Processo Penal I
Processo Penal I
Processo Penal I
PROCESSO PENAL I
CONCEITO
- “Direito Processual Penal é um conjunto de normas e princípios que regem o
exercício conjugado da Jurisdição pelo Estado-Juiz, da ação pelo
demandante e da defesa pelo demandado”
- Ou seja, é o ramo do Direito responsável por disciplinar a composição das
lides penais, por meio da aplicação do Direito Penal objetivo
● PROCEDIMENTO COMUM
- Ordinário (§1º, inciso I): “quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima
cominada for igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de
liberdade”, salvo se não submeter a procedimento especial
- Sumário (§1º, inciso II): “quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima
cominada seja inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade”, salvo
se não se submeter a procedimento especial
INVESTIGAÇÃO
- É a primeira etapa
- Persecução penal: é uma perseguição ao crime, onde o Estado investiga
quem é o autor do crime
- Órgão responsável pela investigação: Polícia Judiciária, ordinariamente, mas
outros órgãos também podem
ACUSAÇÃO
- É a segunda etapa
- Órgão responsável pela acusação: Ministério Público
- MP acusa o réu, representando o Estado, perante o Juiz (Estado
acusador/juiz)
- Ainda que o Estado ou o réu não queira, é obrigatória a garantia do direito de
se manifestar (contraditório e ampla defesa)
- Juiz ou tribunal do Júri: é um órgão imparcial que decide, em última instância,
se houve crime, autoria e a pena justa
- Jus puniendi indireta: pois é o Estado juiz, por representação do magistrado,
que determina se a ação penal deve ser julgada procedente ou improcedente
- O julgamento é realizado através do processo, podendo ser físico ou digital
08/02
CARACTERÍSTICAS
1) Ciência autônoma - objeto e princípios próprios, tendo como objeto a
prestação jurisdicional (solução do conflito)
- Há uma diferença entre o objeto do Direito Penal e do Direito Processual
Penal, visto que o objeto do DPP (prestação jurisdicional) se refere à
finalidade de garantir melhor convivência social, restabelecendo a ordem
social, já o objeto do DP está relacionado ao poder punitivo do Estado,
como esse aplica as penas de acordo com o que foi previsto pelo
Legislador
NATUREZA JURÍDICA
- Tem caráter publicístico (direito público), onde os próprios interesses
encontrados na lide tem natureza jurídico-pública - o Estado está sempre
presente como parte ou fiscal da lei
13/02
FONTES
- Antes de adentrar a estudo do Código devemos entender quem o cria, quem
o disciplina, ressalvando a importância dos Legisladores (Parlamento)
- O Estado não tem inteira liberdade para legislar, pois pode contrariar a lei
constitucional, rompendo com a hierarquia do ordenamento jurídico
<
● Fonte Formal
- Revela o Direito, é LEI
- Se divide em dois tipos:
1. Fonte formal direta, primária e imediata: leis e tratados (art.5°, §S 2° e
3° e art.22,1-CF)
Art. 5° § 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem
outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos
tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que
forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por
três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às
emendas constitucionais
Art. 22. “Compete privativamente à União legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo,
aeronáutico, espacial e do trabalho”
2. Fonte formal indireta, secundária e mediata: costumes e princípios
gerais do Direito
● Costume
- Também conhecido como praxe forense
- É o conjunto de normas de comportamento a que as pessoas obedecem de
maneira uniforme e constante, pela convicção de sua obrigatoriedade jurídica
- Não há lei regulamentada (consciência)
- O costume nunca revoga uma lei
- O costume pode ser:
a) Contra legem = inaplicabilidade da norma pelo seu desuso
b) Secundum legem = sedimenta formas de aplicação da lei
c) Praeter legem = preenche lacunas da lei
15/02
6. Princípio da persuasão racional ou do livre convencimento
Art. 155 - “O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova
produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão
exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação,
ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.“
- Concede liberdade ao juiz na formação de sua convicção acerca dos
elementos da prova
- A prova indiciária é frágil isoladamente, mas se torna robusta quando se
forma uma somatória de recursos capaz de convencer o magistrado de que o
indivíduo fazia parte do crime
- Legislador deixa o magistrado inteiramente livre para apreciar as provas
colhidas nos autos, desde que fundamente como chegou àquela conclusão
- “Princípio do livre convencimento motivado” = deve exprimir qual a motivação
da sua sentença, com fundamentação, sob pena de nulidade
7. Princípio do contraditório
- O contraditório não é um princípio de defesa, mas sim o direito de contrariar
os atos cometidos pela outra parte durante o processo
- Princípio direcionado às partes (promotor, advogado), não só do réu
- Réu terá sempre o direito de falar por último
- As partes têm o direito não apenas de produzir suas provas e de sustentar
suas razões, mas também de vê-las seriamente apreciadas e valoradas pelo
órgão jurisdicional
- Compreende, ainda, o direito de serem cientificadas sobre qualquer fato
processual ocorrido e a oportunidade de manifestarem-se sobre ele, antes de
qualquer decisão jurisdicional
- Ciência dos atos processuais é dada através de citação, intimação e
notificação
a) Citação = cientificar alguém da instauração de um processo, seguida de
uma chamada para integrar a relação processual
b) Intimação = comunicar alguém dos atos do processo, podendo conter um
comando para fazer ou deixar de fazer algo (atos/despachos já proferidos),
intimando “de” um ato processual
c) Notificação = comunicação à parte para que faça ou deixe de fazer algo,
notificando “para” algum ato processual
- Existem duas classificações de contraditório:
a) Contraditório real - o que se efetiva ao mesmo tempo da produção
probatória. Ou seja, é aquele que ocorre simultaneamente à produção
probatória (exemplo: audiência para ouvir testemunhas, em que advogado
e promotor estão presentes tomando conhecimento das provas)
b) Contraditório diferido - ocorre posteriormente à produção probatória
9. Princípio da publicidade
- Todos os atos processuais são públicos, pois as audiências, sessões e atos
processuais são franqueados ao público em geral
Art. 792, CPP - “As audiências, sessões e os atos processuais serão, em
regra, públicos e se realizarão nas sedes dos juízos e tribunais, com
assistência dos escrivães, do secretário, do oficial de justiça que servir de
porteiro, em dia e hora certos, ou previamente designados.”
- Exceção: defesa da intimidade ou interesse social exigirem
Art. 5°, LX-CF - “A lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais
quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem”
Art. 792, § 1º, CPP - “Se da publicidade da audiência, da sessão ou do ato
processual, puder resultar escândalo, inconveniente grave ou perigo de
perturbação da ordem, o juiz, ou tribunal, câmara ou turma, poderá, de ofício
ou a requerimento da parte ou do Ministério Público, determinar que o ato
seja realizado a portas fechadas, limitando o número de pessoas que possam
estar presentes.”
- Baseando-se no referido art. 5º, existe a chamada publicidade restrita,
segundo a qual os atos são públicos apenas para as partes e seus
procuradores, ou para um reduzido número de pessoas, utilizado comumente
em crimes contra a dignidade sexual
- Existem dois tipos de publicidade:
a) Imediata = as partes estão presentes e têm contato direto com os atos
processuais
b) Mediata = resultante da divulgação de tais atos pelos meios de
comunicação, onde as partes tomam conhecimento posteriormente
01/03
LEI PROCESSUAL NO TEMPO
- Atividade: é o período situado entre a entrada em vigor e a revogação de
uma lei, durante o qual ela está viva, vigente, produzindo efeitos e
alcançando todas as situações ocorridas sob sua égide
- Na data da cessação de sua vigência, a lei se torna inativa, revogada,
deixando de irradiar efeitos no mundo jurídico
- Normalmente, uma lei projeta efeitos durante seu período de atividade
- Extratividade: é a incidência de uma lei fora do seu período de vigência
● Norma processual
- É a norma que repercute apenas no processo, sem respingar na pretensão
punitiva
- Regulam o início, desenvolvimento e fim do processo; as que indicam as
formas com que os sujeitos processuais podem valer-se das suas faculdades
e direitos processuais, etc
- Exemplos: 396 e 399/CPP
- É o caso das regras que disciplinam a prisão provisória, proibindo a
concessão de fiança ou de liberdade provisória para determinados crimes,
ampliando o prazo da prisão temporária ou obrigando o condenado a se
recolher à prisão para poder apelar da sentença condenatória
- Embora haja restrição do jus libertatis, o encarceramento se impõe por uma
necessidade ou conveniência do processo, e não devido a um aumento na
satisfação do direito de punir do Estado
- Logo, se um agente comete um crime antes da entrada em vigor de uma lei,
que proíbe a liberdade provisória, caso venha a ser preso, não poderá ser
solto, uma vez que a norma, por ser processual, tem incidência imediata,
alcançando os fatos praticados anteriormente, mesmo que prejudique o
agente
- Decadência: é a perda do direito de ação, do direito de ir ao juiz, por não ter
exercido referido direito em seu prazo legal. Antes tem a perda do direito de
ação, para depois ter a perda do direito de punir. É norma material
- Sursi: é uma norma material
● Norma híbrida/mista
- É quando uma norma processual se reveste de prevalentes caracteres de
norma penal. Tem uma retroatividade benéfica
● Norma heterotópica
- É revestida de natureza jurídica diversa da codificação a qual se encontra
inserida
- Exemplo 1: norma processual que se encontra no código penal
- Intromissão ou superposição de conteúdos materiais no âmbito de incidência
de uma norma de natureza processual, ou vice-versa, produzindo efeitos e
aspectos relacionados à ultratividade, retroatividade ou aplicação imediata.
- Exemplo 2: art. 100/ CP - “A ação penal é pública, salvo quando a lei
expressamente a declara privativa do ofendido.”
● Normas mistas
- Normas de caráter penal e processual ao mesmo tempo
- Se um preceito processual for constituído também de caracteres de natureza
penal, aplica-se a retroatividade benéfica (representação art. 38, CPP)
SISTEMAS PROCESSUAIS
● Sistema acusatório
- É caracterizado por:
a) Separação entre órgão acusador e órgão julgador
b) Liberdade de acusação = reconhecido o direito ao ofendido e a qualquer
cidadão
c) Contraditório e liberdade de defesa
d) Isonomia entre as partes no processo
e) Publicidade do procedimento
- Existe um órgão específico para julgar: MP
- Implica o estabelecimento de uma verdadeira relação processual entre autor,
réu e juiz, estando em pé de igualdade autor e réu e, acima deles, como
órgão imparcial o juiz
● Sistema Inquisitivo
- É caracterizado pela concentração de poder nas mãos do julgador, que
exerce, também, a função de acusador
- É a antítese do sistema acusatório, sendo uma verdadeira supressão dos
direitos: ausência de contraditório e defesa meramente decorativa
- Típico dos países que não são revestidos de democracia
- As funções de acusar, defender e julgar concentram-se na mesma
pessoa,que é o juiz
- Exemplo: no inquérito policial, adota-se características inquisitivas
- Inquérito policial:
a) instrumento da Polícia Judiciária utilizado para apuração das infrações
penais comuns
b) Pelo caráter inquisitivo, permite ao Delegado a condução unilateral das
investigações, sem a necessidade de intervenção das partes
c) Ausência de contraditório e ampla defesa
d) Representa uma simples informação sobre o fato criminoso e sua autoria
06/03
APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL EM RELAÇÃO ÀS
PESSOAS
● Imunidade parlamentar (processual ou relativa)
- Refere-se à prisão, ao processo, prerrogativas de foro e para servir como
testemunhas
- Desde a expedição de diploma, o parlamentar não pode ser preso, salvo em
flagrante de crime inafiançável
- Ou seja, a imunidade parlamentar passa a valer a partir da data da
diplomação: é o reconhecimento, pela justiça eleitoral, que o candidato está
apto a assumir o cargo ao qual foi eleito
- Em tal caso, os autos serão remetidos dentro de 24 horas para a Casa do
parlamentar que deliberará, por maioria absoluta (metade + 1), sobre a
prisão. (art. 53, §§ 2° e 3º-CF)
§ 2º - “Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional
não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse
caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa
respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a
prisão.”
§ 3º - “Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime
ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa
respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto
da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento
da ação.”
- A CF entende que pode ser que o parlamentar preso pode acabar sendo
perseguido pelos próprios membros dos tribunais, por isso a Casa tem
referida autonomia para agir com o intuito de garantir a imunidade
parlamentar
- A ação penal pode ser suspensa por decisão da respectiva Casa por crime
cometido após a diplomação. A Casa deve deliberar no prazo de 45 dias,
após provocação de partido político, pela maioria absoluta dos seus
membros
- Os deputados estaduais alcançam a mesma imunidade (art.27, § 1º da CF)
“Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, aplicando-
sê-lhes as regras desta Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade,
imunidades, remuneração, perda de mandato, licença, impedimentos e
incorporação às Forças Armadas.”
● Suspensão da prescrição
- Em caso de suspensão da ação, suspende-se também a prescrição (art.53,§
5º-CF)
“A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato.”
● Prerrogativa de foro
- Os senadores e deputados federais não são obrigados a depor sobre
pessoas e fatos por eles investigados (garantido pela CF)
- O deputados e senadores são julgados pelo STF
Art. 53, § 1º - “Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma,
serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal.“
- Essa imunidade do art. 53 permanece mesmo no sistema de estado de sítio
Art. 102, I - “processar e julgar, originariamente:
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o
Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios
Ministros e o Procurador-Geral da República”
● Estado de sítio
- Tais imunidades subsistirão durante o estado de sítio, podendo ser
suspensas por voto de 2/3 da Casa no caso de ato praticado fora do recinto
do Congresso e que sejam incompatíveis com a execução da medida (art. 53,
§ 8º-CF)
● Presidente da República
- Não se pode processar o presidente da república se a câmara não deixa
- Ou seja, o PGR que deve apresentar a denúncia ao Supremo, que por sua
vez enviará à câmara, dando continuidade a todo o trâmite processual
- Presidente não é preso em flagrante delito, somente após acórdão
condenatório
- O Presidente não é fustigado por crimes alheios à sua função
- Imunidade formal em relação ao processo – Juízo de Admissibilidade pela
Câmara – 2/3 do voto de seus membros – art.86 da CF
“Serão pagos conforme disposto no art. 100 da Constituição Federal, não se
lhes aplicando a regra de parcelamento estabelecida no caput do art. 78
deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, os débitos da
Fazenda Federal, Estadual, Distrital ou Municipal oriundos de sentenças
transitadas em julgado, que preencham, cumulativamente, as seguintes
condições:
I - ter sido objeto de emissão de precatórios judiciários;
II - ter sido definidos como de pequeno valor pela lei de que trata o § 3º do
art. 100 da Constituição Federal ou pelo art. 87 deste Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias;
III - estar, total ou parcialmente, pendentes de pagamento na data da
publicação desta Emenda Constitucional.”
● Prerrogativa de foro
- Nos crimes comuns será julgado pelo STF e nos crimes de responsabilidade
pelo Senado Federal
Art. 86 - “Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois
terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o
Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o
Senado Federal, nos crimes de responsabilidade.”
Art. 102, I
● Militares
- Crimes militares são julgados pelo código militar federal ou estadual
- Exceção: caso de homicídio
INTERPRETAÇÃO
- Interpretar a lei é penetrar-lhe o verdadeiro e exclusivo sentido
- Existem algumas espécies de interpretação, classificadas em:
JUDICIÁRIA (JURISPRUDENCIAL)
- Deriva dos órgãos judiciários: juízes e tribunais
- São orientação que os juízos e tribunais vêm dando à norma
- Não tem força obrigatória, salvo na súmula com efeito vinculante
- O Estado juiz, quando começa a decidir um instituto de maneira uniforme e
constante, gera o que chamamos de jurisprudência, que decorre de uma
série de interpretações
- Jurisprudência = é o conjunto de manifestações judiciais sobre
determinado assunto legal, exaradas num sentido razoavelmente constante
- Súmula = cristalização de um entendimento judicial no tribunal superior a
respeito de um determinado fato jurídico
- Súmula vinculante = decisão de 2/3 após reiteradas decisões sobre matéria
constitucional
- Editada no caso de existência de controvérsia que acarrete grave
insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão
idêntica (art.103-a-CF)
- Também há efeito vinculante nas ações diretas de inconstitucionalidade e nas
ações declaratórias de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal
(art.102, § 2º da CF)
SISTEMÁTICA
- Leva-se em conta a norma colocada num todo, como integrante de um
ordenamento jurídico ( art. 311,312 e 282 - CPP)
- Acredita que não se deve ler uma norma isoladamente, ou seja, deve-se
colocá-la no ordenamento jurídico harmônico, onde não deve haver
contradições
- Diz que a aplicação de uma norma precede de um estudo em que, antes de
aplicá-la, a mesma deve ser relacionada com outros dispositivos do mesmo
ordenamento, para não incorrer em injustiças e antinomias (contradições)
- Exemplo: prisão cautelar faz com que o juiz relacione mais de um artigo, para
não incorrer em contradições
TELEOLÓGICA
- Busca-se a finalidade da norma (Art.109, IX - CF - navio)
- Essa interpretação, tomando como exemplo o inciso IX do art. 109 da CF,
buscaria entender qual a finalidade da inserção dele no artigo, ou seja, qual a
aplicabilidade dele, sua finalidade
PROGRESSIVA
- Também chamada de adaptativa ou evolutiva
- Aquela que objetiva ajustar a lei às transformações sociais, jurídicas,
científicas e até mesmo morais que se sucedem no tempo e que interferem
na efetividade que buscou o legislador com a sua edição. Ex. art.68 do CPP
- É necessário fazer uma adaptação da norma
- Inconstitucionalidade progressiva da norma: ela subsiste ainda naqueles
territórios onde a nova constituição não se estruturou
HISTÓRICA
- Analisa-se o contexto da votação do diploma legislativo
- Para poder extrair melhor o sentido da norma, às vezes é preciso fazer uma
análise histórica
- A interpretação histórica leva o intérprete a buscar nos anais - gravações de
debates feitos na câmara e no senado - a proposta da norma, o que o
legislador pensou ao criá-la
10/03
INTERPRETAÇÃO QUANTO AO RESULTADO
DECLARATIVA
- É a mais comum de todas
- Quando as palavras da lei encontram correspondência com a vontade
normativa
- É a norma simples, que não causa dúvida nenhuma, não havendo
necessidade de se ampliar ou restringir o efeito da norma, pois a própria letra
da lei já expressa toda a vontade do legislador
- Não há necessidade de se conferir um sentido mais amplo ou mais restrito à
norma
- Exemplo: art.248 – casa habitada – ocupada por uma ou mais pessoas. Não
houve ampliação ou restrição do alcance normativo
RESTRITIVA
- Quando se reduz o alcance da norma para que se possa encontrar a sua
exata vontade
- A norma é demasiadamente genérica e disse mais do que a aparência
demonstra
- Exemplo: Art.271-CPP - o MP só pode acusar alguém com prova
testemunhal se fizer isso na denúncia, colocando a lista de testemunhas. Se
o assistente vem depois da denúncia, ele pode propor todo tipo de prova,
menos a testemunhal, pois o momento de arrolar testemunha já passou
(denúncia) - o artigo aparentemente permite tudo, mas através dessa
interpretação se restringe (reduz) o alcance da norma
EXTENSIVA
- Leva à aplicação da lei a casos não expressamente incluídos na sua fórmula,
mas virtualmente compreendidos no seu espírito
- É necessário ampliar o alcance da lei para abarcar virtualmente contidos no
espírito da norma
Art. 254, CPP - “O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser
recusado por qualquer das partes:
I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles;”
- Exemplo: se o juiz é amigo da mãe do réu, por interpretação extensiva ele se
encaixa no inciso I, ainda que o dispositivo não fale expressamente do caso
em que o julgador é amigo íntimo da mãe do réu
INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA
- Espécie de interpretação extensiva
- Ocorre quando fórmulas casuísticas inscritas em um dispositivo são seguidas
de expressões genéricas abertas, entendendo-se que estas somente
compreende os casos análogos destacados por aquelas
- A própria lei determina a interpretação
- Exemplo: Artigo 6º , IX CPP
ANALOGIA
- É uma técnica de autointegração da lei
- Um princípio jurídico segundo o qual a lei estabelecida para um determinado
fato a outro se aplica, embora por ela não regulado, dada a semelhança em
relação ao primeiro.
- Carta Rogatória – 783 do CPP, art.354 - carta precatória (conteúdo) - carta
rogatória é omissa, então, por analogia, aplica-se o conteúdo da carta
precatória para cobrir essa lacuna
- Não há essa voluntas legis, não existe essa vontade da lei, mas sim o ato do
intérprete preencher o claro, a lacuna
- Ou seja, o intérprete corrige esse defeito/ lacuna aplicando ao caso
semelhante
13/03
PERSECUÇÃO PENAL
CONCEITO
- É a perseguição ao crime
- Soma da atividade da polícia investigativa com a ação penal promovida pelo
MP (dois órgãos persecutórios)
- Soma da atividade investigatória com a ação penal promovida pelo Ministério
Público
- Polícia Judiciária = art. 144, §§ 1º e 4º da CF, incumbe à polícia civil/polícia
federal(Delegados de Carreira)
- Compreende as atividades de auxílio ao Poder Judiciário no cumprimento de
suas ordens (ex. a execução de mandados de busca, cumprimento de ordens
de prisão e a condução de testemunhas
- Polícia Investigativa = atribuição relacionada à colheita de provas da
infração penal em todos os seus aspectos (autoria, materialidade delitiva,
ilicitude, etc)
- Missão funcional e legal de apurar o fato delituoso e sua autoria, através do
inquérito policial
- Lei n° 12.830/13 - art. 2°, caput
“As funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais exercidas
pelo delegado de polícia são de natureza jurídica, essenciais e exclusivas de
Estado.”
- Polícia Federal = tem responsabilidade legal e funcional de apurar todos os
fatos delituosos e autorias de todos os crimes contra a União (interesse da
União)
- Polícia Federal – polícia investigativa – hipóteses do artigo 109, IV da C.R. –
interesse da união
- Lei 10.446/02 – infrações de repercussão interestadual ou internacional que
exigem repressão uniforme
- Art. 1º - lista exemplificativa
1) Arts.148 e 159 – impelido por motivação política ou praticado em razão da
função) pública exercida pela vítima
<
COGNIÇÃO IMEDIATA
- Quando a autoridade toma conhecimento do fato infringente por meio de
suas atividades rotineiras
- A notícia chega na polícia através de toda a sua estrutura que foi montada
para dar suporte à sociedade
- A vítima se comunica com a polícia de maneira informal
COGNIÇÃO MEDIATA
- Quando a autoridade toma conhecimento do fato através de requerimento da
vítima ou de quem possa representá-la, ou de requisição da Autoridade
Judiciária ou MP ou mediante representação formal
- Requerimento: mera solicitação feita a um órgão, solicitando-o que tome as
devidas providências
- É uma maneira mais formal de receber essa denúncia
<,
- Essa provocação, feita por um cidadão, deve ser feita de maneira formal,
através do requerimento
- Até mesmo um juiz pode provocar o delegado a fim de instaurar o inquérito
policial
COGNIÇÃO COERCITIVA
- Ocorre no caso da prisão em flagrante, onde o autor do fato é apresentado
junto com a notícia do crime (arts. 301 a 310)
- Notitia criminis: conhecimento espontâneo ou provocado que chega ao
conhecimento da autoridade superior, ou seja, é como a notícia do crime
chega na polícia
- Cognição mediata: maneira mais formal de receber essa denúncia
- Requerimento: mera solicitação feita a um órgão, solicitando providências a
ele
OUTRAS AUTORIDADES
- Outras autoridades também podem realizar atos de investigação criminal (art.
4º CPP)
- O Procurador Geral Justiça é quem preside o i.p. quando o Promotor de
Justiça estiver sendo investigado.(art.41, p.u., da LONMP)
- O Delegado de Polícia também não pode investigar Juiz de Direito (art.33,
p.u., da LONM).
Inquéritos presididos por autoridades judiciárias dos Tribunais, no caso de foro por
prerrogativa de função. As investigações vão tramitar perante o tribunal