Processo Civil Iii
Processo Civil Iii
Processo Civil Iii
PROCESSO E PROCEDIMENTO,
FORMAÇÃO E SUSPENSÃO DO PROCESSO
DIFERENÇA DAS EXPRESSÕES
- Apesar de terem nomes parecidos, processo e procedimento são coisas
distintas
- Processo é o meio, o instrumento, por meio do qual se obtém a prestação
jurisdicional, ou seja, é um caminho formado por atos processuais que
culminarão na sentença
- Procedimento é o modo como se executa os atos processuais,
determinando o ritmo do processo a partir do direito material postulado, pode
ser comum ou especial
a) Comum = demorado, solene
b) Especial = mais rápido, urgente
- A depender do modo como se executa o processo o procedimento será
diferente, podendo ser mais rápido e curto, ou mais longo e demorado, cheio
de formalidades
Exemplo 1: procedimento comum - ação indenizatória por erro médico é
mais lenta, pois é necessário a compilação de várias provas, o que demanda
tempo
Exemplo 2: procedimento especial - ação de alimento é rápida, pois é um
direito material que necessita ser atendido com urgência, para que a criança
não morra de fome
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FORMAÇÃO DO PROCESSO
- Princípio da inércia/dispositivo = determina que a jurisdição é inerte, ou
seja, o juízo não age de ofício, sendo necessário que a parte (autor, ora
requerente) provoque a jurisdição (entrando com a petição inicial) para que
se dê início ao processo
- Em que momento se há processo?
Art. 312/CPC - “Considera-se proposta a ação quando a petição inicial for
protocolada, todavia, a propositura da ação só produz quanto ao réu os
efeitos mencionados no art. 240 depois que for validamente citado.”
Protocolo: designa o momento em que o advogado(a) insere a petição inicial
no sistema do TJ do respectivo estado, gerando então o número deste
processo que tramitará de forma online
- CPC/73: definia o momento que se dá início ao processo, o momento em que
a ação é proposta, como o despacho dado pelo juiz
OBS: aqui o processo começava com um ato do judiciário, criando assim a
necessidade de modificar o Código, visto que a ação deve ser proposta
(iniciada) pela parte, e não pelo Judiciário
- CPC/2015: o processo se inicia a partir do protocolo da petição inicial
(iniciativa das partes), ou seja, antecipou-se o seu momento de formação
- Após o protocolo da petição inicial, a mesma será encaminhada ao juiz, que
irá fazer um juízo de admissibilidade, isto é, vai analisar se cumpre os
requisitos do art. 320 CPC
- Passando pelo juízo de admissibilidade, o processo é encaminhado ao
despacho inicial, que antes era considerado o momento de início do processo
- Questão:
TRT - Juiz do trabalho - CPC - Leia a afirmação a seguir e responda se é
verdadeira ou falsa:
“Considera-se proposta a ação, tanto que a petição inicial seja despachada
pelo juiz, ou simplesmente distribuída onde houver mais de uma vara.”
R: Falsa, pois o art. 312 do NCPC/2015 antecipa o momento de formação do
processo, sendo suficiente que ela seja protocolada, independente de
qualquer manifestação do magistrado a seu respeito.
- Princípio do impulso oficial = Depois da propositura da ação, o processo se
desenvolverá por impulso oficial, ou seja, caberá ao JUIZ zelar pelo
andamento do processo até o seu desfecho, dando ordem por meio de
intimações que são enviadas através do despacho
- Em casos de vício extremo na petição inicial, impossibilitando até mesmo o
conserto da mesma, o juiz extingue o processo sem julgamento do mérito
- Porém, se for possível o conserto da petição inicial, o juiz encaminhará a
mesma para as partes, dizendo qual é o erro e estipulando um prazo para
que isso seja feito
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SUSPENSÃO DO PROCESSO
- Conceito: “trata-se de uma “parada” no procedimento e veto (proibição) à
realização de atos, permanecendo viva a relação processual” (Cândido
Rangel Dinamarco)
- Existem dois tipos de suspensão:
a) Suspensão própria = paralisação total, nenhum ato processual é
permitido
b) Suspensão imprópria = alguns atos processuais podem ser realizados
- Na suspensão imprópria, podem ser realizados atos processuais com intuito
de salvar/resolver o incidente processual
CLASSIFICAÇÃO
- Critério Diferenciador: O incidente (a causa da suspensão) ocorreu dentro
ou fora do processo?
- OBS 1: Se ocorrer um incidente no próprio processo (dentro): Suspensão
imprópria (parcial)
Exemplo: Em uma ação de cobrança, em que “A” credor ingressa contra “B” –
devedor. “A”, autor, vem a falecer. Esse fato gera a suspensão do processo.
Trata-se de suspensão parcial, incidente dentro do processo. A cobrança do
crédito “para”, mas outros atos serão praticados, como: exclusão do morto do
polo ativo, intimação do espólio (herdeiros) à Embora esteja suspenso, são
realizados atos para sanear a questão incidente, não se verificando uma
situação estática; tem-se a suspensão imprópria
- OBS 2: Se o incidente for discutido em outro (fora) processo, caso dos
embargos de terceiro: suspensão própria, pois o processo fica realmente
estancado, ou seja, não se pratica nenhum ato dentro do processo, mas
apenas no incidental (embargos de 3º)
Exemplo: em um processo de execução de dívida de A contra B, o carro de
C, que anteriormente foi dado a B como empréstimo. Então um oficial de
justiça comunica C sobre a penhora, que apresenta embargos de declaração
afirmando que seu patrimônio não pode ser dado como penhora, pois não
possui relação com o processo de A e B. O juiz vai suspender o processo e
cria-se um incidente processual, por essa ser uma discussão alheia ao
conteúdo do processo inicial (penhora dos bens por dívida). A discussão
sobre o carro ficará em um ”Apenso”, que é um processo físico que fica
separado do processo inicial (pastas diferentes), mas unido a ele por um
grampo. Para o processo inicial conseguir ter andamento, tira-se o patrimônio
de C e dá continuidade ao que tinha sido interrompido.
- Questão prejudicial: é o incidente (causa) que impede que a questão
principal seja resolvido
16/02
CAUSAS DE SUSPENSÃO
1. Morte ou perda de capacidade processual de qualquer uma das partes, de
seu representante legal ou de seu procurador
- O juiz deverá determinar a paralisação do processo até:
a) Suprimento da Incapacidade
b) Abertura da sucessão
- É mais “facil de resolver” a incapacidade do que a morte, pois na
incapacidade o incapaz será assistido ou representado
- Art. 312, par 2º/CPC
“Considera-se proposta a ação quando a petição inicial for protocolada,
todavia, a propositura da ação só produz quanto ao réu os efeitos
mencionados no art. 240 depois que for validamente citado.”
- Ope legis e ope judicis
- Na morte do autor é ope judicis
- Curiosidade: Em 02/12/2020, foi aprovada, pela Corte Especial do STJ,
nova Súmula que versa sobre a possibilidade de indenização por danos
morais ser transmitida aos herdeiros, com o falecimento do titular do
direito (Súmula 642).
6. Força maior
- Trata-se de conceito vago e indeterminado. Deve ser verificada pelo
magistrado
- Exemplo: greve dos serventuários, inundações, etc
8. Demais casos
- Não se trata de um rol taxativo
- Há mais hipóteses no CPC, por exemplo
a) Irregularidade na representação (Art. 76, CPC)
b) Falta de bens penhoráveis (art. 921, III, CPC)
DISPOSIÇÕES DO CPC
Art. 316, CPC - “A extinção do processo dar-se-á por sentença.”
Art. 317, CPC - “Antes de proferir decisão sem resolução de mérito, o juiz deverá
conceder à parte oportunidade para, se possível, corrigir o vício.”
- Princípio do contraditório e ampla defesa
- O juiz tem que dar oportunidade (se possível) para as partes
corrigirem/sanarem/suprir eventuais erros ou vícios, caso contrário estará
sendo arbitrário
SENTENÇAS DE EXTINÇÃO DO PROCESSO
SENTENÇA TERMINATIVA
- É aquela que extingue o processo SEM análise do mérito
- Previsão: art. 485, CPC
- Padecem de vício processual
- Pressupostos negativos (não podem ter no processo) = perempção, coisa
julgada e litispendência
- Coisa julgada formal: só faz efeito em um processo específico, posso propor
a demanda novamente
SENTENÇA DEFINITIVA
- São aquelas que acolhem ou rejeitam o PEDIDO
- Trata-se de sentença de procedência ou improcedência = PEDIDO (mérito)
- Portanto, são aquelas que analisam o mérito -> Art. 487, CPC
- Faz coisa julgada formal e material
- CJF = Produzir a extinção daquele processo, só produz efeito naquele
processo
- CJM = é ao mesmo tempo formal e material pois extingue aquele processo
mas seus efeitos extrapolam aquele processo, impedem que se ingresse
nova demanda
QUESTÃO
02/03
PETIÇÃO INICIAL
- É chamada por alguns de “projeto de sentença”, pois é nela que o juiz vai se
basear para dar a sentença
- Princípio do dispositivo, da demanda ou da inércia:
Art. 2º, CPC - “O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve
por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei.”
- Princípio do dispositivo, da demanda ou da inércia: jurisdição é inerte, sendo
a petição inicial a peça apta a provocá-la
- Conceito: é a peça formal pela qual o autor provoca a jurisdição e veicula
sua pretensão
- Formalidades legais (art. 319, CPC): se forem desrespeitadas, a PI é
considerada inepta, ou seja, não apta a provocar a jurisdição
- Natureza jurídica: a petição inicial, em decorrência das suas características,
“vai ser guardada na gavetinha do” pressuposto de existência do
processo, que engloba:
a) Jurisdição = age, após provocação, para solucionar a lide
b) Petição Inicial = provoca a jurisdição
c) Citação = traz o réu para o processo
FUNÇÕES
1. LOCAL DE FORMULAÇÃO DOS PEDIDOS
- Preâmbulo: é onde se faz a qualificação das partes, ou seja, indica ao juiz
quem é autor e quem é réu
4. DEFINIÇÃO DO CONTRADITÓRIO
- A PI também serve para definir o contraditório, porque, quando usado para
manifestação, o contraditório é usado para se defender dos pedidos que
estão contidos dentro da própria PI
- Contraditório é composto por três pilares:
a) Direito de informação acerca dos atos e decisões judiciais = é o
direito de ter conhecimento dos atos do processo
b) Direito de manifestação acerca dos atos/decisões judiciais = é o
direito de se manifestar sobre todos os atos e decisões do processo
c) Direito de poder influenciar o juiz com a manifestação = é o direito de
fazer com que o juiz, no mínimo, enfrente (analise) sua manifestação,
devendo se pronunciar sobre tal
REQUISITOS DA PI
Art. 319 - “A petição inicial indicará:
I - o juízo a que é dirigida; (endereçamento)
II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a
profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no
Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a
residência do autor e do réu; (preâmbulo)
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; (causa de pedir)
IV - o pedido com as suas especificações; (pedido)
V - o valor da causa;
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos
alegados; (protesto por provas)
VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou
de mediação.” (audiência de conciliação/mediação)
● INCISO I
- O legislador trocou “juiz”, do CPC de 1973, por "juízo"
- Com base no princípio do juiz natural, as partes não escolhem o juiz (pessoa)
que será responsável pela ação, mas sim o juízo
4. INÉPCIA DA P.I
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5. CITAÇÃO
- Ademais, vale lembrar que, dentre os requisitos da PI no CPC, não está mais
prevista a necessidade de requerimento para citação do réu (trata-se de uma
consequência lógica do ajuizamento)
CAUSA DE PEDIR
TEORIA DA SUBSTANCIAÇÃO
- O que vincula o juiz?
R: O juiz está vinculado aos fatos, ou seja, jamais deve se afastar dos fatos
narrados na PI, não sendo permitido que sentencie baseando-se em fatos
diversos dos narrados.
DOCUMENTOS INDISPENSÁVEIS
Art. 320 - “A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis
à propositura da ação.”
- Trata-se do momento para produção de prova documental
- O momento de produção dessa prova (prova documental) está no protocolo
da P.I.
16/03
- O autor e o réu devem se manifestar
- Basta um querer para audiência acontecer: Apesar de um não querer, a
audiência vai acontecer, pois a conciliação e mediação possui uma grande
importância (legislador deu)
- No mínimo 20 minutos as partes devem tentar o acordo
- Na audiência de conciliação, a omissão é vista como manifestação de
interesse
- Com o atual CPC a citação deixou de ser um requisito obrigatório
- Se chegar no final e não tiver citação, não terá consequência
- Pela citação ser obrigatória, ou seja, se tratar de um pressuposto de
existência do processo (n existe processo sem citação), é q o legislador
deixou de traze-la como requisito obrigatório, uma vez que, trata-se de uma
consequência lógica do ajuizamento da ação
VALOR DA CAUSA
Art. 292 - “O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e
será:
I - na ação de cobrança de dívida, a soma monetariamente corrigida do
principal, dos juros de mora vencidos e de outras penalidades, se houver, até
a data de propositura da ação;
II - na ação que tiver por objeto a existência, a validade, o cumprimento, a
modificação, a resolução, a resilição ou a rescisão de ato jurídico, o valor do
ato ou o de sua parte controvertida;
III - na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais pedidas
pelo autor;
IV - na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação, o valor de
avaliação da área ou do bem objeto do pedido;
V - na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral, o valor
pretendido;
VI - na ação em que há cumulação de pedidos, a quantia correspondente à
soma dos valores de todos eles;
VII - na ação em que os pedidos são alternativos, o de maior valor;
VIII - na ação em que houver pedido subsidiário, o valor do pedido principal.”
- A toda causa será atribuído um valor certo, ainda que ela não tenha conteúdo
econômico imediatamente aferível, pois é obrigatório atribuir o valor da
causa. É NECESSÁRIO colocar o valor da causa
- Logo, nas ações que não determinaram, o código manda dar um valor, pois o
processo vai gerar custas
- Essas custas do processo serão fixadas de acordo com o valor da causa
- Nas causas das quais eu não consigo mensurar/quantificar, existe uma
prática jurídica de atribuir o valor da causa em um salário mínimo
● Inciso “I”
- Ação de cobrança
- Juros + Mora + Penalidades + valor principal (valor do débito) = valor da ação
de cobrança (valor do débito)
● Inciso “II”
- Ação de resolução, modificação do negócio jurídico
- Vai ser o valor do contrato ou da parte controvertida
● Inciso “III”
- Ação de alimentos
- O valor da causa é 12x o valor da pensão
● Inciso “IV”
- Ação de divisão, demarcação ou reivindicação de terra
- O valor da causa vai ser o valor da área reivindicada ou que se pede a
demarcação
● Inciso “V”
- Ação indenizatória
- Inclui danos materiais e morais
- Vai ser o valor pretendido
● Inciso “VI”
- Ação de cumulação de pedido
- O valor da ação com vários pedidos será a soma do valor de todos esses
pedidos
● Inciso “VII”
- Ação de pedido alternativo (ou um ou outro)
- A quantificação da causa é feita a partir do valor do maior pedido
● Inciso “VIII”
- Ação que tiver pedido subsidiário
- É quando há um pedido principal mas se ele não for acolhido pelo juiz tem
um pedido subsidiário
- Nessa ação, o valor da causa vai ser o valor do pedido principal <<
● Prova documental
Art. 320, CPC - “A petição inicial será instruída com os documentos
indispensáveis à propositura da ação.”
- Documentos indispensáveis
- Trata-se do momento para a produção de prova documental, que é na PI
- Tem como momento de produção o protocolo da PI, ou seja, pede-se a
juntada das provas e documentos disponíveis na PI
PEDIDO
- Pedido é a pretensão que o autor leva à apreciação do juiz
- Ou seja, é a parte mais importante da PI
- É composto por duas partes: pedido imediato e o pedido mediado
PEDIDO IMEDIATO
- É a tutela jurisdicional pretendida
- Ou seja, a decisão judicial
- As decisões judiciais podem ser de 3 ordens:
a) Condenação
b) Declaração
,,
c) Constituição/desconstituição
PEDIDO MEDIATO
<,
- É o bem da vida
MODIFICAÇÃO DO PEDIDO
1. Citação
- Até a citação acontecer, é possível a modificação do pedido sem o
consentimento do réu
- Motivo: não tem réu ainda, não está no processo
2. Saneamento
- A partir da citação até a fase de saneamento pode modificar sem o
consentimento do réu
- Porém, entrou na fase de saneamento, a modificação do pedido só pode
ocorrer com o consentimento do réu
- Essa fase possui duas funções:
a) Sanar/corrigir os vícios processuais
b) Fixar pontos controvertidos, identificando as provas que serão produzidas
3. Após o saneamento
- Depois da fase de saneamento, ocorre a estabilização objetiva da lide
- Após o saneamento, em decorrência dessa estabilização, não é permitida a
modificação do pedido
- Isso ocorre porque na fase de saneamento o juiz já teve o trabalho de corrigir
todos os possíveis vícios, fixar pontos controvertidos e identificar as provas,
logo, se o autor quiser acrescentar mais informação após essa fase, todo
esse trabalho teria que ser refeito
- “Estabilização objetiva” = refere-se a pedido
- “Estabilização subjetiva” = refere-se aos sujeitos processuais