Educação Religiosa Cristã para A Liberdade
Educação Religiosa Cristã para A Liberdade
Educação Religiosa Cristã para A Liberdade
para a Liberdade
O Reino de Deus que Jesus Cristo anuncia não é uma libertação de tal ou
qual mal, da opressão política dos romanos, das dificuldades econômicas do
povo, ou do pecado somente. Abarca tudo: o mundo, a pessoa humana e a
sociedade. A realidade inteira há de ser transformada por Deus. 2
Pode-se deduzir, então, que a tarefa da educação religiosa cristã “é a formação para a
liberdade”3, para nos referirmos a uma expressão de Comblin, e isto ocorre ao, na sua prática
pedagógica, guiar as pessoas à apropriação do Reino de Deus. Esta apropriação ocorre, de
acordo com Schipani, quando o ser humano
É certo que esta empreitada humana pelo sentido da existência é feita de contradições,
de crises. Nas palavras de Comblin, “os seres humanos sabem o que é bem, mas não o fazem,
não por má vontade, mas por fraqueza, por incapacidade”. 11 Buscar um sentido para a vida é
buscar uma vida melhor. Diante desse desafio, os seres humanos se vêem cercados por
inúmeras possibilidades, cabendo, então, à educação, segundo Sung, “ajudar as pessoas na
escolha de critérios para optar por uma possibilidade, dentre tantas, que dê sentido à vida”.12
O Reino de Deus surge, assim, como possibilidade de sentido para a existência, com
sua utopia da liberdade, da vida plena. Para que esse reino se realize em meio aos seres
humanos, faz-se necessária uma educação religiosa cristã que os conduza à apropriação desse
reino, de maneira que, vislumbrando o horizonte, as pessoas possam promover atos de
libertação, em prol de si mesmas e dos que as cercam.
O Reino de Deus nos convida à ação, à práxis. Como nos diz Comblin, “as pessoas
não agem porque se convenceram por razões intelectuais. Agem porque se identificam com
uma pessoa que age. Entram no agir do outro”.13 Antes, porém, de agirem, as pessoas pensam,
vislumbram caminhos, projetam. E assim, ao deslocarem-se rumo ao projeto estabelecido,
trans-agem em outros agires. Mas esta é uma discussão para outro momento.
Longe de dar respostas, nossa abordagem da educação religiosa cristã suscita
perguntas, pelo menos para nós mesmos, tais como: De que forma o processo educativo
cristão pode levar as pessoas à liberdade, sendo apologético? Que métodos e metodologias
podem levar a cabo seu objetivo de conduzir os educandos à apropriação do Reino de Deus,
sendo ele utópico?
Essas questões que nos colocamos se baseiam na hipótese de que a educação religiosa
cristã, da forma como foi abordada, permite uma emancipação do ser humano, de modo que
Preiswerk a denomina “Educação Cristã Liberal” e deixa-nos a incômoda colocação, que
segue:
10
FREIRE, Paulo. Educação como Prática da Liberdade. 23ª Edição. - Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1999, p. 68.
11
COMBLIN, José. Op. cit, p. 8.
12
SUNG, Jung Mo. Anotação de Palestra realizada em 26/08/2004, no auditório da Universidade
Metodista de São Paulo.
13
COMBLIN, José. Op. Cit., p. 10.
Su ignorancia ingenua o voluntaria de los condicionamientos sociales hace
que mantenga y propague una ilusión: la proclamación de la libertad, de la
fraternidad y de la igualdad en el marco de una estructura social que necesita
de la opresión, de la competencia y de la desigualdad para mantenerse y
crescer.14
PREISWERK, Matias. Educar en la Palabra viva: marco teórico para la educación cristiana. Lima:
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