Ensaio Ao Processo Declarativo: (Ordinário)
Ensaio Ao Processo Declarativo: (Ordinário)
Ensaio Ao Processo Declarativo: (Ordinário)
SÉRGIO TATI
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ENSAIO AO PROCESSO
DECLARATIVO
(ORDINÁRIO)
LUANDA/ 2021
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ENSAIO AO DIREITO PROCESSUAL CIVIL J. SÉRGIO TATI
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ADVERTÊNCIA
As lições que aqui são apresentadas constituem parte das matérias (resumos)
ministradas no ano 2019 na disciplina de processo civil declarativo, aos estudantes do 3º
ano do curso de direito da UnIA.
Tendo sido uma experiência gratificante e desafiadora, que permitiu olhar ao processo
civil muito mais pela sua componente prática, entendemos por isso partilhar.
Por essa razão as lições não são, e nem podem ser vistas, de forma alguma como algo
acabado, livre de erros e críticas. Dai a designação de “ensaio”
Por outro lado, estas lições não têm como objectivo substituir a bibliografia fundamental
e recomendada para o ensino do direito processual civil, a que os estudantes estão
obrigados a ter contacto e conhecer.
Procuramos apenas, facilitar a compreensão dos estudantes naquilo que muitas vezes
vem explicado nos manuais de forma muito teórica e complexa.
Elaborado por,
João Sérgio Tati
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I- NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
O termo processo, pode ser visto em vários sentidos.A propósito pode-se dizer que o
processo é na verdade um conjunto de fases ou etapas que alguém se propõe a cumprir
para alcançar um fim1.
Refere o Prof. Pais do AMARAL que em sentido amplo, a palavra processo transmite-
nos uma ideia de um determinado percurso, ou seja, uma sequência de factos ou
operações que apresentam uma certa unidade.
O Prof. Castro MENDES define o processo civil como sendo, o conjunto de actos que
têm por fim a justa composição de um litígio de interesses privados comuns.
a)- É um direito Público: por disciplinar o exercício duma função do Estado -a função
jurisdicional constitucionalmente atribuído aos tribunais como órgãos perante os quais as
partes manifestam o desejo de obter a solução para os seus interesses contrapostos.
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Pode-se buscar a ideia de processo, para seu melhor entendimento, em várias esferas da vida. Na
construção civil por exemplo, não se edifica uma casa que se quer sólida e forte em um dia. É preciso
antes fazer as fundações, o alicerce, as paredes, etc. Tudo isso pressupõe um caminho, etapas a
percorrer.
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Assim o direito substantivo é servido pelo direito processual.O processo civil regula
apenas os meios necessários para a partir do direito privado se alcançar a solução
concreta do conflito levantado entre as partes ou para dar realização efectiva ao direito
violado. É um instrumento ao serviço das soluções que decorrem do direito civil.
A propositura, ou seja, a acção é o meio para se alcançar a tutela adequada aos direitos
previstos na lei substantiva ou material. O deficiente conhecimento das normas
processuais pode comprometer o êxito da pretensão deduzida por quem propõe uma
acção. É nosso entendimento que a prevalência da justiça material sobre a justiça formal
sempre deve ser assegurada, mas não há sistema algum em que seja possível eliminar
de modo absoluto, as consequências da falta de conhecimento das normas processuais
(vide por exemplo a consequência da falta de alegações em sede de recurso- artigo
690º/2, ou a apresentação da contestação extemporânea - artigo 484º/1 C.P.C).
Entende-se por fonte de direito o lugar da sua emanação. Assim, o direito processual
civil tem como principal fonte o Código de Processo Civil de 1961 e o Código Civil de
1967, porquanto nele podemos encontrar normas processuais ou pelo menos de
questionável natureza substantiva, por exemplo relativas a prescrição, caducidade,
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provas, etc. Além destes existem um conjunto de legislação dispersa que retrata a
matéria de direito processual civil.
1.5.1-Interpretação:
Como qualquer outra norma, as normas processuais podem comportar diversos
sentidos, pelo que haverá necessidade de fixar aquele que deve prevalecer, visando
salvaguardar a certeza do direito, para a indagação do sentido a dar para cada preceito
legal.
O Código de processo civil não contém nenhuma disposição que defina os critérios
especiais para a interpretação das próprias normas, por isso recorre-se ao artigo 9º do
C.C., que estabelece, os critérios que devem presidir à interpretação da lei.
O tribunal não está subordinado aos critérios normativos fixados na lei se puder julgar
segundo a equidade. Mas a resolução do conflito só pode ser por via da equidade, nos
termos do artigo 4º do C.C.
1.5.2-Integração:
Nas relações abrangidas pelas normas processuais em vigor, vários aspetos que o
legislador não chegou a contemplar e que não podem deixar de ser reguladas em sede
do direito- é o problema das lacunas. Seja qual for a circunstância, o juiz não pode
abster-se de julgar, sob pretexto da falta ou obscuridade da lei- artigo 8º/1 do C.C. O
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Esta matéria vem regulada no artigo 12º do C.C. (Consular o Manuel de Direito
processual Civil do Prof. Antunes Varela em colaboração com Nora Sampaio e Miguel
Bezerra)
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Restrições:
A questão da admissibilidade das provas de determinados factos especiais (ex. negócios
jurídicos) deve ser disciplinada pela lei reguladora de cada um desses factos- a lei do
lugar onde ocorreu ou foi praticado. A não ser assim, poderia implicar a alteração da
situação material das partes. (Vide também a doutrina do artigo 187º/2. C.P.C)
Princípios estruturantes
Dizem-se estruturantes, aqueles princípios que são conaturais ao processo civil e por
isso são indispensáveis. Sem eles não se pode falar de processo civil.
No que concerne ao direito processual civil, significa este princípio que, perante o
tribunal, as partes devem ser iguais, ou seja, o tribunal deve tratar as partes
substancialmente de forma igual. As partes devem merecer o mesmo tratamento, serem
detentoras dos mesmos direitos e deveres,e devem situar-se numa posição de plena
igualdade entre si, designadamente quanto ao exercício de faculdades, no uso de meios
de defesa, na aplicação de sanções, etc.
Há porém situações até de ponto de vista legal, em que se nota uma falta de igualdade
de tratamento entre as partes (autor e réu), dando-se maior protecção e tratamento
diferenciado a favor do autor. Como exemplo do que ficou dito podemos apontar as
seguintes situações: o despacho de aperfeiçoamento só se ordena nas situações em
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que à petição inicial apresenta-se irregular e com deficiências (artigo 477º do C.P.C.), o
mesmo tratamento não ocorre quando o réu apresenta uma contestação irregular ou
deficiente.
1.8.2-Princípio do contraditório:
A parte contra quem é proposta uma acção ou requerida uma providência é lhe
reconhecida o direito de resposta.- Vide artigo 3º nº 1 do C.P.C. Porém o nº 2 do mesmo
artigo apresenta excepções, como exemplo temos a ausência de contestação em
algumas processos judiciais. Veja-se o caso de algumas providências cautelares – vide
artigos 394º e 404º/1 do C.P.C.
1.8.4-Princípio do dispositivo:
Para fazer valer o seu direito, o titular deverá propor uma acção judicial, cabendo ao juiz
controlar a observância das normas processuais e, por fim proferir a decisão acerca do
conflito que lhe foi submetido. O processo só tem início por força do impulso do autor ao
formular o respectivo pedido ao tribunal. A iniciativa nunca poderá pertencer ao juiz, mas
sim as partes.
1.8.5-Princípio do inquisitório
Ora, no processo civil declarativo a instância se torna estável através da citação do réu,
tal como dispõe o artigo 268º do C.P.C.
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Princípios instrumentais
As materiais (afirmações e provas) aduzidas por uma das partes ficam adquiridos para o
processo. São atendíveis mesmo que seja favorável à parte contrária. O nosso sistema
processual civil procura, como um dos seus objectivos principais, que a solução judicial
seja a que mais se ajuste á real situação litigiosa que é objecto de disputa. Assim, tem
sido decidido pelos tribunais que nada obsta que o tribunal utilize o depoimento de
testemunhas apresentadas por uma parte para considerara provados factos cujo ônus
probatório incumbia à outra. Como afloramentos deste princípio encontramos os artigos
515º, 571º do C.P.C.
O artigo 137º do C.P.C, proíbe que a realização no processo de actos inúteis e impõe
responsabilidade disciplinar aos funcionários que os pratiquem. Outros afloramentos
deste princípio encontram-se nos artigos 138º, 30º. 31º, 449º nº 2 alínea c), 469º, 662º e
663º todos do C.P.C.
De acordo com este princípio, o processo deve ser organizado em termos de se chegar
rapidamente à sua natural conclusão. O processo não deve arrastar-se por muito tempo,
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para não comprometer a utilidade económica da decisão final (vitoria tardia do pleito
pode equivaler a meia vitória); a demora na decisão também pode importa para o
vencido, um sacrifico acrescido, pela prolongação do estado de incerteza consequente
do litígio.
1.8.10-Princípio da cooperação
Todas as pessoas, sejam ou não partes do processo, têm o dever de prestar a sua
colaboração para a descoberta da verdade.- Artigo 174º da CRA, e ainda artigos 266º,
258º do C.P.C.
Consiste em determinar ate que momento podem as partes ou juiz trazer ao processo os
elementos de facto, sobre que há-de apoiar-se a decisão.
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A lei não deve fixar conclusões que o juiz tira dos diversos meios de prova. A relevância
e força probatória destes dos meios de provaserá aquela que tiver naturalmente no
espírito do julgador.
1.8.13-Princípioda imediação
1.8.14-Princípio da publicidade
Segundo este princípio, o processo deve ser conduzido e conservado de modo a permitir
que qualquer pessoa possa reconstituir intimamente o juízo que levou a decisão. Emana
ainda deste princípio de que as audiências de julgamento, são em princípio públicas,
podendo serem assistidas por qualquer pessoa. Porém, há processos cuja natureza
impõe a vedação de assistência pública, como são grande parte dos casos de processos
que correm trâmites na jurisdição de família.
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Nas acções declarativas o autor procura que o tribunal declare a solução para um
determinado caso. O tribunal proferirá uma decisão com fundamento no direito
substantivo, em que declara naquele caso em concreto, a existência ou inexistência
invocado ou de certo facto.
A acção executiva tem por finalidade a realização coerciva das providências destinadas
á efectiva reparação do direito violado. Tal violação decorre da falta de cumprimento
voluntário do devedor- vide artigo 817º do C.C.
a)- Positiva: quando o autor pretende que o tribunal declare a existência de um direito ou
de um facto.
As acções executivas podem ser: (artigo 4º nº 3 do C.P.C, conjugado com o artigo 45º/2
do C.P.C), elas podem ser:
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A primeira grande distinção dos processos é a que opõe os processos comuns (aplicável
a todos os casos a que não corresponda ao processo especial) aos processos especiais
(aplicáveis aos casos expressamente designados na lei) - vide artigo 460º nºs 1 e 2 do
C.P.C.
Isto pressupõe dizer que o processo comum é o processo regra e o processo especiala
excepção visto só serem aplicáveis aos casos expressamente previstas na lei, ou seja, o
processo comum determina-se por exclusão do especial.
a)- ordinário,
b)- sumário,
c)- sumaríssimo.
Assim sendo, e nos termos do artigo 462º nº 1 do C.P.C, combinado com o artigo 2º nº1
da lei nº 5-A/21, de 05 de Março, teremos:
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- Se o valor da causa for de Kz. 6.160.001 (seis milhões cento e sessenta mil e um
kwanzas) ou mais, a forma de processo empregue será o ordinário;
- Se o valor da causa for de Kz. 6.160.000 (seis milhões cento e sessenta mil kwanzas)
ou menos, a forma de processo empregue será o sumário;
- Se o valor da causa for de Kz. 1.540.000 (um milhão quinhentos e quarenta mil), valor
correspondente a metade do valor da alçada do tribunal de Comarca, ou menos e acção
se destinar ao cumprimento d obrigações pecuniárias, à indemnização por dano e à
entrega de coisas móveis, a forma de processo empregue será o sumaríssimo.
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3. PROCEDIMENTOS CAUTELARES
3.1- Noção
Os Procedimentos cautelares são providências judiciárias tendentes a regular a situação
de facto que haverá de existir entre as partes, até que chegue a final um qualquer tipo
de acção (podendo ela não estar ainda proposta), em ordem a premunir o requerente
contra os danos que lhe poderiam resultar da demora ocasionada pela duração do
processo da acção principal.
A verdade é que quase sempre, as acções judiciais são dispendiosas quer de ponto de
vista financeiro, mas também temporal, e muitas vezes a demora provocada pela acção
principal, pode vir a não significar para a parte vencedora uma vitoria real, ou seja, perde
o seu efeito prático. Aliás se tem dito que vitória tardia é igual a não vitória. Tomemos
como exemplo a situação que se verifica na atribuição de alimentos provisórios, pois se
o requerente tivesse de esperar pela decisão final dos alimentos definitivos,
considerando que os alimentos têm como base a sobrevivência da pessoa que os
requer, arriscar-se-ia a morrer de fome antes de ver proferida a decisão final.
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Também não se suspendem durante as férias judiciais os processos de jurisdição voluntária que
envolvem menores., cuja demora possa causar prejuízo aos interesses daqueles - artigo 42º do Decreto nº
417/71 de 29 de Setembro – Estatuto da Assistência Jurisdicional dos Menores.
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Aqui não é necessário que o direito esteja plenamente comprovado, mas apenas que
dele haja verosimilhança, ou seja, “fumu boni juris”. Tambémnão énecessário que exista
certeza de que a lesão do direito se vai tornar efectiva com a demora, bastando, mas
exigindo-se, que se verifique um justo receio de tal lesão vir a concretizar-se.
Ensina Abílio NETO in código de processo civil anotado, em comentário ao artigo 387º
do C.P.C português que o decretamento de uma providência não especificada depende
da concorrência dos seguintes requisitos:
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Que muito provavelmente exista o direito tido por ameaçado – objecto de acção
declarativa -, ou que venha a emergir de decisão a proferir em acção constitutiva,
já proposta ou a propor;
Que haja fundado receio de que outrem antes de proferida decisão de mérito, ou
porque a acçãonão esta sequer proposta ou porque ainda se encontra pendente,
cause lesão grave e dificilmente reparável a tal direito;
Que oprejuízo resultante da providêncianão exceda o dano que com ela se quis
evitar.
Desta feita, conclui-se que para que se possa decretar uma providência cautelar não
especificada ou inominado devem existir cumulativamente os seguintes pressupostos:
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A providência cautelar só pode ser instaurada como preliminar (antes) ou como incidente
(no de curso) da acção principal e nunca depois de acção principal ter findado – artigo
384º nºs 2 e 3 do C.P.C.
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Mulher que intenta uma acção de indemnização contra o marido, com fundamento no facto deste ter
vivido com ela vinte (20) anos e agora resolveu divorciar-se.
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Os incidentes de instância podem ser nominados que são aqueles que têm uma
regulação própria e especificada na lei e inominados.
d)- Fixação do valor da acção sobre estado das pessoas e interesses imateriais
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Quer dizer, o conhecimento da causa, não pode ter lugar sem que se decida uma
questão que faz parte do encadeamento lógico da sentença a proferir. Essa questão
tem, portanto, de ser previamente julgada e, por isso, se diz prejudicial, ou seja, (pré)
judicial.
Tomemos como exemplo a seguinte situação: uma acção que corre no tribunal civil em
que há questões administrativas ou criminais que devem antes ser conhecidas por estes
tribunais, levará a que o juiz do civil interrompa a acção aguardando que se decida antes
a questão administrativa ou criminal.
Estes requisitos são na verdade questões prévias cuja não verificação condicionam o
conhecimento sobre o mérito da causa.
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a)-Personalidade judiciária
Dispõe o artigo 5º nº 1 do C.P.C, que a personalidade judiciária consiste na
susceptibilidade de ser parte.
A nossa lei faz coincidir a personalidade judiciária com a personalidade jurídica – artigo
5º nº 2 do C.P.C, referindo-se que quem tem personalidade jurídica tem igualmente
personalidade judiciária. – Princípio da equiparação ou da coincidência.
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personalidade judiciária a quem não tem personalidade jurídica, nos termos do disposto
no artigo 6º do C.P.C, designadamente:
- A herança jacente,
- Patrimóniosautónomos
- Sociedades comerciais antes da data do registo definitivo, etc.
A única excepção consta do artigo 7º do C.P.C, que se refere quando a acção for
proposta indevidamente contra a sucursal, filial ou delegação de uma empresa, podendo
ser sanada mediante intervenção da administração principal.
b)-Capacidade judiciária
Capacidade judiciária; consiste na susceptibilidade de alguém estar, por si, em juízo. A
capacidade judiciária corresponde à capacidade civil de exercícios de direitos - artigo 9º
do C.P.C.
Nos caso do incapaz ser nomeado um curador especial, o Ministério Público deve ser
ouvido. A nomeação de representante legal ou curador especial do incapaz, obedecem
as regras previstas nos artigos 11º a 25º do C.P.C.
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De acordo com o artigo 26º do C.P.C, o autor é parte legítima quando tem interesse
directo em demandar, e o réu é parte legítima quando tem interesse directo em
contradizer.
Tal como ensina o Profº Pais do AMARAL, o credor tem interesse directo em pedir ao
tribunal que condene o devedor no pagamento da importância que este lhe deve. O
devedor tem interesse directo em intervir como réu, porque é na sua esfera jurídica que
se irá repercutir o efeito da eventual condenação no pagamento da importância
peticionada pelo autor. Sendo ambas partes legítimas, a decisão terá efeito útil, ficando
a causa definitivamente julgada. O interesse significa utilidade para o autor e prejuízo
para o réu. (cfr. Artigo 26º nº 2 do C.P.C).
Com base na colocação do problema, um pai pode ter interesse que o devedor do seu
filho pague a dívida a este, no entanto, não tem legitimidade para o demandar, porque o
seu interesse não é directo.
Nem sempre se torna fácil determinar as parteslegítimas de uma acção, razão pela qual,
o legislador no nº 3 do artigo 26º do C.P.C, vem clarificar que, havendo dúvidas acerca
das pessoas as quais se deve considerar legítimas numa determinada acção, são
consideradas partes legítimas os sujeitos da relação material controvertida.
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relação material controvertida real, pressupõe que o comprador (autor) possa demandar
o vendedor (réu).
Daqui resulta que, hoje raramente se poderá falar de ilegitimidade das partes. Se o autor
indicar na petição certa pessoa como réu, é esta considerada parte legítima, não
interessa ao tribunal averiguar se foi o réu a pessoa que figurou no contrato ou não. No
caso de se provar que, na verdade, não é o réu o verdadeiro devedor, a acção deve ser
julgado improcedente, sendo o réu absolvido do pedido.
A propósito, Pais do AMARAL refere que a legitimidade perdeu, portanto, grande parte
do interesse que tinha como pressuposto processual. O réu passará a ser absolvido do
pedido em muitos casos em que, anteriormente, era absolvido da instância.
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b)- Absolvição do réu da instância – artigo 288º nº 1 alínea d) do C.P.C - quando for
verificado no saneador ou na sentença,
c)- No caso de pluralidade de partes ela pode ser sanada mediante intervenção
espontânea ou provocada
d)-Patrocínio judiciário
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Considerando o conceito adoptado sobre a relação material controvertida, muito dificilmente se poderá
indeferir a P.I, nos articulados, com fundamento na ilegitimidade das partes
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mandatário devendo este ser condenado nas custas respectivas e na indemnização dos
prejuízos a que tenha dado causa - Cfr, artigo 40º do C.P.C.
Se a parte obrigada a constituir advogado não o puder por razoes financeiras ou outras
devidamente justificadas, deverá requerer para que lhe seja nomeado defensor oficioso
através da Ordem dos Advogados ou pelo próprio Juiz, nos termos do artigos 43º e 44º
ambos do C.P.C.
Nos termos do artigo 32º do já citado diploma legal, o patrocínio judiciário é obrigatório
nos seguintes casos:
b)- A parte contrária pode requerer para que o tribunal fixe prazo para a sua constituição
c)- Findo o prazo estabelecido, e a parte não constituir, sendo o autor, o réu será
absolvido da instância. Se a parte que não constituiu for o réu ficará sem efeito a defesa
d)- Havendo recurso, fica sem seguimento por parte daquele que não constituiu o
advogado.
e)-Interesse Processual
O interesse processual éum pressuposto que não tem consagração legal. Há interesse
processual quando se puder dizer que o autor tem necessidade de instaurar e fazer
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seguir uma acção para a tutela do seu direito. O autor não vê, ou melhor não tem outra
alternativa para fazer valer o seu direito, senão recorrer a tutela jurisdicional.
A competência dos tribunais angolanos pode ser: Internacional, Interna Absoluta (em
razão da matéria, hierarquia, nacionalidade) e Interna Relativa(em razão do território e
valor).
1- Competência Internacional
É a competência dos tribunais angolanos no seu conjunto em face dos tribunais
estrangeiros. Trata-se de definir, quando é que o Estado angolano, se pode arrogar o
direito e se impõe o dever, de exercitar a sua função jurisdicional.
As regras que a determinam são:
- O princípio da coincidência – artigo 65º nºs 1, 2 e 3 C.P.C.)
- O principio da causalidade – artigo 65º nº 1 alínea b) C.P.C.
- O princípio da reciprocidade – artigo 65º nº 1 alínea c) C.P.C.
- O princípio da necessidade – artigo 65º nº 1 alínea d) C.P.C.
Nota: Estas regras ou princípios são autónomos. Cada um deles funciona em completa
independência relativamente aos outros, sendo bastante para suscitar a competência
dos nossos tribunais.
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É a competência das diversas espécies de tribunais: Ex: tribunal de Família, Crime, Civil
e Administrativo, Laboral, Comércio Propriedade intelectual e industrial, etc. Em boa
verdade estes tribunais são Salas especializadas.
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6- Incompetência absoluta
Corresponde à infracção das normas de competência internacional e das normas de
competência interna em razão da matéria, ou da hierarquia (artigo 101º do C.P.C.)
Pode ser arguida pelas partes e deve ser suscitada ex-officio pelo tribunal. Pode sê-lo a
todo tempo. Não pode por via de regra ser prevenida por convenção das partes.
Tem como consequência, uma vez declarada, ficar o processo sem efeito, salvo acordo
dos pleiteantes no sentido de se aproveitarem os articulados – artigo 105º nº 2 do C.P.C.
7- Incompetência relativa
Corresponde à infracção das normas de competência em razão do valor ou do território.
Só podem ser arguidas pelo réu no prazo fixado para a contestação, ou oposição. Pode
ser arguida por convenção das partes.
Tem como consequência, uma vez declaradaC, o simples reenvio do processo para
otribunal competente (artigo 111º do. C. P.C.)
São aqueles cuja verificação obsta a que o juiz aprecie o mérito da causa, ou seja, o juiz
deve certificar-se da ausência destes para puder conhecer do objecto da lide.
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b)- Quando haja contradição entre o pedido (pretensão do autor) e causa de pedir
(fundamentos que servem de base o pedido);
O erro na forma de processo pode ser conhecida oficiosamente pelo juiz nos articulados.
Verificado o erro na forma do processo o juiz mediante despacho ordenará que se segue
a forma certa, não sendo possível seguir a forma certa, indeferirá a petição inicial –
artigo 474º nº 3 do C.P.C.
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c)- Litispendência
Há lugar a litispendência quando existir a repetição de uma causa estando a anterior
ainda em curso (artigo 497º nº 1 do C.P.C.)
A identidade dos sujeitos, ou partes não significa identidade física. Se uma das partes
faleceu e, por isso, a sua posição foi ocupada pelos seus sucessores, apesar de serem
pessoas fisicamente diferentes, têm a mesma posição sob ponto de vista da sua
qualidade jurídica. Verifica-se, portanto a identidade das partes ou sujeitos. A
diversidade de posição processual não obsta à identidade dos sujeitos. Se numa das
acções figurar como autor quem na outra tem a posição de réu, esse facto não
compromete a identidade dos litigantes. As partes são as mesmas, embora ocupem
posições opostas em cada um dos processos.
Com o caso julgado procura-se evitar que uma causa, volte a ser decidida em uma
acção que já o havia feito de modo definitivo. O caso julgado é uma excepção
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peremptória do conhecimento oficioso, artigo 500º do C.P.C., cujos requisitos para a sua
dedução constam do artigo 498º do C.P.C.
O caso julgado material é uma decisão sobre o mérito da causa, que adquire força
obrigatória dentro e fora do processo e não pode voltar a ser decidida aquela relação
material que já foi objecto de litígio.
Trata-se da força imperativa da decisão que recaiu sobre certa relação material
controvertida.A decisão transitada em julgado sobre a relação material controvertida fica
a ter forca obrigatória dentro e fora do processo, nos limites fixados pelo artigo 497º do
C.P.C.
A sentença transitada em julgado tem de ser acatada por todos os tribunais. Se lhes for
submetida a mesma relação, não poderão julga-la, porque já o foi de forma definitiva. Se
o fizerem continua a impor-se a primeira decisão.
Mas se o réu tiver sido condenado a prestar alimentos ou a satisfazer outras prestações
dependentes de circunstâncias especiais quanto a sua medida ou a sua duração, pode a
sentença ser alterada desde que modifiquem as circunstâncias que determinaram a
condenação – artigo 671º nº 2 do C.P.C.
No caso julgado formal, a decisão apenas incide sobre uma questão processual, o que
significa que só diz respeito ao processo em causa e, por isso, nada impede que a
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ENSAIO AO DIREITO PROCESSUAL CIVIL J. SÉRGIO TATI
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questão possa voltar a ser discutida em processo diferente. A decisão não tem, portanto,
forca obrigatória fora do processo em que foi proferida. A guisa de exemplo,veja-se uma
decisão que absolve o réu da instância por incapacidade judiciária, ilegitimidade da parte
ou incompetência do tribunal.
A preterição do tribunal arbitral consiste pois no acto de ter sido proposta uma acção
com violação do compromisso arbitral previamente estabelecido entre as partes, ou do
não cumprimento da lei que o impunha. Quando assim sucede o réu pode invocar a
preterição do tribunal arbitral.
Assim sendo a preterição do tribunal arbitral pode resultar da violação por imposição
legal ou por violação da convenção das partes (vontade). – Artigo 100º do C.P.C.
A preterição do tribunal arbitral constitui uma excepção dilatório, prevista no artigo 494º
nº 1 alínea h) do C.P.C. Ela é de conhecimento das partes, ou seja, deve ser arguida
pelo réu, nos termos do artigo 495º do C.P.C., e sua verificação tem como consequência
a absolvição do réu da instancia.
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FORMALISMO PROCESSUAL
No processo declarativo, há uma declaração do juiz que pode revestir a forma duma
determinação, ordem ou comando. O processo civil declarativo ordinário, comporta
essencialmente cinco (05) fases processuais a saber:
1- Articulados;
2- Saneamento e Condensação;
3- Instrução;
4- Discussão eJulgamento;
5- Decisão/sentença
5.1. ARTICULADOS
Articulados: São as peças em que as partes expõem os fundamentos da acção e da
defesa e formulam os pedidos correspondentes- artigo 151º/CPC.
A petição inicial é o articulado em que se propõe a acção. Sem este articulado não
pode haver qualquer processo. A petição inicial obedece a requisitos de forma e de
conteúdo, conforme rezam os artigos 467º e 152º C.P.C respectivamente.
Importa frisar que na fundamentação da acção, é mais premente a menção das razões
de facto do que as razões de direito, pois, enquanto na matéria de facto, o juiz tem de
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Na formulação do pedido há que ter em atenção naquilo que se pede, pois o juiz não
pode condenar em quantidade superior ou em objecto diverso do que se pedir-artigo
661º/1 do CPC.
O pedido deve ser inteligível e estar em consonância com a causa de pedir, sob pena da
petição ser considerada inepta, tendo como consequência o indeferimento liminar da P.I,
nos termos do artigo 474º/1, alínea a), conjugado com o artigo 193º/2 a) e b), ambos do
C.P.C. Outros casos de ineptidão constam do referido artigo 193º/1
A petição deve ser arquivada nos casos em que a pretensão do autor for estranha à
ordem jurídica.
b) -Citação
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Do despacho que ordene a citação pode o réu impugnar, por meio de recurso de agravo,
nos termos do artigo 479º do C.P.C.
i. Modalidades da citação
a)- Citação pessoal: é aquela que é feita pelo oficial de diligências, de viva voz, na
pessoa do réu – (artigo 233º e 342º). Trata-se da modalidade regra. Deve ser feita com
resguardo e descrição, para poupar o citando e vexames.
Ninguém pode ser citado nos templos, ou enquanto estiver ocupado por acto de serviço
público, que não deva ser interrompido, em velórios, etc.
b)- Citação quase pessoal: é aquela que é realizada em pessoa diversa do citando ou
seu representante, ou pela simples afixação de uma nota na casa da sua residência,
atribuindo-lhe a lei, todavia, o mesmo valor da citação pessoal.
c)- Citação edital: É aquela que tem lugar quando o citando encontra-se em parte incerta
ou quando sejam incertas as pessoas a citar.- Artigo 247º do C.P.C.
d)- Citação com hora certa: tem lugar quando o funcionário encarregado da citação, se
certifica de que o citando não esta em casa, sem ser informado de que ele esteja
ausente em parte certa ou incerta, ou nunca ai residiu ou reside, ou encontra a casa com
toda a aparência de desabitada – artigo 240º e 237º.do C.P.C.
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b)- Faz cessar a boa-fé do possuidor: a posse se for titulada presume-se de boa-fé até
ao momento da citação. Depois dela, deixa de existir, mesmo que o reu prove que
continuou convencido de que o autor não tinha razão.
e)- Proíbe o réu de intentar contra o autor uma acção destinada a apreciação da
mesmarelaçãojurídica: Se o réu propõe tal acção, pode o autor defender-se invocando a
excepção da litispendência, ou até o tribunal declará-lo oficiosamente (artigo495º do
C.P.C.)
- Não vir a petição em condições de ser recebida (falta de requisitos legais.- Cfr.
artigo 467º do C.P.C.) ou não vir acompanhado de determinados documentos;
Se o autor não apresentar nova petição ou eventualmente uma peça suplementar dentro
do prazo fixado pelo juiz, este lavrará o despacho de não recebimento, ou seja,
indeferirá a petição nos termos do artigo 474º nº 1 alínea c) última parte do C.P.C.
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Se o que estiver em falta na petição for a indicação do valor da causa e o autor já tiver
sido convidado a indicar, mas não o fazer a consequência será a extinção da instância,
nos termos do artigo 314º nº 3 do C.P.C.
d) - Indeferimento liminar
a)- Nada fazer: pressupondo que está conformado com a decisão do juiz e aceita-a,
desistindo da acção e, consequentemente o despacho transita em julgado e passa ter
valor de sentença.
b)- Apresentar nova petição: face ao despacho de indeferimento a lei confere ao autor o
benefício de apresentar nova petição corrigida, dentro do prazo de cinco (5) dias,
devendo a acção considerar-se proposta na data em que a primeira petição deu entrada
na secretaria- artigo 476º nºs 1 e 2 CPC.
5.1.2- CONTESTAÇÃO
A contestação: é a peça pelo qual o réu responde a petição apresentada pelo autor.
Contestar significa negar, contradizer, desdizer, discutir.
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O prazo esta associado ao período de tempo que exige para a prática de um acto. Em
direito distingue-se dois tipos de prazos: os prazos substantivos e os prazos
processuais. Aqui vamos nos ocupar apenas dos prazos processuais.
O réu pode contestar no prazo de vinte (20) dias, a contar da citação. O prazo começa a
correr desde o termo da dilação, quando o réu tenha sido citado por carta ou éditos –
artigo 486º nº 1, conjugado com o artigo 250º ambos do C.P.C.
Se a acção foi proposta contra vários réus e o prazo para a defesa de cada um termina
em dias diferentes, a contestação de todos ou de cada um deles pode ser oferecida até
ao termo do prazo que começou a correr em último lugar - artigo 486º nº 2 primeira parte
do C.P.C.
Nas acções de simples apreciação negativa (artigo 4º nº2 alínea a)), o prazo de
contestação também pode ser prorrogado, quando o réu o requeira com fundamento
justificado. – Artigo 486º nº 4 do C.P.C.
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A regra para a prática do acto impõe que quando o prazo termine ao sábado e aqui
fazendo uma interpretação extensiva é de se alargar para domingo ou feriado, transfere-
se o seu termo para o primeiro dia útil seguinte - artigo 144º nº 3 do C.P.C.
Exemplo: O prazo de contestação é de vinte dias nas acções declarativas ordinárias nos
termos do artigo 486º do C.P.C. Entretanto, havendo citação edital, findo primeiro prazo
começa a correr outro de dilação de mais vinte dias.
2- Será peremptório aquele que extingue o direito de praticar o acto., ou seja, fixa o
período de tempo dentro do qual certo acto deve ser praticado – Artigo 145º nº 2do
C.P.C.O prazo peremptório extingue o direito de praticar o acto, salvo se houver justo
impedimento, mas ainda assim, não fica a parte isenta de pagamento de uma multa
correspondente a 25% do imposto de justiça, tal como dispõe o artigo 145º nº 5 do
C.P.C.5
5
Ver o conceito de justo impedimento no artigo 146º nº 1 do C.P.C.
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A falta de contestação dá lugar a revelia do réu. A revelia poder operante e revelia não
operante.
a)- Se o réu não deduz qualquer oposição, não constitui advogado nem mesmoescolhe
domicílio para receber notificações, não comparece em juízo, não dá sinal de si nos
autos, não vem ao processo realizar qualquer acto, a consequência é que o tribunal
verificará se a citação foi feita com as formalidades legais e mandá-la-á repetir quando
encontre irregularidades. – Artigo 483º do C.P.C.
Uma vez operada a revelia, ou seja, considerados os factos confessados pelo réu, não
há mais articulados, nem saneamento, ou condensação, nem instrução e o processo é
logo facultado para exame pelo prazo de dez (10) dias, primeiro ao advogado do autor e
depois ao advogado do réu para alegações por escrito e, em seguida é proferida
sentença, julgando a causa conforme for de direito- artigo 484º nº 2 do C.P.C.
Após as alegações dos advogados, o juiz no seu julgamento não tem que decidir sobre a
matéria de facto, porque esta se considera averiguada, mas tão-só que interpretar e
aplicar a lei, podendo ser que deva absolver o réu por faltarem pressupostos
processuais, salvo tratando-se daqueles, que constituem simples impedimento a arguir
pelo réu mediante excepção processual em sentido estrito, o mesmo julgar a acção
improcedente.
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A revelia inoperante ocorre nas situações previstas nos termos do artigo 485º do C.P.C.,
ou seja, situações em que a falta de contestação não tem como efeito a confissão dos
factos alegados pelo autor.
3- Modalidades da contestação
a)- Defesa por impugnação: É toda defesa directa. Toda defesa que ataca de frente o
pedido, contradizendo os factos aduzidos pelo autor como constitutivos do seu direito,
ou o efeito jurídico que deles pretende tirar o autor. Trata-se do réu contradizer os factos
articulados na petição ou quando afirma que esses factos não podem produzir o efeito
jurídico pretendido pelo autor. – Artigo 487º nº 2 do C.P.C.
Na contestação por impugnação o réu deve tomar posição nítida quanto aos factos
deduzidos pelo autor, impugnando especificamente todos aqueles que não queira
admitir como certos – princípio do ónus da impugnação especificada.
- Defesa por negação: Não lhe basta contrariar de modo genérico, a chamada
contestaçãonegação, cuja admissibilidade não é acolhida no ordenamento
jurídico angolana. A contestação negação equipara-se a falta de contestação.-
artigo 490º nº 3 do C.P.C.
- Defesa por simples junção de documentos: tem lugar quando o réu no prazo da
contestação vem somente juntar documentos. Essa modalidade édiscutível se
aceite ou não entre nós.
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b)- Defesa por excepção: É toda defesa indirecta que não seja por impugnação. Aqui o
réu alega factos que obstam à apreciação do mérito da acção ou que, servindo de causa
impeditiva, modificativa ou extintiva do direito invocado pelo autor, determinam a
improcedência total ou parcial do pedido – artigo 487º nº 2 do C.P.C.
i. Excepções dilatórias
As excepções dilatórias; são aquelas que obstam a que o tribunal conheça do mérito da
causa e dão lugar a absolvição da instância 8sentença meramente processual) ou a
remessa do processo para outro tribunal (incompetência relativa). Elas não afectam o
direito de acção. (artigo 493º nº 2 do C.P.C.).
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Aqui o réu não nega os factos, mas opõe-lhe contra factos que lhes teriam excluído ou
paralisado, desde logo, a potencialidade jurídica, ou posteriormente lhes teriam alterado
ou suprimido os efeitos que chegaram a produzir.
Factos extintivos: são factos que produzem a cessação do direito do autor, depois
de já formado validamente; - Condição resolutiva, -Termo peremptório, -
Pagamento, -Perdão, -Renúncia, -Caducidade, -Prescrição.
A título exemplificativo o artigo 496º do C.P.C, diz que são peremptória a excepção do
caso julgado e da prescrição.
Ex: na acção de despejo o réu vem requerer na sua defesa a condenação do autor no
pagamento da indemnização devida pela benfeitoria que ele introduziu no imóvel.
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- Quando o pedido do réu emerge do facto jurídico que serve de fundamento a acção ou
a defesa;
- Quando o pedido do réu tende a conseguir, em seu benefício, o mesmo efeito jurídico
que o autor se propõe obter. Ex: nas acções de divórcio litigioso, o reu concorda com o
efeito jurídico pretendido pelo autor (dissolução do matrimónio), mas quer que esse
efeito seja declarado em seu favor.
Consagrado nos artigos 488º e 490º nºs 1 e 2 do C.P.C. De acordo com este princípio,
na contestação, sem que possa guardar-se para a tréplica, deve o réu tomar posição
nítida quanto aos factos deduzidos pelo autor impugnando especificamente todos
aqueles que não queira admitir como certos.
Para ser especificada a impugnação, terá o réu de individualizar cada um desses factos
já directamente, já mencionados os correspondentes artigos da petição inicial. Não lhes
basta contraria-los dum modo genérico, nem mesmo dizer que os impugna um por um
sem todavia os identificar por algum dos meios apontados.
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Previsto no artigo 489º nº 1 do C.P.C, dispõe que toda a defesa deve ser deduzida na
contestação, sob pena de não ser considerada válida, ou seja, atendível.
- Defesa em separado: Aquela que é deduzida por meio de incidentes- artigo 489º nº1
ultima parte do C.P.C.
5.1.3- RÉPLICA
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Se o réu contestar por impugnação, o autor pode apresentar aréplica no prazo de oito
(08) dias, a contar da data em que foi notificada da contestação. – artigo 502º nº 3 do
C.P.C.
3- Efeitos da réplica
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Na reconvenção a réplica funciona como uma contestação do autor à pretensão do réu, afirmada no seu
pedido reconvencional, porque com o pedido reconvencional há uma inversão das posições - o réu faz o
papel de autor e este o papel de réu – é razoável dar-se o mesmo prazo que é dado ao réu, na
contestação, para se defender da pretensão do autor, dai os vinte (20) dias.
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4- Forma da réplica
OBS: Se o autor não apresentar a réplica o réu não poderá apresentar a tréplica.
5.1.4- TRÉPLICA
1- Forma da tréplica
Pode ser articulada. Admite-se a defesa por junção documentos e, em tudo o que mais,
impera a mesma doutrina quanto á réplica.
A tréplica é apresentada dentro do prazo de oito (08) dias a contar da data da notificação
da réplica. – Artigo 503º nº 2 do C.P.C.
É o meio processual através do qual o autor responde a tréplica. -Artigo 504º do C.P.C.
Opera nas situações em que o réu na tréplica tenha deduzido um pedido contra o autor
ou tratando-se de uma acção declarativa de simples apreciação negativa.
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O prazo para responder a tréplica é de oito (08) dias e só pode incidir sobre matérias da
reconvenção.
ARTICULADOS SUPERVENIENTES7
Ver o que vai disposto nos artigos 506º, 489º/2, 233º e 523º/1 todos do C.P.C.
Os novos factos supervenientes devem ser apresentados no prazo de dez (10) dias a
contar da data em que os factos ocorreram ou que se tenha conhecimento dos mesmos.
Não havendo indeferimento do novo articulado, é notificado á parte contrária para
responder no prazo de cinco (05) dias. – Artigo 506º nº3.
As provas dos novos factos devem ser apresentados junto com o novo articulado.
2- Se for manifesto que os factos apresentados não interessam à boa decisão da causa;
7
Dizem-se supervenientes tanto os factos ocorridos posteriormente ao termo dos prazos marcados nos
artigos precedentes, como os factos anteriores de que a parte só tenha conhecimento depois de findarem
esses prazos, devendo neste caso produzir-se prova da sua superveniência.
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Terminada a fase dos articulados, os autos vão concluso ao juiz e este, pode então,
facultativa e não obrigatória, designar dia e hora para uma audiência preparatória de
discussão.
Ela será facultativa nos seguintes casos (artigo 508º nºs 1 e 3 do C.P.C.).
O despacho que designa a audiência preparatória tem uma dupla variante, ou seja, por
um lado tem de declarar o fim (finalidade) da audiência, e por outro lado, não constitui
caso julgado.- Artigo 508º nº 4 do C.P.C.
Declarar o fim da audiência, pressupõe que no despacho que a designa deve ficar
expresso se a audiência será para conhecer do pedido, conhecer excepções, conhecer
da reconvenção, etc.
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Quando se refere que, o despacho que designa a audiência preparatória, não constitui
caso julgado, no que se refere a possibilidade de conhecimento do pedido, quer dizer o
juiz ouvida as partes em função da finalidade designada para a audiência, decide pelo
prosseguimento dos autos para garantir uma decisão mais conscienciosa e justa, em
vez de conhecer de imediato o pedido.
Aberta a audiência preparatória, “já as partes sabendo ou não o fim dela”, o juiz
procurará primeiramente conciliar as partes, tendo em vista uma solução de equidade-
artigo 509º nº 1 do C.P.C.A tentativa de conciliação pode ter lugar em qualquer fase do
processo, desde que as partes o requeiram, mas nesta fase a tentativa de conciliação é
da iniciativa do juiz. A conciliação não deve ser forçada às partes, pois como diz o
célebre jurista CALAMANDREI, não se deve exagerar a ideia de que a finalidade da
justiça é a paz social, devendo-se lutar, no máximo possível, pelo apaziguamento entre
as partes.
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1- Despacho saneador
a)- Conhecer das excepções dilatórias. Artigo 494º, pela ordem designada no artigo 288º
do C.P.C. Estas excepções só podem deixar de ser resolvidas no saneador se o estado
do processo impossibilitar o juiz de se pronunciar sobre elas, devendo neste caso
justificar a sua abstenção- artigo 510º/1.C.P.C.
As nulidades processuais são diferentes das nulidades de sentença- artigo 668º e 766º)
- Nulidades Substanciais: que afectam os negócios jurídicos - artigos 240º a 257º CPC.
Nota: Quando o juiz julga procedente uma excepção peremptória, despacho o saneador
fica tendo, para todos os efeitos, o valor de uma sentença, e é designado de saneador-
sentença.
3- Despacho de condensação
Se o despacho saneador não puser termo o processo, o juiz deve organizar, no mesmo
despacho a especificação e o questionário.- Art.º.511º/1. C.P.C
Feito o despacho de condensação é notificada as partes que podem reagir, por via de
reclamação no prazo de cinco dias (art.º153º). Havendo reclamação a parte contraria é
notificada para responder em cinco dias -art.º 511º/3. Seguidamente o juiz decidirá a
reclamação no prazo de cinco dias- nº4.
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5.4. INSTRUÇÃO
A instrução constitui a fase do direito probatório, ou seja, o direito regulador das provas.
O direito probatório constitui um direito processual, visto as provas tenderem a firmar a
convicção do juiz acerca dos factos da causa.
Há porém, factos que pela sua natureza não carecem de provas tais como:- os factos
notórios e do conhecimento geral, bem como os factos que o tribunal tem conhecimento
emvirtude da sua actividades ou funções- artigo 514º C.P.C
- Material: regula o ônus da prova (artigo 342º ss C.C.), a admissibilidade dos diversos
meios probatórios e a sua força ou valor, cujas regras encontram-se dispostas no
Código Civil.
As provas; são os meios a utilizar para o apuramento dos factos deduzidos pelas partes.
As provas têm por função a demonstração da realidade dos factos – artigo 341º do C.C.
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ter lugar por exemplo, nos casos em que a testemunha encontrar-se doente e preste a
falecer, o terreno a inspeccionar puder sofrer alterações, etc.- artigo 520º do C.P.C.
2- Tipos de provas
As provas por presunção são aquelas que por indução ou inferência a partir de um facto
provado por outra forma. Chama-se presunção a própria inferência ou ainda o facto que
lhe serve de base, ou seja, ilações que a lei ou o julgador tira de um facto conhecido
para firmar um facto desconhecido. – Artigo 349º do C.C.
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m)- Prova por confissão das partes (artigo 552º do C.P.C e 352º do C.C);
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São inábeis por incapacidade natural as pessoas previstas no artigo 617º do C.P.C. E
são inábeis por motivos de ordem moral as pessoas previstas no artigo 618º do C.P.C.
3- O ônus da prova
Como ensina Pais do Amaral, o ônus da prova traduz-se no encargo de oferecer a prova
do facto visado, incorrendo nas desvantajosas consequências de ser como líquido o
facto contrário, quando omitiu ou não logrou realizar essa prova; ou na necessidade de,
em todo o caso, sofrer tais consequências se os autos não contiverem prova bastante
desse facto.
Ao proferir uma decisão o juiz deve obedecer a lei, os factos e a sua consciência,
concretizando assim o normativo disposto no artigo 8º nºs 1 e 2 do C.C. Porém, a
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- Se uma das partes oferecer documento que a outra parte não possa examinar no
próprio acto;
- Se por motivo ponderoso e inesperado, faltar algum dos advogados. Não havendo
motivo justo e impeditivo da ausência o julgamento prosseguirá.
Excepções:
- Não há adiamento da audiência por acordo das partes;
- Não há adiamento da audiência por falta de outras pessoas
A falta de qualquer pessoa notificada para a audiência deve ser justificado no máximo
ate cinco (05) dias após a realização da audiência.
As audiências devem ser contínuas e devem concluídas no mais curto espaço de tempo
e só podem ser e só podem ser interrompidas por motivos de força maior.
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Ex: Há factos que só podem ser provados por documentos., e por isso, não podem ser
dados como provados por testemunhas.
5.6. SENTENÇA
Feita a discussão da causa, e após a fiscalização do Ministério Publico nos termos do
artigo 658º do C.P.C, é o processo concluso ao juiz para proferir a sentença.
b)- Fundamentação (de facto e de direito): também chamada de motivação, é nela onde
se fixam os factos provados e quais os não provados, determinando e interpretando o
direito aplicável e a sua consequência.
1- Conceito de sentença
Designam-se por sentenças ou acórdãos, as decisões finais que versam sobre o mérito
da causa (causa principal). – Artigo 156º nº 2 do C.P.C.
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2- Efeitos da sentença
A sentença final produz como efeito: - o caso julgado(formal e material) artigo 671º do
C.P.C. Há porém certa doutrina que acresce mais dois efeitos a saber; -a exequibilidade
e -efeito constitutivo
- O caso julgado materialtraduz-se numa decisão sobre o mérito da causa, que adquire
força obrigatória dentro e fora do processo e não pode voltar a ser decidida aquela
relação material que já foi objecto de litígio.
Trata-se da força imperativa da decisão que recaiu sobre certa relação material
controvertida.8A decisão transitada em julgado sobre a relação material controvertida fica
a ter forca obrigatória dentro e fora do processo, nos limites fixados pelo artigo 497º do
C.P.C.
A sentença transitada em julgado tem de ser acatada por todos os tribunais. Se lhes for
submetida a mesma relação, não poderá julga-la, porque já o foi de forma definitiva. Se
o fizerem continua a impor-se a primeira decisão.
Mas se o réu tiver sido condenado a prestar alimentos ou a satisfazer outras prestações
dependentes de circunstâncias especiais quanto a sua medida ou a sua duração, pode a
sentença ser alterada desde que modifiquem as circunstâncias que determinaram a
condenação – artigo 671º nº 2 do C.P.C.
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dos alimentos deixou de os necessitar, por lhe ser agora possível angaria-los pelos
próprios meios.
- No caso julgado formal, a decisão apenas incide sobre uma questão processual, o que
significa que só diz respeito ao processo em causa e, por isso, nada impede que a
questão possa voltar a ser discutida em processo diferente. A decisãonão tem, portanto,
forca obrigatória fora do processo em que foi proferida. A guisa de exemplo,veja-se uma
decisão que absolve o réu da instância por incapacidade judiciária, ilegitimidade da parte
ou incompetência do tribunal.
Dispõe o artigo 666º nº 2 que é lícito ao juiz rectificar erros matérias, suprir nulidades,
esclarecer dúvidas existentes na sentença e reformula-la, quanto as custas e multas. As
rectificações e esclarecimentos aplicam-se nos mesmos termos quanto aos despachos –
artigo 666º nº 3.
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ENSAIO AO DIREITO PROCESSUAL CIVIL J. SÉRGIO TATI
______________________________________________________________________________________
Os erros matérias constam do artigo 667º do C.P.C. São eles: omissão do nome das
partes, omissão do valor a pagar quanto as custas, erros de escrita, ou cálculos ou
quaisquer inexactidões devidas a outra omissão.
Estes erros podem ser corrigidos por requerimento de qualquer das partes e por simples
despacho do juiz.
Havendo recurso, a rectificação dos erros matérias só podem ter lugar antes do
processo ser expedido (subida) ao tribunal superior, podendo as partes já no tribunal
superior alegar tais erros e requererem a rectificação. A rectificação pode ter lugar a
todo tempo, se nenhuma das partes recorrer. – Artigo 667º nº 2 do C.P.C.
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As normas que regulam o processo sumário constam do código de processo civil nos
artigos 783º à 792º. Na falta de norma para regulamentar determinada situação,
aplicam-se subsidiariamente as normas do processo ordinário, conforme dispõe o artigo
463º nº 1.
Ora, o valor das alçadas dos tribunais como se sabe está fixado por lei, nos termos do
artigo 2º da Lei nº 5-A/21 de 05 Março.
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Citado o réu este deve apresentar a sua contestação no prazo de dez (10) dias, nos
termos do artigo 783º do C.P.C. Tratando-se de pluralidades de réus, é aplicável o
disposto no artigo 486º nº2 do C.P.C.
Nas acções de processo sumário, salvo nos casos de direitos indisponíveis, a falta de
contestação pressupõe que consideram-se confessados os factos articulados pelo autor,
mesmo aqueles que em termos gerais, só por documento autêntico poderiam ser
provados.
Os prazos para a resposta a contestação são de cinco (05) e dez (10) dias contados da
notificação da contestação, conforme se tratar de uma contestação defesa por excepção
ou de uma contestação por reconvenção – artigo 785º e 786º do C.P.C.
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