Processo Penal I

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1) TÁVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar Rodrigues.


Curso de Direito Processual Penal - Editora Juspodivm.
2) AVENA, Norberto. Processo Penal esquematizado.
Editora Método.
3) LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. Editora Juspodvim
4) TOURINHO FILHO, Fernando da Costa - Manual de Processo Penal
5) NUCCI, Guilherme de Souza - Manual de Processo Penal e Execução Penal
6) CAPEZ, Fernando - Curso de Processo Penal, Saraiva

PROCESSO PENAL I
CONCEITO
- “Direito Processual Penal é um conjunto de normas e princípios que regem o
exercício conjugado da Jurisdição pelo Estado-Juiz, da ação pelo
demandante e da defesa pelo demandado”
- Ou seja, é o ramo do Direito responsável por disciplinar a composição das
lides penais, por meio da aplicação do Direito Penal objetivo

PROCESSO PENAL E DIREITO DE PUNIR


- Cedemos uma parcela das nossas garantias particulares para que o Estado
nos proteja, ou seja, faça o devido controle e a segurança da sociedade
- Teoria das janelas quebradas: tenho que combater as pequenas infrações
para poder combater as grandes, pois é por meio das pequenas infrações
que as grandes se criam e tomam força (nada começa grande, há sempre um
processo)
- Princípio da intervenção mínima e da fragmentariedade
- Estado: é o detentor do jus puniendi, selecionando os bens jurídicos mais
importantes para tutelar
- Ação penal privada: o Estado ainda continua sendo titular do direito de
punir, porém, delega ao ofendido o jus persecuendi in judicio, que é a
legitimidade para dar início ao processo
- Jus puniendi in abstrato: é o poder de punir genérico e impessoal, ou seja,
abstrato
- Jus puniendi in concreto: é quando o poder de punir se concretiza, a partir de
uma infração cometida, e passa a ser uma pretensão individualizada
(aplicada no caso concreto)
- A pena imposta ao infrator tem o intuito de desestimular a conduta ilícita
- Um dos motivos da legislação brasileira não ter pena de morte tem relação
ao fato de que a pena de morte não desestimula a conduta ilícita, visto que
ligado ao crime existem vários fomentos
● LIDE PENAL
- Conceito: “é o conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida
ou insatisfeita” (Carnelutti)
- A partir do momento em que a infração é cometida, surge então um conflito
de interesses entre Estado e réu:
a) Estado = tem a pretensão de punir o infrator
b) Réu = obrigatoriamente (imperativo constitucional) oferecerá resistência,
exercendo suas defesas técnica e pessoal (ampla defesa e contraditório)
- Tal conflito será solucionado por meio da atuação jurisdicional, que é feita
pelo Estado, representado pelos órgãos jurisdicionais e substituindo as partes
em litígio, bem como suas vontades, prevalecendo a do ordenamento jurídico
- Estado-juiz: determina se o direito de punir procede ou não, a pena, etc.
- Jurisdição necessária: não se admite, portanto, aplicação da pena por meio
da via administrativa, mesmo nos casos de infração penal com menor
potencial ofensivo, em que se admite transação penal
- A jurisdição, por sua vez, depende do processo para resolver a lide, pois este
funciona como garantia da sua legítima atuação
- O Direito de punir será SEMPRE exercido de forma INDIRETA, exercido pelo
JUIZ, que será aquele que poderá punir
- A lide, conflito de interesses, necessariamente tem em penal, quando o
promotor acusa alguém perante o juiz, o Estado quer que o cidadão exerça
sua defesa, obrigatoriamente defenda sua liberdade e seus direitos
- Essa pretensão de punir o juiz terá que praticar inúmeros atos que se intitula
processo, série de atos ordenados praticados
- O juiz está prestando a jurisdição quando o juiz está verificando “quem tem
razão”, se é o Estado acusador ou o réu na defesa

CONTEÚDO DO PROCESSO PENAL


- Processo: é a sucessão de atos coordenados com os quais se procura
dirimir o conflito de interesses. É o instrumento compositivo de litígio
- Finalidade do processo: propiciar adequada solução jurisdicional da lide
através de uma sequência de atos que compreendam a formulação da
acusação, a produção de provas, o exercício da defesa e o julgamento da
lide
- É o procedimento que o juiz utiliza para por fim à lide, julgar procedente ou
improcedente
- Os termos “prestar à jurisdição” e “compor a lide” significam a mesma coisa
- Na relação jurídica processual, os sujeitos processuais possuem direitos,
obrigações, faculdades, ônus e sujeições
- O processo compreende, portanto:
1. A relação jurídica processual = que se forma entre os sujeitos do
processo (juiz e partes)
2. O procedimento = uma sequência ordenada de atos interdependentes,
direcionados à preparação de um provimento final; é a sequência de atos
procedimentais até a sentença

- De acordo com o art. 394, CPP, o procedimento será comum ou especial

● PROCEDIMENTO COMUM
- Ordinário (§1º, inciso I): “quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima
cominada for igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de
liberdade”, salvo se não submeter a procedimento especial

- Sumário (§1º, inciso II): “quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima
cominada seja inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade”, salvo
se não se submeter a procedimento especial

- Sumaríssimo (§1º, inciso III): “para as infrações penais de menor potencial


ofensivo, na forma da lei”, ainda que haja previsão de procedimento especial
(exemplo: contravenção penal)

INVESTIGAÇÃO
- É a primeira etapa
- Persecução penal: é uma perseguição ao crime, onde o Estado investiga
quem é o autor do crime
- Órgão responsável pela investigação: Polícia Judiciária, ordinariamente, mas
outros órgãos também podem

ACUSAÇÃO
- É a segunda etapa
- Órgão responsável pela acusação: Ministério Público
- MP acusa o réu, representando o Estado, perante o Juiz (Estado
acusador/juiz)
- Ainda que o Estado ou o réu não queira, é obrigatória a garantia do direito de
se manifestar (contraditório e ampla defesa)
- Juiz ou tribunal do Júri: é um órgão imparcial que decide, em última instância,
se houve crime, autoria e a pena justa
- Jus puniendi indireta: pois é o Estado juiz, por representação do magistrado,
que determina se a ação penal deve ser julgada procedente ou improcedente
- O julgamento é realizado através do processo, podendo ser físico ou digital
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DIREITO PROCESSUAL PENAL


- Conceito: a sistematização dos órgãos de jurisdição e respectivos auxiliares,
bem como a persecução penal
- Assim como no DPC, os princípios são as pilastras de sustentação do DPP
- Conjunto de normas e princípios que regulam a aplicação jurisdicional do
Direito Penal objetivo, a sistematização dos órgãos de jurisdição e
respectivos auxiliares, bem como a persecução penal
- Como fazer para que aquela pena seja aplicada? Precisa ser regulado
através de conjunto de princípios e normas
- Exemplo: dar voz ao réu, direito ao silêncio, não é obrigado a colaborar com
o Estado, etc

CARACTERÍSTICAS
1) Ciência autônoma - objeto e princípios próprios, tendo como objeto a
prestação jurisdicional (solução do conflito)
- Há uma diferença entre o objeto do Direito Penal e do Direito Processual
Penal, visto que o objeto do DPP (prestação jurisdicional) se refere à
finalidade de garantir melhor convivência social, restabelecendo a ordem
social, já o objeto do DP está relacionado ao poder punitivo do Estado,
como esse aplica as penas de acordo com o que foi previsto pelo
Legislador

2) Caráter instrumental - meio para fazer atuar o direito material penal


3) Normatividade - disciplina normativa, de caráter dogmático. Expõe seu
sistema através de normas jurídicas.
- Direito posto, colocado e solene, a nomenclatura vem de normas jurídicas,
normas do Direito.
- Existem situações onde o Judiciário necessita usar os costumes,
entretanto no DPP há maior rigidez em relação a esse fato

4) Finalidade - mediata - paz social e imediata - conseguir a realização da


pretensão punitiva
- Estado não pode punir diretamente, tem que se utilizar do Judiciário
- Aplicação do direito material

NATUREZA JURÍDICA
- Tem caráter publicístico (direito público), onde os próprios interesses
encontrados na lide tem natureza jurídico-pública - o Estado está sempre
presente como parte ou fiscal da lei
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FONTES
- Antes de adentrar a estudo do Código devemos entender quem o cria, quem
o disciplina, ressalvando a importância dos Legisladores (Parlamento)
- O Estado não tem inteira liberdade para legislar, pois pode contrariar a lei
constitucional, rompendo com a hierarquia do ordenamento jurídico
<

- A União é a única responsável de produzir o CPP brasilieiro


- Conceito: fonte é tudo aquilo de onde provém um preceito jurídico

● Fonte de produção ou material


- São aquelas que criam que o Direito
- É o Estado, pois compete privativamente à União legislar sobre direito
processual (CF, art. 22, I)
Art. 22 - “Compete privativamente à União legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo,
aeronáutico, espacial e do trabalho”
- Lei complementar federal pode autorizar os Estados a legislar em processo
penal, sobre questões específicas de interesse local (CF, art. 22, parágrafo
único)
Art. 22, parágrafo único - “Lei complementar poderá autorizar os Estados a
legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.”
- A União, os Estados e o DF possuem competência concorrente para legislar
sobre criação, funcionamento, e processo do juizado de pequenas causas
(arts. 24, X, e 98, I, da CF), e sobre direito penitenciário (arts. 24, X, e 98, I,
da CF)
- Sobre procedimento em matéria processual, a competência para legislar é
concorrente entre União, os Estados e o DF (XI, art. 24, CF)
Art. 24. “Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre:
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;
IV - custas dos serviços forenses;
X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas;
XI - procedimentos em matéria processual”
Art. 98. “A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão:
I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos,
competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis
de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo,
mediante os procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses
previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes
de primeiro grau”
Art. 125. “Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios
estabelecidos nesta Constituição.
§ 1º A competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado,
sendo a lei de organização judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça.”

● Fonte Formal
- Revela o Direito, é LEI
- Se divide em dois tipos:
1. Fonte formal direta, primária e imediata: leis e tratados (art.5°, §S 2° e
3° e art.22,1-CF)
Art. 5° § 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem
outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos
tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que
forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por
três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às
emendas constitucionais
Art. 22. “Compete privativamente à União legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo,
aeronáutico, espacial e do trabalho”
2. Fonte formal indireta, secundária e mediata: costumes e princípios
gerais do Direito

● Costume
- Também conhecido como praxe forense
- É o conjunto de normas de comportamento a que as pessoas obedecem de
maneira uniforme e constante, pela convicção de sua obrigatoriedade jurídica
- Não há lei regulamentada (consciência)
- O costume nunca revoga uma lei
- O costume pode ser:
a) Contra legem = inaplicabilidade da norma pelo seu desuso
b) Secundum legem = sedimenta formas de aplicação da lei
c) Praeter legem = preenche lacunas da lei

PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO


Art. 3° - “A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação
analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito.”
- São as premissas éticas extraídas da legislação e do ordenamento jurídico,
objetivando disciplinar a conduta dos aplicadores do Direito
- Constituem a base de todo processo penal

1. Princípio do devido processo legal


- É a garantia que todos os cidadãos tem de que não serão condenados pelo
Estado, sem que antes seja instaurado um processo na forma estabelecida
por lei
- A ação e o processo penal somente respeitam o referido princípio, caso todos
os princípios norteadores do DP e do PP sejam, fielmente, respeitados
durante a persecução penal (sinônimo de garantia fundamental do cidadão)
Art. 5°, LIV/CF - “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o
devido processo legal.”

2. Princípio da verdade real


- A função punitiva do Estado só pode atuar em relação àquele que tenha
cometido uma infração
- Deve-se buscar reconstruir historicamente um fato e todas as suas
circunstâncias, com o objetivo de que a instrução probatória se aproxime o
máximo possível da forma como esse fato ocorreu
- Porém, a doutrina diz que é impossível transladar todos os fatos, em suas
circunstâncias, para dentro do processo, devendo se considerar o esforço do
juiz na tentativa de fazê-lo
- Deve-se buscar a verdade real, a verdade material, como fundamento da
sentença
- O juiz penal não deve satisfazer-se com a verdade formal, que é trazida ao
processo através do promotor e advogado. Deve averiguar se existem falhas
na defesa ou na acusação e, caso haja, o juiz pode suprir a deficiência do
promotor ou do advogado, ouvindo uma testemunha de ofício, por exemplo
(Arts.156,II e 209-CPP)

Art. 156 - “A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém,


facultado ao juiz de ofício:
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a
realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante.”
Art. 209 - “O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras
testemunhas, além das indicadas pelas partes.
§ 1o Se ao juiz parecer conveniente, serão ouvidas as pessoas a que as
testemunhas se referirem.
§ 2o Não será computada como testemunha a pessoa que nada souber que
interesse à decisão da causa.”
3. Princípio do Juiz Natural
- Juiz legal ou Juiz Constitucional
- Juiz natural é um órgão do Estado, instituído à luz da Constituição Federal,
investido de jurisdição e exercendo este poder de julgar dentro das
atribuições fixadas por lei (Arts.101-125-CF)
Art. 101 - “O Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze Ministros,
escolhidos dentre cidadãos com mais de trinta e cinco e menos de setenta
anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada.”
Art. 125 - “Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios
estabelecidos nesta Constituição.”
- Ninguém será sentenciado senão pelo juiz competente, ou seja, todos têm a
garantia constitucional de ser submetidos a julgamento somente por órgão do
Poder Judiciário, dotado de todas as garantias institucionais e pessoais
previstas na CF
- É aplicável a toda espécie de processo

4. Princípio da imparcialidade do juiz


- Juiz imparcial é aquele que tem condições, objetivas e subjetivas, de proferir
veredicto sem a menor inclinação por qualquer das partes envolvidas,
fazendo-o com discernimento, lucidez e razão, com o fito de aplicar a lei ao
caso concreto (pressuposto de validade)
- Prestar a jurisdição é diferente de fazer justiça: a sentença prolatada implica
na aplicação da jurisdição, mas não necessariamente o juiz fez justiça, pois
ele julga o fato, e não a pessoa
- Esse princípio diz ser necessário que o juiz aja no processo sem inclinar-se
para qualquer uma das partes (tanto diretamente quanto subjetivamente), ou
seja, ouvindo ambas as partes e mantendo-se longe dos interesses das
mesmas
- Deve-se olhar o fato de forma equidistante dos interesses das partes
- Juiz deve “afastar-se” da sociedade por conta da imparcialidade subjetiva,
pois a sociedade o entende como um grande julgador, às vezes sem
entender como funciona a sua imparcialidade
- Para assegurar essa imparcialidade, a CF estipula garantias (art. 95),
prescreve vedações (art. 95, parágrafo único) e proíbe juízes e tribunais de
exceção (art. 5º, XXXVII). Dessas regras decorre a de que ninguém pode ser
julgado por órgão constituído após a ocorrência do fato

5. Princípio da igualdade das partes


- É a paridade processual, um desdobramento do princípio da isonomia ou da
igualdade (art. 5º, caput, CF)
- Também conhecido como princípio da paridade de armas: se é concedido ao
promotor o direito de arrolar 8 testemunhas, à defesa deve ser concedido o
mesmo direito
- Não pode haver diferenciação entre Estado (promotor) e réu (advogado)

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6. Princípio da persuasão racional ou do livre convencimento
Art. 155 - “O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova
produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão
exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação,
ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.“
- Concede liberdade ao juiz na formação de sua convicção acerca dos
elementos da prova
- A prova indiciária é frágil isoladamente, mas se torna robusta quando se
forma uma somatória de recursos capaz de convencer o magistrado de que o
indivíduo fazia parte do crime
- Legislador deixa o magistrado inteiramente livre para apreciar as provas
colhidas nos autos, desde que fundamente como chegou àquela conclusão
- “Princípio do livre convencimento motivado” = deve exprimir qual a motivação
da sua sentença, com fundamentação, sob pena de nulidade

7. Princípio do contraditório
- O contraditório não é um princípio de defesa, mas sim o direito de contrariar
os atos cometidos pela outra parte durante o processo
- Princípio direcionado às partes (promotor, advogado), não só do réu
- Réu terá sempre o direito de falar por último
- As partes têm o direito não apenas de produzir suas provas e de sustentar
suas razões, mas também de vê-las seriamente apreciadas e valoradas pelo
órgão jurisdicional
- Compreende, ainda, o direito de serem cientificadas sobre qualquer fato
processual ocorrido e a oportunidade de manifestarem-se sobre ele, antes de
qualquer decisão jurisdicional
- Ciência dos atos processuais é dada através de citação, intimação e
notificação
a) Citação = cientificar alguém da instauração de um processo, seguida de
uma chamada para integrar a relação processual
b) Intimação = comunicar alguém dos atos do processo, podendo conter um
comando para fazer ou deixar de fazer algo (atos/despachos já proferidos),
intimando “de” um ato processual
c) Notificação = comunicação à parte para que faça ou deixe de fazer algo,
notificando “para” algum ato processual
- Existem duas classificações de contraditório:
a) Contraditório real - o que se efetiva ao mesmo tempo da produção
probatória. Ou seja, é aquele que ocorre simultaneamente à produção
probatória (exemplo: audiência para ouvir testemunhas, em que advogado
e promotor estão presentes tomando conhecimento das provas)
b) Contraditório diferido - ocorre posteriormente à produção probatória

8. Princípio da ampla defesa


- É o dever que o Estado tem de proporcionar a todo acusado a mais completa
defesa, seja pessoal (autodefesa), seja técnica (defensoria) e o de prestar
assistência jurídica integral e gratuita aos necessitados
- Desse princípio também decorre a obrigatoriedade de se observar a ordem
natural do processo: defesa se manifesta sempre por último
Art. 261 - “Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será
processado ou julgado sem defensor.”
Parágrafo único. A defesa técnica, quando realizada por defensor público ou
dativo, será sempre exercida através de manifestação fundamentada.
Art. 263 - “Se o acusado não o tiver, ser-lhe-á nomeado defensor pelo juiz,
ressalvado o seu direito de, a todo tempo, nomear outro de sua confiança, ou
a si mesmo defender-se, caso tenha habilitação.
Parágrafo único. O acusado, que não for pobre, será obrigado a pagar os
honorários do defensor dativo, arbitrados pelo juiz.”
Art. 266 - “A constituição de defensor independerá de instrumento de
mandato, se o acusado o indicar por ocasião do interrogatório.”
- Defesa técnica: é a defesa realizada pelo advogado do acusado (a), ela é
imprescindível no processo, sob pena de nulidade processual, pois somente
o advogado tem capacidade postulatória
- Autodefesa: é a defesa realizada pessoalmente pelo próprio acusado(a), ela
é facultativa pois o réu não precisa se utilizar da mesma

9. Princípio da publicidade
- Todos os atos processuais são públicos, pois as audiências, sessões e atos
processuais são franqueados ao público em geral
Art. 792, CPP - “As audiências, sessões e os atos processuais serão, em
regra, públicos e se realizarão nas sedes dos juízos e tribunais, com
assistência dos escrivães, do secretário, do oficial de justiça que servir de
porteiro, em dia e hora certos, ou previamente designados.”
- Exceção: defesa da intimidade ou interesse social exigirem
Art. 5°, LX-CF - “A lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais
quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem”
Art. 792, § 1º, CPP - “Se da publicidade da audiência, da sessão ou do ato
processual, puder resultar escândalo, inconveniente grave ou perigo de
perturbação da ordem, o juiz, ou tribunal, câmara ou turma, poderá, de ofício
ou a requerimento da parte ou do Ministério Público, determinar que o ato
seja realizado a portas fechadas, limitando o número de pessoas que possam
estar presentes.”
- Baseando-se no referido art. 5º, existe a chamada publicidade restrita,
segundo a qual os atos são públicos apenas para as partes e seus
procuradores, ou para um reduzido número de pessoas, utilizado comumente
em crimes contra a dignidade sexual
- Existem dois tipos de publicidade:
a) Imediata = as partes estão presentes e têm contato direto com os atos
processuais
b) Mediata = resultante da divulgação de tais atos pelos meios de
comunicação, onde as partes tomam conhecimento posteriormente

10. Princípio da Iniciativa das partes


- Cabe à parte provocar a prestação jurisdicional
- Nemo judex sine actore = não há juiz sem autor
- Ne procedat judex ex officio = o Juiz não pode proceder de ofício; não pode
dar início ao processo, sem a provocação das partes
- Artigo 129,I da CF e artigo 40 do CPP

11. Princípio do estado de inocência


Art. 5º, LVII, CF - “Ninguém será considerado culpado até o trânsito em
julgado da sentença penal condenatória”.
- Também chamado de presunção da inocência ou princípio da não
culpabilidade
- Alberga uma garantia constitucional, sendo considerada uma cláusula pétrea
pelo constituinte originário e desdobrando-se em 3 aspectos:
a) Instrução = o ônus da prova incumbe à acusação
b) Valoração = em benefício do acusado in dubio pro reo
c) Excepcionalidade da prisão
- Enquanto não definitivamente condenado, presume-se a inocência do réu, ou
seja, enquanto não transita em julgado a sentença condenatória, o réu é
presumivelmente inocente
- A prisão processual (flagrante, temporária e preventiva) não viola o
princípio do estado de inocência, pois a própria Constituição prevê a prisão
cautelar em casos excepcionais (CF, art. 5º, LXI)
- Prisão provisória no Brasil:
a) Tem natureza cautelar e puramente instrumental
b) Visa evitar que a natural demora do processo ponha em risco a sociedade,
atrapalhe a produção de prova ou inviabilize a execução da pena
c) Requisitos = urgência e necessidade
d) Autoriza cumprimento de mandado de prisão para que o acusado, ainda
presumidamente inocente, seja preso em centro de detenção provisória,
separado de presos condenados

12. Princípio do favor rei


- Favor libertatis (art.2º Lei de Introdução ao CPP)
- Importante regra hermenêutica destinada a proteger a liberdade do acusado
- A dúvida sempre beneficia o acusado
- Se houver duas interpretações, deve-se optar pela mais benéfica, ou seja,
entre posições divergentes que possam gerar dúvida, a lide penal inclina-se
em favor do réu
- Na dúvida, absolve-se o réu, por insuficiência de provas
- No conflito entre o jus puniendi do Estado e o jus libertatis do acusado,
deve-se privilegiar o último-art.386,VII-CPP(in dubio pro reo)
- Recursos em benefício do réu:
a) Ação rescisória penal = só cabe revisão criminal em favor do réu
b) Embargos infringentes = apenas a defesa possui, sendo usado pelo réu
quando ele não concorda com uma decisão no processo, permitindo que a
decisão seja analisada novamente e alterada, de acordo com o pedido do
acusado
- Normas protetivas do réu: 617(reformatio in pejus) e 621 (revisão criminal)
- Reformatio in pejus = reformar para pior, piorar a situação do réu
- “Somente se procede mediante representação” = só poderá ocorrer a
investigação por parte dos órgãos persecutórios (MP e polícia judiciária) se a
vítima autorizar
- Usar todas as técnicas possíveis para aferir o que o legislador quis dizer

13. Princípio do neme tenetur se detegere


- “Ninguém está obrigado a se descobrir”; “ninguém está obrigado a se auto
incriminar”; “ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo”
- É uma espécie de imunidade à autoacusação
- Decorre do estado de inocência e do direito de o réu manter-se calado (art.5º,
LXIII-CF)
- Autodefesa passiva = o réu deixa de colaborar com o Estado, pois ele pode
utilizar-se de outros meios para provar o fato, não sendo obrigação do réu
fazer prova para se autoincriminar
- Modalidade de autodefesa passiva = inatividade do indivíduo sobre quem
recai ou pode recair uma imputação; proibição de uso de qualquer medida de
coerção ou intimidação ao investigado ou acusado no decorrer da
persecução para obtenção de uma confissão ou colaboração que possam
ocasionar sua condenação
- Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (art.14.3, g). Convenção
Americana sobre Direitos Humanos (art.8º, § 2º, g)
- Advertência ao preso dos seus direitos – art.5º, LXIII – CF. Não se resume
apenas ao direito de ficar calado (direito ao silêncio)
- Assemelha-se ao AVISO DE MIRANDA - Direito Norte Americano. Caso:
Miranda X Arizona,1966. Julgado pela Suprema Corte. Nenhuma validade
pode ser conferida às declarações feitas pela pessoa à polícia, a não ser que
antes ela tenha sido claramente informada
- Quinta Emenda à Constituição Norte Americana: nenhuma pessoa será
compelida, em qualquer acusação criminal, a prestar testemunho contra si
mesma

● Validade conversa clandestina entre policiais e preso. Interrogatório informal -


sub-reptício???
● Conversa gravada entre preso e repórter pode ser juntada como prova de
acusação?

- Princípio abrange: direito ao silêncio ou direito de ficar calado; direito de não


ser constrangido a confessar a prática de ilícito penal; inexigibilidade de dizer
a verdade; direito de não praticar qualquer comportamento ativo que possa
incriminá-lo; direito de não produzir nenhuma prova incriminadora invasiva.
(prova não invasiva-inspeção ou verificação corporal)
- O CPP admite a aplicação do princípio do in dubio pro societate em algumas
hipóteses em que não há julgamento do mérito, como o recebimento da
denúncia e a pronúncia do acusado – arts.395, 396 e 413-CPP)

14. Princípio do duplo grau de jurisdição


- Trata-se da possibilidade de revisão, por via de recurso, das causas já
julgadas pelo juiz de primeiro grau, por meio da interposição de recursos
- Abrange as questões de fato e de direito
- Não encontra previsão expressa na Constituição Federal
- Dá maior certeza à aplicação do direito pelo reexame da causa
- Art.609-CPP, art. 82 da Lei n° 9.099/95 e 197-Lei 7.210/84
- É o poder que os órgãos superiores detém de reavaliar as decisões
proferidas pelos órgãos inferiores
- É também o direito que as partes têm de levar um caso ao grau superior, a
fim de ser reanalisado, por não concordar com a decisão proferida pelo
tribunal inferior
- Direito fundamental da parte

15. Princípio da duração razoável do processo penal


- Art. 5º, LXXVIII da CF (introduzido pela EC nº 45, de 30 de dezembro de
2004) - “A todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a
razoá­vel duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua
tramitação”
- O art. 8º do Pacto de San Jose da Costa Rica, em sentido idêntico, afirma
que a duração razoável do processo é garantia processual
- Portanto, há previsão constitucional expressa para assegurar:
a) Os meios pelos quais se possa garantir a celeridade
b) A razoabilidade da duração do processo
- O Estado-juiz deve julgar os processos no menor prazo possível dentro da
razoabilidade e do bom senso
- Não se estipula um prazo fixo, mas sim um prazo razoável dentro do bom
senso, tendo em consideração que cada processo tem suas particularidades

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LEI PROCESSUAL NO TEMPO
- Atividade: é o período situado entre a entrada em vigor e a revogação de
uma lei, durante o qual ela está viva, vigente, produzindo efeitos e
alcançando todas as situações ocorridas sob sua égide
- Na data da cessação de sua vigência, a lei se torna inativa, revogada,
deixando de irradiar efeitos no mundo jurídico
- Normalmente, uma lei projeta efeitos durante seu período de atividade
- Extratividade: é a incidência de uma lei fora do seu período de vigência

1. Princípio do efeito imediato ou da aplicação imediata


Art. 2° do CPP
“A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos
atos realizados sob a vigência da lei anterior.”
- O legislador pátrio adotou o princípio da aplicação imediata das normas
processuais: o ato processual será regulado pela lei que estiver em vigor no
dia em que ele for praticado (tempus regit actum)
- Quanto aos atos anteriores, não haverá retroação, pois eles permanecem
válidos, já que praticados segundo a lei da época
- No conflito da lei processual no tempo, vige o princípio do tempus regit
actum, com a consequência de que:
a) Os atos processuais realizados sob a égide da lei anterior são válidos
b) As normas processuais têm aplicação imediata, regulando o desenrolar
restante do processo
- Irretroatividade = a lei processual penal brasileira não é retroativa, pois se
aplica aos fatos processuais ocorridos durante a sua vigência, permitindo-se
a retroatividade desde que não prejudique a coisa julgada
- Conflito intertemporal de leis no tempo = a partir da existência do conflito,
surge a necessidade de regular-se o mesmo fato, sendo que apenas uma
delas terá aplicação no caso concreto
- Se entrasse um CP novo atualmente, haveria um olhar diferente em relação à
validade das leis, já no CPP não existe isso
- No caso da lei penal, se acontecer um conflito entre uma norma antiga mais
benéfica e uma mais nova menos benéfica, aplica-se uma retroatividade
benéfica, ou seja, aplica-se a lei anterior

● Normas de natureza processual


- As normas processuais aplicam-se aos processos em andamento, ainda que
o fato tenha sido cometido antes de sua entrada em vigor e mesmo que sua
aplicação se dê em prejuízo do agente
- Sua aplicação no tempo não se encontra regida pelo art. 5º, XL, da CF, o qual
proíbe a lei de retroagir para prejudicar o acusado (refere-se apenas à lei
penal)
- Art. 5º, XL, da CF 2º e parágrafo único do CP = refere-se apenas à lei
penal, que não pode retroagir, salvo para beneficiar o agente (olhar piedoso
para o réu)
- Da aplicação do princípio do tempus regit actum derivam dois efeitos:
a) Os atos processuais realizados sob a égide da lei anterior são
considerados válidos e não são atingidos pela nova lei processual, a
qual só vige dali em diante;
b) As normas processuais têm aplicação imediata, pouco importando se o
fato que deu origem ao processo é anterior à sua entrada em vigor.

DIFERENÇA ENTRE NORMA PENAL E NORMA


PROCESSUAL
● Norma penal
- É toda e qualquer norma que afete, de alguma maneira, a pretensão punitiva
ou executória do Estado, criando-a, extinguindo-a, aumentando-a ou
reduzindo-a
- Todas aquelas que atribuem virtualmente ao Estado o poder punitivo ou o
poder de disposição do conteúdo material do processo
- Exemplo: art.121/CP
- Ou seja, uma norma que incrimina um novo fato tem caráter penal, pois está
criando o direito de punir para o Estado (gravita em torno do direito de punir)
- Nem todas as normas que estão no CP são exclusivas do Direito Penal,
podendo ser de Direito Processual Penal
- Se um preceito processual for constituído também de caracteres de natureza
penal, aplica-se a retroatividade benéfica
- Representação- art. 38/CPP
- Prescrição: é a perda direta e imediata do direito de punir, por não ter
exercido esse direito no prazo
- A prescrição, aparentemente, trata-se de norma processual, contudo, como a
consequência é a extinção da punibilidade, a natureza passa a ser penal

● Norma processual
- É a norma que repercute apenas no processo, sem respingar na pretensão
punitiva
- Regulam o início, desenvolvimento e fim do processo; as que indicam as
formas com que os sujeitos processuais podem valer-se das suas faculdades
e direitos processuais, etc
- Exemplos: 396 e 399/CPP
- É o caso das regras que disciplinam a prisão provisória, proibindo a
concessão de fiança ou de liberdade provisória para determinados crimes,
ampliando o prazo da prisão temporária ou obrigando o condenado a se
recolher à prisão para poder apelar da sentença condenatória
- Embora haja restrição do jus libertatis, o encarceramento se impõe por uma
necessidade ou conveniência do processo, e não devido a um aumento na
satisfação do direito de punir do Estado
- Logo, se um agente comete um crime antes da entrada em vigor de uma lei,
que proíbe a liberdade provisória, caso venha a ser preso, não poderá ser
solto, uma vez que a norma, por ser proces­sual, tem incidência imediata,
alcançando os fatos praticados anteriormente, mesmo que prejudique o
agente
- Decadência: é a perda do direito de ação, do direito de ir ao juiz, por não ter
exercido referido direito em seu prazo legal. Antes tem a perda do direito de
ação, para depois ter a perda do direito de punir. É norma material
- Sursi: é uma norma material

● Norma híbrida/mista
- É quando uma norma processual se reveste de prevalentes caracteres de
norma penal. Tem uma retroatividade benéfica

● Norma heterotópica
- É revestida de natureza jurídica diversa da codificação a qual se encontra
inserida
- Exemplo 1: norma processual que se encontra no código penal
- Intromissão ou superposição de conteúdos materiais no âmbito de incidência
de uma norma de natureza processual, ou vice-versa, produzindo efeitos e
aspectos relacionados à ultratividade, retroatividade ou aplicação imediata.
- Exemplo 2: art. 100/ CP - “A ação penal é pública, salvo quando a lei
expressamente a declara privativa do ofendido.”

● Normas mistas
- Normas de caráter penal e processual ao mesmo tempo
- Se um preceito processual for constituído também de caracteres de natureza
penal, aplica-se a retroatividade benéfica (representação art. 38, CPP)

SISTEMAS PROCESSUAIS
● Sistema acusatório
- É caracterizado por:
a) Separação entre órgão acusador e órgão julgador
b) Liberdade de acusação = reconhecido o direito ao ofendido e a qualquer
cidadão
c) Contraditório e liberdade de defesa
d) Isonomia entre as partes no processo
e) Publicidade do procedimento
- Existe um órgão específico para julgar: MP
- Implica o estabelecimento de uma verdadeira relação processual entre autor,
réu e juiz, estando em pé de igualdade autor e réu e, acima deles, como
órgão imparcial o juiz

● Sistema Inquisitivo
- É caracterizado pela concentração de poder nas mãos do julgador, que
exerce, também, a função de acusador
- É a antítese do sistema acusatório, sendo uma verdadeira supressão dos
direitos: ausência de contraditório e defesa meramente decorativa
- Típico dos países que não são revestidos de democracia
- As funções de acusar, defender e julgar concentram-se na mesma
pessoa,que é o juiz
- Exemplo: no inquérito policial, adota-se características inquisitivas
- Inquérito policial:
a) instrumento da Polícia Judiciária utilizado para apuração das infrações
penais comuns
b) Pelo caráter inquisitivo, permite ao Delegado a condução unilateral das
investigações, sem a necessidade de intervenção das partes
c) Ausência de contraditório e ampla defesa
d) Representa uma simples informação sobre o fato criminoso e sua autoria

● Sistema Misto ou acusatório formal


- É a junção dos dois sistemas anteriores, dividindo o processo em duas fases:
a) Instrução preliminar = elementos inquisitivos - procedimento secreto,
escrito e sem contraditório
b) Julgamento = elementos acusatórios - oralidade, publicidade, contraditório,
concentração dos atos processuais, intervenção de juízes populares e livre
apreciação das provas
- Possui também um posterior juízo contraditório (de julgamento)
- É o sistema adotado no Brasil e em vários países da Europa
- Quem se torna responsável por investigar é o MP
- Guilherme de Souza Nucci: entende que no Brasil é adotado o sistema misto,
ou seja, o inquérito é marcado pelo sistema inquisitivo, enquanto na instrução
vigora o sistema acusatório

LEI PROCESSUAL NO ESPAÇO E PESSOAS


PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE
- Diz respeito à aplicação da lei processual penal brasileira a todo delito
ocorrido em território nacional
- O DPP é o braço de soberania estatal exercido pelo Estado juiz,ou seja,
assegura sua soberania, tendo em vista que não há sentido aplicar normas
procedimentais estrangeiras para apurar e punir delitos ocorridos em território
brasileiro
- As leis processuais são eminentemente territoriais; não ultrapassam os
limites do território do Estado
- Como uma autoridade ou uma jurisdição repressiva exprime por sua
atividade um dos aspectos da soberania nacional, não pode ela ser exercida
senão dentro nas fronteiras do respectivo Estado

HIPÓTESES DE APLICAÇÃO FORA DO TERRITÓRIO


- Existem 3 hipóteses em que a lei processual do Estado pode ser aplicada
fora de seus limites territoriais:
1. Brasil pode aplicar seu código quando houver autorização do Estado onde
deva ser praticado o ato processual - tratado bilateral (exemplo: bases
militares)
2. Em caso de guerra, em território ocupado, quando o vencedor impõe seu
código
3. Aplicação da lei processual penal de um Estado em território nulo, quando
nenhum Estado exerce sua soberania
- Tratados, convenções e regras de direito internacional
- Aos crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves estatais estrangeiras,
em águas territoriais e espaço aéreo brasileiros, não se aplicam a lei penal
nem a lei processual pátrias
- Não se aplica também a nossa lei processual aos agentes diplomáticos aqui
acreditados - imunidade formal - Convenção de Viena (1961)

RESSALVAS DO ARTIGO 1º DO CPP


- Tratados, convenções e regras de direito internacional. Aos crimes cometidos
a bordo de navios ou aeronaves estatais estrangeiras, em águas territoriais e
espaço aéreo brasileiros, não se aplicam a lei penal nem a lei processual
pátrias
- Não se aplica também a nossa lei processual aos agentes diplomáticos aqui
acreditados – imunidade formal – Convenção de Viena (1961) os
encarregados de certa missão especial; os que se acreditam para
representar o Governo em conferências, congressos ou outros organismos
internacionais)
- Os funcionários diplomáticos que vivam em companhia dos respectivos
agentes gozam dessas prerrogativas
- A imunidade alcança os familiares, bem como os funcionários das
organizações internacionais, quando em serviço
- Estão excluídos os funcionários particulares dos agentes. Os chefes de
Estado e sua comitiva desfrutam dos mesmos privilégios quando em território
nacional
- As sedes de embaixadas ou legações são considerados territórios do país
onde se acham situadas. Contudo, são consideradas invioláveis
- Os cônsules não gozam das mesmas prerrogativas, salvo nos delitos
funcionais. Convenção de Viena-1963
- Os atos processuais nas cartas rogatórias obedecem à lei do Estado rogado.

06/03
APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL EM RELAÇÃO ÀS
PESSOAS
● Imunidade parlamentar (processual ou relativa)
- Refere-se à prisão, ao processo, prerrogativas de foro e para servir como
testemunhas
- Desde a expedição de diploma, o parlamentar não pode ser preso, salvo em
flagrante de crime inafiançável
- Ou seja, a imunidade parlamentar passa a valer a partir da data da
diplomação: é o reconhecimento, pela justiça eleitoral, que o candidato está
apto a assumir o cargo ao qual foi eleito
- Em tal caso, os autos serão remetidos dentro de 24 horas para a Casa do
parlamentar que deliberará, por maioria absoluta (metade + 1), sobre a
prisão. (art. 53, §§ 2° e 3º-CF)
§ 2º - “Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional
não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse
caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa
respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a
prisão.”
§ 3º - “Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime
ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa
respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto
da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento
da ação.”
- A CF entende que pode ser que o parlamentar preso pode acabar sendo
perseguido pelos próprios membros dos tribunais, por isso a Casa tem
referida autonomia para agir com o intuito de garantir a imunidade
parlamentar
- A ação penal pode ser suspensa por decisão da respectiva Casa por crime
cometido após a diplomação. A Casa deve deliberar no prazo de 45 dias,
após provocação de partido político, pela maioria absoluta dos seus
membros
- Os deputados estaduais alcançam a mesma imunidade (art.27, § 1º da CF)
“Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, aplicando-
sê-lhes as regras desta Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade,
imunidades, remuneração, perda de mandato, licença, impedimentos e
incorporação às Forças Armadas.”

● Imunidade processual e concurso de agentes


- Em caso de suspensão da ação, separa-se o processo
- O parlamentar pode cometer crime em concurso de agentes
- Suspendeu o processo em relação a um, continuará para o outro

● Suspensão da prescrição
- Em caso de suspensão da ação, suspende-se também a prescrição (art.53,§
5º-CF)
“A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato.”

● Imunidade para depor


- O senador e o deputado não são obrigados a testemunhar sobre informações
recebidas no exercício do mandato e nem sobre as pessoas que lhe
confiaram as informações
- Proteção constitucional dadas aos fiscais do executivo (deputado e senador)
- Por conta dessa função recebem muitas informações atinentes de corrupção,
e caso delatem tais fatos não receberão mais informações
Art.53, § 6º-CF - “Os Deputados e Senadores não serão obrigados a
testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do
exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles
receberam informações.“

● Prerrogativa de foro
- Os senadores e deputados federais não são obrigados a depor sobre
pessoas e fatos por eles investigados (garantido pela CF)
- O deputados e senadores são julgados pelo STF
Art. 53, § 1º - “Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma,
serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal.“
- Essa imunidade do art. 53 permanece mesmo no sistema de estado de sítio
Art. 102, I - “processar e julgar, originariamente:
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o
Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios
Ministros e o Procurador-Geral da República”

● Estado de sítio
- Tais imunidades subsistirão durante o estado de sítio, podendo ser
suspensas por voto de 2/3 da Casa no caso de ato praticado fora do recinto
do Congresso e que sejam incompatíveis com a execução da medida (art. 53,
§ 8º-CF)

● Presidente da República
- Não se pode processar o presidente da república se a câmara não deixa
- Ou seja, o PGR que deve apresentar a denúncia ao Supremo, que por sua
vez enviará à câmara, dando continuidade a todo o trâmite processual
- Presidente não é preso em flagrante delito, somente após acórdão
condenatório
- O Presidente não é fustigado por crimes alheios à sua função
- Imunidade formal em relação ao processo – Juízo de Admissibilidade pela
Câmara – 2/3 do voto de seus membros – art.86 da CF
“Serão pagos conforme disposto no art. 100 da Constituição Federal, não se
lhes aplicando a regra de parcelamento estabelecida no caput do art. 78
deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, os débitos da
Fazenda Federal, Estadual, Distrital ou Municipal oriundos de sentenças
transitadas em julgado, que preencham, cumulativamente, as seguintes
condições:
I - ter sido objeto de emissão de precatórios judiciários;
II - ter sido definidos como de pequeno valor pela lei de que trata o § 3º do
art. 100 da Constituição Federal ou pelo art. 87 deste Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias;
III - estar, total ou parcialmente, pendentes de pagamento na data da
publicação desta Emenda Constitucional.”

- Somente será preso nos crimes comuns após a prolação do Acórdão


condenatório – art. 86, § 3º da CF)
“Observada a ordem cronológica de sua apresentação, os débitos de
natureza alimentícia previstos neste artigo terão precedência para pagamento
sobre todos os demais.”
- Crime de responsabilidade: leia-se impeachment, cuja condenação é a
perda do caso, ficando suspenso e perdendo os direitos políticos por 8 anos -
vários itens ensejam esse crime de responsabilidade, pois essa expressão é
usada em decorrência da gravidade da conduta cometida pelo Presidente
- Impeachment: decorre de um crime de responsabilidade e necessita da
aprovação da câmara para ocorrer, sendo o Senado o novo órgão julgador
- Função anômala do senador: sua função original é de fiscal da lei jurídica,
mas nos casos de impeachment ele se torna o juiz (julgador presidente)

● Prerrogativa de foro
- Nos crimes comuns será julgado pelo STF e nos crimes de responsabilidade
pelo Senado Federal
Art. 86 - “Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois
terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o
Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o
Senado Federal, nos crimes de responsabilidade.”
Art. 102, I

● Vice-Presidente, Ministros de Estado e Forças Armadas


- Crimes de responsabilidade conexos com o do Presidente serão julgados
pelo Senado Federal
Art. 52 - “Compete privativamente ao Senado Federal:
I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos
crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os
Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da
mesma natureza conexos com aqueles”
- O STF julgará os crimes de responsabilidade praticados pelos Ministros de
Estado e Forças Armadas, membros dos Tribunais Superiores, os do T.C.U. e
os chefes de missão diplomática de caráter permanente
- O Senado Federal julgará os crimes de responsabilidade praticados pelos
Ministros do STF, os membros do CNJ e do CNMP, o PGR e o ADGU,
conforme art. 52, II da C.R.
- Militares – crimes militares – Justiça Militar (art. 1°, III do CPP e 124 da CF)
Art. 124/CF - “À Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares
definidos em lei.”
Art. 1o/CPP - “O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por
este Código, ressalvados:
III - os processos da competência da Justiça Militar”

● Militares
- Crimes militares são julgados pelo código militar federal ou estadual
- Exceção: caso de homicídio

INTERPRETAÇÃO
- Interpretar a lei é penetrar-lhe o verdadeiro e exclusivo sentido
- Existem algumas espécies de interpretação, classificadas em:

INTERPRETAÇÃO QUANTO AO SUJEITO


AUTÊNTICA
- É chamada assim pois é autêntica quanto ao sujeito que realiza a
interpretação, tendo em vista que é interpretada pelo próprio reitor da lei: o
legislador
- Quando o legislador interpreta a norma no próprio texto da lei, chamamos de
contextual
- Quando o legislador cria uma lei posterior (vem depois do texto da lei), ela
vem para corrigir uma lei “mal feita”
- Procede da mesma origem que a lei e têm força obrigatória.Quando vem
inserida na mesma lei é chamada contextual
- Ex. arts.302 e 303 do CPP – conceito de flagrante delito. Pode ser promovida
por lei posterior, com o fim de dissipar incerteza ou obscuridades
Art. 302/CPP - “Considera-se em flagrante delito quem:
I - está cometendo a infração penal;
II - acaba de cometê-la;
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer
pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis
que façam presumir ser ele autor da infração.”
Art. 303/ CPP - “Nas infrações permanentes, entende-se o agente em
flagrante delito enquanto não cessar a permanência.”

DOUTRINÁRIA (DOUTRINAL OU CIENTÍFICA)


- É aquela feita pelos escritores ou comentadores do Direito (não tem força
obrigatória)
- Constituída da communis opinio doctorum

JUDICIÁRIA (JURISPRUDENCIAL)
- Deriva dos órgãos judiciários: juízes e tribunais
- São orientação que os juízos e tribunais vêm dando à norma
- Não tem força obrigatória, salvo na súmula com efeito vinculante
- O Estado juiz, quando começa a decidir um instituto de maneira uniforme e
constante, gera o que chamamos de jurisprudência, que decorre de uma
série de interpretações
- Jurisprudência = é o conjunto de manifestações judiciais sobre
determinado assunto legal, exaradas num sentido razoavelmente constante
- Súmula = cristalização de um entendimento judicial no tribunal superior a
respeito de um determinado fato jurídico
- Súmula vinculante = decisão de 2/3 após reiteradas decisões sobre matéria
constitucional
- Editada no caso de existência de controvérsia que acarrete grave
insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão
idêntica (art.103-a-CF)
- Também há efeito vinculante nas ações diretas de inconstitucionalidade e nas
ações declaratórias de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal
(art.102, § 2º da CF)

INTERPRETAÇÃO QUANTO AO MODO OU AOS MEIOS


EMPREGADOS
LITERAL, GRAMATICAL OU SINTÁTICA
- Leva-se em conta o texto da lei e a significação das palavras

SISTEMÁTICA
- Leva-se em conta a norma colocada num todo, como integrante de um
ordenamento jurídico ( art. 311,312 e 282 - CPP)
- Acredita que não se deve ler uma norma isoladamente, ou seja, deve-se
colocá-la no ordenamento jurídico harmônico, onde não deve haver
contradições
- Diz que a aplicação de uma norma precede de um estudo em que, antes de
aplicá-la, a mesma deve ser relacionada com outros dispositivos do mesmo
ordenamento, para não incorrer em injustiças e antinomias (contradições)
- Exemplo: prisão cautelar faz com que o juiz relacione mais de um artigo, para
não incorrer em contradições

TELEOLÓGICA
- Busca-se a finalidade da norma (Art.109, IX - CF - navio)
- Essa interpretação, tomando como exemplo o inciso IX do art. 109 da CF,
buscaria entender qual a finalidade da inserção dele no artigo, ou seja, qual a
aplicabilidade dele, sua finalidade

PROGRESSIVA
- Também chamada de adaptativa ou evolutiva
- Aquela que objetiva ajustar a lei às transformações sociais, jurídicas,
científicas e até mesmo morais que se sucedem no tempo e que interferem
na efetividade que buscou o legislador com a sua edição. Ex. art.68 do CPP
- É necessário fazer uma adaptação da norma
- Inconstitucionalidade progressiva da norma: ela subsiste ainda naqueles
territórios onde a nova constituição não se estruturou

HISTÓRICA
- Analisa-se o contexto da votação do diploma legislativo
- Para poder extrair melhor o sentido da norma, às vezes é preciso fazer uma
análise histórica
- A interpretação histórica leva o intérprete a buscar nos anais - gravações de
debates feitos na câmara e no senado - a proposta da norma, o que o
legislador pensou ao criá-la

10/03
INTERPRETAÇÃO QUANTO AO RESULTADO
DECLARATIVA
- É a mais comum de todas
- Quando as palavras da lei encontram correspondência com a vontade
normativa
- É a norma simples, que não causa dúvida nenhuma, não havendo
necessidade de se ampliar ou restringir o efeito da norma, pois a própria letra
da lei já expressa toda a vontade do legislador
- Não há necessidade de se conferir um sentido mais amplo ou mais restrito à
norma
- Exemplo: art.248 – casa habitada – ocupada por uma ou mais pessoas. Não
houve ampliação ou restrição do alcance normativo

RESTRITIVA
- Quando se reduz o alcance da norma para que se possa encontrar a sua
exata vontade
- A norma é demasiadamente genérica e disse mais do que a aparência
demonstra
- Exemplo: Art.271-CPP - o MP só pode acusar alguém com prova
testemunhal se fizer isso na denúncia, colocando a lista de testemunhas. Se
o assistente vem depois da denúncia, ele pode propor todo tipo de prova,
menos a testemunhal, pois o momento de arrolar testemunha já passou
(denúncia) - o artigo aparentemente permite tudo, mas através dessa
interpretação se restringe (reduz) o alcance da norma

EXTENSIVA
- Leva à aplicação da lei a casos não expressamente incluídos na sua fórmula,
mas virtualmente compreendidos no seu espírito
- É necessário ampliar o alcance da lei para abarcar virtualmente contidos no
espírito da norma
Art. 254, CPP - “O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser
recusado por qualquer das partes:
I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles;”
- Exemplo: se o juiz é amigo da mãe do réu, por interpretação extensiva ele se
encaixa no inciso I, ainda que o dispositivo não fale expressamente do caso
em que o julgador é amigo íntimo da mãe do réu

INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA
- Espécie de interpretação extensiva
- Ocorre quando fórmulas casuísticas inscritas em um dispositivo são seguidas
de expressões genéricas abertas, entendendo-se que estas somente
compreende os casos análogos destacados por aquelas
- A própria lei determina a interpretação
- Exemplo: Artigo 6º , IX CPP

ANALOGIA
- É uma técnica de autointegração da lei
- Um princípio jurídico segundo o qual a lei estabelecida para um determinado
fato a outro se aplica, embora por ela não regulado, dada a semelhança em
relação ao primeiro.
- Carta Rogatória – 783 do CPP, art.354 - carta precatória (conteúdo) - carta
rogatória é omissa, então, por analogia, aplica-se o conteúdo da carta
precatória para cobrir essa lacuna

DIFERENÇA ENTRE INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA E ANALOGIA


● Interpretação analógica
- A vontade da lei é abranger os casos análogos àqueles por ela regulados
- Ou seja, o legislador quer abarcar os casos semelhantes
● Analogia
,,

- Não há essa voluntas legis, não existe essa vontade da lei, mas sim o ato do
intérprete preencher o claro, a lacuna
- Ou seja, o intérprete corrige esse defeito/ lacuna aplicando ao caso
semelhante

13/03

PERSECUÇÃO PENAL
CONCEITO
- É a perseguição ao crime
- Soma da atividade da polícia investigativa com a ação penal promovida pelo
MP (dois órgãos persecutórios)
- Soma da atividade investigatória com a ação penal promovida pelo Ministério
Público
- Polícia Judiciária = art. 144, §§ 1º e 4º da CF, incumbe à polícia civil/polícia
federal(Delegados de Carreira)
- Compreende as atividades de auxílio ao Poder Judiciário no cumprimento de
suas ordens (ex. a execução de mandados de busca, cumprimento de ordens
de prisão e a condução de testemunhas
- Polícia Investigativa = atribuição relacionada à colheita de provas da
infração penal em todos os seus aspectos (autoria, materialidade delitiva,
ilicitude, etc)
- Missão funcional e legal de apurar o fato delituoso e sua autoria, através do
inquérito policial
- Lei n° 12.830/13 - art. 2°, caput
“As funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais exercidas
pelo delegado de polícia são de natureza jurídica, essenciais e exclusivas de
Estado.”
- Polícia Federal = tem responsabilidade legal e funcional de apurar todos os
fatos delituosos e autorias de todos os crimes contra a União (interesse da
União)
- Polícia Federal – polícia investigativa – hipóteses do artigo 109, IV da C.R. –
interesse da união
- Lei 10.446/02 – infrações de repercussão interestadual ou internacional que
exigem repressão uniforme
- Art. 1º - lista exemplificativa
1) Arts.148 e 159 – impelido por motivação política ou praticado em razão da
função) pública exercida pela vítima
<

2) Formação de cartel – art. 4º Lei 8.137/90


3) Furto, roubo ou receptação de cargas, bens e valores, transportadas em
operação interestadual ou internacional quando praticadas por quadrilha
ou bando em mais de um Estado da Federação
4) Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a
fins terapêuticos ou medicinais…
5) Furto, roubo ou dano contra instituições financeiras, incluindo agências ou
caixas eletrônicos, quando praticadas por associação criminosa em mais
de um Estado da Federação
6) Quaisquer crimes praticados por meio da rede mundial de computadores
que difundam conteúdo misógino-ódio ou aversão às mulheres
7) Outros casos, desde que autorizada a investigação ou determinada pelo
Ministério da Justiça (parágrafo único)
- Polícias Estaduais = atribuição residual
- Notitia criminis = conhecimento espontâneo ou provocado pela autoridade
policial de um fato aparentemente criminoso

COGNIÇÃO IMEDIATA
- Quando a autoridade toma conhecimento do fato infringente por meio de
suas atividades rotineiras
- A notícia chega na polícia através de toda a sua estrutura que foi montada
para dar suporte à sociedade
- A vítima se comunica com a polícia de maneira informal

COGNIÇÃO MEDIATA
- Quando a autoridade toma conhecimento do fato através de requerimento da
vítima ou de quem possa representá-la, ou de requisição da Autoridade
Judiciária ou MP ou mediante representação formal
- Requerimento: mera solicitação feita a um órgão, solicitando-o que tome as
devidas providências
- É uma maneira mais formal de receber essa denúncia
<,

- A provocação da polícia pode ser feita por 3 formas:


a) Requerimento da vítima ou de qualquer do povo (redigido)
b) Requisição do promotor ou do juiz (de ofício)
c) Através da representação formal da vítima
- Em regra, o delegado age de ofício no combate aos crimes, mas é permitido
que qualquer pessoa provoque a polícia para que a mesma adote medidas a
fim de solucionar um problema
,,,,,,,,

- Essa provocação, feita por um cidadão, deve ser feita de maneira formal,
através do requerimento
- Até mesmo um juiz pode provocar o delegado a fim de instaurar o inquérito
policial

COGNIÇÃO COERCITIVA
- Ocorre no caso da prisão em flagrante, onde o autor do fato é apresentado
junto com a notícia do crime (arts. 301 a 310)
- Notitia criminis: conhecimento espontâneo ou provocado que chega ao
conhecimento da autoridade superior, ou seja, é como a notícia do crime
chega na polícia
- Cognição mediata: maneira mais formal de receber essa denúncia
- Requerimento: mera solicitação feita a um órgão, solicitando providências a
ele

FUNÇÕES EXCLUSIVAS DAS POLÍCIAS FEDERAL E CIVIL


- A atividade de polícia judiciária é de exclusividade da polícia federal
- Unicamente as de polícia judiciária (art. 114, §1º, IV e §4º - CR), mas não as
de investigação criminal que podem ser exercidas por outros órgãos
- Se há um magistrado envolvido, quem preside a ação é o desembargador
- Se tem um desembargador envolvido, quem preside é um ministro do STJ
- Se for um ministro do STJ, quem preside é algum ministro do STF

OUTRAS AUTORIDADES
- Outras autoridades também podem realizar atos de investigação criminal (art.
4º CPP)
- O Procurador Geral Justiça é quem preside o i.p. quando o Promotor de
Justiça estiver sendo investigado.(art.41, p.u., da LONMP)
- O Delegado de Polícia também não pode investigar Juiz de Direito (art.33,
p.u., da LONM).

FUNÇÕES EXCLUSIVAS DAS POLÍCIAS FEDERAL E CIVIL


- Unicamente as de polícia judiciária (art.144, § 1º, IV e § 4º -CR), mas não as
de investigação criminal que podem ser exercidas por outros órgãos
- Em diversos MPs estaduais há promotorias especializadas destinadas à
investigação criminal visando combate a crimes especiais
- Inquérito civil-art.8º, § 1º da Lei nº 7.347.85: presidido pelo MP e objetiva
reunir elementos para propositura da ação civil pública. Pode embasar ação
penal
- As comissões parlamentares de inquérito têm poderes de investigação
próprio das autoridades judiciais (art. 58, § 3º da CF),respeitada a reserva de
jurisdição
- O postulado de reserva constitucional de jurisdição importa em submeter, à
esfera única de decisão dos magistrados, a prática de determinados atos cuja
realização, por efeito de explícita determinação constante do próprio texto da
C.R. (Ex. art.5º, XII)
- Reserva constitucional de jurisdição: apenas o Estado juiz pode quebrar
garantias constitucionais
- A CPI pode investigar, mas não pode invadir essa esfera de garantias
- A Lei 1.579/52 disciplina o inquérito parlamentar. A Lei nº 10.001/2000
determina a remessa dos relatórios ao MP (art.1º).Ver Súmula 397 do STF
O CPP Militar prevê o inquérito policial militar (IPM). Estão a cargo da polícia
judiciária militar (art.87 do CPPM)

Inquéritos presididos por autoridades judiciárias dos Tribunais, no caso de foro por
prerrogativa de função. As investigações vão tramitar perante o tribunal

DISCORRER SOBRE O PRINCIPIO DO NEME TENETUR

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