Artigo Científico - Crime de Stalking

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CRIME DE STALKING: ANÁLISE DA CONDUTA DELITIVA DO

AGENTE DE CRIMES DE STALKING, ÀVÍTIMA MULHER NO


SISTEMA JURÍDICO BRASILEIRO

Ailton Barros dos Santos


Gessival Souza Lima
Noêmia Rodrigues de Amorim1
Aderlan Messias de Oliveira2

RESUMO
O crime de perseguição, também conhecido como stalking, foi incluído no Código Penal
Brasileiro por meio da Lei n.º 14.132/2021, a qual acrescentou o artigo 147-A no atual Código
Penal. Essa lei trouxe uma agravante quando se tratar de mulher por razões de condições do
sexo feminino. Ao tipificar a perseguição como crime, elevou a perseguição com ampliação
para o mundo virtual. O objeto deste trabalho foi analisar a lei 14.132/2021 na tipificação da
conduta do agente à vítima do sexo feminino, investigar o crime de perseguição no contexto
físico e virtual, analisar as penas do crime de perseguição e identificar as tutelas que ampara a
mulher. Para isso a pesquisa ocorreu por fase exploratória, no qual por meio da pesquisa de
caráter bibliográfico buscou esclarecer sob o ponto de vista teórico os conceitos de crime de
stalking e seus desdobramentos, no alcance em que protege a execução das leis e normas
voltadas para a proteção da mulher, também trouxe um breve relato da evolução do crime de
stalking em países estrangeiros e dados referente a violência de gênero no tocante a mulher.
Palavras-chave: Crime de Stalking. Vítima mulher. Ameaças. Perseguições. Conduta do
agente.
SUMÁRIO: Introdução, p.2; 1 O crime de stalking, no contexto físico e virtual, p.4; 2 As penas
do crime de stalking, p. 9; 3 As tutelas que amparam a mulher, vítima de crimes de stalking, p.
11; 4 Considerações Finais, p. 12; 5 Referências, p. 13.

1
Acadêmico/a do curso de Direito do Centro Universitário São Francisco de Barreiras – UNIFASB.
2
Professor no curso de Direito do Centro Universitário São Francisco de Barreiras (UNIFASB) e orientador deste
artigo científico. Mestre em Língua e Cultura (UFBA), bacharel em Direito (UNIFASB), licenciado em Letras
Vernáculas (UNEB).
INTRODUÇÃO
Ao longo do tempo sabe-se que a mulher muito tem sofrido com ameaças, perseguições,
violência física, psicológicas, uma série de descumprimento com a pessoa humana, que na
qualidade de mulher fica-se mais frágil necessitando de uma maior proteção. Alice Bianchini
(2022) traz a existência de uma relação de poder de dominação do homem e de submissão da
mulher. Ao longo da história foram enfatizados uma ideologia em torno do patriarcado que
induziram relações violentas entre os sexos.

O marco principal do combate contra a violência a mulher se deu através da lei Maria da Penha,
lei Nº 11.340, de 7 de agosto de 2006, que criou mecanismos para coibir a violência doméstica
e familiar contra a mulher. Foi um enorme avanço no ordenamento jurídico brasileiro em favor
da proteção feminina, porém vale ressaltar que as relações humanas são muito dinâmicas, com
isso surge outras formas de crime, portanto o direito tem que acompanhar tal dinamismo e criar
novas formas de combate. Dentro deste contexto que em 31 de março de 2021 entrou em vigor
a lei 14.132/2021, que acrescenta ao Código Penal Brasileiro a previsão do crime de
perseguição (BRASIL, 2021).

Segundo a lei 14.132/2021, que tipificou o crime de perseguição, conhecido também pelo termo
em inglês stalking, que traz em seu texto perseguir alguém, reiteradamente e por qualquer meio,
entende-se que a conduta do agente seja praticada utilizando-se de meio presencial ou virtual,
sendo este último conhecido como ciberstalking. Nesse sentido, verifica-se a preocupação do
legislador em abranger sua forma de atuação com a ampliação para o mundo virtual. Com isso
constatamos o dinamismo do direito, visto que as comunicações através das redes socias é uma
realidade, uma ferramenta de extrema necessidade em tempos atuais. Portanto o ordenamento
jurídico não poderia deixar de analisar possíveis comportamentos que ameaçam a integridade
dentro do mundo virtual.
A tipificação do crime de perseguição trazida pela lei 14.132/2021 (Crime de Stalking), além
de tipificar a perseguição como crime, elevou a perseguição com ampliação para o mundo
virtual, não somente bastasse a relevância nas redes de comunicação, a lei trouxe uma
agravante, um aumento de pena, ou seja, punição mais severa quando se tratar da condição do
sexo feminino, ou seja, buscou-se ampliar o rol de proteção em favor das mulheres. Com esses
mecanismos criado para coibir toda forma de perseguição contra a mulher, em ambientes físicos
e virtuais, e a pena aumentada quando o crime for cometido contra mulher por razões da
condição de sexo feminino
A escolha do tema, portanto, surge de uma necessidade de não apenas compreender a ideia por
trás da ampliação do normas jurídicas em favor da mulher, mas também de buscar uma maior
compreensão nas suas aplicações e seus desdobramentos no sistema jurídico brasileiro.
A lei 14.132/2021 tipifica o crime de stalking com vista na agravante quando se tratar de
mulher, pois é o lado mais frágil, necessitando de maior proteção. Para se caracterizar crime
de stalking é necessário a reiteração da conduta delitiva do agente, porém como quantificar as
condutas de perseguições para caracterizar o crime de stalking a vítima mulher, no sistema
jurídico brasileiro?

Nessa perspectiva trouxe como objeto geral, analisar a lei 14.132/2021 na tipificação da conduta
do agente à vítima do sexo feminino. Para conseguir alcançar o objetivo geral, foram
estabelecidos os seguintes objetivos específicos: Investigar o crime de perseguição no contexto
físico e virtual, analisar as penas do crime de perseguição e identificar as tutelas que ampara a
mulher.

Os objetivos da pesquisa se deram por fase exploratória, no qual por meio da pesquisa de caráter
bibliográfico esperou-se esclarecer sob o ponto de vista teórico os conceitos de crime de
stalking e seus desdobramentos, no alcance em que protege a execução das leis e normas
voltadas para a proteção da mulher.

1 O CRIME DE STALKING NO CONTEXTO FISICO E VIRTUAL

Inicialmente, há um aprofundamento na análise da Lei 14.132/2021 publicada em 31 de maio


de 2021, entrando em vigor na data de sua publicação. Destaca-se o avanço da proteção contra
a violência feminina no Brasil, ao acrescentar no Código Penal o art. 147-A com o tipo penal
perseguição. A finalidade da norma, é proteger a liberdade individual, ameaçada por condutas
que constrangem a pessoa humana. Tal atitude, se acentua ao ponto de adentrar bruscamente
infligindo na privacidade e impedindo o exercício de liberdades básicas de outrem.
Conforme texto do Art. 147-A perseguir alguém, reiteradamente e por qualquer meio,
ameaçando-lhe a integridade física ou psicológica, restringindo-lhe a capacidade de locomoção
ou, de qualquer forma, invadindo ou perturbando sua esfera de liberdade ou privacidade.
(BRASIL 2021). Essa Lei revogou o artigo 65 da Lei das Contravenções Penais do ano de 1940.
No ano de 2013, o repositório institucional da Universidade Federal do Ceará publicou um TCC
com o título “Stalking no Brasil: uma análise dos aspectos psicológicos e jurídico-penais”
trazendo dados importantes sobre essa espécie de conduta, que no Brasil era tratado como
contravenção penal.
Essa pesquisa traz breve relato, do surgimento do stalking em países estrangeiros, bem como
os avanços obtidos através da legislação que procurou evoluir ao longo dos tempos, com
principal objetivo de prevenir, combater e punir aqueles que praticarem a conduta que enquadra
como crime de stalking.
Importante ressaltar que a criminalização do stalking se deu nos Estados Unidos, após um
crescente aumento dessa espécie de crime no Estado da Califórnia, o governo local constatou a
necessidade de combater e prevenir este tipo de conduta, aprovando uma lei específica em 1990,
que teve sua vigência a partir de 1º de janeiro de 1991, passando a integrar o Código Penal do
Estado da Califórnia.
Nos anos seguintes outros estados americanos adotaram postura semelhante, aprovando leis
tipificando este tipo de conduta como crime, sendo que em 1996, todos os 50 Estados, o distrito
de Colúmbia e nos territórios norte-americanos tinha o stalking como crime federal. O exemplo
que transcendeu a fronteira, chegando a países como o Canadá e Austrália, que em 1993
adotaram a mesma prática, o que abriu os olhos de várias outras nações do mundo, no combate
a referida prática. Em 1996, foi a vez da Guiana seguir o exemplo, motivando países como
Bahamas, Bermudas, Irlanda, Nova Zelândia e Reino Unido logo no ano seguinte, enquanto a
Bélgica aderiu em 1998.
No ano de 2000, ocorreu a adesão de países importantes como Holanda e Japão, Israel em 2001
e Mongólia em 2004, enquanto Bósnia e Herzegovina e Malta no ano de 2005, Áustria em 2006,
Alemanha em 2007, Botswana em 2007, a Itália em 2009, Bangladesh, República Tcheca e
Uganda em 2010, tivemos ainda entre 2011 a 2013, países como África do Sul, Polônia, Suécia,
Tajiquistão e Índia.
No Brasil, foi adotada oficialmente uma Lei específica que trata de criminalização de tal
conduta, com a aprovação da Lei 14.132/2021, que foi publicada em 31/05/2021, entrando em
vigor na mesma data, inclusive alterando o Código Penal Brasileiro com a inserção do artigo
147-A, com o texto “Perseguir alguém, reiteradamente e por qualquer meio, ameaçando-lhe a
integridade física ou psicológica, restringindo-lhe a capacidade de locomoção ou, de qualquer
forma, invadindo ou perturbando sua esfera de liberdade ou privacidade. (BRASIL 2021). Essa
lei revogou o art. 65 da lei das Contravenções Penais de 1940.
Apesar da publicação da referida Lei em 2021, o site hypeness publicou uma matéria em que
afirma ser o primeiro caso de stalking investigado pela Lei Maria da Penha no Brasil. O fato
ocorreu no litoral de São Paulo no ano de 2013, quando um jovem de 18 anos se apaixonou por
uma garota de apenas 13, sua então vizinha de prédio, que ao recusar um possível
relacionamento, passou a enviar mensagens ameaçadoras, aparecendo em locais que a vítima
costumava a frequentar, além de perseguir na rua. Na época o rapaz chegou a ser processado,
no entanto o mesmo não chegou a ser cobrado pela justiça paulista.
Em 2018, cinco anos depois, a família conseguiu que o caso fosse mantido na justiça comum,
sendo investigado por um juizado de violência doméstica, através da Lei Maria da Penha, para
que o rapaz não se aproxime mais da jovem, pois neste ano não existia na legislação brasileira
uma lei que amparava a mulher, dando-lhe proteção de forma mais ampla e principalmente
tutelada por uma Lei específica que tipifica o crime de perseguição.
No ano de 2021 o Fórum Brasileiro de Segurança Pública publicou em seu site a terceira edição
do relatório intitulado Visível e Invisível: A vitimização da Mulher no Brasil, trazendo dados
detalhados sobre o mapa da violência contra a mulher no país.
A referida pesquisa feito pelo FBSP realizada no ano de 2021, utilizou o módulo específico de
autopreenchimento, com respostas apenas do público feminino, as perguntas foram voltadas à
vitimização, e os resultados são impressionantes, comprovando estatisticamente o quanto a
sociedade brasileira precisa evoluir em quesitos como educação, cultura, e principalmente em
políticas públicas direcionadas a proteção da população do sexo feminino.

Segundo o instituto FBSP, em termos gerais, 1 em cada 4 (24,4%) das mulheres brasileiras
acima de 16 anos afirmaram ter sofrido algum tipo de violência ou agressão nos últimos 12
meses, isso significa dizer que, em média, 17 milhões de mulheres sofreram violência
relacionada a questão de gênero no último ano.
A violência de gênero é hiperendêmica, ou seja, persistente e de alta incidência na sociedade
brasileira. Ao serem questionadas referente as modalidades de violências sofridas por essas
mulheres, os resultados são os seguintes, 18,6% relataram ter sofrido alguma ofensa verbal
(insultos, xingamentos e humilhações), 8,5% afirmaram ter sofrido ameaças de violência física
como tapas, empurrões ou chutes, 7,9% ter sofrido amedrontamento ou perseguição, 6,3%
sofreram violência física como tapas, empurrões ou chutes, 5,4% ofensa sexual ou tentativa
forçada de manter relação sexual. 3,1% das mulheres relataram ter sofrido ameaça com faca
(arma branca) ou arma de fogo nos últimos 12 meses, 2,6% das mulheres sofreram lesões
provocadas por algum objeto que lhe foi atirado, 2,4% espancamento ou tentativa de
estrangulamento enquanto 1,5% esfaqueamento ou tiro. E para fechar esta lamentável
estatística, 1,5% desta população sofreram de outros tipos de violência.
Para Cezar Roberto Bitencourt (2022, p 71), não é admissível que o crime contra a mulher seja
considerado crime comum, visto que as sequelas deixadas, vai muito além de uma simples
violência contra a pessoa humana.
Destacamos, em especial, a violência contra a mulher por ser mulher, uma das mais
graves formas de agressão ou violação, pois lesa a honra, o amor-próprio, a autoestima
e seus direitos fundamentais, apresentando contornos de durabilidade e habitualidade;
trata-se, portanto, de um crime que deixa mais do que marcas físicas, atingindo a
própria dignidade da mulher, enquanto ser humano e cidadã, que merece, no mínimo,
um tratamento igualitário, urbano e respeitoso por sua própria condição de mulher.

Diante do cenário apresentado em relação aos dados da violência contra a população feminina
no Brasil, nos deparamos com outra vertente que tem tentado reverter esta realidade utilizando
mecanismos legais, com objetivo de proporcionar esperança para esta “fatia” da sociedade tão
carente de proteção e amparo pelo aparato estatal.
Recentemente, em 19 de outubro de 2022, o Ministério Público de Santa Catarina,
disponibilizou em seu site uma publicação com o título “Violência contra a mulher: Stalker é
condenado por perseguição de conhecida e por violar medida protetiva.”
Atitude como esta apresentada pelo Ministério Público de Santa Catarina, reforça a ideia que
não devemos perder a confiança no Estado, e mesmo diante de estatísticas desfavoráveis,
corriqueiros relatos apresentados pelos veículos de imprensa em nosso país, há pessoas e
instituições vigilantes, atentas, e sensíveis a esta nobre causa.
O caso se destaca pela distinção apresentada, ou seja, de forma inédita a Lei Maria da Penha
foi aplicada mesmo sem que a vítima e o agressor haviam consumado qualquer relacionamento
íntimo anterior a condenação.
Bitencourt (2022 p. 72) esclarece que a violência contra a mulher, em especial o feminicídio,
não se trata de uma nova tipicidade penal, e sim uma nova qualificadora quanto ocorre o crime
contra a mulher, pelo fato da condição de gênero.
No entanto, a despeito da terminologia utilizada, quer nos parecer que, no particular,
isto é, criando uma qualificadora especial, andou bem o legislador, porque conseguiu,
adequadamente, ampliar a proteção da mulher vitimada pela violência de gênero,
assegurando-lhe maior proteção sem incorrer em inconstitucionalidade por dedicar-
lhe uma proteção excessiva e discriminatória, o que, a nosso juízo, poderia ocorrer se,
em vez da qualificadora, houvesse criado um novo tipo penal, isto é, uma nova figura
penal paralela ao homicídio, com punição mais grave sempre que se tratasse de vítima
do sexo feminino.

O Ministério Público de Santa Catarina obteve uma sentença condenatória em ação penal de
violência contra a mulher proposta pela 34ª Promotoria de Justiça da Capital, que se distingue
pelo fato de tratar-se de um relacionamento "platônico" em que se aplicou, de forma inédita, a
Lei Maria da Penha, sem que o agressor tivesse tido qualquer relacionamento anterior com a
vítima.

O réu teve sua condenação decretada em nove meses de reclusão e, sucessivamente, ao


cumprimento da pena de cinco meses de detenção, sendo atribuído ainda a fixação da pena de
multa em 15 dias. Dentro do mesmo processo, o réu foi condenado a pagar uma indenização
fixada em R$ 8 mil à vítima de stalking.
De acordo com a Promotora de Justiça Helen Crystine Corrêa Sanches, o réu foi denunciado e
condenado pelo crime de perseguição, qualificado por ter sido praticado contra a mulher por
razões da sua condição de sexo feminino. Por este crime recebeu os nove meses de reclusão.
Além disso, foi denunciado e condenado pelo descumprimento de medidas de proteção, crime
previsto na Lei Maria da Penha, e teve por este crime a pena de cinco meses de detenção.

Ações como essa, ainda são desproporcionais ao número de casos de violência contra a mulher
ocorridos no Brasil, porém apresenta um cenário de perspectivas que através da mobilização da
sociedade, das instituições e poder público, almeja-se dias melhores em relação a esta causa de
fundamental relevância para a população feminina no país.
2 AS PENAS DO CRIME DE STALKING
O crime de stalking trata-se de um crime comum, sendo crime comum aquele que pode ser
praticado por qualquer pessoa, não necessitando de condições especiais para o sujeito ativo
praticar a conduta criminosa, assim também entende quanto ao sujeito passivo aquele ou aquela
que foi vítima também não necessita de condições especiais.

Para analisar as penas do crime de stalking é necessário verificar o que está no Código Penal,
perseguir alguém, reiteradamente e por qualquer meio, ameaçando-lhe a integridade física ou
psicológica, restringindo-lhe a capacidade de locomoção ou, de qualquer forma, invadindo ou
perturbando sua esfera de liberdade ou privacidade (BRASIL, 2021).
Para efeitos de configuração da perseguição exige a lei, que a perseguição ocorra de forma
reiterada, ou seja, constante, habitual. Isso quer dizer que uma única abordagem, mesmo que
inconveniente, não se configurará no delito de perseguição. Portanto deve há necessidade de
reiteração do comportamento do agente, criando situação de incômodo, desconforto e até
mesmo medo para a vítima. O que significa realmente um comportamento reiterado, vale dizer
habitual. Contudo Gomes pontua a exigência da habitualidade para configuração deste crime.

o tipo penal exige habitualidade, ou seja, tais condutas acima descritas, precisam ser praticadas reiteradamente,
sob pena de a prática de um único ato ser considerado atípico, pois o novo tipo penal, revogou o Art. 65 da Lei de
Contravenções Penais que descrevia a contravenção de “molestamento”, conduta essa que não exigia reiteração
ou habitualidade e poderia se adequar a situação descrita (GOMES et al., 2021, página 1132).

A conduta delitiva do agente é tratada em um único verbo “perseguir”, esse único verbo traz
uma conotação que segundo Sanches (2022) pode ser considerado como importunar,
transtornar, provocar incômodo e tormento, inclusive com violência ou ameaça. Essa
perseguição deve ocorrer de forma reiterada, então temos uma característica de crime habitual,
ou seja, para configuração não basta a realização de somente um ato de perseguição.

A pena prevista para este crime é de seis meses a dois anos de reclusão, nesse sentido temos
uma pena de dois anos que teoricamente não mais poderia ser julgada conforme a lei do
Juizados Especiais Civis e Criminais pois em seu Art. 89 diz que nos crimes em que a pena
mínima cominada for igual ou inferior a um ano, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia,
poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, (BRASIL 1995) então como
estamos tratando de um crime no qual a pena pode chegar a dois anos logo podemos entender
que existe a possibilidade de não ter seu processo suspenso seguindo a lei do Juizados Especiais
Cíveis e Criminais. Porém o Código Penal em seu artigo 77 amplia a possibilidade de suspenção
do processo, pois esse artigo traz que a execução da pena de liberdade não superior a dois anos
poderá ser suspensa por dois a quatro anos.
Observação quanto a reclusão, seguindo o código penal reclusão teoricamente se inicia a pena
em regime fechado, o conhecido cárcere. Já quando se trata de detenção a pena não
necessariamente necessita iniciar em regime fechado, podendo iniciar em regime semiaberto
ou aberto (BRASIL 1940).

A lei de crime de stalking traz as seguintes majorantes, ou seja, se realizado nessas hipóteses
terá sua pena aumenta de metade, quando se tratar de criança, adolescente, idoso, e contra
mulher por razões da condição do sexo feminino, então uma proteção a mais contra o
menosprezo ou discriminação a mulher e a violência doméstica.

No inciso 2º da lei em questão diz, as penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das
correspondentes à violência. Ao analisar esse inciso constatamos que caso ocorra uso de
violência deverá ser usada as penas a essa conduta, podendo ocorrer a depender com caso
concreto concurso de crimes, em que o agente mediante uma só conduta, mas com desígnios
autônomos, ou seja vontade de provoca dois ou mais resultados, com isso acorrera o acumulo
das penas através do concurso de crimes conforme preceitua o Código Penal (BRASIL 1940).

Quanto ação penal pública cumpre esclarecer que condicionada a representação da vítima é
aquela em que a titularidade da ação penal pertence ao Ministério Público, mas depende de
representação, ou seja, autorização da vítima para a propositura. Além disso, a vítima ou o
representante legal tem o prazo de 6 (seis) meses para manifestação, nos termos do artigo 38
do Código de Processo Penal. Vale ressaltar que esse prazo decadencial começa a contar no dia
em que a vítima tem ciência de quem é o autor do crime.

No entanto, o crime de perseguição obsessiva praticado mediante violência doméstica


contra a mulher não devem ser adotadas as disposições da Lei dos Juizados Especiais Cíveis e
Criminais, e sim aquelas previstas na Lei Maria da Penha, tais como a aplicação das normas do
Código de Processo Penal no que diz respeito ao processo, julgamento e à execução das causas
criminais decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher,
determinação de medidas protetivas de urgência, e existência de equipe de atendimento
multidisciplinar. Nos demais casos, devem ser aplicadas as disposições constantes na Lei dos
Juizados Especiais Cíveis e Criminais. A autoridade policial que tomar conhecimento dos fatos
deve lavrar o termo circunstanciado e remetê-lo ao Juizado Especial Criminal competente.
Inicialmente, deve ocorrer a audiência preliminar criminal, na qual é realizada uma tentativa de
conciliação por meio da composição civil dos danos, conforme prevê o artigo 72 da Lei n.º
9.099/1995. Na hipótese de acordo extingue o processo, e se não houver a conciliação é
oferecida a oportunidade de representação à vítima. Sobre a composição civil dos danos, Greco
escreve que:

[...] a composição dos danos, na qual, nas hipóteses de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal de
iniciativa pública condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou
representação, nos termos do parágrafo único do art. 74 da Lei no 9.099/95 (GRECO, 2017, página 43).

Depois da representação, pode o Ministério Público de forma opcional propor a


propositura da transação penal ao autor do fato para aplicação imediata de pena restritivas de
direitos ou multas, de acordo com o artigo 76 da Lei n.º 9.099/1995. É importante frisar que a
aceitação da proposta de transação penal não implica em admissão de culpa, o autor do fato
deve ser réu primário e não é obrigado a aceitar, não pode ter sido beneficiado com uma
proposta nos termos desse artigo nos últimos 5 (cinco) anos, e deve apresentar bons
antecedentes, boa conduta social e boa personalidade. Se o autor do fato aceitar a proposta de
transação penal extingue o processo. Caso não ocorra a transação penal ou se não obtiver êxito,
então, dentro do procedimento comum sumaríssimo, é realizada a audiência de instrução e
julgamento. Na audiência é realizada outra proposta de acordo ao autor do fato, qual seja, a
suspensão condicional do processo, como determina o artigo 89 da Lei dos Juizados Especiais
Cíveis e Criminais.

3 AS TUTELAS QUE AMPARAM A MULHER, VITIMA DE CRIMES DE STALKING

O fato mais comum do tipo penal em questão, é homem que persegue mulher. Dias, meses e
até mesmo anos pode durar a perseguição, de alguém conhecido ou não. Quando a forma, pode
ser virtual ou presencial. Abordagens repetidas, mensagens abusivas, frequentes, indesejadas,
tanto nas redes sociais quanto no telefone, diversas situações que incomoda e limita a liberdade
da vítima.

Nessa mesma linha, Bianchini (2022, p. 5) versa sua opinião sobre a aproximação da vítima
com o agressor:

A relação afetivo-conjugal, a proximidade entre a vítima e o agressor (relação


doméstica, familiar, ou íntima de afeto), a naturalização da violência e a habilidade
das situações de violência, dentre outros importantes fatores, tornam as mulheres
ainda mais vulnerabilizadas dentro do sistema de desigualdade de gênero, quando
comparado a outros sistemas de desigualdade (classe, geração, etnia).

A descoberta da rotina da vítima, o endereço, o trabalho, os lugares de lazer, são também


preposições que somadas às outras formas para perseguir alguém são enumeradas para
qualificar o ato em crime. Geralmente, são as postagens nas redes sociais que fazem com que
se tornem conhecidos, identificados, os lugares que a pessoa frequenta. Postagens que expõe a
vida particular são sujeitas perseguições, mesmo perseguições simples não consideradas
crimes.

A inclusão do Art. 147-A no Código Penal, com a descrição das penas, de certa forma,
tranquiliza a vítima. A normatização do tipo oferece meio para buscar no Direito, no Jurídico a
tutela esperada. Uma vez que a vítima espera que a justiça cumpra seu papel oferecendo
segurança, acolhimento e, se possível tratamento para retornar a possuir um psicológico
tranquilo, o que é difícil porque o trauma permanece na memória dessas mulheres que sofreram
qualquer tipo de violência.

A sensação de sempre estar sendo vigiada, causa um desequilíbrio emocional que incapacita a
vítima de se sentir à vontade. Surge o medo, o pânico, a incerteza de que está tudo bem. Esses
terrores mentais em que pode acometer qualquer pessoa, a orientação é que, quando se sentir
ameaçado por perseguição, deverá colecionar as provas como printes, mensagens, áudios e
registrar o boletim de ocorrência. Somente assim, o perseguidor será obrigado pelas penalidades
a ser sofrida, a descontinuar a perseguição.

Medidas protetivas, cautelar de afastamento, contra as atitudes reiteradas, bem como a Lei
Maria da Penha são tutelas a favor das vítimas que trava o perseguidor, levando-o a reclusão.
Há além de tutelas garantidas pelo Direito, muitas discussões sobre o tema violência contra as
mulheres. Ademais, autores, doutrinadores como Alice Bianchini dão ênfase ao assunto em
suas obras, de modo alarga o entendimento e a conscientização para que as mulheres vítimas
de violência denunciem os infratores, se distanciando de motivos e de pessoas que de alguma
forma possam fazer mal direta ou indiretamente.

Considerando a magnitude da questão, a Convenção Interamericana para Prevenir,


Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher – Convenção de Belém do Pará -,
ratificada pelo Brasil em 27.11.1995, promulgada pelo Decreto nº 1.973/1996,
caracteriza violência de gênero como ofensa à dignidade humana e manifestação das
relações de poder historicamente desiguais entre mulheres e homens (BIANCHINI,
2022, p. 20).

A vítima e o autor da perseguição pode ser qualquer pessoa, as mulheres são as mais
vulneráveis, estas correm o maior risco de morte e violência. Uma vez que, a violência às mais
vulneráveis abarcam em quase todas as fases da vida, seja na infância, na adolescência, fase
adulta, velhice e, todas as classes sociais. Sofrimento e dor vivenciado no trabalho, ambiente
doméstico, escolas, não há limitação, qualquer lugar, seja sexual, patrimonial, moral, físico ou
psicológico.
Tutelar a mulher, é o que define a Lei 11.340 de 2006, denominada Lei Maria da Penha, cujo
objetivo determinado pelo Art. 1º é impedir a violência doméstica e familiar contra a mulher.
É certo que a lei não limita o agente agressor como do sexo masculino, pode ser também, do
mesmo sexo, feminino.

A Lei pode ser invocada mesmo quando o autor da agressão for outra mulher. O que
se pretende coibir é a opressão conta a mulher em decorrência de uma questão de
gênero enquanto relação assimétrica de poder, podendo figurar como agentes do tipo
penal tanto homens quanto mulheres. A mulher agressora, no caso, age como se fosse
homem. (DELGADO, 2015, p. 01).

Há cinco tipos de stalking, o ressentido que persegue por motivos de vingança; o rejeitado por
motivos de relacionamento mal acabado, o solitário, o perseguidor iludido e o predador. Tipos
com comportamentos negativos aptos a praticar os delitos. Delitos esses que devem ser
denunciados através do número 180 da Central de Atendimento à Mulher. Há também o
aplicativo de Direito Humanos Brasil, outra alternativa é ligar também para o número 190. O
que não deve é omitir por medo às ameaças, porque o silêncio não resolve o problema, apenas
prorroga por anos ou até mesmo levando a vítima a morte.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto é possível dizer que a pesquisa sobre o crime de stalking e seus
desdobramentos nos permitiu um amplo conhecimento sobre a inclusão deste crime no atual
Código Penal brasileiro, que trouxe para o ordenamento jurídico a ampliação do crime para
além do meio físico, propocionou maior proteção para as mulheres e acrescentou uma agravante
quando se tratar da condição do sexo feminino.

A pesquisa reforçou que a mulher muito tem sofrido com ameaças, perseguições, violência
física, psicológica, uma série de desrespeitos com a pessoa humana, que na qualidade de mulher
fica-se mais frágil necessitando de uma maior proteção, devido existência de uma relação de
poder de dominação do homem e de submissão da mulher.

Ademais, os estudos possibilitaram o entendimento dos aspectos processuais inerentes ao delito


de stalking, sendo necessário a representação da vítima, e como se trata de um crime de menor
potencial ofensivo a competência é do Juizado Especial Criminal, com exceção daquele que é
praticado mediante violência contra a mulher, no qual devem ser adotadas as disposições
previstas na Lei Maria da Penha.
Não é somente a penalização que irá proteger a sociedade, será necessário a criação de políticas
públicas abordando temas como educação, socialização, além da conscientização da sociedade
como um todo, são necessários para que esse tipo de crime seja combatido. Deve-se adotar os
devidos cuidados antes de expor, divulgar imagens, fatos, momentos de lazer, entre outros que
podem chamar a atenção de pessoas criminosas.

Destarte, estamos diante de uma realidade universal, seja no sujeito ativo, quanto passivo.
Realidade essa promovida por sentimentos adversos à conduta regular, com intenções
incansáveis em manter a vítima sob seu domínio. Com o fortalecimento do ordenamento
jurídico pode inibir determinadas condutas do stalkeador na obsessiva necessidade de querer
saber cada passo dado pela pessoa de seu interesse.

É difícil o discernimento de filtrar aqueles, que podem fazer parte do círculo de contatos, pois
na medida que as pessoas vão se conhecendo no quotidiano, nas trocas de experiências, com o
passar do tempo é que se torna possível a identificação daquelas acaba se tornando um agente
de conduta criminosa. É crucial certos cuidados ao permitir que as pessoas passem a fazer parte
dos laços de amizade ou relacionamentos, no sentido de evitar a aproximação de um inimigo
aparente.

A violência infelizmente faz parte da história, inclusive são inúmeros os casos divulgados e
punidos, além daqueles que são omitidos pela justiça. Sejam por motivos advindos de ameaças
ou mesmo do terror da vingança, que muitos casos permanecem no silêncio. Existem também
as reincidências de agressões físicas e psicológicas, que dificilmente são denunciadas às
autoridades competentes.

A pretensão inicial da norma é que a sociedade permaneça em equilíbrio, inibindo a


violência e preservando a ordem social. Porém diante da imperfeição do ser humano,
surgem as condutas inadequadas, em grande parte tipificadas como delito ofensivo à
sociedade. Um dos grandes facilitadores de propagação da violência atualmente, são as
redes sociais, uma simples consulta em páginas como facebook, Instagram, status de
WhatsApp, Tik Tok, são facilmente encontradas imagens e informações, dando origem
a perseguições.

As tutelas estão evidenciadas na legislação, trazendo em suas normas as garantias, com objetivo
de proporcionar assistência para àqueles que as procuram. Para os desprovidos de tais
informações, restam procurar os operadores do direito, bem como os órgãos públicos
responsáveis pela garantia dessa proteção. É fundamental o papel do Estado, no sentido de
garantir os direitos fundamentais dispostos na Constituição Federal de 1988, principalmente no
que reza o artigo 5º, além dos preceitos fundamentais que ali determinam, os direitos e
deveres dos cidadãos aos olhos do Estado democrático de direito.

REFERÊNCIAS
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Juspodivm, 2022.
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CONTRA A PESSOA. Disponível em: Minha Biblioteca, (21st edição). Editora Saraiva,
2021.
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doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal,
da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e
da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher;
dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera
o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras
providências. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2006/lei/l11340.htm acessado em: 21/08/2022.
BRASIL. Lei nº 14.132, de 31 de março de 2021. Acrescenta o art. 147-A ao Decreto-Lei nº
2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), para prever o crime de perseguição; e
revoga o art. 65 do Decreto-Lei nº3.688, de 3 de outubro de 1941 (Lei das Contravenções
Penais). Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-
2022/2021/lei/L14132.htm Acessado em: 21/08/2022.
BRASIL. Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995. Dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis
e Criminais e dá outras providências. Disponível em
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