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DE TRINCAS
RESUMO
Este artigo estuda os pavimentos semirrígidos e as patologias causada pela Reflexão de Trincas. Descreve o
processo de Reflexão desde a origem até suas causas mais danosas, buscando analisar os impactos causados à
estrutura física das camadas asfálticas, advindas do emprego de bases cimentícias comumente utilizadas, com
foco na base granular tratada com cimento (BGTC). Com base em pesquisa bibliográfica, apresenta paramentos
para escolha das técnicas mais apropriadas para prevenção e tratamento da reflexão de trincas, dentro das suas
especificidades. Este estudo permite concluir que não existe técnica ideal, e sim, combinações apropriadas que
visem melhores resultados.
Palavras-chave: Pavimentos Semirrígidos; Brita Graduada Tratada Com Cimento; Reflexão de Trincas;
Técnicas de restauração de pavimentos.
ABSTRACT
This paper studies the semi-rigid pavements and pathologies caused by the Crack Reflection. It describes the
process of Reflection from the origin to its most harmful causes, seeking to analyze the impacts caused to the
physical structure of the asphalt layers, from the application of commonly used cementitious layers, focusing on
the granular base treated with cement (BGTC). Based on bibliographical research, it presents parameters to
choose the most appropriate techniques for prevention and treatment of crack reflection, within its specificities.
This study concludes that there is no ideal technique, but rather Appropriate combinations for better results.
1 INTRODUÇÃO
2 PAVIMENTOS RODOVIÁRIOS
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missões religiosas. De Peabiru para a atualidade muita coisa mudou, diversas técnicas foram
desenvolvidas, outras modificadas e melhoradas. A pavimentação se subdividiu em diferentes
tecnologias que se adequam a fim de atender as necessidades da sociedade.
Dentre os modais de transporte, a saber, aquaviários, ferroviários, aéreos e rodoviários,
os mais difundidos no Brasil são os rodoviários e, consequentemente, os que mais atraem
investimentos. Isso se deu conforme a economia brasileira priorizava as rodovias em
detrimento a outros modais. A tradição das técnicas de pavimentação cria na mão de obra
fatores e vícios que colocam as rodovias num cenário mais cultural que técnico. Tal cenário é
resultado do mau planejamento político-estratégico que o setor dos transportes foi
desenvolvido ao longo dos anos (BERNUCCI et al., 2006).
Para Huang (2003) os pavimentos se classificam em: pavimentos rígidos ou de
concreto; flexíveis ou asfálticos; e compostos ou “overlays” (aqui chamados de Semirrígidos).
Os Pavimentos rígidos e os flexíveis não serão estudados neste artigo. Entretanto, para
melhor compreensão, eles serão conceituados. Os Pavimentos Rígidos ou de concreto,
associados aos de concreto de cimento Portland, são compostos por uma camada superficial
de concreto de cimento Portland (placas, armadas ou não), apoiada geralmente sobre uma
camada de material granular ou de material estabilizado com cimento (chamada sub-base),
assentada sobre o subleito ou sobre um reforço do subleito, quando necessário. Quanto aos
Pavimentos Flexíveis, segundo o Manual de Pavimentação do DNIT (2006), são aqueles em
que todas as camadas sofrem deformação elástica significativa sob o carregamento aplicado e,
portanto, a carga se distribui em parcelas aproximadamente equivalentes entre as camadas.
Segundo dados da ABEDA (Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de
Asfalto), mais de 90% das estradas pavimentadas nacionais são de revestimento asfáltico. O
asfalto é um dos mais antigos e versáteis materiais de construção utilizados pelo homem
(BERNUCCI et al., 2006). O Manual de Pavimentação do DNIT (2006) lista mais de 100 das
principais aplicações desse material, desde a agricultura até a indústria. O uso em
pavimentação é um dos mais importantes entre todos e um dos mais antigos também. Dentre
as várias razões para o uso do asfalto em pavimentação, destacam-se: proporciona forte união
dos agregados, agindo como um ligante que permite flexibilidade controlável; é
impermeabilizante, é durável e resistente à ação da maioria dos ácidos, dos álcalis e dos sais,
podendo ser utilizado aquecido ou emulsionado, em amplas combinações de esqueleto
mineral, com ou sem aditivos.
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Bernucci e outros (2006), avaliam o pavimento do ponto de vista estrutural e
funcional. Neste aspecto, para estes autores, pavimento é uma estrutura de múltiplas camadas
de espessuras finitas, construída sobre a superfície final de terraplenagem, destinada técnica e
economicamente a resistir aos esforços oriundos do tráfego de veículos e do clima, e a
propiciar aos usuários melhoria nas condições de rolamento, com conforto, economia e
segurança.
Os Pavimentos Semirrígidos, foco deste estudo, encontram-se no meio termo entre o
rígido e o flexível e, portanto, tem características e peculiaridades de ambos, sem, no entanto,
pertencer a nenhuma dessas duas classificações e, por conta disso, essa classe de pavimento é
bastante peculiar e seu estudo é de suma importância.
3 PAVIMENTO SEMIRRÍGIDO
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A BGTC começou a ser mais difundida no Brasil no final da década de 1970. Desde
então tem sido bastante utilizada, principalmente em pavimentos de vias de alto volume de
tráfego. Entretanto, seu alto custo de implantação, comparada a técnicas semelhantes, aliada a
pouca informação, e a erros de execução, acarreta a exclusão desta técnica nos projetos
rodoviários. É empregada geralmente como base de pavimentos com revestimentos
betuminosos, porém, também é empregada como base de pavimentos intertravados ou sub-
base de pavimentos de concreto. Na BGTC, em princípio, se usa o mesmo material pétreo da
BGS (Brita Graduada Tratada com Cimento), porém com adição de cimento na proporção de
3 a 5% em peso (BERNUCCI et al., 2006). Recomenda-se que seja compactada a pelo menos
95% da energia modificada para aumento de resistência e durabilidade (ABNT NBR 12262,
2013). A Resistência à Compressão Simples mínima aos sete dias deve ser de 4,2 MPa e 7,0
MPa aos 28 dias (ABNT NBR 5739). Balbo (2007) ressalta que são obtidas maiores
resistências para este material em misturas com umidade 1% abaixo da ótima.
A BGTC, devido à cura do cimento, apresenta retração, levando ao aparecimento de
microfissuras e trincas. Estes problemas podem levar a reflexão destas trincas ao revestimento
asfáltico no caso do emprego da BGTC como material de base (BALBO, 1993).
Balbo (2006), afirma que as bases em BGTC unanime e inexoravelmente, apresentam
fissuração intensa logo em idades iniciais e após alguns anos de serviço o trincamento é
aumentado por conta da fadiga. Segundo este mesmo autor, mecanicamente, a base, após
fissurar, funciona como um conjunto de blocos que fornecem incontáveis entalhes para a
abertura de fissuras e sua posterior propagação ascensional na camada de revestimento
asfáltico, apenas pelo contato, que cria uma descontinuidade na distribuição de tensões na
interface, concentrando-se as mesmas na face inferior do revestimento asfáltico, que muitas
vezes é induzido à fissura prematura por essa contingência.
Atualmente as bases de BGTC costumam usar maior teor de cimento (5%), são
transportadas em caminhões basculante, tem consistência seca e é adensada com rolo
compressor, fazendo com que seu comportamento seja semelhante ao de Concretos
Compactados com Rolo – CCR, cujo desempenho é bastante elevado (de 80 kg/m3 a 380
kg/m3). Porém, a fissuração em idade inicial é maior, provocando a reflexão rápida dessas
trincas, afetando o pavimento de modo funcional e estrutural (BALBO, 2006).
A BGTC é uma boa alternativa quando não se tem disponível jazidas minerais, pois
diminuem a quantidade de materiais pétreos. Conforme Rodrigues (2007), as dificuldades e os
altos custos para a realização de restauração no pavimento semirrígido, tornam esta alternativa
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mais eficaz apenas quando outras alternativas não se mostrarem viáveis, no entanto sua
execução deve ser criteriosa a fim de evitar ou mitigar problemas que venham a comprometer
a qualidade do mesmo.
4 REFLEXÕES DE TRINCAS
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Figura 2 - Etapas da reflexão de trincas
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deve redimensionar a espessura do pavimento sem que seja previsto em projeto ou, caso as
fissuras da base sejam intensas, sem que se faça uma avaliação das causas da trinca. Caso o
pavimento tenha sua espessura aumentada sem o devido tratamento de suas causas, as trincas
tornarão a se refletir.
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4.1.3 Camadas intermediárias – SAMI
As SAMI podem ser previstas no Projeto executivo, mas também são eficazes quando
há a necessidade de executar um pavimento assente num pavimento pré-existente deteriorado,
sem que seja viável sua fresagem, conforme figura 4.
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4.1.5 Pavimentos invertidos
4.1.6 Geossintéticos
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A aplicação deve se restringir apenas aos locais afetados pelas trincas, pois, aplicar em
toda extensão do pavimento seria demasiadamente oneroso.
Dentro do programa de doutorado do Eng. Guillermo Montestruque Vilchez,
desenvolvido no ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), foram estudadas as influências
de vigas de concreto asfáltico com e sem Geogrelha de poliéster como camada intermediária a
fim de verificar os mecanismos de propagação de trincas. Deste modo, foram realizados
ensaios simulando carregamentos cíclicos para provocar trincas de reflexão. Nas vigas sem a
Geogrelha, a trinca de reflexão surgiu após poucos ciclos de aplicação de carga. Sua ascensão
ocorreu rapidamente e de forma vertical (Figura 6a). O ensaio foi finalizado com a ruptura das
vigas, ao redor de 80.000 ciclos. Nas vigas reforçadas com HaTelit C®, a ascensão vertical da
trinca de reflexão foi interrompida e, após vários ciclos de carga e descarga, um novo padrão
de trincamento foi observado: microfissuras foram surgindo de forma aleatória, associadas à
própria fadiga da massa asfáltica (Figura 6b), independente do mecanismo de reflexão e pôde-
se, então, concluir que a Geogrelha impediu a propagação das trincas subjacentes,
comprovando que a sua presença como camada intermediária teve um efeito significativo no
aumento da vida útil da nova camada asfáltica (Figura 6c).
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Figura 7 - Escala de VSA
Neste contexto, uma trinca de reflexão pode causar inicialmente defeitos funcionais
que, com o decorrer dos ciclos de passagem dos veículos, podem se agravar. Ao subirem para
as superfícies dos pavimentos as trincas abrem caminho para ações do intemperismo e
facilitam a ação da temperatura provocando danos mais severos, podendo ocasionar, se não
tratados adequadamente, deformações permanentes que afetam a estrutura do pavimento.
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6 ALTERNATIVAS DE RESTAURAÇÃO DE PAVIMENTOS TRINCADOS
Quando os defeitos são superficiais, de ordem funcional, as técnicas tendem a ser mais
simples e, consequentemente, mais baratas.
Na ocasião de trincas isoladas, segundo Bernucci e outros (2006), a mesma deve ser
tratada por selagem, seguindo os seguintes passos: a) Abertura da trinca para selagem e
limpeza; b) Aplicação de produto selante; c) Aplicação de cal para proteção, caso se aplique
uma nova camada de revestimento asfáltico; d) impermeabilização através de revestimento
asfáltico – Lama asfáltica.
Bernucci e outros (2006), ainda afirma que as técnicas usuais que podem ser
combinadas para o eficiente tratamento de trincas interligadas, em geral são: Fresagem
superficial; Reperfilagem com concreto asfáltico tipo massa fina; Tratamento superficial por
penetração; Microrrevestimento asfáltico a frio; e Camada porosa de atrito (CPA).
Fresagem superficial: Processo mecânico a frio, cujo objetivo é cortar
superficialmente a camada degradada sem atingir camadas inferiores estáveis. É importante
que as camadas inferiores, as fresadas, tenham superfície aparentemente uniforme, entretanto
os defeitos não corrigidos pela fresagem poderão ser sanados pela Reperfilagem.
Reperfilagem com concreto asfáltico tipo massa fina: Tem a função de corrigir
pequenas deformações de camadas, promovendo a selagem das fissuras existentes, utilizando
massa asfáltica de graduação fina. Sempre deve ser utilizada após processo de fresagem.
Tratamento superficial por penetração: Funciona como uma barreira no processo
de reflexão das trincas. É aplicado inicialmente o ligante seguido do espalhamento imediato
de agregados e posterior compactação. Caso seja necessário mais de uma camada, sempre
deve se iniciar pela aplicação do ligante.
Microrrevestimento asfáltico a frio: Aplicação simplificada e fácil, dispensando a
compactação; cura rápida. Corrige rugosidade fornecendo um pavimento antiderrapante,
impermeável e durável.
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Camada porosa de atrito (CPA): Última camada do revestimento, cujo objetivo é
dar mais aderência ao pavimento, principalmente em dias chuvosos. Por conta de sua
porosidade elevada funcionam como camada drenante, impedindo a formação de lâminas
d’água na superfície de rolamento, conduzindo a água até que alcance as sarjetas.
A combinação das técnicas em função dos defeitos funcionais identificados nos
pavimentos quando há presença de trincas interligadas, estão dispostas no quadro 1.
TÉCNICAS Fresagem Reperfilagem com concreto Tratamento superficial Microrrevestimento Camada porosa de
DEFEITOS superficial asfáltico tipo massa fina por penetração asfáltico a frio atrito
Fissuras refletidas de grau leve e
X X
impermeabilização ineficiente
Trincamento de grau elevado com
desagregação e condição de ação abrasiva X X X
acentuada pelo tráfego
Trincamento de grau elevado com
superfície de rolamento ineficiente em vias X X X X
de alto volume de tráfego
Trincamento de grau elevado com
desagregação, aderência e escoamento X X X
superficial ineficiente.
Trincamento de grau elevado com
desagregação; impermeabilização,
X X X X X
aderência, escoamento e superficial
ineficiente e alto volume de tráfego
Quadro 2 - Revestimentos utilizados como recapeamento para pavimentos com defeitos estruturais
REVESTIMENTOS UTILIZADOS COMO RECAPEAMENTO PARA PAVIMENTOS COM
DEFEITOS ESTRUTURAIS
REVESTIMENTOS CBUQ Pré-Misturado a
CBUQ SMA
DESEMPENHO Especial Quente
Rugosidade/Aderência 4 1 3 5
Impermeabilização 4 5 3 2
Facilita a drenagem superficial 4 1 4 5
Estabilidade elevada 5 4 4 4
Flexibilidade 4 5 3 2
Durabilidade 5 5 4 4
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7 CONCLUSÃO
BALBO, J.T. Estudo das propriedades mecânicas das misturas de brita e cimento e sua
aplicação aos pavimentos semi-rígidos. 1993. 181 f. Tese (Doutorado) – Escola Politécnica,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 1993.
BALBO J.T. Pavimentação Asfáltica: materiais, projeto e restauração. São Paulo: Oficina de
Textos. 2007.
BALBO J.T. Britas graduadas tratadas com cimento: uma avaliação de sua durabilidade
sob o enfoque de porosidade, tenacidade e fratura. São Paulo: Oficina de textos, 2006.
BERNUCCI, Liedi Bariani. Pavimentação asfáltica: formação básica para engenheiros/ Rio
de Janeiro: PETROBRAS: ADEBA, 2006.
Huesker®. Manual: HaTelit C®: Pavimentos sem trincas. São José dos Campos, SP: 2003.
HUANG, Y.H. Pavement Analysis and Design. Nova Jersey, Estados Unidos da América:
Prentice Hall, 2003.
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PARANA. Departamento de Estradas e Rodagens – DER. Norma de Pavimentos Flexíveis e
Rígidos. 2008.
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