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FITOTERÁPICO MOROSIL
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Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR)
[email protected]; [email protected]
Resumo: A obesidade no Brasil se mostra cada vez mais presente entre os seres
humanos e, em geral, suas principais causas são os fatores genéticos e ambientais.
Hábitos como refeições desorganizadas, às pressas ou ricas em calorias podem
conduzir ao aumento de peso, quando repetidas por muito tempo. Com o aumento
da obesidade, muitos medicamentos e tratamentos são produzidos com o objetivo
de reduzir o peso. Devido ao seu baixo custo e aos poucos efeitos colaterais, os
fitoterápicos vêm ganhando destaque entre os tratamentos. Sendo assim, nessa
pesquisa métodos estatísticos foram empregados com o objetivo de verificar se a
média do peso das populações que foram tratadas com o fitoterápico é
significativamente menor do que as que não foram submetidas a esse tratamento.
Para tanto, testes estatísticos foram realizados a partir de um banco de dados
fornecido por pesquisadores do Centro Universitário Integrado de Campo Mourão,
em que ratas wistar foram submetidas à cirurgia de ovariectomia bilateral, sendo
seus pesos monitorados durante 16 semanas.
Palavras-Chave: Testes de hipótese; Métodos estatísticos; Fitoterapia.
1. Introdução
2. Métodos estatísticos
3. Estatística paramétrica
A análise de variância (ANOVA) é um método paramétrico empregado com o
objetivo de verificar se existe diferença significativa entre as médias de 𝑘
populações, em que a hipóteses a serem testadas são descritas como
𝐻0 : 𝜇1 = 𝜇2 = ⋯ = 𝜇𝑘 = 𝜇
𝐻1 : 𝜇𝑖 ≠ 𝜇𝑗 , para algum 𝑖 ≠ 𝑗.
Para que a ANOVA seja aplicável, são necessárias três suposições a respeito
das populações que serão testadas. Tais suposições são apresentadas a seguir.
1. Normalidade: Todas as populações que serão testadas devem ser
normalmente distribuídas, ou seja, 𝑃1 ~𝑁(𝜇1 , 𝜎12 ), 𝑃2 ~𝑁(𝜇2 , 𝜎22 ), …, 𝑃𝑘 ~𝑁(𝜇𝑘 , 𝜎𝑘2 ).
Uma maneira de verificar se uma população segue uma distribuição
especificada 𝑃0, nesse caso, distribuição normal, é comparando os valores
observados com suas frequências esperadas. Para tanto, uma alternativa para
verificar a normalidade de uma determinada população 𝑃 é o Teste de Aderência.
Esse teste utiliza a estatística qui-quadrado de Pearson, definida como
𝑟 𝑠 ∗
2
𝑛𝑖𝑗 − 𝑛𝑖𝑗
𝜒 = ∑∑ ∗ , (1)
𝑛𝑖𝑗
𝑖=1 𝑗=1
∗
em que 𝑛𝑖𝑗 denota o valor esperado sob a hipótese nula de que as duas variáveis
aleatórias não são associadas e 𝑛𝑖𝑗 o valor observado das amostras.
Para a aplicação do teste de aderência uma tabela de dupla entrada,
denominada tabela de contingência deve ser construída. Nesse caso, uma premissa
para a utilização da estatística qui-quadrado é o fato de que os valores esperados de
cada célula dessa tabela não sejam menores do que cinco, pois nesse caso os
resultados podem conduzir a uma interpretação enganosa (Marques e Marques,
2005). Para o caso de amostras grandes, geralmente 𝑛 ≥ 50, basta que pelo menos
80% dos valores observados não sejam menores do que cinco (Bussab e Morettin,
2017).
O teste de aderência é utilizado para verificar se os dados seguem uma
determinada distribuição, de forma que, as hipóteses a serem testadas são
𝐻0 : 𝑃 = 𝑃0 ,
𝐻1 : 𝑃 ≠ 𝑃0 .
2
Utilizando a estatística (1), obtemos o 𝜒𝑜𝑏𝑠 (lê-se qui-quadrado observado).
2
Assim, a hipótese nula é aceita se 𝜒𝑜𝑏𝑠 ∈ 𝑅𝐶. A região crítica (𝑅𝐶), é determinada
por meio do valor de 𝜒𝑐2 (lê-se qui-quadrado crítico) com 𝜈 = 𝑛 − 1 graus de
liberdade, sendo 𝑛 o tamanho da amostra.
2. Homocedasticidade: Todas as populações devem apresentar uma mesma
variância, ou seja, 𝜎12 = 𝜎22 = ⋯ = 𝜎𝑘2 = 𝜎 2.
Para verificar a homocedasticidade de 𝑘 populações empregamos o Teste de
Barlett, cujas hipóteses são
𝐻0 : 𝜎12 = 𝜎22 = ⋯ = 𝜎𝑘2 = 𝜎 2 ,
𝐻1 : 𝜎𝑖2 ≠ 𝜎𝑗2 , para algum 𝑖 ≠ 𝑗.
Sejam 𝑛𝑖 e 𝑆𝑖2 o tamanho da amostra e a variância amostral, respectivamente,
obtidos a partir da população 𝑃𝑖 , em que 𝑖 = 1, 2, … , 𝑘 e 𝑛 = 𝑛1 + ⋯ + 𝑛𝑘 . Nesse
caso, para o desenvolvimento do teste de homocedasticidade, é necessário o
cálculo de três estatísticas: a variância comum (𝑆𝑒2 ), a estatística 𝑀 e a estatística 𝐶.
Tais estatísticas são dadas, respectivamente, por
∑𝑘𝑖=1(𝑛𝑖 − 1)𝑆𝑖2
𝑆𝑒2 = , (2)
𝑛−𝑘
𝑘
𝑛𝑖 − 1
𝑀 = (𝑛 − 𝑘)𝑙𝑛𝑆𝑒2 − ∑ , (3)
𝑙𝑛𝑆𝑖2
𝑖=1
𝑘
1 1 1
𝐶 =1+ [∑ ( )−( )]. (4)
3(𝑘 − 1) 𝑛𝑖 − 1 𝑛−1
𝑖=1
A partir das equações (2), (3) e (4) obtemos a estatística 𝑀/𝐶, que segue
uma distribuição aproximadamente qui-quadrado com 𝑘 − 1 graus de liberdade, ou
seja, 𝑀/𝐶~𝜒 2 (𝑘 − 1). Dessa maneira, fixando o nível de significância do teste, 𝛼,
temos o 𝜒𝑐2 e, por conseguinte, a região crítica 𝑅𝐶 dada por (𝜒𝑐2 , +∞). Se 𝑀/𝐶 ∉ 𝑅𝐶,
aceitamos a hipótese nula.
3. Independência: Todas as populações devem ser independentes entre si.
Para verificar se as populações são independentes entre si, empregamos o
Teste de Independência de Pearson. Esse teste também utiliza a estatística (1) com
𝜈 = (𝑟 − 1)(𝑠 − 1) graus de liberdade. O teste de hipóteses pode ser escrito na
forma
𝐻0 : todas as populações são independentes entre si,
𝐻1 : pelo menos uma das populações depende de outras(s).
A hipótese nula será rejeitada caso o valor observado em (1) seja maior do
que o valor 𝜒𝑐2 , fixando-se, a priori, um valor do nível de significância 𝛼.
Assim, com todas as suposições satisfeitas a ANOVA é aplicável sem que os
resultados sejam comprometidos. Segundo Marques e Marques (2009), nesse
modelo, os elementos observados são classificados segundo um critério, ou seja,
existe apenas uma característica de interesse a ser testada.
Supondo que existam 𝑘 populações 𝑃1 , 𝑃2 , … , 𝑃𝑘 . Para melhor entendimento a
respeito da aplicação desse teste, utilizamos as seguintes notações:
• 𝑥𝑖𝑗 é o i-ésimo elemento da j-ésima amostra.
• 𝑥̅𝑗 é a média da j-ésima amostra.
• 𝑋̅ é a média do conjunto das 𝑘 amostras.
• 𝑛𝑗 é o tamanho da j-ésima amostra.
• 𝑁 é o número total de observações das 𝑘 amostras, ou seja, 𝑁 = 𝑛1 + 𝑛2 +
⋯ + 𝑛𝑘 .
Assim, as hipóteses podem ser escritas como:
𝐻0 : 𝜇1 = 𝜇2 = ⋯ = 𝜇𝑘 = 𝜇,
𝐻1 : pelo menos uma das médias 𝜇𝑗 difere das demais.
Dessa maneira, primeiramente fixamos o nível de significância do teste e, em
seguida, encontramos a região crítica dada por (𝐹𝑐𝑟𝑖𝑡 , +∞), cujos graus de liberdade
são 𝜈1 = 𝑘 − 1 e 𝜈2 = 𝑁 − 𝑘. Para a aplicação da ANOVA, é preciso efetuar o cálculo
da soma de quadrados, definidos como:
𝑘 𝑛𝑗
2
𝑆𝑄𝐸 = ∑ ∑(𝑥̅𝑗 − 𝑋̅) (5)
𝑗=1 𝑖=1
𝑘 𝑛𝑗
2
𝑆𝑄𝑅 = ∑ ∑(𝑥𝑖𝑗 − 𝑥̅𝑗 ) (6)
𝑗=1 𝑖=1
𝑘 𝑛𝑗
2
𝑆𝑄𝑇 = ∑ ∑(𝑥𝑖𝑗 − 𝑋̅ ) (7)
𝑗=1 𝑖=1
5. Aplicabilidade do teste
A fim de verificar a eficácia do fitoterápico Morosil, vamos considerar as
seguintes populações para estudo. Seja 𝑃1 a população das ratas de controle, 𝑃2 a
população das ratas que foram submetidas apenas a cirurgia de ovariectomia e 𝑃3 a
população das ratas que foram submetidas ao tratamento com Morosil.
O primeiro passo para aplicar a análise de variância, como descrito
anteriormente, é verificar se as três populações atendem as suposições
apresentadas na seção 4.
1. Normalidade: Aplicamos o teste de aderência para verificar se os dados
seguem distribuição normal. Para tanto, apresentamos a Tabela 2 com os dados
fornecidos pelos Pesquisadores do Centro Universitário Integrado de Campo
Mourão, com o peso médio dos três grupos para cada uma das 16 semanas.
6. Métodos não-paramétricos
Os métodos não-paramétricos surgem como uma alternativa aos testes
paramétricos, uma vez que, eles são mais flexíveis em relação aos paramétricos e
sua aplicabilidade é, em geral, mais fácil e a perda de eficácia é mínima. Devido a
gama de testes não-paramétricos existentes, utilizamos nessa pesquisa o Teste de
Wilcoxon.
O Teste de Wilcoxon, apresentado por Bussab e Morettin (2017), é
empregado com a finalidade de verificar se existe diferença significativa entre duas
populações, ou seja, identificar se uma das populações tende a apresentar média
e/ou mediana maiores do que a outra. Supondo que ambas as populações sejam
independentes, a base desse teste são os postos dos valores obtidos na
combinação de duas amostras. Esse processo é feito colocando-se os valores
observados em ordem crescente, independentemente de qual população tais valores
são provenientes. A estatística a ser utilizada é a soma dos postos associados os
valores amostrais de uma população 𝑃𝑖 . Caso essa soma seja grande, temos um
indício de que os valores dessa população são maiores do que de 𝑃𝑗 , com 𝑖 ≠ 𝑗, e,
sendo assim, rejeitaremos a hipótese nula de que ambas as populações têm mesma
média e/ou mediana.
Utilizamos os dados de 𝑃2 e 𝑃3 (pois são as populações que foram
submetidas à cirurgia de ovariectomia bilateral) apresentados na Tabela 2 e, dessa
forma, colocamos em ordem crescente os valores observados. Como o tamanho das
amostras de 𝑃2 e 𝑃3, 𝑛2 = 16 e 𝑛3 = 16, são relativamente grandes, Bussab e
Morettin (2017) sugerem a aproximação normal
𝑊𝑆 − 𝐸(𝑊𝑆 )
𝑍= (11)
√𝑉𝑎𝑟(𝑊𝑆 )
Referências
MARQUES, J. M.; MARQUES, M. A. M.. Estatística básica para cursos de engenharia. Curitiba:
Domínio do saber, 2005.
BUSSAB, W. O.; MORETTIN, P. A.. Estatística básica. 9ª Edição. São Paulo: Saraiva, 2017.