Dissertação MARIANA LEONESY DA SILVEIRA BARRETO PDF
Dissertação MARIANA LEONESY DA SILVEIRA BARRETO PDF
Dissertação MARIANA LEONESY DA SILVEIRA BARRETO PDF
INSTITUTO DE PSICOLOGIA
PÓSGRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
Salvador
2012
MARIANA LEONESY DA SILVEIRA BARRETO
Dissertação apresentada à
Universidade Federal da Bahia, como
requisito para obtenção do grau de
mestre em Psicologia.
Área de concentração: Psicologia do
Desenvolvimento
Professora orientadora: Prof(a) Dra
Eulina Lordelo
Salvador
2012
Barreto, Mariana Leonesy da Silveira
B273 Etnoteorias parentais: um estudo com mães de diferentes gerações e níveis
sociais e econômicos / Mariana Leonesy da Silveira Barreto. – Salvador, 2012.
121f.: il.
CDD – 155
______________________________________________________________________
Agradecimentos
Em dois anos muitas mudanças ocorrem em nossas vidas. Não poderia ter sido ao
pensar sobre o tempo transcorrido ao longo deste curso de pós-graduação. Ao entrar
no mestrado, eu e o meu grupo de pesquisa, fomos à Missão de Estudos no Pará
onde vivemos por um mês, mas eu não imaginava que aquele também seria o último
mês de vida do meu avô Francisco Dário da Silveira, o primeiro a entrar em minha
lista de agradecimentos. O meu avô sempre foi para mim um imortal, exemplo de
pai, de avô e de esposo. Em muitos momentos de dificuldade, inclusive ao longo do
meu mestrado, era em meu avô que eu lembrava, pois ele, como um bom
marinheiro, jamais abandonaria o leme de um navio.
No Ciclo Vital, uma vida se encerra, mas há sempre outra que se inicia.
Paradoxalmente, eu perdia um avô, mas nascia uma sobrinha – Maria. A doçura do
nome representada na ingenuidade de uma criança. Uma menina seria capaz de
reestruturar toda a família. A minha irmã se tornava mãe e a minha mãe agora se
tornava avó. À minha mãe – Marylúcia Leonesy - peço desculpas por não tê-la
incluído em primeira instância, mas digo que é a você que devo o meu maior
agradecimento, agradeço à vida, ao carinho e por todo o amor; um amor exclusivo
que apenas uma mãe é capaz de dar a um filho. À minha irmã, Luciana Barreto, eu
agradeço por sempre me apoiar em todas as minhas empreitadas. Obrigada irmã, por
todas as revisões textuais, pela paciência, mas principalmente, por ter me
transmitido tantos valores, conhecimentos e uma amizade eterna! Muito do que sou
eu devo a você.
Em minha família há ainda muitas pessoas a quem eu devo agradecer e confesso que
escrever sem me tornar repetitiva é uma tarefa difícil. No entanto, mais difícil seria
sair do curso sem agradecer pessoas tão importantes e que participaram deste
processo. Ao meu pai, Valci Barreto, pela admiração que tem por cada uma de suas
filhas, pelo carinho, cuidado e desejo de estar ao lado até mesmo durante os
seminários de qualificação. À minha irmã Juliana Barreto, agradeço às lições diárias
e a aprendizagem construída em meio de tantas experiências compartilhadas.
Obrigada minha linda, pelos bolos e sanduiches que levava para mim à noite quando
eu estava em frente ao computador.
Escrever sobre nossa família é também contar um pouco das nossas tradições,
valores e uma parte de nossa cultura. Aos meus avós paternos (in memoriun), eu
agradeço por terem me ensinado o verdadeiro valor da humildade. A minha avó
materna, a paciência em dividir comigo a atenção de uma dissertação e o dengo que
toda a neta gostaria de receber. Aos primos, tios e familiares os meus sinceros
agradecimentos, especialmente aqueles que contribuíram de algum modo para esta
dissertação: Jéssica e Clotildes, obrigada pelo auxílio na coleta.
Em seguida, gostaria de agradecer a todos os meus amigos, inicio por aqueles que
me acompanham desde o ensino médio: Philippe Dutheil e Maria Augusta Mathias.
Aos que trilham comigo uma amizade que surgiu desde os tempos de graduação:
Carolina Meireles, Gabriela Jordão, Larisse Seixas, Samira Parcero e Mino Rios.
Aos novos amigos construídos ao longo do Programa de Pós-Graduação, em
especial, aos integrantes do meu grupo de pesquisa: Akemy, Carine, Samai Alcira,
Rachel Ripardo.
Eu sou particularmente grata a todos aqueles contribuíram de algum modo para este
trabalho: Sabrina Torres por ter lido a minha dissertação; Dalila Chaves pelo auxílio
na tabulação dos dados e a José Henrique Benedetti pelo auxílio nas análises
estatísticas.
A Eulina Lordelo, que embora não tenha sido citada na primeira linha dos meus
agradecimentos, é a ela a quem devo a minha maior gratidão. Eu jamais concluiria
este trabalho se não fosse a dedicação de minha orientadora. Obrigada Eulina por
todas as discussões, pelo cuidado, carinho, sorrisos e por todos os cafés
compartilhados ao longo das minhas orientações.
Agradeço a Deus, pois sem ele eu nada seria! Agradeço São José, Nossa Senhora e a
todos os santos e anjos que me auxiliaram neste processo, desde o processo seletivo
até o momento de entrega da minha dissertação. Obrigada por todas as graças que
me foram concedidas.
A aquele que é Todo, por tudo!
Resumo
p.26)....................................................................................................................... 33
p.10)....................................................................................................................... 48
realizadas...............................................................................................................
57
(2007) Kagitçibasi........................................................................................... 96
LISTA DE TABELAS
etário...................................................................................................................... 70
irmãos e número de pessoas que residem em uma casa por faixa etária das
cluster.....................................................................................................................
80
Tabela 6 - Frequência dos modelos de self por faixa etária e nível social e
socialização............................................................................................................ 87
Tabela 11 - Média dos escores nas escalas de self e metas por idade, NSE e
renda....................................................................................................................... 92
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO............................................................................................ 14
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................................... 21
3. MÉTODO...................................................................................................... 52
3.7 Instrumentos................................................................................................. 55
70
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................
5 CONCLUSÕES............................................................................................ 95
REFERÊNCIAS................................................................................................... 107
ANEXOS
1. INTRODUÇÃO
Em qualquer cultura, os pais desejam criar os seus filhos da melhor forma possível.
Unidos, por exemplo, os pais normalmente desejam que os seus filhos sejam
bastante valorizados; os pais esperam que os seus filhos, mesmo em idade adulta, sejam
com os seus familiares (Azuma, 1986; Rothbaum, Pott, Azuma, Miyake, & Weisz
2001).
compartilhados por um grupo social. Eles refletem ideias implícitas, as quais orientam o
modelos culturais, portanto, indicam o modo como as pessoas pensam sobre diferentes
temáticas, incluindo as concepção dos pais acerca do cuidado com os seus filhos. É
neste sentido que os modelos culturais estão relacionados com o conceito de etnoteorias
relação ao modo que devem criar os seus filhos, isto é: nas etonoteorias parenatais
(Meléndez, 2005).
2004).
autoaperfeiçoamento.
maior parte dos países da América Latina. Nesses contextos, os indivíduos tenderiam a
(Kagitçibasi, 2007).
(1996), por exemplo, demonstram que as crenças parentais não variam apenas em
partir dessa mesma perspectiva, Keller (2007) e Kagitçibasi (2007) indicam a influência
de diversos fatores nas crenças maternas, tais como: índice socioeconômico, tipo de
(2007), Martins (2009), Kobarg e Vieira (2008) e Seidl-de-Moura et al. (2008) indicam
(2007), por sua vez, evidenciam que as crenças e práticas podem variar em função do
tamanho populacional, as mães tendem a desejar que os seus filhos sejam mais
autônomos. Em uma relação inversa, indivíduos com nível socioeconômico mais baixo
A partir dos estudos empíricos realizados nessa área é possível notar uma
estudiosos do tema. Earley e Gibson (1998) e Kagitçibasi (1996), por exemplo, indicam
um aprofundamento teórico que permita explicar cada um dos atributos e padrões que
caracterizam o conceito. Essa imprecisão pode ser traduzida por meio da seguinte
afirmativa: “Os modelos culturais podem acabar sendo utilizados para explicar muitos
pode ser encontrada tanto entre indivíduos de um mesmo país, como entre indivíduos de
países diferentes, o que torna difícil a sistematização dos resultados (Sinha & Tripathi,
1994).
Como consequência, este último contexto é explicado por meio de modelos pré-
essa razão, que autores como Keller et al. (2006), Kagitçibasi, (1996) e Triandis (1994),
18
caso do Brasil.
Keller (2006), o modelo de self autônomo relacional caracteriza-se como uma etapa de
afirma que o self autônomo relacional é qualitativamente distinto dos demais. Para a
autora, entender o self autônomo relacional como produto dos dois modelos culturais
autônomo relacional para o self independente, tal como sugerido por Keller (2007)
serem combinadas podem originar quatro modelos de self, tal como propõe Kagitçibasi
indicar certa continuidade no que se refere às metas de socialização? Sob quais aspectos
independência quando comparados aos indivíduos com maior faixa etária, o que pode
ser um indicativo de uma tendência dos indivíduos em direção ao modelo cultural mais
independente.
Nesse sentido, o presente trabalho também tem o interesse de analisar, além das
diferentes gerações e status social e econômico. Para isso, participaram desta pesquisa
116 mães com idade entre 25 a 40 anos e a partir de 50 anos e de diferentes níveis
sociais e econômicos.
ortogonal, tal como proposto por Kagitçibasi (2005, 2006, 2007) e o conceito de metas
cultural e indicar as tendências futuras em relação aos valores assumidos pelas mães em
relação ao processo de criação dos seus filhos. A pesquisa permite ainda entender como
americano e, portanto, ainda pouco estudado. (Keller et al., 2006; Kagitçibasi, 1997 e
Triandis, 1994).
21
1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
As mães que residem na zona rural de Camarões, ao interagir com os seus filhos
de apenas três meses de idade, costumam jogar as crianças para cima e suspendê-las
pelos braços. Para elas, parece normal que as crianças realizem este movimento. No
entanto, quando as mães germânicas veem um retrato das camaronesas brincando com
sua vez, estranham ao ver fotos de mães germânicas conversando com os seus filhos e
não entendem o motivo da conduta, pois para as camaronesas, os bebês em tenra idade
seriam incapazes de entender a fala de suas mães (Keller, 2003). A realidade indica a
diferença entre indivíduos de culturas distintas: mães de zona rural dos Camarões e
científico foi cunhado no século XIX, em 1871 por Edward Tylor em seu livro
crenças, arte, moral, leis costumes e quaisquer capacidades e hábitos adquiridos a partir
acreditava que era possível encontrar elementos universais em qualquer cultura e que as
publicação de Charles Darwin The Origin of Species. Nesse período a cultura era vista
como um fenômeno adaptativo, o qual emergia da luta pela sobrevivência por meio de
estratégias não biológicas utilizadas pelo ser humano. Entre os teóricos influenciados
por esta linha de raciocínio estavam: Tylor, Herbert Spence e Lewis Henry Morgan,
interpretada de modo a ser utilizada como uma estratégia de dominação política para
(Lesser, 1985).
principal percussor. Surgia assim uma concepção mais relativista de cultura considerada
como o relativismo cultural ou a Escola Cultural Americana (Danesi & Perron 1999;
Laraia, 2001). Contribuíram com este movimento outros teóricos como, Edward Sapir
Sapir (1921) pesquisava sobre a influência da linguagem em uma cultura, Mead (1939-
existentes na moral, condutas e estilos de vida desenvolvidos por cada cultura (Danesi
especificidades presentes no local (Laraia, 2001). Tal perspectiva ainda está presente no
mais contemporâneos, como Geertz (1989), o qual assume que cultura deve ser
simbólico, que deve ser interpretado hermeneuticamente. Nesse sentido, a cultura deve
ser entendida como um texto a ser interpretado e, portanto, não deve ser medida e nem
considerado pelos autores como Modelo Padrão das Ciências - ainda adota uma
que também precisam ser analisados. É neste sentido que Tooby e Cosmides (1995)
afirmam que o modelo Padrão das Ciências Sociais não é capaz de articular os
A partir do Modelo Padrão das Ciências Sociais, as variações de cada cultura são
tratamento que elas dão aos seus filhos, por exemplo, seria explicada apenas em
aleatória e a cultura torna uma condição necessária e suficiente para o entendimento das
1995)
24
espécies. Por adaptações entendem-se os mecanismos criados pela seleção natural com
nos substratos e, caso estas mudanças sejam selecionadas, elas são reproduzidas ao
processo de seleção natural e reflete uma determinada função. As unhas de felinos, por
exemplo, são bastante afiadas, pois as garras do animal são importantes para a caça; o
olfato dos cachorros também é aguçado, pois esta característica assumiu uma função
do apêndice humano.
genéticos, os quais produzem um efeito nas células que controlam a manifestação dos
estudo da epigenética não se restringe ao estudo dos genes, mas ao estudo de todos os
outros componentes que regulam a expressão dos genes (Jablonka & Lamb, 2002). Há
gênero no crocodilo ou do tipo de mel ingerido pelas abelhas, que define se ela será uma
cognitivos, presentes na espécie humana, que sofrem um efeito dessa interação. O modo
será responsável para que o indivíduo julgue o jeito mais adequado de agir em uma
1995). Como exemplo de mecanismos psicológicos, é possível citar o modo como o ser
vínculos – o apego – (Bowby,1969) e a preferência dos bebês humanos por faces de sua
cultura, a qual não deve ser analisada apenas como um ambiente no qual o individuo
está inserido e por meio do qual ele assimila passivamente o conjunto de regras e
condutas de um determinado local. A cultura deve ser entendida a partir da relação entre
interação. É por meio dos mecanismos psicológicos que o ser humano é capaz de
26
Ao analisar a cultura por meio dessa perspectiva, o indivíduo não vem ao mundo
como uma tabula rasa a ser formado e moldado passivamente pela cultura, mas nasce
com um aparato biológico, o qual será responsável para que ele analise a cultura a partir
dos recursos ambientais presentes (Tooby & Cosmides, 1995). Para o entendimento
que precisam ser definidos, pois compõem a concepção de cultura de Tooby e Cosmides
Cosmides, 1995).
por como uma etapa transitória, um rito de passagem, um transporte ou uma travessia
quais podem variar a depender do período histórico e da cultura onde o individuo está
Entre povos mesopotâmicos, por exemplo, havia muito cuidado com o corpo da pessoa
que havia morrido; ele era enterrado juntamente com os pertences do defunto e com a
sua comida predileta. Os cemitérios não poderiam ser violados, pois era o que separava
o mundo dos vivos e o mundo dos mortos. Atualmente, uma sociedade ocidental, a
que, de um modo geral, são respeitados, assim como as pessoas falecidas (Giacoia,
2005).
evocada, descrito por Lordelo (2010, p. 59) como: “semelhanças entre as pessoas de um
mesmo grupo e diferenças entre pessoas de grupos diferentes, geradas por mecanismos
ambientes físicos diferentes, mas com clima, vegetação, relevo similares. Assim,
indivíduos que vivem próximos aos rios ou mares costumam desenvolver ferramentas
semelhantes para a pesca de peixes ou mariscos. É ainda possível citar que mães da
zona rural independentemente do país onde elas estão inseridas, tendem a adotar
indivíduo. A invenção da escrita, por exemplo, permitiu que houvesse no ser humano
modifiquem uma cultura. Há assim, um processo de transmissão cultural que não ocorre
de modo passivo, muito pelo contrário, o indivíduo exerce uma função ativa na
reformulação de uma cultura e dos paradigmas existentes, o que permite que haja uma
possui desde o seu nascimento, o qual foi adquirido por meio de um processo de
29
perspectivas teóricas que estudam essa interação, é possível citar o modelo de nicho de
autores que pesquisaram os valores e as crenças dos pais em seis diferentes contextos de
espécie em seu habitat natural. Na antropologia, por sua vez, essa terminologia foi
e Super, 1996a).
específicos que interagem entre si, influenciam e são influenciados pela cultura local. O
crenças voltadas para a criança e o seu desenvolvimento (Harkness & Super, 1996a e
criança vive na zona urbana ou rural e até mesmo os perigos e oportunidades que fazem
parte do seu contexto. O ambiente social, por sua vez, envolve as pessoas que
criança pode ser obtido a partir dos resultados da pesquisa de Greenfield (2002)
realizada nas tribos do Zinacantec, no México. A autora identificou que neste local as
crianças apenas começavam a andar com um ano e seis meses de idade; o que poderia
ambiente em que elas estão inseridas. As casas nas tribos de Zinacantec possuem
poderiam se queimar. Assim, para as mães de Zinacantec, os seus filhos apenas devem
pessoas que interagem com os bebês como parte do seu ambiente social.
dos costumes da criança, tais como nas rotinas habituais, práticas de amamentação ou
(1996a, 1996b).
modo como mães alemãs criam os seus filhos. Para elas, é importante utilizar um
(regelmaat) e a limpeza (reinheid) (Harkness & Super, 2005). Tal prática pode ser
descrita como um ritual e é adotada para permitir que as crianças sejam capazes de
sustentar a sua atenção por longos períodos de tempo e para que elas estejam adequadas
em relação aos seus filhos. É nesse sentido que também estão relacionadas com o
crianças.
que eles sejam obedientes, inteligentes, seguros e independentes, apenas para citar
alguns exemplos (Harkness & Super, 1994 e Super & Harkness, 1986,1997).
relação ao modo como os pais pensam sobre os seus filhos, sobre o desenvolvimento, e
dos cuidadores em relação ao cuidado destinado às crianças são mediadas pelo contexto
estratégias utilizadas para melhor educar uma criança (Harkness & Super, 1994 e Super
& Harkness, 1986, 1997). Cada um destes elementos compõe o ambiente onde o
criança. Tal relação pode ser ilustrada a partir do esquema proposto por Harkness e
possível notar que a criança ocupa o papel central e é envolvida pelos três subsistemas,
funciona como um “sistema aberto”, por meio do qual há uma interação entre o
fornecidas pelo seu meio, ao mesmo tempo em que ela deverá agir de modo a
transformar o local onde vive, o qual pode se modificar em função das características
adequadas para a criação de infantes, tema constantemente estudado por meio das
Os pais criam expectativas, desejos e anseios em relação ao futuro da sua prole. Eles
consideram que devem adotar determinadas estratégias educacionais para que os seus
revistas ou até mesmo por periódicos científicos. Elas evidenciam as condutas que
devem e as que não devem ser tomadas, com o objetivo de se melhor educar uma
criança.
depender da cultura ou do país onde o indivíduo está inserido, mas por mais diferentes
que possam parecer, elas possuem algo em comum: todas elas acreditam que existe uma
maneira mais correta ou um jeito mais natural de se criar um filho. Para Harkness e
etnoteorias parentais.
conjunto organizado de ideias, que podem ser explícitas ou implícitas, as quais estão
presentes no cotidiano, nos juízos de valor e nas atitudes tomadas pelos pais ou pelo
educador quando eles criam ou educam uma criança. As etnoteorias parentais abrangem
atitudes dos pais em relação à criação dos seus filhos (Meléndez, 2005 e Seidl-de-
gerações por meio de um processo de transmissão cultural (Harkness & Super, 1996a;
1996b).
nível vertical, as crenças são modificadas lentamente, pois elas são transmitidas de
social. O mesmo não acontece quando o processo ocorre em um nível horizontal. Nesse
pelos meios de comunicação em massa (Lamm, Keller, Yovsi & Chaudhary, 2008).
manutenção das crenças parentais. Kagtisbaçi (2005, 2007) e Keller (2007), por
36
etnoteorias parentais e no modo como os pais se relacionam com os seus filhos. Estudos
& Super, 2006 e Harwood, Schoelmerich, Schulze, & Gonzalez, 1999). É nesse sentido
que Keller (2007) afirma que as etnoteorias podem servir como uma das principais
explicações para o entendimento das diferenças culturais, pois elas influenciam e são
Goodnow (1992, 1996) sistematiza quatro principais razões para o estudo das
estruturais, tais como: valores, crenças, sistema de crenças, ideais e cognições parentais.
De acordo com Rokeach (1973), valores são definidos como crenças duradouras sobre
antagônicos.
indivíduo como a do seu grupo social. Os valores são considerados como estáveis, uma
vez que são aprendidos de um modo absoluto. Eles são capazes de direcionar as
(Rokeach, 1973).
As crenças, por sua vez, estão associadas às informações que se têm sobre um
crenças não são apenas cognições ou esquemas cognitivos, mas pressuposições e ações
(Rokeach, 1973).
adotar a terminologia ideias, pois as ideias não se configuram como sistemas rígidos;
elas assumem um ideal de transformação, uma vez que podem ser modificadas ao longo
conceituais e metodológicas.
38
como verdadeira: “é importante que a mãe amamente o seu filho”. Essa afirmativa
importância da amamentação.
parentais para indicar que as crenças sobre o cuidado parental são estruturadas em
crianças.
sistema de valores e crenças a partir do qual os pais criam seus filhos, o modelo cultural
os quais não se restringem às relações parentais (Keller, 2007; Harkness et al., 2001 e
De acordo com Keller et. al. (2006) e Greenfield et al. (2003), os modelos
2010). De uma forma análoga, o estudo dos diferentes fatores que compõem as
etnoteorias parentais é relevante, pois o modo como as crenças são organizadas pode
socialização são descritas como os anseios, desejos e expectativas dos pais em relação
ao futuro dos seus filhos. Elas refletem os valores, as crenças e opiniões compartilhadas
por um grupo social sobre o jeito correto da criança ser ou agir (Miller & Harwood,
2001; Leyendecker et al., 2002; Suizzo, 2002 e Keller, 2007). Os modelos de criança
escolaridade dos pais, gênero da criança, sexo dos pais, entre outros fatores (Harkness &
40
Super, 2006a; Harwood et al., 1999 e Palácios & Moreno, 1996). As metas de
A pesquisa de Keller, et al. (2007), por sua vez, evidencia as diferenças entre as
mães chinesas e euro-americanas. A autora afirma que os chineses, por serem mais
similares são ainda encontrados nos trabalhos de Keller H, Borke J e Yovsi (2005) ao
É nesse sentido que Keller (2007) afirma que os modelos culturais influenciam e
Para a autora, dois modelos culturais são importantes para a compreensão das metas de
41
importante para a compreensão das culturas que ocupam uma posição intermediária
Cada um dos modelos culturais é mediado pelo ambiente onde o indivíduo está
escolhas para àquilo que é bom e justo, os ensinamentos sofistas (séc. V a.C) afirmam
considera que o ser humano, para governar uma nação, deve ser honesto, por outro lado,
iluminismo, é possível citar nomes de filósofos como: Adam Smith, com o seu livro A
Riqueza das Nações, Descartes, David Hume, entre outros teóricos da época, os quais
valorizam o livre arbítrio e a autonomia. E, por outro lado, houve também filósofos que
história é importante, pois é possível notar que esses padrões podem ser encontrados em
diferentes contextos e culturas, o que pode ser uma evidência do argumento utilizado
por Kagitçibasi e Berry (1989) e Triandis (1996), os quais afirmam que padrões
Para Hofstede (1980) o individualismo foi definido como a tendência dos indivíduos de
consideração o interesse do grupo. O coletivismo, por sua vez, foi definido como a
individuais.
43
diferentes países identificaram quatro fatores que definem a cultura como individualista
pudessem ser utilizadas para a dimensão individual; foi assim que ele sugeriu que se
definido por Triandis (2002) como síndrome cultural. O termo síndrome é adotado, pois
modo geral, é possível identificar que culturas individualistas tendem a apresentar maior
complexidade e rigidez; enquanto que culturais coletivistas tendem a ser mais simples e
flexíveis.
45
e no padrão de orientação do self, sendo este definido como um produto das relações
atributos internos, cujos sucessos e fracassos são explicados por meio de características
dependem dos fatores situacionais e não de atributos inerentes ao sujeito (Markus &
Kitayama, 1991)
coletivismo. O I-C relacional, por sua vez, enfatiza a relação do indivíduo com os
Kagitçibasi (1996, 2005, 2007), ao estudar o self mediado por mudanças de contextos
46
familiares e pelo índice socioeconômico, sugere que o modelo de self não se restringe a
(2006, 2007), o self é definido por duas dimensões: agência e distância interpessoal, as
conjunção das dimensões agência e distância interpessoal podem formar quatro modelos
heteronomia, por sua vez, descreve a capacidade de ser governado por meio das regras
sociais e direcionar as suas escolhas em função dos interesses do grupo. Esse conceito
C relacional). Essa correlação pode evidenciar que o modelo de self está intimamente
relacionam com os modelos culturais e o tipo de família, Kagitçibasi (2001, 2006, 2007)
grupo tanto a nível emocional como material. As relações interpessoais são próximas.
interpessoais harmoniosas.
relacional por Kagitçibasi (1996, 2001, 2006, 2007), o qual se aproxima do modelo de
no que se refere à relação entre o indivíduo e a sua família. Há a valorização dos papéis
49
referência ao grupo a que pertencem ou aos papeis que assumem. Nesse sentido, quando
sua identidade, eles poderão utilizar frases como: “minha mãe diz que eu sou
prestativa”, ou simplesmente: “meu pai acredita que eu sou uma pessoa educada”
separado (Kagitçibasi, 2005, 2006, 2007) ou, de acordo com a perspectiva de Keller
modelo familiar prevalece em países que possuíram um modelo cultural coletivista, mas
como os países da America Latina, México e até mesmo o Brasil. Nesses ambientes
Por outro lado, os indivíduos com o modelo de self interdependentes (zona rural dos
Camarões e zona rural de Gujarat na Índia) apresentaram escores mais altos na escala de
que compartilhavam um modelo de self autônomo relacional (China, Costa Rica, Delhi
ainda pouco estudado e ainda sem evidências empíricas – o modelo de self heterônomo
obediência, mas seriam completamente separados do seu grupo social; como exemplo
1
O alocentrismo familiar é caracterizado pela lealdade e solidariedade entre os membros da família.
51
(Kagitçibasi, 2007).
Greenfield et al. (2003), Keller et al. (2006), Keller (2007), Kagitsibasi (1996, 2005,
2007), Harkness, Super e Tijen (2000) indicam uma relação entre as metas de
socialização e o modelo de orientação de self. Para Harkness et al. (2007), essa relação
contexto social.
níveis sociais e econômicos e com diferentes faixas etárias, com idades entre 25 a 40
anos e a partir de 50 anos. Além disso, objetivou-se identificar a relação entre o modelo
3 MÉTODO
modelo de self mais independente, com metas de socialização voltadas para a autonomia
do que as mães com faixa etária mais alta? Como os fatores sociais e econômicos
gerações?
variáveis.
estudo descritivo pode ser justificado pela tentativa de caracterizar o modelo de self e as
metas de socialização entre as mães com idade entre 25 a 40 anos e acima de 50 anos,
socialização.
modelos culturais uma organicidade; se é possível indicar uma relação entre o modelo
contrário, as mães com um modelo de self mais heterônomo, tendem a apresentar metas
proposto por Kagitçibasi (2001, 2005, 2007) ao modelo de self descrito por Keller
(2007), explorando possíveis evidências empíricas que indiquem que o modelo de self é
pressuposto formulado por Kagitçibasi (2007) segundo o qual entre indivíduos de países
capital. As mães com baixo nível social e econômico residiam em bairros como: Vale
das Pedrinhas, final de linha do Garcia, São Cristovão, Suçuarana e Boca do Rio. Já as
55
mães com o alto nível social e econômico moravam na Pituba, Caminho das Árvores,
Poderiam ser selecionadas todas as mães que residissem em Salvador e tivessem idade
em relação à faixa etária e ao nível social e econômico. Foram excluídas todas as mães
que não estavam dentro da faixa etária escolhida e que não residissem na cidade de
Salvador.
3.7 Instrumentos
Kagitçibasi (2007) assume como pressuposto teórico que o self deve ser medido por
dimensão agência. Para isso, foram elaborados nove itens contendo as seguintes
afirmações: “Eu me sinto independente das pessoas que são próximas a mim” ou
simplesmente, “As opiniões de pessoas que estão próximas a mim exercem uma
A dimensão distância interpessoal, por sua vez, é mensurada por meio da Escala
de self relacional (Kagitçibasi, 2007). A escala é elaborada contendo nove itens com
afirmativas como: “Eu preciso do apoio daquelas pessoas que são próximas a mim”, ou
“As pessoas que são próximas a mim influenciam muito em minha personalidade”. É
importante ressaltar que a autora, embora sustente que os dois construtos são distintos,
traduzidas por meio da concordância entre dois juízes bilíngues. Além das traduções
possível citar a seguinte sentença: “I do not like a person to interfere with my life, even
if he or she is very close to me”, em que o termo “I do not like” foi alterado e o
medidor de intensidade “very close” foi retirado; a versão traduzida e adaptada deste
item foi expressa da seguinte forma: “Eu gosto quando as pessoas interferem em
Os ajustes nas escalas foram realizados por considerar que tanto sentenças
Quadro 1: Comparação entre as escalas de self autônomo e self relacional proposta por
Kagitçibasi e as traduções e adaptações realizadas para serem utilizadas neste trabalho.
como proposta por Kagitçibasi (2007), é composta por nove itens, sendo que três
entretanto, apenas um reflete autonomia: “Eu me sinto independente das pessoas que
heterônomos.
caso da seguinte afirmativa: “I need the support of persons to whom I feel very close”;
escala original há quatro itens que expressam o afastamento do indivíduo com o seu
grupo social, na escala utilizada por este trabalho apenas dois itens indicam uma
60
socialização elaborada por Keller, et al. (2006). Esta escala já foi adotada tanto no
âmbito internacional por Keller et al. (2006), Lamm e Keller (2007), Lamm et al. (2008)
crianças deveriam aprender em seus primeiros três anos de vida. A escala é composta
por dez itens, sendo que cinco itens expressam valores voltados para metas autônomas
“aprender a obedecer as pessoas mais velhas”, “aprender a cuidar do bem estar dos
todas as pessoas que residiam em sua casa. Por meio desta tabela, era possível
identificar o número de pessoas que residiam em uma mesma casa, a idade destas
desejariam ter.
social e econômico. Para isso Hollingshead (1975) assume como pressuposição a ideia
sexo e o estado civil. Tais fatores ao ser combinados permitem que o pesquisador estime
por sua vez, é importante para entender o papel que o indivíduo desempenha e o status
dos membros familiares. Há diferentes tipos de famílias, no caso das famílias casadas
indivíduo ser casado e apenas um cônjuge ser empregado, nesse caso, apenas as
preciso considerar a profissão que eles possuíam antes de se afastarem da sua atividade
profissional.
Para a análise do prestígio ocupacional foi utilizada uma lista com 450
profissões definidas pelo Hollingshead (1975). Para cada profissão é atribuído um peso
Com o objetivo de analisar o nível social e econômico das mães por meio do
Os escores obtidos pela escala de prestígio ocupacional são somados aos escores
escolaridade do pai e multiplicado pelo peso três; o resultado desse somatório é dividido
membros responsáveis pela família, isso é, se eles possuem um trabalho não qualificado
prestígio ocupacional dos indivíduos, apresenta desvantagens, pois valor atribuído para
64
econômico dos participantes obtido por meio do Hollingshead (1975) foi ponderado por
alto poderiam ser levados para a casa para serem respondidos em outro momento, sem
a ajuda do pesquisador. Entre os indivíduos com nível de escolaridade mais baixa, foi
final, para que ele não influenciasse nas respostas dos participantes.
mensurada adotando o princípio descrito por Kagitçibasi (2007), segundo o qual quanto
menor o escore obtido maior o nível heteronomia. Todavia, como é possível observar no
Quatro 1, há itens que são indicativos de atitudes heterônomas, por isso, na fase de
A Escala de self relacional, por sua vez, objetiva medir o grau de proximidade
ou distanciamento entre os membros do grupo, sendo que quanto maior o índice obtido
membros de um grupo.
e relacional foram tratadas de acordo com o modelo proposto por Kagitçibasi (2007):
primeiramente foi realizado o somatório dos escores produzidos pelos indivíduos nas
escalas de self autônomo e nas escalas de self relacional. Em seguida, foi identificado o
médio nas escalas de self autônomo e nas escalas de self relacional foram considerados
como tendo o modelo de self autônomo relacional. As mães que apresentarem escores
abaixo do ponto médio em ambas as escalas foram enquadradas tendo o modelo de self
interdependentes.
diferenciado dos dados em relação às escalas de self; o objetivo foi o de melhor adequar
(Kagitçibasi, 2007). Para isso, as escalas de self autônomo e self relacional foram
submetidas a uma análise de cluster (K-Mean cluster), de modo que fossem definidos
67
separado. Para a definição de cada cluster foi utilizado como critério de avaliação a
média dos escores obtidos nas escalas de self autônomo e self relacional.
Kagitçibasi (2007) com a análise de cluster, foi identificado que houve uma maior
adequação da análise de cluster aos resultados descritos pela literatura, por isso este
No que se refere à escala de metas de socialização (Keller et al., 2006), ela foi
pelo somatório dos itens cujas metas de socialização estão voltadas para o fator
dos pais sobre as características que as crianças deverão desenvolver nos seus três
primeiros anos de vida. Os escores obtidos nesta escala foram correlacionados com os
Four Factor Scale, em seguida foi realizada uma análise de cluster (K-Mean cluster)
com dois agrupamentos, os quais foram categorizados como nível social e econômico
baixo e nível social e econômico alto. As pessoas com nível social e econômico baixo
obtiveram no Four Factor Scale escores que variavam entre 8 a 36. Já as mães com
nível social e econômico alto apresentaram escores iguais ou superiores a 37. Houve
calcular o índice de acordo com o modelo proposto por Hollingshead (1975). Nestes
casos, para a definição do status social e econômico, foi considerada a renda familiar.
proximidade familiar. Consistiu em uma única pergunta destinada às mães sobre onde
elas desejariam que os seus filhos morassem. A escala variava desde “em minha casa”
até “em outro país”. As respostas foram agrupadas em duas categorias de análise. No
poderiam morar desde: “em minha casa” até “no seu bairro”; no segundo agrupamento,a
mães indicaram que os filhos poderiam morar entre “em sua cidade” até “em outro país”
(Anexo 1).
momento, desistir da sua participação sem que houvesse qualquer sanção. Após
responder ao Termo de Consentimento Livre Esclarecido (Anexo 5), por meio do qual
que a participação era voluntária e que eles poderiam desistir a qualquer momento da
pesquisa.
risco mínimo, uma vez que todas as mães foram informadas sobre os seus objetivos da
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
.1 Caracterização da amostra:
Participaram da pesquisa 116 mães com idade entre 25 a 85 anos. Elas foram
alocadas em dois grupos equitativos: o primeiro com as mulheres mais novas - entre 25
participantes, a maioria das mães jovens é casada ou mora com os seus parceiros
nenhuma viúva. No grupo das mães com idade igual ou acima de 50 anos, um número
bastante alto das participantes permanece casada (43,1%). Uma minoria se separou dos
Tabela 1
% %
Estado civil
Solteira 24,1 15,5
Casada ou mora junto 65,5 43,1
Divorciada 10,3 19
Viúva 0 22,4
Local de nascimento
Interior 13,8 58,6
Capital 86,2 41,4
Tem religião
Sim 84,2 86,2
Não 15,8 13,8
71
Qual a religião
Evangélica 43,5 17,3
Espírita 6,5 11,5
Outras 4,3 7,7
N 116
diferentes grupos etários, é possível identificar uma diferença importante: a maior parte
das mães com idade acima de cinquenta anos nasceu no interior (58,6%); em
capital (86,2%).
(85,2%). Entre as mães mais novas prevalece o número de católicos (45,7%), seguido
de evangélicos (43,5%), espíritas (6,5%) e de pessoas que tem outro tipo de crença
religiosa (4,3%). Na população das mulheres com idade superior aos cinquenta anos, há
um alto índice de pessoas católicas (63,5%), seguido das evangélicas (17,3%), espíritas
novas possuem um nível social e econômico mais elevado (M=37,29; DP=17,7) do que
as mães com idade mais avançada (M=30,08; DP=19,93). No grupo das mães mais
jovens, 46,6% foram classificadas como tendo um baixo NSE e 53,4% apresentam um
alto NSE. Entre as mães com idade igual ou acima de 50 anos, a distribuição foi
equitativa, de modo que 50% das pessoas apresentaram um baixo nível social e
econômico e o mesmo valor percentual foi apresentado pelas mães com alto nível social
econômico.
72
Tabela 2
Nível social e econômico, grau de escolaridade do pai e da mãe e renda per capita por
faixa etária
N 116
por mais tempo (M=13,4; DP=3,51) do que as mães com mais idade mais avançada
(M=10,0; DP=5,02). No grupo das mães mais novas, 48,3 % estudaram entre 12 a 20
anos e 43,1% estudaram entre 9 a 11 anos, sendo que apenas 8,6% da amostra estudou
entre 0 a 8 anos. Entre as mães com idade igual ou acima de cinquenta anos, 37,9%
estudaram entre 0 a 8 anos e um valor percentual um pouco mais baixo foi igualmente
apresentado por mães que estudaram entre 09 a 11 anos e pelas mães que estudaram por
casados com as mulheres mais novas estudou entre 09 a 11 anos. A fração dos pais que
estudou por no mínimo 12 anos é de 38,6%. Entre os pais casados com as mulheres de
maior faixa etária, a maioria deles estudou por mais de doze anos (57,1%), houve
(14,3%).
Conforme pode ser visualizada na Tabela 2, a renda per capita das participantes
variou entre R$ 0,00 a R$10.000 reais. A média salarial das mães com idade entre 25 a
40 anos foi menor (M=1.401,04; DP=1812,03) do que a das mães com idade mais
avançada (M= 2386,73; DP=2742,27). Cabe ressaltar que entre as mães mais novas, há
21,6% das mães ganham acima de 4 salários mínimos. Em relação às mães com idade
mais avançada, o mesmo valor percentual é apresentado pelas mães que ganham 1 a 2
mais baixa é apresentada pelas mães que ganham entre 0 a 1 salário mínimo (25,0%) e
modelo familiar. Em geral as mães com idade mais avançada apresentam uma maior
quantidade média de filhos (M=2,54; DP=1,49) do que as mães mais novas (M=1,6;
DP=0,81). As mães com mais idade também possuem um número maior de irmãos (M
quantidade de pessoas que residem em uma mesma casa é maior entre as mães mais
jovens (M= 3,09; DP=1,25) do que entre as mães com mais idade (M=2,71; DP=1,45).
74
Tabela 3
Valor percentual e médio das variáveis: número de filhos, tem irmãos e número de
pessoas que residem em uma casa por faixa etária das participantes
N 116
indivíduo, a qual permite que ele julgue um jeito mais correto ou adequado de agir em
universais (Kagitçibasi, 1996). Como tais valores estão relacionados à teoria dos
- há autores como Kagitçibasi (1996), Kagitçibasi e Berry (1989) e Triandis (1996), que
uma determinada realidade. Além disso, permite refletir sobre como as crenças e os
valores podem ser transmitidos ou até mesmo reconstruídos e modificados ao longo das
Keller (2002), Greenfield (2003) e Keller & Chaudhary (2008), consideram que,
distantes entre os seus familiares ou amigos mais íntimos. Assim, indivíduos com maior
escolaridade ou com uma maior renda tenderiam a apresentar um modelo de self mais
mais distantes; por outro lado, para Kagitçibasi (2007), haveria, nessa situação, uma
pessoas mais jovens ou com mais elevado nível social e econômico tenderiam a assumir
valores mais autônomos, como afirma Keller (2007) e também Kagitçibasi (2007)?
77
da proximidade interpessoal?
primeira delas indicaria que as pessoas mais novas e com maior escolaridade tenderiam
a apresentar valores mais autônomos, tal como afirma Keller (2007) e também
(2007) caso as pessoas mais novas e com maior nível social e econômico apresentassem
relações interpessoais mais distantes do que as pessoas mais velhas ou com nível social
estabelecem uma relação mais próxima entre os familiares ou amigos mais próximos.
deste trabalho, é possível indicar alguns dos resultados obtidos por meio desta pesquisa.
78
Para isso, foi utilizado o método de mensuração proposto por Kagitçibasi (2007). Como
resultados desta pesquisa, tal como pode ser visto na Tabela 4, foram identificados dois
(16,4%).
Tabela 4
Modelo de self %
N 116
tiveram aderência a este modelo de self, enquanto que 31,9% apresentaram o modelo de
resultados desta pesquisa indicaram que 20,7% dos indivíduos foram enquadrados neste
Com o objetivo encontrar uma análise mais congruente com o modelo teórico,
foi realizada uma análise de cluster para classificar o modelo de self das participantes.
previamente definidos de acordo com o modelo teórico proposto por Kagitçibasi (2007),
Ao comparar os resultados obtidos nesta pesquisa por meio das duas técnicas de
(33,6%) . Outro dado importante a ser destacado é que na análise de cluster houve um
Tabela 5
Modelo de self N % N %
N 116
aderência aos modelos de self autônomo relacional e autônomo separado pode ser
acordo com Kagitçibasi (2007) o modelo de self descrito como o das pessoas que vivem
indica que, com a globalização e com influência da cultura ocidental, há uma tendência
que prevalece neste país - principalmente na região norte e nordeste – o modelo de self
autônomo relacional. Os autores indicam ainda haver uma tendência das pessoas em
81
pesquisas realizadas no Brasil que utilizem as escalas de self, tal como propostas por
Kagitçibasi (2007).
a partir da Tabela 6, que o modelo de self de maior aderência entre as mães mais jovens
interpessoais. Já entre as mães mais velhas, o modelo de self que obteve uma maior
frequência foi o autônomo relacional (43,1%). De acordo com esse modelo de self, as
que devem manter uma maior proximidade entre os familiares ou amigos mais íntimos.
82
Tabela 6
Frequência dos modelos de self por faixa etária e nível social e econômico de acordo
com a análise de cluster.
% % % %
N 58 58 56 60
p 0,020 0,023
resultados obtidos por Lamm, Keller e Yovsi (2008) ao estudar as etnoteorias parentais
pesquisa, tal tendência seria ainda mais característica nos locais onde há a prevalência
entanto, a diferença ocorre apenas em relação aos modelos de self menos frequentes na
83
Nesse sentido, entre os indivíduos de baixo nível social e econômico, houve uma
foi apresentada pelas mães com elevado nível social e econômico, em que 41,7% das
social e econômica, é possível notar que não há muitas diferenças em relação às pessoas
estudada. Estes resultados são similares aos encontrados por Moinhos et al. (2007) que,
maioria das participantes com o modelo de self heterônomo separado - descrito como
subordinação - são mais velhas (25,9%) e mais pobres (25%). Este resultado pode
indicar que estas pessoas, ainda que assumam relações interpessoais mais distantes,
84
interesses individuais.
o qual foi descrito como self autônomo relacional. No entanto, é necessário questionar
a medida utilizada por este trabalho, uma vez que não foi adotada nenhum controle em
Tabela 7
Local de nascimento
% %
N 42 74
p 0,329
85
sobre onde desejariam que os seus familiares morassem. As respostas poderiam variar
desde: “na sua casa” até “em outro país”. A maioria das mães (68,8%),
que os seus familiares morem perto das suas casas, afirmando que eles deveriam morar
entre a sua casa e o seu próprio bairro. Apenas 31,2% das mães indicaram que
gostariam que os seus filhos morassem mais longe, nesse caso as respostas variaram
Apesar de uma grande parte das mães considerarem que gostariam que os seus
indicaram que as mães com o nível social e econômico mais baixo apresentam mais
interesse que os seus familiares morem próximos das suas casas (78,6%) do que entre
as mães com alto nível social e econômico (61,7%) (p=0,047), o que pode sugerir que,
embora as pessoas tendam a manter-se próximas uma das outras, com o aumento do
nível social e econômico, elas tendem a apresentar uma relação de maior proximidade
interpessoal.
Tabela 8
de Keller (2002; 2007) comparam os valores culturais entre indivíduos que vivem em
o caso da pesquisa realizada por Lamm et al. (2008) a qual analisa as etnoteorias
parentais entre indivíduos de diferentes gerações da zona urbana e rural da Índia e dos
Camarões.
de self e as metas de socialização entre mães de diferentes faixas etárias e níveis sociais
indivíduos com culturas mais individualistas tendem a assumir um modelo de self mais
relacional (r = - 0,482; p ≤ 0,01). Esse dado pode contribuir com a concepção de Keller
(2007), a qual assume, em geral, uma perspectiva de self unidimensional, em que o fator
entanto, como a correlação foi moderada, não há base empírica que permita descartar a
distância interpessoal.
Tabela 9
* ≤ 0,05
** ≤ 0,01
prevê uma relação entre o modelo de self e as metas de socialização, foi possível
metas de socialização também relacionais houve uma correlação positiva (r= 0,253; p≤
0,01) que, embora tenha sido fraca, indica uma tendência que está de acordo com os
outros, haverá uma tendência priorizar os valores relacionais. Tal concepção está
identificar que houve uma correlação negativa e fraca entre as escalas de self autônomo
correlação negativa entre as escalas de self relacional e as metas autônomas (Tabela 9).
acordo com o modelo proposto por Kagitçibasi (2001, 2005, 2007), uma vez que o
apenas entre as escalas de self - tanto autônomo como relacional – com as escalas de
que o efeito das correlações pode ter sido mediado pelo fato dos indivíduos valorizarem
tanto a autonomia como o fator relacionamento, tal como propõe Kagitçibasi (2002,
socialização relacionais (r=0,595; p≤ 0,001) (Tabela 9), a qual pode indicar que as
escala, tenham concordado com todas as metas descritas no questionário de Lamm et al.
(2006), uma vez que elas expressam características positivas a serem adquiridas pelos
seus filhos.
sociais e econômicos.
econômicos. Para isso, é importante lembrar que, de acordo com a concepção de Keller
(2007), as mães mais jovens ou com nível social e econômico mais alto tenderiam a
apresentar um modelo de self mais autônomo, com metas de socialização voltadas para
a autonomia. Já as mães mais velhas ou com nível social e econômico mais baixo
Kagitçibasi (2003), por sua vez, consideraria que a maioria das mães tenderia a
resultados. Tal como pode ser observado na Tabela 10, houve uma correlação negativa e
fraca entre a idade e as escalas de self autônomo (r= -0,204; p≤ 0,028). Esses dados
estão de acordo com a perspectiva de Keller et al. (2008), a qual indica que as mães
mais jovens tendem a apresentar um modelo de self mais autônomo e as mães mais
velhas não atribuem tanta importância à autonomia. Entretanto, tal tendência não é
0,05).
Tabela 10
* p ≤ 0,05
** p ≤ 0,01
*** p ≤ 0,001
por Keller (2007) e Greenfield e col (2003) é que há uma correlação negativa, apesar de
fraca, entre o tempo de estudo e as metas relacionais (r = - 0,27; p≤0,05) (Tabela 10).
correlação ser baixo, de acordo com a perspectiva de Keller e col. (2008) e Keller
realizadas comparações entre os grupos de mães de diferentes faixas etárias, nível social
e econômico e renda familiar, dados que podem ser visualizados na Tabela 11. Ao
possível notar que há diferenças apenas no que se refere à escala de self autônomo;
novamente as mães mais novas apresentam maiores índices nas escalas de autonomia
diferentes faixas etárias com a escala de self relacional e metas de socialização, sejam
Tabela 11
Média dos escores nas escalas de self e metas por idade, NSE e renda
NSE M DP M DP M DP M DP
Baixo NSE 3,33 0,73 3,27 0,62 3,18 0,95 3,54 0,78
Alto NSE 3,50 0,56 3,48 0,61 3,37 0,76 3,36 0,69
T 1.379 1.805 1,19 1,316
93
Média dos escores nas escalas de self e metas por idade, NSE e Renda
(continuação)
Renda em Salário
M DP M DP M DP M DP
mínimo
0a1 3,36 0,78 3,23 0,63 3,06 0,87 3,41 0,76
1,01 a 2 3,30 0,60 3,45 0,65 3,70 0,77 3,84 0,68
2,01 a 4 3,50 0,67 3,43 0,59 3,19 0,93 3,41 0,83
Acima de 4,01 3,54 0,54 3,53 0,52 3,49 0,78 3,36 0,63
f 0.712 1.409 3.304* 2.193
qual indicou não haver diferenças em relação ao modelo de self entre mães de níveis
socais e econômicos distintos; todavia, Moinhos (2007) identificou uma tendência nas
mães com menor nível social a apresentarem metas mais relacionais (Tabela 10).
socialização, na Tabela 10, foi possível identificar que as mães que tem uma renda de 1
realizadas, as quais indicam que com o aumento do nível social e econômico, há uma
94
encontrados ao comparar as duas rendas citadas, de modo que não houve uma diferença
mais acentuada ao comparar os grupos mais pobres com os mais ricos (Tabela 10).
apresentarem um maior grau de escolaridade, tal dado pode ser indicado ao comparar o
tempo de estudo entre as participantes. As mães com baixo status social e econômico e
enquanto as com alto nível social e econômico e mais velhas estudaram um tempo
médio de estudo de (M=13,45; DP=3,26). Esse dado pode contribuir para entender a
metas de socialização entre mães com níveis de escolaridade distintos. As mães que
p≤0,05). Tal dado está de acordo com a pesquisa de Moinhos (2007) e Seild-de-Moura
et al. (2010), as quais indicam que quanto menor o grau de escolaridade, as mães
5 CONCLUSÕES
a partir da relação entre o aparato biológico do indivíduo e o ambiente onde ele está
inserido. O estudo dos modelos culturais permite entender como as crenças são
A utilização da concepção de cultura, tal como proposta por Tooby e Cosmides (1995),
indivíduo e a sua influência no modo como ele analisa uma cultura. Os indivíduos ao
estão inseridos, tais como os recursos disponíveis - cultura evocada – e também são
influenciam e são influenciadas pelo ambiente onde o indivíduo está inserido e podem
variar a depender do tipo de economia e nível social e econômico do local, apenas para
96
citar dois exemplos (Kagitçibasi, 2002, 2005, 2007 e Keller, 2002, 2007). O presente
econômicos.
concordam que há uma tendência entre os indivíduos mais novos ou com maior grau de
mais autônomas. Todavia, se para Keller (2007) essa tendência seria refletida em um
(2007
Quadro 2
separação
Eu Familia
Amigos
Eu Família
Amigos
resultados encontrados a partir desta pesquisa. Primeiramente, cabe destacar que houve
uma maior adequação dos resultados ao modelo de self como concebido por Kagitçibasi
(2003, 2007). Essa aderência, entretanto, não implica completo desacordo com a
perceber que a maioria das participantes foi classificada em dois dos quatro modelos de
self definidos por Kagitçibasi (2007): autônomo relacional e autônomo separado. A alta
pessoas tendem a assumir esse modelo de self. Já a adesão das participantes ao modelo
Keller (2007), uma vez que o modelo de self autônomo separado é o que mais se
mais elucidativa ao identificar a prevalência do modelo de self pela faixa etária das
participantes. Na presente pesquisa houve uma alta aderência entre as mães mais jovens
ao modelo de self autônomo separado, enquanto as mães com idade mais avançada
Resultados similares foram encontrados na pesquisa realizada por Lamm, Keller, Yosi e
de self interdependente.
self, entre as mães mais jovens prevaleceu o modelo de self autônomo separado,
enquanto as mães com idade mais avançada apresentaram um modelo de self autônomo
diferenças entre o modelo de self das participantes nos diferentes níveis sociais e
divergentes das hipóteses descritas tanto por Keller (2007) como por Kagitçibasi
proposto por Kagitçibasi (2007), podem ser percebidas pela alta aderência das
participantes ao self autônomo relacional. Este mesmo resultado também foi encontrado
que nas duas pesquisas, diferentemente dos dados obtidos por este trabalho, foi
identificado que indivíduos com níveis sociais mais altos apresentavam um modelo de
self mais independente quando comparados aos indivíduos de nível social e econômico
mais baixo.
indicaram que gostariam que os seus familiares morassem próximos às suas casas. Tal
tendência é ainda mais fortemente valorizada entre as mães de nível social e econômico
baixo. Estes resultados sugerem que Kagitçibasi (2007) pode estar correta ao afirmar
foram encontradas diferenças entre estes dois grupos. Embora estes resultados estejam
divergentes das tendências esperadas tanto por Keller (2003; 2007) como por
Brasil, algumas considerações precisam ser realizadas. É importante destacar que todas
as mães que participaram desta pesquisa residiam na capital e não foram questionadas
sobre há quanto tempo residem em Salvador, o que dificulta a comparação dos dados.
socialização, foi identificado que as mães com maior renda atribuem uma maior
importância às metas autônomas do que as mães com renda mais baixa. Em relação às
metas de socialização, foi também percebido que as mães que estudaram por menos
tempo, de um modo geral, valorizam mais as metas relacionais, tais como: o respeito
aos mais velhos, a obediência e a sujeição às normas de hierarquia, do que as mães que
tal como sugere Keller (2007) ou bidimensional, como propõe Kagitçibasi (2007), uma
vez que, embora os resultados anteriormente analisados estejam mais coerentes com a
escalas de self autônomo e self relacional, o que pode corroborar a hipótese segundo a
101
independência à interdependência.
escalas de self autônomo e os escores das escalas de metas relacionais. Tais resultados
em relação ao modelo de self e as metas de socialização, tal como afirma Keller (2007),
grau de escolaridade e não foram encontradas correlações entre os escores das escalas
Kagitçibasi (2006), segundo a qual, nas pesquisas realizadas sobre os modelos culturais,
há uma tendência dos autores a considerarem os dados que estão congruentes com a
concepção de modelos culturais e descartar todos os outros dados que não corroboram a
hipótese.
modo mais amplo as concepções de modelos culturais, pois da mesma forma que há
dados que contribuem para a ideia segundo a qual os modelos culturais são conjunto de
hipótese.
102
entender se a perspectiva de self, tal como afirma Keller (2007) é constituída a partir de
tal como afirma Kagitçibasi (2007), os modelos de self podem ser derivados da
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
sugere que, embora haja alguns indicativos que corroborem a noção dos modelos
culturais, há dados que são descartados por contrariar a hipótese segundo a qual os
Em relação aos resultados desta pesquisa foi possível notar que há certa
organicidade no que se refere ao modelo de self compartilhado por um grupo social. Tal
fenômeno pode ser observado a partir dos seguintes resultados: o modelo de self
podem ser atribuídas a este resultado, primeiramente é necessário o debate acerca dos
com todos os itens da escala de metas de socialização, uma vez que eles expressam
características positivas a ser adquiridas pelas crianças em seus primeiros anos de idade.
autônomo relacional.
104
Keller (2002, 2007) e Kagitçibasi (2003, 2007), tal conceito precisa de melhor
desenvolvimento que abordam essa temática (Kagitçibasi, 2007 e Keller, 2002). Nesse
caso do Brasil.
mesmo tempo que dificulta a discussão da temática, faz que esta pesquisa seja
importante para se debater sobre concepções teóricas que ainda não estão
completamente estruturadas.
mas que dialogam entre si, tais como a perspectiva de Keller (2007), Greenfield et al.
(2003) e a de Kagitçibasi (2007). Para isso, algumas questões foram discutidas neste
multidimensional, tal como proposto por Kagitçibasi (2007)? É possível identificar certa
em se discutir mais sobre esta temática. Se por um lado, houve a adequação dos
enquadrada no modelo de self autônomo relacional; por outro, também foi possível
indicar a adequação da hipótese de Keller (2007), uma vez que houve uma variabilidade
cultural em relação às mães de diferentes perfis etários, sendo que as mães mais jovens
mães que estudaram menos tempo e com menor renda apresentaram metas de
Apesar da adequação dos resultados aos modelos teóricos propostos tanto por
Kagitçibasi (2007) como Keller (2007), torna-se difícil assumir uma posição em relação
a teoria mais adequada, ou ao modelo mais congruente com a realidade brasileira, uma
vez que trata-se de uma pesquisa ainda inicial em relação a esta temática específica e
por ser o primeiro estudo a avaliar o modelo de self a partir das escalas propostas por
Kagitçibasi (2007).
não passou por um processo de validação no contexto brasileiro, o que pode fragilizar
relacional no contexto brasileiro, com o objetivo que que novos estudos sejam na
tentativa de entender melhor um construto que ainda não foi completamente estruturado
medidas indiretas de avaliação de self, tal como a partir das escalas de metas de
socialização.
tentem caracterizar o modelo de self das pessoas que residem no interior e na capital,
uma vez que, na maioria das vezes, tal construto é analisado a partir de inferências
modo como os indivíduos concebem crenças importantes para a criação dos seus filhos.
107
Rferências
Keller, H., Borke, J., Yovsi, R., Lohaus, A., & Jensen, H. (2005, May). Cultural
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Universidade Federal da Bahia, Salvador, BA, Brasil
ANEXO I
Código: _____
familiares.
Concordo
1 2 3 4 5
Escala de self autônomo
(Kagitçibasi, 2007) Nem um Um Mais ou Muito Completa
pouco pouco menos mente
As pessoas próximas a mim exercem influência
em minhas decisões. 1 2 3 4 5
Eu gosto quando as pessoas interferem em minha
vida, principalmente aquelas próximas a mim. 1 2 3 4 5
Eu me sinto independente das pessoas que são
próximas a mim. 1 2 3 4 5
Eu levo a minha vida de acordo com as opiniões
de pessoas que são próximas a mim. 1 2 3 4 5
As opiniões das pessoas próximas a mim exercem
uma influência nas minhas questões pessoais. 1 2 3 4 5
Ao tomar uma decisão, eu consulto as pessoas que
são próximas a mim. 1 2 3 4 5
Em questões pessoais, eu aceito as decisões das
pessoas que são próximas a mim. 1 2 3 4 5
115
ANEXO II
Concordo
ANEXO III
3) Agora você vai encontrar uma lista de opiniões sobre metas que os pais vão tentar
alcançar no desenvolvimento de seus filhos durante seus primeiros três anos de idade.
Por favor, expresse se concorda ou não concorda espontaneamente da mesma forma que
antes.
Concordo
1 2 3 4 5
Desenvolver independência. 1 2 3 4 5
Desenvolver auto-confiança. 1 2 3 4 5
Desenvolver competitividade. 1 2 3 4 5
ANEXO IV
que residem em sua casa. Por favor, comece por você e considere a legenda
abaixo.
119
Grau de escolaridade:
(4) Ensino médio completo
(1) Ensino fundamental incompleto
(5) Ensino superior incompleto
(2) Ensino fundamental completo
(6) Ensino superior completo
(3) Ensino médio incompleto
(7) Pós-graduação
semanal de
ca
Fernanda Alves
Eu,
2. N° de Filhos________
120
ANEXO V
Você está sendo convidada a participar de uma pesquisa que tem como principal
objetivo conhecer o modo como você se relaciona com os seus familiares e membros
Sua participação nesta pesquisa é voluntária. Você tem o direito de, a qualquer
momento de sua desistência, poderão ser destruídas, caso deseje. As informações terão
professora Eulina Lordelo. Os resultados serão divulgados assim que o estudo for
pesquisa é a mestranda Mariana Leonesy da S. Barreto que poderá ser contatada pelos
___________________________________________
estudo.
_____________________________________