GCFN-31.1 - Ambiente Urbano
GCFN-31.1 - Ambiente Urbano
GCFN-31.1 - Ambiente Urbano
1 OSTENSIVO
MARINHA DO BRASIL
COMANDO-GERAL DO CORPO DE FUZILEIROS NAVAIS
2008
OSTENSIVO CGCFN-31.1
MARINHA DO BRASIL
2008
FINALIDADE: BÁSICA
1ª Edição
OSTENSIVO CGCFN-31.1
ATO DE APROVAÇÃO
AUTENTICADO RUBRICA
PELO ORC
Em_____/_____/_____ CARIMBO
OSTENSIVO - II - ORIGINAL
OSTENSIVO CGCFN -31.1
ÍNDICE
PÁGINAS
Folha de Rosto............................................................................................... I
Ato de Aprovação.......................................................................................... II
Índice.............................................................................................................. III
Introdução....................................................................................................... V
CAPÍTULO 1 - GENERALIDADES
1.1 - Introdução.............................................................................................. 1-1
1.2 – Histórico............................................................................................... 1-3
CAPÍTULO 2 - COMANDO E CONTROLE
2.1 - Introdução ............................................................................................. 2-1
2.2 - Comando............................................................................................... 2-1
2.3 - Controle ................................................................................................ 2-2
2.4 - Comunicações e Guerra Eletrônica....................................................... 2-2
2.5 - Inteligência............................................................................................ 2-4
2.6 - Informática............................................................................................ 2-4
CAPÍTULO 3 - ATIVIDADES DE INTELIGÊNCIA
3.1 - Introdução ............................................................................................ 3-1
3.2 - Necessidades Básicas de Conhecimento .............................................. 3-1
3.3 - Estudo de Inteligência .......................................................................... 3-2
3.4 - Classificação das Áreas Urbanas Quanto às Características................. 3-3
3.5 - Contra-Inteligência ............................................................................... 3-4
CAPÍTULO 4 - PLANEJAMENTO
4.1 - Introdução ............................................................................................. 4-1
4.2 - Considerações ....................................................................................... 4-1
4.3 - Planejamento Ofensivo ......................................................................... 4-3
4.4 - Planejamento Defensivo ...................................................................... 4-8
CAPÍTULO 5 - AÇÕES EM ÁREAS URBANAS
5.1 - Introdução ............................................................................................ 5-1
5.2 - Considerações Relativas aos Níveis de Condução Estratégico e Ope-
racional................................................................................................. 5-2
5.3 - Tarefas Essenciais a Serem Desenvolvidas em Relação a uma Área
Urbana.................................................................................................. 5-3
OSTENSIVO - IV - ORIGINAL
OSTENSIVO CGCFN-31.1
INTRODUÇÃO
Esta publicação tem como propósito apresentar os aspectos doutrinários básicos das
operações militares em área urbana.
Está dividida em oito capítulos assim distribuídos: o capítulo 1 apresenta uma
introdução e um histórico; o capítulo 2 descreve as atividades de Comando e Controle; o
capítulo 3 aborda as Atividades de Inteligência; o capítulo 4 descreve considerações sobre
Planejamento; o capítulo 5 relata as Ações em Área Urbana, os capítulos 6 e 7 abordam o
Apoio ao Combate e o Apoio de Serviços ao Combate e o capítulo 8 apresenta outras
considerações sobre este tipo de operação e as peculiaridades para as regras de
comportamento e engajamento.
Esta manual deverá ser utilizado para instrução e planejamento das operações militares
em área urbana.
Esta publicação é classificada, de acordo com o EMA-411 - Manual de Publicações da
Marinha como: PMB, não controlada, ostensiva, básica e manual.
Esta publicação substitui a CGCFN-3100 - Manual de Operações em Área Urbana, 1ª
edição, aprovada em 14 de novembro de 2002, preservando seu conteúdo, que será adequado
ao previsto no Plano de Desenvolvimento da Série CGCFN (PDS-2008), quando de sua
próxima revisão.
CAPÍTULO 1
GENERALIDADES
1.1 - INTRODUÇÃO
Devido ao crescente processo de urbanização, será cada vez mais freqüente o emprego
de forças militares em epicentros político, econômico, social e cultural em todo o
mundo. A realidade é que muitas das operações militares, se não todas, serão
conduzidas em arredores ou no interior de áreas urbanas. O controle de grandes áreas
urbanas será crítico, nos futuros conflitos, para a consecução dos objetivos táticos,
operacionais e estratégicos.
Tornam-se cada vez mais constantes as interferências políticas e sociais nesse tipo de
confronto, havendo assim necessidade de considerar os efeitos junto à população.
Atualmente conflitos internacionais são acompanhados de perto pela imprensa. Isso faz
com que seja necessário levarmos em conta a necessidade da criação de equipes
específicas para trabalharem junto à mídia em busca de resultados positivos. Estas
equipes deverão ser multidisciplinares formadas por analistas de informações,
especialistas em propaganda, especialistas em marketing, especialistas em jornalismo,
em mídia eletrônica, em redes, em digitalização de imagens, em internet, relações
públicas, etc., agindo desta forma será possível explorar ao máximo os efeitos do
conflito junto à opinião publica internacional.
Dentre às principais dificuldades encontradas nesse ambiente operacional, está a
possibilidade de um grande número de baixas junto à população civil, significativa
destruição da estrutura urbana, participação de considerável efetivo de militares
empenhados, isto tudo aliado às dificuldades de coordenação e controle, pois o terreno
extremamente compartimentado dificulta a observação da tropa como um todo e as
grandes estruturas dificultam as comunicações rádio tornando muito difícil à
intervenção no combate por parte do escalão superior.
Desta forma, sempre que possível o combate em área urbana deve ser evitado, tendo em
vista o grande impacto na mídia e o grau de dificuldade de quem ataca. Para tal, as
localidades podem ser desbordadas, isoladas ou cercadas para se evitar a insurgência
dos centros urbanos. Porém, por vezes torna-se necessário entrar na localidade, a fim de
conquistar objetivo específico (siderúrgicas, indústrias, hidroelétricas, refinarias, usinas
nucleares, aeroportos, portos, eclusas, etc.) ou pela necessidade de liberar as forças de
contenção, ou até mesmo para abater o moral do inimigo.
As características do ambiente operacional urbano fazem com que ele imponha algumas
restrições na utilização de determinados equipamentos, restringindo assim algumas
vantagens táticas advindas de um nível tecnológico superior por parte de um dos
contendores. A assimetria do combate urbano, aliada à pequena distância entre as tropas
restringe o apoio de fogo, não só por parte da artilharia como também do apoio aéreo.
Ficam restritas as comunicações terrestres, devido às estruturas das edificações, os
blindados têm seus movimentos restringidos em face da canalização gerada pelas ruas,
obstáculos, escombros, etc. e os helicópteros ficam vulneráveis, em virtude da
existência de armas terra-ar portáteis nos andares superiores e terraços das edificações.
Fica evidenciado neste tipo de ação militar o valor dos sistemas de inteligência e
informação sendo extremamente necessário a valorização do sistema: comando e
controle (C2). O sistema de combate urbano deve considerar ao máximo o uso do C2 de
forma integrada, com a robótica, de veículos aéreos não-tripulados, de sensores, de
sistemas que apresentem grande mobilidade tática, de apoio médico especializado para
fazer face à ameaça QBN (químicos, biológicos e nucleares), de munição inteligente e
sobretudo da valorização do elemento humano.
O adestramento deve ser redirecionado de forma a dar maior enfoque às operações
combinadas de grande vulto, à reprodução do terreno urbano para treinamento, à
construção de centros de treinamento virtuais e, sobretudo, ao aperfeiçoamento do
sistema C2 para este tipo de operação.
1.2 - HISTÓRICO
Dizer que os combates em área urbana nasceram nas grandes guerras deste século seria
uma heresia.
Desde os primórdios da civilização existem guerras e cidades. Essas, porém, eram em
pequeno número e pouco povoadas. A maioria da população vivia no campo.
Com o passar dos séculos, a arquitetura começou a se desenvolver e surgiram as
primeiras muralhas, capazes de resistir a um cerco por um longo período de tempo.
Contam as linhas da Ilíada de Homero que Tróia resistiu por volta de uma década.
Antigamente, quando caía uma Cidade Estado e sua muralha, ruía junto o Império. Isso
ficou bem caracterizado pela queda de Atenas, Cartago e Roma.
As muralhas se desenvolveram e se transformaram em fortalezas e os fortes. Essas
construções abrigavam os combatentes que, assim apoiados, resistiam a longos cercos.
Após essas grandes derrotas e com base nos ensinamentos colhidos em Brest-Litovsk
e Odessa, o Alto Comando Soviético passou a adotar a tática de combate em
localidade, nas médias e grandes cidades, a técnica da “terra arrasada” e da guerrilha
nas aldeias e campos deixados ao invasor.
No inverno de 1941, uma bem preparada defesa de área deteve o Exército Alemão
nos subúrbios de Moscou, contando com o emprego maciço de mão-de-obra civil,
permitindo liberar os soldados para combaterem na frente. Em Leningrado não foi
diferente, durando o cerco de aproximadamente três anos.
Findo o primeiro inverno e estabilizadas as frentes em Moscou e Leningrado, Hitler
dirigiu-se para o sul, onde, em 1942, foram travados os principais combates em
localidades urbanas.
Após o inverno foram iniciados os bombardeios sobre Sebastopol, cidade muito bem
fortificada que demonstrou ser um objetivo difícil de ser conquistado. Esta batalha
foi marcada por extrema selvageria dos alemães, tornando a guerra na frente russa
uma “luta sem quartel”.
Em outubro de 1942, teve início a Batalha de Stalingrado que marcou o ponto de
inflexão da campanha russa.
Na época o Alto Comando Soviético criou a “Frente de Stalingrado”, mobilizou a
população, deslocou as poucas reservas disponíveis e entregou o comando ao
General Chuykov. Sabendo da eficácia dos alemães no emprego do binômio
blindados-aviação, Chuykov trouxe o combate para dentro da cidade, buscando
neutralizá-la.
A tática de Chuykov consistia em ocupar e defender fábricas, casas, estações e
prédios, transformando qualquer construção capaz de resistir aos ataques nazistas em
pontos fortes.
Os blindados alemães, atraídos para locais preparados pelos soviéticos, eram
emboscados e destruídos por armas anticarro ou canalizados para áreas batidas por
fogos de artilharia (saturação). Assim, a Infantaria de proteção ficava à mercê dos
fogos das armas portáteis.
Outras operações urbanas ocorreram na frente oriental após Stalingrado, sendo que
três delas destacaram-se das demais. Duas tiveram como palco à cidade de Varsóvia
e a terceira a cidade de Berlim.
Os aliados, por considerarem a cidade de Monte Cassino como a chave das defesas
alemãs, executaram um ataque maciço à mesma. As defesas alemãs, apoiadas em
obstáculos artificiais, nas elevações e a própria cidade, rechaçaram os ataques. O
crescente fracasso das investidas ensejou a intervenção da aviação, reduzindo a
cidade a ruínas.
Apesar dos ataques aéreos terem causado significativas baixas nas defesas alemãs,
contribuíram, de forma indireta, para a melhoria do sistema de defesa da cidade,
tendo os escombros e crateras abertos sido transformados em pontos fortes, postos de
vigilância, de observação e abrigos, sendo neles instaladas casamatas e posições de
metralhadoras. Os escombros retardavam os deslocamentos e dissociavam o
binômio carro-infantaria, tornando-o vulnerável às ações dos alemães, em particular,
às emboscadas.
Foi em Montese, localidade italiana, em abril de 1945, que o Exército Brasileiro teve
seu maior número de baixas na 2ª GM, investindo contra uma posição defensiva
alemã muito bem organizada, apoiada no binômio localidade-relevo.
O maior número de baixas aliadas e a progressão mais lenta em toda a guerra
ocorreram na conquista da Itália. As forças do eixo demoraram quase dois anos para
se render nesse teatro de operações. A eficiência e a eficácia das defesas alemãs
demonstraram a importância do uso judicioso do terreno, da área urbana e do relevo.
1.2.4 - Combates em áreas urbanas após a 2ª Guerra Mundial
Após a 2ª GM, inúmeros conflitos travados em áreas urbanas tiveram como palco o
Oriente Médio e a região dos Balcãs. Foram verificados conflitos de longa duração,
como os de Beirute (Líbano) e Sarajevo (Bósnia), nos quais utilizou-se todos os
conhecimentos das guerras anteriores, especialmente o emprego da população civil
como mão-de-obra ou na qualidade de combatentes e conflitos de curta duração,
como os combates pela posse de Jerusalém na Guerra dos Seis Dias (1967).
Recentemente, como verificado na Chechenia, o mundo pode assistir à violência dos
combates ocorridos em Grozny e constatar a ineficácia do Exército Russo que não
conseguiu, numa 1ª fase da guerra, ocupar a cidade. O conhecimento da cidade e o
envolvimento da população na resistência infligiram tantas baixas ao inimigo que os
líderes políticos russos foram pressionados a sustar a ofensiva. A eficácia decorrente
do emprego da população civil, do uso judicioso do terreno e da área urbana foi mais
uma vez comprovada.
CAPÍTULO 2
COMANDO E CONTROLE
2.1 - INTRODUÇÃO
Uma das maiores dificuldades das operações militares em área urbana se apresenta na
efetiva execução do comando e controle. As particularidades desse tipo de ambiente,
como a infra-estrutura da cidade e seus habitantes, fazem com que tais conflitos sejam
classificados entre os mais complexos tipos de combate.
No desenvolvimento das ações do combate urbano, caberá ao comandante evitar danos
colaterais excessivos e limitar o número de baixas entre os não-combatentes, identificar
a localização dos pontos-chave e as posições inimigas dentro da cidade, isolar a área
urbana tanto externa como internamente e, finalmente, conduzir operações decisivas
para destruir ou remover forças inimigas do complexo urbano.
As operações de combate urbano que contribuem para tal consistem de uma série de
engajamentos limitados e dispersos, obrigando as forças urbanas a uma adaptação
específica para esse tipo de engajamento. Todo esse conjunto impõe ao comando uma
descentralização inevitável, requerendo maior quantidade de conhecimento possíveis,
que serão de grande valia para o planejamento dessas operações.
Essas operações demandam níveis maiores de conhecimento da situação do que uma
operação em ambiente convencional. Em face à necessidade de estabelecer e manter
contato em tempo real das posições do inimigo, obter informação precisa e
constantemente atualizada sobre a condição de estruturas físicas críticas dentro do
perímetro da cidade, acompanhar o êxodo de não-combatentes, além de obter
informação precisa e em tempo real sobre a posição e a condição das forças amigas
amplamente dispersas. Faz com que os aspectos, comando, controle, comunicações,
inteligência e informática devam ter especial atenção, fazendo com que o
reconhecimento e a vigilância tornem-se cruciais.
É importante ressaltar que, apesar da existência desses aspectos, que são objeto de
estudo do Comando e Controle, na Marinha do Brasil é adotado em termos de
nomenclatura, o C2 (Comando e Controle). Analisaremos, a seguir, cada um desses
aspectos.
2.2 - COMANDO
Em razão da descentralização que emana desse tipo de operação, o comando é exercido
através da atribuição de tarefas e estabelecimento de padrões específicos para as frações
CAPÍTULO 3
ATIVIDADES DE INTELIGÊNCIA
3.1 - INTRODUÇÃO
O estudo para realizar operações militares em área urbana não pode ser limitado às
características do terreno, às condições climáticas e meteorológicas e a situação do
inimigo.
Há necessidade de informações detalhadas a respeito da população quanto a
possibilidade de apoio ou resistência, bem como não pode ser desprezada a forte
influência da mídia na opinião pública, a atuação de Organizações Não-Governamentais
(ONG) e das Organizações internacionais.
Na realidade a ausência de informações detalhadas e oportunas, pode impedir a
execução de operações militares em área urbana, tornar tropas militares vulneráveis e
não-combatentes vítimas. Especial atenção devemos ter, também, na aplicação de
medidas de Contra-Inteligência que é fundamental para se obter surpresa e manter
segurança.
3.2 - NECESSIDADES BÁSICAS DE CONHECIMENTO
Os conhecimentos necessários ao planejamento e à execução de operações militares em
área urbana devem preliminarmente estar fundamentados na visualização do campo de
batalha e na situação do inimigo, onde em particular existe a necessidade de interação e
atualização desses fundamentos pó meio de estudos de inteligência.
3.2.1 - Visualização do campo de batalha
A visualização do campo de batalha não pode ser somente expressa em termos de
características da área de operações porque na realidade, além de representar o
ambiente físico tridimensional (terreno, construção e subsolo) representa também a
consciência urbana onde fatores culturais e o ambiente externo traçam o perfil do
comportamento da população local diante da intervenção militar no cenário urbano.
3.2.2 - Situação do Inimigo
Pela possibilidade de o inimigo utilizar a população local como escudo para o
desenvolvimento de suas ações, ressalta de importância a determinação, com
razoável grau de precisão e confiança, essa possibilidade. Desta forma a busca de
conhecimentos necessários sobre as possíveis ações a serem desenvolvidas pelo
inimigo em área urbana deverá ser maior que nas operações militares em outros tipos
de ambiente.
CAPÍTULO 4
PLANEJAMENTO
4.1 - INTRODUÇÃO
O principal óbice dos combates urbanos reside na necessidade de “limpeza” total das
cidades, casa por casa, rua por rua. A presença de grande número de não-combatentes
requer o estabelecimento de Regras de Comportamento Operativo, para qualquer tipo de
operação a ser realizada. Não serão politicamente aceitas a destruição da infra-estrutura
urbana, conseqüentemente impondo limites ao uso do apoio de fogo.
Tendo em vista que o Processo de Planejamento Militar (PPM) é tratado em manuais
específicos do Sistema de Publicações da Marinha (SPM), aqui serão abordados apenas
os principais parâmetros em que se baseará(ao) o(s) comandante(s) e estado(s)-maior
(es) para conduzirem o planejamento de operações militares em área urbana.
4.2 - CONSIDERAÇÕES
Raramente uma região urbana poderá ser subjugada, sempre existirão focos de
resistência à ocupação. Interesses na obtenção de ganhos políticos poderão sustentar o
combate nos ambientes urbanos onde a dissimulação dos oponentes no seio da
população lhes trará sensíveis vantagens na condução de suas ações. As características
intrínsecas e a presença de grande número de não-combatentes no ambiente urbano
conferem um maior grau de dificuldades para exploração do terreno e condução das
operações militares.
A título de comparação, no quadro abaixo são apresentadas as características de
diversos ambientes operacionais:
CARACTERÍSTICAS URBANO DESERTO SELVA MONTANHA
Número de não-combatentes ALTO BAIXO BAIXO BAIXO
- onde a condução dos fogos indiretos não for possível e as medidas eletrônicas
adotadas para localização do inimigo não forem eficientes, devem ser planejados
ataques com visibilidade reduzida ou noturno para reduzir as vantagens do
defensor;
- elementos de primeiro escalão têm que possuir poder de combate suficiente para
atacar o quanto antes uma fraqueza inimiga identificada ou criada. Durante a fase
inicial, após minimizada a vulnerabilidade e obtida a impulsão do ataque, os
comandantes devem manter o ímpeto das ações até a perda da coesão por parte do
inimigo; e
- maior ênfase deve ser dada às ações ofensivas na retaguarda do inimigo, com o
intuito de reconhecer e destruir instalações de controle, apoio ao combate e apoio
de serviços ao combate.
4.3.2 - Medidas de Controle
O controle efetivo de tropas e a coordenação do apoio de fogo são complexos em
face da natureza restritiva do ambiente urbano. No entanto, pode ser realizado com
eficiência se tiver um planejamento detalhado de emprego nos escalões mais baixos,
que atuam de forma descentralizada e observando-se as medidas de controle a seguir
listadas:
a) Objetivos
Objetivos iniciais estão normalmente situados nas extremidades anteriores de
áreas edificadas, e quando ocupados proporcionam cobertas e abrigos para a força
atacante.
Podem ser marcados objetivos intermediários quando sua conquista e manutenção
for essencial ao cumprimento da missão, provendo observação ou controle físico
sobre vias de acesso em áreas urbanas. Na realidade, sua dimensão é determinada
pela natureza da área urbana e valor da tropa considerada.
O controle de vias de comunicação ou proteção física de áreas urbanas,
normalmente, justifica a marcação de objetivos finais, situado na orla ou
extremidade posterior da área urbana.
b) Linhas de controle
No ambiente urbano a necessidade de estabelecer uma maior número de linhas de
controle, normalmente para regular avanços da força atacante, cresce devido a
maior descentralização das ações e a grande dificuldade de comunicação.
ASPECTOS A CONSIDERAR
Poder de combate Características defensivas Grau de surpresa das
EXECUÇÃO
do atacante do inimigo ações
• Inimigo pouco
expressivo ou
Desenvolvimento Maior capacidade desorganizado Surpresa do atacante
simultâneo das relativa • Poucos obstáculos ou
fases de pequenas
dimensões
• Defesa inimiga
preparada
Desenvolvimento Menor capacidade • Obstáculos de maior Perda da surpresa
sucessivo das fases relativa porte ou em
quantidade elevada
potencial.
4.4.2 - Medidas de controle
A capacidade de comando e controle diante das dificuldades de terreno restritivo,
capacidade de comunicações, reduzidos e numerosos engajamentos com
possibilidades de serem desencadeados simultaneamente, avulta de importância, a
necessidade de serem estabelecidas medidas de controle adicionais como:
a) Linha principal de resistência (LPR)
A linha principal de resistência (LPR) de uma região urbanizada é localizada,
geralmente, próxima da orla anterior da cidade ou vilas, para evitar que o atacante
infiltre-se e concentre sua tropa e armas de tiro direto valendo-se dos abrigos
proporcionados pelos edifícios. A LPR não deve ser identificada pelo atacante
para evitar que ele concentre seus fogos de apoio sobre ela. Quando a LPR é
localizada mais para o interior da localidade, todas as vias de acesso para a região
urbanizada e para a própria orla anterior devem ser cobertas por elementos de
segurança. Estes asseguram a observação, alertam sobre a aproximação do
inimigo, ajustam os fogos de apoio e marcam a verdadeira localização da posição
principal de resistência.
b) Linhas e pontos limites
As linhas e pontos limites designam as zonas de defesa, para as unidades que
ocupam uma posição de resistência. As unidades são dispostas em largura e
profundidade. As posições organizadas são localizadas de modo que o fogo possa
ser executado flanqueando o inimigo. A frente e a profundidade atribuídas a uma
unidade na defesa de uma região urbanizada são geralmente menores que em
terreno convencional. As linhas limites coincidem, normalmente, com as ruas e os
pontos limites são localizados em cruzamentos.
4.4.3 - Emprego de obstáculos
As prováveis vias de acesso do inimigo para a zona defendida são bloqueadas e
batidas por fogos. A quantidade e tipos de obstáculos empregados são limitados
apenas pelo tempo disponível, material, equipamento, trabalho estimado e
engenhosidade do defensor. Os obstáculos mal planejados ou lançados podem
interferir na manobra, no suprimento e na evacuação das tropas amigas e podem
revelar ao inimigo detalhes da posição. Barreiras anticarro podem ser improvisadas
com crateras abertas por explosivos, demolição de paredes, escombros de edifícios,
etc. Essas barreiras podem ser reforçadas por minas anticarro, arame farpado e tiro de
armas portáteis e de carros de combate. Esses reforços têm dupla finalidade, proteção
contra ataques mecanizados e de elementos a pé.
4.4.4 - Considerações especiais
Todas as localidades que possuírem, pelo menos, uma via ligando-a a sua base
logística, são passíveis de se sustentar. Essa ligação pode ser terrestre ou aquática,
contanto que possibilite um fluxo de suprimentos e recompletamentos. Caso essa
ligação seja rompida e obrigue o reabastecimento aéreo, oneroso dependente das
condições climáticas e de grande risco, o apoio logístico se tornará vulnerável.
CAPÍTULO 5
AÇÕES EM ÁREAS URBANAS
5.1 - INTRODUÇÃO
Muitas são as chances de que um GptOpFuzNav venha a ter uma área urbana como
parte de seu problema militar. Assim, visualizamos as ações a serem desenvolvidas na
referida área pelo GptOpFuzNav como um todo, ou parcela deste, em três situações
distintas, a saber:
- A área de atuação do GptOpFuzNav é basicamente campo apresentando uma ou mais
localidades que possuem as dimensões que possibilita ao elemento considerado o seu
controle efetivo;
- A área de atuação do GptOpFuzNav é basicamente campo apresentando uma ou mais
localidades cuja dimensão não permite a totalidade de seu controle efetivo; e
- A área de atuação do GptOpFuzNav é inteiramente caracterizada como área urbana
também não sendo possível o seu controle efetivo pelo GptOpFuzNav.
Observe-se que, estando o cerne do enquadramento nas situações anteriormente
apresentadas relacionados com a capacidade do elemento organizacional obter ou não o
controle da área urbana, devem ser, em especial, considerados os aspectos de tamanho
da localidade, tipos de construções, atitude da população, possibilidades do inimigo,
comparando com a capacidade do elemento considerado. O quadro a seguir orienta
quanto à comparação mencionada.
Nível de controle
Alto Baixo
Tamanho da localidade Pequena Grande
Tipo de construções Baixas e espaçadas Altas e concentradas
Atitude da população Amiga ou favorável Hostil
Possibilidade do inimigo Atuar Atacar, defender ou retardar
obstáculos de arame, quando não for possível dispor de outros meios mais eficazes, e
lançar granadas fumígenas para cegar os observatórios das regiões adjacentes e
posteriormente dificultar a observação pelo inimigo da região conquistada. Quando as
tropas atingem a posição de onde será lançado o assalto, o apoio de fogo é suspenso ou
transportado, conforme seja necessário, e os elementos avançados se deslocam em
direção as primeiras edificações que deverão ser conquistadas, capturam ou eliminam
seus ocupantes, rapidamente, e então se inicia o deslocamento dos elementos e armas de
apoio para a região conquistada.
Os fatores principais que conduzem ao sucesso de uma defensiva em área urbana são:
- Preparação da posição - a preparação por meio do lançamento de obstáculos e
armadilhas diminui o ímpeto do ataque, bem como causam baixas e desorganiza a
formação do dispositivo inimigo;
- Mobilidade - a mobilidade dificulta a concentração de fogos, altera os focos de
resistência, impossibilita o uso do princípio da massa por parte do inimigo e
descoordena a ação de comando do oponente;
- Conhecimento da área – possibilita um melhor emprego de meios, rotas de fugas e
controle de pontos chaves.
Desta forma, enquanto o atacante deve buscar rapidez, agressividade, coordenação e
controle, eficiência nas comunicações e apoio de fogo; o defensor deve buscar uma
excelente preparação da posição empregando os meios de engenharia disponíveis,
mobilidade para dificultar a concentração dos fogos inimigos e o conhecimento da área.
5.2 - CONSIDERAÇÕES RELATIVAS AOS NÍVEIS DE CONDUÇÃO
ESTRATÉGICO E OPERACIONAL
Os principais aspectos a serem considerados pelo planejador envolverão considerações
relativas a valor que a área urbana representa no quadro estratégico-operacional para a
consecução dos objetivos maiores da campanha em curso. Assim, os efeitos das ações
nos aspectos políticos sociais e econômicos em termos de vantagens e desvantagens
decorrentes serão de significativa importância. Como exemplos pode-se mencionar:
- efeitos colaterais das ações sobre a propriedade e segurança física da população;
- posse da localidade com importância política e ou cultural como fator psicológico ou
de influência na direção superior do conflito;
- ingerências econômicas e de infra-estrutura do controle da área urbana para a sua
população;
ordem visando evitar que a área urbana interfira nas operações realizadas fora desta; e
Resgatar – ação de retirar do interior da área urbana pessoal ou material de importância
para as ações militares.
O planejador selecionará, dentre as citadas tarefas essenciais, a combinação necessária à
obtenção dos efeitos desejados previstos, complementando-as e integrando-as com
outras tarefas específicas para a situação vivenciada.
5.4 - AÇÕES A EMPREENDER PARA O CUMPRIMENTO DAS TAREFAS
ESSENCIAIS
Para o desenvolvimento das tarefas essenciais o comandante realizará uma série de
ações componentes cuja sincronia resultará no cumprimento da tarefa a ele atribuída,
conforme a seguir apresentado:
- Conquistar e/ou defender – tratando-se da mais intensa interação em área urbana, este
tipo de tarefa envolve basicamente as ações militares detalhadas nos artigos 5.5 -
Ações Ofensivas em Área Urbana e 5.6 - Ações Defensivas em Área Urbana, deste
capítulo;
- Destruir - este tipo de tarefa envolve ações de combate mínimas necessárias para
possibilitar a destruição, não importando na ação de manutenção posterior; e
- Controlar - tipo de tarefa que um comandante receberá normalmente, e que deverá ser
executada por meio das ações componentes ou da adoção de medidas de segurança a
seguir listadas, em parte da localidade e corredores selecionados com maior ênfase, e
em menor grau no restante da localidade:
- conquista e manutenção de instalações específicas selecionadas;
- controle de “corredores de segurança”;
- execução de patrulhas na superfície;
- inspeções aleatórias de prédios e “vias subterrâneas”;
- controle de pontos de passagem obrigatórios;
- controle de “pontos elevados” selecionados;
- bloqueio de vias de superfície e subterrâneas;
- uso de escoltas para os comboios mais importantes;
- patrulhamento aéreo com emprego de helicóptero;
- controle de trânsito e circulação da população;
- controle dos acessos principais da localidade; e
- ataque a posições inimigas que controlem setores de nosso interesse.
percorrida e o terreno que facilita a progressão da tropa, bem como seus apoios.
O ataque principal deve sempre incidir sobre acidentes capitais que apóiam a
abordagem da localidade e o prosseguimento para o interior em melhores
condições. Seu poder de combate traz as mesmas considerações das operações
ofensivas convencionais. Nesta fase, poderão ser desencadeados fogos indiretos
sobre alvos selecionados, a fim de apoiar a conquista de objetivos isolados. As
armas automáticas e armas anticarro também apoiarão a conquista desses
objetivos. Os blindados proverão apoio e proteção às peças de manobra
encarregadas do isolamento.
As ações realizadas na fase do isolamento, quando atender ao princípio da
surpresa e convenientemente sincronizada com as outras fases, representará para o
inimigo a quebra de seu planejamento dificultando a condução de suas ações
subseqüentes.
No isolamento, raramente as frações dispõem de tempo, mão-de-obra, material,
transporte ou equipamento em quantidade suficiente para construir os obstáculos
necessários. Por isto uma ordem de prioridade deverá ser estabelecida,
geralmente, em função da contribuição que um determinado obstáculo pode dar ao
cumprimento da missão da força atacante, com os esforços iniciais dirigidos para
os obstáculos destinados à proteção de um flanco vulnerável e ao bloqueio de
prováveis vias de acesso, ou para impedir que o inimigo tenha acesso aos
acidentes capitais do terreno.
b) Avanço
A fase do avanço caracteriza-se pela eliminação ou redução da observação
terrestre e dos tiros diretos do defensor sobre as vias de acesso que chegam à
localidade. Nessa fase, também as armas de apoio e a reserva cerram à frente
ocupando posições, que possibilitem a futura progressão no interior da localidade,
a ser conduzida na fase seguinte.
Para o desenvolvimento das ações devem ser considerados os seguintes fatores:
- conquista da orla anterior;
- surpresa;
- simplicidade;
- segurança;
- posições para armas de tiro direto fora da área edificada;
em outras missões.
Quando uma região urbanizada é fracamente defendida, é preferível que os
elementos da vanguarda avancem rapidamente para capturar as instalações vitais.
Nessa situação, as unidades de apoio e reserva tomam a seu cargo as missões de
limpeza das áreas que tenham sido ultrapassadas ou limpas sumariamente pelas
unidades da vanguarda. Há necessidade de uma estreita coordenação entre as
unidades da vanguarda e as unidades encarregadas da limpeza, para evitar que elas
entrem em confronto em conseqüência de enganos na identificação.
No interior da região devem ser usadas linhas de controle com a finalidade de
assegurar o controle das operações por parte do escalão superior, além de
proporcionar a este o conhecimento do posicionamento de suas forças. As linhas
de controle evitam que haja uma descoordenação da posição das tropas de
primeiro escalão, quebrando assim a linearidade e facilitando a intervenção do
escalão superior por meio da artilharia ou apoio aéreo.
As armas automáticas são empregadas na execução de fogos rasantes nas vias de
acesso prováveis, estabelecendo faixas de fogos ou zonas de matança, com a
finalidade de impedir sua utilização pelo inimigo que for expulso dos prédios. Os
lança-chamas podem ser empregados, tanto portáteis como conduzidos em carros,
por unidades em 1º escalão. São particularmente úteis na destruição do inimigo
abrigado em porões, esgotos, subterrâneos ou casamatas. Também serão
empregados na redução de barricadas nas ruas. O seu uso deve ser restrito ao
necessário, considerando a possibilidade da proliferação de incêndios.
As pequenas distâncias de combate requerem designações bem precisas dos alvos
e restringem o emprego da artilharia, acarretando um maior emprego de morteiros
para suprir esta necessidade; tendo em vista seu menor alcance, menor raio de
ação da granada e a maior mobilidade, em virtude do seu peso reduzido.
Os helicópteros encontram largo emprego, sendo tanto utilizado para evacuações
aeromóveis, como para desalojar franco-atirador por meio da realização de tiro
embarcado, ou para condução do apoio de fogo.
As frações de engenharia normalmente, são utilizadas em apoio ao conjunto. São
muito úteis na remoção de minas e armadilhas, destroços, lançamentos de
obstáculos, barreiras e demolições previamente planejadas.
Os blindados recebem uma zona de ação secundária onde o inimigo é fraco e
centros de resistência é ditada pela observação que proporciona e pelo seu natural
valor defensivo, e sua posse assegura a integridade da posição de resistência.
Os terrenos desfavoráveis devem ser organizados em profundidade e defendidos
com a construção de obstáculos. Nenhuma faixa de terreno no interior da linha
fortificada deve permanecer inteiramente sem proteção pelo fogo. Se o terreno
deve ser efetivamente defendido, é necessário um apoio mútuo pelas unidades e
armas adjacentes. O apoio de fogos indiretos e o cruzamento de fogos de armas
automáticas, são essenciais para que o assalto inimigo seja detido ou repelido.
Se o atacante logra atingir nossas posições, a resistência continua pelo aumento de
intensidade dos fogos e pelo combate aproximado nas ruas e no interior dos
edifícios. Armas coletivas de tiro tenso, armas individuais e granadas de mão
tornam-se os meios mais importantes de defesa da posição principal de
resistência. O sucesso da defesa depende do firme propósito de cada unidade em
manter sua posição. Os comandantes das frações mantêm suas posições e fecham
as brechas com o fogo ou com o emprego de suas reservas.
Desta forma, reservas locais devem permanecer disponíveis no interior da posição
de resistência em condições de limitar as penetrações ou expulsar o inimigo da
posição. Uma parte da artilharia leve pode ser localizada em área de retaguarda da
posição principal, abrigada ou não, com missão de deter ou repelir o inimigo à
frente da posição, com tiro indireto. Se houver uma penetração na posição, a
artilharia leve auxilia a expulsão do inimigo por meio de tiros diretos ou indiretos.
c) Reserva
A reserva é incumbida, principalmente, de impedir o cerco, bloquear ou contra-
atacar os elementos que tentam uma penetração e defender os flancos e a
retaguarda. Reservas móveis, localizadas em zonas de reunião cobertas ou em
subterrâneos, devem estar prontas para se movimentarem rapidamente para a
posição de ataque prevista, de onde possa ser lançado um contra-ataque sobre
qualquer parte da posição principal que tenha sucumbido. Utiliza-se ao máximo as
cobertas para seu deslocamento até a posição de ataque. As reservas devem estar,
também, prontas para ocuparem zonas de defesa previamente preparadas, atrás da
posição principal, para limitar as penetrações inimigas ou evitar um envolvimento
de parte da posição principal.
com precisão e com maior poder de destruição, que pode ser utilizado principalmente
contra viaturas blindadas, carros de combate, posições fortificadas, para destruir
transformadores, geradores, estações retransmissoras, contra PC, para neutralizar
equipamentos de guerra eletrônica e até mesmo contra aeronaves, em particular as de
asa rotativa. Desta forma, o uso em conjunto de armas anticarro e armas terra-ar
portáteis flexibilizam o emprego de peritos atiradores, já que na maioria das vezes a sua
posição de tiro permite o uso de todas estas armas.
Os supressores de ruídos, aliados ao uso de munições subsônicas, devem ter seu uso
restrito e de forma criteriosa, uma vez que diminui bastante a energia a ser transmitida
pela munição, devido à diminuição de energia cinética. Contudo, o supressor de ruídos
dificulta a localização dos atiradores, quer pela diminuição do som ou pela diminuição
do clarão na boca da arma, principalmente à noite. No entanto, o supressor de ruído
encurta muito o alcance útil da arma.
O perito atirador deve levar consigo material específico para operar em área urbana.
Para isto, ele deve buscar ao máximo a dissimulação de seu material, quer pelo tipo de
camuflagem que deve ser adequada ou pela preocupação de dissimular o armamento
pela quebra do contorno. Além disso, é de suma importância o material de
comunicações, tais como rádios, painéis de sinalização, “strobelights”, espelhos de
sinalização, granadas fumígenas, “flashlight” e bastões de sinalização. O material de
sinalização é extremamente útil, possibilita a comunicação com elementos infiltrados,
equipes de resgate, equipes de suprimento ou de ressuprimento e outros elementos de
apoio, além do fumígeno que serve tanto para sinalização quanto para cobrir a evasão.
A instrução das equipes de peritos atiradores deve levar em conta a dificuldade deste
ambiente operacional para progredir, desta forma, o treinamento deve dar ênfase ao
avanço por lances, principalmente no que tange ao cuidado na escolha das cobertas e
abrigos. Deve sempre procurar explorar ao máximo o apoio mútuo entre as equipes e a
segurança na progressão, por meio da execução de base de fogos para apoiar os lances
sucessivos.
Em ambiente operacional urbano a maioria dos movimentos é feita em períodos de
escuridão, tendo em vista as curtas distâncias de engajamento e movimento canalizado
que propicia a amarração das armas de apoio em pontos de passagem obrigatórios. As
luzes da cidade e holofotes podem comprometer o deslocamento das equipes. Quando
houver luar deve-se buscar progredir pela sombra evitando situações que gerem
silhueta. A arma deve ficar o mais próximo do corpo e o mais perpendicular possível do
chão para que a silhueta da arma não seja projetada.
É desejável, também, um conhecimento razoável de explosivos por parte das equipes de
peritos atiradores, haja vista que o uso de cargas já preparadas facilita a abertura de
portas ou brechas em paredes na hora da fuga ou abordagem de edificações.
Outro problema a ser considerado pelos atiradores que operam em ambiente operacional
urbano é a possibilidade de ter sua posição denunciada pelo clarão que é produzido no
interior dos cômodos das edificações quando são realizados disparos em seu interior ou,
até mesmo, quando estes estão sobre as lajes ou em terraços.
Os peritos atiradores devem saber exatamente a posição da tropa amiga, tendo em vista
a dificuldade de identificação à noite. Além disso, devem buscar ao máximo a
adequabilidade em sua camuflagem. Para tal deve levar em consideração as horas de
luminosidade e as construções à sua volta, por vezes sendo necessária a troca de
uniforme mais de uma vez numa mesma operação.
Outro fator a ser levado em consideração é a utilização de contra-atiradores, para que se
tenha êxito na busca e eliminação dos peritos atiradores inimigos. O primeiro cuidado é
adestrar a tropa a perceber a atuação de atiradores inimigos por meio dos seguintes
indícios:
- observação de fuzis especiais na área;
- descoberta de focos de resistência inimiga, geralmente isolada e nos últimos andares
ou a grandes alturas;
- descoberta de pequenos grupos de dois a quatro homens agindo isoladamente;
- tiros disparados de posições isoladas a mais de 400m;
- vários mortos ou feridos por tiros vindos de uma mesma posição;
- grande número de líderes baleados, demonstrando o uso do tiro seletivo;
- grande número de mortos por tiro na cabeça advindo de posição de tiro distante; e
- execução de tiros contra alvos expostos por poucos segundos.
No tiro de contra-atiradores pode-se refazer a trajetória do tiro de peritos atiradores
inimigos por meio de azimute a ré, quer pela observação da fumaça ou pelo fogo que sai
da boca do cano, por meio da observação por buracos feitos em paredes ou pilares de
madeira. Outra forma, é a colocação de bonecos ou capacetes erguidos por hastes,
rapidamente, em diferentes locais para forçar a atuação do perito atirador inimigo para
que denuncie prematuramente a sua posição.
CAPÍTULO 6
APOIO AO COMBATE
6.1 - INTRODUÇÃO
Na execução e desenvolvimento de operações em áreas urbanas os sistemas de armas
dos GptOpFuzNav deverão estar perfeitamente integrados e conjugados com a manobra
de modo a atuarem como multiplicadores de força. Deve ficar nítido ao opositor que a
tropa não hesitará em usar suas armas de apoio. Tal percepção fará com que o inimigo
procure cobertas e abrigos, buscando proteger-se dos fogos de artilharia, dos ataques
aéreos e dos fogos desencadeados pelos demais armamentos, permitindo que as forças
manobrem com maior liberdade para ocupação de posições vantajosas no ambiente
urbano e que possam manter a iniciativa das ações.
6.2 - APOIO DE FOGO
6.2.1 - Fogo Aéreo
As características do ambiente urbano tornam o Apoio de Fogo Aéreo (ApFAe)
complexo. O combate aproximado, travado por pequenas unidades, dificulta a
identificação das tropas amigas e inimigas pelos pilotos, exigindo um eficiente
processo de identificação dos alvos, bem como, da sua localização.
As mesmas considerações são válidas para as ações defensivas e ofensivas. Para um
ApFAe eficaz devem ser observados os seguintes cuidados:
- utilizar, sempre que possível, um Controlador Aéreo Avançado (CAA), que poderá
estar baseado em terra ou embarcado em aeronave. É recomendável que as frações
tenham um elemento adestrado em procedimentos para os pedidos de ApFAe, a
exemplo dos Guia Aéreo Avançado (GAA);
- localizar os alvos com precisão;
- selecionar o armamento/munição adequado para o alvo, considerando a precisão, o
efeito no alvo e o raio de ação;
- planejar o emprego da aviação, preferencialmente, contra alvos que não possam ser
batidos por fogos de Art e Mrt;
- listar como alvos, aqueles que possam ser plotados e identificados de forma precisa
pela tripulação das aeronaves;
- assegurar, o mais cedo possível, liberdade de ação e segurança para as aeronaves,
evitando assim, que as mesmas se engajem com outra ameaça; e
- empregar recursos técnicos para a designação e marcação de alvos, tais como
precisamente os alvos;
- os escombros resultantes dos ataques aéreos podem aumentar as opções de
abrigo para o inimigo e criar obstáculos para o movimento das forças amigas;
- a proximidade entre forças inimigas e amigas aumenta a possibilidade do
desencadeamento de fogos sobre tropas amigas, podendo requerer o emprego de
munições guiadas ou o desengajamento temporário das forças amigas, visando
preservá-las dos fogos e dos efeitos colaterais; e
- objetivando preservar as facilidades existentes na cidade e a integridade da
população, o fogo aéreo poderá sofrer severas restrições, devendo as mesmas
serem estabelecidas nas Regras de Comportamento Operativo e nos planos de
ApF.
Nas ações ofensivas as aeronaves de asa fixa podem contribuir para:
- realizar reconhecimento tático em proveito das atividades de inteligência;
- apoiar o isolamento, por meio do desencadeamento de fogos de interdição, nas
vias de comunicações terrestres ou aquáticas; e
- apoiar o ataque a pontos fortes, principalmente quando for possível dispor de
munições guiadas.
Nas ações defensivas as aeronaves de asa fixa podem contribuir para:
- apoiar o ataque em formações ou concentrações inimigas fora do perímetro
urbano;
- desgastar forças inimigas que se aproximam ou tentem desbordar posições
amigas na orla externa da localidade;
- apoiar o contra-ataque a pontos fortes conquistados pelo inimigo, principalmente
quando for possível dispor de munições guiadas; e
- apoiar o ataque a posições de artilharia, instalações logísticas e postos de
comando e controle do inimigo.
b) Operações com Aeronaves de Asa Rotativa
Dentre as considerações específicas para o emprego das aeronaves de asas
rotativas em ambiente urbano destacam-se:
- desalojar peritos atiradores e observadores avançados;
- observar do tiro de artilharia;
- infiltrar equipes especiais para realizar varreduras ou trabalhos específicos;
- retransmitir as comunicações;
duplas ou trios de acordo com a situação tática para proporcionar apoio mútuo.
Enquanto uma aeronave desloca-se em direção a posição inimiga para o perito
atirador cumprir sua missão, a outra proporciona apoio aproximado orbitando
sobre as edificações circunvizinhas.
Outro tipo de emprego muito utilizado para o helicóptero é a realização de resgate
de feridos ou evacuações aeromédicas. Neste caso, deve-se analisar com cuidado
o risco ao qual vai se expor à aeronave e deve ser utilizado o mesmo
procedimento empregado para transportar as equipes de peritos atiradores.
Enquanto os atiradores concentram-se na busca de alvos, o co-piloto preocupa-se
com a navegação e com a verificação de obstáculos principalmente redes elétricas
e o piloto com a condução e operação da aeronave.
As aeronaves de asa rotativa de maior porte, utilizadas para o transporte de tropas,
apresentam grandes vulnerabilidades em combates em áreas edificadas.
c) Considerações sobre os alvos no Apoio Aéreo Aproximado (ApAeAprox).
A necessidade de salvaguardar as forças amigas dos efeitos dos fogos das
aeronaves, quando do engajamento de alvos, demanda um eficaz controle do
apoio de fogo.
d) Operações com Veículos Aéreos não Tripulados (VANT)
Os VANT contribuem para a vigilância de extensas áreas e para a localização e
designação de alvos, sendo importantes para o processo decisório sobre emprego
do ApF. Os sensores dos VANT garantem que diversos escalões tenham acesso às
informações necessárias, de forma que tenham uma percepção uniforme da
situação tática (imagem) e que o Centro de Coordenação de Apoio de Fogo
(CCAF) possa priorizar adequadamente as solicitações de ApF.
A presença do VANT, contribui para a inibição das atividades ostensivas
inimigas.
6.2.2 - Artilharia
A artilharia pode ser empregada durante toda ofensiva (nas três fases do ataque em
áreas urbanas) para isolar a região de interesse. Seus tiros batem as vias de acesso e
as vias de retraimento para evitar o recebimento de reforços e ocasionar baixas aos
elementos em retirada.
Geralmente, as necessidades de apoio de artilharia para os GptOpFN atuando em
áreas urbanas incluem: a interdição e corte das linhas de comunicações, neutralização
missões terrestres sem prejuízo de sua missão principal, devido ao grande volume de
fogo que podem desencadear, neutralizando posições inimigas fora dos prédios ou
em telhados e posições próximas as áreas ocupadas por tropas amigas.
6.2.5 - Fogo naval
O apoio de fogo naval inclui a utilização de canhões navais e mísseis. O canhão
naval, em virtude da trajetória tensa de seus fogos e pela grande dispersão em
profundidade, tem emprego limitado no apoio às operações militares em área urbana
próximas ao litoral. O emprego prioritário dos mísseis para bater alvos de superfície
não é, em geral, uma boa opção para o apoio direto às tropas. Os mísseis de cruzeiro,
no entanto, por sua alta tecnologia, podem ser utilizados contra alvos pontuais em
terra.
6.2.6 - Armas anticarro
As armas anticarro possuem relativa cadência de tiro e alto poder de penetração que
podem perfurar e destruir blindados e carros de combate, também, poderão ser
utilizadas contra pontos fortes, casamatas, posições de metralhadoras e, em situações
extremas, serem utilizadas contra peritos atiradores.
As armas anticarro são normalmente empregadas por pequenas frações, de forma
descentralizada, sendo dispostas ao longo das principais vias públicas e nos andares
superiores dos prédios, podendo bater alvos distantes. Como regra de segurança, as
armas anticarro deverão ocupar posições que facilitem mudanças rápidas e que
possam contar com apoio mútuo.
A defesa anticarro (DAC) deve ser capaz de deter um ataque de blindados,
impedindo-os de entrar nas ruas e destruindo aqueles que conseguirem penetrar na
área edificada. A DAC é organizada em profundidade, barrando as vias de acesso
mais favorável aos carros de combate inimigo. Deve-se ter a preocupação de manter
uma reserva provida de meios anticarros móveis. São empregados na DAC carros de
combate, canhões, granadas de fuzil, AT-4 e mísseis (condicionado a bons campos
de tiros e distância mínima para armar sua espoleta). A artilharia e os morteiros
auxiliam na defesa anticarro, procurando dissociar os carros da infantaria, seja
abrindo crateras que dificultam sua progressão ou mesmo atingindo-os.
6.3 - BLINDADOS
Para a obtenção do êxito nos confrontos urbanos é necessário buscar ao máximo o
binômio constituído por tropas de infantaria apoiada por viaturas blindadas e carros de
combate; porém muita das vezes devido à natureza dos obstáculos ou até mesmo do
terreno, ou por agravamentos feitos pela tropa que defende, torna-se inviável uma
dosagem equilibrada dos carros de combate em relação às viaturas blindadas de
transporte de pessoal. Contudo o carro de combate ainda é a melhor arma contra outro
carro, podendo ser utilizado na plenitude de sua fração, desmembrando-se por pelotão
ou até mesmo na menor unidade de comando para apoiar a infantaria.
O apoio de blindados, no combate em áreas urbanas, se reveste das seguintes
características:
- observação limitada;
- reduzidos campos de tiro;
- dificuldade de coordenação e controle;
- descentralização máxima, até os mais baixos escalões de comando;
- dificuldades de localizar o inimigo;
- dificuldade de comunicação;
- predomínio do combate aproximado, estando os combatentes separados, muitas vezes,
apenas por uma parede;
- dificuldade de apoio cerrado de artilharia e aéreo;
- execução freqüente de tiros à curta distância;
- reduzida eficiência do tiro indireto;
- maior necessidade de vigilância e segurança em todas as direções, devido à
compartimentação das áreas edificadas;
- desenvolvimento do combate em três dimensões;
- canalização do movimento das viaturas pelas ruas;
- maior concentração de obstáculos artificiais; e
- reduzida velocidade de progressão.
Durante a fase do isolamento (primeira fase ofensiva) os carros de combate apoiam a
conquista do terreno que domina as vias de acesso à cidade, contribuindo desta forma
barrar a chegada de reforços e cortando as vias de retirada dos defensores. Os blindados
planejam e conduzem suas operações de forma semelhante ao ataque a uma posição
organizada em qualquer terreno. Deve ser usado intenso emprego de apoio de fogo das
armas automáticas e de fumígenos das viaturas blindadas, quer para cegar ou encobrir
movimentos. Os carros de combate devem utilizar sua mobilidade e potência de fogo
para auxiliar na tomada de posição para isolamento da localidade. Nessa fase, a
alvos para os blindados, protegê-los contra ação anticarro e de inimigo à curta distância
ou defender uma área conquistada e limpa organizando um ponto forte.
No interior da área urbana, os blindados também são extremamente úteis na tarefa de
desobstrução de ruas e avenidas por meio da adaptação de lâminas e do uso de
correntes, quer nos carros de combate ou nas viaturas blindadas de transporte de
pessoal. Podem-se utilizar também os blindados para transporte alternativo de pessoal,
material, água, munição, etc.
Os equipamentos de visão noturna dos blindados são extremamente úteis para busca e
localização de alvos, bem como para a vigilância e observação de setores e vias de
acesso.
Dentre as particularidades de emprego dos blindados, uma que afeta diretamente a sua
eficiência é a escolha correta do tipo de munição a ser utilizada. Não só para se buscar
o máximo de resultados, mas também para permitir a segurança da tropa evitando
baixas desnecessárias.
As mensagens visuais pré-estabelecidas mostram-se extremamente úteis para a
coordenação entre a infantaria e os meios blindados, podendo assim proporcionar um
deslocamento seguro para os blindados por regiões balizadas que foram reconhecidas .
As viaturas blindadas também são utilizadas para demonstração de força,
principalmente em conflitos de baixa intensidade tipo: distúrbios civis, operações de
polícia e pontos de controle.
Na defensiva, os carros de combate permanecem nas posições de tiro que lhes são
designadas, ou próximo a elas, em virtude de suas restrições de manobra. Batem os
cruzamentos de ruas, as barricadas, as ruas livres, regiões abertas pelas quais os
blindados inimigos possam aproximar-se e são, também, empregados para bater alvos
inopinados. Os carros de combate são dispostos em largura e profundidade para
deterem os carros inimigos à frente da posição e darem profundidade à defesa anticarro,
quando colocados em apoio à reserva, estes proporcionam maior profundidade à defesa
anticarro e apoiam os contra-ataques.
6.4 - ENGENHARIA
A importância da mobilidade e da contra-mobilidade proporcionada pelo apoio de
engenharia aos GptOpFuzNav, tanto em ações ofensivas como defensivas, pode ser
considerado como um relevante fator de força devido às características estruturais da
área urbana. Neste tipo de ambiente grandes estruturas de concreto armado e metálicas,
pontes, linhas férreas, vias expressas, aeroportos, torres de transmissão, ou outros tipos
de construção ao serem destruídas deixam uma grande quantidade de escombros que
atrapalham o desenvolvimento das ações e, particularmente, podem inviabilizar o apoio
mútuo entre a infantaria e os blindados.
As principais tarefas desenvolvidas pela engenharia são:
- realizar reconhecimento técnico de engenharia;
- preparar destruições planejadas;
- realizar destruições planejadas;
- lançar campos de minas;
- abrir brechas em campos de minas;
- efetuar a limpeza de as minas antipessoal e anticarro e as armadilhas das vias de
acesso e outras zonas por ventura lançadas;
- desobstruir as vias de comunicações, removendo os escombros e outros obstáculos;
- lançar meios de transposição de cursos d’água;
- fazer recuperação de estradas; e
- fazer recuperação de pista de pouso.
Na fase de isolamento e do avanço (primeira e segunda fase da ofensiva) são válidas as
mesmas considerações doutrinárias do ataque coordenado, principalmente no apoio de
engenharia ligado à remoção de obstáculos, abertura de brechas e limpeza de campos de
minas nas vias de acesso que convergem para a área urbana. Após a conquista de
acidentes capitais, que dominam as vias de acesso à localidade, são lançados obstáculos,
de acordo com a prioridade estabelecida no plano de barreiras, para em conjunto com o
apoio de fogos isolar a área de interesse e proteger flancos expostos na orla da área
edificada.
A limpeza (terceira fase da ofensiva) é marcada pela descentralização das frações de
engenharia e pela grande necessidade do apoio de natureza pioneira às tropas em
primeiro escalão.
Para a progressão sistemática casa a casa, quarteirão a quarteirão devem ser constituídos
equipes de marcação, com o efetivo mínimo de dois elementos de engenharia, para
identificar, primeiramente, a colocação de armadilhas no perímetro externo das
construções e posteriormente no interior destas.
Cada construção deverá receber uma classificação de acordo com sua importância
tática, onde será especificada a prioridade e definido qual escalão de engenharia em
CAPÍTULO 7
APOIO DE SERVIÇOS AO COMBATE
7.1 - INTRODUÇÃO
A descentralização das ações e as características do combate aproximado trazem certas
particularidades ao Apoio de Serviços ao Combate (ApSvCmb). Para que operações
militares em área urbana se realizem com sucesso é fundamental que as atividades
logísticas, se desenvolvam integradas e coordenadas com as ações táticas.
7.2 - ASPECTOS LOGÍSTICOS
No planejamento e no desenvolvimento de operações em áreas urbanas os componentes
do ApSvCmb devem buscar atender alguns aspectos logísticos, tais como a
simplicidade, economia, oportunidade, flexibilidade, continuidade, segurança e
prontidão.
A eficiência no planejamento e na execução do apoio logístico não deverá ser
comprometida pela dificuldade de coordenação e controle, peculiar às operações
militares em área urbana. Procedimentos padronizados e normas claras contribuem
sobremaneira para que se atinja a simplicidade, facilitando o entendimento entre os
escalões de ApSvCmb.
Todos os recursos disponíveis na área urbana deverão ser avaliados, em prol do
aproveitamento e da economia do esforço logístico, para satisfazer as necessidades
determinadas, desde que não existam comprometimentos com o cumprimento da
missão e com a segurança física do pessoal envolvido.
A provisão do apoio necessário no tempo e no local adequado, particularmente na
ofensiva, proporcionando a manutenção do ímpeto do ataque que pode ser decisivo nas
operações militares em área urbana, ressalta a importância do princípio da oportunidade.
A faculdade de adaptar-se, permitindo soluções alternativas, sejam concernentes a
prestação de serviços, sejam no tocante a obtenção ou a distribuição dos recursos
necessários garante uma enorme vantagem sobre o inimigo. Esta flexibilidade, esta
ligada à capacidade de adaptação inerente a organização do ApSvCmb, que deve ser
explorada principalmente por ocasião da mudança de fases (isolamento, avanço e
limpeza).
A capacidade de sustentação do combate, em termos de prestação de serviços e
obtenção/distribuição de recursos, até o cumprimento da missão é um dos aspectos
logísticos mais difíceis de serem alcançados. Esta continuidade logística passa a sofrer
c) Classe III
Deve-se aproveitar todas as oportunidades para abastecimento das viaturas. Neste
tipo de operação, a distribuição de combustível será facilitada pelo largo emprego
de camburões ou tonéis.
d) Classe V
Todos os escalões devem se esforçar para o rápido recompletamento da dotação
básica. As frações são dotadas de uma quantidade de munição que lhes permita
operar, sem necessidade de remuniciamento, por períodos relativamente longos.
Se a atividade inimiga o permitir, o remuniciamento pode ser realizado pelas
viaturas orgânicas da unidade, que transportam a munição até o nível subunidade.
Caso esse processo não possa ser empregado, o remuniciamento deverá ser aéreo.
7.3.2 - Saúde
O combate urbano devido às suas características de descentralização e engajamento
de alvos a curtas distâncias, produz um grande número de baixas. A dificuldade
apresentada para se fazer à evacuação de feridos faz com que seja insuficiente a
estrutura de saúde presente nas unidades operativas, para tal torna-se necessário o
uso de uma estrutura específica que realize até mesmo pequenas intervenções
cirúrgicas no local.
Procedimentos especiais podem ser observados para facilitar o apoio de saúde:
- fornecimento de reforço de elementos de saúde, caso necessário, para apoiar
pequenas frações em atuações isoladas e patrulhas, provenientes dos GpSocCia;
- em razão do grande número de baixas esperado neste tipo de ação, a política de
evacuação deve reduzir a permanência das baixas nas instalações de saúde mais à
frente;
- largo emprego do transporte aéreo para deslocar os elementos de saúde onde se
fizer necessário e EVAM em face do número de baixas;
- necessidade de remoção de feridos em pavimentos superiores e terraços;
requerendo padioleiros suplementares, técnicas e equipamentos especiais;
- instrução e emprego de enfermeiros para operar os refúgios de feridos com um
mínimo de supervisão;
- imposição de alto padrão de higiene;
- prevenção em grande escala de doenças endêmicas e epidemias;
- intensa execução de instrução de primeiros socorros; e
CAPÍTULO 8
OUTRAS CONSIDERAÇÕES
8.1 - ENSINAMENTOS ADQUIRIDOS
Analisando as diversas ações conduzidas em ambiente urbano verificamos os seguintes
ensinamentos:
- no combate em áreas urbanas, o estudo dos aspectos militares do terreno (observação
e campo de tiro; cobertas e abrigos; obstáculos; acidentes capitais e vias de acesso) é
bastante complexo e dinâmico;
- apesar de ser um típico combate do componente de infantaria, o apoio cerrado de
outras armas e serviços é fundamental para o êxito das operações;
- uma doutrina específica para o combate em área urbana é de vital importância,
quando do emprego descentralizado das pequenas frações, a observação do princípio
do apoio mútuo, a utilização equipamentos/armamentos adequados a cada tipo de
operação;
- uma maneira de forçar o defensor, bem abrigado, à rendição é destruir seus serviços
básicos, cortando-lhe os suprimentos, quer pelo cerco geral, quer por ações rápidas
contra sua linha de abastecimento;
- para minimizar a vantagem do conhecimento do terreno por parte do defensor, as
tropas atacantes devem buscar treinar em terrenos semelhantes ao que irão combater,
principalmente em termos de conformação, densidade, tipos de edificações, área
construídas e resistência das edificações;
- necessidade do uso criterioso do apoio de fogo a fim de evitar danos desnecessários à
estrutura urbana e escombros em excesso, causados pelo uso de munição inadequada
ou emprego exagerado dos fogos, comprometendo a progressão, principalmente o
movimento dos blindados;
- o emprego das “operações pontuais”, lança possíveis soluções para forçar o inimigo à
rendição, ao destruir seus pontos sensíveis não só na área urbana como também no
terreno adjacente;
- deve-se buscar o revezamento entre as equipes encarregadas de fazer o vasculhamento
das edificações devido ao alto grau de tensão ao qual são submetidos os militares no
desenvolvimento das ações;
- a grande importância que é conferida aos peritos atiradores quando atuam no cenário
urbano;
ameaça.
a) Princípios de aplicação da força em autodefesa
- necessidade - mediante a ocorrência de um ato hostil; e
- proporcionalidade - a força a ser empregada deve ser suficiente em intensidade,
duração e magnitude, baseado nos fatos conhecidos na ocasião pelo
comandante, para decisivamente conter o ato hostil, garantindo a condição de
segurança da unidade.
b) Intenção hostil
Está vetado o emprego do instrumento de autodefesa, somente devendo ser
utilizado com autorização expressa dos escalões superiores.
c) Orientação para ações e meios de autodefesa
- Tentar controlar a situação sem o uso da força – o uso da força é normalmente
o último recurso. Quando tempo e circunstâncias permitirem, a força
potencialmente hostil deve ser advertida, dando-lhe oportunidade de se retirar
ou cessar as ações ameaçadoras.
- Uso de força proporcional para controlar a situação - ao empregar a força em
autodefesa, a natureza, duração e método de engajamento não devem exceder o
necessário para se opor decisivamente ao ato hostil, garantindo a segurança das
unidades.
- Ataque para neutralizar ou destruir – um ataque para neutralizar ou destruir
uma força hostil é autorizado quando tal ação for o único meio seguro para
prevenir ou impedir que um ato hostil seja executado. Quando tais condições
existirem, o engajamento deve ser no momento em que a força hostil deixar de
representar uma ameaça.
As regras de Engajamento (RE), são diretrizes que dizem respeito à preparação e a
forma de condução tática dos combates e engajamentos, descrevendo ações
individuais e coletivas, incluindo ações defensivas e de pronta resposta.
Devem ser estabelecidas nos diversos escalões e serem compreensíveis, executáveis,
compatíveis com a capacidade de combate das tropas envolvidas e, principalmente,
os comandantes devem se assegurar que seus subordinados compreenderam e que
cumprirão estritamente o que está estabelecido nas regras.
Normalmente medidas de controle são adicionadas às regras de
comportamento/engajamento, principalmente para afiançar maior segurança e bem