Historia - Quilombos Contemporaneos
Historia - Quilombos Contemporaneos
Historia - Quilombos Contemporaneos
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enorme desafio. A primeira titulação ocorreu sete anos após o reconhecimento pela
Constituição Federal. Foi em novembro de 1995, quando o Quilombo Boa Vista tornou-
se proprietário de seu território.
Hoje não temos mais imperador nem escravos, mas os quilombolas – aqueles
que pertencem às comunidades negras rurais remanescentes de quilombos – estão aí,
e têm novas histórias para contar.
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escravos que escapavam do trabalho forçado e iam buscar sua independência.
Quilombolas, você pode imaginar, eram os participantes dessas comunidades.
Os quilombos
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Palmas para palmares
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Pela forte ligação com seu passado, essas comunidades continuaram sendo
chamadas de quilombolas. Hoje, o maior complexo de quilombolas fica no sertão de
Goiás. É formado pelos Kalungas, que moram nas localidades de Vão das Almas, Vão
dos Moleques, Ribeirão dos Bois, Contenda e Kalunga.
Para você ter uma ideia, no Maranhão, há, pelo menos, 527 comunidades
quilombolas distribuídas por 134 municípios. Os estados da Bahia, do Pará e de Minas
Gerais contam, cada um, com bem mais de uma centena de comunidades quilombolas.
E há dezenas no Rio de Janeiro, Alagoas, São Paulo, Goiás, Rio Grande do Norte,
Espírito Santo, Ceará, Sergipe, Amapá, Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Sul,
Amazonas, Santa Catarina, Paraná e Tocantins.
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Todas elas continuam lutando, até hoje, para que seja reconhecido o
patrimônio da sua história no passado e os direitos da sua cidadania no presente.
Fonte: CHC CIÊNCIA HOJE DAS CRIANÇAS. Do Quilombo ao Quilombola. [S.I.] 2016. Disponível em
http://chc.org.br/acervo/do-quilombo-ao-quilombola/>. Acesso em 11 Abr.2021.
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Desde o reconhecimento do governo de comunidades quilombolas até a luta
interna dos afrodescendentes de se assumirem como negros são reflexos presentes
até hoje dos três séculos de escravidão do Brasil. A violência material e simbólica, seja
ela individual ou coletiva, traz marcas ainda não superadas e pouco debatidas.
Até onde você iria pela sua liberdade? Na história da comunidade quilombola
do Alto Alegre, em Horizonte, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), os mais
antigos contam que, por volta de 1890, seu fundador, Negro Cazuza, teria chegado
como escravo à Barra do Ceará, na orla da Capital e, de lá, fugido para a região entre
aquele município e Pacajus – um trajeto de quase 55Km a pé, sem conhecer um palmo
à frente. Na cabeça, apenas um desejo: sobreviver.
Casas do território kalunga, no nordeste de Goiás, são de barro e telhado de palha (Foto: Fábio Tito/G1)
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estão abertos para regularização no Ceará. Ao todo, as comunidades quilombolas
abrigam 1.567 famílias no Estado, segundo o Incra. Para a garantia do reconhecimento,
é necessária a elaboração de um Relatório Técnico de Identificação e Delimitação
(RTID), onde são apresentados documentos como o Memorial Descritivo.
Memória
Para Tatyana Ramalho, ser mulher, negra e quilombola implica em lutas diárias
Contudo, nesse hiato, eles não esperaram. Quem detinha maior conhecimento
sobre uma área ajudava os demais; dessa forma, surgiram professoras, parteiras e
curandeiras. “Até hoje, nós temos remédios etnomedicinais, herdados provavelmente
dos nossos antepassados com base africana. Se não temos políticas públicas, nos
articulamos com nossos conhecimentos tradicionais”, conta Jeovany.
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A identidade quilombola, porém, ela só reconheceu efetivamente no ano
passado. “Eu passei um período negando essa questão porque não tinha um
empoderamento verdadeiro. Eu alisava o cabelo porque era mais prático e bonito.
Agora, estou passando por uma transição capilar para voltar ao cacheado. É uma
resistência, uma luta diária procurando se fortalecer e empoderar outras pessoas”,
discute.
Obstinação
Nêgo do Neco: “A força vem da veia, vem do sangue. Negro é duro na queda”
Para reverter esse quadro, uma saída: a memória. Luís Tomás Domingos
descreve que a própria história dos quilombos é de obstinação, pois foram formados
por indivíduos que receberam tratamento desumano em fazendas e engenhos,
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fugiram e ocuparam lugares inacessíveis “onde pudessem ser livres”. “É um processo
de identidade e resistência de um povo que não aceitou ser escravizado, não aceitou o
trabalho forçado, não quis ser submetido”, analisa.
Força que está no sangue de Nêgo do Neco, descendente de Negro Cazuza, que
também vive nas veias de Tatyana Ramalho: “Ele foi a pessoa que trouxe vida a esse
lugar. Às vezes, eu fico imaginando todo o sofrimento que ele passou e, mesmo assim,
não desistiu. Como ele, a gente luta hoje pra que nossos filhos e netos vivam melhor
no futuro. A história continua”, completa.
Fonte: Portal Geledés. Consciência Negra e a luta de Quilombos pelo reconhecimento. [S.I.] 2017.
Disponível em <https://www.geledes.org.br/consciencia-negra-e-luta-de-quilombos-pelo-
econhecimento/?gclid=Cj0KCQjwmcWDBhCOARIsALgJ2QfkF3CWDq1ju93CoHvlVl_6_7Y-
McLyZxCwbMwrjdU7OOBw9O-XNrIaAtAQEALw_wcB>. Acesso em 12 Abr. 2021.
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