Transtorno Do Espectro Autista em Crianças: Uma Revisão Sistemática Sobre o Aumento Da Incidência e Diagnóstico
Transtorno Do Espectro Autista em Crianças: Uma Revisão Sistemática Sobre o Aumento Da Incidência e Diagnóstico
Transtorno Do Espectro Autista em Crianças: Uma Revisão Sistemática Sobre o Aumento Da Incidência e Diagnóstico
Resumo
Em vários países foram relatados aumentos nos casos diagnosticados como Transtorno do Espectro Autista (TEA) em
crianças, processo esse que traz consigo inúmeras indagações, que vão desde o método de triagem até a qualidade do
cuidado pelos profissionais de saúde. O objetivo central desta revisão sistemática foi reunir os estudos mais recentes
voltados ao cuidado e atenção primária das crianças com TEA e realizar uma breve análise sobre a crescente
incidência e suas associações significativas. Visando avaliar este fenômeno, realizou-se uma busca nas bases de dados
da USA National Library of Medicine (PubMed) e da Virtual Health Library (BVS) considerando os artigos
publicados nos últimos 5 anos. Utilizaram-se os termos “autism”, “diagnosis”, “epidemiology” e “pediatrics” e o
descritor “AND”, sendo encontrados 140 artigos. Incluíram-se 4 estudos para complementar a pesquisa. Após serem
submetidos à critérios de exclusão, como perpassar a temática proposta e apresentar duplicidade, 15 trabalhos foram
selecionados. Os resultados demonstraram um aumento da incidência de autismo, sobretudo, em comunidades mais
vulneráveis socioeconomicamente, além disso, evidenciou-se preocupações relacionadas aos processos de triagem,
diagnóstico e qualificação profissional desde a graduação médica, e a necessidade de melhorias que possibilitem uma
intervenção precoce adequada. O investimento em pesquisas na área da saúde e no Sistema Único de Saúde (SUS)
diretamente no campo da atenção primária em pacientes com TEA, revelou-se uma das mais importantes providências
a serem tomadas devido, principalmente, à complexidade do distúrbio por sua heterogeneidade e aos benefícios da
intervenção precoce.
Palavras-chave: Criança; Pediatria; Transtorno autístico; Transtornos do neurodesenvolvimento.
Abstract
In several countries, increases have been reported in cases diagnosed as Autism Spectrum Disorder (ASD) in children,
a process that brings with it numerous questions, ranging from the screening method to the quality of care by health
professionals. The central objective of this systematic review was to bring together the most recent studies focused on
the care and primary care of children with ASD, and to conduct a brief analysis on the increasing incidence and its
significant associations. Aiming to assess this phenomenon, a search was accomplished in the databases of the USA
National Library of Medicine (PubMed) and the Virtual Health Library (BVS) considering the articles published in
the last 5 years. The terms “autism”, “diagnosis”, “epidemiology” and “pediatrics” and the descriptor “AND” were
used, and 140 articles were found. 4 studies were included to complement the search. After being submitted to
exclusion criteria, such as passing through the proposed theme and presenting duplicity, 15 works were selected. The
results showed an increase in the incidence of autism, especially in more socioeconomically vulnerable communities,
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in addition, there were concerns related to the screening, diagnosis and professional qualification processes since
medical graduation, and the need for improvements that allow early intervention proper. The investment in research in
the health area and in the Unified Health System (SUS) directly in the field of primary care in patients with ASD,
proved to be one of the most important measures to be taken, due to the complexity of the disorder due to its
heterogeneity and the benefits of early intervention.
Keywords: Child; Pediatrics; Autistic disorder; Neurodevelopmental disorders.
Resumen
En varios países hubo un aumento en el reporte de casos ya diagnosticados como Trastorno del Espectro Autista
(TEA) en niños, proceso que trae consigo numerosos interrogantes, que van desde el método de tamizaje hasta la
calidad de atención por parte de los profesionales de la salud. El objetivo central de esta revisión sistemática fue
recopilar los estudios más recientes centrados en la atención y atención primaria de los niños con TEA y realizar un
breve análisis de la creciente incidencia y sus asociaciones significativas. Para evaluar este fenómeno, se realizó una
búsqueda en las bases de datos de la Biblioteca Nacional de Medicina de EE. UU. (PubMed) y la Biblioteca Virtual de
Salud (BVS), considerando los artículos publicados en los últimos 5 años. Se utilizaron los términos “autism”,
“diagnosis”, “epidemiology” y “pediatrics” y el descriptor “AND”, se encontraron 140 artículos. 4 estudios fueron
incluidos para complementar la investigación. Después de ser sometidos a criterios de exclusión, como pasar por el
tema propuesto y presentar duplicidad, 15 obras fueron seleccionadas. Los resultados mostraron un aumento en la
incidencia del autismo, especialmente en las comunidades más vulnerables socioeconómicamente, además, hubo
inquietudes relacionadas con los procesos de tamizaje, diagnóstico y calificación profesional desde la graduación
médica, y la necesidad de mejoras que permitan una adecuada intervención temprana. La inversión en investigación
en el área de la salud y en el Sistema Único de Salud (SUS) directamente en el campo de la atención primaria en
pacientes con TEA, resultó ser una de las medidas más importantes a ser tomadas, principalmente por la complejidad
del trastorno debido a su heterogeneidad y los beneficios de la intervención temprana.
Palabras clave: Niño; Pediatría; Trastorno autista; Trastornos del neurodesarrollo.
1. Introdução
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP, 2019) define o Transtorno do Espectro Autista (TEA) como um transtorno
do neurodesenvolvimento, caracterizado na sua síntese pela dificuldade na comunicação, na interação social e pelo
comportamento restritivo ou repetitivo. Possui gravidade e apresentação variáveis, é permanente, apesar disso, o diagnóstico
precoce é essencial para melhora do prognóstico, amenizando os sintomas e permitindo uma melhor qualidade de vida para os
seus portadores. Na maioria dos pacientes, os sintomas são identificados entre 12 e 24 meses de idade, todavia, o diagnóstico
só ocorre teoricamente, aos 4 ou 5 anos de idade.
Mota et al. (2011, p. 375) completa:
O autismo tem sido objeto de estudo científico há pouco mais de seis décadas. Questionamentos sobre definições
diagnósticas, possíveis causas, comorbidades, características psicológicas, funcionamento cerebral e possibilidades de
intervenção vêm até os dias atuais inquietando pesquisadores, profissionais e a população em geral.
Zwaigenbaum et al. (2019) demonstram que alguns sinais comportamentais prévios já são vinculados ao TEA e
poderiam ser identificados em avaliações estruturadas, como por exemplo (Quadro 1): prejuízo voltado ao contato visual,
resposta ao nome e atenção compartilhada, diminuição em interesse social, comportamentos sensoriais incomuns (ritualísticos,
motores repetitivos ou atípicos), fixação em objetos, comunicação não verbal e temperamentos difíceis (evidencia-se a
irritabilidade, intolerância a intrusões, além da propensão a angústia e o afeto negativo).
Muitos pesquisadores relatam sobre o autismo e tem a seguinte compressão, sendo o autismo é uma anomalia da
infância que isola a criança de relações interpessoais. Ela deixa de explorar o mundo à sua volta permanecendo em
vez disso em seu universo interior, muitas vezes o grau de autismo não e identificado e os pais não aceitam que seus
filhos são portadores da anomalia genética, que intriga e angustia as famílias nas quais se impõe (Torres et al., 2020).
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Têm-se notado nos últimos anos um aumento significativo dos casos diagnosticados como TEA (Shaw et al., 2021).
No Brasil evidenciaram-se alguns fatores que possibilitaram o diagnóstico e o tratamento adequado para as crianças, que são: a
Reforma Psiquiátrica, a transição epidemiológica e o avanço dos critérios de diagnóstico para o TEA, não deixando de incluir
um aumento da capacitação das equipes multiprofissionais (Martins et al., 2021; Oliveira et al., 2017).
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Almeida et al. (2018) salientam que a partir da 5ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais
(DSM-V) em 2013, o diagnóstico de TEA engloba o autismo, a Síndrome de Asperger (SA), o Transtorno Desintegrativo da
Infância (TDI) e o transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação (TGD-SOE), que apareciam como subtipos
do transtorno global do desenvolvimento na edição prévia. A Síndrome de Rett mesmo não estando na mesma categoria, é
considerada uma das causas genéticas do TEA.
Entretanto, a identificação do transtorno, ainda com todos os avanços, majoritariamente, não ocorre precocemente, e
um dos principais fatores que contribuem para isto é a ausência de marcadores biológicos e exames característicos para
autismo (Gialloreti & Curatolo, 2018).
A patogênese dos transtornos autistas atualmente não é suficientemente clara. Existem várias teorias: conceitos
genéticos, deficiências do desenvolvimento cerebral associadas ao impacto de fatores perinatais, neuroquímicos,
imunológicos e outros (Anashkina & Erlykina, 2021, p. 79).
Analisando as constantes atualizações, a respectiva revisão tem como objetivo reunir os estudos mais recentes
voltados ao cuidado e atenção primária das crianças com TEA e realizar em conjunto, breves análises sobre o aumento da
incidência e possíveis associações significativas.
2. Metodologia
Para a realização desta revisão, a pesquisa partiu dos questionamentos fundamentais: “Por que tem se evidenciado um
aumento nos casos de incidência de autismo no mundo em crianças?” e “Quais são as práticas de triagem e diagnóstico
atualmente utilizadas?”, que foram baseados no modelo Population, Intervention, Comparison, Outcome (PICO), utilizado na
Prática Baseada em Evidências (PBE), que permite a incorporação das evidências na prática clínica e são frequentemente
recomendadas para revisões sistemáticas (Mendes et al., 2008; Santos et al., 2007).
As revisões sistemáticas são fundamentadas em questões claras, utilizando-se de metodologias sistematizadas e
explícitas, visando identificar, selecionar e avaliar criticamente pesquisas que são consideradas relevantes. Assim sendo,
optou-se pela utilização do protocolo Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA),
visando a melhora na qualidade das revisões sistemáticas e das metanálises (Galvão et al., 2015, p. 336).
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(BVS), durante o período de 2017 a 2022. Os descritores utilizados para a busca dos artigos foram “autism”, “diagnosis”,
“epidemiology” e “pediatrics”, e a combinação foi realizada com a utilização do operador boleano “AND”.
Excluíram-se os estudos que perpassavam a temática proposta e os que apresentavam duplicidade, tendo em vista que
o foco foi unicamente atualizações acerca do autismo, principalmente estudos observacionais. Foi utilizado o protocolo
Preferred Reporting Items for Systematic reviews and Meta-Analyses (PRISMA) para realizar a seleção dos trabalhos.
3. Resultados
Na pesquisa foram encontrados 140 estudos, sendo 112 na PubMed e 28 na BVS. Foram incluídos mais 4 artigos
visando complementar a informação compartilhada. Destes, 15 estudos preencheram os critérios estabelecidos de elegibilidade
e foram compreendidos para realização da revisão sistemática. As etapas do processo de seleção de artigos para esta revisão
sistemática são demonstradas detalhadamente no fluxograma PRISMA (Figura 1).
As características dos estudos incluídos nesta revisão sistemática foram sintetizadas na Quadro 2. Quinze artigos
foram elegíveis para inclusão no presente estudo, consistindo em três estudos de incidência (Accordino et al., 2017; Demer,
2018; Hand et al., 2021), um estudo prognóstico (Andoy Galvan et al., 2020), dois guias de prática clínica (Churruca et al.,
2019; SBP, 2019), dois estudos transversais (Davidovitch et al., 2021; Penner et al., 2018), quatro estudos de prevalência
(Guthrie et al., 2019; Hyman et al., 2020); Maenner et al. 2021; Málaga et al., 2019), uma revisão integrativa (Lavor et al.,
2021), uma revisão sistemática (Anashkina & Erlykina, 2021) e um estudo de rastreamento (Monteiro et al., 2019).
Os artigos são procedentes dos Estados Unidos (n=6) (Accordino et al., 2017; Guthrie et al., 2019; Hand et al., 2021;
Hyman et al., 2020; Demer, 2018; Monteiro et al., 2019), Rússia (n=1) (Anashkina & Erlykina, 2021), Malásia (n=1) (Andoy
Galvan et al., 2020), Austrália (n=1) (Churruca et al., 2019), Israel (n=1) (Davidovitch et al., 2021), Argentina (n=1) (Málaga
et al., 2019), Brasil (n=2) (Lavor et al., 2021) e Canadá (n=1) (Penner et al., 2018).
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4. Discussão
4.1 Fatores de risco para o desenvolvimento
Ainda que não exista uma única causa de autismo, tendo em vista que ele se desenvolve a partir de uma combinação
de influências genéticas, não genéticas e ambientais, é possível uma análise associando o TEA ao tipo de parto obstétrico,
ordem de nascimento e diferença de idade dos pais (Lavor et al. 2021; Andoy Galvan et al., 2020). Os autores Andoy Galvan et
al. (2021) demonstram que a cesariana (OR = 1,63, IC 95% 1,20, 2,20), a ordem de nascimento mais precoce na família (OR =
0,68, IC 95% 0,59, 0,77) e o aumento da diferença na idade dos pais (OR = 1,04, 95% CI 1,001, 1,07) são fatores
significativamente associados ao TEA entre crianças da Malásia.
O estudo de Kim et al. (2019) também menciona os fatores maternos: como a idade materna acima de 35 anos (RR
1.31, IC 95% 1.18-1.45), hipertensão crônica materna (OR 1,48, 1,29-1,70), hipertensão gestacional (OR 1,37, 1,21-1,54),
sobrepeso materno antes ou durante a gravidez (RR 1.28, 119-136), pré-eclâmpsia (RR 1,32, 1,20-1,45), uso de antidepressivo
materno pré-gravidez (RR 1,48, 1,29-1,71) e uso de inibidor seletivo de recaptação da serotonina (ISRS) pela mãe durante a
gravidez (OR 1,84, 1.60-2,11).
Anashkina e Erlykina (2021, p. 84) asseveraram que nem todo indivíduo que possui genes propensos, necessariamente
irá manifestar sintomas de TEA e, se o transtorno se desenvolver, pode ter diferentes graus de gravidade. Os fatores
epigenéticos e ambientais são capazes de “ativar” por diversas vias a conversão do sistema nervoso para o do “tipo autista”.
Esses fatores atuam diretamente nos estágios iniciais da formação do sistema nervoso, em específico nos períodos perinatal e
pós-natal, onde é possível uma discussão envolvendo neuroplasticidade nos momentos críticos do desenvolvimento do sistema
nervoso.
(...) a possibilidade do uso de glutamato, GABA, oxitocina, serotonina, dopamina; combinação de IL-6 e serotonina,
proporções de várias interleucinas; atividade enzimática da cadeia de transporte de elétrons mitocondrial e, assim por
diante, são considerados como critérios diagnósticos, significando assim que não há um biosensor unificado
atualmente que seria altamente seletivo e sensível em transtornos do espectro do autismo. Isso é extremamente
importante, pois a reabilitação médica deve começar nos estágios iniciais da formação do transtorno autista
(Anashkina & Erlykina, 2021, p. 85).
na Noruega (1/144 crianças de 10 anos e 1/125 crianças de 11 anos), Itália (1/87), Holanda (1/44, na região de Eindhoven) e
em Portugal (nas regiões de Açores 1/641 e Algarve 1/4176). De acordo com o estudo, as crianças residentes nos Açores
possuíam 7 vezes mais probabilidade de serem diagnosticadas com TEA do que as do Algarve. Na ES, os índices mais altos de
prevalência foram encontrados em Tarragona (15,5/1000) e o mais baixo apresentou-se em Cádiz (0,2/1000).
Davidovitch et al. (2021) trazem informações acerca das perspectivas dos médicos especialistas em neurologia,
desenvolvimento e psiquiatria infantil em comparação com outros transtornos mentais e do neurodesenvolvimento. A maioria
dos médicos (67,2%) indicou que houve um aumento moderado/significativo na incidência de TEA, sendo maior que as
respostas semelhantes fornecidas para paralisia cerebral (PC) (2,9%, p < 0,01) e doenças mentais (14,4%, p < 0,01), e
semelhante às respostas fornecidas para Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) (70,1%, p = 0,56).
Durante 2018, Maenner et al. (2021), também constataram que a prevalência de TEA por 1.000 crianças de 8 anos
apresentou um acréscimo nos 11 sites da ADDM Network1, variando significantemente de 16,5 nos estados do Missouri a 38,9
na Califórnia. A estimativa geral foi de uma em 44 crianças de 8 anos, sendo esta mais alta do que as de anos anteriores.
Accordino et al. (2017) demonstram igualmente uma crescente prevalência de TEA em comunidades pouco
privilegiadas, ao mesmo tempo que trazem o perigo envolvendo o viés socioeconômico e como ele interfere no diagnóstico,
principalmente no que remete às diferenças voltadas à acessibilidade ao tratamento. Ressaltaram que a identificação precoce de
autismo nesses pacientes, por exemplo, possibilita o início de terapias comportamentais de intervenção mais eficazes.
Ademais, frisaram que a correlação histórica entre as taxas de autismo e o status socioeconômico é produto do acesso diferente
ao diagnóstico e ao tratamento.
Hyman et al. (2020) salientaram que o diagnóstico precoce de TEA está relacionado ao nível socioeconômico e a
inclusão em serviços de saúde. Informações do Centers for Disease Control and Prevention (CDC) de 2014 demonstraram que
crianças brancas não-hispânicas apresentavam cerca de 20% mais chances de serem diagnosticadas com TEA em comparação
às crianças afro-americanas não hispânicas e 50% mais propensas ao diagnóstico de TEA do que crianças hispânicas.
Demer (2018) traz um prognóstico desafiador para a próxima década, já que aproximadamente meio milhão de
adolescentes no espectro do autismo farão a transição para a idade adulta. Isso significa que a população com TEA está
envelhecendo e com isso interagindo com uma comunidade mais ampla, incluindo médicos neurotípicos de diversas
especialidades com pouca ou nenhuma experiência em atendimento de pacientes no espectro.
Fernandes et al. (2020) constataram que a mudança dos critérios pode suscitar alterações na sensibilidade diagnóstica,
sobretudo para diagnósticos que não se encaixavam como autismo, mas que apresentavam prejuízos na comunicação e
interação social, como a SA e os TGD-SOE (Quadro 3).
1
A Autism and Developmental Disabilities Monitoring, traduzido como Rede de Monitoramento de Deficiências de Autismo e Desenvolvimento (ADDM)
Network é um programa financiado pelo CDC para coletar dados para entender melhor o número e as características de crianças com TEA e outras
deficiências de desenvolvimento que vivem em diferentes áreas dos Estados Unidos.
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Quadro 3: Classificação do Autismo. Sendo que o DSM-IV e o CID-10 não são mais utilizados e o DSM-V e o CID-11 (em azul
destacado no quadro) estão oficialmente em vigor desde 2022.
Transtornos Globais Transtornos do Espectro Autista F84 – Transtornos globais do 6A02 – Transtorno do Espectro do Autismo
do Desenvolvimento (TEA) desenvolvimento (TEA)
SBP (2019) apresenta também o fator cultural, que atua diretamente no diagnóstico tardio e que tem sido associado
com baixa renda familiar, etnia, pouco estímulo, pouca observação sobre o desenvolvimento das crianças, seja por parte dos
pais, profissionais da saúde e até mesmo educadores. A crença popular comumente disseminada de “esperar o tempo da
criança”, mesmo quando ela apresenta atrasos, interfere na detecção precoce.
O ditado popular de “vamos aguardar o tempo da criança” deve respeitar os limites pré-definidos da idade máxima de
aquisição de cada marco, de acordo com as escalas validades para o acompanhamento do desenvolvimento
neuropsicomotor (SBP, 2019).
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triagem, Monteiro et al. (2019) demonstraram que altas taxas de rastreamento específico de TEA não necessariamente se
traduzem em aumentos nos encaminhamentos para avaliação ou diagnóstico de TEA. A redução das taxas de
encaminhamentos e/ou carência de acompanhamento parecem contribuir para atrasos no recebimento de diagnósticos, o que
evidencia uma necessidade de maior profissionalização dos prestadores de cuidados primários sobre o processo, inclusive para
evitar eventuais falhas.
De acordo com a SBP (2019):
O M-CHAT é um teste de triagem e não de diagnóstico e é exclusivo para sinais precoces de autismo e não para uma
análise global do neurodesenvolvimento. A recomendação da SBP é o Questionário Modificado para Triagem do
autismo em Crianças entre 16 e 30 meses, revisado, com Entrevista de Seguimento (M-CHAT-R/F).
A triagem universal é recomendada para redução na idade de diagnóstico, entretanto, não há dados suficientes sobre
crianças com triagem negativa e nenhum estudo verdadeiramente universal. Focando nessa abordagem, Guthrie et al. (2019)
apresentaram um rastreamento quase universal (91%), com taxa de prevalência de 2,2% em TEA, o que corrobora uma
necessidade de desenvolvimento de novos métodos que permitam a detecção em maior proporção, reduzindo assim as
disparidades existentes no processo de triagem.
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Projeto de Lei (PL) 969/2019, que instituiu o Programa Censo de Pessoas com Transtorno do Espectro Autista e de seus
Familiares, permitindo assim, o acesso às informações que irão corroborar na elaboração de um panorama sobre o TEA na
população brasileira, auxiliando diretamente na formulação de políticas públicas (BRASIL, 2012, 2019).
A Lei Berenice Piana, que é como é conhecida a Lei Nº 12.764, de 2012, recentemente teve alguns artigos incluídos
na sua íntegra, através da Lei nº 13.977, de 20202, no qual foi incluído a Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do
Espectro Autista (CIPTEA). De acordo com a nova norma, a CIPTEA deve garantir aos portadores atenção integral, prioridade
no atendimento e no acesso aos serviços públicos e privados.
Apesar dos avanços obtidos com a Lei Federal, o autismo no Brasil se depara com leis estaduais e vários pontos na
legislação que não são executados, o que impossibilita o diagnóstico e o tratamento de qualidade aos autistas. Ou seja, apesar
de estar garantido em lei, por exemplo, medidas para o diagnóstico precoce, a família muitas vezes precisa ter condições
financeiras para receber assistência adequada, já que são poucos os locais que oferecem assistência pelo Sistema Único de
Saúde (SUS) ou através dos convênios médicos. A garantia integral deve fazer parte da agenda da saúde pública em todos os
governos, e as políticas de saúde focadas em diagnóstico precoce também devem ser consideradas prioridade.
5. Conclusão
O aumento dos diagnósticos de TEA em crianças é reconhecível em vários países em estudos recentes (Davidovitch et
al., 2021; Maenner et al. 2021; Málaga et al., 2019), sobretudo, em comunidades vulneráveis socioeconomicamente
(Accordino et al., 2017) que trazem consigo várias preocupações, que vão desde o processo de triagem até a qualidade do
cuidado pelos profissionais de saúde.
Contudo, uma das maiores dificuldades percebidas está no processo de triagem que ainda não é universal desde que a
diretriz da AAP foi disponibilizada ainda em 2007, e informa que as taxas de triagem são contrastantes – mesmo sendo
realizadas por médicos, variam entre 8% e 60% (Siu et al., 2016), – o que pode ocasionar eventuais falhas e impossibilitar uma
intervenção precoce adequada.
Frisa-se que todos os estudos concordam em um diagnóstico antecipado, com foco na melhora da qualidade de vida
do paciente, e um dos mais promissores, talvez, seja através da reabilitação genética (Anashkina & Erlykina, 2021) – durante
os períodos perinatal e pós-natal – processo esse que carece de investimentos nacionais.
Quanto aos profissionais, é perceptível a necessidade de uma padronização dos métodos utilizados (Churruca et al.,
2019), procedimento esse que possibilitaria uma redução no tempo de espera dos diagnósticos (Penner et al., 2018). Nota-se
uma necessidade, inclusive, na qualificação dos estudantes de medicina, que poderia ser realizada adequadamente durante a
graduação, e dos profissionais de saúde – sobretudo os pediatras, que serão essenciais para a promoção da conscientização,
aceitação, amparo e defesa –, para busca de resultados bem-sucedidos e redução dos óbitos já noticiados em adultos com TEA
(Demer, 2018).
Evidenciou-se que o diagnóstico de TEA ainda é prioritariamente baseado na identificação de sinais clínicos
comportamentais, ainda que tenham surgido alguns avanços na área da neurobiologia e genética. Por esse motivo, segue sendo
difícil a determinação de taxas de prevalências precisas devido a necessidade de consistência no diagnóstico clínico de um
distúrbio complexo por sua heterogeneidade (Hyman et al., 2020).
Existem campanhas mundialmente conhecidas, que poderiam ser mais bem difundidas, como a dos “Primeiros Mil
Dias”, que tem o objetivo principal de conscientizar a comunidade médica e a população sobre a importância dos cuidados
2
A lei denominada “Lei Romeo Mion” alterou a Lei nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012 (Lei Berenice Piana), e a Lei nº 9.265, de 12 de fevereiro de 1996
(Lei da Gratuidade dos Atos de Cidadania), para criação da CIPTEA, que possui expedição gratuita.
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com o bebê nesta fase, que abrange desde os 270 dias de gestação até os dois primeiros anos de vida (730 dias). Esse período é
essencial para que a criança atinja o seu potencial máximo de desenvolvimento.
A escolha desse período da vida para esta importante campanha da SPSP se deve ao crescimento acelerado, tanto
físico quanto do sistema nervoso – cerca de 80% do cérebro se desenvolve nesta fase – e a importância dos nutrientes
e estímulos adequados que favoreçam a saúde e o desenvolvimento cognitivo e emocional da criança para a fase
adulta (SPSP, 2021).
O SUS permanece sendo um dos maiores aliados neste processo, principalmente por ser, muitas vezes, o único acesso
disponível às comunidades socioeconomicamente vulneráveis. Nesse sentido, os CAPSi e as UBSs são portas de entrada para
esses pacientes (Quadro 4).
O campo da Saúde Mental Infantojuvenil tem como principal operador e regulador do cuidado os Centros de Atenção
Psicossocial Infantojuvenil (CAPSi), instituições públicas, cuja missão é oferecer atenção integral e territorializada a
crianças e adolescentes em sofrimento psíquico. Além de sua função terapêutica, tais serviços têm como tarefa a
gestão das diferentes demandas relacionadas à infância e adolescência de seu território de adscrição (Ribeiro;
Miranda, 2019, p. 44).
Quadro 4: Serviços gratuitos nacionalmente disponibilizados para crianças com TEA. Frisa-se que existem alguns que atuam
em âmbito municipal e estadual, o que permite maior investimento em políticas públicas (em azul os que são disponibilizados
pelo SUS).
A 3ª edição da Caderneta da Criança, distribuída em março de 2022, disponibiliza informações sobre o autismo e
outras alterações no desenvolvimento e o questionário M-CHAT-R para identificação precoce (Figura 2), que será registrado
por profissionais no 18º mês da criança (Figura 3). Ainda que o formulário não determine o diagnóstico, é fundamental para a
detecção precoce e encaminhamento para serviços especializados com equipe multiprofissional, que irão abordar o paciente
como um todo, permitindo um prognóstico favorável a partir do diagnóstico e tratamento em tempo hábil.
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Research, Society and Development, v. 11, n. 13, e512111335748, 2022
(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v11i13.35748
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Figura 3: Consulta do 18º mês que possui no 4º tópico questões acerca da Escala M-CHAT-R/F.
Não podemos deixar de citar a importância dos investimentos em pesquisas, como esta que está sendo fundamentada,
para que o diagnóstico adequado e antecipado se torne uma realidade universal, e para que a origem do transtorno possa ser
investigada – ainda que essa realidade se mostre cada vez mais distante da sociedade, uma vez que, os recursos designados às
pesquisas vêm sofrendo redução – afinal, os impactos negativos da ausência do diagnóstico e consequentemente, do
tratamento, abrangem funções neurológicas, biológicas, adaptativas, sociais, linguísticas e cognitivas, todas com um complexo
de sintomas e necessidades que variam ao longo da vida (Hus & Segal, 2021).
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