Absenteismo Por Depressão
Absenteismo Por Depressão
Absenteismo Por Depressão
Goiânia - GO
Agosto de 2006
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS
Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa
Mestrado em Ciências Ambientais e Saúde
Goiânia-GO
Agosto de 2006
MARIA JULIA ARRAIS DE MORAIS MOREIRA
BANCA EXAMINADORA
Ao Prof. Dr. Luc Vandenberghe, meu orientador deste trabalho, pelo seu
conhecimento, sabedoria, humildade, paciência e por confiar no nosso potencial acreditando
sempre que chegaremos ao fim.
À minha filha Juliana e ao meu filho Pedro Henrique que me ajudaram na
tradução dos textos em inglês. Ao meu marido Afonso e ao meu filho Paulo Afonso que me
auxiliaram na tabulação dos dados.
A todos os professores do mestrado, pela dedicação, conhecimento e por nos
incentivar a fazer pesquisa. Em especial aos professores: Dr. Eric Araújo, Dra. Maira Barberi
e o Dr. Julio Cezar de Rubin, pelo prazer de ensinar com simplicidade e humildade.
Às professoras Suely Vieira Lopes e Ivone Félix, do Departamento de Psicologia
da UCG, por terem colaborado no tratamento estatístico dos dados desta pesquisa e na análise
das normas, dessa dissertação, respectivamente.
Aos colegas de trabalho que responderam as entrevistas e todos os outros que me
deram muita força e apoio, especialmente ao Raphael dos Santos, Helenilda Peixoto e David
Soares, que me ajudaram na elaboração das tabelas, gráficos, na correção do português e
formatação do trabalho. Ao Lucio Carvalho e a Solange Costa pelo suporte emocional.
Aos colegas do mestrado, pelo prazer do convívio e da troca de experiência. Em
especial à minha amiga Rosângela Cortes Araújo, pelo apoio logístico, pelo carinho e por
acreditar no meu potencial.
À Empresa pesquisada e aos meus gestores pela confiança e apoio na realização da
pesquisa.
Aos colegas Lyliane Neris, Márcia Guedes e Paschoal Antônio, pela colaboração
na coleta dos dados, às colegas Márcia Krambeck e Kathya Regina pelo incentivo e
companheirismo.
Aos meus grandes amigos Christian Castro pela força que me deu e pelos livros
que me emprestou e ao Fábio Dias pelas orientações e por me direcionar em tantos momentos.
À Camila Barbosa e ao Carlos Lopes, do Departamento de Pós-Graduação em
Ciências Ambientais e Saúde, pelo suporte operacional.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .........................................................................................................9
1 PESSOAS E ORGANIZAÇÕES .......................................................................... 14
1.1 ORGANIZAÇÕES COMO SISTEMAS VIVOS......................................................14
1.2 MUDANÇAS ORGANIZACIONAIS ..................................................................... 21
1.3 CLIMA E CULTURA ORGANIZACIONAL ........................................................ 23
2 SAÚDE NAS ORGANIZAÇÕES ....................................................................... 28
2.1 TRABALHO E SAÚDE .......................................................................................... 28
2.2 ABSENTEÍSMO...................................................................................................... 34
3 ORGANIZAÇÃO PESQUISADA ....................................................................... 38
3.1 HISTÓRICO .......................................................................................................... .38
3.2 TRAÇOS DE CULTURA ..................................................................................... . 41
3.3 O TRABALHO BANCÁRIO ............................................................................... ..43
4 ESTRESSE ........................................................................................................... .46
4. 1 ESTRESSE E SEUS MECANISMOS .................................................................. .46
4.2 REAÇÕES DE DEFESA PATOLÓGICAS E SAUDÁVEIS (coping)................ . 53
4.3 RESILIÊNCIA ...................................................................................................... .55
5 TRANSTORNOS DE ANSIEDADE E DEPRESSÃO ..................................... .. 60
5.1 TRANSTORNOS DE ANSIEDADE .................................................................... ..60
5.2. DEPRESSÃO......................................................................................................... .62
MÉTODO ............................................................................................................. . 65
RESULTADOS ................................................................................................... ..67
DISCUSSÃO....................................................................................................... ..79
CONCLUSÃO ..................................................................................................... ..83
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. . 85
APÊNDICES
ANEXOS
RESUMO
A presente pesquisa desenvolvida num banco público com unidades distribuídas em todo o
país, foi de caráter exploratório, descritiva, segundo uma visão contextualista, com o objetivo
de investigar o seguinte problema: existe uma relação entre a política da Empresa e o
absenteísmo de empregados por Depressão, Transtornos de Ansiedade e Estresse em
bancários do Banco pesquisado ? A base teórica utilizada foi o sofrimento psíquico do
trabalho bancário, mudanças, o clima e a cultura organizacional. Para realização da pesquisa,
fez-se um levantamento dos dados de absenteísmo por licença médica entre os anos de 2000 e
2005, utilizando-se relatórios internos da Organização pesquisada, relacionando as licenças
segundo o Código Internacional de Doenças (CID-10), o estudo do contexto histórico da
organização e resultados de pesquisas de clima organizacional realizadas nesse período.
Foram realizadas sete entrevistas, em profundidade, com empregados do Banco pesquisado,
para verificar a percepção deles com relação aos dois modelos de gestão. Separou-se os
períodos em dois: A de 2000 a 2002, no qual havia uma gestão autoritária, de repressão e que
valorizava os processos e B de 2003 a 2005 onde a gestão era participativa, democrática e
valorizava as pessoas. O resultado da pesquisa demonstrou que não houve diferença
significativa no absenteísmo, nem no clima organizacional, entre os períodos A e B, sendo, de
acordo com as pesquisas de clima organizacional, a sobrecarga um fator crítico constante nos
dois períodos. Houve diferença significativa quando comparados os dados de absenteísmo,
por região (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul), sendo que a região Norte apresenta
o menor percentual de absenteísmo. Contrário ao que se esperaria a partir dos conceitos
teóricos levantados na literatura, conclui-se que a mudança ocorrida na política geral da
organização não influenciou o absenteísmo por distúrbios de ansiedade, depressão ou estresse
e nem o clima organizacional. Sugere-se várias explicações possíveis para este achado, entre
os quais, interações com outras variáveis, como sobrecarga e possíveis aspectos robustos da
cultura organizacional, no nível regional, ou variáveis de resiliência, que podem ser mais
influenciáveis do que as mudanças na política geral.
The present study done in a public bank that operates throughout Brazil, was explorative in
character, descriptive, according to a contextualistic view and had the intention to investigate
the following question: is there a relation between the politics of the company and employee’s
sick-leave because of depression, anxiety disorders and stress from the researched bank? The
theoretical foundations of the study refer to psychological suffering of bank employees,
organizational changes, organizational climate and culture. For this research, data concerning
sick-leave were gathered for the years of 2000 to 2005, using the International Code for
Diseases (CID-10). The historical context of the organization is described, as well as results
of organizational climate research during that period. Seven in- depth interviews were realized
with workers from the bank, to verify their perception of how the leadership-style changes
during these years. Two periods were distinguished: A: from the year 2000 to 2002, in which
there occurred an authoritarian administration, using repressive measures and valuing the
labor process, and B: from the year 2003 to 2005 in which a participative, democratic
administration prevailed that valued the persons. The results show no significant difference in
the selected categories of sick-leave, or in organizational climate, between periods A and B.
Furthermore, according to the studies of organizational climate, the work-overload was a
critical constant factor in both periods. There were significant differences between
geographical regions (North, Northeast, Central-West, Southeast and South Brazil), and the
North stands out for its lowest percentage of sick-leave. Contrary to what could be expected,
based on the theoretical models in the literature, the present study concludes that the change
that occurs in the general politics of the organization, did not influence sick-leave due to
anxiety disorders, depression or stress, nor did it influence the organizational climate.
Different explanations are suggested, amongst which, interactions with other variables, like
work-load, and the possibility that robust aspects of organizational culture, on a regional
level, or variables of resilience, overrule the effects of changes in general politics.
Albert Camus
9
INTRODUÇÃO
absenteísmo por depressão, transtornos de ansiedade e estresse, como também dos resultados
de pesquisas de clima organizacional, realizadas no período compreendido entre 2000 a 2005.
O referencial que fundamenta este estudo é o do sofrimento psíquico, mental e
psicológico no trabalho bancário, bem como os fatores relacionados, considerando as
mudanças, o estilo de gestão de pessoas, o clima e a cultura organizacional, lembrando que o
prazer e o sofrimento no trabalho resultam de uma relação entre o indivíduo e o contexto de
produção.
Considerando os vários aspectos relacionados com a dinâmica psicossocial do
trabalho, que podem levar a sofrimento e a adoecimento dos trabalhadores, como também
formas diferentes de lidar com esses aspectos, a presente pesquisa será guiada pelo seguinte
questionamento: é possível relacionar o Absenteísmo por Depressão, Transtornos de
Ansiedade e Estresse com o estilo de liderança em diferentes épocas num grande Banco
público? Se as diferentes políticas de gestão de pessoas afetam a saúde do trabalhador, tal
processo deveria se refletir numa diferença no Absenteísmo por Depressão, Transtornos de
Ansiedade e Estresse.
Desde 1996, esse assunto tem despertado interesse na autora deste projeto de
pesquisa, a partir de observações empíricas feitas na organização pesquisada, após grandes
mudanças ocorridas.
Essas mudanças refletiram muito na organização, alterando sua estrutura, cultura,
valores e ocasionando a necessidade de grandes investimentos em tecnologia, em mão-de-
obra terceirizada e no auto-atendimento, fusão de postos de trabalho, redução de níveis
hierárquicos e difusão de postos de atendimento. Essas medidas acarretaram sobrecarga e
intensificação dos trabalhos, horas extras em excesso, impossibilidade de realização de pausas
durante a execução das atividades, empobrecimento de conteúdo de tarefas, exigência de
mudança de comportamento dos funcionários, notadamente do corpo gerencial, provocando
um estado de ansiedade e estresse, bem como aumento das doenças ocupacionais,
principalmente LER/DORT e transtornos depressivos, elevando o índice de absenteísmo
(SOUSA; NÉRIS; GUEDES, 2004).
Assim, surgiu o desejo de contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos
bancários do banco pesquisado, por meio de uma maior compreensão deste cenário.
O primeiro capítulo apresenta uma retrospectiva da evolução das organizações,
considerando-as como sistemas vivos, com seus objetivos, necessidades e dinâmicas,
enfocando o papel das pessoas inseridas nas organizações e a influência do clima e da cultura
organizacional sobre o ambiente de trabalho.
13
1. Pessoas e Organizações
vistas como sistemas complexos, quando observada sua composição de atividades humanas
em diversos níveis de análise (personalidades, valores, normas, cultura. grupos, etc.). Além
desse aspecto humano, as organizações são influenciadas por uma variedade de aspectos
externos (CHIAVENATO, 1993).
A sociedade tecnológica promove uma integração do homem com a máquina; os
apelos do mercado por novos produtos criaram valores marcados por uma profunda
desvitalização, o que atrai o não-vivo, o inanimado. A reverência pela vida fica em segundo
plano. Decisões autopunitiva, falta de cuidado com a saúde e com o corpo são alguns
sintomas desse fenômeno, visíveis pela observação da preferência pelos aparelhos, em vez de
pessoas; dos processos, em lugar dos produtos; das estruturas, em vez das relações. Um
verdadeiro paradoxo: amar as coisas e usar as pessoas (PEREIRA e FONSECA, 1997).
Durante a Revolução Industrial na Europa e na América do Norte, os conceitos de
organização se tornaram mecanizados, devido ao uso das máquinas, especialmente na
indústria.
A frase de um ancião chinês citado por Morgan (1996), com relação à utilização
de máquinas na execução do trabalho, expressa o mal do mecanicismo:
[...] eu escutei o meu professor dizer que aquele que usa máquinas no seu trabalho
faz o seu trabalho como máquina. Aquele que faz o seu trabalho como máquina,
desenvolve o seu coração como máquina e aquele que carrega o coração de máquina
no seu peito perde a sua simplicidade. Aquele que perdeu a sua simplicidade torna-
se inseguro nas lutas da alma (p.21).
porque passaram por experiências de vida diferentes. Os motivos humanos não têm, para a
pessoa que se motiva, todos eles a mesma significância (CHIAVENATO, 1993).
Por isso é muito importante as organizações estarem atentas para proporcionar a
satisfação dos empregados, investindo naquilo que lhes traz motivação, promovendo assim a
melhoria de sua qualidade de vida.
Moscovici (2001) entende que as organizações também são co-responsáveis pela
qualidade de vida de seus empregados. Para isso, é imprescindível cuidado com ambiente de
trabalho, tanto físico como psicossocial, bem como com estilo de liderança, política social,
condições de trabalho, clima organizacional, oportunidades de crescimento e reconhecimento,
desafios, estímulos, metas a serem cumpridas e índices de produtividade exigidos.
Todos esses fatores deveriam ser equilibrados com a qualidade de vida no
trabalho que é considerada parte do desenvolvimento organizacional ou da motivação e
satisfação do empregado no trabalho. Melhorar a qualidade de vida no trabalho é um meio de
reduzir as taxas de rotatividade e diminuir a incidência do absenteísmo, minimizar os
acidentes e as queixas. Os elementos essenciais em todos esses programas são a participação
do empregado e o compromisso organizacional (KRUMM, 2005).
O modo como os dirigentes de uma organização compreendem o que venha a ser
motivação no trabalho, influenciarão as ações necessárias sobre a construção de políticas e
programas direcionados a incentivos, recompensas e outros assuntos relacionados à motivação
da força de trabalho e suas peculiaridades. Essa postura possibilita a compreensão de como
cada trabalhador pode contribuir, como ser único. O entendimento de que os seres humanos
são distintos em termos de necessidades, expectativas e capacidades, torna-se relevante para a
gestão de pessoas nas organizações. A percepção do suporte social, ou seja, o quanto o
empregador cuida do bem-estar e valoriza as contribuições de seus empregados, a justiça de
procedimentos, retribuições organizacionais, influencia de forma relevante nos resultados da
organização (KANAANE, 1995).
Para Moscovici (2001), toda equipe é formada por pessoas, e não por máquinas. E
pessoas têm sentimentos e emoções, além de inteligência, capacitação profissional,
conhecimentos, experiência, por isso surgem sentimentos de afetos, simpatias, ciúmes, inveja,
hostilidades, ressentimentos, conflitos. Essas emoções influenciam na forma de trabalhar e no
resultado do trabalho de cada empregado. Portanto, para a equipe funcionar, é necessário bom
relacionamento interpessoal, liderança emergente situacional e participação efetiva, para que
haja espaço para motivação e criatividade.
Segundo Santos, A. e Silva, R. (2004), nas organizações estatais a liderança
19
utilizada é a situacional porque busca a eficácia por meio de um determinado estilo, pois não
existe um estilo ideal. Em determinadas situações os gerentes podem ser democráticos,
discutindo as idéias com sua equipe; em outras, podem ser autoritários, tomando decisões
sozinho. Todas as atitudes dos líderes dependem da influência do ambiente externo ou do
ambiente interno que a organização está passando; é esta situação que definirá que líder ele irá
se tornar.
A busca das razões verdadeiras do comportamento humano e a procura da
resposta de porque o homem age de tal maneira foram sempre uma preocupação. Surgiram
diferentes teorias que explicam o dinamismo comportamental próprio dos seres humanos.
Uma dessas teorias foi a cognitiva, que concebe o homem como um ser racional, possuidor de
desejos e capacidades para satisfazê-los (noção de vontade). As teorias hedonistas defendem o
princípio de que o homem se acha orientado no sentido de buscar o prazer e,
conseqüentemente, procura evitar a dor ou o sofrimento (BERGAMINI, 1982).
O estudo da motivação no trabalho se caracteriza por procurar por que o homem
trabalha e quais os objetivos motivacionais no trabalho. Maslow, em 1948, propôs uma
classificação ou hierarquia dos motivos humanos: em primeiro lugar encontram-se as
necessidades corporais ou fisiológicas (ar, comida, repouso, abrigo etc.); em seguida as
necessidades de segurança (proteção contra o perigo ou privação); depois seguem as
necessidades sociais (amizade, inclusão em grupos etc.); uma vez satisfeitas, estas precedem
as necessidades de estima (reputação, reconhecimentos, auto-respeito, amor etc.); e, por
último, vêm as necessidades de auto-realização (realização do potencial, utilização plena dos
talentos individuais etc.) (CHIAVENATO, 1993).
Segundo Chiavenato (1993), as necessidades não satisfeitas é que influenciam o
comportamento na busca dos objetivos individuais. As necessidades fisiológicas são inatas ou
hereditárias e, juntamente com as necessidades de segurança, constituem necessidades
primárias do indivíduo, voltadas para sua conservação pessoal. À medida que essas
necessidades vão sendo satisfeitas, o indivíduo busca a realização das necessidades mais
elevadas: as sociais, de estima e de auto-realização.
Enquanto Maslow fundamenta sua teoria da motivação nas necessidades humanas,
Herzberg alicerça sua teoria no ambiente externo e no trabalho do indivíduo. Para Herzberg, a
motivação das pessoas depende de dois fatores: fatores higiênicos, que se referem às
condições que rodeiam a pessoa enquanto trabalha (condições físicas e ambientais de
trabalho, salário, benefícios sociais, políticas da empresa, tipo de supervisão recebido, clima
organizacional, regulamentos internos, oportunidades de crescimento etc.) e fatores
20
O filósofo grego Heráclito, 500 a.C., citado por Morgan (1996), observou que
“não se pode pisar duas vezes o mesmo rio, já que as águas continuam constantemente
rolando”. O universo se encontra em constante transformação, incorporando tanto
características de permanência, quanto de mudança.
As organizações de hoje enfrentam um ambiente cada vez mais dinâmico e
mutante, o que exige que elas se adaptem constantemente a novas condições. Vivemos em
uma era de descontinuidade, em que a competição está mudando. A economia globalizada
significa que a concorrência pode estar do outro lado da cidade ou do outro lado do mundo. O
aumento da competitividade também significa que as organizações já estabelecidas precisam
se defender tanto dos concorrentes tradicionais, como das pequenas e empreendedoras
empresas (ROBBINS, 2002).
Segundo Moscovici (1999), os principais modelos de mudança organizacional
evoluíram até a década de 1960. Os modelos concebidos tinham uma visão de sistema
22
fechada, formada por pequenos grupos e de acordo com os pressupostos das escolas clássicas
e de relações humanas. Tais modelos enfatizavam os aspectos racionais da empresa, que eram
opostos aos processos psicossociais existentes nas relações de trabalho. A década de 1960
sintetiza as décadas anteriores. Uma mudança de paradigma substitui a visão interna pela
macrovisão da organização, como um sistema sociotécnico em permanente interação com o
seu meio ambiente. A década de 1970 valoriza a visão estratégica e o desenvolvimento
organizacional. De 1990 em diante, novos modelos são concebidos e proliferam métodos e
técnicas para implementar mudanças nas organizações.
Diferentes autores abordam as mudanças conforme sua visão de organização e de
pessoas. Mas todos eles concordam que as mudanças são necessárias para o desenvolvimento
organizacional.
Segundo Robbins (2002), as mudanças podem ocorrer em quatro categorias:
estrutura, tecnologia, instalações físicas e pessoas. Mudar a estrutura envolve alterações nas
relações de autoridade, mecanismos de coordenação, replanejamento do trabalho ou outra
variável estrutural. Mudar a tecnologia engloba modificações na maneira pela qual o trabalho
é processado e nos equipamentos utilizados. Mudar as instalações físicas inclui mudanças no
espaço e no arranjo físico do ambiente de trabalho. Mudar as pessoas se refere à modificação
de atitudes, habilidades, expectativas, percepções e/ou comportamento dos funcionários.
Levy e Merry (1986) sugerem que uma modificação da visão corporativa pode
acontecer de duas maneiras: a) recomposição, que modifica a maneira como os membros da
organização percebem a realidade; pode implicar uma mudança na interpretação do
comportamento dos empregados (mudança de atitudes e comportamentos); b) aumento da
conscientização, que torna os empregados conscientes das mudanças transformacionais que
são possíveis e que leva a uma maior insatisfação com a maneira como a organização está
funcionando.
Boog (1994) comenta as mudanças organizacionais enfocando dimensões ou
níveis qualitativos: a) de identidade - quando os dirigentes são os responsáveis pelas
mudanças, pois envolve questões estratégicas que determinam a identidade, o caráter ou a
essência da empresa; b) das pessoas ou das relações - contém o que acontece entre as pessoas,
como a motivação, ambiente, etc.; c) dos processos - no sentido de fluxos básicos de
produção, de matéria-prima, de informações, etc.; d) dos recursos - composto por terrenos,
máquinas, equipamentos, etc.
Toda mudança na empresa causa várias reações, principalmente emocionais. É
natural os empregados se preocuparem sobre como vai ficar a situação, o que vai ser afetado
23
resposta de tipo afetivo e avaliativo das condições de trabalho, cuja unidade de análise é a
vivência pessoal do empregado. O conceito de clima organizacional é de natureza descritiva.
São analisadas as vivências compartilhadas na organização.
Outra dificuldade conceitual é a diferenciação entre clima organizacional e cultura
organizacional. Para Katz e Kahn (1966), não existe diferença, pois a organização cria a sua
própria cultura ou clima. Mas a maioria dos autores estabelece diferença entre clima e cultura
organizacional. A cultura refere-se a pressupostos compartilhados, e o clima, a percepções
compartilhadas; este é a manifestação da cultura.
Já Ashforth (1985) e Poole (1985) esclarecem o construto de cultura
organizacional. Esta refere-se ao conjunto de valores, artefatos, costumes, padrões de
comportamento, rituais, símbolos, normas e assunções básicas adotadas pela empresa.
Segundo Shein (1985), a cultura é um conjunto de pressupostos básicos
inventados, descobertos ou desenvolvidos por um dado grupo ao ir aprendendo a enfrentar
seus problemas de adaptação. E o clima é um dos produtos da cultura.
Segundo Beehr apud Tamayo (2004), o clima organizacional são as percepções
compartilhadas entre os membros da organização e o ambiente organizacional. O clima
depende do significado que cada empregado dá à organização. Os significados
compartilhados vão constituir o clima organizacional com seus vários componentes (estrutura,
estilo de liderança, comunicação, controle, apoio organizacional, conflitos e confiança). Cada
organização tem seu clima peculiar, pois os fatores identificados são especificamente seus.
Por exemplo, como os empregados percebem o ambiente de trabalho, num determinado
momento da história da organização. Podem também existir diferentes climas na mesma
organização, em diferentes setores.
Para Luz (1995), clima organizacional é o reflexo do estado de espírito ou do
ânimo das pessoas que predomina numa organização, em um determinado período. É o
resultado da cultura das organizações; dos aspectos positivos e negativos (conflitos) que
ocorrem dentro e fora delas. É a atmosfera psicológica que envolve a relação entre empresa e
funcionários. São vários os indicadores do clima: o envolvimento das pessoas com seus
trabalhos; o tempo médio de permanência nas organizações; o absenteísmo; as greves; a
apatia; a integração; o turn-over (rotatividade de empregados); os conflitos; o entusiasmo; a
cooperação entre indivíduos ou grupos, etc.
Segundo Schneider (1990), o clima organizacional é definido como um atributo
individual, pois cada indivíduo percebe sua organização de várias formas, dependendo do
contexto ou do conjunto de informações que possui sobre a organização. Para o autor, existem
25
três fontes para o desenvolvimento do clima nas organizações: 1) a exposição dos membros
da organização às mesmas condições; 2) práticas e processos de seleção, retenção dos
significados e designação de tarefas que produzem um conjunto homogêneo de membros da
organização; 3) interações sociais que geram o entendimento compartilhado entre os
membros.
Para Tamayo (1996), o clima organizacional é construído por uma multiplicidade
de componentes, entre eles: responsabilidade, estrutura organizacional, comprometimento,
políticas e práticas organizacionais, confiança, reconhecimento e afeto, entusiasmo e apoio,
sistema de recompensas, conflito, liderança, clareza da comunicação, ênfase na produtividade,
etc. Os componentes não são universais, pois o clima de uma organização é específico. Mas a
especificidade não exclui a possibilidade de uma estrutura comum, que pode ser do tipo
motivacional, que expressaria os interesses do empregado e da organização. É nessa interação
entre os interesses individuais e organizacionais que se encontram as raízes mais profundas do
clima organizacional. Por isso é muito importante avaliar o clima das empresas. É uma
oportunidade de se obter diretamente dos empregados uma avaliação de como eles percebem
o seu ambiente de trabalho, e não como os outros o percebem (chefes, a alta administração,
etc.). A percepção individual é um elemento crítico quando se fala de clima. No entanto,
quando há convergência na percepção dos empregados sobre seu ambiente de trabalho, faz
sentido definir clima com um construto coletivo ou agregado.
Cabe ressaltar a existência de variáveis que afetam o clima organizacional, como
os conflitos decorrentes do choque de interesses, em função de fatores positivos e negativos
que ocorrem dentro do ambiente de trabalho, bem como pelos fatores externos, que ocorrem
no contexto socioeconômico e político e na vida particular, dos empregados, como salário,
estratégias motivacionais, tipo de tecnologia empregada pela organização, rigidez disciplinar,
estilo de liderança, etc. (LUZ, 1995).
É nesse contexto que a liderança mostra sua importância para a organização. Um
líder habilidoso pode conduzir a sua equipe a tomar decisões acertadas, criando assim uma
atmosfera de trabalho amistosa e cooperativa, já os líderes autocráticos desconsideram
opiniões importantes. Líderes com posturas inadequadas deixam passar despercebidas reações
e questões que precisam ser tratadas com a equipe. Existem dentro das organizações diversos
tipos de pessoas e cada uma delas possui mecanismos, posturas, vontades e opiniões
diferentes, cabendo ao líder a habilidade de escolher o tipo de liderança capaz de convergir e
transformar diferentes objetivos individuais em um único objetivo dentro de uma equipe para
alcançar os objetivos organizacionais (SANTOS, A. & SILVA, R., 2004).
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Uma grande parte da vida do ser humano é dedicada ao trabalho. Além do tempo
despendido, o trabalho tem o seu significado psicossocial. Ele cria condições para a existência
do ser humano, elevando sua auto-estima, por tornar o indivíduo capaz de se sentir produtivo
e com isto realizar seus projetos de vida e fazer parte na construção de sua sociedade. É
importante que esse ambiente de trabalho não comprometa a sua saúde, que lhe traga
satisfação profissional, que lhe dê prazer e realização pessoal para a busca da felicidade
(TAMAYO, 2004). O autor se refere a Heidegger, um filósofo alemão, que considera o
“manusear alguma coisa” (umgehen mit etwas) como componente existencial do ser humano,
sendo o trabalho a atividade mais relevante.
Freud, citado por Boff (1999), já dizia que a composição de uma vida plenamente
equilibrada resume-se no binômio Amor e Trabalho. É preciso Amar. É preciso trabalhar.
Pelo amor reproduzimo-nos, pelo trabalho produzimos – produzir e reproduzir explicam a
nossa existência.
Porém os filósofos clássicos, como Platão e Aristóteles, valorizavam a ociosidade
e a política. O trabalho era visto como algo degradante, inferior e desgastante, portanto
deveria ser executado somente pelos escravos.
Podemos observar que a maioria das pessoas trabalha por necessidade, nem
sempre fazendo o que gostam e muitas vezes num ambiente sem condições adequadas de
trabalho, o que as leva ao adoecimento, pelo sofrimento vivido. Uma concepção alternativa
vem buscar a construção de um trabalho no qual os indivíduos possam se expressar e construir
suas potencialidades. A história do trabalho é, portanto, a história da resistência dos homens
diante dessas condições impostas para a sua reprodução social.
Os aspectos socioculturais são considerados importantes e delimitadores no
mundo do trabalho. Originalmente o trabalho surgiu a partir de uma necessidade natural, para
saciar a sede, a fome, etc. Contudo, o próprio trabalho realiza-se na interação do homem com
o trabalho, e seguirá as condições sócio-históricas em que cada pessoa vive, dependendo do
acesso que ela tem à tecnologia, aos recursos naturais, ao domínio do saber fazer; das
condições de trabalho, do controle sobre as tarefas, etc., (ZANELLI et al, 2004).
Dependendo da forma como o trabalho se encontra organizado, isto é, como as
29
tarefas são distribuídas, como são executadas, qual o poder de decisão, qual o grau de
autonomia, como ocorre o planejamento das atividades, pode descaracterizar as capacidades
cognitivas humanas e o próprio trabalho.
Mendes et al. (1996) comentam sobre o modelo da psicodinâmica do trabalho,
cujas vivências de prazer e sofrimento constituem indicadores de saúde. Essas vivências
decorrem de três dimensões que se interligam: a subjetividade do trabalhador (história de
vida, desejos, necessidades...), a organização do trabalho (normas, padrões de condutas), e a
coletividade (relações hierárquicas, normas de convivência social).
Analisando o contexto saúde no trabalho, o prazer é um ponto fundamental,
pois cria identidade social e pessoal. O ser se integra no fazer e se torna parte integrante e
integrada do fazer, sentindo-se realizado. O trabalhador se sente valorizado pelo que faz
quando o trabalho é prazeroso. Isso lhe dá estrutura como pessoa e atende suas necessidades,
desde as de sobrevivência até as de auto-realização. O indivíduo cria sua identidade por
sentir-se produtivo, transformando o ambiente, dando-lhe a oportunidade de construir-se
como sujeito psicológico e social.
Zanelli et al. (2004) consideram cinco dimensões que compõem o mundo do
trabalho, que estão relacionadas à forma de executar o trabalho e de pensar sobre ele:
• dimensão concreta – refere-se à segurança física e conforto, tecnologia à
disposição e condições materiais e/ou ambientais;
• dimensão gerencial – refere-se à forma como o trabalho é gerido (planejamento,
organização, direção e controle);
• dimensão socioeconômica – refere-se à articulação entre o modo de realizar o
trabalho e as estruturas sociais, econômicas e políticas;
• dimensão ideológica – refere-se ao discurso elaborado e o articulado e as
relações de poder;
• dimensão simbólica – refere-se aos aspectos subjetivos da relação de cada
indivíduo com o trabalho;
A motivação e o desempenho têm uma relação estreita e são fontes de mediação
no trabalho. São considerados relevantes à obtenção de satisfação, qualidade e produtividade
na realização de tarefas organizacionais. Diante de um trabalho prazeroso, o trabalhador tende
a apresentar uma alta performance. Assim, os objetivos organizacionais, para serem
alcançados, dependem do desempenho eficiente e eficaz nos níveis individual, grupal e
organizacional.
30
produzir mais e melhor para vencer a competição, a execução eficiente das tarefas prevalece
no estilo de liderança. Entretanto, se valores humanísticos fazem parte da cultura
organizacional, o estilo de liderança pode voltar-se também para o desenvolvimento do ser
humano dentro do ambiente de trabalho. Isso significa atenção, cuidado e respeito pelos
empregados como pessoas. Significa prover condições melhores, mais adequadas de trabalho,
ter confiança no empregado, em sua capacidade de agir e de escolher as modalidades de
execução das tarefas, em sua responsabilidade total. Tal postura significa encorajar sua
criatividade ouvindo suas idéias e sonhos, descobrindo o potencial de cada empregado
(TAMAYO, 2004).
Para Tamayo (2004), na prática, fica um desafio: até quando a liderança
humanística é verdadeiramente aplicada quando se tem pressa, quando o imediatismo
predomina em meio a pressões competitivas globalizantes? As recompensas raramente são
atribuídas a fatores “subjetivos”. Perde-se a oportunidade de incluir a motivação das pessoas
como fator concreto de diferenciação nos processos produtivos, na qualidade e
competitividade da empresa como um todo. Geralmente a motivação é mantida no nível
operacional.
Vimos, portanto, que é essencial identificar os fatores que verdadeiramente
motivam as pessoas nas organizações em diferentes momentos, e atuar de modo efetivo. Para
isso, é necessário que os participantes da organização desenvolvam a capacidade de
diagnosticar os elementos intrínsecos e extrínsecos que promovem ou dificultam a motivação.
É muito importante a organização se preocupar em valorizar indicadores que
potencializem e promovam a saúde dos empregados, para se manterem competitivas no
mercado, alcançarem a produtividade desejada, a qualidade dos seus produtos e serviços e o
bem-estar de seus empregados.
O trabalho humaniza a coisa. Por exemplo: o trabalho transforma o minério de
ferro em vaidade na construção do automóvel; a madeira, em móveis; a terra, em gentileza da
gastronomia. O trabalho permite, constrói e expressa o indivíduo. Por isso, o indivíduo não
pode se sentir ausente dentro desse processo. Precisa se identificar, colocar suas emoções e se
sentir parte dessa construção (ZANELLI et al., 2004).
Para Tamayo (2004), um dos grandes problemas vividos pelos trabalhadores é o
chamado “estresse no trabalho”, entendido este como tensão física, psíquica e social,
decorrente do esforço excessivo para responder às demandas externas. Outro grande problema
enfrentado, hoje, pelos trabalhadores, é o esgotamento profissional ou burnout, causado pela
mudança no mundo do trabalho, com a globalização da economia, que teve como
32
2.2 Absenteísmo
de acarretarem sobrecarga para aqueles que permanecem no ambiente de trabalho que têm que
executar, além de suas tarefas, as atividades dos colegas que se encontram afastados. Essa
sobrecarga pode levar ao aparecimento de doenças e, futuramente, a possíveis afastamentos
(QUICK; LAPERTOSA, 1982).
Segundo Fava (2002), o impacto na economia, em 2001, do absenteísmo por
doença custou para a Alemanha, 44,76 bilhões de euros enquanto que, para o Reino Unido, a
perda foi de 11 bilhões de libras esterlinas, principalmente em função de doenças dos sistemas
osteomuscular e respiratório. No mesmo ano, no Brasil as despesas aumentaram 31,8% com a
concessão do auxílio-doença. Em 2000, o auxílio-doença representava 3,2% dos gastos da
previdência social; em 2004, essa despesa subiu para 7,5%. Por outro lado, o índice de
absenteísmo por doença em geral vem decrescendo nos últimos vinte anos, enquanto o índice
de absenteísmo por doenças psíquicas vem aumentando. Isto se deve às mudanças que vem
ocorrendo em função da globalização, entre as quais se incluem a terceirização, a
reengenharia, o downsizing, exigência de uma maior produtividade, aumento do estresse e
medo do desemprego.
Para Danatro (1997), o absenteísmo não consiste apenas em um indicador de
adoecimento; pode representar também a insatisfação do trabalhador com o trabalho ou com a
empresa. Quando a Empresa percebe que há um espaço entre o que se espera do rendimento
dos funcionários e o que de fato estão produzindo, é hora de analisar o clima organizacional,
pois é fundamental funcionários motivados a desempenhar seu papel da melhor maneira
possível.
Existem variações nos índices de absenteísmo entre os diversos países, sendo que,
no Oeste da Europa, os índices são duas vezes mais altos do que no Japão e nos Estados
Unidos. Há diferenças também quanto às causas desse absenteísmo, estando relacionado às
características específicas do trabalho desenvolvido, ao número de horas trabalhadas, ao sexo,
à empresa, à ocupação dos empregados, etc. (BRINER apud RIBEIRO, 2004).
No Reino Unido, o número de jornadas perdidas por enfermidades justificadas
com atestados médicos ultrapassou 10% quando comparados os períodos de 1970-1974 em
relação ao período de 1960-1964. Os custos com absenteísmo são similares ao custo total do
Serviço Nacional de Saúde. Na indústria, representam mais de 10% de todas as despesas,
salários e horas extras pagos, e estudos comprovam tendências similares em outros países
(DANATRO, 1997).
No Brasil, os níveis de absenteísmo variam significativamente de acordo com a
organização, com o estilo de administração e com o tipo de atividade desenvolvida. Além
36
disso, com os avanços tecnológicos, o conteúdo das tarefas vem sendo modificado e o
momento macroeconômico que o país vive atualmente, com os altos índices de desemprego e
subemprego, fazem com que os trabalhadores estejam cada vez mais temerosos de perderem
seus empregos (BOURGUIGNON, 1999).
Estudos mostram diferentes causas para o absenteísmo, como as jornadas
prolongadas de trabalho, condições insalubres oferecidas aos trabalhadores e a tensão
emocional, apresentando-se como fatores que o acarretam em longa escala (SCHMIDT,
1986). Para Chiavenato (1993), as causas do absenteísmo nem sempre estão no próprio
empregado, mas na organização, na supervisão deficiente, no empobrecimento das tarefas, na
falta de motivação e estímulo, nas condições desagradáveis de trabalho, na precária integração
do empregado à organização e nos impactos psicológicos do estilo de gerenciamento na
empresa. A Organização Panamericana de Saúde acredita que mais de 70% das empresas não
apresentam condições ergonomicamente favoráveis para a realização das tarefas solicitadas a
seus empregados.
Zapelin (2002) realizou uma pesquisa para estudar a relação entre as más
condições dos ambientes de trabalho e a problemática do absenteísmo e da rotatividade em
organizações de pequeno porte. Concluiu que os níveis de absenteísmo e rotatividade variam
significativamente de acordo com a organização, com seu modelo de administração e com o
tipo de atividade desenvolvida. Quanto mais inadequadas as condições de trabalho, maior o
nível de insatisfação dos trabalhadores, maior o adoecimento e mais alto o absenteísmo.
A associação entre o clima organizacional no ambiente de trabalho, os sintomas
relacionados ao trabalho e o absenteísmo por doença, e a maneira como esses fatores variam
de acordo com as características sociodemográficas relacionadas ao trabalho, foi estudada
com uma amostra de 4.209 trabalhadores de um subúrbio, com idade entre 25 e 64 anos, num
estudo de base populacional. O estudo relata uma maior associação entre tensão nervosa e
“clima prejudicado” com alto risco de sintomas relacionados ao trabalho do que com um
clima “relaxado” e “suportável”. Nesse estudo, observou-se que as precárias condições de
trabalho podem levar a população de trabalhadores a problemas de saúde, e os fatores
associados às condições físicas, psicossociais, ergonômicas e organizacionais podem estar
associados com sintomas psicológicos e desordens musculoesqueléticas, além de outros
fatores relacionados com o absenteísmo (PIIRAINEN apud RIBEIRO, 2004).
A categoria bancária parece expressar a condição moderna do desgaste humano no
processo de trabalho. Esse desgaste está intimamente ligado à introdução de novas
tecnologias, à exigência de ritmo acelerado e à impossibilidade de intervir na concepção da
37
3. Organização Pesquisada
3.1 Histórico
Toda organização tem uma identidade única que a difere das outras, que se
embasa na cultura organizacional, na sua história, no seu perfil e na personalidade dos seus
dirigentes.
A Organização pesquisada, por ser centenária, guarda traços de cultura marcantes
42
como: grande identificação dos empregados com os valores e com a missão da organização e
forte sentimento de pertencimento e corporativismo.
Sendo uma Empresa pública, a organização tem que atender às demandas de
políticas públicas do governo, além de produzir e “cuidar” de seus empregados. Pela mesma
razão, os dirigentes que ocupam cargos estratégicos mudam a cada quatro anos o que acarreta
um processo de descontinuidade.
O quadro um (1) demonstra as mudanças ocorridas na cultura, estrutura e
processos, considerando-se o ano 1995 como um divisor entre Passado e Presente/Futuro.
Quadro: 1 – Demonstrativo da transição da Empresa em relação a estrutura, cultura,
processos, tecnologia e pessoas.
Demonstrativo
da transição da Passado (antes de 1995) Presente/Futuro (após 1995)
Empresa
Centralizada Mais Descentralizada
Estrutura Estadualizada Regionalizada
Altamente hierarquizada e rígida Horizontal e Flexível
COMPORTAMENTO ESPERADO
tecnologia é o próprio produto que o banco vende. A concorrência entre os bancos concentra-
se cada vez mais na informação e tecnologia, a base para definir novos produtos a serem
oferecidos (SOUZA, 2003).
Os bancários estão submetidos a uma “cultura organizacional” que se entende
como normas prescritas, tácitas e valores. Observam-se diferentes formas de produção de
sentido dos trabalhadores submetidos a essa cultura e diferentes construções das identidades
profissionais a partir do que vivem em comum. Distinguem-se vocação, profissão, emprego e
trabalho. Os dois últimos termos guardam uma diferença significativa: trabalho e emprego. O
emprego supõe recompensa financeira, contrato de trabalho e relação de troca. O trabalho
pode ser efetuado no interior ou exterior da relação de emprego. Em suma, qualquer atividade
de transformação da natureza, seja remunerada ou não, é considerada um trabalho
(HARTLEY apud SANTOS, 2000).
Segundo Codo (2003), o trabalho bancário caracteriza-se pela multiplicidade de
tarefas a serem realizadas. O autor ainda aponta que o sofrimento do bancário está
relacionado à carga excessiva de trabalho e à “síndrome do trabalho vazio”.
Codo (2004) considera que o bancário raramente se reconhece no que faz. Ele
sente que não é bancário, mas trabalha no banco tal. A profissão de bancário tem até definição
de “o provisório definitivo”. Mesmo nos casos em que se exerce a profissão há muito tempo,
existe sempre a idéia de sair “amanhã”, procurar outro caminho profissional, seguir uma velha
vocação; o banco é só uma ponte entre a formação e o exercício profissional ou a
aproximação subestimada da aposentadoria “faltam apenas cinco anos” e depois que se
aposentar, sempre haverá um propósito, mas é para depois, ainda inalcançável. No banco ele
não “é”, no banco ele “está”. É como se faltasse algo, a busca do reconhecimento de si deve
estar fora da forma, assim como ocorre a construção de si. Para o bancário, a resposta à
pergunta “quem sou” está do lado de fora das coisas que faz. Há algo no banco que dificulta
ao trabalhador a construção de sua identidade como trabalhador.
Para Codo (2004), paira uma mórbida certeza de que o bancário tem problemas
de saúde mental no trabalho, uma combinação entre depressão e histeria denominada
depressão narcísica. A depressão narcísica aprisiona o sujeito por não aceitar sua própria
identidade.
As mudanças em andamento na categoria bancária, fruto das reestruturações nos
bancos, têm alterado substancialmente o perfil dos bancários. Maior qualificação, maior poder
de decisão, polivalência e iniciativa são algumas das características exigidas do bancário nos
dias de hoje. O processo de ajustes nos bancos tem sido desgastante para a categoria. A
45
4. Estresse no trabalho
mais rápido volta ao equilíbrio e se torna mais resistente aos fatores estressores (LIPP, 1999).
Palmer, Cooper, e Thomas (2003) apresentaram uma definição cognitiva do
estresse: “ Estresse ocorre quando a pressão excede a habilidade de enfrentar as
dificuldades”.
Lazarus e Folkman (apud LIPP, 1999) definem estresse como “uma relação
particular entre a pessoa e o ambiente que é avaliado pela pessoa como desgastante ou
superior a seus recursos de enfrentamento e ameaçador a seu bem-estar”.
De acordo com a Administração de Saúde e Segurança (2001), o trabalho
relacionado ao estresse pode ser definido como: “A reação adversa que as pessoas têm às
pressões excessivas ou outros tipos de exigências (demandas) sobre eles”.
Para Lipp (1999), são vários fatores estressores, e o que estressa uma pessoa pode
não estressar outra. Esses fatores são subdivididos em duas fontes: fontes externas – são os
fatos que ocorrem em nossa vida e que vêm do meio externo. E não são só os acontecimentos
negativos (falta de dinheiro, perda de alguém da família, brigas conjugais, etc.), mas também
acontecimentos positivos (casamento, formatura, sair de férias, etc.); fontes internas – Lipp
chama de “fábrica” particular de estresse – é o nosso modo de ser, nossas crenças, nosso
modo de agir, por pressão exercida por nossas próprias regras, valores e princípios, etc.
Existe um padrão de identificação do perfil de indivíduos que se estressam mais.
São aqueles que correm contra o tempo, que sempre usam a expressão “tempo é dinheiro”.
Essas pessoas geralmente precisam correr para dar conta de todas as atividades impostas por
elas mesmas. Estão sempre reclamando que estão cansadas, que não têm tempo, pois têm que
produzir, têm que competir, têm que conquistar, numa velocidade de uma máquina ou de um
furacão. Não sobra tempo para o lazer, para a família, para os amigos e para elas mesmas.
Chegam a se sentir culpadas se tirarem uma hora para não fazerem nada ou para admirarem a
natureza. Sentem dificuldade em participar de uma reunião de família, ficam até irritadas
quando são convidadas para um evento social, pois não têm tempo, precisam trabalhar (LIPP,
1999).
O estresse é visto atualmente como um problema de saúde pública, econômico e
social, que traz, como conseqüência gastos para o indivíduo, para as empresas e os governos.
Fatores como a preocupação com o futuro, num período de instabilidade econômica e política,
baixa qualidade de vida e alto índice de desemprego contribuem para o aumento de sua
incidência. A partir de uma perspectiva multicausal dos fenômenos relacionados aos
diferentes graus de agravos à saúde, o estresse pode ser visto como um construto capaz de
ampliar o grau de compreensão sobre a influência de processos sociais e psicológicos nos
48
do trabalho sobre a saúde (pressão do tempo, sobrecarga de trabalho, etc.) estão associadas ao
poder de decisão do indivíduo, ou seja, ao seu grau de controle sobre o trabalho. Quando as
exigências do trabalho excedem ao seu controle, isto é, as demandas são altas e o controle,
baixo, há grandes chances de a saúde do indivíduo ser afetada. As altas demandas, por si só,
não prejudicariam tanto a saúde, mas sim as altas demandas com baixo poder de decisão.
Outros estudos demonstram que indivíduos com maior predisposição à hostilidade
e à ansiedade se mostram mais vulneráveis a apresentarem problemas de saúde,
principalmente em situações consideradas desfavoráveis como, por exemplo, momentos de
grandes demandas das situações de trabalho que extrapolam as competências e os recursos
disponíveis à sua execução. Por outro lado, pessoas com maiores tendências a adotarem
estratégias focadas na solução dos problemas em oposição às estratégias focadas na emoção,
no combate ao estresse, apresentam maiores índices de saúde física e mental.
De acordo com Eisenberger, Hutington, Hutchison e Sowa (apud TAMAYO et
al., 2004), quando o suporte organizacional é percebido pelos empregados de forma positiva,
estes sentem-se valorizados, demonstram satisfação em saber que a organização está
comprometida e preocupada com o seu bem-estar e, em contrapartida, ficam mais motivados,
comprometidos e apresentam melhores desempenhos.
No modelo integrado de cultura, satisfação e saúde, a saúde no trabalho é o
resultado de um processo, motivado pelos papéis inerentes ao conteúdo do trabalho que
expressam a cultura da organização e moderado por variáveis, entre elas a satisfação no
trabalho (PETTERSON & ARNETZ apud TAMAYO et al., 2004).
Portanto, a satisfação no trabalho, além de contribuir com a saúde do trabalhador,
evita vários problemas na organização como: a rotatividade, o absenteísmo, o desligamento da
empresa (onde há perda de bons quadros, despesas com recrutamento e seleção, treinamento,
etc.), e é benéfica para a organização, pois desenvolve uma cultura saudável.
Quando identificados os fatores estressores, é possível implementar mudanças nas
condições de trabalho, com possível influência sobre a saúde desses trabalhadores. A natureza
e a severidade do estresse dependem das características da demanda, da qualidade da resposta
emocional e do processo de enfrentamento (coping) mobilizados no indivíduo.
Para Pinheiro (2002), coping é um construto multidimensional que envolve uma
grande variedade de estratégias cognitivas e comportamentais. Entre as características
pessoais que atuam como mediadoras entre o estresse e o trabalho estão a auto-estima e o
locus de controle.
Em seu modelo conceptual de coping, Latack apresenta três categorias: a) controle
55
4.3 Resiliência
costumes, valores, expressões, etc. c) humor social – capacidade dos grupos de encontrarem
comédia na própria tragédia, de expressar em palavras, gestos ou atitudes corporais os
elementos cômicos, incongruentes ou hilariantes de uma situação, obtendo um efeito
tranqüilizador e prazeroso. É uma estratégia de ajuste que facilita um distanciamento do
problema, favorecendo a tomada de decisões e a capacidade de encontrar respostas originais e
soluções inovadoras; d) honestidade estatal – remete ao manejo decente e transparente da
coisa pública. Existência de consciência geral que condena a desonestidade e valoriza a
honestidade da função pública. A falta de disponibilidade de esforço solidário pela quebra de
confiança em quem administra os recursos necessários à reconstrução (MELILLO; OJEDA et
al., 2005).
No entanto, existem fatores, de acordo com Melillo et al. (2005), que reduzem a
resiliência comunitária: malinchismo, fatalismo, autoritarismo, corrupção (principal inibidor
de resiliência comunitária).
Tavares (2001) desenvolveu a tese de que a resiliência não deve ser apenas um
atributo individual, mas pode estar presente nas instituições/organizações, gerando uma
sociedade mais resiliente. Para o autor, uma organização resiliente é uma organização
inteligente, reflexiva, onde todas as pessoas são inteligentes, livres, responsáveis,
competentes, e funcionam numa relação de confiança, empatia, solidariedade. “Trata-se de
organizações vivas, dialéticas e dinâmicas cujo funcionamento tende a imitar o do próprio
cérebro que é altamente democrático e resiliente (TAVARES, 2001)”.
60
5.2 Depressão
MÉTODO
RESULTADOS
estados, como Minas Gerais (MG), Santa Catarina (SC) e Rio de janeiro (RJ), os percentuais
se mantêm mais elevados quando comparados com os demais estados (Veja Gráfico 1).
8,00%
7,00%
6,00%
5,00%
Percentual
4,00%
2000
2001
3,00%
2002
2003
2,00% 2004
2005
1,00%
0,00%
SP PA¹ MG DF PR SC CE² GO³ RS PE4 RJ BA5 ES
Estados
Gráfico 1: Percentual de empregados afastados por Depressão, Transtornos de Ansiedade e Estresse em relação ao
total de empregados por Estado, entre os anos de 2000 a 2005.
Esses dados estão de acordo com as pesquisas de Briner (1996), que demonstram
as variações nos índices de absenteísmo entre os diversos países, devido à multicausalidade.
No entanto, quando observados os percentuais do total de empregados afastados em todos os
estados, os resultados se mantêm dentro de uma média de 4,33% (+ 4,63 – 4,17%), conforme
demonstrado no gráfico 2 (p. 69).
Analisando qualitativamente os dados da Tabela 2 (p.70), distribuída por região
geográfica (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul), observa-se que os percentuais das
regiões Sudeste e Nordeste apresentam médias mais altas, respectivamente (4,48% e 4,42%),
enquanto a região Norte apresenta a média mais baixa (2,50%).
69
4,70% 4,63%
4,60%
4,50%
4,40% 4,17%
Percentual
4,23%
4,30% 2005
4,21% 2000
4,20% 4,32% 2004
4,44% 2001
2003 2002
4,10%
2003
2002
4,00% Anos 2004
2001 2005
3,90%
2000
2000
Gráfico 2 - Percentual de empregados afastados por Depressão, Transtornos de Ansiedade e Estresse, em relação ao
total de empregados de todos os Estados, entre os anos de 2000 a 2005
A tabela 3 (p.71), dividida por região, por doença e por ano, foi separada em dois
períodos: Clima Organizacional A (de 2000 a 2002) e Clima Organizacional B (de 2003 a
2005), considerando o contexto psicossocial e os modelos de gestão em que a organização
pesquisada está inserida, descritos no capítulo 3. Presume-se que o período A seja marcado
por uma política dura, austera, de muita repressão e medo, insegurança, pressão por
cumprimento de metas, valorização de processos e o período B, por uma política participativa,
transparente, em que as pessoas são valorizadas e respeitadas, existindo liberdade para
expressar idéias e sentimentos.
A média desses percentuais de A e de B, quando submetidos ao Teste de Diferença
de Proporções para o total de afastamentos por Depressão, Transtornos de Ansiedade e
Estresse, utilizando-se nível de significância de 5% resultou um Z crítico de – 0,16, isto quer
dizer que não há diferença significativa em relação ao absenteísmo. Este resultado é relevante,
pois confirma as considerações de Melillo et al (2005), de que dependendo da identidade
cultural, pode-se desenvolver um nível de resiliência comunitária.
70
Tabela 2 - Percentual de empregados afastados por Depressão, Transtornos de Ansiedade e Estresse, em relação ao total de empregados por região,
entre os anos de 2000 a 2005.
Norte¹ 1074 2,70% 1205 2,57% 1314 1,82% 1329 2,40% 1768 2,60% 2067 2,95% 2,50%
Nordeste² 7827 4,51% 8253 5,20% 8736 4,25% 8777 4,34% 9607 4,61% 10765 3,63% 4,42%
C.Oeste³ 5821 3,36% 6417 4,16% 6920 3,78% 7091 4,45% 8279 5,31% 9546 5,12% 4,36%
Sudeste4 19427 4,77% 21524 4,43% 23463 4,40% 24725 4,43% 27656 4,00% 31239 4,90% 4,48%
Sul5 8613 3,87% 9244 3,63% 9683 4,39% 9822 3,75% 10668 3,60% 11570 4,72% 3,99%
TOTAL 42762 4,44% 46643 4,32% 50116 4,21% 51744 4,23% 57978 4,17% 65187 4,63%
Fonte: Sistema interno da Empresa pesquisada
1 Região Norte - Abrange os estados: AC, AM, AP, PA, RO, TO, RR
2 Região Nordeste - Abrange os estados: AL, BA, CE, MA, PB, PE, PI, RN e SE
3 Região Centro - Oeste: Abrange os estados: DF, GO, MS, MT
4 Região Sudeste - Abrange os estados: ES, MG, RJ, SP
5 Região Sul : Abrange os estados: PR, RS, SC
71
Tabela 3 - Percentual de empregados afastados em cada região, por Depressão, Transtornos de Ansiedade e Estresse,
entre os anos de 2000 a 2005.
A B
2000 2001 2002 Média 2003 2004 2005 Média
Depressão
Norte 1,58% 1,41% 1,06% 1,35% 1,20% 1,35% 1,54% 1,36%
Nordeste 2,32% 2,50% 2,13% 2,31% 1,88% 1,82% 1,71% 1,80%
C.Oeste 1,37% 2,13% 1,93% 1,81% 1,96% 2,56% 2,49% 2,33%
Sudeste 2,47% 2,30% 2,41% 2,39% 2,60% 2,23% 2,56% 2,46%
Sul 2,05% 1,81% 2,29% 2,05% 2,07% 2,00% 2,54% 2,20%
Transtornos
de Ansiedade
Norte 0,37% 0,83% 0,30% 0,50% 0,45% 0,67% 0,72% 0,61%
Nordeste 1,09% 1,46% 1,14% 1,23% 1,56% 1,18% 1,13% 1,29%
C.Oeste 0,94% 0,90% 0,98% 0,94% 1,07% 1,35% 1,27% 1,23%
Sudeste 1,08% 1,04% 1,05% 1,05% 1,00% 0,92% 1,05% 0,99%
Sul 0,74% 0,93% 0,78% 0,81% 0,62% 0,67% 1,01% 0,76%
Estresse
Norte 0,74% 0,33% 0,53% 0,53% 0,75% 0,56% 0,67% 0,66%
Nordeste 1,08% 1,22% 0,98% 1,09% 0,90% 1,60% 0,78% 1,09%
C.Oeste 1,35% 1,12% 0,86% 1,11% 1,42% 1,40% 1,35% 1,39%
Sudeste 1,44% 1,07% 0,91% 1,14% 0,82% 0,83% 1,28% 0,97%
Sul 1,08% 0,88% 1,31% 1,09% 1,05% 0,91% 1,16% 1,04%
TOTAL 4,44% 4,32% 4,21% 4,32% 4,23% 4,17% 4,63% 4,34%
N* 42762 46643 50116 46507 51744 57978 65187 58303
Fonte: Sistema interno da empresa pesquisada
Transtornos A Ano B
Mentais 2000 2001 2002 Média 2003 2004 2005 Média
Transtornos
de 0,98% 1,07% 0,98% 1,01% 1,02% 0,97% 1,08% 1,02%
Ansiedade
6,00%
5,00%
4,00% Norte¹
Nordeste²
C.Oeste³
Percentual
Sudeste4
3,00% Sul 5
2,00%
1,00%
0,00%
2000 2001 2002 2003 2004 2005
Ano
Gráfico 3 - Percentual de empregados afastados por Depressão, Transtornos de Ansiedade e Estresse, em relação ao
total de empregados por Região, entre os anos de 2000 a 2005.
pesquisada. Após análise dos dados dessas entrevistas, pode-se tecer algumas conclusões: os
sete empregados participantes das entrevistas consideraram o período A autoritário. As
seguintes falas de alguns entrevistados podem ilustrar essa afirmativa: “A gestão era
autoritária e com cadeia de comando verticalizada, sem interlocução com o empregado e suas
representações”; “Valorizava muito os processos e não valorizava as pessoas”; “A hierarquia
era determinante. Não se questionavam as relações pessoais”.
Dos sete participantes, dois consideraram a gestão de pessoas no período A menos
centralizador; quatro a perceberam como uma gestão voltada para o negócio, focada em
resultados e produtividade a qualquer preço; três empregados acharam que no período A havia
mais diretriz, foco e tempestividade.
Com relação ao período B, seis participantes o consideraram democrático,
participativo, e expressaram sua opinião sobre a gestão de pessoas: “A gestão atual ampliou a
participação dos diversos setores da empresa no processo decisório, ampliando e
consolidando a interlocução com as representações dos empregados, com a diretriz das
relações pautadas pelo código de ética”. “Vejo a atual gestão democrática e participativa”. E
um participante considera a gestão com discurso democrático, mas ações com características
de autocráticas.
Dos sete participantes, todos consideram a atual gestão preocupada com as
pessoas, buscando valorizá-las e investindo em seu desenvolvimento e mais adequada.
Os resultados das respostas das seis questões levantadas para verificar a percepção
dos sete empregados com relação aos estilos de gestão de pessoas, nos dois períodos, A (de
2000 a 2002) e B (de 2003 a 2005), podem ser demonstrados da seguinte forma:
empregados;
gestão B - percebida como transparente com participação dos empregados dos diversos
setores da Organização no processo decisório. Há respeito pelo ser humano, investimento na
melhoria da qualidade de vida dos empregados, visão estratégica de longo prazo, investimento
e incentivo na qualificação profissional dos empregados e à cultura. Ampliação e
consolidação da interlocução com as representações dos empregados (Sindicatos,
Associações, etc.) e diretriz das relações pautadas pelo Código de Ética. Centralizadora,
pouca qualificação e sem diretrizes claras. Gestão preocupada com resultados, com
cumprimento de metas, com a imagem institucional, mas comprometida com a qualidade de
vida dos empregados. Discurso de gestão democrática e ações concretas com características
de gestão autocrática. Existência de feudos. As mudanças práticas levam tempo para serem
percebidas. O processo decisório e os resultados práticos são lentos, no entanto, os gestores
estão mais próximos dos empregados. A gestão é baseada na visão corporativa em que toda a
equipe trabalha para buscar os mesmos resultados.
2) pontos positivos:
gestão A - melhoria do espaço físico dos pontos de vendas, profissionalização e avaliação dos
gestores. As equipes eram qualificadas, as diretrizes bem traçadas, as decisões eram tomadas
de forma rápida e a Organização se tornou mais competitiva no mercado, principalmente com
a implantação da cultura de metas e resultados. Houve descentralização do poder e
disseminação da cultura de mensuração e controle de resultados. Implantação de seleção
interna com transparência nos processos.
gestão B - transparência, respeito e participação dos empregados nos processos. Contribuiu
com a melhoria da qualidade de vida dos empregados. Fez grande investimento na
qualificação profissional e no desenvolvimento gerencial. Demonstra cuidado e foco na
gestão de pessoas. Promove resultado sustentável a médio e longo prazo com construção do
Planejamento Estratégico de forma participativa. Maior liberdade para os empregados
apresentarem o seu potencial. A alteração na nova forma de avaliação das Unidades reduziu a
competição maléfica entre elas, melhorando o relacionamento interpessoal entre os
empregados.
Foi positiva a criação de canais onde os empregados têm a liberdade de expor suas idéias e
reclamações.
77
3) pontos negativos:
gestão A - terceirização de áreas estratégicas da Organização, criação de normativos para
demissão sem justa causa, provocando injustiças. Falta de liberdade e sentimento de
insegurança. Incentivo à demissão voluntária que instigou a saída de muitos empregados
qualificados. Gestão pelo medo, autoritária, impositiva que buscava resultado a qualquer
custo, causando afastamentos dos empregados por problemas de saúde.
gestão B - politização das ações dos empregados, falta de sistemas corporativos que
funcionem a contento, prejudicando a produtividade, o atendimento ao cliente e causando
sobrecarga, estresse e ansiedade. Falta transparência na ocupação de cargos comissionados. A
constante busca por resultados tem provocado desgaste nos empregados favorecendo um
sentimento de incapacidade e baixa auto-estima. Visão de resultado em curto prazo. Déficit de
pessoal causando sobrecarga e provocando um elevado grau de estresse. O não-avanço das
negociações coletivas provoca um sentimento de desvalorização do trabalho e do corpo
funcional.
Quadro: 2 – Quadro comparativo dos estilos de gestão das duas épocas, considerando os
resultados das pesquisas de clima organizacional, das entrevistas realizadas e do índice de
absenteísmo por Transtornos de Ansiedade, Estresse e Depressão.
Média do percentual de
absenteísmo por
Transtornos de Ansiedade, 4,32% 4,34%
Estresse e Depressão de
todas as regiões
Fonte: Resultados de pesquisas de clima organizacional e entrevistas realizadas na Organização pesquisada, e
sistema interno.
79
DISCUSSÃO
Pelos resultados das pesquisas de 2000 a 2005, verifica-se que existem fatores
críticos que podem levar ao adoecimento como a sobrecarga, que se encontra presente em
todas as pesquisas realizadas no Banco pesquisado e está relacionada com a Organização do
Trabalho. Esses resultados guardam relação com a literatura pesquisada sobre o trabalho
bancário. Segundo Codo et al. (2003), sobrecarga é o sentimento de que o trabalho exige mais
do que o trabalhador pode dispor. No entanto, não se pode inferir que a causa do sofrimento é
só advinda do trabalho em função da sua multicausalidade.
Para Dejours et al. (2004), essa falta de evidência de adoecimento a partir do
trabalho é o ponto de partida para a inversão de suas pesquisas, que passa a ser como o
trabalhador continua “são”e não mais o que o adoece, apesar de todas as adversidades. O
autor afirma a necessidade de buscar a compreensão das estratégias às quais o trabalhador
recorre para manter-se saudável, apesar da forma como o trabalho se encontra organizado ou
quando submetido a uma organização potencialmente patogênica.
De acordo com Dejours, o desafio é definir ações que possam modificar o destino
do sofrimento e favorecer sua transformação em criatividade, beneficiando a identidade.
Assim, as estratégias defensivas, individuais e coletivas podem proteger o trabalhador do
sofrimento, mas ao mesmo tempo aliená-lo, afastando-o da organização do trabalho. É
necessário que o trabalhador compreenda como o sofrimento foi produzido e que busque
coletivamente modificar o que o causou. Essa percepção de Dejours guarda relação com os
resultados das pesquisas realizadas na Organização pesquisada, já citadas, na qual o Suporte
Social é visto como uma estratégia para proteger o trabalhador do sofrimento psíquico,
também evidenciado por Tamayo et al. (2004).
Em 2003, um relatório de Saúde Mental e Trabalho dos Bancários (Bancos
Públicos, incluindo o Banco pesquisado neste estudo), apresentado pelo Sindicato dos
Bancários de Brasília em parceria com o Laboratório de Psicologia do Trabalho da
Universidade de Brasília – LPT/UNB - elaborado por W. Codo, F. Ramos e I.V.Menezes,
revelou pontos críticos em relação ao trabalho bancário. Esses pontos críticos estão
relacionados com a falta de significado do trabalho, tornando-o vazio: sobrecarga causada
pela falta de controle sobre o trabalho, falta de sentido no trabalho, que leva ao alto consumo
de álcool entre os bancários, não-percepção da importância social do trabalho, percepção do
trabalho como algo que não tem sentido e nem signficado, depressão narcísica (perda da
80
identidade), a que Codo chama de “síndrome do trabalho vazio”. O ponto favorável foi a
percepção dos bancários com relação à importância do suporte social.
É importante analisar por que indivíduos expostos às mesmas condições de
trabalho adoecem ou não. Para Dejours et al. (2004), a psicopatologia/ sofrimento psíquico
ocorre na esfera individual, enquanto as questões do trabalho ocorrem na esfera coletiva. Os
problemas ocorrem na relação indivíduo-trabalho ou entre indivíduos-trabalho.
No caso da Organização pesquisada, diante do seu contexto histórico, percebe-se
que existe uma identificação dos empregados com a Empresa, um senso de corporativismo,
orgulho de pertencerem a esta.
Mediante essa análise, há uma maior probabilidade de que esses empregados não
adoeçam, que tenham um nível de resiliência maior, ou seja, utilizem mais e melhores
estratégias de enfrentamento (coping) diante do sofrimento.
Yunes (2001) apresenta a Psicologia positiva como movimento de investigação de
aspectos saudáveis dos seres humanos (felicidade, otimismo, esperança, alegria, satisfação e
outros) em oposição à psicologia tradicional, que enfatiza os aspectos psicopatológicos.
Dentre os fenômenos indicativos de vida saudável, destaca-se a resiliência, por referir-se a
processos que explicam a superação de adversidades focando o indivíduo. A Psicologia
positiva almeja romper com o viés “negativo” e reducionista de algumas tradições
epistemológicas que têm adotado o ceticismo diante de expressões salutogênicas de
indivíduos, grupos ou comunidades.
Eriksson, M. e Lindstrom, B. (2005) comentam sobre a perspectiva salutogênica
de Aaron Antonovsky, que focaliza três aspectos: a) o foco é no problema de resolver,
encontrar soluções; b) a perspectiva salutogênica identifica recursos de resiliência
generalizada, que ajudam pessoas a se moverem na direção da saúde positiva; c) identifica um
senso global e penetrante em indivíduos, grupos, populações ou sistemas, que servem como
um mecanismo geral de capacidade para este processo, o senso de coerência (SOC -sense of
coherence).
Codo (2003) refere-se ao trabalho bancário como “vazio”, sem significado,
rotineiro, repetitivo, em que o trabalhador não compreende a importância social e nem se
identifica com ele.
No entanto, analisando o trabalho do bancário sob uma visão sistêmica, o dia-a-
dia, podemos lançar algumas questões: será que é um trabalho tão vazio assim? É incapaz de
trazer algo de positivo para o bancário? O bancário se sente realmente fora do seu contexto de
trabalho? O bancário não constrói sua identidade como bancário?
81
para ele e para os clientes, se a relação com o cliente, mesmo sendo rápida, traz consigo um
sentido de relevância e de cumprimento de propósito, ele vai se identificar com o seu trabalho.
Afinal, o prazer e a satisfação no trabalho, dentro de uma visão salutogênica, são variáveis
potencialmente importantes de resiliência, que podem ajudar a explicar por que o bancário
não se sucumbe a uma política de gestão de pessoas repressiva. Acredita-se que os seres
humanos podem mudar de vida mudando suas atitudes. Os bancários podem se sentir parte na
construção de si mesmos e do mundo, dando significado ao seu trabalho e cumprindo o seu
propósito.
83
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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organizações e trabalho no Brasil. Porto Alegre: Artmed, 2004.
APÊNDICE A – Lista dos códigos utilizados nesta pesquisa, conforme o CID-10, para os
Transtornos Depressivos.
APÊNDICE B – Lista dos códigos utilizados nesta pesquisa, conforme o CID-10, para os
Transtornos de Ansiedade.
APÊNDICE C – Lista dos códigos utilizados nesta pesquisa, conforme o CID-10, para o
Estresse.
Percentual
Total de Total de de
Estados Empregados por Empregados Empregados
Estado Afastados Afastados
por Estado
SP 9022 213 2,36%
PA¹ 736 16 2,17%
MG 5496 138 2,51%
DF 3557 43 1,21%
PR 3280 59 1,80%
SC 2037 66 3,24%
CE² 2368 71 3,00%
GO³ 2602 38 1,46%
RS 3296 52 1,58%
PE4 3240 53 1,64%
RJ 3467 88 2,54%
BA5 2219 58 2,61%
ES 1442 42 2,91%
TOTAL 42.762 937 2,19%
Fonte: Sistema Interno da Empresa Pesquisada
Percentual de
Total de Percentual de
Empregados Total de
Empregados Empregados
Total de Afastados por Empregados
Afastados por Afastados por
Estados Empregados Estado por Afastados
Transtorno de Estado
por Estado Transtorno de Estresse
Ansiedade Estresse
Ansiedade (F-43)
(F-40 ao F-42) (F-43)
(F-40 ao F-42)
Percentual
Total de
Total de de
Empregados
Estados Empregados por Empregados
Afastados por
Estado Afastados
Depressão
por Estado
SP 10078 178 1,77%
PA¹ 842 13 1,54%
MG 5811 165 2,84%
DF 3991 59 1,48%
PR 3483 55 1,58%
SC 2173 56 2,58%
CE² 2467 61 2,47%
GO³ 2789 82 2,94%
RS 3588 57 1,59%
PE4 3447 78 2,26%
RJ 4119 126 3,06%
BA5 2339 68 2,91%
ES 1507 28 1,86%
Percentual de
Total de Percentual de
Empregados Total de
Empregados Empregados
Total de Afastados por Empregados
Afastados por Afastados por
Estados Empregados Estado por Afastados
Transtorno de Estado
por Estado Transtorno de Estresse
Ansiedade Estresse
Ansiedade (F-43)
(F-40 ao F-42) (F-43)
(F-40 ao F-42)
Total de Percentual
Total de Empregados de
Estados Empregados por Afastados Empregados
Estado por Afastados
Depressão por Estado
SP 11240 235 2,09%
PA¹ 927 13 1,40%
MG 6113 173 2,83%
DF 4335 66 1,52%
PR 3599 73 2,03%
SC 2287 88 3,85%
CE² 2600 59 2,27%
GO³ 2972 69 2,32%
RS 3797 61 1,61%
PE4 3693 89 2,41%
RJ 4551 131 2,88%
BA5 2443 38 1,56%
ES 1559 28 1,80%
Percentual de
Total de Percentual de
Empregados Total de
Empregados Empregados
Total de Afastados por Empregados
Afastados por Afastados por
Estados Empregados Estado, por Afastados
Transtornos de Estado, por
por Estado Transtornos por Estresse
Ansiedade Estresse
de Ansiedade (F-43)
(F-40 ao F-42) (F-43)
(F-40 ao F-42)
SP 11240 82 0,73% 61 0,54%
PA¹ 927 3 0,32% 7 0,76%
MG 6113 89 1,46% 66 1,08%
DF 4335 46 1,06% 46 1,06%
PR 3599 11 0,31% 16 0,44%
SC 2287 21 0,92% 40 1,75%
CE² 2600 18 0,69% 23 0,88%
GO³ 2972 23 0,77% 14 0,47%
RS 3797 44 1,16% 71 1,87%
PE4 3693 48 1,30% 39 1,06%
RJ 4551 58 1,27% 67 1,47%
BA5 2443 34 1,39% 24 0,98%
ES 1559 19 1,22% 21 1,35%
TOTAL 50.116 496 0,99% 495 0,99%
Fonte: Sistema Interno da Empresa Pesquisada
Total de Percentual
Total de Empregados de
Estados Empregados por Afastados Empregados
Estado por Afastados
Depressão por Estado
SP 12188 256 2,10%
PA¹ 940 13 1,38%
MG 6172 222 3,60%
DF 4487 79 1,76%
PR 3690 78 2,11%
SC 2302 61 2,65%
CE² 2631 56 2,13%
GO³ 2993 63 2,10%
RS 3830 65 1,70%
PE4 3700 67 1,81%
RJ 4778 141 2,95%
BA5 2446 42 1,72%
ES 1587 25 1,58%
Percentual de
Total de Percentual de
Empregados Total de
Empregados Empregados
Total de Afastados por Empregados
Afastados por Afastados por
Estados Empregados Estado, por Afastados por
Transtornos Estado, por
por Estado Transtornos de Estresse
de Ansiedade Estresse
Ansiedade (F-43)
(F-40 ao F-42) (F-43)
(F-40 ao F-42)
Total de Percentual
Total de Empregados de
Estados Empregados por Afastados Empregados
Estado por Afastados
Depressão por Estado
SP 13786 267 1,94%
PA¹ 1325 18 1,36%
MG 6580 186 2,83%
DF 5247 146 2,78%
PR 4005 66 1,65%
SC 2463 80 3,25%
CE² 2831 65 2,30%
GO³ 3475 72 2,07%
RS 4200 68 1,62%
PE4 4044 62 1,53%
RJ 5863 142 2,42%
BA5 2732 48 1,76%
ES 1427 23 1,61%
Percentual
Total de
de
Empregados
Empregados Percentual de
Afastados Total de
Afastados Empregados
Total de por Empregados
por Afastados por
Estados Empregados Transtorno Afastados
Transtorno Estado, por
por Estado de por Estresse
de Estresse
Ansiedade (F-43)
Ansiedade (F-43)
(F-40 ao F-
(F-40 ao F-
42)
42)
SP 13786 97 0,70% 89 0,65%
PA¹ 1325 9 0,68% 9 0,68%
MG 6580 89 1,35% 79 1,20%
DF 5247 76 1,45% 89 1,70%
PR 4005 19 0,47% 16 0,40%
SC 2463 23 0,93% 24 0,97%
CE² 2831 38 1,34% 36 1,27%
GO³ 3475 39 1,12% 28 0,81%
RS 4200 30 0,71% 58 1,38%
PE4 4044 43 1,06% 42 1,04%
RJ 5863 42 0,72% 41 0,70%
BA5 2732 33 1,21% 76 2,78%
ES 1427 28 1,96% 23 1,61%
TOTAL 57.978 566 0,98% 610 1,05%
Fonte: Sistema Interno da Empresa Pesquisada
Percentual
Total de Total de de
Estados Empregados Empregados Empregados
por Estado Afastados Afastados
por Estado
SP 15965 349 2,19%
PA¹ 1558 27 1,73%
MG 7213 235 3,26%
DF 6141 151 2,46%
PR 4303 96 2,23%
SC 2685 110 4,10%
CE² 3042 82 2,70%
GO³ 3914 92 2,35%
RS 4582 88 1,92%
PE4 4623 60 1,30%
RJ 6155 188 3,05%
BA5 3100 43 1,39%
ES 1906 30 1,57%
TOTAL 65.187 1.551 2,38%
Fonte: Sistema Interno da Empresa Pesquisada
1800
1600
1400
1200
Quant. Empregados
1000
800
600
400
200
0
Ano 2000 2001 2002 2003 2004 2005
2,50%
2,00%
Percentual de Empregados
1,50%
1,00%
0,50%
0,00%
Ano 2000 2001 2002 2003 2004 2005
3. Para você, qual a diferença mais marcante entre os dois estilos de gestão de pessoas, a
atual e a anterior.
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6. Na sua percepção, fazendo uma análise dos dois contextos (momentos), qual o estilo de
gestão de pessoas você considera mais adequado? O anterior ou o atual?
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