Vedação Vertical Interna de Edifícios Com Blocos de Gesso
Vedação Vertical Interna de Edifícios Com Blocos de Gesso
Vedação Vertical Interna de Edifícios Com Blocos de Gesso
O interesse mais recente na execução das paredes internas com blocos de gesso vem
despontando como uma opção à vedação vertical dos edifícios. As vantagens divulgadas pelos
fabricantes exercem forte atração nas empresas construtoras, quando comparadas à alvenaria
de vedação tradicional, dentre as quais se destacam: menor tempo de execução das vedações,
maior área útil dos ambientes, possibilidade de instalação sobre o piso definitivo, maior
flexibilidade de layout, paredes mais leves, menor sobrecarga nas estruturas e fundações,
maior precisão dimensional e melhor conforto termoacústico.
Dentro desse contexto, este artigo apresenta as principais técnicas construtivas empregadas
na execução da vedação vertical interna com blocos de gesso, cujo estado da arte foi obtido
através de revisão da literatura técnica.
Busca-se, assim, contribuir para evitar que a implantação da vedação com blocos de gesso
ocorra de forma isolada, sendo apenas utilizada em substituição à tradicional vedação em
alvenaria com tijolos cerâmicos, além de estimular o desenvolvimento da tecnologia de
produção.
Pesquisa
A metodologia adotada para a consecução do trabalho consistiu em levantamento bibliográfico
visando identificar, na literatura nacional e internacional, as características técnicas e de
execução das vedações verticais com blocos de gesso. O conteúdo apresentado neste artigo
faz parte da Dissertação de Mestrado de Neves (2011), sob o título de “Método construtivo de
vedação vertical interna com blocos de gesso”.
Blocos de gesso
Os blocos de gesso são componentes pré-moldados de construção produzidos a partir de
sulfato de cálcio e água, aos quais podem ser adicionados fibras, agregados e outros aditivos.
Podem ser maciços ou perfurados internamente (vazados) – neste caso o volume de vazios
não deve ser superior a 40% do volume total do bloco, e a espessura das paredes entre os
furos deve ser maior que 10 mm.
O bloco de gesso perfurado é utilizado quando se deseja diminuir o peso das paredes,
reduzindo-se a sobrecarga das estruturas, melhorando também o isolamento térmico e acústico
das paredes. Os blocos maciços, por sua vez, possibilitam construção de paredes de maior
altura.
No Brasil são encontrados apenas blocos com uma relação comprimento e altura de 666 mm x
500 mm, com espessuras de 70 mm, 76 mm e 100 mm, podendo ser maciços ou vazados,
sendo que os de 100 mm são produzidos somente na versão maciça. São comercializados
quatro tipos de blocos de gesso: os blocos S ou standard, os blocos hidro ou hidrofugados, os
blocos GRG ou reforçados com fibras de vidro e os blocos GRG-hidro ou reforçados com fibras
de vidro e hidrofugados. Há ainda alguns blocos de gesso desenvolvidos para cumprirem uma
função específica, como por exemplo os blocos acústicos ou os blocos curvos (de canto).
Procedimento de execução
A sequência construtiva da vedação vertical interna com blocos de gesso é muito semelhante
àquela da parede de alvenaria. Existem, porém, diferenças que podem ser identificadas nas
etapas listadas: condições de início, locação da 1ª fiada, preparação da superfície da estrutura
para receber a vedação, instalação das réguas metálicas, assentamento da 1ª fiada, elevação,
fixação superior e acabamento final.
Figura
1 – Distribuição
de ancoragem
O serviço de vedação interna com blocos de gesso deve ser um dos últimos a serem
executados. É preferível que a fachada da edificação esteja concluída, impermeabilizada e com
todas as esquadrias das vedações externas instaladas. Os pontos de impermeabilização das
lajes e da coberta também devem estar concluídos. Além disso, recomenda-se que as
vedações que não sejam realizadas com blocos de gesso já estejam executadas, assim como
seus revestimentos e todos os componentes pesados (granito, mármore ou cerâmicas
pesadas) instalados sobre o piso. Caso não seja possível retardar o início da execução, é
recomendado começá-la com o pavimento superior sem o escoramento da estrutura e o
pavimento seguinte até 50% escorado, de modo a minimizar ao máximo as deformações.
Como qualquer início de execução do serviço, o pavimento de trabalho deve estar limpo e
isento de resíduos e sujidades. Todo o material e ferramentas necessários para sua execução
devem estar localizados no pavimento, além do projeto para produção.
Locação da 1ª fiada
Com a estrutura conferida, o pavimento limpo e os materiais e equipamentos disponíveis para a
execução do serviço, inicia-se a etapa da locação da 1ª fiada da vedação, ou seja, a etapa de
materialização da vedação no pavimento.
Além dos elementos de dilatação, deve-se instalar dispositivos de ancoragem, por meio da
perfuração da estrutura com uma broca de 8 mm de diâmetro a uma profundidade entre 3 e 5
cm. O critério para a disposição dos componentes para a ancoragem vertical vedação–
estrutura deve ser:
- vedação cuja altura seja de até 2,5 m: devem ser instaladas duas ancoragens verticais,
localizadas aproximadamente a 70 cm das lajes superior e inferior;
- vedação cuja altura seja de até 3,5 m: deve ser instalada uma terceira ancoragem adicional,
localizada na distância média das duas lajes.
Para a ancoragem horizontal, deve-se instalar a primeira ancoragem com 1 m de distância da
estrutura vertical e as ancoragens sucessivas a uma distância de até 1,20 m (figura 1).
A cola de gesso deve ser aplicada sobre os elementos de dilatação inferiores e laterais, para
posterior assentamento do bloco, com o lado macho do bloco para baixo, previamente cortado,
de modo a proporcionar um maior contato com o elemento de dilatação.
Uma vez assentado o primeiro bloco, aplica-se a cola de gesso em sua lateral e, em seguida,
assenta-se o segundo bloco, separado do primeiro aproximadamente 3 cm e sendo deslizado
até a posição final. Deve-se aplicar suaves golpes com o martelo de borracha, com auxílio de
um dispositivo de madeira que evite danificar as arestas dos blocos, produzindo assim uma
adequada distribuição da cola entre eles. Desta forma, todos os demais blocos da fiada devem
ser assentados.
Figuras 3a e 3b – Execução da 1ª fiada em áreas molháveis – NF P72 – 202 (AFNOR, 1994)
Elevação da vedação
A segunda fiada deve ser iniciada com o assentamento do meio bloco, assegurando a
amarração da vedação. Aplica-se a cola de gesso sobre a superfície superior horizontal da
primeira fiada e na lateral do bloco que será assentado. Vale salientar que os elementos de
ancoragem devem ficar embutidos nos alvéolos dos blocos de gesso.
A elevação das paredes é realizada até a última fiada, devendo ficar esta última a uma
distância do elemento de dilatação entre 20 mm e 25 mm, de modo a executar a fixação da
vedação à estrutura. Deve-se atentar para o completo preenchimento das juntas verticais e
horizontais dos blocos e para a retirada do excesso da cola nas juntas através de espátula,
podendo utilizá-la para preencher possíveis imperfeições.
Deve-se evitar cortes de bloco menores que ½ bloco junto aos vãos de porta
e vãos de janelas. A cada fiada também é importante verificar o alinhamento
e prumo dos blocos através de régua de alumínio e prumo de face,
respectivamente .
Fixação superior
Acabamento final
O acabamento final da vedação deve ser realizado com massa de gesso ou massa PVA,
penetrando nas juntas entre blocos, utilizando desempenadeira metálica. Posteriormente, deve-
se raspar o excedente visando regularizar a vedação, sendo realizada após alguns minutos da
aplicação da massa de gesso ou PVA, até a obtenção de uma superfície perfeitamente lisa.
Considerações finais
Países como a França e a Espanha já dominam a tecnologia de construção da vedação vertical
com blocos de gesso. O Brasil ainda precisa avançar os estudos em relação à tecnologia
construtiva, principalmente para evoluir no processo de obtenção da normalização técnica,
elemento de confiança e estímulo ao seu emprego. O método construtivo apresentado deve ser
utilizado com critério, merecendo os devidos ajustes em função da experiência e das
particularidades de cada projeto, principalmente quando se trata de edificações com múltiplos
pavimentos, já que esse tipo de edificação com altura elevada comumente resulta em maior
deformabilidade da estrutura.