Acaros Do Cafe

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Ácaros em cafeeiro

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Governo do Estado de Minas Gerais
Aécio Neves
Governador

Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento


Gilman Viana Rodrigues
Secretário

EPAMIG - Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais

Conselho de Administração
Gilman Viana Rodrigues
Baldonedo Arthur Napoleão
Silvio Crestana
Maria Lélia Rodriguez Simão
Osmar Aleixo Rodrigues Filho
Décio Bruxel
Sandra Gesteira Coelho
Adauto Ferreira Barcelos
Willian Brandt
Joanito Campos Júnior
Helton Mattana Saturnino

Conselho Fiscal
Carmo Robilota Zeitune
Heli de Oliveira Penido
José Clementino dos Santos
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Márcia Dias da Cruz
Celso Costa Moreira

Presidência
Baldonedo Arthur Napoleão

Diretoria de Operações Técnicas


Enilson Abrahão

Diretoria de Administração e Finanças


Luiz Carlos Gomes Guerra

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EMPRESA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA DE MINAS GERAIS

Boletim Técnico no 81
ISSN 0101-062X

Ácaros em cafeeiro

Paulo Rebelles Reis1


Mauricio Sergio Zacarias2

Belo Horizonte
2007

1
Engo Agro, D.Sc., Pesq. EPAMIG - CTSM - Eco Centro, Caixa Postal 176, CEP 37200-000
Lavras-MG. Correio eletrônico: [email protected]
2
Engo Agro, D.Sc., Pesq. Embrapa Café/EPAMIG - CTSM - Eco Centro, Caixa Postal 176,
CEP 37200-000 Lavras-MG. Correio eletrônico: [email protected]

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1983 EPAMIG
ISSN 0101-062X
Boletim Técnico, n.81
A reprodução deste Boletim Técnico, total ou parcial, poderá ser feita, desde que citada a
fonte.
Os nomes comerciais apresentados neste Boletim Técnico são citados apenas para conveniência
do leitor, não havendo preferência por parte da EPAMIG por este ou aquele produto comercial.
A citação dos termos técnicos seguiu a nomenclatura proposta pelo autor.

PRODUÇÃO
Departamento de Transferência e Difusão de Tecnologia: Cristina Barbosa Assis
Editor: Vânia Lúcia Alves Lacerda
Diagramação: Emfocos Artes Visuais
Capa: Letícia Martinez
Foto da capa: Paulo Rebelles Reis
Fêmeas adultas e ovo do ácaro-vermelho do cafeeiro, Oligonyehus ilicis (aumento aproximado de 80x).

Av. José Cândido da Silveira, 1.647, Cidade Nova, Caixa Postal 515
CEP 31170-000, Belo Horizonte-MG - site: www.epamig.br
Departamento de Transferência e Difusão de Tecnologia (DPTD) - Telefax: (31) 3489-5072
e-mail: [email protected]
Setor Comercial de Publicação - Telefax: (31) 3489-5002, e-mail: [email protected]

Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais


Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Sistema Estadual de Pesquisa Agropecuária:
EPAMIG, UFLA, UFMG, UFV

Reis, P.R.
Ácaros em cafeeiro/Paulo Rebelles Reis, Mauricio Sergio Zacarias. -
Belo Horizonte: EPAMIG, 2007.
76p. – (EPAMIG. Boletim Técnico, 81 ).

ISSN 0101-062X

1. Ácaro. 2. Cafeeiro. I. Zacarias, M.S. II. Título. III. Série.

CDD 595.42

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO .................................................................................................. 7

INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 9

ÁCARO-VERMELHO Oligonychus ilicis (McGregor, 1917)

(ACARI: TETRANYCHIDAE) ................................................................................. 10

Descrição e aspectos biológicos ..................................................................... 11

Desenvolvimento pós-embrionário ................................................................ 13

Manejo do ácaro-vermelho ........................................................................... 19

Efeito de produtos fitossanitários no aumento da população

de ácaro-vermelho ........................................................................................ 22

ÁCARO DA MANCHA-ANULAR Brevipalpus phoenicis (Geijskes, 1939)

(ACARI: TENUIPALPIDAE) .................................................................................... 24

Etiologia e sintomas da mancha-anular do cafeeiro ..................................... 28

Descrição e aspectos biológicos ..................................................................... 31

Distribuição espacial do ácaro da mancha-anular em cafeeiro ..................... 36

Dano .............................................................................................................. 39

Controle do ácaro da mancha-anular ........................................................... 44

Controle biológico ......................................................................................... 44

Manejo do ácaro da mancha-anular ............................................................. 46

ÁCARO-BRANCO Polyphagotarsonemus latus (Banks, 1904)

(ACARI: TARSONEMIDAE) ................................................................................... 48

Descrição e aspectos biológicos ..................................................................... 48

Dano .............................................................................................................. 51

Controle ......................................................................................................... 52

ÁCAROS EM DOMÁCIAS FOLIARES DE CAFEEIROS .......................................... 53

REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 68

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APRESENTAÇÃO

Embora relatados em cafeeiros no Brasil desde os anos 50, os ácaros


somente alcançaram destaque na cultura nos anos 90. As principais razões
para passarem despercebidos encontram-se no reduzido tamanho dos ácaros
e no desconhecimento de sua importância como pragas ou vetores de doenças
ou, ainda, por serem indiretamente controlados quando ocorria o controle de
outras pragas mais conhecidas dos cafeicultores.
Após o desenvolvimento de inúmeras pesquisas com ácaros, desde o
conhecimento de aspectos biológicos, estudos sobre controle biológico, sele-
tividade, controle com produtos de efeito ovicida e culminando com o controle
em condições de campo, com vistas ao manejo ecológico dos ácaros, os pes-
quisadores da EPAMIG-CTSM/EcoCentro publicam este Boletim Técnico,
que apresenta estudos e resultados de pesquisas sobre os ácaros em cafeei-
ros.
A finalidade desta publicação é facilitar a divulgação da importância dos
ácaros em cafeeiro sumariada em um único trabalho, agilizando a consulta
sobre a maioria dos aspectos já conhecidos sobre esses artrópodes, tanto os de
importância econômica como os benéficos.

Baldonedo Arthur Napoleão


Presidente da EPAMIG

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Ácaros em cafeeiros 9

INTRODUÇÃO

Os ácaros compreendem um vasto agregado de espécies que


proliferaram extensivamente nos habitats terrestres, marinhos e de água doce.
Embora nenhum tenha desenvolvido a capacidade de vôo, eles se rivalizam
com os insetos na diversidade de espécies e adaptações. Ácaros ocorrem no
solo, na água (doce, salobra e salgada em grande variação de profundidade),
na vegetação, nos ninhos e tocas de vertebrados, nos corpos e até nos órgãos
internos de vários invertebrados e vertebrados. Muitos são de vida livre
tendo regime herbívoro, fungívoros e predadores; outros são parasitos,
incluindo ecto e endoparasitos.
Os ácaros em geral apresentam o corpo indiviso podendo ter formatos
oval, cilíndrico, vermiforme, alongado, enfim podem apresentar vários
formatos. Apresentam quatro pares de pernas quando adultos, no que diferem
dos insetos que apresentam três pares. Na fase de larva, sempre apresentam
três pares de pernas. Uma exceção são os ácaros da superfamília Eriophyoidea
que em todas as fases pós-embrionárias apresentam apenas dois pares de
pernas.
O corpo do ácaro, sem as peças bucais, é chamado de idiossoma.
O conjunto de peças bucais do ácaro é chamado de gnatossoma, e não pode
ser considerado como cabeça, pois ácaro não tem cabeça. O gnatossoma
compreende os palpos e as quelíceras.
Em cafeeiros, geralmente podem ocorrer três espécies de ácaros fitófagos
que são considerados de importância econômica ou ácaros-praga. Eles po-
dem, em determinadas condições, causar danos diretos ou indiretos através
da transmissão de doenças, especialmente viroses. Essas espécies são: o
ácaro-vermelho Oligonychus ilicis (McGregor, 1917) (Acari: Tetranychidae),
o ácaro da mancha-anular Brevipalpus phoenicis (Geijskes, 1939) (Acari:
Tenuipalpidae) e o ácaro-branco Polyphagotarsonemus latus (Banks, 1904)
(Acari: Tarsonemidae).

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10 Ácaros em cafeeiros

ÁCARO-VERMELHO Oligonychus ilicis (McGregor, 1917)


(ACARI: TETRANYCHIDAE)

O ácaro Oligonychus ilicis foi descrito pela primeira vez na Carolina


do Sul, EUA, atacando azevim ou azevinho americano (Ilex opaca, Ait.) em
1917. Posteriormente foi encontrado atacando plátano. É considerado praga
de coníferas, azaléia, camélia e nogueira nos EUA; chá, arroz, loureiro e
azevinho no Japão; cafeeiro no Brasil, e diversas outras culturas (JEPPSON
et al., 1975). Sua origem é provavelmente a região extremo leste dos EUA
(PRITCHARD; BAKER, 1955).
No Brasil, a primeira referência ao O. ilicis atacando cafeeiro (Coffea
arabica L.) foi no estado de São Paulo em 1950, na época sendo referido co-
mo Paratetranychus ununguis Jacob, 1905, juntamente com Brevipalpus
phoenicis (Geijskes, 1939) (Acari: Tenuipalpidae) (AMARAL, 1951; A INFES-
TAÇÃO..., 1951).
Já foi referido como a segunda praga em importância para o cafeeiro
‘Conillon’, Coffea canephora Pierre & Froehner, no estado do Espírito Santo
(INSTITUTO BRASILEIRO DO CAFÉ, 1985). O cafeeiro ‘Conillon’ tem-se
mostrado mais sensível ao ácaro do que o Arábica (C. arabica), à semelhança
de sua maior suscetibilidade também para a broca-do-café, Hypothenemus
hampei (Ferrari, 1867) (Coleoptera: Scolytidae).
Essa espécie é conhecida no Brasil como ácaro-vermelho do cafeeiro.
Vive na face superior das folhas que, quando atacadas, apresentam-se reco-
bertas por uma delicada teia, tecida pelos próprios ácaros, onde aderem
detritos e poeira, dando às folhas um aspecto de sujeira (Fig. 1). Podem ser
observados facilmente com o auxílio de uma lente com aumento de 10 vezes.
Para se alimentar, na página superior das folhas, perfuram as células
e absorvem parte do conteúdo celular. Em conseqüência, as folhas perdem o
brilho natural, tornam-se bronzeadas, dando um péssimo aspecto às plantas.
O ataque ocorre geralmente em reboleiras e se as condições forem favoráveis
ao ácaro, e o controle não for feito no início da infestação, poderá atingir
toda a lavoura.

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Ácaros em cafeeiros 11

Paulo Rebelles Reis


Figura 1 - Folhas de cafeeiro apresentando detritos grudados nas teias produzi-
das pelo ácaro-vermelho Oligonychus ilicis (esquerda) e bronzeamento
típico de seu ataque (direita)

Períodos de seca, com estiagem prolongada, são condições propícias


ao desenvolvimento do ácaro, podendo causar desfolha das plantas, sendo
que em lavouras novas, ainda em formação, as plantas terão seu desenvol-
vimento retardado (REIS; SOUZA, 1986).
Calza e Sauer (1952) publicaram os primeiros dados biológicos do
ácaro em folhas de cafeeiro no Brasil.

Descrição e aspectos biológicos

Ovo
De formato arredondado, quando visto por cima, um pouco acha-
tado dorso ventralmente, coloração vermelho-escura a rósea, brilhante, com
um filamento saindo da parte superior e quase invisível a olho nu. A fêmea
o coloca próximo às nervuras, na superfície superior da folha. Mede em mé-
dia 0,13 mm de diâmetro por 0,10 mm de altura (CALZA; SAUER, 1952)
(Fig. 2).

Tempo de incubação
O período de incubação encontrado é de aproximadamente 5,5 dias,
em média, para machos e fêmeas (Quadro 1). Segundo Calza e Sauer (1952)

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12 Ácaros em cafeeiros

Paulo Rebelles Reis


Figura 2 - Ovos do ácaro-vermelho Oligonychus ilicis exibindo filamento na parte
superior

QUADRO 1 - Duração, em dias, dos estágios embrionário e pós-embriónario de Oligonychus


ilicis em folha de cafeeiro, a 25 ± 2°C, 70 ± 10% de UR e 14 horas de fotofase

Estágio Número Número Número


Ambos
de de de de
Fêmea Macho os
desenvolvi- observa- observa- observa-
sexos
mento ções ções ções

Ovo – – – – 5,5 ± 0,02 184


(1)
Larva 1,5 ± 0,03 191 1,6 ± 0,07 14 1,6 ± 0,05 205
Protocrisálida 0,7 ± 0,02 191 0,8 ± 0,06 14 0,8 ± 0,04 205
Protoninfa 1,2 ± 0,02 180 1,2 ± 0,19 14 1,2 ± 0,11 194
Deutocrisálida 0,6 ± 0,02 179 0,7 ± 0,06 14 0,7 ± 0,04 193
Deutoninfa 1,3 ± 0,02 170 1,1 ± 0,06 14 1,2 ± 0,04 184
Teleiocrisálida 0,8 ± 0,02 169 0,9 ± 0,02 14 0,9 ± 0,02 183
Ovo-adulto 11,6 ± 0,15 – 11,8 ± 0,48 – – –
FONTE: Reis et al. (1997).
(1) Média ± erro padrão da média.

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Ácaros em cafeeiros 13

a eclosão dá-se entre 6 e 10 dias, dependendo da temperatura, sendo mais


rápida em temperaturas mais altas. Já Heinrich (1972) relatou um período
médio de incubação de 6,9 dias e Oliveira (1984) de 5,2 dias. Este último
autor citado também não constatou diferença no tempo de incubação de
ovos provenientes de fêmeas acasaladas e não acasaladas.

Desenvolvimento pós-embrionário

Larva
A larva recém-eclodida apresenta coloração rósea, é piriforme,
hexápode (três pares de pernas) e locomove-se com dificuldade. A fase de
larva tem duração de 1,6 dias em média (Quadro 1).

Ninfa
Nos estágios que sucedem ao de larva, até atingir a fase adulta, o ácaro
recebe a denominação de ninfa. No estágio de ninfa, o ácaro apresenta quatro
pares de pernas (octópode). Para passar de larva a protoninfa o ácaro entra
em estado de quiescência chamado de protocrisálida, que tem a duração
média de 0,8 dias. Como protoninfa, o ácaro vive cerca de 1,2 dias. Antes de
transformar-se em deutoninfa, passa por outro estágio quiescente, agora
denominado de deutocrisálida, com a duração de 0,7 dias. O estágio de
deutoninfa dura 1,2 dias, a mesma duração da protoninfa, ao final do qual
passa novamente por um estágio de quiescência chamado de teleiocrisálida,
com a duração de 0,9 dias em média. Todos os estágios entre ovo e adulto
apresentam durações semelhantes para machos e fêmeas (Quadro 1).
O ciclo de ovo a adulto para fêmeas é de 11,6 dias e para machos
de 11,8 dias, praticamente não havendo diferença entre eles (Quadro 1).
A 23,4°C, Calza e Sauer (1952) relataram um ciclo de 11 a 17 dias, com uma
média de 14 dias, e Heinrich (1972) encontrou um ciclo de ovo-adulto entre
10 e 34 dias, com uma média de 16,3 dias, a 24,2°C de temperatura mé-
dia.

Boletim Técnico, n.81, 2007

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14 Ácaros em cafeeiros

Adulto
Apresenta quatro pares de pernas (octópode) como a ninfa. Os sexos
são distintos na fase adulta, e já se consegue diferenciá-los no final do estágio
de teleiocrisálida, onde seu desenvolvimento se completa.
O macho é mais ativo que a fêmea, anda rapidamente pela folha, pouco
se alimentando. Sua diferenciação com a fêmea é notada na forma e no ta-
manho do corpo. O macho é menor que a fêmea, com um idiossoma menos
volumoso, afilando acentuadamente para a parte posterior, dando-lhe um
aspecto cuneiforme e apresenta pernas mais longas. A fêmea é de formato
quase oval, idiossoma volumoso e coloração vermelha no terço anterior e
pardo-escura nos dois terços posteriores onde podem ocorrer duas manchas
escuras sendo, porém, bastante semelhante ao macho.
A fêmea mede 0,37 mm de comprimento por 0,24 mm de largura
(CALZA; SAUER, 1952) (Fig. 3).
Como o ciclo de ovo a adulto tem duração semelhante para machos e
fêmeas, o ciclo total apresenta duração variável somente em função da
longevidade do adulto. Verificou-se que as fêmeas apresentam maior
longevidade que os machos. As fêmeas acasaladas apresentam menor
longevidade que as não acasaladas, sendo que o inverso é verificado para

Paulo Rebelles Reis

Figura 3 - Fêmeas adultas e ovo (esquerda); machos sob teia em atitude de


espera, fêmea quiescente e ovos de Oligonychus ilicis (direita)

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Ácaros em cafeeiros 15

machos (Quadro 2). Calza e Sauer (1952), embora não devidamente de-
terminado, relataram uma longevidade de 15 dias para as fêmeas, próximo
da longevidade encontrada por Reis et al. (1997) que foi de 12 dias.

QUADRO 2 - Longevidade, em dias, de fêmeas e machos de Oligonychus ilicis em folha de


cafeeiro, a 25 ± 2°C, 70 ± 10% de UR e 14 horas de fotofase

Fêmea Macho
Características
Não Não
Acasalada Acasalado
acasalada acasalado

Número de observações 91 47 32 49
(1)
Longevidade 16,1 ± 0,68 12,1 ± 0,39 6,5 ± 0,23 11,2 ± 0,79

Ciclo total 27,7 ± 0,83 23,7 ± 0,54 18,3 ± 0,71 23,0 ± 1,27

FONTE: Reis et al. (1997).


(1) Média ± erro padrão da média.

Comparando as médias contidas no Quadro 3, levando em conta os


respectivos erros padrões, verifica-se que somente a duração do período de
pré-postura é semelhante para fêmeas acasaladas e não acasaladas.
Períodos de postura e pós-postura são maiores para fêmeas não
acasaladas. Número total de ovos/fêmea, número de ovos/fêmea/dia e
viabilidade de ovos são maiores para fêmeas acasaladas, provavelmente em
função da fertilização dos ovos. Embora o período de postura seja menor
para as fêmeas acasaladas, a fecundidade e a taxa de postura diária são mais
altas para as acasaladas (Quadro 3 e Gráfico 1).
Para fêmeas acasaladas, o maior número de ovos é colocado no quin-
to dia de postura (153 ovos/47 fêmeas), com uma média de 3,3 ovos/fêmea.
O número total de ovos postos por fêmea acasalada é de 22,1. Considerando
uma média de 8 dias de período de postura para essas fêmeas, a média de

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16 Ácaros em cafeeiros

QUADRO 3 - Duração em dias dos períodos de pré-postura, postura e pós-postura; nú-


mero de ovos por dia e viabilidade dos ovos de Oligonychus ilicis em folhas
de cafeeiro, a 25 ± 2°C , 70 ± 10% de UR e 14 horas de fotofase

Fêmeas

Características Número Número


Não acasaladas de Acasaladas de
observações observações
(1)
Pré-postura 1,6 ± 0,04 149 2,0 ± 0,07 47

Postura 11,9 ± 0,64 91 7,7 ± 0,35 47

Pós-postura 2,6 ± 0,15 87 2,4 ± 0,13 47

Número de ovos/fêmea 19,3 ± 0,76 91 22,1 ± 1,11 47

Número de ovos/fêmea /dia 1,6 ± 0,10 91 2,9 ± 0,09 47

Viabilidade dos ovos 87,1% 489 92,0% 999

FONTE: Reis et al. (1997).


(1) Média ± erro padrão da média.

ovos/fêmea/dia é 2,9 (REIS et al., 1997). Esse resultado é semelhante ao


obtido por Heinrich (1972), de 2,6 ovos, e por Oliveira (1984), de 2,9 ovos,
e diferente do resultado de Calza e Sauer (1952), de 1,4 ovos. Fêmeas não
acasaladas colocam o maior número de ovos no quarto dia de postura, com
uma média de 2,4 ovos/fêmea. Para um período médio de 12 dias de postura,
bem mais longo que das acasaladas, o total de ovos é de 19, com uma média
de 1,6 ovos/fêmea/dia (Quadro 3 e Gráfico 1). Reis et al. (1997) não consegui-
ram reproduzir informações de Calza e Sauer (1952) de que a descendência
das fêmeas não acasaladas é constituída apenas de machos (partenogênese
arrenótoca), tendo o resultado ficado mais próximo do obtido por Heinrich
(1972), ou seja, foi constatada partenogênese telítoca. Porém, segundo
Flechtmann e Flechtmann (1982), podem ocorrer os dois tipos de parteno-
gênese citados.

Boletim Técnico, n.81, 2007

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Ácaros em cafeeiros 17

Gráfico 1 - Número médio de ovos de Oligonychus ilicis postos, por dia em fo-
lhas de cafeeiros, por fêmeas acasaladas (n = 47) e não acasaladas
(n = 91), a 25 ± 2°C, 70 ± 10% UR e 14 horas de fotofase
FONTE: Reis et al. (1997).

A viabilidade dos ovos provenientes de fêmeas não acasaladas é de


87%, e de fêmeas acasaladas de 92% (Quadro 3).
A proporção sexual encontrada por Reis et al. (1997) foi de 9,6 fêmeas
para 1 macho, com uma razão sexual de 0,91, portanto com predominância
acentuada de fêmeas, o que foi constatado também por Calza e Sauer (1952)
e Heinrich (1972) também em cafeeiros.

Tabela de vida de fertilidade


A população de O. ilicis é estimada em aumentar cerca de 20 ve-
zes (R0) no período médio de duração de uma geração que é em torno de 20
dias (T). A população do ácaro cresce 1,16 vezes por dia (λ) e dobra a ca-
da 4,8 dias. A capacidade inata de crescimento da população (rm) é de
0,149 fêmeas/fêmea/dia (Quadro 4).

Boletim Técnico, n.81, 2007

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18 Ácaros em cafeeiros

QUADRO 4 - Tabela de vida de fertilidade de Oligonychus ilicis em folha de cafeeiro, a


25 ± 2°C, 70 ± 10% de UR e 14 horas de fotofase (n = 47)

Idade Progênie Proporção


em de de
(mx.lx) (mx.lx.x)
dias fêmea/fêmea fêmeas vivas
(x) (mx) (lx)

15,5 0,019 1 0,019 0,295

16,5 1,065 1 1,065 17,573

17,5 2,188 1 2,188 38,290

18,5 2,885 1 2,885 53,373

19,5 2,962 1 2,962 57,759

20,5 2,831 0,96 2,718 55,719

21,5 2,467 0,96 2,368 50,912

22,5 2,089 0,94 1,964 44,190

23,5 1,885 0,89 1,678 39,433

24,5 1,221 0,87 1,062 26,019

25,5 0,694 0,81 0,562 14,331

26,5 0,509 0,72 0,366 9,699

27,5 0,291 0,53 0,154 4,235

28,5 0,210 0,28 0,059 1,682

29,5 0,404 0,19 0,077 2,272

30,5 0,182 0,11 0,020 0,610

∑ = 20,147 = R0 416,392

FONTE: Reis et al. (1997).

Boletim Técnico, n.81, 2007

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Ácaros em cafeeiros 19

O máximo aumento populacional do ácaro ocorre por volta do 19o dia


do início do desenvolvimento, o que ficou demonstrado pelo ponto de
cruzamento das linhas de fertilidade específica (mx) e sobrevivência (lx),
conforme Andrewartha e Birch (1954) citados por Silveira Neto et al.
(1976).

Manejo do ácaro-vermelho

Devido à localização da maioria dos ácaros desta espécie ser na


superfície superior das folhas, chuvas intensas e constantes podem exercer
um controle físico, reduzindo sua população, e propiciando às plantas
condições de vegetação e recuperação, não sendo necessária a utilização de
nenhuma outra medida de controle.
O controle químico, se necessário, deve ser realizado através de
pulverizações de acaricidas específicos ou inseticidas-acaricida (Quadro 5),
de preferência que sejam seletivos aos inimigos naturais, em especial aos
ácaros Phytoseiidae, no sentido de conservar e mesmo propiciar aumento
dos mesmos. O controle deve ser direcionado às plantas das reboleiras
atacadas, com sintomas do ataque do ácaro (bronzeamento das folhas),
abrangendo também uma faixa ao redor delas. As demais plantas livres de
ataque não devem ser pulverizadas, para melhor preservação dos inimigos
naturais no cafezal e menor custo de controle. Alguns produtos utilizados
no controle do bicho-mineiro, Leucoptera coffeella (Guérin - Mèneville, 1842)
(Lepidoptera: Lyonetiidae), que também ocorre em períodos de seca pro-
longada, podem exercer controle do ácaro e nesse caso sua infestação pode
passar despercebida.
O uso em excesso de fungicidas cúpricos, para o controle da ferrugem-
do-cafeeiro, Hemileia vastatrix Berk. et Br., e de alguns piretróides, utilizados
no controle do bicho-mineiro, também tem causado acentuado aumento no
número de ácaros-vermelhos em plantas de cafeeiro, causando o que é co-
nhecido como ressurgência. O aumento do número de ácaros pode ocorrer
pela melhoria nas condições fisiológicas da planta provocada pelo produto

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20 Ácaros em cafeeiros

QUADRO 5 - Produtos indicados para uso no controle do ácaro-vermelho do cafeeiro,


Oligonychus ilicis

Nome Classe
(1) (2)
Dosagem/ Formu- Classifi- Seleti- Grupo
ha lação cação vidade químico
Comercial Técnico
toxico- fisioló-
lógica gica

Danimen Fenpropathrin 200 mL CE I NS Piretróide

Envidor Spirodiclofen 300 mL SC III S Ketoenole

Ethion Ethion 1.000 mL CE I NS Organofosforado

Hostathion Triazophos 300 mL CE I NS Organofosforado

Lebaycid Fenthion 1.250 mL CE II NS Organosfoforado

Meothrin Fenpropathrin 200 mL CE I NS Piretróide

Microsulfan Enxofre 4.000 g PM IV MS Enxofre

Microzol Enxofre 2.250 mL SC IV MS Enxofre

Sulficamp Enxofre 4.000 g PM IV MS Enxofre

Thiovit Jet Enxofre 2.500 g PM III MS Enxofre

Thiovit Enxofre 4.000 g PM IV MS Enxofre


Sandoz
(1) Classificação toxicológica: I - Extremamente tóxico; II - Altamente tóxico; III - Me-
dianamente tóxico; IV - Pouco tóxico. (2) Seletividade fisiológica à Phytoseiidae: S - Seleti-
vo; MS - Moderadamente seletivo; NS - Não seletivo.

(trofobiose) ou pelo estímulo direto na reprodução do ácaro por dosagens


subletais do produto (hormoligose). Suspeita-se que os neonicotinóides
também podem causar ressurgência, entretanto há necessidade de mais
estudos. Os casos mais conhecidos de ressurgência são para espécies de
ácaros pertencentes à família Tetranychidae.
Reis et al. (2000a) constataram também em cafeeiros a ocorrência
de inimigos naturais, como ácaros predadores pertencentes às famílias

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Ácaros em cafeeiros 21

Phytoseiidae, Stigmaeidae e Bdellidae. Entre os fitoseídeos, mais conhecidos


e estudados predadores de ácaros, a espécie Euseius alatus DeLeon, 1966
foi a mais abundante com cerca de 58% de ocorrência, seguida de Amblyseius
herbicolus (Chant, 1959) com 33,6%, Amblyseius compositus Denmark e
Muma, 1973 com 6,9% e Iphiseiodes zuluagai Denmark e Muma, 1972
com 1,5% do total de ácaros predadores encontrados nessa família. Con-
siderando somente as duas espécies mais encontradas, a proporção de ocor-
rência foi de 63% para E. alatus e de 37% para A. herbicolus, sendo que a
primeira espécie, de maneira geral, ocorreu em maior quantidade nos períodos
mais úmidos do ano e a segunda nos mais secos. As espécies de fitoseídeos
podem variar com a região cafeeira e com a época do ano.
Reis et al. (2000c) demonstraram o potencial de predação que os
fitoseídeos possuem sobre o ácaro da mancha-anular, B. phoenicis,
principalmente as fêmeas adultas e ninfas do predador. Embora faltem
estudos, provavelmente essas mesmas espécies de ácaros predadores estejam
associadas também ao ácaro-vermelho, O. ilicis (Fig. 4).

Paulo Rebelles Reis

Figura 4 - Ácaro predador, Iphiseiodes zuluagai, predando o ácaro-vermelho do


cafeeiro, Oligonychus ilicis

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22 Ácaros em cafeeiros

A preservação e o aumento das espécies de ácaros predadores são


importantes para a manutenção do controle biológico dos ácaros e, se neces-
sária a aplicação de produtos fitossanitários, devem ser utilizados produtos
seletivos (REIS et al., 1998a; 1999; 2006).

Efeito de produtos fitossanitários


no aumento da população de ácaro-vermelho

O uso em excesso de fungicidas cúpricos para o controle da ferrugem-


do-cafeeiro, H. vastatrix, pode causar um “desequilíbrio” que trará como
conseqüência o aumento do número de ácaros, como mostrado por Reis
et al. (1974) em experimentos com doses crescentes de oxicloreto de cobre
50%. Paulini et al. (1975) apresentaram resultados semelhantes para o
oxicloreto de cobre e outros fungicidas cúpricos.
Alguns piretróides utilizados no controle do bicho-mineiro, L.
coffeella, também têm causado acentuado aumento no número de ácaros-
vermelhos em plantas de cafeeiro, como relatado por Ferreira et al. (1980),
Paulini et al. (1980), D’Antonio et al. (1980), D’Antonio et al. (1981) e Oliveira
(1984). Trabalho de Trindade e Chiavegato (1999) mostra que subprodutos
da fotodegradação de deltamethrin, principalmente o ácido fenoxi-benzóico,
influem no aumento da população de ácaro-rajado em algodoeiro, Tetranychus
urticae Koch, 1836 (Acari: Tetranychidae). O mesmo pode ocorrer com o
ácaro-vermelho que é da mesma família.
Huffaker et al. (1969) consideram duas hipóteses que podem explicar
o aumento da população de ácaros tetraniquídeos:
1 - aumento do potencial de reprodução associado a melhorias nas
condições nutricionais das plantas, através do uso de produtos
fitossanitários;
2 - ação dos produtos sobre os inimigos naturais dos ácaros (insetos,
aranhas, ácaros, fungos e vírus).
Esses autores relatam que há poucas evidências de que a fecundidade
do ácaro possa ser diretamente aumentada por produtos fitossanitários, mas

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Ácaros em cafeeiros 23

há muitas evidências de que ela pode ser indiretamente aumentada atra-


vés de melhoramento na nutrição das plantas induzido pelos produtos.
Comentam também que a hipótese de que o agroquímico causa dispersão de
ácaros nas plantas, com conseqüente rápido aumento populacional, é reco-
nhecida, mas não considerada como hipótese principal.
Alguns trabalhos têm sugerido que surtos de ácaros são induzidos por
fatores que alteram o seu comportamento e fisiologia, e que a destruição de
predadores, apesar de significativa, não tem sido o fator principal (PENMAN
et al. 1988; GERSON; COHEN, 1989).
Analisando-se os valores de Er (efeito na reprodução) (Er = R Tratamento/
R Testemunha) onde R = número de ovos/número de fêmeas (Quadro 6), observa-
se o efeito do oxicloreto de cobre sobre a reprodução do ácaro, aumentando
o número de ovos em função da dosagem de oxicloreto de cobre. Exceto o Er,
para a dosagem de 1.000 g no ensaio residual, todos os valores foram maiores
do que 1, o que indica maior número de ovos colocados pelos ácaros que
estiveram em contato com o cobre, em relação à testemunha. Os valores de
Er, obtidos com a aplicação tópica + residual, foram, em geral, maiores do
que os dos efeitos residual e tópico isolados, mostrando maior efeito do
cobre quando aplicado sobre os ácaros e os mesmos permanecendo sobre a
folha com resíduo do produto, o que também ficou comprovado através de
análise de regressão (Gráfico 2A, B e C). Para os efeitos tópico + residual e
somente tópico, houve alta correlação entre o aumento da dosagem de cobre
e o número de ovos postos, o mesmo não sendo muito claro para o efeito
residual isolado. O oxicloreto de cobre não causou mortalidade de ácaros
nos testes realizados, embora na maior dosagem tenha sido observada menor
longevidade de alguns espécimes (REIS; TEODORO, 2000).
O cobre não influencia no número de dias de postura do ácaro, mas
aumenta a média de ovos/fêmea/dia no pico de postura, como apresentado
no Gráfico 3 (A, B e C), através da testemunha, dose 3 (geralmente utilizada
em campo) e dose 5 (maior dose testada).
O aumento da população de O. ilicis em condições de campo, relata-
da por Reis et al. (1974) e Paulini et al. (1975), devido ao uso de fungicida

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24 Ácaros em cafeeiros

QUADRO 6 - Valores de efeito na reprodução (Er) de Oligonychus ilicis obtidos em função


da dosagem de oxicloreto de cobre 50% PM em ensaios residual, tópico e
tópico + residual

Efeito na reprodução
Dosagem (Er)
(g /100 L de água)
Residual Tópico Tópico + residual

0 (Dose 0) 1,00 1,00 1,00

64 (Dose 1) 1,03 1,01 1,10

126 (Dose 2) 1,01 1,03 1,14

300 (Dose 3) 1,16 1,06 1,29

500 (Dose 4) 1,16 1,10 1,39

1.000 (Dose 5) 0,98 1,14 1,49


FONTE: Reis e Teodoro (2000).

cúprico, pode ter sido principalmente em conseqüência do aumento do


número de ovos postos pelo ácaro-vermelho, efeito demonstrado por Reis e
Teodoro (2000). Não fica descartado, porém que a fecundidade possa ter
sido influenciada também pela melhoria na nutrição das plantas ou dispersão
dos ácaros causada pelo produto, como relatado por Huffaker et al. (1969).
Os resultados obtidos por Reis e Teodoro (2000) mostraram que o
cobre influencia diretamente a reprodução de O. ilicis, inclusive na dosagem
geralmente utilizada em campo, sendo esse efeito, portanto, uma das causas
de surtos de ácaro-vermelho em lavouras cafeeiras.

ÁCARO DA MANCHA-ANULAR Brevipalpus phoenicis (Geijskes, 1939)


(ACARI: TENUIPALPIDAE)

O ácaro B. phoenicis tem sido relatado vivendo em cafeeiros (Coffea


spp.) no Brasil, pelo menos desde 1950 (A INFESTAÇÃO..., 1951; AMARAL,
1951) quando foi relatado no estado de São Paulo, como Tenuipalpus phoenicis

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Ácaros em cafeeiros 25

C
Gráfico 2 - Correlações entre dosagens de oxicloreto de cobre e efeito na re-
produção de Oligonychus ilicis
FONTE: Reis e Teodoro (2000).
NOTA: A - Efeito tópico mais residual; B - Efeito tópico; C - Efeito residual, a
25 ± 2oC, 70 ± 10% UR e 14 horas de fotofase.

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26 Ácaros em cafeeiros

Gráfico 3 - Número de ovos/fêmea de Oligonychus ilicis/dia em função das


dosagens de oxicloreto de cobre
FONTE: Reis e Teodoro (2000).
NOTA: A - Efeito tópico mais residual; B - Efeito tópico; C - Efeito residual, a
25 ± 2oC, 70 ± 10% UR e 14 horas de fotofase.

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Ácaros em cafeeiros 27

Geijskes, 1939, juntamente com surtos do ácaro-vermelho, O. ilicis. Poste-


riormente, o ácaro B. phoenicis foi correlacionado à doença mancha-anular
do cafeeiro (CHAGAS, 1973) causada por um vírus do grupo dos Rhabdo-
virus (CHAGAS, 1988), o Coffee Ringspot Virus - CoRSV. O primeiro autor
a descrever essa doença do cafeeiro no Brasil foi Bitancourt (1938), também
no estado de São Paulo, já suspeitando tratar-se de doença de etiologia viral
pela semelhança dos sintomas com aqueles causados por vírus em outras
plantas, do tipo mancha-anular.
No cafeeiro, segundo Chagas (1973), desde 1970, quando foi cons-
tatada a ferrugem-do-cafeeiro, H. vastatrix, no Brasil, a atenção dos ca-
feicultores foi despertada para diversos tipos de manchas que ocorriam
nas folhas, muitas com sintomas da mancha-anular do cafeeiro. Segundo
o autor, em folhas afetadas pela mancha-anular, foi observada, com certa
freqüência, a presença de ácaros avermelhados, cujo aspecto e dimen-
sões assemelhavam-se aos de B. phoenicis associado à leprose nos laran-
jais paulistas. Posteriormente foram identificados como sendo mesmo
B. phoenicis.
Até 1988, a doença mancha-anular do cafeeiro não tinha ainda repre-
sentado problema econômico, embora em 1986 tenha sido associada a uma
intensa desfolha devido a um inverno com baixa precipitação pluvial,
condição muito favorável ao ácaro (CHAGAS, 1988).
Desde 1990, com destaque para 1995, as infestações de B. phoenicis e
da mancha-anular têm sido relatadas em Minas Gerais causando intensa
desfolha em cafeeiros, principalmente na região do Alto Paranaíba (FIGUEIRA
et al., 1996), sendo também constatada a presença do ácaro nas demais regiões
cafeeiras do Brasil, tanto em cafeeiro Arábica (Coffea arabica L.), quanto em
Conillon (Coffea canephora Pierre & Froehner) (MATIELLO, 1987).
O ácaro B. phoenicis é de distribuição cosmopolita, infestando diversas
espécies vegetais. Reis (1974) cita 37 hospedeiros do ácaro, principalmente
fruteiras, e Trindade e Chiavegato (1994) citam 33 hospedeiros, principal-
mente plantas invasoras e ornamentais.

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28 Ácaros em cafeeiros

O ácaro-da-leprose, como é conhecido B. phoenicis na citricultura, é


uma séria praga da cultura dos citros, Citrus spp. (CHIAVEGATO et al.,
1982; CHIAVEGATO, 1991), atacando as folhas, ramos e principalmente os
frutos (CHIAVEGATO; KHARFAN, 1993), causando prejuízos. O levanta-
mento e o controle em citros são indispensáveis a cada ano.

Etiologia e sintomas da mancha-anular do cafeeiro

Chagas (1973) conseguiu reproduzir os sintomas da mancha-anular,


em mudas de C. arabica ‘Mundo Novo’, através da infestação com ácaros
provenientes de lavoura de café apresentando a doença. Os resultados obtidos
por esse autor indicaram que espécies de ácaros do gênero Brevipalpus,
além de estarem associadas à leprose dos citros, como o B. phoenicis no
Brasil (MUSUMECI; ROSSETTI, 1963), Brevipalpus californicus (Banks,
1904) nos EUA (KNORR, 1950) e Brevipalpus obovatus Donnadieu, 1875
(sinonímia: Tenuipalpus pseudocuneatus Blanchard, 1940) na Argentina
(VERGANI, 1945), estão também associadas à mancha-anular do cafeeiro,
assim como a espécie B. phoenicis. Essa espécie de ácaro, B. phoenicis, foi
também associada à clorose-zonada dos citros no Brasil (ROSSETTI et al.,
1965), e à mancha-anular do ligustro, Ligustrum lucidum Ait. (Oleaceae),
(RODRIGUES; NOGUEIRA, 1996), cujo agente causal provavelmente é um
vírus (Ligustrum Ringspot Virus), como relatado por Lima et al. (1991), e à
mancha-verde do maracujá, Passiflora spp. (Passifloraceae), causada por
Rhabdovirus (KITAJIMA et al., 1997). Doença similar à mancha-anular foi
descrita nas Filipinas também em cafeeiros Coffea dewevrei De Wild & Durant
var. excelsa e C. arabica, porém considerada como transmitida pelas semen-
tes (VALDEZ, 1966), tipo de transmissão que não foi constatada para a
mancha-anular do cafeeiro no Brasil.
As evidências da etiologia viral da mancha-anular do cafeeiro, causada
por um Rhabdovirus, foram demonstradas por Chagas (1980) em estudos
de microscopia eletrônica com plantas indicadoras.

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Ácaros em cafeeiros 29

Segundo Chagas (1988), até aquela data, a única doença de comprovada


etiologia viral em cafeeiro, transmitida por um tenuipalpídeo, B. phoenicis,
era a mancha-anular, que ocorre naturalmente nessa planta em várias regiões
do país, não sendo conhecido outro hospedeiro natural do vírus. O autor
relata ainda ausência de problema econômico, embora em 1986, devido a
condições ambientais muito favoráveis ao ácaro, essa doença tenha causado
preocupação, estando associada à queda de folhas. Os sintomas da doença
aparecem nas folhas e nos frutos do cafeeiro, e caracterizam-se por manchas
cloróticas, de contorno quase sempre bem delimitado, às vezes com um
ponto necrótico central. Nas folhas, as manchas tomam constantemente a
forma de anel, podendo coalescer, abrangendo grande parte do limbo. Nos
frutos, os sintomas também aparecem na forma de anéis.
Silva et al. (1992) diagnosticaram em 1991 a “leprose do cafeeiro”
transmitida pelo ácaro, por julgarem, pelos sintomas, ser diferente da mancha-
anular, ocorrendo no Alto Paranaíba em Minas Gerais, com prejuízos iniciais
significativos. Nos anos subseqüentes, e principalmente em 1994/1995, ve-
rificaram uma grande expansão da doença naquela e em outras regiões.
Pallini Filho et al. (1992) em levantamentos de ácaros realizados
quinzenalmente, de abril de 1989 a março de 1990, constataram a ocorrência
do ácaro B. phoenicis em baixa população, num total de 770 e 545 espécimes,
nos municípios de Machado e Lavras, respectivamente. O ácaro foi encon-
trado preferencialmente nos locais em que o tecido se encontrava morto ou
danificado, com aspecto corticoso. Esse fenômeno se assemelha à preferência
desse ácaro por regiões com sintoma de verrugose em plantas cítricas. Durante
todo o período do estudo, os autores não notaram a presença de mancha-
anular e nem mesmo a associação do ácaro com alguma lesão típica à dessa
virose nas folhas em que o ácaro se encontrava. Desse fato, pode-se deduzir
que a expansão da doença, de modo mais significativo, deu-se a partir de
meados da década de 90, também na região Sul de Minas e possivelmente
em todas as regiões cafeeiras do Brasil.

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30 Ácaros em cafeeiros

Matiello et al. (1995) mencionaram que as plantas atacadas pelo ácaro,


e com sintomas da doença, ficam bastante desfolhadas, de dentro para fora,
o que denominou de “planta oca”. Os frutos apresentam lesões com colora-
ção de ferrugem (marrom-clara) evoluindo depois para uma cor negra, alguns
recobertos por fungos oportunistas (tipo Colletotrichum), aparecendo um
pó branco sobre as lesões. Os autores constataram também lesões em ramos
e, em menor escala, morte de gemas apicais nos ramos de dentro das plantas.
Finalmente, os mesmos autores constataram, pela primeira vez, em abril-
maio de 1995, uma nova ocorrência do ácaro na região cafeeira da Bahia, em
duas fazendas na região de Utinga e Bonito, na Chapada Diamantina, em
cafeeiros ‘Catuaí’ e ‘Mundo Novo’. Atualmente, acredita-se que ocorre onde
quer que haja cafeeiros.
Como em citros (RODRIGUES et al., 1997), também em cafeeiro, duas
hipóteses podem ser estabelecidas para explicar a sintomatologia do ataque,
ou seja, as lesões da mancha-anular podem ser causadas por uma toxina,
injetada pelo ácaro no tecido das plantas, ou pelo vírus (CoRSV), veiculado
pelo ácaro durante o processo de alimentação. A transmissão da leprose em
citros pela enxertia (CHAGAS; ROSSETTI, 1983 citados por RODRIGUES
et al., 1997) e da mancha-anular em cafeeiro, também pela enxertia (SILBER-
SCHMIDT, 1941) e mecanicamente em citros (COLARICCIO et al., 1995) e
cafeeiro (CARVALHO et al., 1999; CARVALHO, 1999) reforça a hipótese de
que a doença nessas culturas é causada por um patógeno, porém não descarta
a primeira, ou podem ocorrer as duas simultaneamente.
Segundo Rodrigues et al. (1997), a característica não sistêmica atribuí-
da ao vírus, encontrado somente nas áreas atacadas pelo ácaro e não nas
adjacentes sadias, ressalta a importância do vetor B. phoenicis na epide-
miologia da doença, porque a presença do ácaro é condição essencial, sem a
qual não ocorre a sua disseminação. Relatam ainda, esses autores, a ocorrên-
cia de partículas semelhantes a vírus, como resultados da análise de secções
ultrafinas de tecidos do ácaro sob microscópio eletrônico, similares aos ví-
rus de plantas dos grupos Badnavirus e Rhabdovirus, tal qual o relato de
Kitajima et al. (1971), em tecido foliar de citros e, Kitajima e Costa (1972) em

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Ácaros em cafeeiros 31

cafeeiro. Ainda Rodrigues et al. (1997), pelo local e quantidade de partículas


encontradas, relatam a possibilidade do vírus multiplicar-se dentro do vetor
B. phoenicis, e de ser transmitido de um estágio do desenvolvimento do
ácaro para outro (transmissão transestadial).
A transmissão transovariana, ou de uma geração para outra, não
foi constatada para esse vírus (BOARETTO et al., 1993) e, uma vez infec-
tado o ácaro, não perde mais a capacidade de transmissão (BOARETTO;
CHIAVEGATO, 1994).

Descrição e aspectos biológicos

O ácaro B. phoenicis foi observado pela primeira vez na Holanda, em


1939, atacando Phoenix sp. em casa-de-vegetação. Hoje, sabe-se que tem
distribuição cosmopolita e um amplo número de hospedeiros, incluindo ca-
feeiro e citros (REIS, 1974; CHIAVEGATO, 1991; TRINDADE; CHIAVEGATO,
1994).
O ciclo evolutivo do B. phoenicis compreende os estágios de ovo,
larva, protoninfa, deutoninfa e adulto (HARAMOTO, 1969; CHIAVEGATO,
1986). Em laranja, o período de ovo a adulto é mais rápido quando o ácaro
se desenvolve no fruto à temperatura de 30oC, atingindo 14,4 dias contra
17,6 dias nas folhas. O período de pré-oviposição varia em média de 1,9 a
5,7 dias. O ovo é elíptico e mede cerca de 0,10 a 0,12 mm de comprimento
e 0,06 a 0,08 mm de largura. Tem cor alaranjada brilhante e é pegajoso logo
após a postura, que é feita nas rugosidades dos frutos, das folhas, ou mesmo
dos ramos. Os ovos são postos isoladamente ou em pequenos aglomerados
em locais abrigados, como fendas e nervuras (FLECHTMANN, 1985). O
período de incubação varia de 5,3 dias à temperatura de 30oC a 16,4 dias à
20oC. O número de ovos postos por fêmea varia principalmente com a
temperatura, e a 30oC é de 1,9 ovos/dia.
As características biológicas de B. phoenicis são variáveis com a
temperatura e com a espécie de hospedeiro. Assim, Teodoro e Reis (2006)
demonstraram que os períodos embrionário e pós-embrionário apresentam

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32 Ácaros em cafeeiros

diferenças em função do hospedeiro em que o ácaro foi criado, apresentando


melhor desenvolvimento, maior sobrevivência e maior fertilidade específica
em frutos cítricos do que em folhas de cafeeiro. A taxa intrínseca de
crescimento populacional (rm) foi de 0,128 e 0,090 fêmeas/fêmea/dia em frutos
cítricos e em folhas de cafeeiro, respectivamente. Os frutos cítricos mostraram-
se mais adequados ao desenvolvimento de B. phoenicis do que folhas de
cafeeiro (Quadro 7).

QUADRO 7 - Duração em dias das fases do ciclo de vida de Brevipalpus phoenicis em


frutos cítricos e folhas de cafeeiro, a 25 ± 2°C, 70 ± 10% de umidade relativa
e 14 horas de fotofase

Citros Cafeeiro
Fases do ciclo Número Número
de vida de (1) (2)
Média ± EP de (1) (2)
Média ± EP
observações observações
Ovo 762 7,43 ± 0,54 219 10,71 ± 0,83
Larva 35 1,88 ± 0,16 25 3,12 ± 0,23
Protocrisálida 35 1,49 ± 0,19 25 2,00 ± 0,22
Protoninfa 35 0,97 ± 0,12 25 2,08 ± 0,19
Deutocrisálida 35 1,27 ± 0,16 25 2,04 ± 0,23
Deutoninfa 35 2,12 ± 0,27 25 2,57 ± 0,26
Teleiocrisálida 35 2,11 ± 0,21 25 2,66 ± 0,27
Ovo-adulto 35 17,27 ± 1,11 25 25,18 ± 1,58
Longevidade 29 38,45 ± 5,08 25 27,46 ± 4,78
Pré-oviposição 29 1,84 ± 0,21 25 2,54 ± 0,59
Oviposição 29 34,90 ± 5,03 23 22,00 ± 4,42
Pós-oviposição 29 0,86 ± 0,59 23 2,79 ± 1,86
FONTE: Teodoro e Reis (2006).
(1) Erro padrão da média (EP). (2) As médias de todos os parâmetros analisados diferem
significativamente entre os substratos utilizados (citros e cafeeiro) pelo teste F a 5% de sig-
nificância.

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Ácaros em cafeeiros 33

A larva apresenta três pares de pernas, de coloração alaranjado-viva


quando recém-eclodida. A larva completamente desenvolvida apresenta cor
alaranjado-opaca, com dois pares de manchas oculares vermelhas nas
margens laterais. A protoninfa, a deutoninfa e o adulto possuem quatro pa-
res de pernas. O idiossoma da protoninfa e deutoninfa mostra áreas de colo-
ração verde-clara, alaranjada, preta e amarela, e o do adulto apresenta coloração
avermelhada. O idiossoma é fortemente achatado dorso-ventralmente, por
isso é também denominado de ácaro-plano (Fig. 5). Ambos os sexos estão
presentes, mas os machos são relativamente raros, e a reprodução é assexuada
através partenogênese deuterótoca (ovos dão origem tanto a fêmeas como
machos). Não há ocorrência de reprodução sexuada e nem evidência de
cópula (OTTO; JARNE, 2001).

Paulo Rebelles Reis

Figura 5 - Adultos (esquerda), adultos e ovos de Brevipalpus phoenicis (direita)

Brevipalpus phoenicis é considerada a única espécie que apresen-


ta fêmeas totalmente haplóides, e esta anomalia reprodutiva é provocada
por uma infecção causada por uma bactéria endosimbionte (Candidatus
Cardinium), cujo resultado é a feminização de ácaros machos que genetica-
mente já são haplóides (WEEKS et al., 2001).

Boletim Técnico, n.81, 2007

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34 Ácaros em cafeeiros

As fêmeas medem de 0,29 a 0,31 mm de comprimento e 0,16 a 0,18


mm de largura, com manchas escuras no dorso, o qual apresenta reticulações
na porção médio-lateral (Fig. 6). Os machos são semelhantes às fêmeas, porém
não apresentam as manchas escuras sobre o corpo e apresentam dois sulcos
transversais no dorso demarcando as regiões denominadas de propodossoma,
metapodossoma e opistossoma (HARAMOTO, 1969; CHIAVEGATO, 1991).
A longevidade do adulto é muito influenciada pelas condições de alimenta-
ção, temperatura e umidade. Por exemplo, a 20oC a longevidade é em mé-
dia 18,6 ± 14,5 dias e, a 30oC, 21,5 ± 9,9 dias (CHIAVEGATO, 1986).

Figura 6 - Fêmea adulta (F), macho (M) e ovo do ácaro Brevipalpus phoenicis
FONTE: Cortesia do Prof. Jaime Maia dos Santos / FCAVJ Jaboticabal

Sabe-se que a variedade de citros também pode afetar o desenvolvi-


mento do ácaro-da-leprose. Nesse sentido, Chiavegato e Mischan (1987)
verificaram que os frutos de laranjeira ‘Valência’ e tangerineira ‘Murcote’
mostram-se favoráveis ao desenvolvimento desse ácaro enquanto que
laranjeira ‘Lima-da-Pérsia’, e os limoeiros ‘Taiti’ e ‘Siciliano’ comportam-se
como pouco favoráveis. Provavelmente o mesmo fenômeno pode ocorrer
entre cultivares de cafeeiro, o que precisa ainda ser estudado.

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Ácaros em cafeeiros 35

Em citros, o ácaro B. phoenicis ocorre durante o ano todo, porém


atinge níveis populacionais mais elevados de abril a setembro, período de
chuvas escassas, e há menor ocorrência de outubro a março, com maior
umidade relativa e quantidade de chuva (OLIVEIRA, 1995).
Em cafeeiro, o ácaro apresenta flutuação populacional semelhante à
encontrada em citros, isto é, foi constatado por Reis et al. (2000a), que na
região Sul de Minas, o ácaro da mancha-anular ocorre durante o ano todo,
porém em menor quantidade no período compreendido entre outubro-
novembro a fevereiro-março, coincidindo com a época das chuvas e
temperaturas mais elevadas na região. A maior população foi encontrada no
período mais seco do ano e com temperaturas amenas, que vai de fevereiro-
março a outubro-novembro (Gráfico 4). Concluem os autores, com base nos
resultados alcançados, que, embora o ácaro ocorra durante todo o ano,
apresenta maior população na época seca, onde a atenção ao seu controle
deve ser acentuada.

Gráfico 4 - Flutuação populacional do ácaro da mancha-anular, Brevipalpus


phoenicis, em folhas, ramos e frutos de cafeeiro. Ijaci/Lavras, setem-
bro de 1997 à dezembro de 2000
FONTE: Reis (2002).

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36 Ácaros em cafeeiros

Distribuição espacial do ácaro da mancha-anular em cafeeiro

O conhecimento dos locais preferidos pelo ácaro nos cafeeiros, com a


finalidade de facilitar levantamentos da presença do mesmo durante o ano e
conhecimento dos locais que devem ser alcançados pelos produtos fitossa-
nitários, é de máxima importância para o sucesso de seu controle.
Trabalhos sobre a localização de B. phoenicis em diferentes partes
vegetais só eram encontrados apenas para citros, onde Martinelli et al. (1976)
relatam maior infestação em frutos com verrugose e menor em frutos sem
verrugose, ramos e folhas. Em condições de campo, Oliveira (1986; 1987)
observou que o ácaro da leprose ocorre em maior freqüência nos frutos cítricos
do que nas folhas, constatando em média 95,2% nos frutos, 4,3% nas folhas
velhas e apenas 0,6% nas folhas novas.
Chiavegato e Kharfan (1993) observaram que frutos com lesões de
verrugose, causada pelo fungo Elsinoe australis, são mais adequados para o
desenvolvimento do ácaro-da-leprose, uma vez que, liberando quantidades
idênticas do ácaro, verificaram que nos frutos com verrugose foi possível
recuperar mais de 50% dos ácaros liberados. Depois dos frutos, os ramos
foram os locais mais adequados ao desenvolvimento desse ácaro, onde foi
possível recuperar cerca de 26% dos ácaros liberados. As folhas foram os
locais menos preferidos por esse ácaro. Os autores concluíram também que
a verrugose pode propiciar excelente abrigo ou refúgio para o ácaro-da-leprose.
Em cafeeiro, é constatada a presença de B. phoenicis nas folhas, ramos
e frutos, à semelhança do que ocorre em citros. Nas folhas de cafeeiro, os
ácaros localizam-se principalmente na superfície inferior, próximos às
nervuras, principalmente a central. Nos frutos, ácaros e ovos são encontrados
preferencialmente na coroa e pedúnculo, e também em fendas ou lesões com
aspecto de cortiça na casca dos frutos. Nos ramos, são encontrados em fendas
existentes na casca. Nas folhas, as manchas cloróticas, tipicamente anelares,
por vezes acompanham o sentido das nervuras, adquirindo formato alon-
gado (Fig. 7) e os frutos atacados apresentam os sintomas descritos para a
mancha-anular (Fig. 8). As nervuras na região das lesões e na superfície

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Ácaros em cafeeiros 37

Paulo Rebelles Reis


Figura 7 - Folha de cafeeiro exibindo sintoma de mancha-anular

Paulo Rebelles Reis

Figura 8 - Frutos de cafeeiro exibindo sintoma de mancha-anular

Boletim Técnico, n.81, 2007

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38 Ácaros em cafeeiros

inferior geralmente apresentam-se necrosadas (REIS et al., 2000b). Esse sintoma


descrito para as folhas de café é semelhante ao descrito por Childers (1994)
para folhas de citros na Flórida.
Segundo Reis et al. (2000b), o maior número de ovos e ácaros é
encontrado no terço inferior das plantas, tanto nas folhas, ramos e frutos.
Nas folhas, o maior número de ovos e ácaros é encontrado naquelas do terço
inferior e posição interna da planta, e em menor número nas da parte superior
e posição externa da planta (Gráfico 5A). Nos frutos, o maior número de
ácaros é encontrado também naqueles do terço inferior, sendo maior o número
de ovos que o de ácaros. Já nos ramos, o maior número de ovos e ácaros é
encontrado na parte distal, que é a parte verde dos ramos, onde estão as
folhas, e o menor número na parte do ramo que não apresenta folhas, ou no
interior das plantas (Gráfico 5B). De modo geral, o número de ovos é sempre

A B

Gráfico 5 - Número médio de espécimes de ácaro Brevipalpus phoenicis, em


todas as fases do desenvolvimento, em relação as partes da planta
onde foram coletados
FONTE: Reis (2002).
NOTA: A - Folha de cafeeiro; B - Ramo de cafeeiro.

Boletim Técnico, n.81, 2007

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Ácaros em cafeeiros 39

maior que o de ácaros. Os ramos apresentam o menor número de ovos e


ácaros, quando comparados às folhas e frutos. Esses resultados diferem em
parte daqueles encontrados em citros com a mesma espécie de ácaro
(MARTINELLI et al., 1976; OLIVEIRA, 1986; CHIAVEGATO; KHARFAN,
1993), onde a maior preferência é para frutos e ramos, e os locais menos
adequados são as folhas, porém é possível que as diferenças sejam devidas
ao tamanho dos ramos e frutos, muito maiores nos citros do que no cafeeiro,
e talvez a preferência também varie conforme a época do ano, ou seja, na
época de frutificação foi observado que os ácaros preferem os frutos de café
para oviposição.
Nas folhas e ramos, em relação à altura nas plantas e posições inter-
na e externa, a análise da distribuição espacial pelo Índice de Morisita
(MORISITA, 1962 citado por SILVEIRA NETO et al., 1976), mostra que o
B. phoenicis apresenta em cafeeiro uma distribuição agregada, ou em focos,
do tipo binomial negativa (Iδ > 1). A relação da variância e da média também
comprovou esse tipo de distribuição (σ2 > x). Nos frutos, apesar do Índice
de Morisita mostrar distribuição binomial negativa (Iδ > 1), o teste F não foi
significativo, e a relação da variância e da média mostrou distribuição regu-
lar, do tipo binomial (σ2 < x) (REIS et al., 2000b).

Dano

O primeiro tipo de dano relatado no cafeeiro, em função do ataque do


ácaro-plano ou da mancha-anular, foi a desfolha sofrida pelas plantas,
principalmente nas épocas mais secas do ano.
Além da queda de folhas, ocorre também uma redução na qualidade
do café, provavelmente em função da posterior ocorrência de fungos
associados às infestações do ácaro, que ocasionam fermentações indesejáveis
durante a secagem dos grãos de café. Após o ataque do ácaro, os frutos ficam
predispostos à penetração de microorganismos, como é o caso do fungo
Colletotrichum gloeosporioides Atk., que é comum ser encontrado em
condições saprofíticas em cafeeiro (REIS et al., 2000b) e por fungos de outros

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40 Ácaros em cafeeiros

gêneros como Fusarium, Penicillium, Cladosporium e Aspergillus também


correlacionados com a qualidade de bebida de café (ALVES; CASTRO, 1998;
SCAVANACHI; PATRÍCIO, 1998; CARVALHO; FIGUEIRA, 1998) (Fig. 9).
No Brasil, a qualidade do café é avaliada pelas características físicas
(aspecto e pureza) e pelo aroma da bebida (CARVALHO et al., 1994). Segundo
Amorim e Teixeira (1975), a bebida é o principal aspecto considerado na co-
mercialização do café, sendo que entre os cafés considerados finos e os de pior
qualidade pode haver uma desvalorização no preço do produto de até 30%.
Resultados obtidos de análise de compostos fenólicos totais, atividade
de polifenol oxidase e açúcares totais mostram maior teor de compostos
fenólicos no café com ataque do ácaro B. phoenicis e com sintomas da mancha-
anular (REIS; CHAGAS, 2001). Fato semelhante foi mostrado por Kennedy

Paulo Rebelles Reis

Figura 9 - Frutos de cafeeiro em adiantado estado de maturação apresentando


sintomas da mancha-anular e a presença de fungos diversos nas
lesões já deprimidas

Boletim Técnico, n.81, 2007

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Ácaros em cafeeiros 41

e Waterkeyn (1994) para ataque da mesma espécie de ácaro em folhas de chá


da Índia, Camellia sinensis (L.), somente pela análise visual em cortes
histológicos de folha. Sob microscópio, esses autores observaram o acúmulo
de compostos fenólicos no interior e entre células do mesófilo, substân-
cias produzidas devido à interação entre o ácaro e a planta (Fig. 10, 11 e 12).
A presença desses compostos no café foi observada por Carvalho et al. (1989)
em uma média de 8,37% de fenólicos totais nos frutos colhidos no estágio
de cereja e de 9,66% nos derriçados no pano, teores bem mais elevados que
os encontrados por Reis e Chagas (2001). Esses últimos autores justificam
que as diferenças podem ser em função de não ter havido frutos verdes e
semi-maduros nas amostras analisadas, os quais possuem maiores teores
destes compostos.
Segundo Amorim e Silva (1968), os compostos fenólicos, princi-
palmente os ácidos clorogênico e caféico, exercem uma ação protetora anti-
oxidante dos aldeídos. Quando há qualquer condição adversa aos grãos, ou

Figura 10 - Secção transversal de folha de chá apresentando as células normais


FONTE: Kennedy e Waterkeyn (1994).
NOTA: CA - Cristais de oxalato de cálcio; LC - Lacuna; LE - Epiderme inferior;
PP - Parênquima paliçádico; SC - Esclerênquima; SP - Parênquima espon-
joso; ST - Estômato; EU - Epiderme superior.

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42 Ácaros em cafeeiros

Figura 11 - Secção transversal de célula de folha de chá apresentando acúmulo


de compostos fenólicos após ataque inicial de Brevipalpus phoenicis
FONTE: Kennedy e Waterkeyn (1994).
NOTA: CA - Cristais de oxalato de cálcio; IC - Células infladas; LC - Lacuna;
LE - Epiderme inferior; PC - Células picadas; SC - Esclerênquima; SP - Pa-
rênquima esponjoso; ST - Estômato; EU - Epiderme superior.

seja, ataque de insetos, injúrias mecânicas, infecção por microorganismos,


colheita inadequada, problemas no processamento e armazenamento, as
polifenóis oxidases agem sobre os polifenóis diminuindo sua ação anti-
oxidante sobre os aldeídos, facilitando a oxidação destes, ao mesmo tempo
que produz quinonas, as quais agem como substrato inibidor da polifenol
oxidase. Por este motivo, os cafés de pior qualidade, ou seja, os que tiveram
seu sabor afetado por condições adversas, têm também baixa atividade de
polifenol oxidase. Carvalho e Chalfoun (1985) relataram que com a diminuição
dos compostos fenólicos há um decréscimo na adstringência do café, o que
é desejável para obtenção de cafés finos. Segundo Carvalho et al. (1994),
citando diversos autores, os fatores que tendem a melhorar a qualidade da
bebida de café proporcionam aumento na atividade de polifenol oxidase.
Os resultados obtidos por Reis e Chagas (2001) mostram menores
valores da atividade da polifenol oxidase e maior porcentagem de fenólicos

Boletim Técnico, n.81, 2007

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Ácaros em cafeeiros 43

Figura 12 - Secção transversal de célula de folha de chá apresentando acúmulo


de compostos fenólicos após severo ataque de Brevipalpus phoenicis
FONTE: Kennedy e Waterkeyn (1994).
NOTA: CA - Cristais de oxalato de cálcio; IC - Células infladas; LE - Epider-
me inferior; PC - Células picadas; SC - Esclerênquima; ST - Estômato;
EU - Epiderme superior.

totais nos grãos de café provenientes de frutos que exibiam sintoma da


mancha-anular. Comparando-se os resultados da atividade da polifenol
oxidase, obtidos por esses autores com os apresentados por Carvalho et al.
(1994), pode-se inferir que o café sofreu alteração na qualidade da bebida,
passando de bebida mole para dura, demonstrando que o ataque do ácaro e
conseqüentemente da mancha-anular é um fator que prejudica a qualidade
da bebida do café.
Foram também constatados por Reis e Chagas (2001) maiores teores
de açúcares totais na amostra de café com ácaro, teores que podem ter
favorecido a infecção por microorganismos nas lesões causadas pelo ataque
do ácaro. Conforme Carvalho (1997), esses microorganismos em seu desen-
volvimento produzem suas próprias enzimas que agem sobre os compostos
químicos da mucilagem, principalmente sobre os açúcares, produzindo
álcool, que se desdobra em ácido acético, láctico, butírico e outros ácidos

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44 Ácaros em cafeeiros

carboxílicos superiores. Ao iniciar a produção de ácido butírico, começa a


haver prejuízo na qualidade do café.
Os carboidratos podem contribuir para o sabor e aroma do café,
conforme cita Amorim (1972), o qual observou, no entanto, que esses com-
ponentes não são utilizados como critérios na classificação atualmente em
uso para determinar a qualidade da bebida.
Com base nos resultados e na literatura anteriormente menciona-
dos, Reis e Chagas (2001) concluem que o ataque do ácaro B. phoenicis e da
mancha-anular, em frutos de café, é um fator que altera para pior a qualida-
de da bebida.

Controle do ácaro da mancha-anular

Será discutido o controle do B. phoenicis com produtos fitossanitá-


rios seletivos em favor do controle biológico, propiciando o manejo integrado
do ácaro.

Controle biológico

Estudando a flutuação populacional do ácaro da mancha-anular do


cafeeiro, durante três anos, Reis et al. (2000a) constataram também a ocorrência
de inimigos naturais, como ácaros predadores pertencentes às famílias
Phytoseiidae (mais comum e mais estudada), Stigmaeidae e Bdellidae. Entre
os fitoseídeos, a espécie Euseius alatus DeLeon, 1966 foi a mais abundante
com cerca de 58% de ocorrência, seguida de Amblyseius herbicolus (Chant,
1959) com 33,6%, Amblyseius compositus Denmark e Muma, 1973 com
6,9% e Iphiseiodes zuluagai Denmark e Muma, 1972 com 1,5% do total de
ácaros predadores encontrados dessa família. Considerando somente as duas
espécies mais encontradas, a proporção de ocorrência foi de 63% para
E. alatus e de 37% para A. herbicolus, sendo que a primeira espécie, de
maneira geral, ocorreu em maior quantidade nos períodos mais úmidos do
ano e a segunda nos mais secos (Gráfico 6 e Fig. 13).

Boletim Técnico, n.81, 2007

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Ácaros em cafeeiros 45

Gráfico 6 - Proporção entre a ocorrência de Euseius alatus e Amblyseius herbicolus


em folhas de cafeeiro. Ijaci / Lavras, setembro de 1997 a dezembro de
2000
FONTE: Reis (2002).

Paulo Rebelles Reis

Figura 13 - Ácaro predador Amblyseius herbicolus (Phytoseiidae) predando o ácaro


da mancha-anular do cafeeiro Brevipalpus phoenicis

Boletim Técnico, n.81, 2007

textoa ACAROS.P65 45 15/06/2007, 13:31


46 Ácaros em cafeeiros

As espécies de fitoseídeos podem ser diferentes em distintas regiões,


principalmente em função das condições climáticas.
Reis et al. (2000c), com o uso de bioensaios realizados em arenas com
3 cm de diâmetro, confeccionadas com folhas de cafeeiro e flutuando em água,
estudaram as fases do ácaro da mancha-anular quanto à preferência pelos
diversos estágios do desenvolvimento dos ácaros predadores E. alatus e
I. zuluagai. Os experimentos foram conduzidos em laboratório a 25 ± 2ºC,
70 ± 10% de UR e 14 horas de fotofase. A fase em que o ácaro vetor da
mancha-anular do cafeeiro foi mais predado foi a de larva, seguida pela de
ovo e ninfa, e a fase adulta foi pouco predada. De modo geral, a fase mais
agressiva dos predadores foi a de fêmea adulta, seguida pela de ninfa, e a
fase de larva foi a menos eficiente na predação.
As médias de predação de E. alatus e I. zuluagai para as diferentes
fases do B. phoenicis foram respectivamente: larva (79% e 90%) > ovo (47%
e 83%) > ninfa (40% e 77%) > adulto (1% e 18%), o que demonstra que
I. zuluagai mostrou maior atividade predatória que E. alatus (Gráfico 7).
Através dessa pesquisa, Reis et al. (2000c) concluíram que os ácaros predadores
E. alatus e I. zuluagai, entre outros fitoseídeos, são de grande importância
para a cultura do cafeeiro, pois demonstraram alto potencial para predação
do ácaro-praga B. phoenicis, vetor do vírus da mancha-anular, devendo ser
preservados, inicialmente, pelo método da conservação, com o uso, quando
necessário, de produtos fitossanitários seletivos (REIS et al., 1998ab; 1999)
para o controle do ácaro da mancha-anular.

Manejo do ácaro da mancha-anular

Até que se tenham mais informações da pesquisa, sugere-se que o


controle do ácaro da mancha-anular seja realizado em função da incidência
da doença no ano anterior e não do número de ácaros. Caso seja constatada
a incidência da mancha-anular em um cafezal, recomenda-se o controle do
ácaro, que é o seu vetor, através de duas aplicações de acaricidas (Quadro 8),
em especial aqueles seletivos aos ácaros predadores. A primeira aplicação
deve ser feita após a colheita dos frutos, época em que o cafeeiro fica mais

Boletim Técnico, n.81, 2007

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Ácaros em cafeeiros 47

A B

Gráfico 7 - Porcentagem de predação de Brevipalpus phoenicis, em suas dife-


rentes fases do desenvolvimento, por larva, ninfa e adulto (macho e
fêmea) dos ácaros predadores
FONTE: Reis (2002).
NOTA: A - Euseius alatus; B - Iphiseiodes zuluagai (Phytoseiidae)

Quadro 8 - Produtos indicados para uso no controle do ácaro Brevipalpus phoenicis em


cafeeiro

Nome Classe
(1) (2)
Dosagem/ Formu- Classi- Seleti- Grupo
ha lação ficação vidade químico
Comercial Técnico
toxico- fisioló-
lógica gica

Caligur Azocyclotin 750 mL SC II NS Organoestânico


Envidor Spirodiclofen 300 mL SC III S Ketoenoles
Meothrin Fenpropathrin 400 mL EC I NS Éster piretróide
Peropal Azocyclotin 1.500 g PM I NS Organoestânico
Sipcatin Cyhexatin 600 mL SC III NS Organoestânico
(1) Classificação toxicológica: I - Extremamente tóxico; II - Altamente tóxico; III - Me-
dianamente tóxico; IV - Pouco tóxico. (2) Seletividade fisiológica à Phytoseiidae: S - Seleti-
vo; NS - Não seletivo.

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48 Ácaros em cafeeiros

desfolhado, o que facilita a penetração dos produtos nas partes mais internas
das plantas. A segunda aplicação deve ser feita logo após o aparecimento
dos frutos no estágio de chumbinho, pois os ácaros, nessa época, se dirigem
para os frutos para se alimentar e colocar ovos na região da coroa, ficando
assim mais expostos aos produtos. Amostragens da incidência da mancha-
anular, para efeito de controle, serão mais representativas se forem feitas em
frutos do terço inferior e folhas mais internas do terço inferior das plantas
(REIS et al., 2000b). Constituem-se também as partes das plantas que devem
ser alvo de produtos fitossanitários, ou seja, o equipamento a ser utiliza-
do deve proporcionar um depósito dos produtos nas partes interiores das
plantas, principalmente dos terços inferior e médio. O volume de água a ser
utilizado não deve ser menor do que 800 litros por hectare. É altamente
recomendável a rotação no uso de produtos fitossanitários, com base no
grupo químico e modo de ação, a fim de retardar e mesmo evitar o apare-
cimento de resistência do ácaro aos mesmos.
O ácaro da mancha-anular ou ácaro-plano, B. phoenicis, adquiriu
status de praga em cafeeiro por veicular o vírus da mancha-anular. Ocorre
durante o ano todo, porém apresenta maior população nos períodos mais
secos do ano, onde seu monitoramento deve ser acentuado.
Devido à maior quantidade de ovos presentes nos frutos (Gráfico 8) e
ramos, em relação às demais fases do desenvolvimento, o uso de produtos
fitossanitários com ação ovicida aumenta a eficiência de controle do ácaro.
Os ácaros predadores, de significativa presença, devem ser preservados,
inicialmente com o uso de produtos seletivos (REIS et al., 2006), favorecendo
assim o manejo integrado do ácaro da mancha-anular.

ÁCARO-BRANCO Polyphagotarsonemus latus (Banks, 1904)


(ACARI: TARSONEMIDAE)

Descrição e aspectos biológicos

O ácaro P. latus é polífago ou heterófago, atacando dentre outras


culturas o cafeeiro, o algodoeiro, o feijoeiro, o mamoeiro, a seringueira etc.

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Ácaros em cafeeiros 49

Gráfico 8 - Número médio de ovos e de ácaros Brevipalpus phoenicis nas demais


fases do desenvolvimento, por fruto de cafeeiro, em relação às partes
da planta onde foram coletados
FONTE: Reis (2002).

Além de ácaro-branco, recebe outros nomes, alguns vulgares como: ácaro


tropical, ácaro do chapéu do mamoeiro, ácaro das rasgaduras das folhas,
ácaro do bronzeamento das folhas etc. (REIS, 1974).
É muito pequeno, não sendo visto facilmente sem o auxilio de lentes
de aumento. Somente é notado quando as plantas atacadas apresentam
sintomas típicos. Os ovos são característicos por apresentarem protuberân-
cias de cor branca em toda a superfície (Fig. 14).
Os machos são menores que as fêmeas e de corpo estreito, com a
extremidade afilada; apresentam quatro pares de pernas, sendo que o quarto
par não é usado na locomoção, permanecendo estendido para trás e servindo
de órgãos sexuais auxiliares (Fig. 15).

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50 Ácaros em cafeeiros

Paulo Rebelles Reis


Figura 14 - Fêmea adulta (em cima) e ovo (em baixo) do ácaro-branco,
Polyphagotarsomemus latus

Figura 15 - Desenho da fêmea (esquerda) e macho (direita) do ácaro-branco,


Polyphagotarsomemus latus
FONTE: Flechtmann e Abreu (1973).

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Ácaros em cafeeiros 51

Os machos são mais ativos que as fêmeas, têm pernas mais compridas
e são comumente vistos carregando as pupas (fêmea farata) (Fig. 16), hábito
que auxilia a disseminação da praga e garante a propagação da espécie, pois
as fêmeas, logo que se tornam adultas, são copuladas.

Paulo Rebelles Reis


Figura 16 - Macho do ácaro-branco, Polyphagotarsomemus latus, carregando a
pupa (fêmea farata) da fêmea com auxílio da papila genital e do
quarto par de pernas

Localizam-se de preferência nos tecidos novos das plantas, abrigando-


se dos raios solares na página inferior das folhas, onde realizam o ataque.
Foi relatado por Chiavegato et al. (1974) atacando cafeeiros no estado
do Espírito Santo e atualmente já tem sido encontrado atacando cafeeiros
em outros Estados.

Dano

Atacam as folhas e ramos dos ponteiros, que em ataques intensos,


passam a apresentar os sintomas característicos do ataque de P. latus, ou

Boletim Técnico, n.81, 2007

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52 Ácaros em cafeeiros

seja, folhas novas que se enrolam e secam ou permanecem rudimentares,


podendo apresentar rasgaduras. Esses sintomas são semelhantes ao excesso
de zinco nas folhas. Ainda não se sabe se é praga de importância econômica
para o cafeeiro. Em viveiros, devido às condições de umidade serem maiores
e favoráveis ao ácaro, há necessidade de controle, caso contrário ocorre
deformação nas folhas e atraso no desenvolvimento das mudas (Fig. 17).

Paulo Rebelles Reis

Figura 17 - Sintoma de ataque do ácaro-branco Polyphagotarsomemus latus em


folhas de muda de cafeeiro

Controle

Se ocorrer grande área infestada pelo ácaro-branco, o controle po-


de ser feito utilizando-se acaricidas específicos ou enxofre. O endosulfan a
35% CE, na dosagem de 1,5 a 2,0/ha, que é usado para o controle da broca,
também apresenta eficiência no controle desse ácaro.

Boletim Técnico, n.81, 2007

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Ácaros em cafeeiros 53

ÁCAROS EM DOMÁCIAS FOLIARES DE CAFEEIROS

Domácias foliares são pequenas estruturas existentes na superfície


inferior das folhas (superfície abaxial) situadas nas junções das nervuras
formadas no ângulo menor entre a nervura central e as nervuras secundárias
de certas espécies de dicotiledôneas (raramente em monocotiledôneas).
Domácias ocorrem em várias espécies de mais de 30 famílias de
angiospermas lenhosas em todo o mundo, tendo ocorrência abundante em
espécies vegetais de florestas tropicais e subtropicais. Essas estruturas foliares
podem variar na quantidade, desenvolvimento e formato de acordo com as
condições ambientais.
As domácias apresentam diversas formas, como tufos de pêlos, bolsas
(com ou sem pêlos) etc. O termo domácia ou acarodomácia foi usado pela
primeira vez, há 120 anos, pelo sueco Lundström (1887), citado por Matos
et al. (2006ab), após observações de que essas estruturas serviam de abrigo e
morada para ácaros (do grego domatium = casa pequena). Embora alguns
autores (entre eles a maioria dos botânicos) considerem que as domácias
foliares são úteis apenas como características morfológicas e de interesse
apenas taxonômico, pois não são conhecidas funções fisiológicas para elas
(NAKAMURA et al., 1992 citados por MATOS et al., 2006ab), outros sugerem
que essas estruturas abrigam ácaros que promovem benefícios para as plantas.
Algumas evidências demonstram a existência de mutualismo entre
plantas que apresentam domácias foliares e ácaros, como por exemplo:
a) a ocorrência de ácaros dentro das domácias;
b) a presença de domácias aumentam a chance de serem encontrados
ácaros;
c) a atividade dos ácaros aumentam as chances de encontrar plantas
com domácias. A observação do aparecimento de ácaros predado-
res dentro e ao redor das domácias, em inúmeras plantas, permite
considerar a possibilidade de existir mutualismo facultativo entre
ácaros e domácias.

Boletim Técnico, n.81, 2007

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54 Ácaros em cafeeiros

As domácias podem, então, representar a forma de mutualismo mais


abundante e antiga, e amplamente distribuída entre plantas e artrópodes
(O’DOWD; WILLSON, 1997).
Pesquisas têm mostrado que existem interações entre algumas
características morfológicas das plantas, como tricomas, pilosidade, domácias
etc., e agentes de controle biológico de pragas, os quais podem influenciar
de algum modo, na capacidade desses organismos de controle biológico em
reduzir populações de fitófagos (MESSINA; HANKS, 1998; DICKE, 1999;
MICHALSKA, 2003 citados por MATOS et al., 2006ab).
Os resultados da pesquisa de Pemberton e Turner (1989) permiti-
ram a esses autores concluírem que existe um amplo mutualismo facultativo
entre domácias e ácaros benéficos (predadores e fungívoros), no qual as
domácias foliares servem de abrigo e criatório, os quais por sua vez redu-
zem o número de artrópodes fitófagos e organismos patogênicos que se
encontram nas plantas. Esses autores relatam a presença de Tydeus sp.
(Tydeidae), Agistemus sp. (Stigmaeidae), Typhlodromus haramotoi (Prasad,
1968) (Phytoseiidae) em domácias de folhas de cafeeiro Coffea arabica L., e
Bdella sp. (Bdellidae) e Amblyseius herbicolus (Chant, 1959) (Phytoseiidae)
em Coffea liberica Bull.
As domácias também podem abrigar ácaros microbiófagos, ou seja,
que se alimentam de “micróbios” e assim favorecem as plantas, consumindo
fungos fitopatogênicos ou epífitos, resultando na redução da severidade de
doenças de plantas como, por exemplo, o míldio (ANDRÉ, 1939; NORTON
et al., 2000).
Ácaros podem ser observados em domácias de diversas espécies de
plantas, o que sugere que os ácaros encontram ali o seu alimento. Porém,
pode não ser a regra, pois muitas pesquisas rejeitam a hipótese de que exista
mutualismo entre ácaros e domácias, porque estas nem sempre contêm áca-
ros. Há domácias com completa ausência de desenvolvimento de ácaros em
seu interior, e também há insuficiência de informações sobre associações de
ácaro e domácia (PEMBERTOM; TURNER, 1989).

Boletim Técnico, n.81, 2007

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Ácaros em cafeeiros 55

Um benefício potencial que as plantas adquirem é que os ácaros podem


funcionar como "guarda-costas" (ácaros predadores) contra ácaros fitófagos
(WALTER, 1996). Alguns ácaros fitófagos podem trazer sérios problemas
para a saúde das plantas, mas eles têm numerosos inimigos naturais,
especialmente pertencentes à família Phytoseiidae de ácaros predadores.
Além de ácaros, ocasionalmente, as domácias foliares também podem
abrigar pequenos insetos como tripes e ninfas de percevejos, possivelmente
também predadores, e cochonilhas.
Ácaros predadores, que se alimentam de material em decomposição,
fungos (fungívoros) ou outros micróbios, representam 90% dos artrópodes
encontrados dentro das domácias foliares. Nenhum é considerado prejudi-
cial para a planta, todos são considerados benéficos. Os primeiros por serem
inimigos naturais de ácaros e pequenos insetos e os fungívoros por auxilia-
rem na redução de patógenos e na mobilização de nutrientes seqüestrados
pelos fungos, algas, bactérias, leveduras, liquens etc.
Marchand (1864), citado por André (1939), já havia observado
"pequenos animais octópodes articulados e seus ovos" (hoje sabemos que
são ácaros) no interior de pequenas cavidades existentes nos ângulos de
união entre a nervura mediana e as secundárias de C. arabica (hoje chama-
das domácias). Elas são invaginações ou pequenas cavidades naturais da
folha existentes na superfície inferior, desde a base do limbo até aproxima-
damente 2/3 do comprimento da folha (BARROS, 1961; O’DOWD, 1994),
cujas aberturas se encontram nos pontos de ramificação da nervura principal
(Fig. 18), e dentro delas podem ser encontrados ácaros fungívoros, fitófagos
(Fig. 19), predadores (Fig. 20), entre outros (Quadro 9).
Os Tydeidae e Iolinidae, provavelmente, são os mais encontrados nas
domácias e por esse motivo são comumente chamados de ácaros-das-
domácias, ácaros que servem de alimento aos ácaros predadores, mesmo
que como alimento alternativo. Segundo Flechtmann (1967), os tideídeos
são encontrados em cafeeiros em qualquer época do ano, porém, aparen-
temente sem causar nenhum dano.

Boletim Técnico, n.81, 2007

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56 Ácaros em cafeeiros

Paulo Rebelles Reis


Figura 18 - Superfície inferior de folha de cafeeiro, Coffea arabica, exibindo do-
mácias nos ângulos menores entre a nervura central e as nervuras
secundárias

Paulo Rebelles Reis

Figura 19 - Fêmea adulta de Brevipalpus phoenicis (Tenuipalpidae) dentro da


domácia (esquerda) e saindo da domácia foliar de cafeeiro, Coffea
arabica (direita)

Boletim Técnico, n.81, 2007

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Ácaros em cafeeiros 57

Paulo Rebelles Reis


Figura 20 - Fêmea adulta de Iphiseiodes zuluagai (Phytoseiidae) após depo-
sitar um ovo dentro da domácia foliar de cafeeiro, Coffea arabica
(esquerda), e larva de ácaro da mesma espécie dentro da domá-
cia (direita)

QUADRO 9 - Ácaros encontrados em domácias de folhas de cafeeiro (continua)

Espécies Famílias Fonte

– Iolinidae Spongoski et al. (2005)

Agistemus brasiliensis Matioli, Stigmaeidae Mineiro et al. (2006)


Ueckermann & Oliveira

Amblyseius aerialis (Muma) Phytoseiidae Mineiro et al. (2006)

Bdella sp. Bdellidae Mineiro et al. (2006)

Brevipalpus phoenicis (Geijskes) Tenuipalpidae Mineiro et al. (2006)

Daidalotarsonemus sp. Tarsonemidae Mineiro et al. (2006)

Euseius citrifolius Denmark & Muma Phytoseiidae Spongoski et al. (2005)

Mineiro et al. (2006)

Euseius concordis (Chant) Phytoseiidae Mineiro et al. (2006)

Homeopronematus sp. Iolinidae Mineiro et al. (2006)

Boletim Técnico, n.81, 2007

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58 Ácaros em cafeeiros

(conclusão)

Espécies Famílias Fonte

Iphiseiodes zuluagai Denmark & Muma Phytoseiidae Matos et al. (2006b)

Lorrya formosa Cooreman Tydeidae Spongoski et al. (2005)


Mineiro et al. (2006)

Lorrya sp. Tydeidae Spongoski et al. (2005)


Mineiro et al. (2006)

Oligonychus ilicis (McGregor) Tetranychidae Mineiro et al. (2006)

Parapronematus acaciae Iolinidae Spongoski et al. (2005)

Saproglyphus sp. Winterschmidtiidae Mineiro et al. (2006)

Spinibdella sp. Bdellidae Mineiro et al. (2006)

Tarsonemus confusus Ewing Tarsonemidae Spongoski et al. (2005)

Tarsonemus sp. Tarsonemidae Mineiro et al. (2006)

Triophtydeus sp. Meyexellidae Mineiro et al. (2006)

Typhlodromus camelliae (Chant & Phytoseiidae Mineiro et al. (2006)


Yoshida-Shaul)

Tyrophagus sp. Acaridae Mineiro et al. (2006)

Zetzellia malvinae Matioli, Ueckermann Stigmaeidae Mineiro et al. (2006)


& Oliveira

Zetzellia sp. Stigmaeidae Spongoski et al. (2005)

O cafeeiro da espécie C. arabica apresenta muitas domácias desen-


volvidas e o da espécie C. canephora apresenta poucas e incipientes domá-
cias (MATOS et al. 2005 citados por MATOS et al., 2006ab).
As domácias servem de abrigo e local de oviposição para o ácaro
predador I. zuluagai (Phytoseiidae), indicando a importância das domácias

Boletim Técnico, n.81, 2007

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Ácaros em cafeeiros 59

como fonte de sua sobrevivência, sugerindo uma interação mutualística


planta-predador (MATOS et al., 2004) e certamente para outras espécies
também encontradas em cafeeiro.
Segundo Matos et al. (2006b), C. arabica apresenta cerca de 1,7 vezes
mais domácias que C. canephora. Pallini et al. (2006), e Matos et al. (2006b),
trabalhando com as duas espécies de cafeeiros, mostraram que o C. arabica
apresenta cerca de 8 vezes mais ácaros predadores I. zuluagai e até cerca de
0,7 vezes menos ácaros-praga (B. phoenicis e O. ilicis) do que C. canephora
e inferem que isso deve ser devido ao efeito positivo da domácia sobre os
predadores.
As domácias também reduzem, em C. arabica, o canibalismo do áca-
ro predador adulto de I. zuluagai sobre os jovens de sua própria espécie
(Ferreira et al., 2006), um fator também favorável ao aumento da população
do predador.
Tudo indica que o benefício mais óbvio de uma domácia foliar ao
ácaro predador é o de oferecer proteção e abrigo, especialmente como local
para colocar seus ovos e efetuar a mudança de estágio (muda) de desen-
volvimento. Diversos estudos têm demonstrado o uso de domácias por
Phytoseiidae preferencialmente para oviposição e muda. Em condições de
campo, mais de 75% de todos os ovos postos por fitoseídeos foram
encontrados dentro das domácias. Ensaios de laboratório demonstraram que
as domácias foliares protegem os ovos do efeito da baixa umidade e, na
presença de domácias, um ácaro predador coloca duas vezes mais ovos que
na sua ausência.
Somente a partir da década de 90 é que a resposta dos ácaros à
arquitetura das plantas tem sido considerada, mas é claro que as estruturas
porventura existentes na superfície foliar alteram a abundância de ácaros,
influenciam as interações predador-presa e são importantes para o enten-
dimento do relacionamento entre ácaros plantícolas e plantas. No Qua-
dro 10 estão relacionadas espécies de ácaros relatadas em cafeeiros no
Brasil.

Boletim Técnico, n.81, 2007

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60 Ácaros em cafeeiros

QUADRO 10 - Espécies de ácaros já relatadas em cafeeiros no Brasil (continua)

Espécies Famílias Fonte

– Acaridae Mendonça et al. (1999)


Spongoski et al. (2005)

– Anystidae Mineiro et al. (2006)

– Ascidae Pallini Filho et al. (1992)


Mendonça et al. (1999)

– Cunaxidae Pallini Filho et al. (1992)


Mendonça et al. (1999)

– Diptillomiopidae Mineiro et al. (2006)

– Ereynetidae Mineiro et al. (2006)

– Eriophyoidea Mineiro et al. (2006)

– Iolinidae Spongoski et al. (2005)

– Oribatida Spongoski et al. (2005)

– Parasitidae Mineiro et al. (2006)

– Phyllocoptinae Mineiro et al. (2006)

– Pygmephoridae Mineiro et al. (2006)

– Saproglyphidae Pallini Filho et al. (1992)


Mendonça et al. (1999)

– Uropodidae Mineiro et al. (2006)

Aceodromus convolvuli Muma Ascidae Mineiro et al. (2006)

Agistemus sp. Stigmaeidae Reis et al. (2000b)

Agistemus brasiliensis Matioli, Stigmaeidae Mineiro et al. (2006)


Ueckerman & Oliveira

Boletim Técnico, n.81, 2007

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Ácaros em cafeeiros 61

(continua)

Espécies Famílias Fonte

Amblyseiella setosa Muma Phytoseiidae Mineiro et al. (2006)

Amblyseius aerialis (Muma) Phytoseiidae Mineiro et al. (2006)

Amblyseius curiosus (Chant & Baker) Phytoseiidae Mineiro et al. (2006)

Amblyseius chiapensis DeLeon Phytoseiidae Mendonça et al. (1999)

Amblyseius sp. Phytoseiidae Mendonça et al. (1999)


Phytoseiidae Mineiro et al. (2006)

Amblyseius herbicolus (Chant) Phytoseiidae Pallini Filho et al. (1992)


Mendonça et al. (1999)
Reis et al. (2000a)
Spongoski et al. (2005)
Mineiro et al. (2006)

Amblyseius compositus Denmark Phytoseiidae Reis et al. (2000a)


& Muma

Androlaelaps sp. Laelapidae Mineiro et al. (2006)

Aponychus sp. Tetranychidae Mineiro et al. (2006)

Armascirus sp. Cunaxidae Mineiro et al. (2006)

Asca sp. Ascidae Spongoski et al. (2005)


Mineiro et al. (2006)

Bdella sp. Bdellidae Pallini Filho et al. (1992)


Mendonça et al. (1999)
Reis et al. (2000a)
Spongoski et al. (2005)
Mineiro et al. (2006)

Boletim Técnico, n.81, 2007

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62 Ácaros em cafeeiros

(continua)

Espécies Famílias Fonte

Brevipalpus phoenicis (Geijskes) Tenuipalpidae Amaral (1951)


Pallini Filho et al. (1992)
Mendonça et al. (1999)
Reis et al. (2000a)
Spongoski et al. (2005)
Mineiro et al. (2006)

Blattisocius tarsalis Berlese Ascidae Mineiro et al. (2006)

Blattisocius sp.

Catarhinus sp. Eriophyidae Mineiro et al. (2006)

Cheletomimus sp. Cheyletidae Mineiro et al. (2006)

Cheyletus sp.

Chiapocheyletus sp.

Cosmochthonius sp. Cosmochthoniidae Mineiro et al. (2006)

Czenspinskia sp. Winterschimidtiidae Mineiro et al. (2006)

Dactyloscirus sp. Cunaxidae Mineiro et al. (2006)

Daidalotarsonemus sp. Tarsonemidae Spongoski et al. (2005)


Mineiro et al. (2006)

Eotetranychus sp. Tetranychidae Mineiro et al. (2006)

Eutetranychus banksi (McGregor) Tetranychidae Mineiro et al. (2006)

Eucheyletia sp. Cheyletidae Mineiro et al. (2006)

Eupalopsellus sp. Eupalopsellide Mineiro et al. (2006)

Boletim Técnico, n.81, 2007

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Ácaros em cafeeiros 63

(continua)

Espécies Famílias Fonte

Eupodes sp. Eupodidae Mineiro et al. (2006)

Euseius alatus DeLeon Phytoseiidae Moraes e McMurtry (1983)


Pallini Filho et al. (1992)
Mendonça et al. (1999)
Reis et al. (2000a)

Euseius citrifolius Denmark & Phytoseiidae Pallini Filho et al. (1992)


Muma Mendonça et al. (1999)
Spongoski et al. (2005)
Mineiro et al. (2006)

Euseius concordis (Chant) Phytoseiidae Flechtmann (1967)


Pallini Filho et al. (1992)
Mendonça et al. (1999)
Spongoski et al. (2005)
Mineiro et al. (2006)

Eriophyes sp. Eriophyidae Mineiro et al. (2006)

Exothorhis sp. Eupalopsellidae Mineiro et al. (2006)

Fungitarsonemus sp. Tarsonemidae Spongoski et al. (2005)


Mineiro et al. (2006)

Fungitarsonemus aff. pulvirosus Tarsonemidae Pallini Filho et al. (1992)


Attiah Mendonça et al. (1999)

Galendromus annectens (DeLeon) Phytoseiidae Pallini Filho et al. (1992)


Mendonça et al. (1999)

Gamasellodes sp. Ascidae Mineiro et al. (2006)

Boletim Técnico, n.81, 2007

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64 Ácaros em cafeeiros

(continua)

Espécies Famílias Fonte

Grallacheles sp. Cheyletidae Mineiro et al. (2006)

Haplochthonius sp. Haplochthoniidae Mineiro et al. (2006)

Hemicheyletia sp. Cheyletidae Mineiro et al. (2006)

Homeopronematus sp. Tydeidae Mineiro et al. (2006)

Iphiseiodes zuluagai Denmark & Phytoseiidae Flechtmann (1967)


Muma Pallini Filho et al. (1992)
Mendonça et al. (1999)
Reis et al. (2000a)

Lasioseius sp. Ascidae Mineiro et al. (2006)

Leioseius sp. Ascidae Mineiro et al. (2006)

Lorrya sp. Tydeidae Spongoski et al. (2005)


Mineiro et al. (2006)

Lorrya formosa Cooreman Tydeidae Pallini Filho et al. (1992)


Mendonça et al. (1999)
Spongoski et al. (2005)
Mineiro et al. (2006)

Macrocheles sp. Macrochelidae Mineiro et al. (2006)


Metaseiulus aff. cornus (DeLeon) Phytoseiidae Mineiro et al. (2006)

Metaseiulus camelliae (Chant & Phytoseiidae Mineiro (2006)


Yoshida-Shaul)

Mochloribotula sp. Mochloribotulidae Mineiro et al. (2006)

Mononychellus sp. Tetranychidae Mineiro et al. (2006)

Boletim Técnico, n.81, 2007

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Ácaros em cafeeiros 65

(continua)

Espécies Famílias Fonte

Nanorchestes sp. Nanorchestidae Mineiro et al. (2006)

Neoseiulus barkeri Hughes Phytoseiidae Mineiro et al. (2006)

Neoseiulus mumai Denmark Phytoseiidae Mineiro et al. (2006)

Neoseiulus transversus Denmark & Phytoseiidae Mineiro et al. (2006)


Muma

Neotetranychus sp. Tetranychidae Mineiro et al. (2006)

Neotydeus sp. Paratydeidae Mineiro et al. (2006)

Oligonychus sp. Tetranychidae Spongoski et al. (2005)


Mineiro et al. (2006)

Oligonychus ilicis (McGregor) Tetranychidae Amaral (1951)


Calza; Sauer (1952)
Pallini Filho et al. (1992)
Mendonça et al. (1999)
Spongoski et al. (2005)
Mineiro et al. (2006)

Oripoda sp. Oripodidae Mineiro et al. (2006)


Pipnodus sp. Oripodidae Mineiro et al. (2006)

Paracheyletia aff. wellsi (Baker) Cheyletidae Pallini Filho et al. (1992)


Mendonça et al. (1999)

Parapronematus sp. Tydeidae Pallini Filho et al. (1992)


(Iolinidae) Mendonça et al. (1999)

Parapronematus acaciae Baker Tydeidae Mineiro et al. (2006)


(Iolinidae)

Boletim Técnico, n.81, 2007

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66 Ácaros em cafeeiros

(continua)

Espécies Famílias Fonte

Petrobia sp. Tetranychidae Mineiro et al. (2006)

Phytoseiulus macropilis (Banks) Phytoseiidae Mineiro et al. (2006)

Phyllocoptruta sp. Eriophyidae Mineiro et al. (2006)

Phytonemus sp. Tarsonemidae Spongoski et al. (2005)

Polyphagotarsonemus latus (Banks) Tarsonemidae Chiavegato et al. (1974)


Reis; Souza (1986)

Pretydeus sp. Tydeidae Mineiro et al. (2006)

Proctolaelaps sp. Ascidae Mineiro et al. (2006)

Proprioseiopsis dominigos Phytoseiidae Pallini Filho et al. (1992)


(El-Banhawy) Mendonça et al. (1999)
Mineiro et al. (2006)

Prosocheyla sp. Cheyletidae Mineiro et al. (2006)

Pseudoparasitus sp. Laelapidae Mineiro et al. (2006)

Pyroglyphus sp. Pyrogliphidae Mineiro et al. (2006)

Raphignathus sp. Raphignatidae Mineiro et al. (2006)

Saproglyphus sp. Winterschmidtiidae Mineiro et al. (2006)

Scolotydeus sp. Paratydeidae Mineiro et al. (2006)

Speleorchestes sp. Nanorchestidae Mineiro et al. (2006)

Spinibdella sp. Bdellidae Mineiro et al. (2006)

Steneotarsonemus sp. Tarsonemidae Mineiro et al. (2006)

Tanytydeus sp. Paratydeidae Mineiro et al. (2006)

Boletim Técnico, n.81, 2007

textoa ACAROS.P65 66 15/06/2007, 13:31


Ácaros em cafeeiros 67

(conclusão)

Espécies Famílias Fonte

Tarsonemus sp. Tarsonemidae Spongoski et al. (2005)


Mineiro et al. (2006)

Tarsonemus confusus Ewing Tarsonemidae Spongoski et al. (2005)

Tenuipalpus sp. Tenuipalpidae Mineiro et al. (2006)

Tetranychus sp. Tetranychidae Mineiro et al. (2006)

Triophtydeus sp. Meyerellidae Mineiro et al. (2006)

Tydeus aff. costensis Baker Tydeidae Mineiro et al. (2006)

Tydeus (Tydeus) sp. Tydeidae Pallini Filho et al. (1992)


Mendonça et al. (1999)

Typhlodromina sp. Phytoseiidae Pallini Filho et al. (1992)


Mendonça et al. (1999)
Mineiro et al. (2006)

Typhlodromus sp. Phytoseiidae Mineiro et al. (2006)

Typhlodromus transvaalensis Phytoseiidae Mineiro et al. (2006)


(Nesbitt)

Tyrophagus sp. Acaridae Mineiro et al. (2006)

Ununguitarsonemus sp. Tarsonemidae Mineiro et al. (2006)

Zetzellia sp. Stigmaeidae Pallini Filho et al. (1992)


Mendonça et al. (1999)
Spongoski et al. (2005)

Zetzellia malvinae Matioli, Stigmaeidae Mineiro et al. (2006)


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