Artigo Científico - Crime de Stalking
Artigo Científico - Crime de Stalking
Artigo Científico - Crime de Stalking
RESUMO
O crime de perseguição, também conhecido como stalking, foi incluído no Código Penal
Brasileiro por meio da Lei n.º 14.132/2021, a qual acrescentou o artigo 147-A no atual Código
Penal. Essa lei trouxe uma agravante quando se tratar de mulher por razões de condições do
sexo feminino. Ao tipificar a perseguição como crime, elevou a perseguição com ampliação
para o mundo virtual. O objeto deste trabalho foi analisar a lei 14.132/2021 na tipificação da
conduta do agente à vítima do sexo feminino, investigar o crime de perseguição no contexto
físico e virtual, analisar as penas do crime de perseguição e identificar as tutelas que ampara a
mulher. Para isso a pesquisa ocorreu por fase exploratória, no qual por meio da pesquisa de
caráter bibliográfico buscou esclarecer sob o ponto de vista teórico os conceitos de crime de
stalking e seus desdobramentos, no alcance em que protege a execução das leis e normas
voltadas para a proteção da mulher, também trouxe um breve relato da evolução do crime de
stalking em países estrangeiros e dados referente a violência de gênero no tocante a mulher.
Palavras-chave: Crime de Stalking. Vítima mulher. Ameaças. Perseguições. Conduta do
agente.
SUMÁRIO: Introdução, p.2; 1 O crime de stalking, no contexto físico e virtual, p.4; 2 As penas
do crime de stalking, p. 9; 3 As tutelas que amparam a mulher, vítima de crimes de stalking, p.
11; 4 Considerações Finais, p. 12; 5 Referências, p. 13.
1
Acadêmico/a do curso de Direito do Centro Universitário São Francisco de Barreiras – UNIFASB.
2
Professor no curso de Direito do Centro Universitário São Francisco de Barreiras (UNIFASB) e orientador deste
artigo científico. Mestre em Língua e Cultura (UFBA), bacharel em Direito (UNIFASB), licenciado em Letras
Vernáculas (UNEB).
INTRODUÇÃO
Ao longo do tempo sabe-se que a mulher muito tem sofrido com ameaças, perseguições,
violência física, psicológicas, uma série de descumprimento com a pessoa humana, que na
qualidade de mulher fica-se mais frágil necessitando de uma maior proteção. Alice Bianchini
(2022) traz a existência de uma relação de poder de dominação do homem e de submissão da
mulher. Ao longo da história foram enfatizados uma ideologia em torno do patriarcado que
induziram relações violentas entre os sexos.
O marco principal do combate contra a violência a mulher se deu através da lei Maria da Penha,
lei Nº 11.340, de 7 de agosto de 2006, que criou mecanismos para coibir a violência doméstica
e familiar contra a mulher. Foi um enorme avanço no ordenamento jurídico brasileiro em favor
da proteção feminina, porém vale ressaltar que as relações humanas são muito dinâmicas, com
isso surge outras formas de crime, portanto o direito tem que acompanhar tal dinamismo e criar
novas formas de combate. Dentro deste contexto que em 31 de março de 2021 entrou em vigor
a lei 14.132/2021, que acrescenta ao Código Penal Brasileiro a previsão do crime de
perseguição (BRASIL, 2021).
Segundo a lei 14.132/2021, que tipificou o crime de perseguição, conhecido também pelo termo
em inglês stalking, que traz em seu texto perseguir alguém, reiteradamente e por qualquer meio,
entende-se que a conduta do agente seja praticada utilizando-se de meio presencial ou virtual,
sendo este último conhecido como ciberstalking. Nesse sentido, verifica-se a preocupação do
legislador em abranger sua forma de atuação com a ampliação para o mundo virtual. Com isso
constatamos o dinamismo do direito, visto que as comunicações através das redes socias é uma
realidade, uma ferramenta de extrema necessidade em tempos atuais. Portanto o ordenamento
jurídico não poderia deixar de analisar possíveis comportamentos que ameaçam a integridade
dentro do mundo virtual.
A tipificação do crime de perseguição trazida pela lei 14.132/2021 (Crime de Stalking), além
de tipificar a perseguição como crime, elevou a perseguição com ampliação para o mundo
virtual, não somente bastasse a relevância nas redes de comunicação, a lei trouxe uma
agravante, um aumento de pena, ou seja, punição mais severa quando se tratar da condição do
sexo feminino, ou seja, buscou-se ampliar o rol de proteção em favor das mulheres. Com esses
mecanismos criado para coibir toda forma de perseguição contra a mulher, em ambientes físicos
e virtuais, e a pena aumentada quando o crime for cometido contra mulher por razões da
condição de sexo feminino
A escolha do tema, portanto, surge de uma necessidade de não apenas compreender a ideia por
trás da ampliação do normas jurídicas em favor da mulher, mas também de buscar uma maior
compreensão nas suas aplicações e seus desdobramentos no sistema jurídico brasileiro.
A lei 14.132/2021 tipifica o crime de stalking com vista na agravante quando se tratar de
mulher, pois é o lado mais frágil, necessitando de maior proteção. Para se caracterizar crime
de stalking é necessário a reiteração da conduta delitiva do agente, porém como quantificar as
condutas de perseguições para caracterizar o crime de stalking a vítima mulher, no sistema
jurídico brasileiro?
Nessa perspectiva trouxe como objeto geral, analisar a lei 14.132/2021 na tipificação da conduta
do agente à vítima do sexo feminino. Para conseguir alcançar o objetivo geral, foram
estabelecidos os seguintes objetivos específicos: Investigar o crime de perseguição no contexto
físico e virtual, analisar as penas do crime de perseguição e identificar as tutelas que ampara a
mulher.
Os objetivos da pesquisa se deram por fase exploratória, no qual por meio da pesquisa de caráter
bibliográfico esperou-se esclarecer sob o ponto de vista teórico os conceitos de crime de
stalking e seus desdobramentos, no alcance em que protege a execução das leis e normas
voltadas para a proteção da mulher.
Segundo o instituto FBSP, em termos gerais, 1 em cada 4 (24,4%) das mulheres brasileiras
acima de 16 anos afirmaram ter sofrido algum tipo de violência ou agressão nos últimos 12
meses, isso significa dizer que, em média, 17 milhões de mulheres sofreram violência
relacionada a questão de gênero no último ano.
A violência de gênero é hiperendêmica, ou seja, persistente e de alta incidência na sociedade
brasileira. Ao serem questionadas referente as modalidades de violências sofridas por essas
mulheres, os resultados são os seguintes, 18,6% relataram ter sofrido alguma ofensa verbal
(insultos, xingamentos e humilhações), 8,5% afirmaram ter sofrido ameaças de violência física
como tapas, empurrões ou chutes, 7,9% ter sofrido amedrontamento ou perseguição, 6,3%
sofreram violência física como tapas, empurrões ou chutes, 5,4% ofensa sexual ou tentativa
forçada de manter relação sexual. 3,1% das mulheres relataram ter sofrido ameaça com faca
(arma branca) ou arma de fogo nos últimos 12 meses, 2,6% das mulheres sofreram lesões
provocadas por algum objeto que lhe foi atirado, 2,4% espancamento ou tentativa de
estrangulamento enquanto 1,5% esfaqueamento ou tiro. E para fechar esta lamentável
estatística, 1,5% desta população sofreram de outros tipos de violência.
Para Cezar Roberto Bitencourt (2022, p 71), não é admissível que o crime contra a mulher seja
considerado crime comum, visto que as sequelas deixadas, vai muito além de uma simples
violência contra a pessoa humana.
Destacamos, em especial, a violência contra a mulher por ser mulher, uma das mais
graves formas de agressão ou violação, pois lesa a honra, o amor-próprio, a autoestima
e seus direitos fundamentais, apresentando contornos de durabilidade e habitualidade;
trata-se, portanto, de um crime que deixa mais do que marcas físicas, atingindo a
própria dignidade da mulher, enquanto ser humano e cidadã, que merece, no mínimo,
um tratamento igualitário, urbano e respeitoso por sua própria condição de mulher.
Diante do cenário apresentado em relação aos dados da violência contra a população feminina
no Brasil, nos deparamos com outra vertente que tem tentado reverter esta realidade utilizando
mecanismos legais, com objetivo de proporcionar esperança para esta “fatia” da sociedade tão
carente de proteção e amparo pelo aparato estatal.
Recentemente, em 19 de outubro de 2022, o Ministério Público de Santa Catarina,
disponibilizou em seu site uma publicação com o título “Violência contra a mulher: Stalker é
condenado por perseguição de conhecida e por violar medida protetiva.”
Atitude como esta apresentada pelo Ministério Público de Santa Catarina, reforça a ideia que
não devemos perder a confiança no Estado, e mesmo diante de estatísticas desfavoráveis,
corriqueiros relatos apresentados pelos veículos de imprensa em nosso país, há pessoas e
instituições vigilantes, atentas, e sensíveis a esta nobre causa.
O caso se destaca pela distinção apresentada, ou seja, de forma inédita a Lei Maria da Penha
foi aplicada mesmo sem que a vítima e o agressor haviam consumado qualquer relacionamento
íntimo anterior a condenação.
Bitencourt (2022 p. 72) esclarece que a violência contra a mulher, em especial o feminicídio,
não se trata de uma nova tipicidade penal, e sim uma nova qualificadora quanto ocorre o crime
contra a mulher, pelo fato da condição de gênero.
No entanto, a despeito da terminologia utilizada, quer nos parecer que, no particular,
isto é, criando uma qualificadora especial, andou bem o legislador, porque conseguiu,
adequadamente, ampliar a proteção da mulher vitimada pela violência de gênero,
assegurando-lhe maior proteção sem incorrer em inconstitucionalidade por dedicar-
lhe uma proteção excessiva e discriminatória, o que, a nosso juízo, poderia ocorrer se,
em vez da qualificadora, houvesse criado um novo tipo penal, isto é, uma nova figura
penal paralela ao homicídio, com punição mais grave sempre que se tratasse de vítima
do sexo feminino.
O Ministério Público de Santa Catarina obteve uma sentença condenatória em ação penal de
violência contra a mulher proposta pela 34ª Promotoria de Justiça da Capital, que se distingue
pelo fato de tratar-se de um relacionamento "platônico" em que se aplicou, de forma inédita, a
Lei Maria da Penha, sem que o agressor tivesse tido qualquer relacionamento anterior com a
vítima.
Ações como essa, ainda são desproporcionais ao número de casos de violência contra a mulher
ocorridos no Brasil, porém apresenta um cenário de perspectivas que através da mobilização da
sociedade, das instituições e poder público, almeja-se dias melhores em relação a esta causa de
fundamental relevância para a população feminina no país.
2 AS PENAS DO CRIME DE STALKING
O crime de stalking trata-se de um crime comum, sendo crime comum aquele que pode ser
praticado por qualquer pessoa, não necessitando de condições especiais para o sujeito ativo
praticar a conduta criminosa, assim também entende quanto ao sujeito passivo aquele ou aquela
que foi vítima também não necessita de condições especiais.
Para analisar as penas do crime de stalking é necessário verificar o que está no Código Penal,
perseguir alguém, reiteradamente e por qualquer meio, ameaçando-lhe a integridade física ou
psicológica, restringindo-lhe a capacidade de locomoção ou, de qualquer forma, invadindo ou
perturbando sua esfera de liberdade ou privacidade (BRASIL, 2021).
Para efeitos de configuração da perseguição exige a lei, que a perseguição ocorra de forma
reiterada, ou seja, constante, habitual. Isso quer dizer que uma única abordagem, mesmo que
inconveniente, não se configurará no delito de perseguição. Portanto deve há necessidade de
reiteração do comportamento do agente, criando situação de incômodo, desconforto e até
mesmo medo para a vítima. O que significa realmente um comportamento reiterado, vale dizer
habitual. Contudo Gomes pontua a exigência da habitualidade para configuração deste crime.
o tipo penal exige habitualidade, ou seja, tais condutas acima descritas, precisam ser praticadas reiteradamente,
sob pena de a prática de um único ato ser considerado atípico, pois o novo tipo penal, revogou o Art. 65 da Lei de
Contravenções Penais que descrevia a contravenção de “molestamento”, conduta essa que não exigia reiteração
ou habitualidade e poderia se adequar a situação descrita (GOMES et al., 2021, página 1132).
A conduta delitiva do agente é tratada em um único verbo “perseguir”, esse único verbo traz
uma conotação que segundo Sanches (2022) pode ser considerado como importunar,
transtornar, provocar incômodo e tormento, inclusive com violência ou ameaça. Essa
perseguição deve ocorrer de forma reiterada, então temos uma característica de crime habitual,
ou seja, para configuração não basta a realização de somente um ato de perseguição.
A pena prevista para este crime é de seis meses a dois anos de reclusão, nesse sentido temos
uma pena de dois anos que teoricamente não mais poderia ser julgada conforme a lei do
Juizados Especiais Civis e Criminais pois em seu Art. 89 diz que nos crimes em que a pena
mínima cominada for igual ou inferior a um ano, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia,
poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, (BRASIL 1995) então como
estamos tratando de um crime no qual a pena pode chegar a dois anos logo podemos entender
que existe a possibilidade de não ter seu processo suspenso seguindo a lei do Juizados Especiais
Cíveis e Criminais. Porém o Código Penal em seu artigo 77 amplia a possibilidade de suspenção
do processo, pois esse artigo traz que a execução da pena de liberdade não superior a dois anos
poderá ser suspensa por dois a quatro anos.
Observação quanto a reclusão, seguindo o código penal reclusão teoricamente se inicia a pena
em regime fechado, o conhecido cárcere. Já quando se trata de detenção a pena não
necessariamente necessita iniciar em regime fechado, podendo iniciar em regime semiaberto
ou aberto (BRASIL 1940).
A lei de crime de stalking traz as seguintes majorantes, ou seja, se realizado nessas hipóteses
terá sua pena aumenta de metade, quando se tratar de criança, adolescente, idoso, e contra
mulher por razões da condição do sexo feminino, então uma proteção a mais contra o
menosprezo ou discriminação a mulher e a violência doméstica.
No inciso 2º da lei em questão diz, as penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das
correspondentes à violência. Ao analisar esse inciso constatamos que caso ocorra uso de
violência deverá ser usada as penas a essa conduta, podendo ocorrer a depender com caso
concreto concurso de crimes, em que o agente mediante uma só conduta, mas com desígnios
autônomos, ou seja vontade de provoca dois ou mais resultados, com isso acorrera o acumulo
das penas através do concurso de crimes conforme preceitua o Código Penal (BRASIL 1940).
Quanto ação penal pública cumpre esclarecer que condicionada a representação da vítima é
aquela em que a titularidade da ação penal pertence ao Ministério Público, mas depende de
representação, ou seja, autorização da vítima para a propositura. Além disso, a vítima ou o
representante legal tem o prazo de 6 (seis) meses para manifestação, nos termos do artigo 38
do Código de Processo Penal. Vale ressaltar que esse prazo decadencial começa a contar no dia
em que a vítima tem ciência de quem é o autor do crime.
[...] a composição dos danos, na qual, nas hipóteses de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal de
iniciativa pública condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou
representação, nos termos do parágrafo único do art. 74 da Lei no 9.099/95 (GRECO, 2017, página 43).
O fato mais comum do tipo penal em questão, é homem que persegue mulher. Dias, meses e
até mesmo anos pode durar a perseguição, de alguém conhecido ou não. Quando a forma, pode
ser virtual ou presencial. Abordagens repetidas, mensagens abusivas, frequentes, indesejadas,
tanto nas redes sociais quanto no telefone, diversas situações que incomoda e limita a liberdade
da vítima.
Nessa mesma linha, Bianchini (2022, p. 5) versa sua opinião sobre a aproximação da vítima
com o agressor:
A inclusão do Art. 147-A no Código Penal, com a descrição das penas, de certa forma,
tranquiliza a vítima. A normatização do tipo oferece meio para buscar no Direito, no Jurídico a
tutela esperada. Uma vez que a vítima espera que a justiça cumpra seu papel oferecendo
segurança, acolhimento e, se possível tratamento para retornar a possuir um psicológico
tranquilo, o que é difícil porque o trauma permanece na memória dessas mulheres que sofreram
qualquer tipo de violência.
A sensação de sempre estar sendo vigiada, causa um desequilíbrio emocional que incapacita a
vítima de se sentir à vontade. Surge o medo, o pânico, a incerteza de que está tudo bem. Esses
terrores mentais em que pode acometer qualquer pessoa, a orientação é que, quando se sentir
ameaçado por perseguição, deverá colecionar as provas como printes, mensagens, áudios e
registrar o boletim de ocorrência. Somente assim, o perseguidor será obrigado pelas penalidades
a ser sofrida, a descontinuar a perseguição.
Medidas protetivas, cautelar de afastamento, contra as atitudes reiteradas, bem como a Lei
Maria da Penha são tutelas a favor das vítimas que trava o perseguidor, levando-o a reclusão.
Há além de tutelas garantidas pelo Direito, muitas discussões sobre o tema violência contra as
mulheres. Ademais, autores, doutrinadores como Alice Bianchini dão ênfase ao assunto em
suas obras, de modo alarga o entendimento e a conscientização para que as mulheres vítimas
de violência denunciem os infratores, se distanciando de motivos e de pessoas que de alguma
forma possam fazer mal direta ou indiretamente.
A vítima e o autor da perseguição pode ser qualquer pessoa, as mulheres são as mais
vulneráveis, estas correm o maior risco de morte e violência. Uma vez que, a violência às mais
vulneráveis abarcam em quase todas as fases da vida, seja na infância, na adolescência, fase
adulta, velhice e, todas as classes sociais. Sofrimento e dor vivenciado no trabalho, ambiente
doméstico, escolas, não há limitação, qualquer lugar, seja sexual, patrimonial, moral, físico ou
psicológico.
Tutelar a mulher, é o que define a Lei 11.340 de 2006, denominada Lei Maria da Penha, cujo
objetivo determinado pelo Art. 1º é impedir a violência doméstica e familiar contra a mulher.
É certo que a lei não limita o agente agressor como do sexo masculino, pode ser também, do
mesmo sexo, feminino.
A Lei pode ser invocada mesmo quando o autor da agressão for outra mulher. O que
se pretende coibir é a opressão conta a mulher em decorrência de uma questão de
gênero enquanto relação assimétrica de poder, podendo figurar como agentes do tipo
penal tanto homens quanto mulheres. A mulher agressora, no caso, age como se fosse
homem. (DELGADO, 2015, p. 01).
Há cinco tipos de stalking, o ressentido que persegue por motivos de vingança; o rejeitado por
motivos de relacionamento mal acabado, o solitário, o perseguidor iludido e o predador. Tipos
com comportamentos negativos aptos a praticar os delitos. Delitos esses que devem ser
denunciados através do número 180 da Central de Atendimento à Mulher. Há também o
aplicativo de Direito Humanos Brasil, outra alternativa é ligar também para o número 190. O
que não deve é omitir por medo às ameaças, porque o silêncio não resolve o problema, apenas
prorroga por anos ou até mesmo levando a vítima a morte.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto é possível dizer que a pesquisa sobre o crime de stalking e seus
desdobramentos nos permitiu um amplo conhecimento sobre a inclusão deste crime no atual
Código Penal brasileiro, que trouxe para o ordenamento jurídico a ampliação do crime para
além do meio físico, propocionou maior proteção para as mulheres e acrescentou uma agravante
quando se tratar da condição do sexo feminino.
A pesquisa reforçou que a mulher muito tem sofrido com ameaças, perseguições, violência
física, psicológica, uma série de desrespeitos com a pessoa humana, que na qualidade de mulher
fica-se mais frágil necessitando de uma maior proteção, devido existência de uma relação de
poder de dominação do homem e de submissão da mulher.
Destarte, estamos diante de uma realidade universal, seja no sujeito ativo, quanto passivo.
Realidade essa promovida por sentimentos adversos à conduta regular, com intenções
incansáveis em manter a vítima sob seu domínio. Com o fortalecimento do ordenamento
jurídico pode inibir determinadas condutas do stalkeador na obsessiva necessidade de querer
saber cada passo dado pela pessoa de seu interesse.
É difícil o discernimento de filtrar aqueles, que podem fazer parte do círculo de contatos, pois
na medida que as pessoas vão se conhecendo no quotidiano, nas trocas de experiências, com o
passar do tempo é que se torna possível a identificação daquelas acaba se tornando um agente
de conduta criminosa. É crucial certos cuidados ao permitir que as pessoas passem a fazer parte
dos laços de amizade ou relacionamentos, no sentido de evitar a aproximação de um inimigo
aparente.
A violência infelizmente faz parte da história, inclusive são inúmeros os casos divulgados e
punidos, além daqueles que são omitidos pela justiça. Sejam por motivos advindos de ameaças
ou mesmo do terror da vingança, que muitos casos permanecem no silêncio. Existem também
as reincidências de agressões físicas e psicológicas, que dificilmente são denunciadas às
autoridades competentes.
As tutelas estão evidenciadas na legislação, trazendo em suas normas as garantias, com objetivo
de proporcionar assistência para àqueles que as procuram. Para os desprovidos de tais
informações, restam procurar os operadores do direito, bem como os órgãos públicos
responsáveis pela garantia dessa proteção. É fundamental o papel do Estado, no sentido de
garantir os direitos fundamentais dispostos na Constituição Federal de 1988, principalmente no
que reza o artigo 5º, além dos preceitos fundamentais que ali determinam, os direitos e
deveres dos cidadãos aos olhos do Estado democrático de direito.
REFERÊNCIAS
BIANCHINI, Alice; CHAKIAN, Silva;BAZZO, Mariana. Crimes contra mulheres. 4º ed,
Juspodivm, 2022.
Bitencourt, Cezar R. TRATADO DE DIREITO PENAL 2 - PARTE ESPECIAL: CRIMES
CONTRA A PESSOA. Disponível em: Minha Biblioteca, (21st edição). Editora Saraiva,
2021.
BRASIL. Lei nº 11.340, de 07 de agosto de 2006. Cria mecanismos para coibir a violência
doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal,
da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e
da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher;
dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera
o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras
providências. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2006/lei/l11340.htm acessado em: 21/08/2022.
BRASIL. Lei nº 14.132, de 31 de março de 2021. Acrescenta o art. 147-A ao Decreto-Lei nº
2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), para prever o crime de perseguição; e
revoga o art. 65 do Decreto-Lei nº3.688, de 3 de outubro de 1941 (Lei das Contravenções
Penais). Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-
2022/2021/lei/L14132.htm Acessado em: 21/08/2022.
BRASIL. Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995. Dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis
e Criminais e dá outras providências. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9099.htm acessado em: 15/11/2022.
CHUNHA, Rogério Sanches. Lei 14.132/21: Insere no Código Penal o art. 147-A para
Tipificar o crime de perseguição. Disponível em
<https://www.mpba.mp.br/sites/default/files/biblioteca/criminal/artigos/codigo_penal_-
_parte_especial/lei_14.132_21_-_insere_no_codigo_penal_o_art._147-a_._rogerio_sanches.
Acessado em: 21/08/2022.
DELGADO, Mário Luiz. Violência doméstica e familiar. Migalhas, 2015. Disponível em:
https://www.migalhas.com.br/depeso/231116/violencia-domestica-e-familiar. Acesso em:
12.nov.2022.
GOMES, Francisco Handerson Miranda et al. Leis Penais Especiais: Comentadas na visão do
STF, STJ e TSE. Leme: Mizuno, 2021.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa; 4º ed. São Paulo: Atlas, 2002.
FÓRUN BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA, Disponível em
https://forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2021/06/relatorio-visivel-e-invisivel-3ed-
2021-v3.pdf, acessado em 23/10/2022.
MINAYO, Maria Cecília de Souza. Pesquisa Social Teoria, Método e Criatividade. 21º ed.
Petrópolis, RJ, 2002.
MPSC – MINISTÉRIO PÚBLICO DE SANTA CATARINA. Disponível em
https://www.mpsc.mp.br/noticias/violencia-contra-a-mulher-istalkeri-e-condenado-por-
perseguicao-de-conhecida-e-por-violar-medida-protetiva - Acesso: 23/10/2022.
RODRIGUES, Cristiano. Manual de Direito Penal. 2° ed. Indaiatuba, SP: Foco, 2021.
OLIVEIRA, Aderlan Messias. Manual de TCC aplicação ao curso de Direito: guia prático
na produção de projeto de pesquisa, artigo científico, monografia, formatação e defesa oral.
Rio de Janeiro. Gramma, 2018.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ – Repositório Institucional da Universidade
Federal do Ceará. Disponível em http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/27193, acessado
em 23/10/2022.