Historia Do Coco PDF
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INSTITUTO DE FLORESTAS
DISSERTAÇÃO
2017
i
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE FLORESTAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS
AMBIENTAIS E FLORESTAIS
Seropédica, RJ
Fevereiro/201
ii
iii
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE FLORESTAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FLORESTAIS E
AMBIENTAIS
Dissertação submetida como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Ciências
no Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais e Ambientais, Área de Concentração
em Ciência e Tecnologia de Produtos Florestais.
iv
Dedico essa dissertação a Joaquim Morbeck, meu filho amado e aos meus pais
Fernando Morbeck e Dulce Maria Morbeck, meus heróis.
v
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus e aos meus guias, por toda luz posta nessa jornada, por sempre ser
meu amparo, fonte de gratidão e fé.
Aos meus pais, Fernando Morbeck e Dulce Maria Morbeck, por sempre estarem ao
meu lado, apoiando e cuidando com todo amor e carinho, amo muito vocês.
A Joaquim Morbeck, meu filho amado, que apesar da idade, compreendeu as minhas
ausências, minha fonte de amor maior.
A meus avós, em especial a vó Benedicta Morbeck, por sempre está em oração por
mim, mesmo longe sempre presente.
Aos meus familiares tias e primos que sempre ficaram na torcida, em especial tia
Maria Raimunda Lago, com suas ligações inusitadas, sempre me dando força e minha prima
Alice Morbeck, sempre disposta a ouvir e aconselhar, muito amor e gratidão.
Ao anjo José Carlos Batista, por sempre ajudar e acreditar mesmo no meu trabalho, e a
toda equipe do Laboratório de Química da Madeira, Bruno, Carlos Henrique Gonçalves,
Danielle Sampaio, Gisele Oliveira, Monique Gurgel.
Ao meu orientador Heber dos Santo Abreu (in memoriam), pela confiança depositada,
antes mesmo de me conhecer, foi breve nossa convivência, mas muito especial, minha
gratidão e carinho eterno, muito orgulho por fazer parte de sua equipe.
Ao meu orientador Roberto Carlos Lelis, por confiar em me orientar, escutar e ajudar,
com toda calma e serenidade, gratidão e admiração eterna.
A minha amiga Maria Vanessa, companheira dedicada, por sempre estar disposta, me
apoiando até nas ideias mais controversas, obrigada por ser meu ponto de luz nessa jornada.
Wanessa Santos e sua família, pelo carinho e por estar sempre presente com palavras e
abraços confortantes, gratidão minha amiga.
vi
As meninas do F3 305, minhas amadas companheiras, meninas mulheres, guerreiras,
obrigada pelas histórias vividas, experiência trocadas, carinhos e brigas, Carol Bastos, Carina
Francis, Eugênia Valle, Franciele Rocha (Duende), Jaqueline Gomes, Jéssica Grama, Mariana
Portis e Wellington.
As minhas amigas Adione Lima, Cássia Brisele, Josi Santos e Paula Mello, mesmo
longe sempre presentes, apoiando com muito carinho e amor, gratidão por ter vocês em minha
vida.
A Amanda Arantes, Áurea Sousa, Camila Caetano, Carol Nachi, Claudio Fernandes,
Edvaldo Monteiro, Eliakin Alves, Gabriel Aguiar, João Ramos, Leonardo Cordeiro, Thiago
Dias, Ruan Carlos, Raquel Oliveira e Vandré Thomé, gratidão por conhecer vocês, pessoas
que tonaram meus dias mais alegres e iluminados.
Aos meus colegas de Judô, vôlei e forró que fizeram das minhas noites mais felizes,
revigorando minhas energias, me tornando uma pessoa melhor, em especial ao Pedro
Henrique Trepte, muito carinho por você.
Gratidão
vii
“Depois você entenderá.
Emmanuel
viii
RESUMO
ix
ABSTRACT
The development of alternatives for the use of the coconut shell allows the reduction of the
inadequate disposal of solid residues and provides a new option of yield next to the
production sites. The present work aims to evaluate the chemical properties of the mesocarp
of the green coconut, its potential of use for extraction of tannins and its adhesive capacity in
agglomerated panels made with green coconut residue, thus analyzing the use of mesocarp of
green coconut in two segments Industries. The tannin extraction was done with water, with
water added with 1% sodium sulfite, 5% and 8%. From these extractions, it was observed
which of the extractions yielded the best yield and characteristics to be used as an adhesive
agent. The tests were done on agglomerated sheets of coconut residue. The pressing was
carried out at 3.92 MPa for 10 minutes at a temperature of 100 ° C. The physical-mechanical
properties of the material were determined, following the recommendations of standard NBR
14810 (ABNT, 2013). The 5% sodium sulphite concentration allowed a higher yield in the
extraction of tannins and their characteristics as an adhesive agent, the coconut tannic extracts
presented values that meet the requirements of adhesive agent, as well as the solution of the
same to 50%. The tannins extracted from the mesocarp of the green coconut present potential
for use as adhesive in panels. The coconut mesocarp is a material with potential for panel
production, showing values of density, absorption and swelling that meets the ABNT NBR
14810-2 standard, as well as the tannin extracted from it, can be used in the gluing of panels.
However, it is necessary to improve the knowledge regarding its characteristics for the
application of temperature, pressure and adhesive contents ideal to enhance its use
x
LISTAS DE TABELAS
Tabela 5. Dados de vários autores das substâncias macromoleculares da fibra de coco verde.
.................................................................................................................................................. 26
Tabela 6. Valores médios dos teores de extrativo, número de Stiasny, tanino e não taninos do
mesocarpo do coco, após extração com água e diferentes concentrações de sulfito de sódio. 27
Tabela 7. ANOVA referentes aos teores de extrativo nos diferentes tratamentos. .................. 27
Tabela 8. Média dos tratamentos para porcentagem de extrativo e teste de Tukey. ................ 28
Tabela 10. ANOVA referentes à porcentagem do tanino nos diferentes tratamentos. ............. 29
Tabela 11. Média dos tratamentos para porcentagem de taninos e teste de Tukey. ................. 29
Tabela 12. ANOVA referentes à porcentagem dos não taninos nos diferentes tratamentos. ... 29
Tabela 15. Valores referentes à densidade dos painéis, para os tratamentos. .......................... 33
Tabela 16. Valores referentes ao teor de umidade dos painéis, com diferentes porcentagens de
tanino como agente adesivo...................................................................................................... 33
Tabela 17. Valores referentes IE em 2 horas nos painéis, com diferentes porcentagens de
tanino como agente adesivo...................................................................................................... 34
Tabela 18. Valores referentes IE em 24 horas nos painéis, com diferentes porcentagens de
tanino como agente adesivo...................................................................................................... 35
Tabela 19. Valores referentes AA em 2 horas nos painéis, com diferentes porcentagens de
tanino como agente adesivo...................................................................................................... 36
xi
Tabela 20. Valores referentes AA em 24 horas nos painéis, com diferentes porcentagens de
tanino como agente adesivo...................................................................................................... 36
Tabela 21. Valores referentes ao MOR nos painéis, com diferentes porcentagens de tanino
como agente adesivo. ................................................................................................................ 37
Tabela 22. Valores referentes ao MOE nos painéis, com diferentes porcentagens de tanino
como agente adesivo. ................................................................................................................ 38
Tabela 23. Valores referentes LI dos painéis, com diferentes porcentagens de tanino como
agente adesivo........................................................................................................................... 39
xii
LISTAS DE FIGURAS
Figura 3. Mesocarpo do coco verde triturado: A) Fibra do coco; B) Pó do coco. Fonte: Autora.
.................................................................................................................................................... 6
Figura 6. Precursores finais da lignina com os possíveis sítios ativos (PEREIRA, 2012). ........ 9
Figura 8. Taninos hidrossolúveis: (A) Fórmulas estruturais do ácido gálico (B) Formula
estrutural do ácido digálico, taninos hidrolisáveis. Fonte: BATTESTIN (2004). .................... 11
Figura 10. A) Tanino extraído do mesocarpo do coco B) Solução tânica. Fonte: Autora. ...... 18
Figura 13. Disposição dos corpos de prova para os ensaios físicos e mecânicos no painel.
Fonte: Autora. ........................................................................................................................... 22
Figura 14. Painéis fabricados com mesocarpo do coco. Fonte: Autora. .................................. 22
Figura 15. A) Ensaio de resistência à flexão estática B) Ensaio Ligação interna. Fonte: Autora.
.................................................................................................................................................. 23
xiii
SUMÁRIO
RESUMO................................................................................................................................ IX
ABSTRACT ............................................................................................................................. X
LISTAS DE TABELAS ......................................................................................................... XI
LISTAS DE FIGURAS ...................................................................................................... XIII
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1
2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................. 3
2.1 COCOS NUCIFERA L. .............................................................................................................. 3
2.1.1 FRUTO................................................................................................................................. 4
2.1.2 MESOCARPO DO FRUTO ...................................................................................................... 6
2.1.3 CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS.............................................................................................. 7
2.2 Celulose ................................................................................................................................ 7
2.3 Hemicelulose ........................................................................................................................ 8
2.4 Lignina .................................................................................................................................. 8
2.5 Extrativos .............................................................................................................................. 9
2.6 Extrativos polifenólicos ...................................................................................................... 10
2.7 EXTRAÇÃO E SULFITAÇÃO DE TANINOS ................................................................................ 12
2.8 POLIFENÓIS NATURAIS COMO FONTE DE ADESIVO ................................................................ 12
2.9 PAINÉIS AGLOMERADOS ...................................................................................................... 14
3 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................ 16
3.1 MATERIAL ........................................................................................................................... 16
3.2 CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DO MESOCARPO ....................................................................... 16
3.2.1 Preparação de amostras para análise química.................................................................. 16
3.2.2 Análise da composição química do mesocarpo ............................................................... 16
3.3 EXTRAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DE TANINO ........................................................................... 16
3.3.1 Determinação dos teores de extrativos ............................................................................ 17
3.3.2 Determinação do teor de polifenóis através da reação de Stiasny ................................... 17
SENDO: ...................................................................................................................................... 17
3.3.3 DETERMINAÇÃO DA PERCENTAGEM DE TANINOS E NÃO-TANINOS ................................... 17
3.4 Extração em autoclave e avaliação das propriedades dos extratos ..................................... 18
3.5 PROPRIEDADES DOS EXTRATOS TÂNICOS DO MESOCARPO .................................................... 18
xiv
3.5.1 Determinação da viscosidade .......................................................................................... 19
3.5.2 Determinação do tempo de formação de gel ................................................................... 19
3.5.3 Determinação de teor de sólidos ...................................................................................... 19
O teor de sólidos foi calculado conforme BRITO (1995). ....................................................... 19
3.5.4 Determinação do pH ........................................................................................................ 19
3.6 PROPRIEDADES DA RESINA DE FENOL-FORMALDEÍDO (FF) E DE SUAS MODIFICAÇÕES COM
EXTRATO TÂNICO DO MESOCARPO DO COCO VERDE ................................................................... 19
xv
1 INTRODUÇÃO
2
2 REVISÃO DE LITERATURA
Tomlinson (1979), citado por Goulding (2007), afirma que as palmeiras são um dos
grupos, economicamente, mais importantes de plantas tropicais por constituírem uma
importante fonte de alimento e matéria-prima, mas que ainda permanecem subexploradas pelo
homem.
O Cocos nucifera L. é uma espécie exótica, vinda da Ásia. Seu fruto, o coco é um dos
cultivares mais antigos no continente asiático, utilizado na Índia e na Ásia continental há pelo
menos 3000 anos. O coqueiro é uma planta de clima tropical, atualmente cultivado em cerca
de noventa países, sua importância econômica é bem destacada no continente asiático, que
lidera tanto a produção quando a comercialização do fruto “in natura” e de seus subprodutos
(SEBRAE, 2016).
A história do coco no Brasil coincide com o processo de ocupação territorial, e toda
ela concentrada na porção oriental do litoral Nordestino. Uma das teorias é que ele chegou ao
Brasil pela colonização portuguesa (PARROTTA, 1993). Iniciada a partir do Recôncavo
Baiano, expandido por toda faixa litorânea do estado e região. Praticamente não existia a
atividade comercial, interna ou externa. A atividade comercial do coco desenvolveu-se a
partir da segunda metade do século XIX, em função de sua valorização no plano
internacional, tanto por conta da valorização para consumo humano, tanto por valorização de
seus subprodutos, como óleo e fibra (FRANÇA, 1988).
Na década de 1990 houve um avanço na produção do coco no Brasil, onde o país
ocupava a 10° posição no ranking mundial, com uma produção que chegava a 477 mil
3
toneladas de coco por ano. Atualmente, o país é o quarto maior produtor mundial com uma
produção aproximada de 1.775.464 milhões de frutos por ano, com um plantio total de 228
916 hectares (IBGE, 2016). Quando se compara aos países da América do Sul, a produção
brasileira é responsável por mais de 80% (EMBRAPA, 2011). Do total dessa produção, o
rendimento médio de fibra é de aproximadamente 30% e 70% de pó no processo industrial.
São gerados cerca de 804.218 t de casca de coco no Brasil por ano, que depois de
processadas, resultariam em 241.265 t de fibra e 562.953 t de pó (CORREA, 2015).
A importância do agronegócio do coco é notória para a economia brasileira,
especialmente para o Nordeste, onde se concentra mais de 90% da produção nacional. A
produção brasileira em 2016 chegou a 251.628 bilhões de frutos (IBGE, 2016), está
distribuída por quase todo o território nacional, com exceção dos estados do Rio Grande do
Sul e Santa Catarina, em função das suas limitações climáticas durante parte do ano
(EMBRAPA, 2011).
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2016), em 2016 no
Brasil existiam cerca de 284 mil hectares de plantio coco no território nacional, onde os
estados que mais se destacaram foram Bahia, Ceará e Sergipe. Dentre esses, a Bahia obteve
30% total da produção nacional.
Com relação às demais regiões, o sudeste tem como destaque na produção nacional de
coco, o estado do Rio de Janeiro. Com uma área de cultivo em torno de 4.450 ha, destes, 33%
se concentram na região norte fluminense, sendo que a produtividade média da cultura no
estado do Rio de Janeiro ficou em torno de 40 mil frutos na safra de 2016 (IBGE, 2016).
Segundo o Sindicato dos Produtores de Coco (SINDCOCO), a produção brasileira de
coco é comercializada da seguinte forma: 35% destinam-se à agroindústria, que produz,
principalmente, coco ralado e leite de coco, para atender a demanda de grandes empresas
produtoras de chocolate, biscoitos, iogurtes, sorvetes, confeitarias e padarias; 35% destinam-
se aos mercados Sudeste/Sul para atender às pequenas indústrias, a exemplo de docerias,
padarias, sorveterias, entre outros. Destes, cerca de 90%, são constituídos de frutos verdes. Os
30% restantes ficam no mercado nordestino, para atender ao consumo “in natura”, tanto de
coco seco, como de coco verde (CUENCA, 2002).
2.1.1 Fruto
O fruto do Cocos nucifera é considerado um fruto seco, indeiscente do tipo drupa, por
ser formado por um só carpelo e conter em seu interior uma só semente. O mesocarpo, parte
mais desenvolvida no coco, é constituído por um conjunto muito denso de fibras bastante
resistentes. Já o endocarpo é excepcionalmente espesso e duro, envolvendo a única semente
desse fruto, a qual se constitui do embrião e de um tecido nutritivo muito extenso, que forma
a parte comestível do coco, inclusive o líquido contido em seu interior (FERRI, 1990). A
parte externa denominada de epicarpo (casca externa) pode ter a coloração esverdeada ou
amarelada quando o fruto ainda está verde, e com o tempo, torna-se seca e castanha.
(FERREIRA et al, 1988).
O mesocarpo (Figura 2) é a fonte de fibra, esta camada pode ter de 3 a 5 cm de
espessura constituída por uma fração de fibras curtas e longas e outra fração denominada pó,
que se apresenta agregada às fibras (ROSA et al., 2002).
4
Figura 2. Ilustração da morfologia do fruto do Cocos nucifera L. Fonte: UZUNIAN;
BIRNER (2009).
O consumo do seu fruto é crescente e significante no país, já que deste provem água
de coco “in natura”. Cada coco verde destinado para consumo de água traz um sério problema
ambiental, pois cerca de 80 a 85% do peso bruto do fruto representa resíduo, que não vêm
sendo aproveitado pela indústria, devido à falta de conhecimento de suas propriedades
(CORRADINI et al., 2009). Este problema se agrava principalmente nos centros urbanos,
onde esse material é de difícil descarte, sendo enviado para lixões e aterros sanitários. A
matéria orgânica quando disposta em aterros passa por um processo de decomposição
anaeróbica, resultando na formação de gás metano. A quantidade deste gás, gerada pelo
processo anaeróbico, representa de 5 a 20% do total produzido e é emitida para a atmosfera. O
metano é um dos mais importantes gases produzidos pela disposição do resíduo sólido urbano
em aterros e contribui para o agravamento do efeito estufa (IPCC, 1996). A decomposição do
fruto do coco no ambiente demora em média oito anos para a sua completa biodegradação, ou
seja, é um material orgânico de difícil decomposição. Isso torna o aproveitamento da casca do
coco verde, algo indispensável para o ambiente, além da importância econômica e social.
(CARRIJO;MAKISHIMA, 2002).
Como a minimização da geração desse resíduo implicaria na redução da atividade
produtiva associada, o seu aproveitamento torna-se uma necessidade. No entanto, poucos
estudos têm sido realizados visando à caracterização e utilização da fibra e do pó da casca do
coco verde (SENHORAS, 2004). A industrialização do fruto do coco e o beneficiamento das
partes comestíveis vêm crescendo, tanto no âmbito nacional quanto internacional, o que torna
indispensáveis para o desenvolvimento sustentável estudos aprofundados sobre o
aproveitamento dos seus resíduos. O mesocarpo do fruto do coco que antes era visto como
resíduo na produção, utilizado apenas como cobertura morta, enterrado em valas ou utilizado
5
em covas de plantio (FONTES, 2006), agora passa ter valor cientifico e comercial, como
fonte de fibra vegetal.
Com isso a cultura do coco apresenta uma série de vantagens agroeconômicas, sociais
e ambientais se comparada a outras culturas desenvolvidas nas áreas litorâneas.
O mesocarpo do coco verde, assim como o do coco maduro, é constituída por uma
fração de fibras e outra denominada de pó que preenche o espaço entre as fibras (Figura 3).
As fibras de coco são materiais lignocelulósicos obtidos do mesocarpo de cocos e
caracterizam-se pela sua dureza e durabilidade atribuída ao alto teor de lignina, quando
comparadas com outras fibras naturais (SILVA et al., 2006). O pó de coco é um material
biodegradável, renovável e muito leve. Apresenta uma estrutura física vantajosa, alta
porosidade, alto potencial de retenção de umidade (ABAD; NOGUEIRA, 1998).
A B
2.2 Celulose
7
2.3 Hemicelulose
2.4 Lignina
8
Figura 6. Precursores finais da lignina com os possíveis sítios ativos (PEREIRA, 2012).
2.5 Extrativos
9
2.6 Extrativos polifenólicos
10
Figura 8. Taninos hidrossolúveis: (A) Fórmulas estruturais do ácido gálico (B) Formula
estrutural do ácido digálico, taninos hidrolisáveis. Fonte: BATTESTIN (2004).
(Anel A)
(Anel B)
11
Os taninos condensados são utilizados como substitutos de resinas sintéticas devido a
sua característica de precipitar-se com formaldeído, formando assim um polímero de estrutura
rígida (GONÇALVES; LELIS, 2010).
Em geral, as resinas utilizadas na indústria de painéis de madeira são obtidas a partir
de produtos derivados do petróleo. Entretanto, as resinas produzidas com tanino vegetal
podem apresentar características de viscosidade e tempo de formação de gel semelhantes às
resinas comerciais conhecidas. Um aspecto importante para o emprego de tanino na produção
de adesivos é o seu teor de componentes polifenóis reativos (condensáveis). Na determinação
do teor de polifenóis, os taninos do tipo flavonol são precipitados através da condensação com
formaldeído em meio ácido, reação de Stiasny (LELIS; GONÇALVES, 2001).
12
Na indústria de painéis de madeira, são empregados principalmente os adesivos
sintéticos Ureia-formaldeído (UF) e Fenol-formaldeído (FF). No Brasil, trabalhos envolvendo
taninos como adesivo para madeira foram iniciados no final da década de setenta e início de
oitenta (SANTANA; PASTORE JUNIOR, 1981)
Conforme Roffael e Dix (1994) a primeira patente requerida para fabricação de
adesivos à base de tanino data de 1914. No entanto, as primeiras tentativas foram
insatisfatórias e os estudos desses adesivos foram abandonados. Somente a partir da década de
1950 é que as pesquisas foram renovadas em várias partes do mundo (HILLING, 2002).
As pesquisas sobre resinas de tanino foram retomadas na década de 1950 na Austrália,
Indonésia, Índia, Estados Unidos e Venezuela. Mas o crescente interesse pelo
desenvolvimento das resinas partindo de fontes naturais ocorreu somente após a crise do
petróleo. Os adesivos à base de taninos são denominados taninos formaldeídos, ou TF, e são
obtidos pela reação de flavonóides poliméricos naturais (taninos condensados) com
formaldeído (PIZZI, 1994).
O Brasil conta com a maior unidade de produção de extratos vegetais tanantes do
mundo, a Tanac, onde o tanino corresponde a 30% do faturamento da empresa, sendo 30%
(total de 30 mil toneladas por ano) de sua produção destinados ao mercado interno e os outros
70% embarcados para mais de 70 países (PAZ, 2003).
Dentre os materiais pesquisados para substituir as resinas sintéticas, destaca-se o
tanino, representando um dos melhores substitutos para as resinas fenólicas, pois o adesivo
dele derivado é também resistente à umidade. Desde a década de 1980 o interesse no emprego
de polifenóis naturais (taninos) como adesivos em chapas de madeira aglomerada e
compensados vem crescendo efetivamente. A reação do tanino com o formaldeído se
apresenta como fundamento para o seu emprego como adesivo já que assim surgem
policondensados de alto peso molecular.
Uma pressuposição importante para o emprego de extrativos vegetais como adesivo
para painéis de madeira é seu teor de componentes fenólicos reativos. Na determinação do
teor de polifenóis emprega-se a reação de Stiasny, isto é, a precipitação dos taninos do tipo
flavanol através de condensação com formaldeído em meio ácido (WISSING, 1955).
A utilização dos extratos como adesivo só é possível se houver uma reação dos
mesmos com um produto ligante (formaldeído, por exemplo), já que eles próprios não
apresentam nenhuma capacidade de ligação. O formaldeído prende-se aos átomos de carbono
do anel A sob a formação de grupos metilol (HILLIS, 1981). Com adesivos de Tanino-
Formaldeído (TF) podem ser fabricadas chapas de madeira aglomerada com altas
propriedades tecnológicas (ROFFAEL e DIX, 1994).
Para obtenção de composições adesivas, os taninos condensados são normalmente
misturados com paraformaldeído, formaldeído ou hexametilenotetramina. Até o momento da
colagem, os taninos são estocados sob a forma de pó ou suspensões aquosas concentradas,
permanecendo não reativos até que seja feita a mistura com o agente ligante ou endurecedor
(GONÇALVES et al., 2010).
Além da reatividade, o grau de condensação dos taninos apresenta uma grande
importância na fabricação de adesivos, já que influencia a viscosidade da solução com
extratos e a ligação (entrelaçamento) das moléculas de tanino. O grau de condensação varia
para as diferentes espécies sendo também influenciado pela idade e local de crescimento das
árvores (PIZZI, 1993).
A qualidade da colagem com taninos é influenciada pelos componentes químicos não
fenólicos presentes nos extrativos como açúcares, aminoácidos, pectinas, etc. (HILLIS, 1981).
13
Esta qualidade também é influenciada pelos produtos químicos utilizados na extração
(GONÇALVES et al., 2010).
Os componentes não fenólicos, principalmente as gomas, podem influenciar a
viscosidade da resina de tanino-formaldeído e as propriedades ligantes do adesivo (HILLIS,
1981). De acordo com Hemingway (1989), o processo de colagem piora com o aumento do
teor de carboidratos no extrativo da casca.
Com relação aos adesivos utilizados em aglomerados, principalmente a base de Uréia-
Formaldeído e Fenol-Formaldeído, sente-se a influência da oscilação dos preços do petróleo e
a fragilidade dos produtos sintéticos advindos de fontes de matéria-prima não-renováveis.
Assim, a utilização de resinas à base de extratos de casca de espécies florestais têm sido alvo
de inúmeras investigações. Outro motivo para a substituição de adesivos comerciais por
adesivos naturais é devido ao problema da emissão de substâncias tóxicas – formaldeído para
a atmosfera, como apresentado por Margosian (1990).
Segundo Pizzi (1983 e 1994), por serem formados de estruturas poliméricas, os
taninos condensados, quando utilizados em misturas adesivas, necessitam de baixas
quantidades de formaldeído para cura e podem formar linhas de cola altamente resistentes à
ação de intempéries. De acordo com Hilling et al. (2002), os adesivos à base de tanino além
de serem mais baratos que os adesivos à base de fenol e formol, possuem satisfatória
resistência à água. O tanino apresenta características desejadas para a fabricação de chapas de
boa qualidade além de sanidade para uso, já que tem redução de formaldeído na sua
fabricação.
A falta de madeira foi o precursor do surgimento dos painéis de madeira, hoje além da
escassez de material existe a necessidade da redução do consumo de madeira de floresta
nativa. Existe vários tipos de painéis de madeira, a saber:
Aglomerados (MDP);
Painel de fibra orientada (OSB);
Painel de fibra de média densidade (MDF);
Painel de fibra de alta densidade (HDF) e (SDF);
Chapas isolantes.
14
aplicação para os mais variados fins (BIAZUS et. al., 2010), além do fato de, o uso de
madeira natural possuem algumas limitações como as suas dimensões, que variam de acordo
com o tipo de árvore, as propriedades mecânicas e alguns defeitos como nós e inclinação. Foi
a partir dessas limitações que o uso de adesivo tornou-se importante, permitindo o uso de
madeira em diferentes tamanhos e configurações na fabricação de diversos tipos de painéis.
Os painéis de madeira podem ainda apresentar um papel social relevante, devido a três
benefícios básicos (REMADE, 2003).
Aumento da oferta de produtos de madeira, com sua utilização racional e integral;
Melhoria das propriedades dos produtos de madeira, permitindo uma grande gama de
utilização;
Servirem como produtos alternativos à madeira maciça, recursos metálicos e
poliméricos na fabricação de bens de consumo.
15
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Material
16
Para cada extração, 10 g de mesocarpos foram colocados em um balão com 150 ml de
água destilada sob refluxo por 2 horas à 80ºC . Após a extração, o material foi filtrado a
vácuo utilizando-se cadinho de vidro sinterizado nº 2. Para cada tratamento, foram realizadas
cinco repetições.
Após cada extração, o material foi filtrado a vácuo utilizando-se cadinho de vidro
sinterizado nº 2. A seguir, foi separada uma alíquota de 25 ml do filtrado para determinação
da massa de extrativos totais. Esta alíquota foi colocada em uma placa de petri, previamente
tarada, em estufa a 103° ± 2°C, até peso constante. Da diferença entre a massa da placa de
petri antes e depois de ser levada à estufa com a alíquota, obteve-se a quantidade de extrativos
(g) em 25ml de solução e considerando-se a quantidade de partículas (base seca) e o volume
inicial empregados na extração, calculou-se o teor de extrativos em percentagem.
Sendo:
NS: Número de Stiasny;
MTan: Massa de tanino;
MEt: Massa de extrativo totais.
Com base no teor de polifenóis condensados (NS) e dos teores de extrativos (TE),
calculou-se a percentagem de taninos (Equação 2) e teores de taninos (Equação 3) da seguinte
forma:
Sendo:
%Tan= Porcentagem de taninos
NS= Número de Stiasny
TE= Teor de extrativos
17
% NT = TE - %Tan (Equação 3)
Sendo:
%NT= Porcentagem de não taninos
TE= Teor de Extrativos (%)
%Tan= Porcentagem de taninos
O tratamento onde se obteve maiores teores de taninos foi escolhido para obtenção de
taninos em quantidade suficiente para as próximas etapas do estudo. Uma amostra de 1 kg de
mesocarpo absolutamente seco foi transferida para uma autoclave. A extração foi realizada
utilizado água destilada com 5% de Na2SO3, relação licor e mesocarpo foram igual a 15:1
com tempo de 2 horas para extração total. Após a extração, o material foi filtrado em cadinho
de vidro sinterizado n° 2, colocado em bandejas de vidro mantido em estufa a 103 ± 2 °C por
8 horas, para uma secagem prévia do filtrado. Posteriormente, o material foi transferido para
uma estufa a 60 °C até secagem completa. Após seco, o material foi moído em pilão manual
para se obter o extrato na forma de pó. O rendimento em extrato foi avaliado, procedendo a
pesagem da massa de sólidos obtidos (massa de extrato). Esse material foi utilizado para
caracterização química dos extratos tânicos e de sua viabilidade como adesivo para colagem
de madeira.
Na determinação das propriedades dos extratos foi preparado uma solução de extrato
tânico a 50% com água destilada. As seguintes propriedades foram avaliadas: viscosidade,
tempo de formação de gel e pH. Para cada análise foram realizadas cinco repetições,
procedendo-se posteriormente a análise de variância. A Figura 10 ilustra o tanino extraído do
mesocarpo da casca do coco verde (A) e da solução tânica (B).
A B
Figura 10. A) Tanino extraído do mesocarpo do coco B) Solução tânica. Fonte: Autora.
18
3.5.1 Determinação da viscosidade
3.5.4 Determinação do pH
A B
Após a pesagem das partículas nas quantidades adequadas foi feita a aplicação de
adesivo por meio de aspersão, com o auxílio de uma pistola de ar comprido em um aplicador
do tipo tambor rotativo, obtendo-se uma distribuição uniforme do adesivo sobre as superfícies
de todas as partículas.
20
em sala de climatização com umidade relativa de 65 ± 5% e temperatura de 20 ± 3°C, até
atingir a umidade de equilíbrio.
Depois de prensadas, os painéis foram esquadrejados e acondicionados em sala de
climatização com umidade relativa de 65 ± 5% e temperatura de 20 ± 3°C, até atingirem a
umidade de equilíbrio. Após o acondicionamento dos painéis, foram efetuados os cortes para
retirada dos corpos de prova, segundo a Norma Brasileira Regulamentadora - NBR 14810-1
da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT (2013). A Figura 12 ilustra o colchão
de partículas e a prensagem dos painéis.
A B
Para cada tratamento foram produzidos painéis com densidade nominal de 0,70 g/cm³.
21
3.7.5 Ensaios Tecnológicos dos Painéis Aglomerados
Após climatização, os painéis foram cortados (Figura 13) de acordo com a NBR
14810-1 (ABNT, 2013) e assim obtiveram-se os corpos de prova para posteriormente realizar
os ensaios físicos e mecânicos de acordo com as normas específicas.
Figura 13. Disposição dos corpos de prova para os ensaios físicos e mecânicos no painel.
Fonte: Autora.
22
3.7.5.1 Ensaios físicos
A B
Figura 15. A) Ensaio de resistência à flexão estática B) Ensaio Ligação interna. Fonte:
Autora.
Para a caracterização química do mesocarpo do coco verde, foi feita a análise simples
de média, com três repetições.
Para a caracterização e quantificação do extrato tânico, o experimento foi instalado
seguindo o delineamento inteiramente casualisado com cinco repetições, adotando-se nível de
5% de probabilidade, onde o efeito do teor do sulfito de sódio no rendimento gravimétrico em
taninos foi avaliado, baseado na significância estatística dos coeficientes, ANOVA e Tukey.
As hipóteses testadas foram: hipótese H0, onde nenhum dos tratamentos se diferenciam entre
si, ou seja, não houve diferença no rendimento do tanino extraído com relação ao tipo de
extrator e a hipótese H1, que considera que pelo um dos tratamentos diferencia dos demais.
23
Para as análises tecnológicas dos painéis, utilizou-se o programa Statistica 7.
Atendendo as pressuposições da análise de variância, normalidade e homogeneidade de
variâncias, foi utilizado o Teste de Tukey ao nível de 5% de significância.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Elemento Percentagem
Carbono 54,2
Oxigênio 39,6
Hidrogênio 5,9
Nitrogênio 0,2
Enxofre 0,1
Dentre os três materiais, o que apresentou maior teor de carbono foi o mesocarpo do
coco com 54,2%, onde teve 4% a mais que a madeira pínus e eucalipto. A quantidade de
oxigênio foi inferior às madeiras, onde elas apresentaram 45,27% e 44,36%, eucalipto e pínus
respectivamente, já a quantidade presente no mesocarpo foi de 39,6%. Os valores de
hidrogênio, nitrogênio e enxofre, foram bem próximos entre os três.
Na Tabela 4 são apresentados os teores das substâncias macromoleculares como
extrativos, lignina, celulose e hemicelulose presentes no mesocarpo do coco.
24
Tabela 4. Valores referentes aos teores das substâncias macromoleculares do mesocarpo do
coco
Parâmetro (%) Valores
Glicanas 38,8
Xilanas 16,6
Galactanas 0,8
Arabinanas 0,9
Mananas 1,2
Grupos acetilas 3,6
Ácidos urônicos totais 4,0
Celulose 37,6
Hemicelulose 20,7
Lignina insolúvel em ácido (Klason) 29,5
Lignina solúvel em ácido 28,7
Lignina Total 30
Extrativos em etanol/tolueno 33,4
Cinzas 3,7
*Para o calculo do teor de celulose, foi utilizado o teor de glicose total, subtraindo o teor de
glicose associado às glicomananas.
Tabela 5. Dados de vários autores das substâncias macromoleculares da fibra de coco verde.
Abdul et al., Agopyan et al.,
Constituentes Tomczak, 2010 2006 2005
Lignina (%) 39,0 32,8 38,2
Celulose (%) 48,3 44,2 43,5
Hemicelulose (%) 14,7 12,1 22,0
Essa variação entre os valores ocorre devido à influência direta do ambiente onde o
coco foi plantado e os tratos silviculturais conduzidos no plantio. De acordo com Trugilho et
al. (1996), os teores das substâncias macromoleculares do frutos jovens de coco estão sujeitos
a variações na sua composição, tendendo a valores estáveis na idade adulta, que é entre o
período de 150 a 200 dias. O que se faz considerar que a idade do fruto, além do modo como
é cultivado, pode influenciar nos teores químicos dos compostos da fibra (VELOSO, et al.,
2013).
Para a fabricação de compósitos particulados, o mesocarpo apresenta valores da
constituição química desejável. Apesar das comparações serem feitas com materiais de
composição diferentes do coco, tornam-se válidas como parâmetros referenciais para ser
matéria-prima alternativa, uma vez que a literatura abordada nesta pesquisa sobre o
mesocarpo do coco-verde é muito escassa.
26
Tabela 6. Valores médios dos teores de extrativo, número de Stiasny, tanino e não taninos do
mesocarpo do coco, após extração com água e diferentes concentrações de sulfito de sódio.
Número de Stiasny Não Taninos
Tratamentos Extrativos (%) Tanino (%)
(%) (%)
Água 6,08 24,83 1,53 4,54
Sulfito de sódio 1% 9,26 28,03 2,56 6,7
Sulfito de sódio 5% 19,22 18,41 3,37 15,85
Sulfito de sódio 8% 4,4 27,08 1,2 3,21
A extração de taninos de espécies vegetais é uma etapa importante, uma vez que os
taninos, durante a extração, podem sofrer variações ou rearranjos nas suas propriedades e
estrutura. A qualidade dos taninos varia, em ampla escala, com o tipo de extração empregada;
por isto, as condições de extração devem ser padronizadas e otimizadas, objetivando a
produção de extratos com propriedades ajustadas à síntese de adesivos (Pizzi, 1983).
Brígida & Rosa (2003) estudando a casca do coco obtiveram teor de taninos de 6,03%
extraindo apenas com água quente, valor superior aos encontrados neste estudo. Pode-se
observar que o aumento na porcentagem do sal extrator (sulfito de sódio) para 5% acarretou
um aumento no rendimento do tanino. O que está de acordo com o sugerido por Gonçalves &
Lelis (2000) e Pizzi & Mital (1994), que mostraram que quanto maior a porcentagem do
extrator, maior seria a solubilidade dos açúcares, aminoácidos e pectinas aumentando assim, a
solubilidade em água dos taninos.
Para analisar a variância existente entre todas as observações foi calculado a ANOVA
para cada efeito do tratamento, o teste de Tukey foi realizado para confrontar valores e avaliar
qual melhor tipo de extração para o tanino encontrado no mesocarpo do coco, com base na
porcentagem de extrativo, número de Stiasny, quantidade de tanino e não tanino ao nível de
5% de probabilidade, quando a ANOVA apresentou valores significativos.
O parâmetro inicial na caracterização de substâncias encontradas na casca é o
rendimento em extrativos, pois, por meio deste pode-se definir o tratamento a ser utilizado
através da maior produtividade e a forma mais efetiva de obtenção destes extrativos. O efeito
dos tratamentos na remoção de extrativos da casca do coco foi significativo a 5% de
probabilidade pelo teste F (Tabela 7). Logo, a hipótese H0 foi rejeitada e conclui-se que pelo
menos um dos extratores tem efeito diferente na remoção de extrativos do mesocarpo do coco,
e foi realizado o teste de Tukey, para testar os contrastes entre as médias.
27
Tabela 8. Média dos tratamentos para porcentagem de extrativo e teste de Tukey.
Tratamentos Médias (%)
Água 6,08 (a)
Sulfito de Sódio 1% 9,26 (a)
Sulfito de Sódio 5% 19,22 (b)
Sulfito de Sódio 8% 4,40 (a)
Médias seguidas de letras iguais não diferenciam entre si pelo teste de Tukey (P > 0,05).
FV GL SQ QM Fc Ft
Tratamento 3 0,064 0,016 0,112 2,900
Resíduo 19 4,769 0,251 - -
Total 22 4,833 - - -
*FV= fonte de varição; GL= grau de liberdade; SQ= soma dos quadrados; QM= quadrado
médio; Fc= valor de F calculado; Ft= Valor de F tabelado.
28
Tabela 10. ANOVA referentes à porcentagem do tanino nos diferentes tratamentos.
FV GL SQ QM Fc Ft
Tratamento 3 3,860 0,965 22,006 2,900
Resíduo 19 1,111 0,058 - -
Total 22 4,971 - - -
*FV= fonte de varição; GL= grau de liberdade; SQ= soma dos quadrados; QM= quadrado
médio; Fc= valor de F calculado; Ft= Valor de F tabelado.
O teste de Tukey foi realizado após a ANOVA para constatar qual tratamento foi
significativo. Na Tabela 11 podemos ver as médias dos tratamentos e teste de Tukey para o
teor de tanino.
Médias seguidas de letras iguais não diferenciam entre si pelo teste de Tukey (P >
0,05); nas condições do presente experimento, verifica-se que o sulfito de sódio a 5%
diferencia dos demais tratamentos, deferindo assim significantemente de todos os outros da
extração, apresentando maiores teores de tanino.
Tabela 11. Média dos tratamentos para porcentagem de taninos e teste de Tukey.
Tratamentos Médias (%)
Água 1,530 (a)
Sulfito de Sódio 1% 2,560 (a)
Sulfito de Sódio 5% 3,370 (b)
Sulfito de Sódio 8% 1,200 (a)
Médias seguidas de letras iguais não diferenciam entre si pelo teste de Tukey (P > 0,05).
Tabela 12. ANOVA referentes à porcentagem dos não taninos nos diferentes tratamentos.
FV GL SQ QM Fc Ft
Tratamento 3 0,149 0,037 0,439 2,900
Resíduo 19 2,146 0,113 - -
Total 22 2,295 - - -
*FV= fonte de varição; GL= grau de liberdade; SQ= soma dos quadrados; QM= quadrado
médio; Fc= valor de F calculado; Ft= Valor de F tabelado.
29
Os resultados obtidos com relação aos valores de tanino, estão em conformidade com
a literatura, que cita que os taninos condensados podem atingir uma faixa de 2 a 40% da
massa seca da casca de espécies vegetais (Hergert, 1962).
De acordo com os resultados encontrados na análise estatística, o sulfito de sódio com
concentração de 5% obteve melhor rendimento no processo de extração tânica do mesocarpo
do coco, quando comparado à água e às demais concentrações. Segundo Carvalho et al.,
(2014) em experimento com Pinus caribaea var. bahamensis recomendaram a extração com
sulfito de sódio a 5%, pois foi obtido altos rendimentos de taninos com um baixo percentual
de não taninos, quando comparado aos tratamentos com 8 e 10% de sulfito de sódio. Para
Vital et. al.(2004) o sulfito de sódio a 4,5%, para obter taninos da casca de Eucalypus grandis
foi o recomendado, já que apresentou maior rendimento.
As médias dos resultados das propriedades do tanino do coco extraídos com sulfito de
sódio a 5%, e do adesivo sintético fenol formaldeído industrial, podem ser observadas na
Tabela 13, para uma previa comparação e avaliação da viabilidade extrato tânico em questão.
30
baixa resulta em melhor espalhamento sobre a superfície da madeira, devido à alta fluidez,
contribuindo para a maior penetração do adesivo e sua absorção pela madeira. Valores
elevados de viscosidade podem resultar em linha de cola “faminta”, ou seja, com quantidade
insuficiente de adesivo na linha de cola, prejudicando a capacidade de distribuição do adesivo,
umectação e adesão (MACIEL et al., 1996). Sendo considerada alta e prejudicial uma
viscosidade maior do que 1500 centipoises (cp) (BRITO, 1995). Considerando os dados de
viscosidade, o estrato tânico apresentou valor excelente para o uso em painéis, demonstrando
viabilidade para cobrir as superfícies das partículas, influenciando assim na dispersão do
adesivo sobre a superfície do material.
O teor de sólidos é uma propriedade importante e pode ser entendido como a parte do
adesivo que forma a linha de cola, pois, após a evaporação dos componentes líquidos ocorre a
“cura” ou polimerização do adesivo formando a linha de cola, que é responsável pela ligação
entre os substratos e transferência de tensões geradas no sistema madeira – linha de cola –
madeira. Altos teores de sólidos contribuem para a qualidade da linha de cola, devido a maior
quantidade de material sólido, melhorando a adesão entre a madeira e o adesivo. A faixa
ideal para manter uma boa qualidade do material é em torno de 40 a 45% (IWAKIRI, et al.,
2005). Alguns estudos mostraram que é possível trabalhar com teor de sólido para adesivo à
base de tanino com valores de 40 a 55%. Mori (2002) trabalhou com valores de 55% para
misturas de adesivos e taninos retirados da casca da acácia negra; Carneiro et al., (2009)
trabalharam com valores de aproximadamente 44% para adesivos produzidos com taninos de
Eucalyptus grandis.
O tempo de trabalho se refere ao tempo de vida útil do adesivo, após sua preparação,
até a fase de gel, quando atinge a máxima viscosidade. Verificou-se que o adesivo à base de
tanino apresentou tempo de trabalho superior a 30 minutos, assim como o fenol formaldeído.
As proporções entre o tanino e o endurecedor (formaldeído) determinam a rigidez ou
elasticidade da linha de cola formada e irão facilitar ou dificultar o espalhamento do adesivo
na madeira. Uma alta quantidade de tanino leva à obtenção de uma linha de cola mais rígida,
enquanto um excesso de formaldeído resulta em linha de cola mais elástica. Este fato está
diretamente ligado ao tempo de trabalho do adesivo, ou seja, a viabilidade de se trabalhar com
o adesivo, antes de sua polimerização ou cura.
Analisando os resultados obtidos, comparados ao fenol formaldeído, o segundo
adesivo mais utilizado na produção de painéis, é evidente que o tanino extraído do mesocarpo
do coco, apresenta potencial para ser usado como agente adesivo em linha de produção.
Para analisar se os taninos juntamente com fenol formaldeído potencializam as suas
características qualitativas como adesivo, foram feitas misturas de fenol-formaldeído com
tanino em três diferentes proporções e a Tabela 14 apresenta os valores das propriedades dos
adesivos.
31
Tabela 14. Caracterização das propriedades do adesivo fenol-formaldeído em diferentes
misturas com taninos do mesocarpo do coco.
Observa-se que quanto maior a proporção de tanino nas misturas com o adesivo
fenólico o valor do pH sofre alterações, tendendo a reduzir, resultado positivo, já que acima
de 11, o pH interfere negativamente nas propriedades mecânicas dos painéis, acelerando a
degradação das fibras.
A viscosidade é um dos fatores importantes, pois esta define o quanto vai ser limitante
a utilização do adesivo. Uma viscosidade muito alta vai dificultar o espalhamento do adesivo
na superfície da madeira. A viscosidade da solução ficou bem uniforme, mesmo havendo
variação na sua concentração na mistura, e os seus valores encontram-se dentro da faixa
ótima, que deve ser abaixo de 1500 cp, onde este é o máximo valor para a utilização como
adesivo para fabricação de painéis de madeira.
Os valores dos teores de sólido se mantiveram próximos nas misturas 90:10 e 80:20,
elevando-se na mistura 70:30, sendo este último com valores fora do padrão para aplicação
em painéis, que poderia levar a dificuldades na aplicação do adesivo.
O tempo de gel ou gelatinizarão fornece informações importantes sobre a cura do
adesivo; esse tempo pode dificultar ou facilitar o processo fabricação de painéis,
influenciando na formação da linha de cola. Uma das grandes limitações na utilização de
adesivo à base de taninos é a alta reatividade dos taninos com o agente ligante, formando
assim um adesivo de cura muito rápida (MORI, 2002). O tempo de gel entre as misturas
sofreram muitas variações. Nota-se a grande diferença nos valores de tempo de gel a partir
das misturas 80:20 e 70:30, evidenciando que a adição de tanino de mesocarpo acelerou
grandemente a reação.
32
valor de densidade de 0,52g/cm3 e o maior de 0,70g/cm3, visto na Tabela 15. Segundo
Torquato (2008), painéis de madeira com densidade entre 0,5 e 0,8g/cm³, são classificados
como painéis de média densidade, assim como a norma ABNT NBR 15316-1:2009 define o
painel de média densidade com valor superior a 0,450g/cm³.
T1 0 0 0,54 (c)
T2 100 0 0,62 (bc)
T3 0 100 0,70 (a)
T4 90 10 0,52 (dc)
T5 80 20 0,65 (ab)
T6 70 30 0,62 (b)
*Em que, médias seguidas pela mesma letra não diferem significativamente entre si, com
relação à porcentagem de tanino como agente adesivo, pelo teste Tukey no nível de 5% de
significância.
As chapas foram produzidas tendo como meta densidade igual a 0,70 g/cm³. A
densidade média dos painéis fabricados foi inferior à desejada, provavelmente devido à
aplicação de uma taxa de compressão inferior àquela necessária, assim como à temperatura,
exceto o tratamento 3, que teve apenas o tanino do extraído do mesocarpo do coco como
agente adesivo. Fiorelli et al. (2015), em seus estudos com fibra de coco, obtiveram uma
média de densidade do painel de 0,85g/cm³, porém o agente adesivo foi a ureia formaldeído.
A Tabela 16 mostra o teor de umidade de equilíbrio (TUe) dos corpos de prova para os
diferentes painéis.
Tabela 16. Valores referentes ao teor de umidade dos painéis, com diferentes porcentagens de
tanino como agente adesivo.
Tratamento Teor de Fenol Teor de Tanino (%) Teor de Umidade de
Formaldeído (%) Equilíbrio (%)
T1 0 0 9,88 (bc)
T2 100 0 12,50(bc)
T3 0 100 8,911(c)
T4 90 10 17,09 (a)
T5 80 20 14,47 (ab)
T6 70 30 11,79 (bc)
33
*Em que, médias seguidas pela mesma letra não diferem significativamente entre si, com
relação à porcentagem de tanino como agente adesivo, pelo teste Tukey no nível de 5% de
significância.
Tabela 17. Valores referentes IE em 2 horas nos painéis, com diferentes porcentagens de
tanino como agente adesivo.
Tratamento Teor de Fenol Teor de Tanino (%) Inchamento em
Formaldeído (%) Espessura 2h (%)
T1 0 0 97,30 (b)
T2 100 0 6,10 (c)
T3 0 100 108,17 (a)
T4 90 10 4,31 (c)
T5 80 20 5,96 (c)
T6 70 30 5,23 (c)
*Em que, médias seguidas pela mesma letra não diferem significativamente entre si, com
relação à porcentagem de tanino como agente adesivo, pelo teste Tukey no nível de 5% de
significância.
Para o inchamento em espessura após 2 horas em imersão com água, houve diferença
significativa, pelo teste de Tukey a 5%. As amostras que utilizaram fenol formaldeído como
agente adesivo (T2), os tratamentos T4 (90% FF, 10% de tanino), T5 (80% FF, 20% de
tanino) e T6 (70% FF, 30% de tanino), não diferenciam significativamente entre eles, além de
não exceder as médias estabelecidas pela norma ABNT NBR 14810-2. No trabalho feito por
Fiorelli et al. (2015), as médias encontradas para IE foram superiores aos tratamento citados
acima. O valor foi de 19,91%, sendo que os autores utilizaram ureia como agente adesivo. No
34
tratamento em que não se utilizou nenhum tipo de agente adesivo (T1) e no que utilizou-se
somente tanino (T3), os valores de IE foram muito altos, havendo entre eles diferenças
significativas.
Tabela 18. Valores referentes IE em 24 horas nos painéis, com diferentes porcentagens de
tanino como agente adesivo.
Tratamento Teor de Fenol Teor de Tanino (%) Inchamento em
Formaldeído (%) Espessura 24h (%)
T1 0 0 111,58 (a)
T2 100 0 8,70 (c)
T3 0 100 110,35 (a)
T4 90 10 8,94 (c)
T5 80 20 10,67 (b)
T6 70 30 11,47 (b)
*Em que, médias seguidas pela mesma letra não diferem significativamente entre si, com
relação à porcentagem de tanino como agente adesivo, pelo teste Tukey no nível de 5% de
significância.
O mesmo comportamento foi obtido para os tratamentos após 24 horas de imersão em
água. Após 24 horas de imersão em água, o tratamento T2 (100% FF) e T4 (90% FF, 10% de
tanino) apresentaram os menores valores de Inchamento em Espessura, sendo significativo
somente com os demais tratamentos. Os tratamentos T5 (80% FF, 20% de tanino) e T6 (70%
FF, 30% de tanino) apresentaram bons resultados, sendo significante só com os demais
tratamentos. Esses tratamentos obtiveram a média dentro do padrão da norma ABNT NBR
14810-2, onde são classificados como painéis não estruturais para uso interno em condições
secas. Já os tratamentos T1 (0% FF e 0% de tanino) e T3 (100% de tanino), após 24 horas de
imersão em água, obtiveram valores significantes com relação aos demais tratamentos, não
variando entre sim, porém seus valores ultrapassam a média colocada pela norma, sendo
assim, seu uso não é satisfatório. Apesar de o tanino possuir açúcares em sua composição que
poderia prejudicar a linha de cola, podendo ainda comprometer a resistência final do
aglomerado (PIZZI, 1983), observou-se que tal fato não alterou as propriedades físicas das
chapas, pois apesar de exceder a expansão no IE, quando utilizado só como agente adesivo, a
estrutura do painel não sofreu deformação ou desfibramento.
É importante frisar que o tanino empregado foi obtido em laboratório, e o mesmo não
sofreu nem um tipo de tratamento, para retirada de açúcares indesejáveis no processo de
colagem, e mesmo assim, os resultados obtidos com os adesivos comerciais modificados com
tanino a 10, 20 e 30% estão de acordo com o Inchamento máximo permitido para as chapas
classificadas na P2 da norma ABNT NBR 14810-2.
Tabela 19. Valores referentes AA em 2 horas nos painéis, com diferentes porcentagens de
tanino como agente adesivo.
Tratamento Teor de Fenol Teor de Tanino (%) Absorção de Água
Formaldeído (%) 2h (%)
T1 0 0 177,91 (a)
T2 100 0 44,69 (c)
T3 0 100 149,99 (a)
T4 90 10 76,08 (b)
T5 80 20 50,98 (cd)
T6 70 30 57,10 (bc)
*Em que, médias seguidas pela mesma letra não diferem significativamente entre si, com
relação à porcentagem de tanino como agente adesivo, pelo teste Tukey no nível de 5% de
significância.
De acordo com Hillig et al. (2002), o aumento da densidade na chapa provoca uma
redução na absorção de água e um aumento no inchamento e espessura; porém nesse estudo
foi o inverso, pois os painéis menos densos, apresentaram maiores valores de IE e AA. Isso
pode estar relacionado à matéria prima da chapa, que é um material pouco estudado. Fiorelli
et al. (2015), encontraram valor de AA após 2 horas de imersão em água de 34,38%, valor
inferior ao encontrado nesse trabalho; porém, o agente colante desse painel foi a ureia
formaldeído, que junto com fibra do coco proporciona características diferente do fenol e
tanino.
Na Tabela 20, estão presentes as médias referentes a AA em 24 horas, onde os painéis
confeccionados com tanino como agente adesivo (T3) e sem agente adesivo (T1), absorveram
significantemente mais água.
Tabela 20. Valores referentes AA em 24 horas nos painéis, com diferentes porcentagens de
tanino como agente adesivo.
Tratamento Teor de Fenol Teor de Tanino (%) Absorção de Água
Formaldeído (%) 24h (%)
T1 0 0 221,09 (a)
T2 100 0 62,38 (c)
T3 0 100 193,68 (a)
T4 90 10 90,94 (b)
T5 80 20 67,67 (c)
T6 70 30 73,96 (bc)
*Em que, médias seguidas pela mesma letra não diferem significativamente entre si, com
relação à porcentagem de tanino como agente adesivo, pelo teste Tukey no nível de 5% de
significância.
36
Analisando pelo teste Tukey, os tratamentos foram significativos, porém T1 e T3, não
são significantes entre si, assim como T4 e T6 e T2, T5 e T6, o que significa que entre eles
não existe variação quando comparados.
Os valores de AA em 24 horas seguiram o mesmo padrão de AA em 2 horas. Observa-
se também que o tipo de adesivo afeta, pois em ambos os testes, os painéis confeccionados
com fenol formaldeído T2, T5 e T6 não diferenciaram significantemente entre si.
Os altos valores encontrados em IE e AA dos painéis fabricados sem nenhuma adição
de adesivo estão relacionados aos altos teores encontrados de celulose e hemicelulose no
mesocarpo, uma vez que os carboidratos apresentam grandes quantidades de sítios para
ligação com moléculas de água em sua estrutura.
Tabela 21. Valores referentes ao MOR nos painéis, com diferentes porcentagens de tanino
como agente adesivo.
Tratamento Teor de Fenol Teor de Tanino (%) Módulo de Ruptura
Formaldeído (%) (N/mm²)
T1 0 0 0,83 (c)
T2 100 0 3,01 (bc)
T3 0 100 1,97 (cd)
T4 90 10 1,15 (c)
T5 80 20 4,94 (a)
T6 70 30 4,46 (ab)
*Em que, médias seguidas pela mesma letra não diferem significativamente entre si, com
relação à porcentagem de tanino como agente adesivo, pelo teste Tukey no nível de 5% de
significância.
37
Tabela 22. Valores referentes ao MOE nos painéis, com diferentes porcentagens de tanino
como agente adesivo.
Tratamento Teor de Fenol Teor de Tanino (%) Módulo de
Formaldeído (%) Elasticidade (N/mm²)
T1 0 0 284,51
T2 100 0 804,55
T3 0 100 656,13
T4 90 10 214,21
T5 80 20 866,66
T6 70 30 608,82
*Em que, médias seguidas pela mesma letra não diferem significativamente entre si, com
relação à porcentagem de tanino como agente adesivo, pelo teste Tukey no nível de 5% de
significância.
38
4.4.2.2 Ligação interna – LI (Resistência à tração perpendicular ao plano dos painéis)
Tabela 23. Valores referentes LI dos painéis, com diferentes porcentagens de tanino como
agente adesivo.
Tratamento Teor de Fenol- Teor de Tanino (%) Módulo de Ligação Interna
Formaldeído (%) (N/mm²)
T1 0 0 0,024 (a)
T2 100 0 0,136 (e)
T3 0 100 0,026 (a)
T4 90 10 0,066 (b)
T5 80 20 0,123 (d)
T6 70 30 0,095 (c)
*Em que, médias seguidas pela mesma letra não diferem significativamente entre si, com
relação à porcentagem de tanino como agente adesivo, pelo teste Tukey no nível de 5% de
significância.
A Ligação Interna (LI) está diretamente ligado à anatomia da chapa, onde, quanto
menos espaços vazios melhor melhor será o resultado de colagem, o que também é
influenciado pela temperatura e pressão, durante a confecção dos painéis (BRITO, 1984).
Quando avaliada, a ligação interna obteve significância, ao nível de 5% do teste de
Tukey, ou seja, houve diferença em pelo menos um dos tratamentos.
Como avaliado antes no módulo de elasticidade, a ligação interna também não
apresentou valores positivos referentes à alta densidade, observada nos painéis
confeccionados com tanino. Os valores de Ligação Interna (LI) observados nos painéis com
adesivos à base de fenol formaldeído foram superiores aos verificados nos painéis feitos
apenas com tanino (T3) e com soluções fenol formaldeído e tanino a 10 e 30% (T4 e T6).
Em geral, na reação dos taninos com o formaldeído, ocorrem hidroximetilações nas
posições reativas do anel resorcinólico ou floroglucinólico. Com a aplicação de calor e pressão
esses grupamentos reagem entre si, originando ligações metilênicas; entretanto, devido ao
tamanho das moléculas de taninos, há uma tendência de que as elas se tornem imóveis com a
formação de pequeno número de ligações metilênicas, resultando numa linha de cola fraca e
quebradiça. Tal fato ocorre porque as ligações metilênicas planas fornecidas pelo formaldeído
são muito curtas, em relação à distância entre os sítios ativos nas moléculas de taninos
(PIZZI; MITTAL, 1994).
39
5. CONCLUSÕES
O mesocarpo do coco verde é um material com potencial para a extração de tanino e para
fabricação de compósitos;
O sulfito de sódio a 5% apresentou melhor rendimento na extração tânica;
Quando comparado com adesivos sintéticos, os extratos tânicos do coco apresentaram valores
que atendem aos requisitos de agente adesivo, assim como a solução dos mesmos a 50%;
Os taninos extraídos do mesocarpo do coco verde apresentam potencial para utilização como
adesivo em painéis;
6 RECOMENDAÇÕES
40
7 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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