Radioproteção e Princípios Físicos Da Radiografia Revisão

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFACOL

Núcleo de Medicina Veterinária

RADIOPROTEÇÃO E PRINCIPIOS FÍSICOS DA RADIOLOGIA: REVISÃO


(RADIOPROTECTION AND PHYSICAL PRINCIPLES OF RADIOLOGY:
REVIEW)

Fernando Cleyton Henrique de Mendonça Silva, Igne Lorena de Sousa Santos, Paloma
Beatriz da Silva Cabral

RESUMO
A radiologia é um método diagnóstico que permite a visualização de ossos, órgãos ou
estruturas através do uso de radiações (raios x) gerando, assim, uma imagem. Mais de 110
anos após sua descoberta, os raios X são considerados um dos exames complementares mais
importantes na rotina clínica veterinária, principalmente devido ao seu baixo custo e
praticidade da técnica. Entretanto, o uso incorreto desta forma de radiação pode causar efeitos
indesejados, tanto nos pacientes, quanto nos profissionais responsáveis pelo procedimento.
Este resumo pretende abordar os principais pontos referentes aos princípios físicos da
radiologia, bem como a importância da radioproteção e os riscos causados pela exposição
contínua a radiação X.t

Palavras-Chave: Raio X; Proteção radiológica; Radiação ionizante.

ABSTRACT
Radiology is a diagnostic method that allows the visualization of bones, organs or structures
through the use of radiation (x-rays) thus generating an image. More than 110 years after
their discovery, X-rays are considered one of the most important complementary exams in the
veterinary clinical routine, mainly due to their low cost and practicality of the technique.
However, the incorrect use of this form of radiation can cause unwanted effects, both in
patients and in the professionals responsible for the procedure. This summary intends to
address the main points regarding the physical principles of radiology, as well as the
importance of radioprotection and the risks caused by continuous exposure to X-radiation.

Keywords: X-ray; Radiation protection; Ionizing radiation.

1 INTRODUÇÃO

O raio x foi descoberto por Wihelms Rontgen em 1895, e recebeu esse nome porque
se acreditava que a imagem era formada por algum raio misterioso (LIMA et al., 2008).
Atualmente, a radiografia é um dos exames complementares mais importantes na rotina
clínica veterinária, principalmente levando em consideração o seu baixo custo, praticidade da
técnica (SILVA, 2016) e a permanente modernização dos aparelhos de raios X (LEYTON et
al., 2014).
Entretanto, devido aos elevados níveis de exposições que podem ser atingidos em
alguns procedimentos radiológicos, é possível observar nos pacientes efeitos secundários a
doses elevadas (determinísticos) ou proporcionais à dose recebida, sem limiar (estocásticos).
Além disso, pelo fato de o procedimento necessitar da presença do médico ao lado do
paciente, também é possível que ocorram efeitos determinísticos nesses profissionais
(LEYTON et al., 2014).
Este trabalho tem como objetivo realizar uma revisão de literatura sobre os princípios
físicos do exame radiográfico, assim como os riscos da radiação X e a importância da
proteção radiológica, visando ressaltar desde a formação dos raios-x até os principais efeitos
biológicos que eles podem causar.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

Para a produção desta revisão de literatura, foram selecionados como fontes de


pesquisa artigos e livros, publicados em português e em inglês, a partir de 2000, nas bases de
dados ScieElo, Google Acadêmico, PubMed e Biomed Central. As palavras utilizadas na
busca foram “radioproteção”, “propriedades básicas do raio X”, “radiação ionizante” e
“lesões por raio X”. Foram priorizados os trabalhos publicados em língua portuguesa e
inglesa.

3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 PROPRIEDADES BÁSICAS DOS RAIOS X


Os raios X e raios gama fazem parte de um espectro de radiação eletromagnética. A
única distinção entre estes dois tipos de raios é a sua fonte, levando em consideração que os
raios X são produzidos pela interação de elétrons fora do núcleo, e os raios gama são
liberados a partir de núcleos instáveis com excesso de energia.
Os raios X são produzidos a partir de uma diferença de potencial entre o catodo e o
anodo, que gera uma conversão de energia que se origina da movimentação rápida da
corrente de elétrons que foi subitamente desacelerada pela colisão com o alvo (anodo), e logo
após a colisão eles são projetados contra um material específico (SILVA, 2016).
O choque do feixe de elétrons com o alvo (anodo) produz dois tipos de raios-X de
radiação: a radiação característica, produzida pela diferença de energias entre as duas
camadas (interna e externa) da órbita de um átomo; e a de frenagem, também chamada de
radiação geral, formada pela atração dos elétrons que foram acelerados pelo catodo e atraídos
pela carga positiva dos núcleos dos átomos do metal, atravessando seus campos e sofrendo
um desvio que fará com que os átomos percam velocidade e ceda sua energia cinética,
transformado assim em radiação X (SILVA, 2016).
Assim, a função básica dos aparelhos de raios X é gerar um fluxo contínuo de elétrons
a fim de produzir uma quantidade de raios X desejados em um período determinado por
segundos (SILVA, 2016).

3.2 FORMAÇÃO DA IMAGEM RADIOLÓGICA


As imagens radiográficas são obtidas a partir da sensibilização das diferentes áreas da
película radiográfica quando exposta a radiação ionizante, logo após essa radiação atingir o
paciente e chegar até os detectores. Durante este processo, os fótons atravessam diferentes
tipos de tecidos orgânicos de diferentes densidades, passando por interações e absorções
específicas, que são fundamentais para formação da imagem. As diferenças de espessuras e
de número atômicos dos variados tecidos são chamadas de densidade radiográfica. (SILVA,
2016).
As partes ósseas são as que mais atenuam os raios, seguidas das partes líquidas e dos
gases. A parte óssea é mais radiopaca e caracteriza-se por uma tonalidade esbranquiçada
enquanto a parte gasosa (ar) é mais enegrecida (radiotransparente). Essas diferentes
tonalidades que permitem a visualização do órgão ou estrutura para o diagnóstico (THRALL,
2014).

3.3 RADIOPROTEÇÃO
O objetivo na radiologia diagnóstica é obter o máximo de informações diagnósticas
com exposição mínima à radiação do paciente e funcionários em geral (THRALL, 2014).
Segundo a Portaria MS/SVS n° 453 (SVS/MS, 1998), as salas de comando e salas
onde os procedimentos de radiologia são realizados devem possuir alguns requisitos básicos e
obrigatórios para seu funcionamento, como por exemplo: a sala deve ser classificada como
área controlada, possuindo barreiras físicas e paredes, piso, teto com blindagens contínuas e
sem falhas que garantam que a manutenção de dose não ultrapasse os limites estabelecidos
nas normas; a área controlada deve ter acesso restrito e sinalização adequada, assim sendo de
uso exclusivo dos pacientes e profissionais necessários para a realização do procedimento;
dentro da sala deve estar presente todo equipamento de proteção individual para pacientes,
profissionais e acompanhantes sujeitos à exposição (MOURA, 2019).
Os aparelhos de raios-x do final do século XIX e início do XX emitiam enormes
doses de radiação e sem controle, que, por vezes, acabava por levar as pessoas submetidas
aos procedimentos à óbito (LIMA et al., 2006). Assim, durante procedimentos de
radiodiagnóstico, a SVS por meio da Portaria SVS/MS n° 453 provê que cada indivíduo
utilize dosímetro individual de leitura indireta e vestimentas de proteção individual, como
aventais, luvas, óculos, protetor de gônadas e protetor de tireoide, visando minimizar o
máximo possível a exposição desnecessária aos raios x (SILVA, 2016).

3.4 EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES IONIZANTES


A maioria dos efeitos indesejados decorrentes da exposição às radiações ionizantes
podem ser agrupados em duas categorias (LEYTON et al., 2014):
1. Efeitos estocásticos: aqueles cuja probabilidade de ocorrência é proporcional à dose de
radiação recebida, sem a existência de limiar.
2. Efeitos determinísticos: efeitos causados por irradiação total ou localizada de um tecido,
levando a um grau de morte celular não compensado pela reposição ou pelo reparo, com
prejuízos detectáveis no funcionamento do tecido ou órgão.
É necessário ressaltar que exposição à radiação e absorção de radiação não são as
mesmas. Assim, alguns tecidos absorvem a radiação de forma mais eficaz do que outros, o
que significa que a mesma dose de exposição pode resultar em diferentes doses absorvidas.
Além disso, o efeito biológico da mesma dose de radiação absorvida também pode variar
entre um organismo e outro (THRALL, 2014).
No caso de doenças hereditárias, ainda não é comprovado que a exposição à radiação
dos pais leve a maior prevalência de doenças hereditárias nos filhos (LEYTON et al., 2014).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O conhecimento não só do aparelho radiológico, mas também dos possíveis efeitos a


serem causados no organismo do paciente pela ação dos raios X é essencial para todo
profissional que venha a trabalhar com este método de diagnóstico por imagem. Também
pode-se concluir que o uso das práticas de radioproteção são essenciais durante um exame
radiográfico, uma vez que reduzem a dose no paciente e nos indivíduos ocupacionalmente
expostos.

5 REFERÊNCIAS

LEYTON, Fernando et al. Riscos da Radiação X e a Importância da Proteção Radiológica na


Cardiologia Intervencionista: Uma Revisão Sistemática. Rev Bras Cardiol Invasiva, v. 22,
n. 1, p. 87-98, 2014.
LIMA, Rodrigo da Silva et al. Raios-x: fascinação, medo e ciência. Quim. Nova, [s. l], v. 32,
n. 1, p. 263-270, 2008.
MOURA, Márcio Ferreira de. Estudo sobre a proteção radiológica de uma sala de radiologia
intervencionista em um hospital de Uberlândia. Universidade Federal de Uberlândia:
INSTITUTO DE FÍSICA, Uberlândia, p. 1-33, 2019.
SILVA, Diego de Andrade. Padronização de técnica radiológica em tórax de pequenos
animais com sistema de radiologia digital e utilização de espessômetro. Unesp:
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”, Botucatu, p.
1-40, 2016.
THRALL, D. Diagnóstico de radiologia veterinária. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.

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