CAVALCANTI, H. B. O Projeto Missionário Protestante No Brasil Do Século 19 Comparando A Experiência Presbiteriana e Batista
CAVALCANTI, H. B. O Projeto Missionário Protestante No Brasil Do Século 19 Comparando A Experiência Presbiteriana e Batista
CAVALCANTI, H. B. O Projeto Missionário Protestante No Brasil Do Século 19 Comparando A Experiência Presbiteriana e Batista
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ISSN 1677-1222
As missões protestantes modernas representam uma parcela cultural de tudo que foi
transplantado entre os hemisférios norte e sul na segunda metade do século XIX. Se essa
expansão capitalista teve consequências econômicas, políticas e sociais (Huntington e
Nelson, 1976; Wallerstein, 1979) para as nações do hemisfério sul, as missões lhes
trouxeram uma novo modo de ser igreja (Lenski, 1965). No âmbito cultural do intercâmbio
norte-sul, a difusão de novos modelos religiosos era de se esperar. A imigração de
europeus e norte-americanos para esse hemisfério e a criação de novas camadas sociais
nesses países em desenvolvimento trouxe consigo a necessidade dessa gênese de novas
possibilidades religiosas.
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As missões européias tendem a seguir o modelo religioso que Troeltsch (1960) define
como o de "igreja oficial" onde a religião é exportada como parte da ordem social gerida
pelo estado. Nos países africanos e asiáticos sob a tutela colonial européia, por exemplo,
as igrejas protestantes se tornam a expressão religiosa da presença colonizadora. Os
missionários se utilizam da infra-estrutura colonial (principalmente dos sistemas de
transporte e comunicações exportados para as colônias) para expandir o seu trabalho1,
espalhando não só templos em nações do hemisfério sul, mas também redes educacionais
e hospitalares que influenciariam o desenvolvimento dessas colônias. Dessa forma, as
igrejas protestantes se tornam partícipes no estabelecimento de uma nova ordem social
nos países colonizados (Atteridge, 1885; Conseil Protestant du Congo, 1958; Copley, 1997;
Crane, 1998; Gael, 1995; Haines, 1962; Hempelmann, 1997; Hudson, 2000; Ince, 1984;
Richter, 1922 and 1931; Weitbrecht, 1844).
1
Isso não significa necessáriamente que as missões e os governos coloniais fossem aliados (ou cúmplices)
na causa da colonização. Existe ampla evidência de discordâncias entre as lideranças das igrejas e do
governo local.
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Nos países sob tutela colonial européia há uma completa exportação de cultura e
costumes da sociedade colonizadora para a sociedade colonizada. A forma de governo, a
organização econômica, o modelo de religião, o sistema de educação, e o sistema de
saúde são organizados dentro dos mesmos parâmetros sociais da nação dominante. Nos
países soberanos, as igrejas se estabelecem ao seu próprio custo e lutam para conseguir
uma fatia do "mercado." No caso das igrejas missionárias dos Estados Unidos não existe a
vantagem de operar em colônias. Os missionários são enviados a países que mantém
relações comerciais com a América, mas essas nações usufruem ampla soberania política.
Nesse caso os "custos" são maiores, especialmente em países como o Brasil com um
passado arraigado na religião católica.
Num mercado religioso aberto, cada igreja ou denominação tem que desenvolver uma
catequese eficaz para convencer parte da população local da superioridade de sua
doutrina e prática religiosa. No caso das denominações norte-americanas isso vai ser
difícil, porque o sistema religioso que elas exportam para a América Latina é bastante
diferente do sistema existente no continente. Aqui a cultura ibérica produz um sistema de
relações sociais e espirituais em muitos casos diametralmente opostos ao sistema norte-
americano.
A Igreja Católica, por exemplo, organiza a prática da fé de forma hierárquica, com uma
separação explícita entre clérigos e leigos, onde o controle da igreja é centralizado nas
mãos do episcopado (Ajero, 1962; Barbosa, 1945). Enquanto em países asiáticos ou
africanos a igreja e o sistema de governo são oriundos da mesma cultura colonizadora
(Cauthen, et al., 1970; Dennison, 1871; Kindred, 1998; Pathak, 1967; Pruitt, 1998; Ryu,
1998; Singh, 2000), nos países da América Latina o que existe é uma dissonância entre a
visão trazida pelas as missões norte-americanas e o mundo em que vivem os seus
convertidos.
Uma das questões mais importantes para o estudo de missões num mercado religioso
aberto é justamente o papel da dissonância entre a ideologia protestante e a realidade
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local para determinar o grau de aceitação das missões. Até que ponto a fé trazida pelos
missionários pode despertar as populações locais para um novo modelo de ser igreja e até
que ponto essa visão é tão alienígena que se torna práticamente inadaptável?2
Dessa forma, do ponto de vista religioso, os missionários representam uma força cultural
invasora na América Latina. Assim como outros agentes culturais trazidos pela expansão
comercial (técnicos, especialistas, "entrepreneurs"), eles desestabilizam os modelos locais.
O seu "produto" representa o questionamento do status quo e a possibilidade de uma nova
forma de prática religiosa. E isso vai criar conflitos com o sistema religioso vigente nos
países latino-americanos.
É importante lembrar que nos países de mercado religioso aberto as missões protestantes
não têm sucesso assegurado. Na maioria das vezes o seu crescimento é mínimo e vem
como fruto de um esforço muito grande por parte dos missionários. No caso dos
presbiterianos e batistas no Brasil, por exemplo, mesmo depois de vinte e cinco anos de
trabalho eles terão menos de cinco mil convertidos em cada denominação numa nação que
tem milhões de adultos.
2
O fato de que tanto a igreja presbiteriana quanto a batista sofreram crises de desentendimento entre a
liderança brasileira e os missionários sugere que certos aspectos da visão missionária não foram aceitos
pelos brasileiros, talvez mais cientes da realidade nacional do que os estrangeiros.
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O Caso Brasileiro
O que nosso estudo tenta explicar é o grau de aceitação diferenciado que as duas
obtiveram no período, com base no contexto da sua chegada ao Brasil e na forma
eclesiástica e diferença doutrinária que elas representam.
A maior diferença entre as duas missões é que uma (presbiteriana) tem uma forma
eclesiástica de mais hierarquizada, enquanto a outra (batista) funciona de modo bastante
descentralizado no seu modo de ser igreja. Sociológicamente as igrejas cristãs podem ser
catalogadas em três formas eclesiásticas (McGuire, 1997:98). Existe a forma "episcopal",
exemplificado pela Igreja Católica onde o poder é centralizado numa hierarquia de clérigos.
Existe a forma "presbiteriana", onde o poder é distribuído entre clérigos e leigos de forma
mais representativa, sendo a igreja organizada em várias instâncias jurídicas - o conselho
local, o presbitério e o sínodo a nível regional, e o concílio a nível nacional. E existe a
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forma "congregacional", onde cada congregação local tem amplos poderes para definir a
sua fé e prática religiosa.
As duas missões protestantes chegaram ao Brasil no mesmo período (século XIX) que as
outras missões consideradas históricas chegaram, mas separadas por um espaço de vinte
e cinco anos. Todas as missões protestantes "históricas" chegaram ao Brasil durante o
reinado de D. Pedro II. Os metodistas chegam primeiro em 1836, quatorze anos após a
independência e cinco da abdicação de Dom Pedro I. Os presbiterianos, episcopais,
congregacionais e luteranos chegam por volta da metade do século, no auge do reinado do
segundo imperador brasileiro (Léonard, 1963; Mullins, 1896; Wedeman, 1977; Willems,
1940). E os batistas chegam por último, começando o seu trabalho missionário em 1881
(Bell, 1965; Crabtree e Mesquita 1937-40).
Para entender melhor o sucesso das duas missões, é importante estabelecer o contexto
histórico das suas chegadas. Existem pelo menos três fatores críticos que contribuem para
esse contexto. Primeiro são as condições existentes durante o reinado de D. Pedro II;
segundo é a relação entre a Igreja Católica e o estado durante o mesmo período; e terceiro
é o surto migratório que traz da Europa e dos Estados Unidos mão de obra qualificada.
Todos três fatores contribuem para facilitar o transplante das missões protestantes norte-
americanas para o Brasil. E os três são examinados aqui.
3
Este trabalho entende a "fé voluntarista"como a fé baseada na responsabilidade do indivíduo pela sua
própria salvação, na adoção do proselitismo pela congregação local como forma de conquista de certos
"segmentos" do mercado religioso, e na autonomia de governo de cada congregação num formato
democrático, onde o voto de cada membro conta nas decisões da congregação local (Parker, 1988).
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O Reinado de D. Pedro
Nos transportes o país desenvolve rápidamente uma rede ferroviária para facilitar o
escoamento de seus produtos agrícolas para cidades portuárias. Até 1874 o Brasil tinha
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aproximadamente 800 milhas de ferrovia. Entre 1875 e 1879 se constroem mais 1,023
milhas. De 1880 a 1884 mais 2,200 milhas são criadas. De 1885 a 1889, outras 2,500
expandem o sistema ferroviário. Nas vésperas da criação da primeira república o país
conta com 6,000 milhas de ferrovia. A essa altura, quatorze das vinte províncias brasileiras
são ligadas pela rede ferroviária, apesar da maioria das linhas se concentrarem no Sul do
país (Burns, 1980:201).
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Essa abertura para novas idéias traz para o Brasil no último quartel do século uma série de
ideologias, entre elas o Iluminismo, o Darwinismo, e o Positivismo. Essas ideologias
ajudam a fomentar nas classes médias o desejo de reformas sociais mais amplas5.
Intelectuais, profissionais de classe média, oficiais do exército, e outros grupos urbanos
criam associações para promover causas liberais como o abolicionismo, o favorecimento
da imigração européia, o federalismo, a separação entre o estado e a igreja, a reforma
eleitoral, e os idéias republicanos (Burns, 1980; de Azevedo, 1950; Lustosa, 1991; Viotti da
Costa, 1987).
5
Ao surto de novas idéias resultou em grande parte da emergência de um novo elemento na sociedade, os
grupos de classe média urbanos, grandes o suficiente para influenciar o cenário nacional, mais abertos para
as inovações experimentadas pelo Brasil de então, e fortes o suficiente para desafiar o poder tradicional da
aristocracia rural. Junto aos comerciantes, agentes comerciais, exportadores, artesãos, funcionários públicos,
advogados, padres, professôres, banqueiros, e oficiais do exército que compunham os grupos de classe
média, se encontram a força assalariada urbana dos estivadores, mecânicos, operários, e lojistas. Em
resumo, na segunda metade do século era possível se encontrar no Brasil um segmento médio da população,
que apesar de não coeso B muitas vezes por se interrelacionar com a classe dos donos de terra - se tornou
mais e mais vocal e influente.@ (Burns, 1980:240).
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Criar espaço para a fé protestante num país profundamente católico é uma tarefa
desalentadora. Quando os primeiros missionários protestantes chegam ao Brasil o
Catolicismo já celebrava mais de 300 anos em terras brasileiras. Desde os tempos de
colônia que o país foi considerado oficialmente católico, tendo o rei de Portugal como
defensor da fé na colônia. Durante o império, D. Pedro II assume a mesma função, através
do estabelecimento do Padroado (Carneiro, 1950; de Azevedo, 1963), um sistema
contratual entre a coroa e o Vaticano, pelo qual o imperador, como defensor da fé, passa a
gerir os negócios da Igreja no Brasil como se esta fôsse uma dos instituições
governamentais (Barbosa, 1945; Dornas Filho, 1938)6.
O Padroado enfraquece a Igreja Católica durante a maior parte do século XIX. Controlada
pelo governo, a Igreja se vê incapaz de manter até mesmo as suas funções mais básicas,
como a formação e sustentação de um corpo de clérigos competente, e a catequese eficaz
que garanta a pureza ortodoxa e doutrinária no país. . Isso cria uma erosão da fé e prática
católica que dura por quase todo o século (Bello, 1966; de Holanda, 1969; Wedeman,
1977). Quando os missionários presbiterianos chegam na metade do século, a Igreja
Católica já se encontra bastante enfraquecida.Quando os batistas chegam, trinta anos
depois, o Catolicismo brasileiro está depalperado. Os missionários se aproveitam dessa
fraqueza da Igreja Católica para expandir as sua igrejas. Em cartas aos Estados Unidos
eles criticam a mediocridade moral e intelectual dos padres, e as práticas "semi-pagãs" e
"supersticiosas" do catolicismo popular. Para eles os brasileiros não são católicos por
convicção, mas sim por tradição7.
6
"Entre os cargos políticos a serem preenchidas pelo patrimonialismo estavam os religiosos. Adotando o
mesmo modêlo dos tempos coloniais, o governo propõe ao Vaticano poder nomear o arcebispo da Bahia e os
outros oitos bispos da nação. Os padres paroquiais também seriam indicados pelo governo aos bispos e as
promoções ou transferências dependiam de contatos políticos. Se a Igreja contava com a lealdade dos fiéis, a
sua administração estava completamente emaranhada com a administração de outras instituições políticas. O
estado coletava as ofertas e dízimos e repassava à Igreja os parcos salários dos clérigos. Muitos deles
tentavam conseguir emprêgo como capelães em fazendas ou trabalhando para as irmandades ricas das
cidades. Os padrinhos, públicos ou particulares, esperavam dos clérigos a mesma a deferência absoluta que
recebiam de outros afilhados. Se em outros tempos os padres se involviam em rebeliões, da metade do
século em diante eles só pregavam a ordem e a obediência às autoridades constituídas." (Graham, 1987:143).
7
Essa crítica tem uma certa base empírica, mas deve ser entendida dentro do contexto histórico do
Catolicismo brasileiro. Veja o comentário de Bello: "O Catolicismo da maioria das classes dominantes era igual
ao do imperador: um deísmo sincero, apático e formal, onde sobrevivia mais o receio maior de ser taxado de
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A luta entre a Igreja Católica e a monarquia na segunda metade do século, por outro lado,
deixa a Igreja bem mais vulnerável aos ataques das forças pró-republicanas. A questão
religiosa de 1870, quando a Igreja colide com o imperador A oposição da Igreja à
Monarquia durante a crise religiosa de 1870 (com relação à Maçonaria) e a sua oposição à
política republicana a partir de 1889 contribuem para o seu enfraquecimento nos meios
urbanos. Os grupos pró-republicanos vêem a igreja como uma instituição retrógrada e pré-
moderna, incapaz de contribuir para o progresso do país (Thornton, 1948; Torres, 1968).
Não é pois de surpreender, que um dos primeiros decretos da nova república é o da
separação do estado e da Igreja. Irônicamente, até mesmo o Vaticano louvaria o decreto,
reconhecendo no mesmo o mecanismo que garantirá à Igreja uma maior autonomia (Ajero,
1962; Dornas Filho, 1938).
A Questão da Imigração
Outro fator que contribui para a propagação da ideologia protestante no país é o surto de
imigração européia e norte-americana do último quartel do século (Burns, 1980; Dawsey
defensor do Syllabus de Pio IX. Na vida familiar, a prática religiosa era poética e tradicional, em muito
semelhante ao culto romano dos antepassados. A nível popular, o culto religioso é mesclado de forma vívida
com o sincretismo Africano. Nesse contexto, é de se entender que a moral e a disciplina religiosa fossêm
deploráveis. O comcubinato dos padres, especialmente nas áreas rurais, é aceito pelos fiéis. Alguns dos
clérigos, especialmente os líderes políticos ou aqueles que têm contatos políticos importantes, nem se
preocupam em esconder os filhos bastardos. Além disso, políticos leigos e clérigos fazem parte da Maçonaria
apesar da condenação oficial dessa instituição pela Igreja Católica" (Bello, 1966:5).
8
"Porque as suas raízes cresceram no solo da piedade católica numa nação nominalmente católica, o
Protestantismo brasileiro constantemente sentia a necessidade de definir a sua natureza e missão em
contraste à Igreja dominante. A marioria dos protestantes tinham um débito enorme com a Igreja Católicas
pela formação religiosa que receberam; débito que eles se negavam a aceitar. Isso se deve à ruptura radical
que era exigida quando da conversão do fiél à fé protestante, e à polêmica árdua da Igreja Católica contra as
novas comunidades religiosas, e mensagem que lhe trouxe um novo senso de libertação e sentido de vida.
Todos esses fatores contribuíam para que o novo convertido visse a Igreja dos seus antepassados em têrmos
totalmente negativos" (Pierson, 1971:33).
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O recrutamento de imigrantes começa por volta de 1820, mas atinge o seu apogeu na
segunda metade do século (Burns, 1980)9. Nesse período o país custeia até as despesas
de transporte dos novos imigrantes, chegando a contar com 133,000 imigrantes num só
ano (1888). Ao todo, entre 1820 e 1930 o país recebe entre quatro e meio a cinco milhões
de imigrantes europeus e norte-americanos. A maioria deles se instalando nas províncias
sulistas. Uma boa parte desses imigrantes é européia e Católica, mas um número pequeno
deles são oriundos dos Estados Unidos e são protestantes (Burns, 1980; Carneiro, 1950;
Luebke, 1987; Willems, 1940 e 1972).
9
Burns nos ajuda a entender o volume migratório do período: "O último quartel do século XIX foi um período
de intensa imigração européia, recebendo o país aproximadamente 40 por cento do volume total de seus
imigrantes. Entre 1891 e 1900 a média anual chegou a 112,500... o total de imigrantes recebidos pelo Brasil
entre 1820 e 1930 varia, mas um cálculo conservador seria de que o número fosse entre 4.5 e 5 milhões, dos
quais 3.5 milhões fixaram residência permanentemente" (Burns, 1980:362). Esse influxo aumenta à proporção
que o século chega ao fim. Enquanto o país recebeu só 2,072 imigrantes por volta de 1850, em 1888 o volume
era de 133,253 (Burns, 1980:264).
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Milhares de europeus que imigram para o Brasil e o Chile são protestantes - fato
que seria inconcebível na época colonial das duas nações. Tão pouco seriam os
clérigos protestantes e missionários aceitos pelas autoridades coloniais,
autoridades cujo o zêlo em excluir hereges se comparava ao cuidado das
autoridades portuárias em prevenir o livre acesso a portadores de doenças
contagiosas. A chegada dos primeiros missionários episcopais, congregacionais,
presbiterianos, batistas e metodistas, a distribuição profusa de Bíblias e folhetos
religiosos pelos colportores evangélicos, a pregação do evangelho em praça
pública, e a criação das primeiras congregações protestantes com convertidos
do Catolicismo demonstram o grau de mudança nas atitudes das duas
sociedades marcadas pelas incertezas e a inquietação do período, pelo
enfraquecimento dos controles sociais que por três séculos efetivamente
impediram as forças da Reforma Protestante de penetrarem nas monolíticas
sociedades da América Latina (1967:57-58).
Esses três fatores - a modernização no reinado de D. Pedro II, a relação entre a Igreja
Católica e o estado, e a leva migratória norte-americana - formam o contexto para a
inserção da fé protestante no Brasil. Se o crescimento das duas denominações estudadas
é relativamente tímido durante o período, nossa pesquisa demonstra que haviam
condições para a implantação de novas formas de ser igreja no país; que havia uma
abertura para outras opções em termos de igrejas cristãs e que os brasileiros responderam
de forma favorável a essas opções.
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A missão presbiteriana traz para o Brasil uma forma eclesiástica que foi muito influente na
formação da própria nação Americana. A forma representativa de governo republicano dos
Estados Unidos se assemelha ao sistema presbiteriano de organização interna. Nele,
todos os membros da Igreja e todas as congregações locais elegem representantes que
formam conselhos para governar a Igreja em várias instâncias jurídicas: no nível local,
regional e nacional. O poder fica assim dividido entre clérigos e leigos.
O trabalho presbiteriano no Brasil é custeado pelas duas maiores igrejas presbiterianas dos
Estados Unidos, a igreja do norte e a igreja do sul (divisão gerada durante a guerra civil
americana). Enquanto o primeiro Presbitério (conselho regional de congregações locais),
criado no Rio de Janeiro em 1865, foi organizado pelos missionários da igreja do norte, os
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A Igreja Presbiteriana foi mais bem sucedida em atrair a nobreza do país (as famílias do Marquês do
Paraná, Barão de Antonina - senador imperial - e dos Souza Barros, parentes da coroa portuguesa), e as
lideranças política e militar (duas famílias de nome em São Luís do Maranhão, e as famílias do almirante
Sebastião Caetano dos Santos, do tenente Cícero Barbosa - que se tornaria mais tarde um dos primeiros
clérigos presbiterianos no Brasil, e do general Abreu e Lima, um dos maiores defensores do Protestantismo no
Brasil). A burguesia urbana também estava bem representada. A Igreja contava com o engenheiro Miguel
Vieira Ferreira, o poeta A. J. dos Santos Neves, o escritor Júlio César Ribeiro Vaughan, o médico Vital Brasil,
e os industriais José Luís Fernandes Braga e Domingos Antônio da Silva Oliveira. Entre os primeiros clérigos a
Igreja ordenou homens de negócio como os reverendos Trajano, Miguel Torres, e Vicente Themudo Lessa,
alfaiates como Miranda e Silva, e até sapateiros como Batista de Lima e Silva. Ferreira e Leonard também
mencionam a presença de outros advogados, médicos, professores universitários e mestres escolares
(Ferreira, 1959, Leonard, 1963).
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como pessoas mais educadas, interessados em trabalhar com fiéis que tenham o mesmo
nível de educação.
Desavenças e Divisões
O transplante da fé presbiteriana para o Brasil não seria tão fácil quanto os missionários
esperavam. Na época da organização do seu primeiro Sínodo, a Igreja já se via às voltas
com sérias divisões internas e pressões externas que aos poucos transformariam a fé
anglo-saxônica.
Depois, veio a luta pelo controle da Igreja. Com o advento da República, o Brasil sofre um
surto de nacionalismo que afeta a liderança da Igreja. Clérigos nacionais sonham em criar
a sua própria versão de Protestantismo e usam o Sínodo de 1903 para tentar avançar a
sua causa. A Igreja se encontra fatalmente dividida tanto em termos doutrinários como
administrativos. Os clérigos nacionais usam a doutrina presbiteriana para tentar banir do
seu meio a participação na Maçonaria (uma boa parte dos missionários eram maçons), ao
mesmo tempo em que tentam assumir o controle do seminário e da rede de escolas da
Igreja. O conflito gera a criação de uma outra igreja, a Igreja Presbiteriana Independente
(Bear, 1961; Pierson, 1971).
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frequentarem cultos não-católico, e alguns dos santuários erigidos pela Igreja são
apedrejados. Só no período da primeira República mais de 80 casos de perseguição
religiosa são documentados contra a Igreja Presbiteriana (Ferreira, 1959; Leonard, 1963;
Pierson, 1971).
Essa ênfase na liberdade religiosa também existe ao nível de indivíduo - cada pessoa é
responsável pela sua salvação, buscando esse momento salvífico por conta própria. Uma
11
"A organização dos Batistas do Sul não é hierárquica. Cada congregação e cada membro usufrui de um alto
teor de liberdade na escolha de sua fé e prática... a cooperação voluntária entre as congregações é o
fundamental para a denominação. Os Batistas tem razão quando insistem em dizer que eles não são uma
'igreja' e sim uma 'denominação'" (Spain, 1967:9-10).
12
"Os Batistas do Sul... vêm da tradição de igrejas livres, cuja a ênfase sectária é a da democracia local como
forma de governo e da separação do fiel do mundo pecaminoso. No modêlo eclesiástico batista a autoridade
maior reside em cada congregação autônoma, que apoia os programas da denominação de forma voluntária.
As congregações elegem os seus próprios clérigos e representantes para as convenções anuais, que
controlam as agências da denominação. Os líderes da denominação, cientes dos limites à sua autoridade,
trabalham na base do consenso e da cooperação. O trabalho é voltado para a promoção dos objetivos
institucionais: sustentação dos orçamentos e do patrimônio, e a conversão e arrolamento de novos fiéis"
(Eighmy, 1972:xi).
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vez salva, essa mesma pessoa tenta expressar a sua salvação numa vida íntegra de
serviço à sua congregação local, serviço que se traduz no proselitismo de "não-salvos" e
no processo de educação religiosa dos "salvos" (Parker, 1988). Cada pessoa é também
responsável por se educar e crescer na fé. Apesar de manter códigos morais bastantes
semelhantes aos códigos presbiterianos, no meio batista o indivíduo pauta a sua própria
jornada de forma mais autônoma.
A missão batista no Brasil começa em 1881, com o envio pela Convenção Batista do Sul
dos Estados Unidos de pastores para trabalhar com imigrantes norte-americanas no
interior de São Paulo. Os missionários chegam ao Brasil já com intenção de expandir o
trabalho (Harrison, 1954; Mesquita, 1940; Taylor, n.d.) e se transferem de São Paulo para
Salvador, Bahia na primeira oportunidade. Ali é fundada a primeira congregação batista em
outubro de 1882.
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da Igreja Católica como justificativa para cristianizar um país considerado cristão (Bagby,
1889; Wedeman, 1977).
13
"Os protestantes começaram o trabalho missionário no Brasil por estarem convencidos que o Catolicismo
seria uma forma corruta de Cristianismo e que eles teriam para oferecer aos brasileiros a verdadeira forma de
religião. Essa visão negativa do Catolicismo continou a existir no meio protestante até mesmo depois das
missões se estabelecerem no país. Como os missionários não tinham condições de entender as diferenças
culturais que os confrontavam, a maioria deles acreditava que o atraso visto na cultura brasileira seria culpa
do Catolicismo do país, e eles culpavam a Igreja por tudo de errado ou pecaminoso que encontravam na
sociedade local. Os apologistas protestantes argumentavam que a Igreja Católica teve mais de trezentos anos
para criar uma cultura cristã no Brasil, e os resultados dessa tentativa foram a ignorância religiosa dos
brasileiros e o atraso do país. Eles sugeriam que o Protestantismo era a alternativa certa para a salvação dos
brasileiros e o progresso do Brasil." (Wedeman, 1977:151).
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de mercenários, vendidos à uma ideologia política estrangeira. Eles viviam tendo que
provar que eram bons cidadãos" (Willems, 1967:61).
Ao contrário dos presbiterianos, os batistas não sofrem cisões ou criam outras igrejas
protestantes no período. Apesar de algumas desavenças entre os missionários e os
pastores brasileiros, a denominação se mantém coesa e cresce de forma orgânica em
várias regiões do país (Crabtree, 1953; Reis Pereira, 1982).
Com a separação entre igreja e estado decretada pela República, a missão batista
experimenta um novo surto de crescimento, primeiro com a formação de associações
regionais, depois com a convenção nacional. Em 1894 seis igrejas batistas no Rio de
Janeiro formam a primeira associação regional. Em 1900 a segunda associação é criada
por nove congregações do Nordeste. Em 1904 sete igrejas organizam a associação
paulista. Em 1906 outras sete igrejas organizam a associação amazonense. Finalmente a
Convenção Batista Brasileira é organizada em 1907 (Bell, 1965; Crabtree, 1953; Reis
Pereira, 1982).
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20 estados e 4, 276 fiéis. (Bell, 1965; Crabtree and Mesquita, 1937-40). Só para dar uma
idéia da força da expansão batista, nos primeiros vinte e um anos de missão presbiteriana
a denominação amealhou 32 igrejas e 1.729 fiéis14.
Várias razões têm sido apresentadas para explicar o sucesso limitado, mas real, dos dois
modelos de missões no Brasil. O sucesso das missões é considerado limitado no sentido
de que nenhuma das duas obteve uma adesão marcante da população brasileira. O Brasil
continua sendo um país católico. Mas o sucesso das missões é real no sentido de que
ambas já contam com mais de 100 anos de operação em solo brasileiro. Pela sua
longevidade os frutos desse - tanto a Igreja Presbiteriana do Brasil como a Convenção
Batista Brasileira - são instituições de porte histórico no campo religioso da nação.
Na realidade, pode ser citada com certa segurança uma série de fatores estruturais que
contribuíram para a expansão da fé protestante no século XIX -- fatores externos (por isso
visto como contextuais) e internos (aqui taxados de organizacionais) -- e para explicar a
disparidade dos resultados que elas alcançaram.
14
Foreign Mission Journal 14:11 (May 1883):4.
15
E. Y. Mullins, "Views of Brazil" The Foreign Mission Journal 47:2 (Jun 1896):60.
16
Z. C. Taylor, "Signs of the Times in Brazil" The Foreign Mission Journal 47:2 (Jun 1896):63.
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Fatores Contextuais
Pelo menos três fatores externos (contextuais) são citados nessa pesquisa: primeiro, a
infra-estrutura do país durante o reinado de D. Pedro II, que garantiu aos missionários um
maior acesso à população brasileira (a rede ferroviária, o telégrafo, os correios, os jornais e
outros meios de comunicação, e a relativa urbanização experimentada pela nação
facilitaram o trabalho dos missionários); segundo, seria a condição enfraquecida da Igreja
Católica, que criou um espaço alternativo no campo religioso; e terceiro, seria a presença
de imigrantes norte-americanos no Brasil, que garantiu uma base de sustentação tanto
para os missionários presbiterianos como para os batistas.
Essa presença dos imigrantes norte-americanos não pode ser subestimada. No caso das
duas missões são os imigrantes norte-americanos que ensinam a língua nacional aos
missionários (estudo da língua que é realizado durante todo século XIX no interior de São
Paulo, eventualmente na cidade de Campinas). São também os imigrantes norte-
americanos que vão educar os missionários para as diferenças culturais e regionais do
país e que vão ajudá-los a desenvolver uma estratégia de expansão no território nacional
(Bagby, 1889; Bell, 1965; Dunn, 1866; Gammon, 1910; Mullins, 1896; Taylor, n.d.).
Fatores Organizacionais
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A rede de escolas das duas missões foi importante para ajudá-las a criar raízes no país,
apesar de não gerar o número de convertidos que elas esperavam. As duas missões
estabeleceram escolas no Brasil para converter os filhos de brasileiros, que em teoria
seriam menos resistentes à mensagem evangélica do que seus pais, mais arraigados na
cultura católica. O que sucede é que as elites brasileiras tiraram proveito da existência
dessas escolas para garantir uma educação moderna aos seus filhos, sem contudo permitir
conversões. Dessa forma, as escolas serviram uma função educacional importante no
Brasil do século XIX, especialmente no centro-sul, que criou uma tolerância maior por parte
das elites à presença protestante no país (Crabtree e Mesquita, 1937-40, Ferreira, 1959).
De fato, é esse perfil nacional que eventualmente vai dissuadir as suspeitas da nação
brasileira com relação ao Protestantismo. Por muito tempo os missionários protestantes
foram vistos como agentes do governo norte-americano no Brasil. Mais tarde, o golpe
militar de Getúlio Vargas em 1937 coloca todos os missionários norte-americanos sob
suspeita (Pierson, 1971). É a liderança de clérigos nacionais que circunventa a crise
quando Matatias Gomes dos Santos, líder presbiteriano e presidente da Confederação
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Há também outros fatores que contribuem para o maior sucesso da causa batista.
Enquanto os presbiterianos se dividiram em várias denominações (Igreja Presbiteriana do
Brasil, Igreja Evangélica Brasileira, Igreja Presbiteriana Independente) perdendo líderes e
fiéis num período muito importante da formação da igreja, os batistas souberam se manter
coesos e administrar as suas desavenças. As desavenças dos presbiterianos também
indicam uma diferença importante entre as duas missões. De certa forma a ênfase
presbiteriana na retidão de doutrina quase garante uma maior desavença na prática da fé.
Quando a doutrina é o centro da fé, existe sempre a possibilidade de múltiplas
interpretações e conflitos de opiniões. A ênfase batista, por outro lado, é mais prática,
voltada para uma vida a serviço da evangelização e da congregação local. Isso evita que o
fiel batista se preocupe em demasiado com discussões acadêmicas e interpretações
esotéricas da doutrina, garantindo uma maior coesão à sua comunidade da fé.
Conclusão
Até que ponto a experiência presbiteriana e batista no Brasil do século XIX nos ajuda a
entender melhor a importância do modelo de missões num mercado religioso aberto? Até
que ponto a visão trazida pelos missionários foi entendida e aceita pela população local? A
evidência apresentada nos mostra que houve um grupo pequeno de brasileiros que
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Finalmente, no caso das duas missões, nós encontramos uma descrição do que é possível
em termos de transplante de formas religiosas do hemisfério norte para o hemisfério sul.
Quando denominações protestantes competem pelo mesmo mercado, anteriormente
marcado pela presença exclusiva da Igreja Católica, a forma eclesiástica e a ideologia que
elas trazem para o hemisfério sul são importantes na determinação do grau de sucesso
que elas vão alcançar. Nesse caso, o modelo "congregacional" parece oferecer maiores
vantagens quando visto dentro do contexto histórico em que as duas missões foram
transplantadas para o Brasil.
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