1) Em 1603, Pero Coelho construiu o Fortim de São Lourenço na foz do rio Jaguaribe, o primeiro assentamento português no Ceará.
2) Em 1604, ele construiu o Fortim de São Tiago na foz do rio Ceará.
3) Em 1612, Martins Soares Moreno construiu o Forte de São Sebastião no mesmo local do Fortim de São Tiago. Esse documento descreve as fortificações construídas no Ceará pelos portugueses entre os séculos XVI e XVII para defender a
1) Em 1603, Pero Coelho construiu o Fortim de São Lourenço na foz do rio Jaguaribe, o primeiro assentamento português no Ceará.
2) Em 1604, ele construiu o Fortim de São Tiago na foz do rio Ceará.
3) Em 1612, Martins Soares Moreno construiu o Forte de São Sebastião no mesmo local do Fortim de São Tiago. Esse documento descreve as fortificações construídas no Ceará pelos portugueses entre os séculos XVI e XVII para defender a
Descrição original:
Documento com descrição dos fortes no litoral Fortalezense.
1) Em 1603, Pero Coelho construiu o Fortim de São Lourenço na foz do rio Jaguaribe, o primeiro assentamento português no Ceará.
2) Em 1604, ele construiu o Fortim de São Tiago na foz do rio Ceará.
3) Em 1612, Martins Soares Moreno construiu o Forte de São Sebastião no mesmo local do Fortim de São Tiago. Esse documento descreve as fortificações construídas no Ceará pelos portugueses entre os séculos XVI e XVII para defender a
1) Em 1603, Pero Coelho construiu o Fortim de São Lourenço na foz do rio Jaguaribe, o primeiro assentamento português no Ceará.
2) Em 1604, ele construiu o Fortim de São Tiago na foz do rio Ceará.
3) Em 1612, Martins Soares Moreno construiu o Forte de São Sebastião no mesmo local do Fortim de São Tiago. Esse documento descreve as fortificações construídas no Ceará pelos portugueses entre os séculos XVI e XVII para defender a
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FORTIFICACõES DO CEARA
' Coronel ANNIBAL BARRETO
Resumo histórico das fortificações construidas
no Ceará na época do Brasil-Colônia
· "Devemos obstar por todos os Em 1586 firmaram-se os portu-
meios que o território pátrio seja guêses na Paraíba ; e em 1597 já maculado pelo inimigo". atingiam o Rio Grande do Norte. "O mais eficiente dêles é, segun- Em meado de 1603 Pedro ou Pero do Varnhagem : Preparar-nos para Coelho de Souza, português abas- receber à porta e não dentro dela, tado e proprietário na Paraíba, que depois de nô-la haver saqueado". fôra nomeado Capitão-Mor, partiu Pela localização das defesas fixas da Paraíba para o rio Jaguaribe, construídas, no Ceará, no tempo do acompanhado de Soares Moreno, Si- Brasil-Colônia, pelos lusitanos, cer- mão Nunes e Manoel de Miranda, tificar-se-á da situação dessas for- por terra, com 86 homens brancos tificações, que constituíam uma li- e 200 índios, com o fim de tentar nha defensiva nos pontos nevrál- colonizar o Maranhão e expulsar os gicos daquela região, e que, naque- franceses de lá e do Ceará, onde la época, impediriam ou obstariam 'iam se estabelecendo, com o apoio qualquer penetração de conquista- dos índios, que com os quais co- dores no interior dessa parte do merciavam. Brasil. Na foz do Jaguaribe construiu os primeiros elementos de um Fortim, • • conforme veremos adiante. Quando D. João UI, em 1534, di- Do Jaguaribe, com um grande vidiu a costa do Brasil em Capita-· contingente de índios, partiu para nias hereditárias, o território do Camocim ou Rio da Cruz e daí al- Ceará ficou compreendido entre cançou o rio Parnaíba (Piaui), de três doações distintas : onde retornou ao Ceará, vindo ter à barra do rio Ceará, construindo a) dos limites com o Rio Gran- um Fortim na sua foz e na sua de do Norte até o rio Jagua- margem direita, denominando-o São ribe, fazia parte da doação Tiago. que coube a João de Barros Posteriormente, regressou à Pa- ( 100 léguas a partir da Baía raíba em busca de recursos. Retor- da Traição (Paraíba) até o nou ao Ceará, mas à míngua de au- Jaguaribe) ; xílios, é obrigado a retirar-se para b) do rio Jaguaribe ao rio Mun- o Rio Grande do Norte, onde fale- daú, nas 40 doadas a Antô- ceu. nio Cardoso de Barros ; Foi, pois, Pero Coelho, o primeí- c) e do rio Mundaú aos .limites ro português a tentar a colohiza- com o Piauí, nas 75 concedi- ção do Ceará, e o primeiro a lan- das a Fernão Alvares de An- çar os fundamentos de fortifica- drade. ções na sua costa. ~sses donatários, por motivos di- .. . versos, não puderam dar inicio a Vejamos, agora num resumo his- colonização de suas Capitanias. tóric<?_, cronológico, como foram dis- A DtFESA NACIONAL Nov./1955
seminados · pelo litoral e interior da Ibiapaba, avançou o mesmo até
essas fortificações. o rio Parnaíba, atingindo o lugar ~ntão chamado Punaré, de onde re- 1°) FORTIM DE S. LOURENÇO gressou para as margens do rio (Foz do Jaguaribe) Ceará ou Itarema, situados a 18 km a oeste de Fortaleza. Construção, Armamento, Guar- Aí na sua' foz e na margem di- nição. etc. reita construiu um Fortim de tai- pa, que denominou São Tiago da A construção dêsse Fortim foi Nova Lisboa ou simplesmente São iniciada em 10 de agôsto de 1603, Tiago . pelo Cap. Pedro ou Pero Coelho . A povoação que fundou chamou- de Souza, na margem esquerda do se Nova Lisboa e essa região pas- rio Jaguaribe, próximo à sua foz, sou a chamar-se Nova Lusitânia . e entre os rios Paripuera e São Lourenço, no local conhecido por b) Comandantes : Passagem das Pedras. Pero Coelho - 1604 ; Nessa época, Pera Coelho com Cap. Simão Nunes Correia . uma expedição, partindo em junho 1604-1605 ; e, novamente, Pero Coe- da Paraíba, destinava-se ao Mara- lho - 1605. nhão, com a finalidade de expulsar c) Armamento: Mosquetes. daí os franceses, chefiados por Jac- d) Guarnição: 45 homens. ques Rifault. e> Sua história: Até 1640, nos mapas, ainda fi- gurava êsse Fortim, ora com a de- Durante a ausência de Pero Coe- nominação de Presídio, Fortim, lho, que foi à Paraíba em busca de ora de Fortaleza. recursos, ficou no comando do For- A missão de Pero Coelho, con- tim o Cap. Nunes Correia. Pelo forme estabelecia o Regimento . ex- espaço de 18 meses permaneceu es- pedido pela Côrte de Madrid, "era sa guarnição quase sem recursos a descobrir por terra o pôrto do Ja- , sem comunicação com a Paraíba.. guaribe, tolher o comércio dos es- Assim, ao regressar ao Forte· em trangeiros, descobrir minas e ofe- 1605, não teve Pero Coelho outro recer paz aos gentios" ; "fundar po- alvitre senão retirar-se com a guar- voações e Fortes nos lugares ou nição para o Rio Grande do Norte portos que melhores lhe parece- (Fortes dos Três Reis Magos), pois rem". os ataques dos índios eram cons- Alcançando o Jaguaribe com sua tantes e sem poder ser .repelidos. expedição, composta de 65 soldados · Ficando o Fortim evacuado e e 200 índios, tratou de se proteger abandonado, com pouco tempo en- contra qualquer ataque dos índios trou em ruínas e desapareceu. hostis, construindo, pois, o Fortim ·que denominou de São Lourenço. 3°) FORTIM OU FORT~ -DE SAO Daí a construção do Forte, como SEBASTIAO ' um meio de defesa contra os selva- (Foz do rio Ceará) -gens e uma base para vigilância do litoral nessa região. a) C o n s t r u ç ã o , Armamento, Sua duração foi efêmera e hoje Guarnição, Comandantes, etc. nada mais resta . A 20 de .janeiro de 1612, o Ca- 2°) FORTIM DE. SÃO TIAGO pitão-Mor Martins Soares .Moreno, (Foz do. rio Ceará) que fôra tenente do Forte dos Três Reis Magos (Rio G. do Norte), a) Construção, Comandantes, Ar- aporta, com 6 soldados e um pa- mamento, Guarnição, etc. dre, à barra do rio Ceará. Aí ini- cia a construção de um Fortim no Vitoriosa, em 1604, a expedição mesmo local onde existiu o Fortim de Pero Coelho contra os franceses de São Tiago, denominando-o Forte de Mambile e os índios tabajara~t de São Sebastião, em homenagem Nov./1955 FOR'l'IFICAÇÕES DO CEARÁ 31
ao santo do dia de seu desembar- Daí, são expulsos pelos selvagens
que nessa regtao. Também nessa rebelados em janeiro de 1644. ocasião construiu uma Capela com Voltaram a ocupá-lo em . 1649, e invo$!ação de N. S. do Amparo. em 1654 deixaram-no finalmente. O Forte era um .quadrado de es- Depois que os holandeses foram tacas de pau a pique e 'terra, flan- daí expulsos em 1644 pelos índios queado por dois baluartes peque- revoltados, o Forte ficou em com- nos, também quadrados, localiza- pleta ruina. Os canhões foram dos em dois ângulos tliametralm'en- transportados para o Forte do te opostos. . Schoonemberch, bem como o· ma- No seu interior foram construi- terial de construção : telhas etc. dos alojamento para a guarnição e Hoje nada mais resta. depósito para gêneros. 4°) FORTIM DE N. S . DO b) Armamento e guarniçfío: ROSARIO De início, foi armado com duas peças de ferro e guarnecido com (Ponta de Jericoaquara (Buraco 20 homens, armados de mosquetes. das tartarugas) próximo Posteriormente, sua guarnição foi a Camocim) aumentada para 33 homens . E seu a) C o n s t r ti. ç ã o , Armamen- armamento pesado passou a ser o to, Guarnição, Comandan- ,geguinte: tes etc . 4 peças de ferro de 4 . libras e 1 Jerônimo de Albuquerque, em de 2 libras. , 1613, construiu em Jericoaquara c) Comandantes: (enseada e ponta situadas entre Soares Moreno (1612) Acaraú e Camocim) um Fortim, sob Estêvão de Campos a invocação de N. S. do Rosário. Manoel Brito Pereira · Como obra de defesa era muito Sargento Almeida Bartolomeu de rudimentar, pois não passava de Brito uma estacada de pau a pique. Domingos Lopes Lobo (1617) Em 1637 também os holandeses Soares Moreno, novamente (em aí fizeram pequenas obras de for- 1621) . tificação, dirigidas por Jacob Evers. Domingos da· Veiga, sobrinho de l!:sse, alistando índios, seguiu para Soares Moreno (1631) o Nlaranhão e lá morreu em luta Tenente Van Han - holandês com os portuguêses. (1637) Em 1655 André de Vida! de Ne- Tenente Gedian Morris - holan- greiros mandou construir na ponta $Iês ( 1637) . Jericoaquara uma fortificação per- manente, a fim de facilitar as co- d) Reconstrução : municações, por terra, entre o Cea- Em setembro de 1621, Soares Mo- rá e Maranhão, servindo êsse re- reno, reconstruiu o Forte, . que se duto de proteção aos portuguêses, achava em ruínas . Suas muralhas que se destinavam a São Luiz. foram reconstruídas com pedras Parece que as peças para aí trans- sôltas, numa altura de 3m 30 . portadas não foram l)lontadas e fi- Os holandeses reforçaram-no com caram encobertas pela areia e ou- uma palissada em 1637 . 'tras foram roubadas . e) Sua história : O armamento era mosquete e a guarnição era composta de 40 ho- l!:sse Forte prestou relevantes mens . serviços na defesa do litoral, repe-' Hoje, não há mais vestígios, lindo em 1614 piratas franceses (Dur Prat) e, em 1624 a 1625, naus b) Comandantes : flamengas. _; · Jerônimo de Albuquerque (1613) A 25 de outubro de 1637, depois Jerônimo de Albuquerque Sobri- de heróica resistência, caiu em po- nho - sobrinho de Jerônimo de der dos holandeses, comandados por Albuquerque (1613-1614) George Gasrtsman , Manoel de Souza Eça ( 1614) . 32 A DEFI!:SA NACIONAL Nov./1955
c) Sua história : de ser feito o traçado do Forte pelo
f:sse Fortim servia de ponto de engenheiro Ricardo Caar. apoio para a vigilância do litoral No dia 22 estava quase conclui- infestado de piratas franceses e da a obra. selvagens, e uma base de proteção O Eorte recebeu a denominação para a expulsão dos franceses do de Forte Schoonemberch, em ho- Maranhão. menagem ao governador holandês Os piratas franceses atacaram o de Pernambuco. Fortim em 1614, mas foram repe- Era pequeno e construido de ma- .lidos. Ainda em 1614, seus defen- deira : estacas de carnaúba e ter· sores repeliram um forte ataque de r a. Tinha a forma pentagonal, cer- 300 índios. cado de parapeito e palissada. Em 1637, quando os holandeses Posteriormente, Matias Beck am- ocuparam o Fortim de São Sebas- pliou e reforçou as obras de defe- tião, na barra do rio Ceará, ocupa- -sa, de acôrdo com a planta feita pelo ram também êsse Fortim. Mais tar- Engenheiro Caar. Essa ampliação de, com a expulsão dos holandeses, foi iniciada em 19 de agôsto de foi guarnecido pelos portuguêses. 1649. . Nas lutas titânicas contra os De início, foi armado com 11 pe- franceses e contra os selvagens não ças de ferro e guarnecido com 40 podem ser esquecidos os nomes de : soldados. Jerônimo de Albuquerque, Manoel Em 1654, tendo fim o domínio de Souza Eça, Alferes Cristóvão holandês no Brasil, Alvaro de Aze- Sellares, Sargento Baltazar Fer- vedo Barreto, que substituiu ·o co- nandes Barreiros e cabos Simão mandante holandês Matias Beck, Fernandes Botelho, Manoel Dias mudou logo o nome do Forte Guoteres e Francisco de Araújo Schoonemberck para Forte de N. Moura que, herõcamente, derra- S . da Assunção. maràm seu . sangue em defesa da Nessa época Alvaro de Azevedo terra invadida. Barreto fêz reparos no Forte e deu f:sse Fortim foi destruido no diá início á construção de uma Ca· 12 de outubro de 1614, por ordem pela . de seu comandante, quando daí se Em 1655 Alvaro de Azevedo Bar- retirou para Periá, deixando a cos- reto foi substituído no comando do ta cearense . Forte por Domingo de Sá Barbosa. Hoje, não há mais vestígios. Por Carta Régia de 27 de julho 5°) FORTE SCHOONEMBERCH de 1656, foi autorizado a André Vi· .( holandês) ou FORTE DE N. S. dal de Negreiros, então governador DA ASSUNÇÃO (português) do Maranhão, ao qual estava subor- dinado o Ceará, a construir um Construção, Reconstrução, Ar- Forte de pedra e cal ou mesmo de mamento, Guarnição etc· madeira de lei. No momento· não foi executada A 3 de abril de 1649 Matias Bech a construção, continuando o antigo (holandês) aporta à enseada de Forte na mesma situação de ruinas. Mucuripe, com 3 iates e dois bar- De 1654 a 1812 êsse Forte foi, • cos transportando 298 homens. ora por outra, reparado. Entretan- Daí passou a explorar a costa do to, não sendo conservado, nesse Ceará até a barra do rio Ceárá, com ano de 1812, desmoronou-se. o fim de escolher um local para construir um 'Forte. A colina si- Durante o século XVII os melho- tuada à margem esquerda dçi Pa- ramentos do Forte foram executa- jeú (Marajaih-Ipajuca-Telha e de- dos nos Comandos de : pois Pajeú), e denominada pelos Manoel Carvalho Fialho (1662) ; indígenas de Marujaitiba, foi o lo- João Tavares de Almeida (1666) · cal escolhido . · Bento Correia de Figueiredo ; ' A 9 de abril 40 soldados lll1Cla- João de Barros Braga; ram a limpeza do terreno, a fim Sebastião Sá (1684). Nov./1955 FORTIFICAÇÕES DO CEARÁ 33
Em · 1708, a planta apresentada Nesse ano de 1799 o Forte dis-
pelo engenheiro Diogo da Silveira punha do seguinte armamento : Veloso para reedificar o Forte de 7 peças, sendo uma de bronze, d~ pedra e cal não foi aprovada . calibre 7" e 6 de ferro de di- Em 1729, uma comissão de enge- ferentes calibres : nheiros, inclusive o Sargento-Mor Diogo da Silveira Veloso, foi con- 1 de calibre - 9" trária à construção de uma Forta- 1 de calibre - 8" leza de pedra e cal, opinando por 3 de calibre - 6" reparos a serem feitos, substituin- 1 de calibre - 5" do as carnaubeiras por madeira Tôdas em mau estado. mais forte. Em 1802 foi construido um quartel. · Em 1749 seu armamento era o Em 1812, quando era governador seguinte: Manoel Inácio Sampaio, o Forte es- a) Peças .de bronze: tava reduzido a um Reduto de tér- ra batida e revestido de madeira~ 2 - calibre - 2" em quase ruínas. '2 calibre - 5" Assim, desapareceu o ex-Forte 1 - calibre - 8" Schoonemberch, construído ém 1649 5 pelos holandeses, e que, em 1654, b) Peças de ferro: foi denominado pelos portuguêses de Forte ou de Fortaleza de N. S. 5 - calibre - 10" da Assunção. · 2 - calibre - 3" Nesse mesmo local foi, em 12 de 7 outubro de 1812 iniciada a constru- NOTA - Vencimentos mensais : ção da Fortaleza de N. S. da As- a) Cap-Mor da Capitania (que era sunção, conforme veremos adiante. também o Cmt da Fortaleza) : 33$333. b) Condestável - 1$920 e mais 4 li- 6°) FORTE DE CAMOCIM tros de farinha. (Chefe dos artilheiros). Guarnição - duas companhias : 2 ca- pitães, 2 alferes, 2 artilheiros e 240 sol- (Foz do Coreaú ou rio da Cruz) dados . a) C o n s t r u ç ã o , Armamen- Em 1756, no govêrno de Montau- to, Guarnição etc. ri foi iniciada a construção de um . Reduto de madeira e terra batida, Em 1613 Jerônimo de Albuquer- que, mais tarde, foi artilhada com que já havia aportado às praias de 12 peças . . Camocim, com a intenção de aí cons- Ainda em 1782 não tinham sido truir uma fortificação provisória, reconstruídas as defesas do Forte. que servisse de base para a expul- Em 1790 permanecia a ~esma si- são dos franceses do Maranhão . tuação. Entretanto, achou mais conve- Em 1799 - 29 de outubro - niente construir na ponta de Jeri- Bernardo Manoel de Vasconcelos, coaquara, mais a leste, por ofere- governador da Capitania do Ceará, cer melhores vantagens de ordem reclama contra o estado de ruínas militar. do Forte, bem como comunica ser Em 1604, "por aí já havia passado {) seu efetivo muito pequeno : Pero Coelho. . '· Cmt (êle próprio) Não se precisa a data em que · os 1 tenente holandeses construíram ·em Carno- 1 sargento cim um pequeno Fortim, entretant 1 furriel to, possivelmente, pode t ter sido em 1 cabo 1641, quando o governwdor hola'il· 1 tambor dês do Ceará, Gedean Mórris, via- 21 soldados jou pelo norte da Capitania, a tí- ~ NOTA - Ganhava um soldado 8$060 tulo de exploração e à cata de ri- por ano. quezas. a 34 A . DEFESA NACIONAL Nov./1955
·. Em 28 de fevereiro de 1644 êsse Em 1697 sua guarnição foi au-
Fortim foi atacado e tomado pelos mentada com mais 30 soldados. índios, que trucidaram a guarnição Mais tarde, em 1699, João da batava . Mota foi substituído no comando Chefiava os selvagens, o índio por Belchior Pinto. Ticuna que, em 1659, recebeu da · Em 170Ó o Fortim foi recons- Rainha Regente muitas mercês pe- truido por ordem do Ten-Cel João los serviços prestados à causa lu- de Barros Braga. sitana . Em 1701 Belchior Pinto foi subs- Antônio Teixeira de Melo, que tituído no comando por Plácido de havia combatido os holandeses no Azevedo Falcão, que aí permane- .Maranhão, mandou ocupar êsse ceu até 1703. Fortim em nome do Rei de Portu- tsse Fortim foi duas vêzes to- -gal. mado pelos índios rebelados ; e em Em 1656 Anqré. Vital de Negrei- 1705 foi incendiado. ros mandou guarnecê-lo com quatro Em 20 de dezembro de 1705, o peças de 6 libras e 25 soldados . governador de Pernambuco, Fran- Como o Fortim .de Jericoaquara, cisco de Castro Morais, propôs à ésse ponto da costa, ocupado e for- Metrópole a sua extinção, conside- tificado, facilitava as comunicações rando terem os índios deixado li- do . Ceará com o Maranhão, permi- vre o litoral, e assim o Fortim per- tindo o comércio dos portuguêses dia sua finalidade precípua, que era e proteção contra os ataques dos a defesa dos moradores . selvícolas. Em 1687 já tinha êsse Fortim de- Em 1706 comandava o Fortim o saparecido, e hoje não há mais ves- cabo Manoel Dias Pinheiro. tígios ao mesmo. Por Carta Régia de 12 de março de 1707, , foi o governador de Per- ·7°) FORTE REAL DE SAO nambuco autorizado a mandar FRANCISCO XAVIER abandonar o Fortim, determinando que o cabo Manoel Dias Pinheiro, (Baixo Jaguaribe) seu comandante, fôsse transferido para o Forte de Pau Amarelo, en- Construção, Armamento, Guar- tão em construção, nessa época. nição etc. Por ordem do governador de Per- 8°) FORTIFICAÇõES SUMARIAS nambuco, Caetano de Melo Castro, DO BAIXO JAGUARIBE a 25 de março de 1695 o Cap. Pe- dro Lelou partiu da Fortaleza de Fortificações sumárias também N. S. da Assunção, com um Con- foram construídas em épocas. pos- tingente de 50 homens, a fim de teriores à construção do Fortim construir um Presídio no baixo Ja- Real de São Francisco Xavier, já guaribe, com a finalidade de terem descrito, no baixo Jaguaribe e no aí os lusitauos um apoio para pa- litoral, pois, em 1706, já havia sido .cificar os índios e proteção ade· alvitrado a construção de fortifica- quada, em caso de ataque. ções nessa região . Assim, desembarcaram nesse lo- cal, pólvor;~, 4 arcabuzes e 2 armas Assim, vejamos: de · pedra, e deram início a cons- 1) Fortim de Aracati - cons- trução de um Presídio. ou Reduto. truido a 5 km da foz do Jaguaribe · .:'0 Reduto foi construido a 73 km e armado com 6 peças. a'cima• da foz do Jaguaribe e deno- Não há mais vestígios. minado Forte Real de São Fran- cisco Xavier da Ribeira do Jagua- 2) Reduto de Canoa Quebrada rille, sençl.o guarnecido por 20 sol- - compunha-se de uma bateria (só- dados. ·; mente peças ), situada a 2 km e LJSeu comando foi dado ao ajudan- 800m, a leste do farol da barra do te· João da Mota, por carta Régia Jaguaribe . de 9 de setembro de 1696. Não há mais vestígios. Nov./1955 FORTIFICAÇÕES DO CEARÁ 35
3) Reduto da Barra do Aracati :Esse Fortim recebeu a denomina-
- construido na ponta oeste da foz !,'ão de Fortim de São Luiz. do rio Jaguaribe e guarnecido com F, m 1800 o governador Bernar- canhões de grosso calibre. do .\ianoel de Vasconcelos alvitrou Não há mais vestígios, salvo al- o a11mento de peças da guarnição gumas pedras como indicio do For- do l'orte de 18 a 26. tim que lá existiu. Alguns canhões Ew 1801, reforçando o Forte, o servem de ornamento à Praça do gove.mador manda levantar três Mercado, da cidade do Aracati. batelias de pedra 'e cal. Uma delas 4) Bateria do Retiro Grande - foi c.mstruida bem próximo ao an- situada a 37 km a SO da cidade de cora<l ouro. Aracati, junto a uma enseada e Foi encarregado dessa constru- pôrto local. ção o Ten artilheiro Francisco Xa- Teve duração efêmera. vier 'I orres que, com seus soldados, 'em 1tr.âs meses executou as obras Nota - Nas prai.as do litoral da ci- planejadas. didade de Aracati, por muito tempo ainda eram vistos velhos canhões nas A falta de canhões, em número dunas. suficiente para guarnecer as Bate- OBSERVAÇÃO - Além dessas peque- rias construídas, o governador Ber- nas fortificações do litoral e do baixo nardo .Manoel de Vasconcelos fêz Jaguaribe, na região leste da Capitania, disseminados pela costa haviam cinco guarnecê-las com uma peça de fer- Prestdios ou Postos de Vigilância - si- ro cada Bateria e outras de pau tuados na barra do Jaguaribe até a barra do Mossoró, a saber : pintado de preto, iludindo o ini- 1o no Morro de Massaió migo. 20 na Coroa Quebrada As denpesas com essas obras fo- 30 na Ponta Grossa ram de ;;26$930 . 40 no Morro do Tibau 5• na Barra do Mossoró. No me.1do de 1802 mais uma Ba- ter,ia foi levantada para reforçar 9°) FORTIFICAÇõES DO MU· as defesas do Mucuripe, receben- CURIPE (Ponta de São Bartolo· do o nome de São Pedro Príncipe. meu) FORTIM DE SAO LUIZ etc. Das Baterias que defendiam a ponta de Mucuripe, três foram de- Já no comêço do · século XVII, nominadas : São Pedro Príncipe, Soares Moreno preconizava a cons- da Princesa Carlota e São João trução de fortificações para a d~ · Príncipe ; o Fortim chamado São fesa da enseada de Mucuripe ( cha- Bernardo do Governador, e por fi- mada pelos franceses de Mocori- car próximo ao pôrto de São Luiz pá), que deveria ser artilhada com · do Mucurjp(!, passou a ser conheci- 4 peças. do também por "Fortim de São Em 1696 o Capitão-Mor do Cea- Luiz". rá, Fernão Carvalho, também su- NOTA - Nessa mesma época existia geriu a construção de fortificações na Prainha (Fortaleza) um Fortim de- para defesa do ancoradouro de Mu- cido nominado Reduto da Prainha, guarne- com quas peças d~ pequeno ca- êuripe. libl)e. Em 1745 foi apresentado à Me- trópole um projeto para a constru- Em 1826 as defesas do Mucuripe !,'ão de um Forte em Mucuripe. foram reconstruídas. · Em 1799, afinal, foi construída EIIi 1843 o estado dessas defesas a primeira defesa da enseada - era precário e quase em ruína. um Fortim, constando de uma "es- tacada de pau a pique", em forma 11·Junto às canhoneiras achavam-se peças enterradas na areia. Sua de octôgono, medindo cada lado 45 guarniÇão estava reduzida a um Te- metros de comprimento. Em cada ângulo, voltado para o mar, havia enente reformado, Cmt, 1 sargento 4 soldados . · uma canhoneira. Seu armamento era o seguinte : Hoje não há mais vestígio. Três peças de calibre - 3", duas Há um Farol r.regido na Ponta de bronze e uma de ferro. do Mucuripe_. A DEt:'ESA NACIONAL ,Nov./1955
·10°) REDUTOS DIVERSOS, FOR- da Assunção, no mesmo loéal onde
TIM, . BATERIAS E PRESíDIOS fôra construido o antigo Forte ho- landês denominado Schoonemberch, Em 1749 existia em Jacarecanga em 1649, e agora reduzida a uma (fortaleza) : um Reduto denomi- Bateria em ruínas. nado Jarecamara armado com ·duas · A sua planta foi organizada pelo . peças. E noutras partes da costa : Ten-Cel de Engenharia Antônio Jo- ·a) O Reduto Novo - armado sé da Silva Paulet, tendo o mesmo •cóm 3 peças ; . dirigido sua construção. ·· b) O Reduto da Faxina - arma- A Fortaleza seria edificada num do com 3 peças ; quadrado com 90 metros de cada -: c.) O RedUto do Pôrto - arma- lado, constando de 4 baluartes, três · do com 2 peças ; com as seguintes denominaçõeG : , ·' d) · O Fortim da Bandeira (Mu- . O do nordeste com a invocação -curipe) - armado com 1 peça (ti- .de N . S . da Assunção, o do sueste nha uma Bandeira amarela, ser- com a invocação de São José, o do -:vindo de sinal para os navios) ; noroeste - denominado Senhor -, e) Em Parazinho, situado a Dom Pedro, Príncipe Regente da . 68 km oeste da Barra do Ceará, Beira, o Senhor Dom Pedro de Al· existiu uma Bateria passageira até cântara . · . 1829, guarnecida por 2 peças. A construção da Fortaleza custou .!Ioje, nada mais existe . ao govêrno a importân.c ia de ..... 20:362$390, afora 16:103$264- de Presídios donativos de particulares . · Em 1817 foi colocada na parte Como Postos de vigiiância para externa da muralha do norte uma impedirem o contrabando. foram lápide com a seguinte inscrição ·instalados, na época colonial, na (em latim) : . costa, norte e nordeste da capitania _dó Ceará, os seguintes Presídios : Ano de 1817 de Pernambuquinho ; "As naus escarneciam de mim, de Pontal do Acaraú ; quando eu era um monte informe : e de Mundaú. agora, que sou uma grande fortale- O Presídio de Pernambuquinho; za, de longe tomam-se de respeito. em 1808,. era comandado por Joa- . quim Ferreira de Araújo, e guar- Aqui, reinando D. João VI, Sam- necido por praças da companhia se- paio me fundou bela, o engenho .diada em Sobral. de Paulet resplandece. Os donati- Hoje não há mais vestígios dês- vos dos. cidadãos me tornam forte ses Presídios . pelas muralhas, e os dispêndios reais me fazetn forte pelas armas". 11°) . FORTALEZA DE N. S. DA NOTA - Essa ' lápide acha-se no Mu· seu do Estado do Ceará . ASSUNÇAO De início, foi a Fortaleza guar- (A última construída .no Ceará) necida com 5 canhões. • · construção, Armamento, Guar- Em 20 de fevereiro de 1821 pela ,. niçã(), Comandantes, Recons-· Metrópole foi determinado ao go- . , , trt1ç{io e.tc . vernador Francisco Alberto Robim que prosseguisse nos •trabalhos da ., Co'mó uma homenagem à data do Fortaleza . aniversário ·do "Sereníssimo Senhor / A 17 de agôsto de 1822 estavam -Príncipe da Beira, o senhor D. Pe· · concluídas as suas obras . dro ~de Alcântara, em 12. de outu- CÔnforme já vimos, era um qua- bro d~ 1812, o governador da Ca- drado com quatro baluartes e foi pitania do Ceará-Grande, Manoel guarnecida com 27 peças, que cru- ·Inácio Ué Sampaio, lançou a pedra -zam seus fogos em condições de ba- fundamenta:l da Fortaleza de N. S·. terem o ancoradouro e Pôrto. FORTIFICAÇÕES DO CEARÁ 37;
No final da construÇão os qua· Em 1910 a Fortaleza foi desar-
tro baluartes receberam as seguin· mada. tes denominações : Em 1917, na primeira grand~ - o do Norte - N. S. da As· guerra do século, foi a Fortaleza sunção guarnecida pela 1a Bia Independen, - o do Sudeste - São José te - do 3° Distrito de Artilharia - o do Nordeste - D . João de Costa, sob o comando do Capi. - o do Sudoeste - Príncipe da tão Bernardino Chaves. Beira. Em fins de l!H8 essa Bia foi ex,. tinta. Em 1829 "'ram acrescidas mais O quartel contíguo à Fortalez;t, · quatro peças, fazendo um total de que aquartelava tropa de Infanta- 31. ria que guarnecia essa Fortificação, Em 1847 foi a Fortaleza recons- foi ocupada pelo 46° BI, depois truída devido ao seu mau estado ; 23° BC. E hoje serve de sede ao e em 1856 foram feitos alguns re- Quartel-General da 10a. RM e seus ' paros. · serviços. , , Em 11 de feveiro de 1857 a For- Suas muralhas ainda estão de' pé taleza passou à categoria das for- b bem conservadas, com alguns ca- tificações de 2a. classe e assim con· nhões servindo de ornamento. tinuou até 1880. OBSERVAÇAO - Do nome da For- Nessa época estava artilhada com taleza de N . S. da Assunção veio o 26 peças de alma lisa e 6 canhões nome de cidade Fortaleza - Capital do de bronze, raiados, calibre 12", sis- Estado . A principio : "Vila da Fortaleza de tema La Hite. N. S. da Assunção" . Depois: "Ci- Os calibres das peças de alma li- dade de Fortaleza de ~ova Brag·ança", '' Cidade d.e Fortaleza çlo Ceará", "Ci- sa eram os seguintes : dade de Fortaleza'' e finalment~ "For, taleza" . 4 - caJ.ibre - 25" ' 2 - calibre - 18" BIBLIÕGRAFIA 9 - calibre - 12" 5 - calibre - 6" a) ' "Corografia da Província do 6 .....: calibre - 3" Ceará", por José Pompeu de A. Cavalcante - 1887 ; 26 b) "Homens e Fatos", por João Com os reparos e melhoramentos Brígido - 1919; , executados de 1856 a 1886 (em 30 c) Boletim do Museu Histórko anos), a Fortaleza sofreu muitas do Estado do Ceará - Ano modificações . 2°, n. 3 - 1936; Em 1858 foi estimado seu valor d)' "O Ceará", Raimundo Girão em então 125:000$000. e Martins Filho - 1'939 ; ' Em 1906, se bem que conserva- e) "Anuário do Ceará", Wal-. da, exigia alguns reparos urgentes. dery Uchôa - 1954.
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CAVALCANTE, Regina Barbosa Lopes. A Preservação Do Cemitério Nossa Senhora Da Piedade Como Patrimônio para Maceióal. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Alagoas, Maceió