Catarina - Projeto Catapulta - Paulo Bonando
Catarina - Projeto Catapulta - Paulo Bonando
Catarina - Projeto Catapulta - Paulo Bonando
Resumo
Este presente projeto apresenta a proposta de um protótipo de uma catapulta construída
especialmente para disparar projéteis capazes de transportar sementes de embaúba para
promover o reflorestamento da Mata Atlântica. Os projéteis desenvolvidos foram de dois
tipos: o primeiro construído a partir da confecção de plástico biodegradável obtido a partir
do amido extraído de batatas e o segundo a partir de folhas vegetais. O projeto visou
promover a dispersão de sementes de embaúba de forma ecológica e que não gerasse
resíduos poluidores. A embaúba (Cecropia hololeuca) foi a espécie nativa escolhida para
a promoção do reflorestamento, uma vez que é uma espécie pioneira da Mata Atlântica.
Este bioma é o mais degradado do Brasil, restando apenas cerca de 12% de sua cobertura
original. Apesar disso, a Mata Atlântica é um dos biomas mais ricos do planeta em
biodiversidade, superando em número de espécies vegetais mais que alguns continentes
inteiros. A constante prática de queimadas, especialmente as dos últimos anos, ameaça a
subsistência da Mata Atlântica, colocando em risco de extinção inúmeras espécies, tanto
animais, quanto vegetais. Este projeto buscou semear e promover o reflorestamento em
áreas da Mata Atlântica degradadas por queimadas e que possui importante relevância
ecológica e inclusive turística. O primeiro lançamento foi realizado nas encostas do Morro
do Saboó, alvo de recente queimada localizado no município de São Roque (SP). O
segundo lançamento foi realizado em áreas florestais degradadas da Serra do Voturuna,
localizada em Santana de Parnaíba (SP), áreas também afetadas por recentes queimadas.
Ao todo, foram dispersadas por meio da catapulta, sementes que após germinarem, podem
culminar na existência de 300 novas árvores pioneiras e nativas. Estas por sua vez, darão
continuidade à sucessão ecológica, permitindo assim a recuperação destas áreas florestais
que nos são tão importantes e preciosas.
𝜏 = ∆𝐸𝑐 Eq. 2
2𝐸𝑐 Eq. 3
𝑣0 = √
𝑚
𝑣0 2 sin(2𝛼) Eq. 5
𝐴=
𝑔
𝐸𝑀 Eq. 6
𝑃=
∆𝑡
A potência mecânica da catapulta depende do intervalo de tempo de lançamento (∆𝑡).
Esse tempopode ser calculado através da aceleração (a) imprimida no projétil durante o
lançamento, calculada através da 2ª Lei de Newton, também chamada de Princípio Fundamental
da Dinâmica (GASPAR, 2005) , Equação 7:
𝐹 Eq. 7
𝑎=
𝑚
Assim é possível determinar o ∆𝑡 através da Equação 8, do Movimento Retilíneo
Uniformemente Variado (MRUV):
𝑣 − 𝑣0 Eq. 8
∆𝑡 =
𝑎
2- Justificativa
A preservação e a recuperação da Mata Atlântica é uma ação que urge ante à
crescente degradação que este bioma vem sofrendo ao longo de séculos, e mais
ultimamente, com a constante prática das queimadas das florestas. Mais que afetar a
economia e a qualidade de vida dos milhões de brasileiros que residem em áreas ocupadas
por este bioma, a recuperação da Mata Atlântica é uma ação de respeito e de cuidado para
as outras espécies de seres vivos que dividem o planeta conosco. É imprescindível a
preservação das mais de 8 mil espécies vegetais endêmicas, que são genuinamente
brasileiras, e que levaram milhões de anos de adaptações evolutivas para serem o que são.
Recuperar nossas matas é dar-lhes a oportunidade de continuarem a subsistir em seus
ambientes nativos, que são suas “casas” naturais. Nós seres humanos não temos o direito
de extinguir espécies inteiras, animais ou vegetais, quer seja por descuido inadvertido,
quer seja de forma irresponsavelmente proposital.
Nossa proposta de semear através projéteis biodegradáveis vem de encontro à essa
demanda, onde buscamos não promover nenhum impacto no meio ambiente. Nossa
proposta difere de outras semelhantes, principalmente dos projetos escolares que usam
foguetes de garrafas PET existentes, pois estes podem cair em áreas distantes da floresta,
não podendo ser resgatados e consequentemente poluindo-as. Além disso, esses foguetes
de garrafa PET usam bicarbonato de sódio e vinagre como propelentes. O ácido acético
que compõe o vinagre é danoso aos vegetais, podendo matar gramíneas e arbustos
pequenos, como verificamos em testes. Em nosso projeto entretanto, utilizamos apenas
energia elástica para propulsionar os projéteis que carregam sementes através de uma
espécie de catapulta, ou seja, a propulsão é estritamente mecânica, resultando em impacto
nulo sobre o ambiente.
A espécie que escolhemos para reflorestar, a Cecropia hololeuca, é nativa da Mata
Atlântica, apropriada para áreas degradadas, pois é espécie pioneira, e ainda serve de
alimento à fauna local. As áreas escolhidas para os lançamentos das sementes foram
aquelas em que comprovamos existir uma degradação antrópica, principalmente àquelas
provocadas por queimadas. Acreditamos que a preservação e a recuperação da Mata
Atlântica é um dever de todos nós brasileiros, já que é uma riqueza admirável de nosso
país. A preservação de nossas riquezas naturais é urgente para termos uma vida de melhor
qualidade e para as gerações futuras.
3- Questão problema
O projeto se concentra na busca da resolução da seguinte questão: “É possível
reflorestar regiões degradadas da Mata Atlântica de difícil acesso e sem poluir o meio
ambiente?”
Para a resolução desta questão problema, buscamos construir uma catapulta
lançadora de projéteis biodegradáveis portadores de sementes (construídos com folhas de
vegetais e plástico obtido através de amido de batata).
4- Metodologia
O projeto foi desenvolvido em 3 partes distintas. Na parte 1, projetamos e
construímos a catapulta de lançamento. Na parte 2, elaboramos o plástico biodegradável
e construímos os projéteis com sementes. Finalmente, na parte 3, fizemos o lançamento
dos projéteis em áreas da Mata Atlântica degradas por queimadas.
Figura 7:Dimensões da base da catapulta. Fonte: Figura 8: Gaiola acoplada à base através das duas
Os Autores. dobradiças (destaques em vermelho). A seta azul
mostra o sentido de giro que a gaiola pode fazer.
Fonte: Os Autores.
O inclinador foi fixado à base através de uma dobradiça, de modo que, quando a
gaiola se inclina, ele tenha mobilidade para se ajustar à nova posição assumida por ela.
Cada uma das três extremidades de madeira horizontal mostradas na ilustração das
Figuras 8 e 9, são travas que fixam a gaiola nos ângulos de 30°, 45° e 60°, de baixo para
cima, respectivamente. Acoplou-se um transferidor de lousa para referenciar os ângulos
e amarram-se 4 elásticos, cada um em uma aresta do retângulo superior que forma a
gaiola. A Figura 10 mostra este estágio da construção da catapulta:
Copo disparador
Mosquetão
Gatilho
Catraca
Corda do gatilho
Figura 12: Catapulta armada. Fonte: Os Figura 13: Corda do gatilho a ser puxada e liberar o
Autores. lançamento. Fonte: Os Autores.
Parte 2: Construindo os Projéteis Biodegradáveis.
Os projéteis biodegradáveis propostos são basicamente pequenos pacotes de
material biodegradável contendo um fragmento de rocha (para aumentar a massa e
melhorar a dinâmica do lançamento), uma pequena massa de terra adubada e as sementes
de embaúba (Cecropia hololeuca). Montaram-se dois tipos de projéteis que diferenciaram
quanto ao material do invólucro: plástico biodegradável de amido de batata e outro feito
de folhas de árvores. Estes dois tipos de projéteis construídos serão descritos a seguir.
Figura 24: As sementes de Cecropia hololeuca Figura 25: Projétil sendo preenchido com terra
possuem poucos milímetros de comprimento. adubada, sementes e fragmento rochoso. Fonte:
Fonte: Os Autores. Os Autores.
O invólucro de plástico biodegradável foi fechado com seu conteúdo, formando
uma pequena trouxa. Essa trouxa foi amarrada com uma tira do plástico biodegradável
produzido, concluindo assim a confecção deste tipo de projétil proposto (Figura 26).
Figura 28: Silhueta do Morro do Saboó em São Figura 29:Contorno dos morros da Serra do
Roque (SP). Fonte Os Autores. Voturuna, Santana de Parnaíba (SP). Fonte Os
Autores.
Figura 32: Projéteis prontos para serem Figura 33: Lançamento dos projéteis no topo do Morro do
lançados. Fonte: Os Autores. Saboó. Em destaque vemos o projétil arremessado no ar.
Fonte: Os Autores.
Figura 35: Área degradada por queimada recente na Serra do Figura 36: Lançamento de
Voturuna (Santana de Parnaíba). Fonte: Os Autores. projéteis em um dos pontos
selecionados (Serra do Voturuna).
Fonte: Os Autores.
5- Resultados
O primeiro resultado encontrado foi o desempenho dinâmico da catapulta
construída. Para tanto, mediu-se o peso necessário com diferentes objetos para se
conseguir a máxima extensão dos elásticos da catapulta, ou seja, a força necessária para
armar o lançamento. Esta força é importante, pois representa a mesma força que a
catapulta imprime nos projéteis a ser disparados. Através da força de lançamento e do
deslocamento vertical descrito pelo copo disparador que sobe acoplado aos elásticos
quando retornam à posição de relaxamento, pôde-se calcular o trabalho mecânico da força
elástica desempenhada pela catapulta durante o lançamento.
A força necessária para estender ao máximo os elásticos e armar o disparo foi de
12 kgf ou 120N. O deslocamento vertical do copo disparador foi de 25 cm. Assim, foi
possível determinar o trabalho mecânico, a velocidade final do projétil ao abandonar o
copo disparador (através do teorema trabalho-energia) e outras características físicas do
lançamento mediante as equações da cinemática (lançamento vertical e lançamento
oblíquo). Os resultados encontrados seguem expressos na Tabela 1, a seguir:
Tabela 2: Datas previstas para o rompimento dos projéteis e emergências das sementes lançadas.
Como se pode verificar, a emergência das árvores se realizará em datas além dos
prazos estabelecidos nesta feira de ciências. Portanto, não será possível demonstrar a
tempo os resultados reais do reflorestamento realizado. Por outro lado, mesmo nas datas
mostradas na Tabela 2, não será possível localizar com exatidão as mudas na área alvo,
pois além de estarem muito pequenas, foram lançadas em áreas de difícil acesso. Em
última análise, pode-se considerar que o resultado visível das possíveis árvores semeadas
levará um longo período do tempo, pois as árvores levarão meses ou até anos para
atingirem o tamanho necessário para serem visualizadas à distância. Mesmo assim, por
terem crescimento relativamente rápido, as embaúbas em breve se destacarão na
paisagem florestal degradada, podendo ser facilmente reconhecida devido suas copas
esbranquiçadas.
6- Contrapartida Social
A recuperação das florestas da Mata Atlântica é essencial para a melhoria da
qualidade de vida da população. Cerca de 60% da população do Brasil reside em área
ocupada por este bioma. Grande parte da sociedade brasileira depende dos recursos
naturais provenientes da Mata Atlântica, sobretudo da água proveniente de seus
mananciais. A preservação deste bioma implica diretamente em nossa própria
preservação, tanto no âmbito dos recursos naturais e da saúde, quanto no econômico.
O esgotamento dos recursos naturais e a destruição das florestas, não só as da
Mata Atlântica, colocam em grande risco nosso desenvolvimento e das gerações futuras.
O aquecimento global recrudescido pelas queimadas criminosas é um fato preocupante,
colocando o planeta a um passo de um desequilíbrio climático sem precedentes e com
consequências sociais e biológicas catastróficas.
O reflorestamento é uma saída urgente e a recuperação de áreas tão ricas em
biodiversidade como as da Mata Atlântica serão nosso legado para os brasileiros de agora
e do futuro.
7- Considerações Finais
Este projeto buscou contribuir para a recuperação de alguns pontos de um dos
biomas mais ricos do nosso país e do mundo. Além de permitir a semeadura de centenas
de árvores, a propagação das ideias aqui apresentadas poderá promover uma
conscientização social para a preservação da Mata Atlântica, que também é nosso lar.
Acreditamos que os protótipos desenvolvidos, catapulta e projéteis, apesar de
serem simples, sejam uma nova opção que possa ajudar na luta contra a degradação
ambiental. Assim, consideramos que pudemos responder a questão problema deste
projeto: os protótipos da catapulta e dos projéteis biodegradáveis podem promover o
reflorestamento de áreas de difícil acesso sem gerar poluição na natureza.
Estamos gratos pelo apoio do professor orientador e por todo o apoio dos
professores, direção e amigos que colaboraram ativamente para a execução deste projeto
e tentaram fazer deste mundo um lugar mais verde e melhor.
Referências
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística . 2019 Biomas e Sistema Costeiro-
Marinho do Brasil - 1:250 000. Brasil: IBGE, 2019.
ECO. Focos de queimadas na Mata Atlântica superam em 13% índices do ano passado.
Eco, 2020. Disponível em: <https://www.oeco.org.br/reportagens/focos-de-queimadas-
na-mata-atlantica-superam-em-13-indices-do-ano-passado/>. Acesso em 22 de setembro
de 2021.
AQUI TEM MATA? SOS Mata Atlântica. Aqui tem Mata?, 2020. Disponível em:
<https://www.aquitemmata.org.br/#/>. Acesso em 23 de setembro de 2021.
ESTADO DE SÃO PAULO. Currículo paulista: Etapa Ensino Médio. 2020. p.8.
Disponível em: <https://efape.educacao.sp.gov.br/curriculopaulista/>. Acesso dia 25 de
setembro de 2021.