Roteiros e Storytelling
Roteiros e Storytelling
Roteiros e Storytelling
.roteiro e narrativa
No cinema, os filmes são estruturados a partir
dos conflitos existentes, sejam eles pequenos – até mes-
mo quase imperceptíveis – ou grandes. O roteiro vai apre-
sentar tais conflitos à medida que, em certo momento,
sua estrutura vai desenvolver os pontos de virada.
Então, em um enredo cinematográfico temos o
desenvolvimento, onde nos é apresentado e estabeleci-
do os personagens. Na transição do desenvolvimento –
chamado de primeiro ato – para o segundo, um grande
conflito que mudará o rumo da estória estará presente.
Escrever. Fonte: Shutterstock (Reprodução) Este é o primeiro ponto de virada. A partir daqui temos o
desenvolvimento até uma segunda virada para o desfecho da estória. Esses elementos estão presentes no roteiro de
um filme. Elaboração da estrutura do filme a partir de seus conflitos; elaboração do personagem de maneira des-
critiva; elementos – que podem ser objetos ou não – que ligarão um tempo a outro (ex: um personagem recebe de
presente um isqueiro ainda no primeiro ato, esta ação passa quase despercebida, mas ao final aquele isqueiro ganha
um grande significado).
De certa forma, pode se dizer que o roteiro é a parte menos cinematográfica de um filme devido à ausência
da imagem. Mas o roteiro não é feito pensando na imagem? Sim, mas é um processo descritivo das relações e confli-
tos. O processo imagético começa a acontecer quando falamos da tal narrativa.
O papel do roteiro é justamente apresentar esses conflitos, na seguinte ordem:
Então, pode-se dizer que o roteiro é a sequência que descreve as relações e conflitos. Ele diz o que o filme vai
contar.
A narrativa é o momento em que as técnicas ci-
nematográficas entram em cena. Isso acontece porque
a narrativa nada mais é que o “como contar”, é o roteiro
em sua versão em imagem. Imaginemos o momento em
que contamos uma estória, seja ela qual for, estamos fa-
zendo um transporte temporal. Dessa forma, toda narra-
tiva é o transporte de um tempo para outro. As histórias
que contamos são, sempre, acontecimentos do futuro,
Screenplay. Fonte: SPCINE (Reprodução)
do passado ou indefinidos, sejam eles próximos ou não.
Contudo, ao narrarmos uma estória, jamais a contamos por completo, dando interpretações a esta, cortamos a his-
tória, a montamos. No cinema o processo é o mesmo, a história existe e o diretor, através das técnicas – fotografia,
montagem, sonoplastia, roteiro, trilha sonora e etc – narra a história dando sentido, significados e interpretações, ou
seja, o modo de contar. Curta e grossamente, um mesmo roteiro pode ter narrativas distintas. A simples mudança da
trilha tema de um personagem pode mudar completamente o sentido do filme.
A máxima é lançada: Todas as técnicas cinematográficas são servas da narrativa no auge do processo do
fazer filme, esculpir o tempo.
Roteiro:
[Externa]
O herói X chega em uma cidade inabitada onde Roteiro. Fonte: Viveos (Reprodução)
ouve-se apenas o som do vento, sua desconfiança para com esta é clara, sente estar sendo perseguido.
Narrativa:
Para contar esta cena o diretor vai trazer apenas a sonorização do vento, com ausência de trilha, para de-
monstrar o vazio da cidade. Uma fotografia com o posicionamento de câmera na altura dos pés do personagem
– para demonstrar a chegada deste – em uma lente grande angular para pegar a cidade por completo. Logo após,
uma montagem que fará uma justaposição de planos entre o close nos olhos e rosto do personagem com a cidade
demonstrará sua desconfiança com a mesma, além da procura por seus perseguidores.