Geraldo Viana Da Silva. Tcc. Licenciatura em Letras - Língua Portuguesa. 2018
Geraldo Viana Da Silva. Tcc. Licenciatura em Letras - Língua Portuguesa. 2018
Geraldo Viana Da Silva. Tcc. Licenciatura em Letras - Língua Portuguesa. 2018
CAJAZEIRAS – PB
2018
GERALDO VIANA DA SILVA
CAJAZEIRAS – PB
2018
Dedico este trabalho aos meus pais por
nunca terem desistido de mim, Tomaz Viana
e Raimunda da Silva Viana (ambos in
memoriam). A vocês minha eterna gratidão.
AGRADECIMENTOS
The study of the linguistic variations of a language takes place from its historical
perspective based on the formation of its lexicon. The state of speech is the form
found for the medium of communication and interaction between peoples of different
races and ethnicities. Such variations occur due to the use of the language, once the
same is put into practice, will be subject to changes causing the different variations
within the same language. Thus we will present a brief history of the Portuguese
language with the general objective of: Analyzing the linguistic variations in a
historical-lexical perspective: from Latin to Brazilian Portuguese, a change that
occurs regionally in the same language, and as specific objectives: Understanding
the process of formation of Romance or Neolatine languages; to understand how the
Portuguese language and the Brazilian Portuguese originated; approach to the study
of linguistic variations within the National Curriculum Parameters. The fact is that the
language is modified within its own language, being possible to find for a single
language several novels or dialects, these dialects are fruits of diverse social, cultural
or geographical factors, being common to find words that have different meanings
even belonging to the same language. Our research is of a bibliographical nature,
based on the studies of Ilari (1999), Coutinho (2011), Bagno (1999 and 2006),
Cagliari (2001), Assis (2014) and Perini (2001), in addition to PCN (1998).In the face
of changes and differences within the same language, the paper points out that the
mother tongue teacher must insert the textual genres in the teaching process instead
of just using grammar, since there is no uniform state of the language.
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 8
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 38
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1 INTRODUÇÃO
As línguas com que o latim entrou em contato por efeito das conquistas,
pertenciam a diferentes famílias linguísticas. Ilari (1999), vai elencar essas
conquistas e por consequência o contato com idiomas diferentes, dizendo que, na
Península Itálica, o latim encontrou o umbro e o osco, línguas próximas,
pertencentes ao ramo itálico do indo-europeu. Além delas, encontrou línguas indo-
europeias dos ramos ilírico, grego e celta, e línguas não europeias como o etrusco e
o lígure.
Nas ilhas italianas, os romanos entraram em contato com línguas que
representavam um antigo substrato mediterrâneo, além do grego (indo-europeu) e
do fenício (semita).
Quanto às línguas faladas pelo povo da Ibéria não eram indo-europeias (ibero
e vasção), exceto na região próxima à França, onde dominava o celtibero.
Idiomas indo-europeus predominavam na Franca e na Panônia (domínios de
celta), e na Ilíria (domínio do ilírico, antepassado do albanês atual também eram
faladas línguas indo-europeias na Trácia e na Macedônia; e o grego não só era
falado na Grécia, mas predominava em grande parte da Anatólia e do Mediterrâneo
oriental, onde, a chegada dos romanos, tinha suplantado os idiomas locais.
A Síria e o Egito falavam respectivamente línguas semíticas e camíticas,
tendo grande influência o grego como língua de cultura. Vale ressaltar esse fato,
porque nessas regiões, o domínio militar dos romanos também chegou, mas não
conseguiu impor o latim como língua predominante, por isso Ilari destaca que:
Assim os novos povos mantinham seus dialetos, ou seja, sua língua nativa,
preservando seus costumes e crenças agregando à língua novas palavras fruto do
contato com os romanos.
O dialeto nada mais é do que uma variante do idioma que em determinadas
regiões sofrem alterações diversas, assim um mesmo léxico é falado de maneira
diferente por um grupo de pessoas, embora pertencente ao mesmo idioma, porém
tem o mesmo significado, dando muitas vezes a impressão de falares divergentes
entre falante de um mesmo idioma, o que não e verdade, o que ocorre é a variação
do léxico dentro do mesmo idioma.
“Um dialeto diz Marouzeau, se define pelo conjunto de particularidades tais
que o seu agrupamento dá a impressão dum falar distinto dos falares vizinhos, a
despeito do parentesco que os une.” (Lexi, de La Term. Ling. pág. 66 apud
COUTINHO, 2011, p.27).
A língua posta em uso pelos falantes é viva no sentido de estar sendo
praticada. Ela apresenta-se de duas formas, uma ligada à classificação da
sociedade em camadas sociais distintas e outra ligada às regiões as quais
determinados grupos de pessoas pertencem, assim, para Ilari (1999, p. 57):
O surgimento dessas línguas não veio direto do latim, elas surgiram como
fruto da estratificação do latim, ou seja, das variações que o latim havia sofrido ao
longo do tempo, são dessas variações que irão surgir as línguas latinas. Portanto
essas novas línguas consideradas do ponto de vista histórico como uma nova
variação dos romances regionais já existentes no latim, conforme Coutinho “As
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línguas neolatinas não se derivaram diretamente do latim, mas entre aquelas e este
houve os vários romances, assim se chamaram as modificações regionais do latim,
das quais então as línguas românicas” (COUTINHO, 2011, p. 43).
Como podemos ver a língua desde épocas mais remotas até chegar aos dias
atuais está sujeita ao surgimento de novos léxicos, os dialetos ou romances, formas
regionalizadas da fala que já estavam presentes no latim, língua falada no império
romano que foi se acentuando ainda mais através do processo de expansão
territorial do vasto império, e assim chegando a Portugal o latim idioma de Roma, já
se encontrava modificado e transformado trazendo traços de novos dialetos que se
juntaram ao idioma em consequência das conquistas dos novos povos.
Em Portugal o latim chegou com mais traços vulgares do que clássicos, pois
eram propagados pelo exército romano, formado pelo povo falante do latim vulgar
que estava à frente das conquistas, e não diferente do que ocorreu com Roma
passou a sofrer transformações significativas em contato com os vários romances já
existentes.
4 O PORTUGUÊS BRASILEIRO
Assim como ocorreu com o latim em Roma até sua chegada em Portugal, no
Brasil também ocorreu e ocorrem mudanças no léxico. Com isso há uma diferença
visível do idioma português vindo de Portugal que muitas vezes parece estarmos
falando outra língua que não o português. Tal mudança ocorre pelo fato de que os
portugueses enviados ao Brasil sobretudo os jesuítas, encontrarem aqui vários
dialetos próprios falados pelos nativos que habitavam desde o litoral até o interior
mais distante. Outro fator é a grande área territorial brasileira de extensão
continental, possuindo assim uma grande área fronteiriça com povos de idiomas
diferentes, o que ocasiona mudanças significativas pois o Português entra em
contato por exemplo com o Francês falado na Guiana ou com o Espanhol falado na
Argentina e assim sucessivamente.
Com todas essas mudanças o idioma português desde sua chegada trazido
pelos colonizadores até os das atuais tem feito com que muitos estudiosos
defendam a existência de uma língua brasileira, ou seja, o português brasileiro, visto
a notável diferenciação que o idioma adquiriu em relação ao europeu.
“Pode se afirmar que o português é o próprio latim modificado” (COUTINHO,
2011, p. 46). Com essa afirmação podemos também dizer que o português brasileiro
é o próprio português de Portugal modificado, transformado por vários fatores
culturais regionais e étnicos.
Essas modificações fazem parte do processo de variações linguísticas do
idioma, assim o português brasileiro vai adquirindo, dentro deste, características
próprias que o difere do idioma lusitano, conforme veremos a seguir:
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A língua é o bem mais valioso de uma sociedade, que faz parte de um idioma,
que por sua vez é dividido em vários núcleos aos quais denominamos de dialetos ou
variações que ocorrem dentro do idioma por vários fatores fruto do processo de
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Ainda sobre isso, os PCN (1998), colocam que a questão não é falar certo ou
errado, mas saber qual forma de fala utilizar, considerando as características do
contexto de comunicação, ou seja, saber adequar o registro às diferentes situações
comunicativas. É saber coordenar satisfatoriamente o que falar e como fazê-lo,
analisando a quem e por que se diz determinada coisa. É conhecer, portanto, quais
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la. A escola não deve utilizar a Gramática como único meio de ensino, e sim como
um dos objetos usados para a aprendizagem da língua.
Outro grave problema é o preconceito linguístico existente dentro da própria
comunidade de falantes, quando determinados grupos julgam o modo de falar de
outras regiões como praticado de forma errônea. Isso causa frustrações chegando a
extremos de separação dentro da sociedade, estigmatizando certos grupos de
falantes, cabendo à escola o dever de desfazer e desmistificar esse tipo de
preconceito social arraigado no meio social e trazido para dentro das escolas
brasileiras.
Segundo Cagliari (2001), são fatos dessa natureza que demonstram que não
se pode pensar no uso de uma língua em termos de “certo” e “errado” e em variação
regional “melhor” ou “pior” “bonita” ou “feia”. No ensino da língua escrita, no entanto,
devemos procurar eliminar as marcas identificadoras de cada grupo social, a fim de
atingir um padrão supranacional.
A variação ela é algo real, não se pode ignorá-la fazendo de conta que a
mesma não existe, e portanto, cabe ao professor trabalha-la de maneira construtiva
desmistificando os velhos mitos de língua errada.
A variação é constitutiva das línguas humanas, ocorrendo em todos os níveis.
Ela sempre existiu e sempre existirá, independentemente de qualquer ação
normativa. Assim, quando se fala em: “Língua Portuguesa” está se falando de uma
unidade que se constitui de muitas variedades. A imagem de uma língua única, mais
próxima da modalidade escrita da linguagem, subjacente às prescrições normativas
da gramática escolar, dos manuais e mesmo dos programas de difusão da mídia
sobre “o que se deve e o que não se deve falar e escrever”, não se sustenta na
análise empírica dos usos da língua (PCN, 1998).
Todo falante conhece sua língua, e isso é um fato indiscutível, tentar impor
um conjunto de normas é tentar alterar a ordem natural das coisas é como desviar o
leito de um rio, mesmo isso ocorrendo internamente vai está enraizado a forma de
como esse rio era antes, assim ocorre com a língua, por mais que imponha regras e
normas tentando neutralizar a forma espontânea e natural da fala o resultado será
como o do rio, sempre estará interno dentro de falante o modo natural de como ele
falava, ninguém detém as águas de rio, assim também regra nenhuma detém as
mudanças da língua. Diante disso cabe a instituição de ensino, condicionar o estudo
de língua no seu aspecto de uso, ou seja, ensinar ao aluno que a língua varia e é
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mutável, porém existem normas e regras que devem ser seguidas quando a
praticamos na forma escrita e que na oralidade devemos adaptar a nossa fala de
acordo com a situação em que estamos inseridos.
“Todo falante nativo de uma língua sabe essa língua. Saber uma língua, no
sentido científico do verbo saber, significa conhecer intuitivamente e empregar com
naturalidade as regras básicas de funcionamento dela” (BAGNO, 1999, p. 35).
A fragilidade do ensino de língua portuguesa no que se refere ao ensino com
variações é real, assim como está arraigado nas instituições o método de ensino
mecânico através da gramática tradicional, isso faz com que o estudo limite-se as
regras superficiais tornando um ensino fragilizado e falho.
Diante do exposto é sugerido como alternativa de trabalhar as variações
linguísticas a utilização dos gêneros textuais, onde os mesmos possibilitam trabalhar
as varias formas em que ocorrem essas variações, seja de forma regionalizada,
social ou cultural.
Uma das formas de trabalhar as variações linguísticas é a utilização de
cordéis, que trazem na sua estrutura lexical a fala regionalizada que é predominante
na região nordeste, através destes cordéis podemos conhecer e ver quanto o nosso
léxico é rico em palavras, ao mesmo tempo pode-se trabalhar uma poesia escrita.
Por exemplo, na região sul tem-se palavras diferentes da nossa região, rancho
significa compras feitas no mercado, o que nós conhecemos como feira, e assim vai
mostrando como é diverso a nossa língua. Isso pode ser feito com músicas onde se
trabalha a forma escrita e a forma oral através do léxico, outros gêneros como
jornais e artigos onde veremos a forma culta seguindo as normas gramaticais,
cartas, poemas, entre outros que irá permitir o professor trabalhar as variações
existentes entre o português padrão da gramática normativa e o português materno
que é o praticado e colocado em uso diariamente.
Assim o falante do idioma irá compreender de forma gradual que a língua é
variável e devemos adaptá-la para contextos diferentes, além de obter o
conhecimento de que esta mesma língua varia da forma oral para a forma escrita.
O papel fundamental da instituição é passar conhecimento, é trabalhar as
variações de forma a proporcionar condições de desenvolvimento do processo de
ensino e aprendizagem de forma mais dinâmica, formando indivíduos para
conviverem socialmente com as diferenças em seu meio social, sendo importante o
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico: o que é? Como se faz. 49. ed. São
Paulo: Edição Loyola, 1999.
CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização & Linguística. 10. ed. São Paulo: Scipione,
2001.