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João Vicente da Silva Neto ... [et al.]. -- 1. ed. -- Recife, PE : Universidade
Federal Rural de Pernambuco, 2021. ePDF
Outros autores : José Roberto de Almeida Silva, José Euzebio Simões Neto,
Claudia Cristina Cardoso. Bibliografia ISBN 978-65-00-21579-3
21-63668 CDD-540.7
APRESENTAÇÃO
2. EXPERIMENTOS....................................................................................... 12
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Figura 1: Ciclo de produção e consumo do Biodiesel. Fonte:
www.infoescola.com/quimica/biodiesel
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Na parte experimental deste material didático abordou-se
grande parte da cadeia produtiva do biodiesel, iniciando com a extração
do óleo natural de amendoim e soja, perpassando pela síntese orgânica
do biodiesel, à caracterização físico-química a partir da medição da
viscosidade tanto do biodiesel como dos demais reagentes e produtos
envolvidos no processo e, por fim, a sua reação de combustão
comparativa a outros combustíveis.
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2. EXPERIMENTOS
2.1. Extração do óleo de amendoim e de soja
2.1.1. Introdução
A escolha da matéria prima para obter o óleo a fim de produzir
biodiesel deve ser rica em triglicerídeos. Nesse caso, ao se escolher uma
espécie vegetal, ela tem que ser das espécies das oleaginosas, tais como
o amendoim e a soja. Esses óleos podem ser extraídos por prensagem
mecânica ou por afinidade a um determinado solvente. O óleo extraído
das sementes descascadas, sem película e sem embrião se mostra mais
puro e de maior valor comercial. Os óleos obtidos da soja e do
amendoim são óleos de cor amarelo pálido, odor e sabor suave
característico.
Os óleos e gorduras apesar de serem formados por triglicerídeos,
são usados como sinônimos no nosso dia a dia, eles apresentam
propriedades físicas diferentes. As gorduras são sólidas à temperatura
ambiente, enquanto os óleos são líquidos nas mesmas condições.
Os óleos e gorduras são compostos graxos de origem animal e
vegetal. Ambos pertencem ao grupo dos lipídios e subgrupo dos
triglicerídeos, pois são definidos na química como compostos orgânicos
que reagem com a água, originando um ácido graxo e um poliálcool
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(glicerina). Os triglicerídeos são, portanto, originados da união de três
moléculas de ácidos graxos e uma de glicerina (Fig. 2).
O
OH O R
O
HO R O
3 + Catalisador O + 3 HO
R OH 2
OH O
O R
AGUA
ACIDO GRAXO GLICERINA TRIGLICERÍDEO
2.1.2. Objetivo
A proposta é de fazer a extração manual, em pequena escala, do óleo
de soja e/ou amendoim e calcular o teor de óleo em cada oleaginosa
estudada. Esse óleo extraído pode ser usado posteriormente para
produzir biodiesel.
- Cápsula de porcelana;
- Filtro de pano;
- Chapa Aquecedora;
- Balança Analítica;
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- Soja desidratada;
- Proveta de 50 mL.
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- Desligue o aquecimento e deixe a cápsula resfriar até atingir a
temperatura ambiente. Volte a pesar a cápsula que contém o óleo;
- Por diferença de massa entre a cápsula com o óleo e cápsula vazia,
determine a massa do óleo extraído e calcule o rendimento da extração.
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2.1.5. Exercícios
1. Qual(is) tipo(s) de separação de mistura é(são) observado(s) nesse
processo?
2. Baseado na polaridade, sugira um outro solvente que poderia ser
utilizado para extração do óleo de soja ou amendoim?
3. Por que escolher o etanol como solvente extrator nesse
experimento?
4. Cite as vantagens e desvantagens obtidas nesses métodos de
extração.
5. Compare o rendimento massa/massa obtida entre o amendoim e a
soja.
6. Como se certificar do que foi extraído nessa metodologia?
7. Qual seria a composição principal de ácidos graxos do que foi extraído
em cada caso?
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2.2. Síntese do biodiesel etílico
2.2.1. Introdução
O biodiesel é uma mistura de ésteres obtida a partir da reação
de transesterificação do triglicerídeo, promovida por um catalisador,
que permite separar a unidade da glicerina dos radicais graxos na forma
de ésteres (Fig. 5).
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homogêneos são os mais utilizados em relação aos ácidos, pois
permitem maior velocidade da reação e maiores conversões do óleo em
biodiesel em condições moderadas de temperatura (CARDOSO et al.,
2020). No entanto, o catalisador alcalino homogêneo, quando está em
presença de água, promove a produção de sabão por meio da hidrólise
do éster, o que dificulta a separação da fase de glicerina e reduzindo,
portanto, o rendimento da reação. Dentre os catalisadores alcalinos
homogêneos destacam-se os alcóxidos de sódio ou potássio, obtidos a
partir da reação entre um álcool com o NaOH ou KOH, respectivamente.
O metanol é o álcool comumente utilizado na síntese do
biodiesel devido às suas propriedades físico-químicas, por permitir
melhores condições de produção e por apresentar maior separação de
fases. Porém, se trata de um álcool extremamente tóxico, não-
renovável, que oferece alto risco de explosão e que precisa ser
manipulado com muita cautela, além de ser letal. O etanol é uma boa
alternativa ao metanol e vem sendo utilizado como uma possibilidade
muito promissora, pois não possui as propriedades indesejadas que o
metanol apresenta, além de ser um álcool renovável, o que confere uma
maior vantagem ambiental ao biodiesel.
Este experimento foi adaptado da literatura (CARDOSO, et al,
2015) que propõe a síntese do biodiesel etílico usando um liquidificador,
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um eletrodoméstico que facilmente pode ser encontrado nas escolas e
será alvo desse experimento a ser realizado.
A reação entre o etanol e o KOH, permite a formação do
catalisador etóxido de potássio, de acordo com a Equação 1 descrita a
seguir:
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2.2.2. Objetivo
Realizar a síntese do biodiesel a partir da transesterificação de óleo
de soja com etanol, sob catálise alcalina homogênea, utilizando o
liquidificador. O catalisador a ser usado será o etóxido de potássio e
precisa ser preparado previamente à reação, em separado, a partir da
reação entre o etanol e o KOH. Utilizar a relação volume/volume para
calcular o rendimento de produção de biodiesel e de glicerina.
- 02 Provetas de 50 mL;
- 01 béquer de 50 mL;
- 01 espátula plástica;
- Liquidificador;
- KOH P.A;
- Glicerina;
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2.2.4. Procedimento Experimental
2.2.5. Exercícios
1. Calcule o rendimento de síntese (%v/v) tanto da glicerina como do
biodiesel.
2. Qual a função do catalisador nessa reação?
3. Por que o catalisador usado é considerado alcalino homogêneo?
4. Quais as dificuldades encontradas ao se pesar o KOH?
5. Por que a glicerina se separa do biodiesel ao final da reação?
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2.3. Estimando as viscosidades do biodiesel, etanol, óleo de soja e
glicerina relativas à água
2.3.1. Introdução
A viscosidade é um dos parâmetros mais importantes na
caracterização de fluidos destinados ao seu uso como combustíveis. A
viscosidade influencia na capacidade de levar o combustível aos bicos
injetores para ser vaporizado no processo de difusão no ar, de modo a
assegurar a correta combustão.
Viscosidade é a resistência apresentada por um fluido à
alteração de sua forma, ou aos movimentos internos de suas moléculas
umas em relação às outras. A viscosidade de um fluido indica sua
resistência ao escoamento, sendo a fluidez o inverso da viscosidade.
Neste contexto, optou-se por realizar essa caracterização físico-
química, típica dos combustíveis, por meio da estimativa relativa da
viscosidade. Essa caracterização será feita pela medida do tempo de
escoamento do etanol, biodiesel, óleo de soja e glicerina, normalizando-
se os resultados com o tempo de escoamento da água. Para tanto
propõe-se uma metodologia simplificada com o uso de uma proveta,
adaptando-se de uma metodologia disponível na literatura (VAZ, et al;
2012).
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2.3.2. Objetivo
Esse experimento propõe verificar a viscosidade relativas à água
dos líquidos envolvidos na cadeia produtiva da síntese do biodiesel:
etanol, óleo de soja, biodiesel e glicerina. As diferentes viscosidades
precisarão ser relacionadas à estrutura das moléculas presentes
enfatizando seu tamanho, massa molecular, grupos funcionais e suas
consequentes forças intermoleculares.
Obs.: Esse experimento propõe o uso de 5 provetas iguais. Mas caso não
as possua e precise reutilizar a mesma proveta para diferentes
amostras, tome o cuidado de lavar e secar bem a proveta antes de se
estudar a amostra seguinte.
- Cronômetro;
- Água;
- Biodiesel;
- Óleo de soja;
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- Glicerina.
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Tabela 1: Tempos de escoamento e viscosidade em relação à água
Amostras Biodiesel Etanol Óleo de soja Glicerina Água
Tempo 1 (s)
Tempo 2 (s)
Tempo 3 (s)
Tempo médio (s)
Viscosidade em relação a água
2.3.5. Exercícios
1. Coloque as amostras em ordem crescente de viscosidade. Justifique
sua resposta baseado nas estruturas químicas das moléculas
envolvidas em cada amostra estudada.
2. Ao analisar as viscosidades de cada amostra, justifique a diferença
observada entre uma amostra e outra, de acordo com os tipos de
interações intermoleculares.
3. Por que medir a viscosidade das amostras relativas à água?
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2.4. Queima dos combustíveis
2.4.1. Introdução
As questões ambientais, de poluição e reação de combustão dos
combustíveis e biocombustíveis podem ser abordadas nessa prática
com a utilização de lamparinas.
O experimento proposto foi adaptado da literatura (CARDOSO et
al, 2015). Neste experimento podemos destacar a questão ambiental
quando comparamos a fuligem liberada por cada um dos combustíveis
durante a sua queima e a quantidade de CO2 liberada por quantidade
de matéria queimada. Esse experimento permite a discussão e
construção crítica entre os alunos sobre qual o melhor combustível a ser
utilizado, considerando questões ambientais.
Nesse experimento temos a proposta de trabalhar a reação
química de combustão dos pares combustível fóssil/biocombustível:
gasolina/etanol e diesel/biodiesel. A seguir são apresentadas as
estruturas bases de cada um desses combustíveis e sua respectiva
reação de combustão (Figuras 8-11).
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Etanol
CH2
H3C OH
Gasolina (Iso-octano)
CH3 CH3
H3C
C CH
H3C CH2 CH3
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O
CH2
CH
Biodiesel (Linoleato de Metila)
HC
CH2
2 C19H34O2 + 53 O2 38 CO2 + 34 H2O
H2C
CH2
H2C
CH3
2.4.2. Objetivo
Iremos analisar o produto da queima de quatro combustíveis
bastante utilizados pelos veículos de transporte no Brasil, a fim de
perceber seu poder poluente por meio da fuligem liberada durante o
processo de combustão de cada um dos combustíveis.
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2.4.3. Materiais e reagentes
- 4 Lamparinas;
- Isqueiro ou fósforo;
- Etanol P.A. (95%);
- Gasolina;
- Diesel;
- Biodiesel.
Figura 12: Lamparinas artesanais com óleo de diesel de petróleo, biodiesel, gasolina
e etanol (nessa ordem da esquerda para a direita)
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- Coloque cada um dos 4 combustíveis, álcool, gasolina, diesel e
biodiesel, em diferentes lamparinas e faça com que o cordão da parte
externa fique umedecido com o combustível em questão;
- Acenda as lamparinas e observe o produto da queima de cada
combustível, verificando a cor da chama e a fuligem liberada.
OBS.: Este experimento deve ser realizado ao ar livre ou dentro de uma
capela de exaustão.
2.4.5. Exercícios
1. Coloque os combustíveis em ordem crescente com relação a
liberação de fuligem e justifique.
2. Qual a relação entre a quantidade de fuligem gerada ao longo da
queima e o poder poluente de cada combustível estudado?
3. Com base nas reações de combustão de cada combustível
mencionada na introdução, e no seu conhecimento de
estequiometria, calcule a quantidade em grama de CO2 gerada por
cada grama de combustível queimado. Baseado nisso, coloque em
ordem crescente o combustível que gera mais poluição por grama,
no que se refere a produção de CO2.
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4. Compare a relação de ordem crescente de poluição de cada
combustível percebidas nas questões 2 e 3, e discuta qual o
combustível pode ser caracterizado como mais poluente. Considere
o caráter renovável dos biocombustíveis.
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3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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