espessura entre 40 a 120nm e visível somente em microscópio eletrônico. Tem
como componentes principais colágeno tipo IV, laminina, entactina e
proteoglicanos. Dessa maneira, prendem-se ao tecido conjuntivo através das
fibrilas de colágeno tipo VII. Essas lâminas basais não são exclusivas de tecido
epitelial, pois existem também em outros tecidos. Por exemplo, ao redor das
células de Schuwann no sistema nervoso periférico e células musculares.
As funções da lâmina basal são aderir às células epiteliais ao tecido
conjuntivo, filtrar moléculas, regular diferenciação celular por se ligarem a fatores
de crescimento, influenciar a proliferação e a polaridade das células, servir de
suporte para migração e organizar proteínas nas membranas.
A lâmina basal influencia a diferenciação e a proliferação celular no tecido
epitelial. Quando as células perdem o contato com a lâmina basal, elas morrem
por um processo chamado de apoptose ou morte programada. A lâmina basal
serve ainda de suporte para a migração durante o desenvolvimento embrionário
e a regeneração dos epitélios.
Associada à porção inferior da lâmina basal, existe uma camada de fibras
reticulares, que possui como principal proteína estrutural o colágeno do tipo III.
Essa camada de fibras reticulares é chamada de lâmina reticular, que é secretada
pelo tecido conjuntivo. A lâmina basal e a lâmina reticular compõem a membrana
basal do tecido epitelial. A membrana basal é visível ao microscópio óptico
(microscópio de luz). Para entender melhor, a seguir temos uma figura
representando o epitélio, lâmina própria e membrana basal (Figura1).
Fonte: Sciencepics/Shutterstock
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As lâminas basal e reticular se mantêm unidas pela proteína de adesão
fibronectina, pelo colágeno do tipo VII, e pelas microfibrilas, formadas pela
glicoproteína fibrilina. Essas substâncias também são secretadas pelas células do
tecido conjuntivo. Dessa maneira, a membrana basal está ligada à matriz
extracelular do tecido conjuntivo pelas fibrilas de ancoragem e adesão.
As superfícies apical, lateral e basal de muitas células epiteliais são
modificadas para o melhor desempenho da sua função.
Os epitélios possuem especializações de membrana em abundância.
Essas estruturas também são encontradas na maioria dos tecidos, mas o tecido
epitelial, por ter como característica uma adesão intensa e coesão entre as
células, faz com que haja várias estruturas na sua membrana. A pele, por
exemplo, é sujeita a fortes trações e, dessa maneira, possui estruturas de adesão
que possibilitam que não se rompa.
As especializações de membrana no tecido epitelial podem ser na
superfície lateral, basal e apical. Na superfície lateral temos as interdigitações,
junções de oclusão, junções aderentes, desmossomos e junções comunicantes.
Já na superfície apical temos as microvilosidades e cílios. E na superfície basal
há os hemidesmossomos (Figura 2).
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As interdigitações estão presentes na epiderme e no fígado e têm como
função aderir e ampliar a superfície de contato entre duas células. São
invaginações da membrana plasmática lateral que se encaixam na célula vizinha,
garantindo uma maior adesão e coesão celular.
Junções oclusivas estão próximas da superfície apical da célula e se
formam pela interação das membranas laterais das células adjacentes. Vedam o
espaço intracelular da passagem de substâncias entre as células vizinhas e estão
presentes nas células intestinais, tubos renais e canais excretores. São formadas
pela ligação de proteínas transmembranas de adesão, por exemplo, as ocludinas
e claudinas.
As junções aderentes fazem a ligação entre as células, fazendo com que a
camada epitelial fique mais resistente a trações e pressões. São formadas por
proteínas caderinas que estão ancoradas a filamentos de actina formando a trama
terminal no ápice das células. As caderinas são glicoproteínas dependentes de
cálcio e, na falta desse íon, perdem a capacidade de adesão.
Os desmossomos são constituídos por duas placas densas situadas na
porção citoplasmática adjacente à membrana celular de células vizinhas. As
placas são constituídas pelas proteínas desmoplaquina, placoglobina, placofilina
e estão ligadas entre si por proteínas transmembranosas (desmogleínas) no
espaço intercelular. Na porção citoplasmática, cada placa está ligada por
filamentos intermediários do citoesqueleto (queratina). Tem como função formar
regiões pontuais de adesão entre as células, conferindo resistência à tração.
Podem ser encontrados além do epitélio, nas células musculares cardíacas.
As junções comunicantes são formadas por seis monômeros proteicos de
conexinas ligados entre si, formando um poro na região central chamado de
conexon. Esses conexons permitem a passagem de íons e moléculas pequenas
e têm a capacidade de abrir e fechar quando estimulados. Cada célula possui um
conexon alinhado à célula vizinha, formando um canal que facilita a passagem de
moléculas entre elas. São estruturas importantes na contração muscular e nas
células do intestino.
Em relação às especializações de membrana apical, temos as
microvilosidades, que são evaginações da membrana com a finalidade de
aumentar a superfície de absorção. Dessa maneira, estão presentes nas células
do epitélio de revestimento do intestino delgado e do túbulo contorcido proximal
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do rim. Elas são formadas por filamentos de actina que entrelaçam na trama
terminal, a qual possui miosina responsável pela produção do movimento. Os
feixes de actina são mantidos por fibrina e vilina. As células com microvilosidades
possuem grandes quantidades de glicocálice, devido à grande produção de
dissacaridases e dipeptidases. O glicocálice tem como função ajudar a proteger a
superfície celular de lesões mecânicas e químicas. E também pode atuar como um
filtro gerando um microambiente especial na superfície da célula.
Os cílios também são especializações apicais e têm como principal função
movimentar o muco através do seu batimento. Estão presentes nos epitélios do
aparelho respiratório conduzindo o muco, poeira e micro-organismos para fora do
corpo e na tuba uterina, conduzindo o muco e o zigoto para o útero. Possuem na
sua estrutura nove pares de microtúbulos periféricos e um par central. Para
relembrar, os microtúbulos são estruturas cilíndricas e ocas formadas por
proteínas chamada tubulinas. Estão inseridos nos corpúsculos basais dos ápices
celulares, logo abaixo da membrana. Para que os cílios se movimentem
rapidamente, precisam de energia da molécula de ATP (adenosina trifosfato).
Na parte basal da célula tem uma especialização de membrana chamada
de hemidesmossomo que tem como função proporcionar resistência aos tecidos,
fixando a célula à matriz extracelular. Promovem a ligação de filamentos
intermediários do citoesqueleto aos componentes que estão presentes na lâmina
basal. Essa estrutura é formada por um disco citoplasmático na qual se inserem
os filamentos intermediários e uma porção constituída por proteínas
transmembranas de adesão conhecidas como integrinas, que se ligam aos
componentes da lâmina basal. Estão presentes nos epitélios da pele, cavidade
oral, esôfago, vagina e córnea.
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3.1 Epitélio de revestimento
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Geralmente têm função de proteção. São divididos em pavimentoso, cúbico,
prismático ou de transição.
O epitélio pavimentoso estratificado se distribui em muitas camadas, e o
formato das células vai depender da localização delas. As células basais ficam
próximas ao tecido conjuntivo e têm formato cúbico ou prismático. Essas células
migram para a superfície e modificam a sua forma. Quanto mais na superfície,
mais alongadas e achatadas ficam. Essa migração para a superfície faz com que
as células basais se afastem dos nutrientes do tecido conjuntivo e, dessa maneira,
descamem, sendo substituídas pelas células novas que iniciam a migração. Esse
epitélio é encontrado nas cavidades úmidas como cavidade oral, esôfago, vagina,
canal anal, que estão sujeitas a atrito e força mecânica. Também conhecido como
epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado.
O epitélio pavimentoso estratificado queratinizado está presente em
superfícies secas (pele) e possui células da camada superficial que perdem suas
organelas e têm o citoplasma substituído por uma proteína fibrosa, a queratina,
levando a célula à morte e formando uma camada não celular. Essa queratina
impede a desidratação e dá proteção à superfície da pele. As células mortas
acabam sendo descamadas da superfície.
O epitélio cúbico estratificado possui células cúbicas ou cilíndricas
dispostas em duas ou três camadas. Está presente em glândulas salivares e
sudoríparas.
O epitélio de transição está presente na bexiga, ureter e início da uretra. As
células são especializadas para que possam sofrer distensões e relaxamentos.
Quando o epitélio está distendido, as células se apresentam de uma forma,
parecendo 2 a 3 camadas, e quando o epitélio está relaxado, parece ter quatro a
cinco camadas.
A seguir, temos a Tabela 1, que contém todas as informações mais
importantes de cada tipo de epitélio.
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Tabela 1 – Características gerais dos epitélios de revestimento simples e
estratificados
Forma e
Número de
Epitélio aspecto Função Localização
camadas
celular
Pavimentoso simples Pulmão, capilar
Células Passagem de
Única camada sanguíneo e
achatadas substâncias
vísceras
Cúbico simples Ovário,
pâncreas e
Absorção e
Única camada Células cúbica ductos
secreção
excretores de
glândulas
Cilíndrico simples Células altas e Digestão e Intestino e
Única camada
prismáticas absorção vesícula biliar
Cilíndrico Proteção,
pseudoestratificado remoção e Traqueia e
Única camada Células altas
ciliado eliminação de brônquios
impurezas
Pavimentoso Proteção
Cavidade oral,
estratificado (não Várias Células mecânica e
esôfago, vagina
queratinizado) camadas achatadas contra perde de
e canal anal
água
Pavimentoso Células Proteção e
Várias
estratificado achatadas ou impede a Pele
camadas
queratinizado cuboides desidratação
Cúbico estratificado Várias Células cúbicas Transporte ativo Glândula salivar
camadas ou cilindricas de íons e sudorípara
Transição Várias Células com
Proteção Bexiga e ureter
camadas forma variável
Os epitélios glandulares são formados por células que têm como função
secretar, sintetizar, armazenar e eliminar substâncias como proteínas, lipídeos e
complexos conjugados de carboidratos e proteínas.
As glândulas são formadas a partir do epitélio de revestimento. As células
desse epitélio proliferam e acabam invadindo o tecido conjuntivo. Podem ser
classificadas como exócrinas e endócrinas.
As glândulas exócrinas são aquelas que possuem um canal ou ducto,
mantendo a união com o epitélio de origem. As secreções nessa glândula ocorrem
através desse ducto tubular, que faz com que sejam eliminadas na superfície do
corpo ou em uma cavidade. Esse tipo de glândula possui duas partes: a porção
secretora, responsável pela síntese e secreção de substâncias, e a parte dos
ductos glandulares, que é a região que elimina a secreção.
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As glândulas exócrinas podem ser divididas em simples, quando têm
apenas um ducto secretório, e glândula composta, quando possui ductos
ramificados.
Além dessa classificação, ainda podemos dividir as glândulas exócrinas
quanto à organização celular da parte secretora. Dependendo da forma, as
glândulas simples podem ser tubulares (quando apresentam um formato de tubo),
tubulares enoveladas e tubulares ramificadas ou acinosas. As compostas podem
ser divididas em tubulares, acinosas ou tubuloacinosas.
A localização de cada uma das glândulas depende do tecido que
pertencem. A glândula tubular simples está presente no intestino grosso,
possuindo uma luz tubular única que despeja a secreção no interior do órgão. A
glândula tubular simples ramificada está no estômago e possui várias porções
tubulares secretoras que chegam em um único tubo não ramificado. A glândula
acinosa simples aparece como bolsas nas superfícies epiteliais, por exemplo, da
uretra peniana. A glândula acinosa simples ramificada possuí muitos ácinos
secretores que desembocam em um único canal excretor (um exemplo seria a
glândula sebácea). A glândula tubular composta apresenta ductos ramificados e
um exemplo é a glândula de Brunner do duodeno. A glândula acinosa composta
possui unidades com forma de ácinos e secretam para um sistema de ductos
ramificados (os exemplos são as glândulas do pâncreas). As glândulas túbulo-
acinosa compostas possuem unidades secretoras com componentes tubulares
ramificados e componentes acinosos ramificados (um exemplo é a glândula
salivar submandibular).
Quanto à eliminação da secreção pela glândula exócrina, podemos
classificá-la em merócrina (pâncreas), quando a secreção é eliminada sem perda
do citoplasma como uma exocitose; apócrina (mamária) quando a secreção
contém o produto mais pedaços do citoplasma das células secretoras; e holócrina
(sebáceas), quando a secreção eliminada é constituída pelas próprias células
secretoras, levando a célula a morte.
As glândulas exócrinas possuem células que secretam alguns tipos de
secreções diferentes, como secreção serosa, mucosa ou seromucosa. As células
serosas secretam fluído aquoso rico em enzimas e, dessa maneira, possuem
grande quantidade de retículo endoplasmático rugoso. As mucosas secretam
fluído rico em glicoproteínas. E, por último, as seromucosas são conhecidas como
mistas, pois possuem tanto células serosas quanto mucosas.
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A seguir, um quadro representativo de todas as características,
classificações e exemplos das glândulas exócrinas (Tabela 2).
Glândula intestinal e
Simples
1- Ramificação da porção sudorípara
secretora Glândula sebácea e
Ramificada
submandibular
Glândula de
Tubular reta
Lieberkühn do intestino
Apócrina (secreção +
Glândula mamária
citoplasma)
Merócrina (sem perda de Glândula salivar
4- Liberação da secreção citoplasma) submandibular e do pâncreas
Holócrina (morte da célula e
libração junto com a Glândula sebácea
secreção)
Serosa Glândula salivar parótida
Glândula de Brünner
5- Tipo de secreção Mucosa
(duodeno)
Glândula salivar
seromucosa
submandibular
As glândulas endócrinas, por sua vez, são cordões com células secretoras
envolvidas por uma rede de vasos sanguíneos. A taxa de secreção dessas
glândulas é modulada por hormônios. Não possuem ductos, por isso suas
secreções são lançadas na corrente sanguínea e seguem pela circulação até
encontrar o alvo específico. As partes secretoras de algumas glândulas
endócrinas são determinadas por células contráteis que estão presentes entre as
células secretoras e a membrana basal. Possuem formato estrelado com núcleo
centralizado e citoplasma com prolongamentos que envolvem a porção secretora
da glândula. A contração dessas células é parecida com a contração das células
musculares. Quando se contraem, comprimem as partes secretoras e eliminam o
produto de secreção. Na glândula tireoide é encontrado um tecido um pouco
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diferente, em que as células epiteliais se dispõem em folículos esféricos que
armazenam moléculas que formarão os hormônios.
As glândulas endócrinas são classificadas como cordonal e folicular ou
vesicular. As cordonais se organizam em fileiras ou cordões anastomosados e
separados por vasos sanguíneos. E são a maioria das glândulas endócrinas.
Adrenal, paratireoide, lobo anterior da hipófise, ilhotas de Langerhans. As
foliculares possuem as células organizadas em folículos com uma única camada
de célula. Esses folículos são preenchidos com o material secretado. O exemplo
desse tipo de glândula é a tireoide.
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As células do tecido epitelial possuem uma alta capacidade de renovação
por atividade mitótica, pois esse tecido é muito dinâmico. A divisão mitótica é um
processo constante nas células epiteliais, pois estas possuem vida curta e
precisam ser constantemente renovadas. A velocidade de renovação desse tecido
varia de epitélio para epitélio. As que se renovam mais rapidamente são as células
do epitélio intestinal, que são totalmente substituídas a cada semana. As de
renovação lenta são as células do pâncreas e fígado, que levam mais de mês para
serem substituídas.
Assim como em outros tecidos, os epitélios podem sofrer uma alteração
reversível na qual um tipo de célula adulta é substituído por outro tipo celular,
processo este denominado de metaplasia, que é uma substituição celular
patológica. No caso de fumantes crônicos, por exemplo, o epitélio
pseudoestratificado ciliado da traqueia pode se modificar em pavimentoso pela
ação das toxinas e componentes irritativos presentes na composição do cigarro.
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da pinocitose é a interiorização de moléculas em vesículas para o citoplasma da
célula.
As células serosas têm formato piramidal, com núcleos arredondados. O
fato de essa célula possuir na região basal basofilia faz com que possua grande
quantidade de retículo plasmático rugoso nesse local, seguido de Complexo de
Golgi bem desenvolvido na região acima do núcleo e vesículas secretoras. O
produto de secreção das vesículas sai da célula por exocitose, processo esse bem
controlado por proteínas motoras e do citoesqueleto. Essas células aparecem no
pâncreas e nas glândulas salivares.
Um exemplo de células secretoras de muco é a célula caliciforme do
intestino, que possui muitos grânulos com glicoproteínas hidrofílicas. Esses
grânulos preenchem a parte apical da célula, e o núcleo fica na região basal
juntamente com o retículo endoplasmático rugoso e o complexo de Golgi. Essas
organelas estão em abundância nessas células, pois sintetizam grande
quantidade de proteína que se juntará com os monossacarídeos, por meio da ação
das enzimas glicosiltransferases e, quando liberadas da célula pela secreção, se
tornarão hidratadas, formando o muco viscoso, elástico e lubrificante. Também
temos células produtoras de muco no pulmão, esôfago, estômago, glândulas
salivares e trato genital.
As células mioepiteliais estão em várias glândulas exócrinas, como
lacrimais, salivares, mamárias e sudoríparas. Essas células estão ao redor das
unidades secretoras e se organizam de forma longitudinal. Localizam-se entre a
lâmina basal e a região basal da célula secretora ou do ducto, conectadas pelos
desmossomos e junções comunicantes. No citoplasma das células mioepiteliais,
há inúmeros filamentos de actina e miosina e filamentos intermediários
(queratina). Elas se contraem ao redor da porção secretora da glândula auxiliando
a saída de secreção para a região exterior.
Células secretoras de esteroides estão presentes nos testículos,
suprarrenais e ovários. São acidófilas e arredondadas com núcleo central.
Possuem muito retículo endoplasmático liso com enzimas para sintetizar
colesterol. A secreção é de esteroides com atividade hormonal.
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REFERÊNCIAS
_____. Molecular biology of the cell. 4. ed. New York: Garland Science, 2002.
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica: texto e atlas. 12. ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.
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AULA 2
FISIOPATOLOGIA DA PELE
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As células mesenquimais são um tipo especial de célula que é a tronco
pluripotente, a qual célula tem a capacidade de se diferenciar em muitos tipos de
células. No tecido conjuntivo, essas células podem se diferenciar em fibroblasto,
célula adiposa, condroblasto e osteoblasto. As células mesenquimais apresentam
formato de estrela, devido aos prolongamentos citoplasmáticos. É uma célula com
muitas junções comunicantes na membrana lateral.
Para esclarecer como as células do tecido conjuntivo se formam, a Figura
1 é um esquema representativo das linhagens celulares derivadas da célula
indiferenciada. As células derivadas da linhagem hematopoiética possuem células
intermediárias entre os exemplos, mas no esquema isso não foi representado.
2.1 Fibroblastos
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menores e mais delgados que os fibroblastos que estão com o metabolismo muito
ativo. Quase não possuem prolongamentos citoplasmáticos, nem retículo
endoplasmático e Golgi bem desenvolvidos. Essas características diferentes são
claras, pois essas células não estão em atividade e sim em repouso. Quando se
ativam em fibroblastos, modificam-se morfologicamente para que possam fazer
produção e secreção de moléculas da matriz.
A Figura 2 demonstra um esquema de todas as funções do fibroblasto, já
que ele é uma das células mais importantes desse tecido.
Fonte: Shutterstock/Designua.
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2.3 Mastócitos
2.4 Plasmócitos
Trata-se de células com núcleo esférico, pois são ovoides com grande
quantidade de retículo endoplasmático e complexo de Golgi. No tecido conjuntivo
normal, estão em pequena quantidade, mas em locais de possível entrada de
bactérias e proteínas estranhas, como nas mucosas do intestino, estão em grande
quantidade. Aparecem também em maior número quando temos uma inflamação
crônica.
Os plasmócitos surgem dos linfócitos B do sangue, que entram no tecido
conjuntivo e se diferenciam nos plasmócitos, e apresentam como função principal
produzir anticorpos. Relembrando, os anticorpos são glicoproteínas da família das
imunoglobulinas produzidas quando ocorre a entrada de uma molécula estranha
no organismo (antígenos).
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2.5 Leucócitos
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Tabela 2 – Células do tecido conjuntivo com suas funções específicas
8
e os de ancoragem. Os diferentes tipos de colágeno estão localizados nos ossos,
nas cartilagens, no músculo liso e na lâmina basal.
Os colágenos que formam longas fibrilas são aqueles em que os colágenos
I, II, III, V ou XI se agrupam para formar as fibrilas. E formam os ossos, dentina,
tendões e derme. Os associados as fibrilas são os do tipo IX, XII e XIV, que ligam
as fibrilas de colágeno uma à outra e aos componentes da matriz extracelular. O
colágeno que forma rede tem o colágeno tipo IV se associando para formar essa
rede para funcionar como local de aderência e filtração. E, por último, temos os
de ancoragem, que é o tipo VII, que faz ancoramento do colágeno do tipo I com a
lâmina basal.
A estrutura funcional da fibra colágena é o tropocolágeno, o qual provém
do procolágeno, que é sintetizado no retículo endoplasmático e no complexo de
Golgi das células produtoras de colágeno. O procolágeno se transforma em
tropocolágeno pela enzima procolágeno peptidase.
O tropocolágeno tem glicina e lisina na sua estrutura. As cadeias peptídicas
se enrolam formando uma hélice e se unindo para formar a fibra completa de
colágeno. Os variados tipos de colágeno são resultados de diferenças na estrutura
das cadeias polipeptídicas.
Nos colágenos do tipo I, II e III, o tropocolágeno está agregado em
microfibrilas, formando as fibrilas. Essas moléculas estão unidas por pontes de
hidrogênio e ligações hidrofóbicas. No colágeno tipo I e III, as fibrilas se associam
formando as fibras. O colágeno do tipo II não forma fibra e está presente em
cartilagens. O colágeno do tipo IV não forma nem fibras nem fibrilas. As fibras
colágenas mais numerosas no tecido conjuntivo são as do tipo I.
9
No processo de cicatrização, as primeiras fibras a serem sintetizadas são
as reticulares, que depois são substituídas pela colágena, que é bem mais
resistente a trações.
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monossacarídeo não nitrogenado o ácido hialurônico (ácido glicurônico ou ácido
idurônico). Essas cadeias lineares, com exceção o ácido hialurônico, têm ligações
covalentes com um eixo proteico formando um proteoglicano.
Os proteoglicanos são associados a um ou mais dos glicosaminoglicanos,
que são sulfato de darmatana, condroitin sulfato e sulfato de heparana.
A função dos proteoglicanos e glicosaminoglicanos é a de encher o espaço
entre as células do tecido conjuntivo, grudar as células a matriz e permitir a
passagem de nutrientes e outras substâncias aos tecidos ao redor e se ligar a
fatores de crescimento.
Os proteoglicanos dão produzidos no retículo endoplasmático rugoso (eixo
proteico). A glicosilação inicia no retículo e termina no complexo de Golgi
juntamente com a sulfatação da molécula.
As glicoproteínas multiadesivas são proteínas ligadas a glicídios e têm
como função ligar célula a célula e célula a substrato. Um exemplo é a
fibronectina, que é formada pelo fibroblasto e apresenta receptores de ligação
para células, colágeno e glicosaminoglicanos, auxiliando a migração e adesão
celular. Outro exemplo de glicoprateínas multiadesivas é a laminina, que tem
como função a adesão de células basais à lâmina basal.
No tecido conjuntivo, existe também uma pequena quantidade de fluido
chamada de fluido tissular, que se assemelha ao plasma sanguíneo em relação
aos íons e água, oxigênio, dióxido de carbônico e nutrientes. Esse fluido leva ao
tecido conjuntivo os nutrientes e gases e retira as excretas da metabolização
celular, o que ocorre com o transporte de água. O plasma passa para o tecido
conjuntivo devido à pressão hidrostática, e a pressão coloidosmótica faz o líquido
retornar para o capilar. Como a quantidade de líquido que sai é maior do que a
que retorna, uma parte fica no tecido conjuntivo. Quando ocorre qualquer
problema com esse equilíbrio, podemos ter a formação de edema no local.
A Figura 3 demonstra exatamente a dinâmica do movimento dos fluidos
através do tecido conjuntivo. A importância dessa movimentação se dá pelo fato
de que é por meio dela que as células são nutridas e o tecido conjuntivo consegue
passar substâncias para outros tecidos, por exemplo, o tecido epitelial.
11
Figura 3 – Movimento dos fluidos
12
Figura 4 – Esquema de todos os tipos de tecidos conjuntivos
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REFERÊNCIAS
ALBERTS, B. et al. Fundamentos de biologia celular. 2. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2017.
_____. Molecular biology of the cell. 4. ed. New York: Garland Science, 2002.
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica: texto e atlas. 12. ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.
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AULA 3
FISIOPATOLOGIA DA PELE
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Figura 1 – Esquema representativo da origem dos adipócitos nos dois tipos de
tecido adiposo
3
Figura 2 – Desenho esquemático do adipócito. Célula característica do tecido
unilocular. Adipócito com uma única gota de gordura no citoplasma
Crédito: Shutterstock/Sakurra
4
função de armazenamento de gordura. E a gota única que é característica dessa
célula ocorre pela aderência de várias gotas até e formação de uma só.
5
Figura 3 – Célula do tecido adiposo multilocular
TEMA 4 – HIPODERME
7
Tabela 1 – Adipocinas liberadas pelo tecido adiposo
5.1 Leptina
8
aminoácidos), com maior expressão no hipotálamo, e os receptores de cadeia
curta (menor quantidade de aminoácidos), ObRa, encontrados em outros órgãos
como o pâncreas, e mais especificamente nas células das ilhotas de Langerhans.
Ela reduz o apetite no indivíduo a partir da inibição da formação de
neuropeptídeo Y, e também do aumento da expressão de neuropeptídeos
anorexígenos (hormônio estimulante de a-melanócito (a-MSH) e hormônio
liberador de corticotropina (CRH).
Já se sabe que a leptina pode agir no próprio tecido adiposo, pois foram
encontrados receptores para ela na membrana dos adipócitos, sugerindo que ela
possua uma atividade autócrina. Nos adipócitos, a leptina pode aumentar a
quantidade de mitocôndrias no interior das células, fazendo com que possa oxidar
muitos lipídios.
A Figura 4 mostra todas as atividades que a leptina pode desempenhar,
mostrando sua grande importância no organismo. Ainda temos muito que estudar
sobre essa molécula e, devido à sua grande atuação, pode ser que ainda exista
muito mais a saber.
Crédito: Shutterstock/Designua
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5.2 Adiponectina
5.3 Resistina
É uma proteína rica em cisteínas e tem como uma das funções principais
promover resistência à insulina, além de estar envolvida com o processo
inflamatório. Ela age especificamente na captação de glicose relacionada com a
insulina. A insulina é um hormônio secretado pelas células betas pancreática e
tem como função captar a glicose para os tecidos.
A insulina, depois de produzida, fica armazenada em vesículas sob a ação
dos níveis de glicose no sangue. Responde também de maneira positiva aos
aminoácidos, ácidos graxos e corpos cetônicos. Além disso, a secreção desse
hormônio também pode ser controlada pelo sistema nervoso.
A resistência à insulina é uma resposta ineficiente a uma concentração
qualquer desse hormônio. Pode ocorrer em várias situações, por exemplo,
diabetes, obesidade, hipertensão e infecções. Pouco se sabe sobre os
mecanismos dessa resistência, mas já se tem conhecimento de que pode estar
relacionada ao aumento da gliconeogênese hepática e a modificações em vias de
sinalização da própria insulina no tecido adiposo.
5.5 Angiotensinogênio
11
Quando ocorre um aumento de glicose no sangue, o excesso vai para o
fígado para ser armazenado em forma de glicogênio. Mas se, por um acaso, esse
glicogênio estiver em alta concentração, o fígado faz a quebra em ácido graxo e
o joga no sangue. Assim, a quantidade de ácidos graxos na corrente sanguínea
aumenta muito e esse excedente será depositado na pele dentro dos adipócitos,
aumentando o tecido adiposo.
O processo inverso, a lipogênese, é a lipólise. A lipólise é a hidrólise dos
lipídios com a formação de ácidos graxos e glicerol e tem como local de ocorrência
o tecido adiposo.
Muitos são os fatores que influenciam esses processos, como ingesta
calórica, hormônios, gasto de energia corpórea e hereditariedade.
5.8 Grelina
12
Figura 5 – Relação hormonal com apetite
Crédito: Shutterstock/Designua
13
Figura 6 – Desenho esquemático do equilíbrio de leptina e grelina
Crédito: Shutterstock/Designua
14
REFERÊNCIAS
_____. Molecular biology of the cell. 4. ed. New York: Garland Science, 2002.
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica: texto e atlas. 12. ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.
15
AULA 4
FISIOPATOLOGIA DA PELE
2
A epiderme e a derme se encontram em uma região irregular. A derme
possui papilas dérmicas que se encaixam nas curvas da epiderme que são
chamadas de cristas epidérmicas, fazendo com que aumente a ligação entre as
camadas.
A pele apresenta estruturas anexas conhecidas como unha, pelos, glândula
sebácea e glândula sudorípara.
Depois de termos uma ideia da pele, vamos detalhar cada parte com todas
as suas estruturas, para que depois possamos falar das patologias relacionadas
à pele.
TEMA 2 – EPIDERME
Fonte: Shutterstock/Blamb.
3
Vamos detalhar essas camadas iniciando da derme para a superfície.
Assim, a camada basal possui células prismáticas ou em formato de cubos que
repousam na membrana basal, local que separa a epiderme da derme. Essa
camada também é chamada de camada germinativa por apresentar muitas
células troncos no seu interior. Possui uma grande atividade mitótica, pois é
responsável, juntamente com a camada espinhosa, pela renovação da epiderme.
Dependendo do local e até mesmo da idade do indivíduo, a epiderme pode sofrer
renovação a cada 15 dias, podendo chegar até 30 dias. Nessa camada, existem
muitos filamentos de queratina, mas conforme as camadas vão se aproximando
da superfície, a quantidade desses filamentos aumenta.
A camada espinhosa possui células cuboides ou um pouco achatadas com
um núcleo bem central. No seu citoplasma, há expansões com filamentos de
queratina chamados de tonofilamentos que se unem com as células vizinhas pelos
desmossomos. Essa arquitetura, quando vista no microscópio eletrônico, dá à
célula um aspecto espinhoso. Na epiderme, os filamentos de queratina e os
demossomos são importantes, pois dão adesão celular e resistência ao atrito.
Nessa camada, também temos as células tronco de queratinócitos.
A camada granulosa tem células poligonais com núcleo central e com
apenas três a cinco camadas. No citoplasma das células estão presentes os
grânulos de querato-hialina, que não possuem membrana envolvendo mas lá
existem proteínas histidinas fosforiladas e ricas em cistina, o que confere
característica de grânulos basófilos. As células dessa camada também possuem
os grânulos lamelares, que só podem ser visualizados ao microscópio eletrônico
e apresentam discos lamelares envolvidas com bicamadas lipídicas e membrana.
A finalidade desses grânulos lamelares é se fundir com a membrana da célula e
secretar o conteúdo lipídico para que esse se deposite e forme uma barreira de
impermeabilização, impedindo a desidratação.
A camada lúcida é bem mais evidente na pele espessa e possui células
achatadas sem organelas e núcleos, pois essas estruturas foram digeridas por
enzimas lisossomais. Apresentam muitos filamentos de queratina e podem-se
observar os desmossomos aderindo-se às células vizinhas.
A camada córnea tem células achatadas, mortas e sem núcleo. Possuem
citoplasma com muita queratina. A diferenciação dos queratinócitos faz com que
os tonofilamentos modifiquem a sua composição. Na camada basal, temos células
com queratina de peso molecular baixo, e quando os queratinócitos estão bem
4
diferenciados, eles sintetizam queratinas com peso molecular mais alto. Na
camada córnea, esses tonofilamentos estão agrupados com a matriz de grânulos
de querato-hialina, assim não possuem vida e descamam continuamente.
Essas camadas da epiderme com todas as características citadas fazem
parte da pele espessa, já a pele fina frequentemente não possui camada
granulosa e lúcida, e a camada córnea geralmente é muito pequena.
A Figura 3 é uma fotomicrografia de corte de pele espessa da planta do pé
de um ser humano, mostrando as camadas da epiderme e a derme invadindo a
epiderme com as papilas dérmicas sendo representadas. E mais abaixo também
podemos ver o tecido conjuntivo.
5
Os melanócitos se aderem à membrana basal pelos hemidesmossomos,
estruturas especializadas da membrana.
A melanina é uma proteína produzida pela ajuda da enzima tirosinase, que
transforma o aminoácido tirosina em dopa na presença de oxigênio molecular e
depois em dopa-quinona, que, após algumas reações, forma o composto tirosina
melanina que se junta com proteínas formando as melanoproteínas. Essas, por
sua vez, vão polimerizar e formar ao final a melanina.
A enzima tirosinase é produzida nos polirribossomos do retículo
endoplasmático rugoso, depois enviada ao complexo de Golgi para ser acumulada
em vesículas secretoras. Essas vesículas se chamam melanossomos e é nelas
que a síntese de melanina se inicia. Nos melanossomos iniciais, existe tanto
melanina quanto tirosinase, mas quando acaba a síntese da melanina, esse
melanossomo passa a ser chamado de grânulo de melanina, pois não tem mais
atividade da tirosinase (Figura 4).
Depois de formados esses grânulos de melanina, eles vão para os
prolongamentos dos melanócitos até chegar nos queratínócitos, que depositam a
melanina. Os grânulos se aderem ao lisossomo dos queratinócitos e, dessa
maneira, as células mais da superfície não possuem melanina.
Fonte: Designua/Shutterstock.
Fonte: Designua/Shutterstock.
TEMA 3 – DERME
8
A regulação do fluxo periférico também é controlado por estruturas
chamadas de glomos, as quais estão nas pontas dos dedos, face e orelhas e nada
mais são do que anastomoses de arteríolas e vênulas que se contraem para que
o fluxo seja controlado, regulando assim a temperatura.
Nas mãos, pés, lábios e genitais existem nervos sensitivos que formam as
estruturas que recebem estímulos do meio ambiente. Existem receptores
encapsulados e não encapsulados. Os não encapsulados são as terminações
nervosas livres que são sensíveis ao toque e à pressão, chamados também de
receptores táteis. Já os encapsulados são os corpúsculos de Ruffini, Vater-Pacini,
Meissner e Krause.
O corpúsculo de Meissner é responsável pela sensibilidade tátil e estão
presentes em maior quantidade na derme papilar, principalmente em mãos e pés.
O corpúsculo de Vater-Pacini são receptores específicos para percepção de
pressões e estão mais localizados nas palmas das mãos. O corpúsculo de Krause
está entre a mucosa e a pele (área de transição) como nos lábios, língua,
pálpebras, glande, clitóris e lábios vulvares. E possuem maior sensibilidade ao
frio. Os discos de Merkel são terminações nervosas sensíveis ao tato e à pressão,
e estão localizados principalmente nos dedos. O corpúsculo de Ruffini está
relacionado com a sensação de calor e está presente principalmente permeando
as fibras de colágeno. Na Figura 6, podemos observar todos os receptores
sensoriais da pele e verificar um resumo da função específica de cada um deles.
9
Figura 6 – Desenho esquemático dos receptores sensoriais da pele com as
sensibilidades específicas de cada um
Fonte: Tefi/Shutterstock.
TEMA 4 – HIPODERME
A hipoderme não faz parte da pele; é uma camada que está abaixo da
derme e é formada por tecido conjuntivo propriamente dito frouxo.
Essa camada tem como uma de suas funções aderir a derme aos órgãos
que estão por baixo. É responsável por permitir o deslizamento da pele sobre as
estruturas. Pode ter uma camada de tecido adiposo, que, quando está
desenvolvida, pode formar o panículo adiposo, o qual é responsável por dar forma
ao corpo, além de servir como reserva energética e proteção contra o frio. As
células pertencentes a essa camada são os adipócitos, que têm formato
arredondado e no seu interior triglicerídeos.
Portanto, as principais funções dessa camada são ligar a derme a músculos
e ossos, participar da termoregulação, modelar o corpo e auxiliar contra choques,
e pode ainda servir como reserva energética devido à presença de tecido adiposo.
Como já descrito, na hipoderme temos vasos sanguíneos, tecido fibroso,
nervos e muito tecido adiposo.
10
TEMA 5 – ANEXOS DA PELE
5.1 Pelos
11
Depois de entendermos como o pelo é constituído, vamos observar na
Figura 7 as estruturas presentes no folículo piloso e ao seu redor.
Fonte: Disignua/Shutterstock.
5.2 Unhas
12
microrganismos. A placa ungueal é a unha propriamente dita, parte visível. A
lúnula é a parte em formato de meia lua que tem como função proteger os vasos
sanguíneos que estão na epiderme. A cutícula ou eponíquio é uma camada
bastante transparente de células que adere a unha na base e tem como função
principal vedar a placa da unha e o sulco ungueal. A retirada dessa estrutura pode
levar a processos inflamatórios pela entrada de microrganismos ou até mesmo
sujeiras. O hiponíquio é o local que a lâmina possui contato com a epiderme. O
leito ungueal possui poucas camadas e não possui células granulares, e é onde a
unha cresce sobre o dedo, tem muita irrigação e não possui melanócitos. E por
últimos, temos a matriz, que é o local por onde a unha cresce.
Fonte: Monomoon/Shutterstock.
Fonte: Designua/Shutterstock.
14
5.4 Glândula sudorípara
Fonte: Timonina/Shutterstock.
15
O ducto dessa glândula se abre para a superfície da pele e possui uma
hélice que atravessa a epiderme. Possui duas camadas de células que estão
sobre a membrana basal.
O suor secretado pela glândula merócrina é bem diluído, com baixa
concentração de proteínas, mas com sódio, potássio, cloreto, ureia, amônia e
ácido úrico. Quando o suor chega à pele, é totalmente evaporado. Isso ocorre
para auxiliar na diminuição da temperatura corporal.
As glândulas apócrinas estão presentes na axilas, aréola mamária e região
perianal. Os ductos dessa glândula se abrem para o folículo piloso e possuem o
lúmen da parte secretora bem dilatado. O produto da secreção é viscoso e sem
cheiro, mas, quando em contato com as bactérias da pele, pode ter um odor
bastante desagradável. Na mulher, essas glândulas sofrem grande influência do
ciclo menstrual. A inervação ocorre através de fibras adrenérgicas.
16
REFERÊNCIAS
_____. Molecular biology of the cell. 4. ed. New York: Garland Science, 2002.
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica: texto e atlas. 12. ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.
17
AULA 5
FISIOPATOLOGIA DA PELE
2
Na Figura 1 temos um desenho esquemático representativo da microbiota
transitória e residente nas mãos, para que possamos perceber que,
independentemente da lavagem das mãos, possuímos organismos que estão
sempre presentes.
Créditos: WhiteDragon/Shutterstock.
3
A degeneração fibrinoide do colágeno ocorre em pacientes com lúpus
eritematoso. É caracterizada pelo depósito de fibrina no meio das fibras de
colágeno ou ao redor dos vasos sanguíneos. Pode aparecer também nas
vasculites alérgicas.
A degeneração granulosa da epiderme ocorre em doenças congênitas e se
caracteriza por produzir edema intracelular, alterando os contornos celulares das
partes superior e mediana da camada espinhosa da epiderme. Pode vir
acompanhada de grânulos irregulares e às vezes muito grandes de
querato-hialina.
A degeneração hidrópica ou de liquefação também pode aparecer no lúpus
eritematoso, quando ocorre vacuolização das células basais e edema na derme.
A degeneração hialina do colágeno ocorre nas cicatrizações, queloides ou
na esclerodermia. Tem como característica aumento do volume dos feixes de
colágeno e diminuição de fibroblastos.
A degeneração reticular é característica de doenças virais e dermatites
agudas. Causa um edema intenso, levando ao rompimento das células da
epiderme. Forma vesículas septadas, cujos septos são restos das membranas
das células.
Na dermatologia, as degenerações são inúmeras; aqui, apenas falamos de
algumas para que possamos ter em mente a importância da pele, da qual,
qualquer alteração pode estar associada a uma patologia. Algumas patologias
apresentam lesões na pele como característica e sinal clínico. Na próxima aula
falaremos um pouco de algumas doenças de pele, propriamente.
4
acúmulo da fenilalanina no sangue e a excreção dos seus derivados na urina. Os
derivados são ácido fenilpirúvico e fenilacético. A elevação dos níveis de
fenilalanina no sangue é complicada, pois essa substância é tóxica para o
organismo, levando a problemas no sistema nervoso central. Em decorrência do
aumento dessa substância, não ocorre a inibição competitiva pela tirosina,
levando à deficiência de tirosinase, o que provoca alterações pigmentares pela
diminuição da produção de melanina. Com isso, a pele e o cabelo desses
indivíduos afetados ficam claros e os olhos, azuis.
Na fenilcetonúria, as alterações da pele são frequentemente erupções
eczematosas atópicas e alterações esclerodermiformes na parte central do corpo.
Ainda não se sabe como ocorrem as alterações eczematosas, mas as
esclerodermiformes ocorrem devido às alterações do metabolismo de triptofano,
que diminuem sua absorção devido ao elevado nível de fenilalanina.
A homocistinúria é uma doença metabólica hereditária autossômica
recessiva que tem como característica a deficiência na enzima cistationina
beta-sintetase e, na pele, essa deficiência leva ao aparecimento de eritema malar
intenso.
A alcaptonúria também é uma doença metabólica autossômica recessiva,
mas congênita. É caracterizada pela ausência de oxidase do ácido homogentísico
que deriva dos aminoácidos tirosina e fenilalanina. A alteração que aparece na
pele por essa ausência é uma pigmentação azul-acinzentada, azul-amarelada ou
azul-acastanhada nas axilas, regiões auriculares e extremidade nasal. Na análise
histológica, pode-se perceber o pigmento amarelado ou acastanhado na derme,
entre as fibras colágenas.
Outra patologia metabólica que pode alterar a pele é a gota, um distúrbio
do metabolismo das purinas. Essa doença é mais comum em homens e tem
ocorrência familiar frequente. É caracterizada pela hiperuricemia e surto de artrite.
As modificações cutâneas se caracterizam pelo edema e eritema no local, como
se fosse uma celulite. Em pacientes com essa doença há depósitos de material
amorfo na derme (tofo gotoso) e cristais de urato envoltos por linfócitos e células
multinucleadas grandes.
Podemos ter alterações no metabolismo de lipídios, como os xantomas.
Esses xantomas são lesões cutâneas por depósitos de lipídios na pele. São a
exteriorização, na pele, de um distúrbio local ou geral do metabolismo corpóreo.
Podem aparecer mesmo com os lipídios circulantes normais, sendo uma alteração
5
local. Os xantomas planos são as placas amareladas planas ou levemente
elevadas e os mais comuns são os xantelasmas que aparecem nas pálpebras e
estão relacionados com anormalidades nas lipoproteínas séricas de baixa
densidade (Figura 2).
Os lipídios circulantes estão ligados a proteínas chamadas de
apolipoproteínas-A, para que possam circular na corrente sanguínea. Dessa
forma, essa ligação compõe as lipoproteínas de várias densidades. As de baixa
densidade são LDL e VLDL, que se diferenciam pela concentração dos
componentes. A LDL é composta de 57% de colesterol, 30% de fosfolipídio e 13%
de triglicerídio. Já a VLDL possui de 50% a 80% de triglicerídio, de 9% a 20% de
colesterol e de 10% a 25% de fosfolipídios.
Pessoas com diabetes mellitus também podem ter alterações na pele, pela
mudança no metabolismo de hidratos de carbono, gorduras e proteínas ou pela
falta do hormônio insulina. As manifestações clínicas na pele podem ser
aparecimentos de lesões de cor castanha, bolhas, placas verrucosas, pele
espessada.
Uma doença mais rara, mas também relacionada à alteração do
metabolismo, é a porfiria. Essa patologia ocorre pela deficiência enzimática na
biossíntese do grupo heme da hemoglobina. Existem várias formas de porfiria,
mas a maioria são hereditárias e com grande influência ambiental, pois muitos
que possuem a mutação não desenvolvem a doença se não tiverem o início
marcado por um fator ambiental. Essa doença pode afetar várias partes do corpo,
inclusive a pele. Ocorre uma fotossensibilidade, pela capacidade das porfirinas de
absorverem a luz ultravioleta, causando um estado ativado que proporciona a
6
produção de radicais livres de oxigênio. E esses radicais levam a dano tecidual e
peroxidação das membranas.
Na Figura 3, temos um esquema dos locais das manifestações clínicas das
porfirias. Apesar de termos muitas variações, todos os tipos de porfirias acometem
a pele.
Créditos: Designua/Shutterstock.
TEMA 3 – PROLIFERAÇÕES
8
Figura 5 – Fases da mitose
9
de pele estão relacionados com o local que é atingido. Dessa maneira, temos os
carcinomas basocelulares, os espinocelulares (células escamosas) e o melanoma
(Figura 6).
Créditos: Solar22/Shutterstock.
10
capacidade de infiltração permite que esse tipo de neoplasia faça metástase, que
é o contato com a corrente sanguínea e a colonização de outros órgãos.
Depois de descrevermos brevemente como ocorre cada uma das
neoplasias de pele, podemos observar, na Figura 7, as características clínicas
dessas neoplasias.
Melanoma
11
Um exemplo de uma malformação por hipodesenvolvimento é a hipoplasia
dérmica focal, que pode ser tanto desenvolvimento anormal de epiderme como da
derme.
As malformações, proliferações e degenerações levam a um processo de
disfunção na pele, que geralmente está relacionada à inflamação.
A pele possui alterações primárias de função sem causa aparente como as
sardas, que são o excesso de melanina, e o vitiligo, que é a falta de melanina.
As sardas (Figura 8) aparecem quando tem muita melanina nos locais que
ficam mais expostos ao sol e acometem pessoas de peles muito claras e ruivas.
O seu aparecimento é mais comum na infância e adolescência. Possuem tons
castanho-claros e são diferentes de manchas na pele. São lesões benignas.
12
Figura 9 – Mão com as manchas brancas características de uma pessoa com
vitiligo
Créditos: Bonevoyage/Shutterstock.
TEMA 5 – INFLAMAÇÕES
13
aumento de permeabilidade ocorre por efeito da ação de mediadores químicos
como as histaminas, interleucinas, TNF-alfa e leucotrienos.
Como os eritrócitos ficam concentrados no vaso por perda de líquido para
o interstício, devido ao aumento da permeabilidade, ocorre a diminuição do fluxo
sanguíneo. E, assim, os leucócitos pavimentam o endotélio, pois se ligam a
moléculas de adesão como as integrinas. Depois de aderidos ao vaso, sofrem
processos chamados de diapedese e transmigração, que são a saída dos
leucócitos para o local da inflamação, por estímulos quimiotáticos.
Na fase aguda, a inflamação se caracteriza por eritema, edema e dor
produzida pela compressão das terminações nervosas. Na pele, a inflamação
aguda causa dermatite e eczemas agudos (vesiculação, exsudação e
consequências epidérmicas).
Na fase crônica, a infiltração é de monócitos que, ativados, se transformam
em macrófagos. Esses macrófagos ativados produzem substâncias químicas que
são mediadores inflamatórios e que, se não controlados, podem levar a lesões
teciduais, com fibroses características.
Dentre as inflamações crônicas temos os granulomas, que são grupos de
macrófagos cercados por leucócitos como os linfócitos e os plasmócitos. Podem
ser de corpo estranho ou imune.
Quando o corpo está agindo contra os invasores, temos a produção das
citocinas pró-inflamatórias, mas essas citocinas precisam ser barradas, em
determinado momento, para que não ocasionem mais lesão no tecido. Dessa
maneira, temos as citocinas anti-inflamatórias que garantem o autocontrole do
processo inflamatório.
Para que as citocinas possam ser produzidas, precisamos de nutrientes
fundamentais. E a importância disso é que a nossa alimentação está relacionada
diretamente ao combate de invasores e início de processos inflamatórios do nosso
organismo.
Para a produção das pró-inflamatórias devemos ingerir gorduras do tipo
ômega 6, como as do açafrão e do milho (ácido linoleico), e carne vermelha, ovos,
leite (ácido aracdônico). E, para a produção das anti-inflamatórias, devemos
ingerir gorduras ômega 3, como óleos de canola (ácido alfa-linolênico) e salmão,
atum e sardinha (ácido docosa-hexaenoico).
Dentre as inflamações da pele, temos algumas das quais devemos saber
um pouco mais, como acantose, hiperqueratose e granulomas em paliçada.
14
A acantose é a hipertrofia da camada espinhosa da epiderme. Pode estar
associada a diabéticos ou obesos. Ocorre devido a um excesso de queratina. E
tem como característica o aparecimento de manchas escuras. Os locais mais
afetados são axilas, pescoço e virilha. Uma alimentação saudável e o controle da
glicemia podem evitar esse tipo de inflamação de pele.
A hiperqueratose é o aumento do estrato córneo e sua ocorrência
geralmente se associa à presença de uma quantidade grande de queratina. Isso
pode levar também ao aumento da camada granular da epiderme. Pode estar
relacionada com falta de vitamina A. Um tipo especial é a folicular, que tem como
característica o excesso de queratina nos folículos capilares, levando à formação
de pápulas. Já a hiperqueratose plantar ocorre nas solas dos pés e a cirurgia é
recomendada para retirada do excesso de pele morta no local.
Para entender melhor a hiperqueratose plantar, que é bem comum, a
Figura 10 mostra o local de crescimento das camadas de epiderme nas solas dos
pés.
15
Esse granuloma tem como característica a formação de placas
eritematosas da cor da pele, parecendo um anel ou círculo. A forma disseminada
é mais comum nos idosos. A área central da placa é levemente atrófica e aparece
geralmente em cotovelos, pés e joelhos, mas pode atingir o corpo todo.
O colágeno na área central (derme superior) tem completa degeneração e
ocorre com aumento da produção de mucina. Há uma alteração, também, nas
fibras elásticas. As lesões podem ser anulares ou papulosas. Muitas vezes,
podem ter associação com a exposição ao sol ou relação com o diabetes mellitus.
Para melhor entendimento, na Figura 11 vamos observar imagens de
granulomas anulares locais e disseminados, para que possamos ter uma ideia da
sua manifestação clínica.
16
Figura 11 – Manifestação clínica do granuloma anular
17
REFERÊNCIAS
ALBERTS, B. et al. Molecular biology of the cell. 4. ed. Nova York: Garland
Science, 2002.
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica: texto e atlas. 12. ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.
18
AULA 6
FISIOPATOLOGIA DA PELE
TEMA 1 – CELULITE
Fonte: Shutterstock/Oliavolha.
3
Figura 2 – Ciclo menstrual das mulheres
Fonte: Shutterstock/Designua.
4
Em relação à má alimentação, deve-se ter atenção especial para os
alimentos ricos em açúcar. Esse tipo de alimento aumenta o risco de aparecimento
de celulites, pois podem afetar a função da insulina. A insulina é produzida pelas
células beta pancreáticas com a finalidade de auxiliar a entrada de glicose nas
células do organismo. Quando existe glicose em excesso, a insulina pode ficar
com sua função alterada e estimular o depósito de gordura nas células do corpo.
Alimentos ricos em açúcar também causam um maior envelhecimento do
tecido conjuntivo, alterando as fibras de colágeno e a pele como um todo, assim,
podem causar celulites.
TEMA 2 – ACNE
5
Figura 3 – Fatores que podem levar à formação de acnes
Fonte: Shutterstock/Designua.
6
Figura 4 – Tipos principais de acnes
7
pequeno nível de inflamação, podem surgir pontos de pus com as pústulas. No
grau III, as lesões são mais evidentes, maiores e profundas, podendo ser
dolorosas e bem inflamadas. Por último, no grau IV há lesões com cistos, muitos
abscessos, cicatrizes e aparecimento de acnes conglobata.
A acne conglobata é a mais grave, surge mais em homens e é
caracterizada pelo aparecimento de fístulas exsudativas, abscessos, cicatrizes e
queloides.
A acne fulminante é um processo agudo com instalação de febre e úlceras,
pois os abscessos que surgem causam uma necrose hemorrágica, levando à
leucocitose e a dores articulares.
O diagnóstico deve ser feito com a observação e detecção do motivo que
está levando ao aparecimento das acnes, à gravidade do processo e à relação do
paciente com o psicossocial. Esse é um ponto bem importante, pois muitas
pessoas que possuem essa patologia cutânea têm vergonha e acabam se
isolando dos meios sociais.
Dependendo da gravidade, isso pode deixar muitas cicatrizes, o que
também é bem problemático, principalmente para os adolescentes, que estão na
fase de aceitação social. O tratamento pode ser tópico ou sistêmico, dependendo
da gravidade.
8
como o tabagismo e o uso de álcool. Outro fator importante é a exposição ao sol.
Já é sabido que a radiação ultravioleta pode prejudicar muito e causar um
envelhecimento precoce.
Em relação ao envelhecimento da pele, temos aqueles que são intrínsecos
e os extrínsecos. Os intrínsecos estão relacionados com o envelhecimento
cronológico.
O envelhecimento cronológico está ligado à genética, a reações do
metabolismo, à regulação hormonal e ao estresse oxidativo. A capacidade de
replicação das células diminui conforme o tempo, devido aos danos ocorridos ao
DNA das células, principalmente as expostas a lesões do envelhecimento.
A diminuição das taxas hormonais de estrogênio e testosterona durante a
menopausa e andropausa leva a uma degradação da pele com dificuldade de
renovação celular, assim tornando as camadas da epiderme e derme mais fina.
O estresse oxidativo está relacionado ao envelhecimento da pele por alterar
o ciclo celular, causar muitos danos ao DNA, fazendo com que ocorra a liberação
de mediadores pró-inflamatórios levando a várias patologias.
A quantidade de açúcar exacerbada na circulação pode levar a danos
oxidativos, ocasionando o envelhecimento precoce, além de alterar a atividade da
insulina. O açúcar, quando se liga às fibras de colágeno e elastina, desenvolve
um processo chamado de glicação, que promove a perda de elasticidade cutânea
e o aparecimento de rugas.
O envelhecimento extrínseco ocorre devido principalmente ao estilo de
vida: exposição solar, sedentarismo, alimentação, álcool, tabagismo, poluição do
ambiente.
A radiação solar é um dos fatores mais preponderantes no envelhecimento
da pele, pois causa queimaduras, aparecimento de sardas e manchas e pode
causar melanoma. Quando a pele entra em contato frequente com o sol, ela fica
mais espessa, áspera e com muitas rugas. Não é preciso ser somente
queimaduras solares, pois qualquer tipo de queimadura pode levar a um
envelhecimento precoce.
Na Figura 5 temos os níveis de queimadura na pele. Pode-se observar que
o nível 3 atinge uma região muito maior e mais profunda da pele. Queimaduras
de pele levam ao envelhecimento precoce, pois a pele perde suas características.
9
Figura 5 – Níveis de queimadura de pele
Fonte: Shutterstock/Tefi.
10
Conforme a pessoa envelhece, os componentes celulares são alterados dando
uma forma diferente à morfologia da pele.
Fonte: Shutterstock/Neokryuger.
11
envelhecimento, temos as alterações do tecido conjuntivo, causando
deformidades na camada de gordura, além de perda progressiva de elastina e
colágeno.
O ácido hialurônico está na pele, mas principalmente na derme. É da classe
dos glicosaminoglicanos com repetições de dissacarídeos em sua cadeia. Dessa
maneira, é um composto com características hidrofílicas (Figura 7).
Fonte: Shutterstock/Elh.
TEMA 5 – ESTRIAS
13
ao processo de cicatrização, constituindo a aparência das estrias na pele (Figura
9).
Figura 9 – Desenho esquemático de uma pele normal e outra com estria para
evidenciar o rompimento do colágeno
14
Conforme passa o tempo, as estrias vermelhas passam a ficar brancas,
porque cessa o processo inflamatório local. Assim, a cicatrização foi finalizada e
as estrias aparecem lisas com uma pequena elevação. Entre as estrias brancas,
temos as superficiais e também conhecidas como hipertróficas e as profundas ou
atróficas.
As estrias têm várias causas, mas já se sabe que podem estar relacionadas
a fatores hormonais e mecânicos. É mais comum nas mulheres, mas podem
aparecer em qualquer pessoa de qualquer idade.
Em relação à causa hormonal, na gravidez e na adolescência, que é o
período de maior frequência de aparecimento de estrias nas mulheres, isso pode
estar relacionado aos hormônios glicocorticoides. Esses hormônios agem na
inibição dos fibroblastos, que são responsáveis pela manutenção das fibras e
substância amorfa no tecido conjuntivo que compõe a pele.
Dentro da dermatologia, existe uma teoria endócrina para explicar o
aparecimento de estrias e está relacionada com as funções hormonais, pois tanto
na adolescência quanto na gravidez os hormônios androgênios estão elevados e
nos obesos há um aumento dos hormônios da suprarrenal, levando, assim, a
pensarmos que a relação hormonal pode ser realmente um fator que contribui
para o aparecimento das estrias.
Os tratamentos para as estrias são muito difíceis, pois apenas as
avermelhadas podem ser tratadas. Mas, na maioria das vezes, o que é feito é
apenas dar um aspecto mais saudável à pele.
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REFERÊNCIAS
_____. Molecular biology of the cell. 4. ed. New York: Garland Science, 2002.
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica: texto e atlas. 12. ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.
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