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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Faculdade de Gestão de Turismo e Informática

Gestão de Tesouraria em empresas do sector público: uma análise sobre a


aplicabilidade da demonstração de fluxos de caixa na empresa Electricidade de
Moçambique – EDM E. P (2016 – 2018)

Clarice Cristene J. Consula Momade

Pemba, Julho de 2021


UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Faculdade de Gestão de Turismo e Informática

Gestão de Tesouraria em empresas do sector público: uma análise sobre a


aplicabilidade da demonstração de fluxos de caixa na empresa Electricidade de
Moçambique – EDM E. P (2016 – 2018)

Clarice Cristene J. Consula Momade

Projecto submetido a Universidade


Católica de Moçambique, Faculdade de
Gestão de Turismo e Informática, como
requisito parcial para a obtenção do grau
de Licenciatura em Contabilidade e
Auditória.

Proposta de Supervisora: Dra. Tomásia Rhongo

Pemba, Julho de 2021


ÍNDICE

CAPITULO 1: INTRODUÇÃO......................................................................................................1
1. Introdução.................................................................................................................................1
1.1. Contextualização...............................................................................................................1
1.2. Justificativa.......................................................................................................................1
1.3. Problematização e Problema.............................................................................................2
1.4. Objectivos.........................................................................................................................4
1.4.1. Geral..........................................................................................................................4
1.4.2. Específicos.................................................................................................................4
1.5. Perguntas de Investigação.................................................................................................4
1.6. Delimitação da pesquisa....................................................................................................4
1.7. Organização do Trabalho..................................................................................................5
CAPITULO II: REVISAO DA LITERATURA..............................................................................6
2. Revisão de Literatura................................................................................................................6
2.1. Revisão Teórica.................................................................................................................6
2.1.1. Administração financeira (conceito)..........................................................................6
2.1.2. Fluxo de caixa............................................................................................................7
2.2. Revisão Empírica..............................................................................................................8
CAPITULO III: METODOLOGIA DE PESQUISA....................................................................10
3. Metodologia............................................................................................................................10
3.1. Quanto a Natureza...........................................................................................................10
3.2. Quanto a abordagem.......................................................................................................10
3.3. Quanto aos objectivos.....................................................................................................11
3.4. Quanto aos procedimentos técnicos................................................................................11
3.4.1. Pesquisa Bibliográfica.................................................................................................12
3.4.2. Estudo de caso.............................................................................................................12
3.5. Técnicas de recolha de dados..........................................................................................13
3.5.1. Entrevistas................................................................................................................13
3.5.2. Observação não participante....................................................................................13
3.5.3. Pesquisa documental................................................................................................14
3.6. População de estudo........................................................................................................14
3.7. Amostra ou Participantes do estudo................................................................................14
3.7.1. Amostra/Participantes..............................................................................................14
4. Cronograma...............................................................................................................................15
5. Orçamento da Pesquisa..............................................................................................................15
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................................17
DECLARAÇÃO DE AUTORIA
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTO
LISTA DE ABREVIATURA
RESUMO
ABSTRACT
CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO

1. Introdução
1.1. Contextualização

Graças ao fluxo de caixa adiantado, é possível criar expectativas positivas ou negativas sobre o
setor financeiro do empreendimento. Por isso, se faz tão necessário o acesso facilitado aos dados
financeiros, o que será decisivo no crescimento ou queda da empresa. Com o preenchimento
correto do fluxo de caixa, é possível calcular antecipadamente o que se pode esperar da empresa
para os próximos dias, meses ou anos (Batista, 2020).

Uma das bases das empresas de sucesso é a gestão financeira! Todas as empresas que conseguem
se manter saudáveis e em constante crescimento, mantêm o controlo de dinheiro, de vendas,
entradas e saídas, pagamentos diversos, entre outros. Por isso é fundamental ter um fluxo de
caixa para manter a organização das finanças (Batista, 2020).

É necessário que se trate o fluxo de caixa e consequentemente a gestão de tesouraria como


importante instrumento de avaliação da gestão, capaz de conduzir aos gestores a observação das
finanças, alertando a possíveis ajustes, de forma que as receitas não sejam superestimadas, nem
haja acumulo excessivo de passivos financeiros, possibilitando projecção de cenários, inferindo
em decisões de alocações de recursos, investimentos e financiamentos, de forma a prevenir
insolvência futura.

De acordo com o Fundo Monetário Internacional – FMI (2019) a economia de Moçambique


encontra-se num ponto de viragem, e os esforços para abordar as vulnerabilidades em matéria de
governação e corrupção podem ter um impacto positivo duradouro. Os níveis actuais da dívida
pública, fez reexaminar a fundo o quadro de governação e anti-corrupção, e motivou uma série de
reformas para abordar as vulnerabilidades expostas desse mesmo quadro. De um modo geral, os
males que enfrentam a sociedade e, particularmente, da corrupção, têm sido recentemente objecto
de análises pormenorizadas e, sem dúvida, revestem-se de importância macroeconómica crítica.

É neste contexto, que o presente estudo abordará sobre a “Gestão de Tesouraria em empresas do
sector público: uma análise sobre a aplicabilidade da demonstração de fluxos de caixa na
empresa Electricidade de Moçambique – EDM E. P (2016 – 2018)” e visa analisar a
1
aplicabilidade da demonstração de fluxos de caixa na empresa Electricidade de Moçambique –
EDM E. P. No que respeita a estrutura da monografia, este trabalho cumpre a seguinte ordem:

 O primeiro capítulo, que compreende a parte introdutória da pesquisa onde consta a


contextualização, problemática, justificativa, questões de pesquisa e a delimitação do
estudo;
 O segundo capítulo, que compreende a Revisão de Literatura. Neste capítulo se
encontram o contexto teórico do estudo com variedades de opiniões dos Autores e é aqui
onde esta o foco da revisão;
 O terceiro capítulo, que descreve a Metodologia de investigação que foi usada para
produção desta investigação, fazendo uma descrição geral do estudo de campo, assim
como a classificação do estudo. Nesse mesmo capítulo está incluso o tipo de pesquisa
usada, as técnicas de colecta de dados assim como de análise de dados e o cronograma de
actividades baseado para a produção da pesquisa assim como as referências bibliográficas
usadas para a elaboração do mesmo;
 O quarto capítulo, referente a apresentação e analise se dados óbitos através da entrevista
semiestruturada e pesquisa documental;
 O quinto capítulo onde foi feita a discussão de dados, que consistiu na harmonização dos
dados colhidos no campo com a revisão bibliográficas e entre outros documentos
analisados; e
 O sexto capítulo referente a conclusão do estudo, ou seja, é onde constam as
considerações finais do estudo, as respostas das perguntas de pesquisa e as
recomendações para o grupo-alvo interessado nos resultados da pesquisa.

1.2. Problematização e Problema

Segundo Silva e Neiva (2010) a elaboração do fluxo de caixa auxilia seus gestores nas tomadas
de decisões empresariais e financeiras criando uma estratégia financeira do seu caixa. Portanto,
para que isto aconteça, o fluxo de caixa deve reflectir com precisão a projecção da situação
económica da empresa, em termos financeiros, uma vez que se constitui em instrumento essencial
para que a empresa possa ter agilidade e segurança em suas actividades financeiras e ferramenta
de importância fundamental para a boa administração e avaliação das organizações. A sua
2
adopção possibilita uma boa gestão dos recursos financeiros, evitando situações de insolvência ou
falta de liquidez que representam sérias ameaças à continuidade das organizações.

Com todos os problemas que a EDM enfrenta, ainda sofre influência política do Governo, que
intervém em muitos aspectos da vida da empresa. As instituições do Estado acumulam facturas
ao longo de meses, e até de anos, e a EDM não pode cortar o fornecimento de electricidade
porque o Governo, a nível de Pemba, intervém para impedir que a EDM faça cobrança coerciva
de facturas atrasadas e essa situação tem reflexo directo nas contas da empresa e no desempenho
financeiro da empresa.

Partindo do pressuposto dessas reflexões e tendo em consideração que o fluxo de caixa é um


instrumento que informa toda a movimentação de dinheiro, sempre considerando um período
determinado e indica a origem de todas as entradas na empresa, coloca-se a seguinte questão de
partida: Qual é o a aplicabilidade das técnicas de gestão de tesouraria no desempenho financeiro
das empresas públicas?

1.3. Objectivos
1.3.1. Geral
 Analisar a Gestão de Tesouraria em empresas do sector público atraves da aplicabilidade
da demonstração de fluxos de caixa na empresa Electricidade de Moçambique – EDM E.
P (2016 – 2018).

1.3.2. Específicos
 Descrever o processo de elaboração da demonstração de fluxos de caixa na EDM;
 Estabelecer a relação existente entre a gestão de tesouraria e a demonstração de fluxos de
caixa em empresas do sector público;
 Verificar a necessidade da gestão de tesouraria nas empresas públicas;

1.4. Perguntas de Investigação


 Como é o processo de elaboração da demonstração de fluxos de caixa na EDM?
 Qual é o a relação existente entre a gestão de tesouraria e a demonstração de fluxos de
caixa em empresas do sector público?

3
 Qual é a necessidade da gestão de tesouraria nas empresas públicas?
1.5. Justificativa

Este estudo tem bastante relevância por constituir um problema da actualidade e pode contribuir
para o enriquecimento em termos académicos e profissionais, além do mais poderá ser de grande
contributo para os gestores da empresa.

Tal como descreve Peixoto (2009) devido ao fenómeno da internacionalização e globalização da


economia, a procura de produtividade e de maior eficiência de gestão dos serviços públicos é um
assunto relevante para a actual realidade económica e para as boas práticas de gestão
(considerando as dificuldades e restrições reais das entidades públicas), que induziu a uma
mudança de gestão da administração pública associados aos princípios da NGP, segundo “a qual
as organizações do sector público e do sector privado podem e devem ser geridas através de
princípios similares na sua essência, apesar das organizações públicas terem o interesse público
como objectivo e fim das suas actividades e de serem relativamente controladas pelo poder
político”.

Sob ponto de vista pessoal, esse estudo constitui um desafio académico e que poderá contribuir
para aprofundar a dinâmica da gestão do fluxo de caixa nas empresas públicas, partindo do
princípio de que a escolha deste tema se originou de estudos e leituras feitas sobre o tema ligadas
a cadeira de contabilidade financeira e gestão financeira.

No que toca a sociedade, o presente projecto de pesquisa pode ser considerado uma fonte de
informação e inspiração para novos estudos e para compreender o funcionamento da gestão de
fluxo de caixa na EDM.

1.6. Delimitação da pesquisa

O projecto subordina-se ao tema: Gestão de Tesouraria em empresas do sector público: uma


análise sobre a aplicabilidade da demonstração de fluxos de caixa na empresa Electricidade de
Moçambique – EDM E. P (2016 – 2018) e enquadra-se nos conteúdos das cadeiras de
Contabilidade Financeira e Gestão Financeira leccionadas na UCM – FGTI Pemba.

Quanto ao espaço: O projecto realizar-se-á no bairro cimento, concretamente na Avenida 7 de


Abril na cidade de Pemba, província Cabo Delgado.
4
Em relação ao tempo, o projecto irá abranger os períodos entre 2016 à 2018. Período esse, que,
devido à crise financeira e o aparecimento da tónica das dívidas ocultas, tem colocado em cheque
a transparência da gestão das entidades públicas.

5
CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA
2. Revisão de Literatura

Neste capítulo são abordados pressupostos teóricos que deram o alicerce à presente pesquisa,
discorrendo sobre temas e definições cujo conhecimento foi essencial à sua realização.

2.1. Revisão Teórica


2.1.1. Administração financeira (conceito)

Historicamente, a função da área financeira na empresa tem sido administrar, de modo


centralizado, todos os seus recursos financeiros. Essa função tem variado conforme o tipo de
empresa e as circunstâncias em que ela se encontra, havendo fases de maior ou menor
predomínio e controlo da área financeira sobre as demais áreas da empresa.

Para Gitman (2013) o objectivo da administração financeira está ligado ao objectivo da empresa:
maximização de seu lucro e de seus accionistas. Sua função é criar mecanismos de análise e
controle, para orientar e influir nas tomadas de decisão que resultem em maior retorno financeiro
para a empresa.

No entanto, além do retorno financeiro, a administração financeira deve cuidar também da


manutenção de um certo nível de liquidez da empresa, a fim de permitir disponibilidade de
recursos para sustentar suas actividades do dia-a-dia, como produção, marketing, compras e
desenvolvimento de produtos.

Assim, na empresa, segundo Sanvicente (1987), a área financeira tem como atribuição controlar
os recursos e fornecer informações requeridas pelas diversas áreas de responsabilidade, receber e
gerir os recursos financeiros gerados nas actividades da empresa, além de aplicar os recursos
excedentes, com a melhor rentabilidade possível.

Em síntese, Neto e Silva (2002) afirmam que a função da administração financeira é fornecer à
empresa recursos de caixa suficientes para o cumprimento dos compromissos assumidos e ainda a
maximização da riqueza da empresa.

6
Para Gitman, (2004) a administração financeira diz respeito as responsabilidades e tarefas de
controle visando a melhoria do resultado da empresa. Entretanto, para Lemes Júnior (2002) “a
administração financeira direciona a empresa e estabelece o modo pelo qual os objetivos
financeiros podem ser alcançados. Em sua maioria, as decisões demoram bastante para serem
implantadas. Numa situação de incerteza, isso exige que as decisões sejam analisadas com grande
antecedência” (p. 243).

De modo compacto pode-se afirmar que, controlar finanças de uma empresa, guardada as suas
devidas proporções, é como controlar as suas contas de finanças pessoais. Partindo do
pressuposto de que todos precisam ganhar dinheiro para conseguir pagar as suas contas e, além
disso, todos deveriam gastar menos do que ganham, é necessário obter-se ganhos maiores do que
gastos, para ter um saldo positivo (uma sobra de dinheiro).

Sendo assim, segundo Cheng e Mendes (1989):

A Gestão financeira pode ser definida como a gestão dos fluxos Monetários
derivados da atividade operacional da empresa, em termos de suas respectivas
ocorrências no tempo. Ela objetiva encontrar o equilíbrio entre a “rentabilidade”
(maximização dos retornos dos proprietários da empresa) e a “liquidez” (que se
refere à capacidade de a empresa honrar seus compromissos nos prazos
contratados). Isto é, está implícita na necessidade da Gestão financeira a busca do
equilíbrio entre gerar lucros e manter caixa.

Pode-se dizer que a gestão financeira está preocupada com a administração das entradas e saídas
de recursos monetários provenientes da atividade operacional da empresa, ou seja, com a
administração do fluxo de disponibilidade da empresa (Cheng e Mendes, 1989).

2.1.2. Gestão de Tesouraria

A gestão de tesouraria é, portanto, um componente bastante importante para o bom


desenvolvimento da organização e por isso, o seu papel envolve uma análise e controlo dos
fluxos financeiros de forma a também garantir uma vantagem competitiva numa economia de
mercado, onde o equilíbrio financeiro é uma condição indispensável.

Segundo Couttolenc, B. F. e Zucchi, P. (1998, citado em Ramos), a gestão de tesouraria define-se


basicamente, por uma componente essencial para o bom funcionamento da entidade sendo que,

7
existe uma preocupação de manter o equilíbrio entre a segurança/liquidez e a
rentabilidade/remuneração dos fundos disponíveis.

Neves (2012), define a gestão de tesouraria ou gestão de disponibilidades como: uma função
financeira assemelhando-se ao papel de tesoureiro, no qual, a principal função consiste em
efectuar os recebimentos e pagamentos decorrentes do exercício de atividade da organização,
existindo uma preocupação de manutenção de um saldo que permita assegurar o fluxo normal de
pagamentos/recebimentos da organização. No entanto, esta noção tradicional veio ser ampliada,
emergindo uma preocupação com as decisões de financiamento, isto é, a análise do custo do
financiamento de capitais.

2.1.2.1. Objectivos da gestão de tesouraria

De acordo com De Paula (2019) o objectivo da tesouraria é ter certeza de que os recursos
financeiros da empresa estão sendo o suficiente para abater seus compromissos. Da forma que, o
que “sobrar”, deverá ser investido de maneira eficaz e que traga retorno ao negócio. Em um
panorama geral, a tesouraria cuida de todo o dinheiro da empresa: do controle ao gerenciamento e
investimentos.

Isso representa também questões como empréstimos, por exemplo. Caso a empresa pegue
um empréstimo, em quanto tempo ele será pago? E as taxas de juros, valem a pena e irão
afetar o saldo mínimo de caixa pelos próximos meses? Essas questões são papel da
tesouraria avaliar e definir se são ou não a melhor escolha. No fim, é a tesouraria a área
responsável por pagar as contas sem deixar o caixa no vermelho. E, como um bom
Lannister, a tesouraria de uma empresa também “sempre paga suas dívidas” (De Paula,
2019, p. 2).

Assim, o objectivo e função da tesouraria é projetar o fluxo de caixa para um determinado


período, onde deve ser apresentada uma visão de como será o comportamento do caixa num
futuro próximo, cok vista a possibilitar prever possíveis perdas e/ou ganhos.

2.1.2.2. Orçamento de tesouraria

Sá (2010), menciona que o orçamento de tesouraria deve ser integrado no plano financeiro numa
perspetiva global e a longo prazo, reconhecendo as seguintes funções:

 Prever na generalidade os influxos mais relevantes que provenha das vendas e serviços
são efetuadas pela direção comercial;
8
 Prever exfluxos: pagamentos a fornecedores, despesas com pessoal e outras despesas de
exploração, reembolsos de empréstimos, entre outros pagamentos que ocorram no
decorrer da atividade e sejam previsíveis;

Depois de obtida os recebimentos e despesas, o gestor financeiro deve gerir convenientemente a


tesouraria para que possa dispor de informação como a situação de créditos existentes, contributo
de cada uma das modalidades de financiamento para a estrutura de financiamento e quais as
alternativas de aplicações para eventuais excedentes que possam ocorrer (Sá, 2010).

Caiado (2009, citado em Ramos, 20219, p. 17), refere que :

os orçamentos de tesouraria devem ser elaborados por pessoal especializado, no entanto, o autor
defende que seja discutido pelo pessoal que participa nas atividades intermédias e finais, assim,
possibilita uma ação eficaz e encoraja à definição de objetivos e controlo de gestão. Ainda
segundo este autor, os orçamentos são “relatórios dos resultados esperados e expressos de
maneira quantificada. É a tradução em números de todos os outros tipos de planos. O processo
tem três fases: a primeira caracteriza-se pela elaboração do orçamento para um período
específico, constituindo um padrão; segunda, quantificar e registar a atividade real comparando
com o orçamentado; e por fim, análise dos desvios apurados e tomar decisões corretivas para que
se possam prevenir futuramente.

2.1.3. Fluxo de caixa

Para administrar o caixa é importante a utilização do orçamento ou planeamento de caixa, pois


demonstra as entradas e saídas de caixa projectadas da empresa durante algum período de tempo
especificado (Brigham, Gapenski & Ehrhardt, 2001).

As principais contas patrimoniais operacionais que possuem forte impacto no caixa são: contas a
receber, contas a pagar e estoque. Quando comprado à vista, o estoque tem forte impacto no
caixa, pois é sentido imediatamente, e quando comprado a prazo, o impacto será mediante o
pagamento da duplicata. As contas a receber são advindas das vendas a prazo e as contas a pagar
são provenientes de compras a prazo, obrigações fiscais e trabalhistas e fornecem recursos para
financiar os activos operacionais (Silva, 2006).

Os principais objectivos da demonstração do fluxo de caixa são avaliar alternativas de


investimento; avaliar e controlar ao longo do tempo as decisões importantes que são tomadas na
empresa, com reflexos monetários; avaliar as situações presente e futura do caixa na empresa,
9
posicionando-a para que não chegue a situações de liquidez; e certificar que os excessos
momentâneos de caixa estão sendo devidamente aplicados (Matarazzo, 1998, p. 370).

2.1.3.1. Importância do Fluxo de Caixa

Empresas de sucesso sabem que sem um fluxo de caixa, não há possibilidade de dosar o que está
sendo lucrativo ou desperdiçado em suas rotinas administrativas. Além disso, é por meio desse
fluxo de caixa que muitos investidores sentem a oportunidade ou não, de investir em determinada
empresa.

Segundo Batista (2020), a maioria dos grandes investidores só colocam o seu dinheiro em acções
quando se tem acesso aos ganhos e perdas que tal empreendimento teve durante um período.
Assim, é importante definir quais serão as categorias dos custos e dos recebimentos. Neste caso,
será possível, ao fazer uma avaliação do fluxo de caixa, identificar pontos, gargalos e locais onde
se está a perder lucratividade.

É fundamental que qualquer empresa deva ter um fluxo de caixa inteligente e muito bem
estruturado, para que possa manter sua saúde financeira.

Para Batista (2020) uma empresa sadia financeiramente, que é sustentável e que se mantém no
mercado por muitos anos, é aquela que tem no fluxo de caixa, sua principal ferramenta de
controle estratégico das finanças. Para isso, as empresas desenvolvem métodos específicos.
Porém, o que vem ganhando muita força com o advento da tecnologia, são os softwares que
fazem isso.

2.1.4. O processo de elaboração da demonstração de fluxos de caixa nas empresas


públicas

De acordo com Silva e Martins (2012) como consequência da insuficiência da informação


retirada do balanço e das demonstrações de resultados, no que toca aos fluxos financeiros de uma
entidade, a DFC traz uma mudança nas práticas de divulgação das demonstrações financeiras,
sendo por exceção elaborada na base de caixa.

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E de acordo com Caiado e Gil (2014) as informações necessárias para preparar a DFC advêm de
três principais fontes: dos balanços comparativos, da demonstração de resultados e de outros
dados complementares.

Conforme os mesmos autores, os balanços comparativos contêm informações que indicam o


montante das variações nas rúbricas do ativo, do passivo e do capital próprio do início para o
final do período. As informações da demonstração de resultados ajudam a determinar o montante
de caixa originado ou a ser utilizado pelas operações durante o período. Os outros dados
complementares são obtidos através das contas do razão e fornecem informações adicionais
detalhadas que são necessárias para determinar como o caixa e equivalentes foi provisionado ou
utilizado durante o período.

Após caraterizar as três principais fontes de informação, é importante definir as principais fases
para a elaboração da DFC. Conforme Silva e Martins (2012) e Caiado e Gil (2014, p. 27):

a primeira fase de elaboração da DFC consiste na determinação da variação de caixa e seus equivalentes.
Esta é conseguida através da diferença entre o caixa dos balanços inicial e final. A segunda fase consiste
na determinação dos fluxos de caixa por atividades. Esta fase envolve a análise da demonstração dos
resultados do período, dos balanços comparativos e ainda, de alguns dados das operações. A terceira, e
última fase, consiste na realização da demonstração de fluxos de caixa das atividades de investimento e de
financiamento. É importante que todas as outras variações das contas do balanço sejam analisadas para
determinar o correspondente efeito em caixa.

De acordo com Perante o parágrafo 1 da NCRF 2 citada em Pestana (2014), os fluxos de caixa
devem ser classificados de acordo com o tipo de atividade que os originou. Os fluxos de caixa
apresentados na DFC são classificados por três categorias: as actividades operacionais, as
actividades de investimento e as actividades de financiamento. De forma a entender-se melhor
estas três categorias é necessário transcrever a sua definição através da informação obtida no
parágrafo 3 da NCRF 2:

 Atividades operacionais: são as principais atividades produtoras de rédito da entidade e


outras atividades que não sejam de investimento ou de financiamento.

11
 Atividades de investimento: são a aquisição e alienação de ativos a longo prazo e de
outros investimentos não incluídos em equivalentes de caixa.
 Atividades de financiamento: são as atividades que têm como consequência alterações na
dimensão e composição de capital próprio contribuído e nos empréstimos obtidos pela
entidade.
2.1.4.1. Métodos de elaboração das demostrações de fluxo de caixa

Pestana (2014) afirma que no anterior referencial contabilístico português, a DC 14 de julho de


1993, tal como a IAS 7, prevê duas formas de elaboração da DFC: pelo método direto ou pelo
método indireto. Posteriormente, o legislador do SNC eliminou a apresentação da DFC pelo
método indireto devido ao facto do método direto proporcionar informações mais detalhadas e
completas. Assim, reconhece-se uma das divergências entre a IAS 7 e a NCRF 2.

A diferença entre a utilização do método direto e do método indireto reside na determinação e


apresentação dos fluxos líquidos das atividades operacionais.

Na utilização do método directo a DFC demonstra todos os recebimentos e


pagamentos consequentes das atividades operacionais, permitindo aos utentes
compreender o modo de como a empresa gera e utiliza os seus meios e
pagamentos. Os mesmos autores expõem duas vias possíveis para a determinação
dos fluxos de caixa: diretamente dos registos contabilísticos, mediante a adoção
de contas apropriadas, ou pelo ajustamento de rúbricas da demonstração de
resultados (Caiado & Gil, 2014, p. 33).

Para Silva e Martins (2012) o método indirecto é aquele em que o resultado líquido do exercício é
ajustado por forma a excluírem-se os efeitos de transações que não sejam dinheiro, acréscimos ou
diferimentos relacionados com recebimentos ou pagamentos passados ou futuros e contas de
rendimentos ou gastos relacionados com fluxos de caixa respeitantes às atividades de
investimento ou de financiamento.

2.1.4.2. Análise e Equilíbrio financeiro: Fundo de Maneio, Necessidade de


Fundo de Maneio e Tesouraria Líquida

O objectivo principal da função financeira é garantir que os fluxos monetários (entradas e saídas)
não apresentem desequilíbrios sistemáticos, uma vez que, pode colocar a entidade numa posição
desfavorável. Silva (2010), define o equilíbrio financeiro como a capacidade de satisfazer as suas

12
obrigações nas datas combinadas, ou seja, uma empresa encontra-se em equilíbrio financeiro
quando, de forma estável e continuada, os meios financeiros líquidos são suficientes para pagar
as dividas que se vão vencendo.

Na mesma perspetiva, Neves (2007), define que o equilíbrio financeiro é fundamental para uma
análise da estabilidade da entidade, é um ajuste dos fluxos financeiros que tem como objetivo
garantir que a empresa reúna as condições necessárias para fazer face as dividas que se vão
vencendo, representado por liquidez.

Os indicadores de liquidez que Neves (2007) e Nabais e Nabais (2011) referem e representam a
análise do equilíbrio financeiro a curto prazo: Fundo de Maneio (FM); Necessidade de Fundo de
Maneio (NFM) e Tesouraria Líquida (TL).

O FM representa a margem de segurança da entidade, sendo que quanto maior for a capacidade
de a organização gerar um elevado FM, mais forte será a sua estrutura financeira. Este pode ser
considerado constante no curto prazo. Segundo o autor Neves (2007), o FM é obtido pela
diferença entre os capitais permanentes e o ativo fixo. Os capitais permanentes são os recursos
fixos determinados pela política de financiamento, por exemplo os empréstimos de médio e longo
prazo, e os ativos fixos são o resultado das aplicações de investimento que são em função das
decisões de investimento.

Mortal (2006) por sua vez, considera que o FM tem um papel importante como indicador de
liquidez, dado que, permite avaliar a capacidade de a empresa fazer face às suas obrigações de
pagamento, numa perspetiva de curto prazo.

As NFM estão relacionadas com as necessidades de financiamento do ciclo de exploração, ou


seja, os pagamentos que são necessários efetuar, como por exemplo, fornecedores, outros
credores, pessoal, antes de receber de clientes.

Por último, a TL resulta da diferença entre os recursos libertos pelas decisões de investimento e
financiamento a médio longo prazo (FM) e as NFM indicam a posição da TL. A análise deste
indicador não poder ser analisada de forma isolada, mas sim, em termos comparativos com o

13
próprio FM, ou seja, os montantes destes indicadores devem confrontarem-se de acordo com
Menezes (2005).

2.1.5. A relação existente entre a gestão de tesouraria e a demonstração de fluxos de


caixa em empresas do sector público

Para Silva (2010) analisar o impacto das decisões operacionais na tesouraria é também uma das
tarefas do gestor financeiro, assim como as políticas de financiamento/investimento que se
referem ao médio/longo prazo, uma vez que asseguram a continuidade da empresa e a sua
sustentabilidade.

A gestão de tesouraria administra a movimentação dos recursos financeiros, que são


fundamentais para manutenção da liquidez nas operações diárias. De acordo com Santos, Ferreira
e Faria (2009, p. 76), a gestão de caixa deve existir pelas seguintes razões:

 Obter descontos dos fornecedores, tendo em vista que o custo de não os utilizar é alto;
 Manter a classificação de crédito, por meio da liquidez corrente e sua liquidez seca
alinhadas com as de outras empresas de seu setor;
 Aproveitar oportunidades de negócios favoráveis, como promoções especiais dos
fornecedores ou a chance de adquirir outra empresa;
 Enfrentar emergências como greves, incêndios ou campanhas de marketing dos
concorrentes e também para suportar quedas sazonais ou cíclicas no nível de atividade.

Neste contexto, pode-se dizer que a tesouraria tem como principal instrumento gerencial o Fluxo
de Caixa, que é utilizado para controle e planeamento das movimentações financeiras ocorridas
num determinado horizonte de tempo. Esse instrumento pode ser estruturado de modo diário,
semanal, mensal e anual, com valores acumulados ou não. Para Gitman (2010), o fluxo de caixa é
a preocupação básica do administrador financeiro na gestão das finanças do cotidiano, em
questões de planejamento financeiro e na tomada de decisões estratégicas voltadas para a criação
de valor para os proprietários.

A DFC procura explicar a forma como é gerado e utilizado o dinheiro, demonstrando os fluxos de
recebimentos e de pagamentos de determinada entidade no seu exercício económico. Segundo

14
Nabais e Nabais (2004) a DFC dá informações sobre a formação e evolução das disponibilidades,
sobre os efeitos das decisões de gestão e qual o valor dos fluxos por ciclo operacional, de
investimentos e de financiamento.

De acordo com Oliveira (2017) a previsão dos fluxos de caixa, proporciona aos utilizadores a
informação financeira necessária para determinar a capacidade da empresa em gerar fluxos
monetários e identificar/avaliar as suas necessidades e consequentemente, escolher alternativas
que auxiliem no processo de tomada de decisão na gestão financeira da entidade. A análise dos
fluxos de caixa permite que o gestor consiga perceber a necessidade de captar um empréstimo ou
então, aplicar o excedente de caixa em operações lucr ativas e proporcionar um fluxo monetário
equilibrado.

Gonçalves e Conti (2011) acrescentam que o fluxo de caixa permite também que se estimem os
valores dos influxos e exfluxos para períodos futuros, permitindo ao gestor fazer previsões
minimizando a margem de erro nas suas tomadas de decisão.

De acordo com Baptista (2021) com o fluxo de caixa em mãos o empreendedor poderia
responder:

 O quanto terá de dinheiro no curto, médio e longo prazo (previsão financeira)?


 Qual o prazo dos pagamentos?
 Qual a possibilidade de dar mais prazo com os clientes?
 Se há necessidade de renegociar prazos com os fornecedores?
 Preciso captar recursos de terceiros para financiar as atividades operacionais?
 Quanto de dinheiro tem disponível (saldo atual)?

É através do Fluxo de Caixa que o gestor consegue visualizar quais os gargalos financeiros da
empresa e quais devem ter maiores investimentos, além daqueles com gastos superiores ao
necessário. Desta forma, é possível optimizar os processos cortando custos indevidos em
determinadas áreas e direcionar recursos para outros setores ou operações prioritárias e que estão
deficitárias (Baptista, 2021).

2.1.6. Necessidade da gestão de tesouraria nas empresas públicas

15
Gerir uma empresa é revelar uma constante preocupação por três parâmetros essenciais: a
rendibilidade, a segurança (risco global) e o ritmo de crescimento (Menezes, 1996, citado em
Fernandes, 2014)). A gestão da tesouraria prende-se essencialmente com a ponderação entre a
rentabilidade e o risco, enquanto que o ritmo de crescimento tem haver com o investimento em
AI.

A gestão da tesouraria trata da gestão do Activo Corrente e do Passivo Corrente (note-se que
estes incluem as necessidades e os recursos financeiros totais). Neves (2000), argumenta que esta
gestão se centra no equilíbrio financeiro, o qual resulta da harmonização entre o tempo de
transformação de activos em dinheiro e o ritmo de transformação das dívidas em exigível. E isto
só é possível através do controlo dos fluxos financeiros.

Perante Menezes (1996, citado em Fernandes, 2014), pode-se resumir as quatro regras de gestão
de tesouraria (GT):

 Reduzir, no máximo possível as disponibilidades totais.


 Receber dos clientes o mais rapidamente possível, mas sem prejudicar a rendibilidade, o
nível de actividade da empresa e a sua quota de mercado.
 Acelerar, no maximo possível, a rotação dos diverssos stocks, mas sem prejuízo dos
ritmos normais de aprovisionamento, produção e comercialização. Atrasar, no máximo
possível, os pagamentos aos fornecedores corrente, mas sem afectar a rendibilidade e a
imagem da empresa.

2.1.6.1. A importância da gestão da tesouraria

A gestão de tesouraria é a ponte entre os recursos e a saúde financeira do negócio. Sem ela (ou
sem um profissional que faça o seu papel), de maneira directa, as empresas simplesmente iriam
quebrar. Todas as decisões estratégicas têm impacto no fluxo de caixa. Portanto a tesouraria,
além de fazer o controlo, garantirá que as decisões não interfiram negativamente no saldo da
empresa. Caso a empresa utilize de financiamento, a tesouraria irá planear o pagamento,
considerando juros, prazo e retorno do investimento (De Paula, 2019, p. 2).

16
Na visão de De Paula (2019) para vencer o desafio que tem em mãos a tesouraria possui algumas
rotinas indispensáveis, como: contas a pagar e a receber, fluxo de caixa, conciliações bancárias,
planeamento financeiro e administração dos investimentos.

2.2. Revisão Empírica

De acordo com Silva e Neiva (2000) no estudo feito no Brasil sobre O fluxo de caixa como
ferramenta de gestão financeira e estratégia nas empresas, afirma que o propósito da
Demonstração dos Fluxos de Caixa é propiciar informações sobre os recebimentos e pagamentos
de uma empresa durante determinado período. Secundariamente, objectiva prover ao usuário
discernimento sobre os investimentos e atividades financeiras da empresa. Mais especificamente,
a Demonstração do Fluxo de Caixa pode ajudar investidores e credores a avaliar a capacidade da
empresa de gerar fluxo futuro de caixa positivo, saldar as obrigações e pagar dividendos.

Por intermédio da Demonstração do Fluxo de Caixa a empresa relata informações para o usuário
acerca da origem do caixa gerado e como esse caixa foi consumido. Além de suas próprias
operações, isto é, manufatura, compra e venda de bens ou prestação de serviços a empresa pode
gerar caixa pela venda de activos, emissão de acções, contratação de empréstimos e
financiamentos, entre outros.

O uso das informações contidas na Demonstração do Fluxo de Caixa, conjuntamente com as


demais demonstrações contábeis, pode ser uma ferramenta eficaz para a avaliação da liquidez,
solvência e flexibilidade financeira da empresa.

Por outro lado, é importante ressaltar que o fluxo de caixa também apresenta suas limitações.
Uma delas é a incapacidade de fornecer informações precisas sobre o lucro e sobre os custos dos
produtos da empresa. Isto porque as apurações e demonstrações são realizadas pelo regime de
caixa e não pelo regime de competência. Porém, o fluxo de caixa é um instrumento de controle e
análise financeira que juntamente com as demais demonstrações.

Fernandes (2014) no seu estudo sobre Gestão da Tesouraria: Natureza e Origens dos Problemas
de Gestão de Tesouraria – Caso Electra, SARL, realizado em Cabo Verde, refere que a Gestão de
tesouraria é uma área bastante sensível e problemática e a sua má gestão pode levar à insolvência
ou até mesmo a falência das empresas. A insolvência/ falência das empresas pode ser solucionada

17
através de uma gestão da tesouraria eficiente e eficaz. Contudo, reconhece que esta é uma prática
difícil de se realizar, pois, existem problemas constantes de tesouraria, caracterizados pelas
difíceis situações em que a empresa se encontra. Por essa razão, e para preparar as bases para as
soluções dos problemas, torna-se crucial averiguar o tipo de problemas assim como suas origens.

Neste estudo (De Fernandes, 2014) analisando o FM, NFM e a TL se verificam um desequilíbrio
financeiro causado por insuficiência de capitais permanentes no financiamento do activo fixo
perigando o seu equilíbrio financeiro. A regra de equilíbrio mínimo não se verifica. As
necessidades de fundo de maneio eram também negativas, inferiores ao fundo de maneio, donde
a empresa teve que recorrer aos financiadores para obterem recursos para as suas necessidades
correntes e também para o financiamento dos investimentos, que foi, tanto com recursos de
médio e longo prazo, como também utilizou recursos de curto prazo.

2.3. Revisão focalizada

Esta componente visa abordar sobre pesquisas desenvolvidas em Moçambique que estão
relacionadas com a pesquisa temática de investigação.

Mafumo (2012) realizou um estudo sobre sistema de controlo interno sobre a gestão de tesouraria
que teve como objecto de estudo os Aeroportos de Moçambique, E.P (ADM), onde fez um estudo
de caso e bibliográfico, recorrendo a um questionário que foi distribuído aos participantes.

Segundo este autor o processo de gestão de tesouraria nos ADM, está relacionado com
procedimentos que são levados a cabo em operações de recebimentos (toda a transacção de
entrada de valores na empresa, em numerário ou documentos, desde que devidamente
certificados, reconhecidos e conferidos como originais) e operações de pagamentos (toda a
transacção que envolve saída de valores da empresa, quer em numerário ou documentos). Mas é
de salientar que a Direcção Financeira dos ADM, é composta na sua maioria por Técnicos do
nível médio, havendo deste modo poucos quadros com formação superior em áreas afins, mas
esta situação não faz com que a informação financeira lá produzida seja fidedigna.

E acrescenta que as medidas de controlo interno para recebimentos nos ADM são verificadas
com exactidão, mas no passado aconteceu que certas cobranças feitas (exactamente no
18
Aeródromo de Inhaca) eram depositadas em contas não controladas pelos ADM, mas a mesma
situação foi colmatada graças ao trabalho dos auditores enviados da sede. Outra situação
constatada durante a realização do trabalho, tem a ver com o atraso no envio dos comprovativos
de depósitos por parte dos ARPs/ARDs, sendo que esta situação faz com que a nível da sede
apresentem créditos não contabilizados por falta do respectivo suporte. A despesa é realizada
mediante a emissão do Pedido de Adiantamento de fundos pelo requisitante e consequente
verificação do cabimento de verba e aprovação da compra pelo Chefe dos Serviços
Administrativos. O Director do ARP/ARD ou o Chefe dos Serviços Administrativos é que deve
aprovar o pagamento conforme os limites de competência. Uma vez aprovado o pagamento, a
tesouraria emite o cheque para assinatura e pagamento ao fornecedor. Dos aspectos retirados das
entrevistas, constata-se um acompanhamento dos procedimentos por parte dos gestores, em
conformidade ao prescrito no Manual de Procedimentos Financeiros dos ADM.

19
CAPÍTULO III: METODOLOGIA DE PESQUISA
3. Metodologia

Neste capítulo apresenta-se o resumo dos aspectos metodológicos que norteiam o presente
trabalho, pretendendo-se, no entanto, dar uma visão sobre o tipo de pesquisa que foi levada a
cabo no trabalho, os participantes privilegiados na pesquisa, as técnicas de recolha de dados,
modelo de análise e interpretação de dados bem como os aspectos éticos observados
rigorosamente ao longo da pesquisa do tema ora abordado.

3.1. Quanto à Natureza

Olhando para sua natureza, o presente projecto é de característica aplicada, pois visa solucionar
um problema específico. Tal como defende Lundin (2016), a pesquisa aplicada tem como
propósito gerar conhecimentos para uma aplicação prática dirigidos a solução de problemas
específicos. Envolve, normalmente, mais assuntos e interesses específicos/Locais.

Pesquisa aplicada (pt-BR) ou investigação aplicada (pt) segundo Tumelero (2019) tem como
conceito ser o método científico específico que envolve a aplicação prática da ciência. Segundo
este autor, esse tipo de pesquisa é útil para encontrar soluções para problemas quotidianos,
geralmente direccionado para a um problema prático.

De modo geral, são exemplos da aplicação deste modelo de pesquisa a) a Investigação de qual
abordagem de tratamento é mais eficaz para redução da ansiedade; b) o estudo de diferentes
modelos de teclados para determinar qual é mais eficiente e ergonómico.

3.2. Quanto à abordagem

Por ser um estudo que focou-se em conhecimentos teóricos e a não utilização de instrumentos
estatísticos na análise dos dados, a presente pesquisa classifica-se como sendo qualitativa, pois
visa fundamentalmente analisar o contributo da gestão da tesouraria na transparência na EDM.

Segundo Mathias (2016) a pesquisa qualitativa é mais difícil de definir, mas de maneira simples,
o foco dela é entender o comportamento do consumidor, ao invés de mensurar / medir. Por isso,
esse método de pesquisa não apresenta resultados em números exactos, e a colecta de dados pode

20
ser feita de maneiras variadas, como por exemplo por meio de grupos de discussão (focus
groups), entrevistas qualitativas individuais em profundidade e observação de comportamentos
(Mathias, 2016).

De acordo com Tatiana e Denise (2009 p. 31), “os pesquisadores que utilizam os métodos
qualitativos buscam explicar o porquê das coisas, exprimi quantificam os valores e as trocas
simbólicas nem se submetem à prova de factos, pois os dados analisados são não-métricos
(suscitados e de interacção) e se valem de diferentes abordagens”.

Moreira (2002) apresenta algumas características básicas da pesquisa qualitativa:

 Um foco na interpretação, em vez de na quantificação;


 Ênfase na subjectividade, em vez de na objectividade;
 Flexibilidade no processo de conduzir a pesquisa;
 Orientação para o processo e não para o resultado;
 Preocupação com o contexto;
 Reconhecimento do impacto do processo de pesquisa sobre a situação de pesquisa.

3.3. Quanto aos objectivos

A presente pesquisa, quanto ao objectivo caracteriza-se como sendo descritiva, pois visou
exclusivamente levantar informações de uma determinada realidade. A escolha desse objectivo
fundamenta-se na óptica de Prodanov e Freitas (2013, p. 52), que afirmam o seguinte: este tipo de
pesquisa apenas regista e descreve os factos observados sem interferir neles. Visa a descrever as
características de determinada população ou fenómeno ou o estabelecimento de relações entre
variáveis. Envolve o uso de técnicas padronizadas de colecta de dados: questionário e observação
sistemática.

E Gil (2007) acrescenta ainda que os estudos descritivos são os que mais se adequam aos
levantamentos. Exemplos são os estudos de opiniões e atitudes.

3.4. Quanto aos procedimentos técnicos

21
Para a materialização do presente projecto serão usados os seguintes procedimentos: Pesquisa
Bibliográfica e Estudo de caso. Como expõe Gil (2002) os procedimentos técnicos permitem o
delineamento da investigação empírica, sendo divididos em dois grupos, quais sejam: aqueles que
se valem de fontes de papel e aqueles cujos dados são fornecidos por pessoas. E integram o
primeiro grupo, a pesquisa bibliográfica e documental e, por sua vez, o segundo grupo é
composto por pesquisa experimental, ex-post-facto, survey, estudo de caso, pesquisa-ação e
pesquisa participante.

3.4.1. Pesquisa Bibliográfica

A escolha deste procedimento foi motivado pela necessidade de se pretender recorrer a


informações patentes nas literaturas já existentes. Tal como refere Fonseca (2002, p. 44)
“qualquer trabalho científico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao
pesquisador conhecer o que já se estudou sobre. Existem, porém, pesquisas científicas que se
baseiam unicamente na pesquisa bibliográficas, procurando referencias teóricas publicadas com o
objectivo de recolher informações ou conhecimentos prévios sobre o problema a respeita do qual
se procura.

3.4.2. Estudo de caso

Gil (2002) diz que:

consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objectos, de maneira que permita


seu amplo e detalhado conhecimento, tarefa praticamente impossível mediante outras
metodologias, sendo esta uma modalidade de pesquisa utilizada nas ciências sociais e
biomédicas, o mesmo autor explícita que essa modalidade pode ser dividida em várias
etapas como: formulação do problema, definição da unidade/caso, determinação do número
de casos, elaboração do protocolo, colecta de dados, avaliação e análise dos dados e
preparação do relatório recebe.

A escolha desse procedimento, baseou-se na capacidade que o mesmo tem de fornecer o


conhecimento aprofundado de uma realidade delimitada que os resultados atingidos podem
permitir e formular hipóteses para o encaminhamento de outras pesquisas.

De acordo com Yin (2005) em estudos de casos, são especialmente importantes cinco
componentes de um projecto de pesquisa:

 As questões de um estudo;
22
 Suas proposições;
 Sua unidade de análise;
 A lógica que une os dados às proposições;
 Os critérios para interpretar as constatações.

Assim, como em qualquer outro método de pesquisas, o estudo de caso tem suas limitações, que
são vistas por Yin (2005, p. 29) como preconceitos contra este método, dentre eles estão:

 Falta de Rigor metodológico: ocorre, porém, que essa limitação não é prerrogativa dos
estudos de caso, podendo ocorrer em outras modalidades de pesquisa, isso fica restrito aos
cuidados que o pesquisador deve ter no planeamento quanto à colecta e análise dos dados;
 Dificuldades de generalização científica: a análise de um único ou mesmo de vários casos
fornece uma base muito frágil para a generalização. No entanto, os propósitos deste
método não são os de proporcionar o conhecimento preciso das características de uma
população ou universo a partir de procedimentos estatísticos, mas sim o de expandir ou
generalizar teorias, ou seja, generalização analítica.

3.5. Técnicas de recolha de dados

Para o alcance dos objectivos propostos pela pesquisa, o estudo terá como suporte a entrevista
semiestruturada, observação não participante e por último a pesquisa documental.

3.5.1. Entrevistas

Segundo Prodanov e Freitas (2013, p. 60) na entrevista não padronizada ou não estruturada não
existe rigidez de roteiro; o investigador pode explorar mais amplamente algumas questões, tem
mais liberdade para desenvolver a entrevista em qualquer direcção. Em geral, as perguntas são
abertas;

A necessidade deste tipo de entrevista, é dada pelo facto de se pretender realizar entrevistas até
certo ponto informais em algumas situações que poderão facilitar a obtenção de melhores
informações para materialização do estudo.

3.5.2. Observação não participante

23
Segundo Gil (2002) observação é um instrumento de pesquisa utilizada para colecta de dados
subjectivos, sendo considerada uma das melhores técnicas para entender o comportamento
humano. Nela o investigador tem que imergir como sujeito na pesquisa.

Percebe-se que na observação não participante o investigador assume o papel de observador


exterior, não tomando assim qualquer iniciativa no evoluir das situações que observa.

3.5.3. Pesquisa documental

O uso desta técnica permitiu obter informações e dados exclusivos da instituição em estudo que
foram relevantes para a pesquisa. Segundo Gil (2002) na pesquisa documental a natureza das
fontes, são materiais que não receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser
reelaborados de acordo com os objectivos da pesquisa que podem ser documentos de arquivos,
relatório de empresas, etc.

3.6. População do estudo

Para Tybel (2017) a população na pesquisa é um conjunto completo de elementos que possuem
um parâmetro comum. A população de pesquisa não precisa ser necessariamente humana. Pode
ser qualquer colecta de dados que tenha um parâmetro comum, como o número total de lojas de
animais em uma cidade o universo ou população da pesquisa é caracterizado pela definição da
área ou população/alvo, descrevendo a quantidade de pessoas que actuam na pesquisa.

Assim como reforçam as pesquisadoras Marconi e Lakatos (2003), universo ou população é o


conjunto de seres animados ou inanimados que apresentam pelo menos uma característica em
comum. Seguindo os posicionamentos desses autores, considera-se população dessa pesquisa
todos os funcionários da EDM na Cidade de Pemba.

3.7. Amostra ou Participantes do estudo


3.7.1. Amostra/Participantes

De acordo com Vergara (2010), amostra ou população amostral, é uma parte do universo
escolhida segundo algum critério de representatividade. Já Tybel (2017) acrescenta que amostra
pesquisada é uma parcela da população que será utilizada em uma pesquisa de opinião. Esta parte

24
da população pode ser descrita também como uma parte da população que tem alguma
característica em comum.

De maneira mais perceptível, pode-se dizer que uma amostra é um subgrupo ou subconjunto da
população, que pode ser estudado para investigar as características ou o comportamento dos
dados populacionais.

Esse tipo de amostra pesquisada é muito comum quando é necessário fazer algum tipo de
pesquisa de opinião (Tybel, 2017). Partindo do princípio de que amostra é um subconjunto
representativo, a presente pesquisa contou com uma amostra de oito (8) elementos, todos
funcionários da EDM nas áreas de planificação e desenvolvimento e administração e finanças.

3.8. Técnicas e Instrumentos de Análise de Dados

Neste estudo foi utilizada a técnica de análise de conteúdo, já que a análise de conteúdo é uma
técnica de análise de dados rica, importante e adequada para pesquisa qualitativa. Tal como
referem Freitas, Cunha e Moscarola (1997, citado em Mozzat & Grzybovski, 2011) a análise de
conteúdo é uma técnica refinada, que exige muita dedicação, paciência e tempo do pesquisador, o
qual tem de se valer da intuição, imaginação e criatividade, principalmente na definição de
categorias de análise. Para tanto, disciplina, perseverança e rigor são essenciais.

Desta feita, foram compiladas três (3) categorias alinhadas aos objectivos específicos e quinze
(14) subcategorias alinhadas às questões do guião de entrevista:

TABELA 2: APRESENTAÇÃO DA ANÁLISE DE CONTEÚDO

25
CAPÍTULO IV: ANALISE E INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS

4. Análise e interpretação de resultados

Neste capítulo fez-se o levantamento, a análise e a interpretação dos dados colhidos através da
entrevista feita aos colaboradores da EDM.

4.1. Desriçarão da empresa


4.2. Apresentação e categorização de dados

26
CAPÍTULO V: DISCUSSÃO DE RESULTADOS

5. Introdução
Neste capítulo fez-se a conjugação dos dados colhidos a partir da entrevista feita aos
colaboradores da EDM, com os dados adquiridos a partir da observação não participante,
pesquisa documental e a revisão de literatura com vista a formular as considerações finais.

5.1. Categoria A:

5.2. Categoria B:

5.3. Categoria C:

27
CAPÍTULO VI: CONCLUSÃO E SUGESTÕES

6. Introdução

6.1. Conclusão

6.2. Sugestões

28
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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31

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