Aula 7 - Integração Energética - Rev1

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SÍNTESE DE PROCESSOS QUÍMICOS

INDUSTRIAIS
AULA 7
SÍNTESE DE PROCESSOS

Hierarquia das etapas da síntese (Modelo da Cebola)

Fonte: Notas de Aula da Profa. Caliane Costa


EFEITO DA TEMPERATURA
A temperatura do meio de reação tem uma influência crítica na velocidade de reação
e consequentemente na conversão dos reagentes em produtos.

Note que ao se guardar alimentos em uma geladeira, o frio passa a ser um inibidor de
reações de deterioração destes alimentos. À medida que se aumenta a temperatura,
as reações passam a ocorrer mais rapidamente resultando em maiores conversões.

Algumas considerações e cuidados com a temperatura do meio de reação devem ser


observados:

• Não deve ultrapassar aquela no qual ocorre uma mudança de fase de um dos
reagentes ou inertes
• Não deve favorecer a cinética de reações em série ou paralelas

3
EFEITO DA TEMPERATURA
A alteração da temperatura do meio de reação é muitas vezes essencial para a
viabilidade econômica de um processo químico, mas resulta em alguns custos:

• Aquisição de trocadores de calor para aquecer reagentes ou o meio de reação


• Aquisição de equipamentos para gerar um fluido quente (vapor d’água, óleo
térmico, energia elétrica, etc)
• Geração do fluido quente (consumo de combustível, energia elétrica, etc)

E se os reagentes ou o meio de reação são aquecidos, os produtos deverão ser


resfriados para o armazenamento, dificilmente se comercializa algo a uma
temperatura muito diferente da ambiente. Portanto, mais custos:

• Aquisição de trocadores de calor para resfriar os produtos


• Aquisição de equipamentos para gerar um fluido frio (água de resfriamento, ar frio,
água gelada, etc)
• Geração do fluido frio (consumo de energia elétrica, etc)

4
EFEITO DA TEMPERATURA

Além da etapa de reação, muitos processos de separação exigem adição ou subtração


de energia. Processos de cristalização comumente ocorrem quando se resfria a
solução, de evaporação exige adição de energia para vaporizar o soluto e de destilação
há tanto a necessidade de adição como o de subtração de energia. Outros processos
terão demandas energéticas diferentes destes.

C2H3Cl
HCl
C2H4
C2H4 C2H4 Cl2
Cl2 Cl2

C2H3Cl
HCl
H2O C2H4
(resfriamento) Cl2 H2O
(vapor)
EFEITO DA TEMPERATURA

Destilação – o método de separação mais utilizado para misturas. Utilizando-se da


diferença de volatilidade (ponto de ebulição) entre dois ou mais componentes, a
coluna produz uma corrente de destilado (rica no mais volátil) e uma de fundo (rica no
menos volátil). Adiciona-se calor no fundo da coluna e retira-se calor no topo desta.
UTILIDADES

Hierarquia das etapas da síntese (Modelo da Cebola)

Fonte: Notas de Aula da Profa. Caliane Costa


UTILIDADES

Conforme mostrado, vários processos químicos ocorrem em diferentes temperaturas e


sempre haverá necessidade de uso de um fluido de aquecimento e/ou de
resfriamento. A integração energética deverá minimizar esta necessidade.

Utilidades não são restritas só a estes propósitos, também incluem ar comprimido,


água tratada, energia elétrica, combustíveis e outros. Para a síntese de processos, o
foco, porém, será dado aos fluidos de aquecimento e resfriamento.

As utilidades a serem usadas são função das temperaturas das etapas dos processos.
Apesar de não serem o âmago do processo produtivo, as utilidades têm peso
significante no custo operacional da planta, bem como podem resultar em um
aumento no custo de capital (investimento) considerável.
ÁGUA DE RESFRIAMENTO

Água de resfriamento é um fluido de resfriamento muito comum em plantas químicas.

Possui as seguintes características:


• Alta capacidade térmica – calor específico da água é muito alto, portanto a água é
capaz de absorver mais calor que outro fluido.
• Disponibilidade – por ser, ainda, um fluido abundante, é um fluido relativamente
barato de ser usado.
• Baixo impacto ambiental – mesmo em circuitos semifechados, parte da água de
resfriamento deve ser descartada para evitar a concentração de sais e
normalmente essa água descartada (blowdown) não exige tratamento.

A água de resfriamento pode operar em um circuito semifechado ou aberto.


ÁGUA DE RESFRIAMENTO

Circuito semifechado – em locais com relativa abundância de água disponível, a água é


retirada do ambiente e bombeada para o circuito de água de resfriamento. Ao
absorver o calor dos etapas do processo químico, a água deve ser resfriada para poder
ser utilizada novamente para resfriar estas etapas.

Este resfriamento é normalmente realizado em uma torre de resfriamento que usa o


ar ambiente para resfriar a água.
ÁGUA DE RESFRIAMENTO

Circuito semifechado
ÁGUA DE RESFRIAMENTO

O resfriamento da água em uma torre de resfriamento não só pela troca de calor


sensível entre o ar ambiente e a água, mas principalmente pela evaporação da água
(calor latente) que passa a absorver esta água até o limite de saturação do ar.

Como parte da água é perdida nesta evaporação, além de perdas menores que
ocorrem devido a arraste e vazamentos, o circuito necessita de constante reposição de
água para manter a mesma quantidade de água de resfriamento. Um valor razoável
para estimar estas perdas é de 2% em relação a vazão de água que é resfriada.

É importante notar que a água usada para resfriamento contém minerais dissolvidos
(cálcio, magnésio, ferro entre outros) e como estes não são evaporados, normalmente
há um processo de concentração destes minerais dissolvidos que pode resultar na
precipitação destes nos trocadores de calor e na tubulação.

É necessário descartar (blowdown) parte da água de resfriamento de maneira quase


contínua, e repô-la com água bruta para evitar a concentração de minerais.
ÁGUA DE RESFRIAMENTO

Circuito semifechado

Vantagens:

• Maior controle da temperatura de suprimento e de retorno da água de


resfriamento;
• A captação e o descarte de água são minimizados.

Desvantagens:

• Torres de resfriamento resultam em custos operacionais adicionais e ocupam


espaço físico considerável;
• A temperatura mínima de suprimento de água de resfriamento para o processo é
determinada pela temperatura do ar ambiente. O projeto de uma torre de
resfriamento normalmente considera um valor entre 25-30 oC de suprimento
devido aos dias quentes de verão.
ÁGUA DE RESFRIAMENTO

Circuito aberto – em locais com grande abundância de água disponível, a água é


retirada do ambiente e bombeada para o processo químico no qual ela absorve o calor
e é retornada para o ambiente aquecida.

Vantagens:

• Não exige instalação de torre de resfriamento, somente uso de bombas de


captação;
• Não há preocupação quanto à questão da concentração de sólidos.

Desvantagens

• Não há nenhum controle sobre a temperatura da água captada;


• Órgãos ambientais normalmente impõem limite superior de temperatura para o
descarte de água e, portanto, se o retorno da água de resfriamento for superior a
este limite é necessária resfria-la, ou usando uma torre de resfriamento (!!) ou uma
lagoa de polimento, sendo que esta última opção requer um espaço físico
considerável.
ÁGUA DE RESFRIAMENTO

Alguns detalhes devem ser observados ao se considerar um circuito de água de


resfriamento:

• É recomendável que a temperatura da água não ultrapasse 45 oC, acima deste valor
pode haver precipitação de sais minerais;
• Um problema raro de se encontrar no Brasil, mas que deve ser considerado em
outros países é que se as temperaturas ambientes forem muito baixas, deve ser
adicionado à água um anticongelante, sendo que alguns são tóxicos (etileno glicol,
propileno glicol, etc);
• Torres de resfriamento também servem como lavadoras de ar e devem ser
instaladas em locais adequados onde não haja muito material particulado na
atmosfera;
• A água de resfriamento deve ter um nível mínimo de tratamento, pelo menos com
o hipoclorito de sódio (NaClO), para evitar que a bacia da torre de resfriamento se
torne um criadouro de algas e microrganismos.
FLUIDOS DE RESFRIAMENTO

Outros fluidos de resfriamento:

• Água gelada – usada para processos que exigem temperaturas de resfriamento


abaixo de 25 oC. O circuito de água gelada normalmente é fechado e faz uso de
chillers, mais caros que uma torre de resfriamento. A temperatura de retorno da
água no circuito não deve ultrapassar mais do que 10-15 oC da temperatura de
suprimento.
• Ar – apesar de ser um excelente isolante térmico e ter uma baixa capacidade
térmica, o ar é abundante e o custo de operação dos ventiladores é muitas inferior
àquele de operação de uma torre de resfriamento. Porém, a eficiência do processo
dependerá da temperatura ambiente.
• Soluções salinas – água contendo sais como NaCl e CaCl2 podem ser usada para
resfriar fluidos para temperaturas até cerca de -30 oC.
• Fluidos criogênicos – um exemplo é nitrogênio líquido, são utilizados para se
resfriar fluidos de processo para temperaturas abaixo de -100 oC
VAPOR D’ÁGUA

O principal fluido de aquecimento utilizado em processos químicos é o vapor d’água.


Como o coeficiente de película (convecção) de vapor saturado é muito superior ao do
vapor superaquecido, normalmente se usa vapor saturado para aquecimento. Isto
significa que o calor perdido pelo vapor saturado é latente e o vapor ao atravessar
uma etapa de aquecimento é liquefeito gerando condensado (água).
VAPOR D’ÁGUA

Por se usar vapor saturado, a temperatura do vapor variará de acordo com a pressão.
Assim sendo, quanto maior a necessidade de temperatura, maior será a pressão do
vapor. A temperatura do vapor d’água de utilidades varia de 100 a cerca de 300 oC,
lembrando que a temperatura crítica da água é 374 oC.

São usadas caldeiras para a geração de vapor d’água. O combustível usado nestas
varia bastante, podendo ser utilizado gás natural, GLP, óleo diesel, óleo combustível,
madeira, bagaço de cana, etc.
VAPOR D’ÁGUA

A água de alimentação de caldeira que é aquecida para gerar vapor necessita de


tratamento especial. Esta água deve ter um teor de minerais dissolvidos reduzido ao
máximo, caso contrário estes minerais dissolvidos a alta temperatura podem causar
corrosão da caldeira. E também, esta água deve ser desareada para que não haja
oxigênio dissolvido que também resulte em corrosão.
VAPOR D’ÁGUA

Normalmente, o custo de tratamento desta água é minimizado ao se criar um circuito


semifechado ou fechado do vapor d’água, uma vez que o condensado de vapor d’água
é um líquido sem sais minerais e com baixo teor de oxigênio dissolvido.
FLUIDOS DE AQUECIMENTO

Óleo térmico – no caso de restrições à disponibilidade de água, ou de impossibilidade


de se trabalhar com altas pressões de vapor, uma opção é o uso de óleo térmico, que
circula em circuito fechado. Alguns óleos podem até ser usados como fluidos quentes
em aplicações criogênicos. Estes podem ser dos seguintes tipos:

• Óleos sintéticos – compostos aromáticos


• Óleos derivados de petróleo – parafinas
• Glicóis sintéticos

Sempre bom ressaltar que óleos são inflamáveis e alguns apresentam riscos a saúde,
segurança e meio ambiente.
FLUIDOS DE AQUECIMENTO

Água quente – no caso de restrições à temperatura máxima que o fluido frio deve ser
exposto, vapor d’água pode se tornar inviável de usar se estas restrições forem
inferiores a 100 oC. O uso de água quente é recomendado nestas situações, uma vez
que o custo da água é mais barato que outros fluidos.
FLUIDOS DE AQUECIMENTO

Ar de combustão – caso gases resultantes de combustão estejam disponíveis, estes


podem ser usados apesar da baixa capacidade térmica do ar, uma vez que o custo é
quase nulo.

Energia elétrica – para pequenas cargas térmicas, o uso de resistências elétricas pode
servir para o propósito de aquecimento, o custo da energia elétrica pode ser proibitivo
em alguns casos.

Aquecimento direto por chama – para se atingir temperaturas superiores a 400 oC,
normalmente só por intermédio da presença de uma chama resultante de combustão.
É o método utilizado em fornos industriais.
INTEGRAÇÃO DE ENERGIA TÉRMICA

Em um processo químico industrial completo, muitas correntes e etapas terão


demandas energéticas, tanto de aquecimento como de resfriamento. No processo
abaixo, é possível identificar 7 trocadores de calor, sendo que em 4 ocorrem
aquecimento e em 3 resfriamento. Normalmente, os primeiros consomem vapor e os
últimos água de resfriamento.
INTEGRAÇÃO DE ENERGIA TÉRMICA

Vapor normalmente é produzido em caldeiras, enquanto que água de resfriamento é


normalmente produzida em torres de resfriamento. Esses fluidos fazem parte do
sistema de utilidades de uma planta industrial.

Apesar de não estarem no âmago do processo produtivo, estes equipamentos são


caros e podem resultar em custos operacionais até mesmo proibitivos. Se em cada
um dos 7 trocadores de calor previstos no processo do slide anterior consumir
utilidades, a conta da planta pode sair bem cara.
INTEGRAÇÃO DE ENERGIA TÉRMICA

Como fazer para reduzir esta conta?

Intuitivamente pode-se pensar em integrar energeticamente as etapas com demandas


energéticas. Este é um método que permite sensível economia de custo em uma
planta, mas requer uma avaliação quanto à possibilidade dessa integração ocorrer ou
não.
EXEMPLO 1
Exemplo 15.1 de Turton et al. (2009)

A corrente de alimentação do reator R-201 é aquecida com vapor de alta pressão (T =


320 oC) de 154 oC até 250 oC no trocador de calor E-202. Como a reação é exotérmica,
a temperatura da corrente de saída do reator é de 364 oC, sendo esta resfriada até 100
oC no trocador de calor E-203 que faz uso de água de resfriamento (temperatura de

alimentação = 30 oC e retorno = 45 oC).


EXEMPLO 1
Supondo que o reator opere em regime permanente e que o calor específico das
correntes de alimentação e saída seja o mesmo (1 kcal/kg.oC), como é possível fazer a
integração energética deste sistema e qual a economia propiciada de vapor e de água
de resfriamento? Considere que a vazão de alimentação seja de 1 ton/h, o regime
seja permanente, o sistema seja adiabático e que não haja mudança de fases.
EXEMPLO 1
Calcula-se as demandas energéticas na alimentação (aquecimento) e na saída do reator
(resfriamento).

Qaq = win.Cp.DTaq = 1.000 kg/h * 1 kcal/kg.oC * (154 – 250) = -96.000 kcal/h


Qresf = wout.Cp.DTresf = 1.000 kg/h * 1 kcal/kg. oC * (364 – 100) = 264.000 kcal/h

Considerando que o calor latente de vaporização da água a 320 oC seja 540 kcal/kg e que o calor
específico da água de resfriamento também seja 1 kcal/kg.oC é possível calcular o consumo de
vapor (wvap) e de água de resfriamento (wH2O):

Qvap = - Qaq = wvap. lvap


96.000 kcal/h = wvap * 540 kcal/kg
wvap = 178 kg/h

QH2O = - Qresf = wH2O.Cp.DTH2O


-264.000 kcal/h = wH2O * 1 kcal/kg. oC * (30 – 45)
wH2O = 17.600 kg/h

Note que a diferença entre as demandas de aquecimento e de resfriamento é de 168.000 kcal/h,


isto é a demanda de resfriamento é superior a de aquecimento. É possível eliminar todo o
consumo de vapor e reduzir o consumo de água de resfriamento para uma demanda de apenas
168.000 kcal/h.
EXEMPLO 1
Primeiro, a corrente de saída do reator é resfriada usando a corrente de alimentação no trocador
de calor E-202. A temperatura de saída da corrente de saída é:

Qresf,202 = wout.Cp.DTresf,202
96.000 kcal/h = 1.000 kg/h * 1 kcal/kg. oC * DTresf,202
DTresf,202 = (Tin,202 – Tout,202) = 96 oC
Tout,202 = 364 – 96 = 268 oC

Por fim, a corrente de saída do E-202 é resfriada adicionalmente usando água de resfriamento no
trocador de calor E-203.

Nesse caso, o consumo de água de resfriamento seria de:

QH2O = wH2O.Cp.DTH2O
-168.000 kcal/h = wH2O * 1 kcal/kg. oC * (30 – 45)
wH2O = 11.200 kg/h
EXEMPLO 1
Para a integração energética, o arranjo do sistema então consiste na saída do reator aquecendo a
alimentação no trocador de calor E-202, e o resfriamento adicional necessário ocorrendo no
trocador de calor E-203.

250

364

100

268

154
EXEMPLO 2
E se a saída do reator do Exemplo 1 estivesse a 253 oC?

253
EXEMPLO 2
Calcula-se as demandas energéticas na alimentação (aquecimento) e na saída do reator
(resfriamento).

Qaq = win.Cp.DTaq = 1.000 kg/h * 1 kcal/kg.oC * (154 – 250) = -96.000 kcal/h


Qresf = wout.Cp.DTresf = 1.000 kg/h * 1 kcal/kg. oC * (253 – 100) = 153.000 kcal/h

Considerando que o calor latente de vaporização da água a 320 oC seja 540 kcal/kg e que o calor
específico da água de resfriamento também seja 1 kcal/kg.oC é possível calcular o consumo de
vapor (wvap) e de água de resfriamento (wH2O):

Qvap = wvap. lvap


96.000 kcal/h = wvap * 540 kcal/kg
wvap = 178 kg/h

QH2O = wH2O.Cp.DTH2O
-153.000 kcal/h = wH2O * 1 kcal/kg. oC * (30 – 45)
wH2O = 10.200 kg/h

A diferença entre as demandas de aquecimento e de resfriamento é de +57.000 kcal/h. É


possível eliminar todo o consumo de vapor e reduzir o consumo de água de resfriamento para
uma demanda de apenas -57.000 kcal/h. Será?
EXEMPLO 2
Novamente

Primeiro, a corrente de saída do reator é resfriada usando a corrente de alimentação no trocador


de calor E-202. A temperatura de saída da corrente de saída é:

Qresf,202 = wout.Cp.DTresf,202
96.000 kcal/h = 1.000 kg/h * 1 kcal/kg. oC * DTresf,202
DTresf,202 = (Tin,202 – Tout,202) = 96 oC
Tout,202 = 253 – 96 = 157 oC

Por fim, a corrente de saída do E-202 é resfriada adicionalmente usando água de resfriamento no
trocador de calor E-203.

Nesse caso, o consumo de água de resfriamento seria de:

QH2O = wH2O.Cp.DTH2O
-57.000 kcal/h = wH2O * 1 kcal/kg. oC * (30 – 45)
wH2O = 3.800 kg/h
EXEMPLO 2
Novamente, rearranjando o sistema nota-se que a saída do fluido. E nota-se o problema neste
tipo de simplificação de análise de integração energética.

250

253

100

157

154
EXEMPLO 2
Analisando em detalhe o trocador de calor E-202, nota-se que as temperaturas das correntes
estão muito próximas.

250

253

100

157

154
EXEMPLO 2
Analisando em detalhe o trocador de calor E-202, nota-se que as temperaturas das correntes
estão muito próximas. As temperaturas de entrada do fluido quente e saída do fluido frio
diferem em apenas 3 oC, o mesmo para as temperaturas de saída do fluido quente e entrada do
fluido frio.

157 250
Quente, saída Frio, saída

154 253
Frio, entrada Quente, entrada

A área de troca deste trocador de calor será muito grande (Q = U.A.DTmédio). Quanto maior a
média da diferença de temperaturas (DTmédio) menor será a área de troca (A). Uma faixa de
valores recomendáveis para DTmédio é de 5 a 20 oC.
EXEMPLO 2
Usando um valor de DTmédio de 10 oC, as temperaturas para o trocador de calor E-202 são
recalculadas:

164 243
Quente, saída Frio, saída

154 253
Frio, entrada Quente, entrada

Note que a temperatura de saída do lado frio é inferior a 250 oC, o que significa que é necessária
a instalação de outro trocador de calor (E-204) para aquecer a alimentação de 243 até 250 oC.
EXEMPLO 2
Portanto, o arranjo do sistema seria:

250

E-204

243
253

100

164

154

Note que será necessário recalcular os consumos de vapor e água de resfriamento para este
arranjo.
EXEMPLO 2
Para o trocador de calor E-204:

Qaq = win.Cp.DTaq = 1.000 kg/h * 1 kcal/kg.oC * (243 – 250) = -7.000 kcal/h


Qresf = wout.Cp.DTresf = 1.000 kg/h * 1 kcal/kg. oC * (164 – 100) = 64.000 kcal/h

Para o trocador de calor E-203:

Qvap = wvap. lvap


7.000 kcal/h = wvap * 540 kcal/kg
wvap = 12,9 kg/h

QH2O = wH2O.Cp.DTH2O
-64.000 kcal/h = wH2O * 1 kcal/kg. oC * (30 – 45)
wH2O = 4.267 kg/h
ANÁLISE PINCH

O exemplo anterior é relativamente simples, pois só há uma demanda energética de


aquecimento e outra de resfriamento. A solução para a integração energética é
intuitiva e evidente.

O problema é quando existem várias demandas energéticas de aquecimento e de


resfriamento. É necessário se estabelecer uma metodologia estruturada para que se
possa realizar um estudo de como fazer esta integração ou é fácil se perder.

A metodologia a ser apresentada é conhecida como análise pinch.


EXERCÍCIO

Exemplo 15.2 do Turton et al. (2009). Em um determinado processo foram detectadas


6 correntes com demandas energéticas, sendo que as três primeiras (1 a 3) devem ser
resfriadas, enquanto as três últimas (4 a 6) devem ser aquecidas. Definir quantos
trocadores de calor serão necessários para a integração energética, as temperaturas
de entrada e saída dos fluidos em cada um dos trocadores de calor e as demandas
energéticas de utilidades (vapor e água de resfriamento). Note que a tabela indica
que seriam necessários 50 kW de vapor fazendo a diferença entre as demandas de
aquecimento e de resfriamento.
EXEMPLO 3

Se a opção for por uma resolução por tentativa e erros, pode-se começar a integração
tentando resfriar a corrente 1 aquecendo a corrente 4 no trocador de calor A.
Estabelecendo um valor de DTmédio de 10 oC, a temperatura de saída do fluido quente
(corrente 1) não deve ser menor que 200 oC, uma vez que a temperatura do fluido frio
(corrente 4) é de 190 oC. A carga térmica necessária para resfriar a corrente 1 de 300
para 200 oC é calculada por:

Q1 = w1.Cp1.DT1 = 10 kg/s . 0,8 kJ/kg.oC . (300 – 200) oC = 800 kW

Note que a carga térmica necessária para aquecer a corrente 4 é de 500 kW, ou seja
neste primeiro trocador de calor, então a corrente 1 não atingirá o valor de 200 oC. O
valor real da carga térmica da corrente 1 no trocador de calor A é então:

Q1,A = 500 kW

E a temperatura de saída da corrente 1 deste trocador de calor é:

Q1,A = w1.Cp1.DT1,A = 10.0,8.(T1,A,IN – T1,A,OUT)


T1,A,OUT = 237,5 oC
EXEMPLO 3

Portanto, o trocador de calor A tem o seguinte arranjo:

290 237,5
Corrente 4, saída Corrente 1, saída

300 190
Corrente 1, entrada Corrente 4, entrada
EXEMPLO 3

A corrente 1 é resfriada até 150 oC aquecendo a corrente 5 no trocador de calor B. A


carga térmica necessária para resfriar a corrente 1 de 237,5 para 150 oC é calculada
por:

Q1 = w1.Cp1.DT1 = 10 kg/s . 0,8 kJ/kg.oC . (237,5 – 150) oC = 700 kW

Note que a carga térmica necessária para aquecer a corrente 5 de 90 a 190 oC é de 800
kW. Portanto, a corrente 5 não poderá ser aquecida por inteiro neste trocador de
calor. Estipulando que a temperatura de saída da corrente 5 é de 190 oC, a
temperatura de entrada da corrente 5 é calculada em:

Q5,B = -700 W
Q5,B = w5.Cp5.DT5,B = 10.0,8.(T5,A,IN – T5,A,OUT)
T5,A,IN = 102,5 oC
EXEMPLO 3

Portanto, o trocador de calor B tem o seguinte arranjo:

190 150
Corrente 5, saída Corrente 1, saída

237,5 102,5
Corrente 1, entrada Corrente 5, entrada
EXERCÍCIO

A partir do procedimento realizado para cálculo dos trocadores de calor A e B, realizar


a integração energética para todas as correntes do Exemplo 3.

Desenhar um esquema do arranjo dos trocadores de calor do Exemplo 3.

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