R - e - Renan Macari Falleiros

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

RENAN MACARI FALLEIROS

GERENCIAMENTO E SUPERVISÃO AMBIENTAL: A NECESSIDADE DE


ELABORAÇÃO DE UM GUIA DE BOAS PRÁTICAS PARA EXECUÇÃO DE OBRAS
PÚBLICAS NO MUNICÍPIO DE CURITIBA, PR.

CURITIBA
2014

1
RENAN MACARI FALLEIROS

GERENCIAMENTO E SUPERVISÃO AMBIENTAL: A NECESSIDADE DE


ELABORAÇÃO DE GUIA DE BOAS PRÁTICAS PARA EXECUÇÃO DE OBRAS
PÚBLICAS NO MUNICÍPIO DE CURITIBA, PR.

Trabalho apresentado como requisito parcial à


obtenção do grau de MBA em Gestão Ambiental no
curso de pós-graduação em Gestão Ambiental,
Departamento de Economia Rural e Extensão, Setor
de Ciências Agrárias da Universidade Federal do
Paraná.

Orientadora: Msc. Sandra Maria dos Santos


Guapyassú.

CURITIBA
2014
2
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus e minha Família pelo apoio e compreensão.


Agradeço aos meus amigos e colegas de trabalho pela ajuda e suporte.
Agradeço à minha orientadora e amiga Sandra Guapyassú, pela grande
ajuda e disposição para criação deste trabalho e também pelo suporte com
informações, sem ela este trabalho não teria acontecido.
Agradeço ao coordenador da UTAG-UGP, Paulo Socher e a Coordenadora
da Equipe Ambiental, Cristina Nagata Carazzai, pelo fornecimento de
informações precisas para o trabalho.
Agradeço minha namorada Marina Gomes, por todos os momentos juntos.

3
RESUMO

Para suportar o crescimento populacional do município de Curitiba, Paraná, a


prefeitura tem investido cada vez mais em obras públicas de mobilidade urbana e
desenvolvimento sócio-ambiental. Portanto, o objetivo do presente estudo é
oportunizar a criação de um guia de boas práticas ambientais que contribua na
execução de obras públicas. As áreas de estudo foram as obras da Linha Verde
Norte – trecho 1 e Parque Linear do Rio Barigui. Os dados foram coletados de
entrevistas realizadas com os envolvidos na execução das obras, documentos
técnicos e de relatórios de supervisão ambiental mensais. Os resultados apresentam
as situações onde foram encontradas maiores dificuldades na forma de ação e de
entendimento dos adequados procedimentos legais, normativos, de prevenção e/ou
mitigação de impactos ambientais negativos. Recomenda-se a elaboração de
material técnico na forma de um guia de boas práticas ambientais como fonte de
informação e orientação para a execução de obras públicas. Também se recomenda
a presença de uma equipe treinada para gerenciamento e supervisão ambiental de
obras públicas e a aplicação dos procedimentos apresentados neste trabalho como
forma de prevenir acidentes ambientais, otimizar a utilização de recursos naturais e
melhorar a qualidade da execução das obras.

Palavra-chave: supervisão ambiental, gerenciamento ambiental, construção civil


sustentável, gestão ambiental.

4
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 06
2 OBJETIVO....................................................................................................................... 10
3 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................... 11
3.1 COLETA DE DADOS ..................................................................................................... 11
3.2 ÁREA DE ESTUDO ....................................................................................................... 11
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 13
4.1 ASPECTOS DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL ......................................................... 13
4.2 PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL ................................................................. 14
4.3 PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL ................ 15
4.4 GERENCIAMENTO DO CANTEIRO DE OBRAS........................................................... 17
4.5 SUPERVISÃO AMBIENTAL DAS FRENTES DE OBRAS .............................................. 17
5 DIRETRIZES PARA FORMATAÇÃO DO GUIA DE BOAS PRÁTICAS AMBIENTAIS .... 19
5.1 LICENCIAMENTO AMBIENTAL ................................................................................... 19
5.2 COMUNICAÇÃO SOCIAL............................................................................................. 21
5.3 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL .................................... 22
5.4 CANTEIROS DE OBRAS .............................................................................................. 25
5.5 FRENTES DE OBRAS .................................................................................................. 25
5.6 PREVENÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS ................................................................ 27
6. RECOMENDAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 29
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 30

5
1 INTRODUÇÃO

Nos anos 60, Curitiba tinha uma população de pouco mais de 430.000
habitantes e alguns engenheiros já temiam que o crescimento da população
mudasse drasticamente as características da cidade (Wikipedia, 2013). O aumento
do número de pessoas vivendo nas grandes cidades, a contínua sobrecarga nos
recursos, infraestrutura e instalações urbanas, além dos profundos impactos
causados no meio ambiente têm por consequência principal, a deterioração da
qualidade de vidadas pessoas. Os problemas relacionados à mobilidade acabam por
agravar ainda mais este quadro (Costa, 2003).
A prioridade ao transporte coletivo público e universalização da mobilidade,
promovendo a diversidade de modais de transporte e a acessibilidade são alguns
ideais da Prefeitura Municipal de Curitiba – PMC. Assim como, hierarquizar o
sistema viário, de forma a propiciar o melhor deslocamento de veículos e pedestres,
atendendo as necessidades da população, do sistema de transporte coletivo,
individual e de bens (Curitiba A, 2011; Curitiba, 2004).
No início da década de 70 foram implantadas as primeiras linhas de
transporte coletivo no município, mas somente em 1974 que foram criados os
primeiros eixos de ligação entre a periferia e o centro da cidade. Os eixos Norte e
Sul eram ligados ao centro, através de linhas expressas, com ônibus exclusivos e
linhas alimentadoras, integradas por terminais. Este sistema comportava 54 mil
passageiros por dia. Ao longo dos anos, novas linhas foram incorporadas e em
1980, com a implantação do novo eixo leste e oeste definia-se a Rede Integrada de
Transportes – RIT de Curitiba, consolidada pela utilização da tarifa única de
integração para toda a rede (IPPUC, 2013).
Para suportar a população atual de Curitiba e região metropolitana, que
passa de 3,4 milhões de habitantes, a RIT apresenta atualmente 23 terminais de
ônibus, abrange 14 municípios e transporta em média 2,3 milhões de passageiros
por dia (URBS, 2013).
Visando a melhoria da qualidade de vida da população e aumento da
competitividade econômica do município, é que a PMC tem investido continuamente
em obras públicas de ampliação da rede de transporte e mobilidade urbana. Estes
investimentos implicam em melhor eficácia do transporte público e viário (velocidade,

6
conforto e segurança), aumento da capacidade de usuários, maior fluidez do tráfego
e melhoria do sistema de semaforização, dando prioridade para o transporte coletivo
(BID, 2007).
Uma das formas que a PMC vem utilizando para angariar recursos para
realização das obras, é a busca por financiamentos externos. Com linhas de
financiamento em habitação, desenvolvimento social, transporte e mobilidade
urbana, o Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID é um dos grandes
parceiros da PMC, apoiando, atualmente, o terceiro programa de benfeitorias para a
cidade (BID, 2007). Outro órgão financiador é a Agência Francesa de
Desenvolvimento – AFD, que apoia projetos com enfoque em melhoria do
transporte, mobilidade urbana e principalmente, desenvolvimento ambiental (AFD,
2010). O Governo Federal, através do Ministério das Cidades, também financia
obras em Curitiba, realizando o repasse de verba através da Caixa Econômica
Federal.
Alguns órgãos financiadores exigem de contrapartida do município, que este
invista a mesma quantia de dinheiro do valor financiado. O BID, por exemplo, exige a
construção de obras de habitação para famílias de baixa renda, quando é
necessária a desocupação de áreas invadidas que serão atingidas pela obra. Para
gestão dos programas financiados, o banco exige a criação de uma Unidade
Técnica Administrativa de Apoio Gerencial – UTAG pelo mutuário (AFD, 2011).
Em Curitiba, existe um regimento de conduta de novos projetos passando
por vários órgãos municipais. Estudos e contratações de novos projetos para
melhoria e ampliação da RIT estão sob responsabilidade do Instituto de Pesquisa e
Planejamento Urbano de Curitiba- IPPUC em parceria com a Secretaria de
Planejamento - SEPLAN, a qual busca financiamentos e faz o planejamento
orçamentário da cidade. A execução das obras é realizada por meio da Secretaria
Municipal de Obras Públicas (SMOP), onde um fiscal avalia as medições mensais e
aprova aspectos técnicos da obra. Fica a cargo da Secretaria Municipal de Meio
Ambiente (SMMA) a responsabilidade pela emissão das licenças ambientais; a
Companhia de Habitação (Cohab), é responsável pelo reassentamento de famílias
em áreas de invasão. A Secretaria Municipal de Administração (SMAD) é
responsável pelas desapropriações de lotes atingidos pelas obras. Finalmente, são
as empreiteiras contratadas, através de processos licitatórios geridos pela UTAG,
que de fato executam as obras.

7
A prefeitura de Curitiba iniciou em 2003 o Programa de Transporte Urbano
de Curitiba, denominado BID II, com financiamento do Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID, 2002). Uma das prerrogativas do Banco para a liberação de
pagamento era a emissão de um atestado de conformidade ambiental mensal para
cada obra financiada. Foi contratada uma empresa terceirizada para prestação deste
serviço e, dessa forma, subsidiar a UTAG na emissão do atestado e orientá-la no
gerenciamento ambiental do Programa. A equipe era formada por uma
coordenadora e duas especialistas ambientais e ficava lotada dentro da SMOP.
Também foram contratadas empresas de consultoria para realização dos serviços de
Supervisão Ambiental das diferentes obras e que atuavam diretamente com as
empreiteiras.
Neste período, o trabalho da equipe de gerenciamento ambiental da UTAG
baseava-se em fazer cumprir o Plano Básico Ambiental – PBA e coordenar os
serviços de supervisão ambiental das empresas contratadas. O PBA tratava-se de
um documento, criado a partir de estudos de impactos ambientais, contratados pela
SMMA, na região da Linha Verde (eixo metropolitano) e era o instrumento norteador,
proposto pelo BID, para o gerenciamento e supervisão ambiental das obras. Este
documento apresentava programas ambientais, sendo: comunicação social,
educação ambiental, supervisão ambiental, recuperação ambiental e controle de
emissões sonoras e atmosféricas, que abrangiam todos os impactos ambientais que
as obras poderiam causar (BID, 2002).
O êxito da implantação do programa BID II oportunizou a continuidade de
financiamentos pelo Banco e no ano de 2010, um novo programa foi iniciado.
Denominado de Programa Integrado de Desenvolvimento Social e Urbano de
Curitiba (BID Pró-cidades), apresentava um valor de US$100 milhões, sendo 50% de
contrapartida do município (BID, 2010). O objetivo deste programa é: promover
habitação, desenvolvimento social, transporte e mobilidade urbana e tem o prazo de
cumprimento estipulado em cinco anos, estando vigente até a presente data (BID,
2007).
Também entrou em vigor, naquele ano, outro programa, denominado
Programa de Recuperação Ambiental e Ampliação da Capacidade da rede Integrada
de Transporte (RIT) – Projeto Qualidade Curitiba, com financiamento de R$94.770
milhões da Agência Francesa de Desenvolvimento - AFD (Curitiba, 2010; AFD,

8
2010). Este possui objetivos similares ao do Programa BID Pró - cidades, porém
com um viés para o desenvolvimento ambiental (PGAS, 2010).
Em consequência da aprovação do programa da AFD, foi decretada a
criação da Unidade Gerenciamento de projetos - UGP, assim como a UTAG, já
existente, consolidou a UTAG-UGP onde a mesma equipe é responsável pela
gestão dos dois Programas (IPPUC,2010). A UTAG-UGP está ligada ao IPPUC
(Curitiba, 2009).
A UTAG – UGP tem sob sua responsabilidade o gerenciamento do contrato
de empréstimo entre o município e o órgão financiador, sendo o principal interlocutor
entre eles. Esta unidade gestora é responsável pela gestão financeira e contábil dos
diferentes programas, além da coordenação do gerenciamento e supervisão
ambiental, prestados por empresas terceirizadas.
O termo de compromisso de contratação de serviços de gerenciamento e
supervisão ambiental estabelecem as atribuições da equipe ambiental. Neste
documento consta que o trabalho da equipe consiste em estabelecer mecanismos
de gestão ambiental visando o apoio ao monitoramento dos aspectos legais e
administrativos. Também tem como responsabilidade o acompanhamento direto das
obras, controle e supervisão das normas e especificações, do cumprimento aos
programas ambientais, da minimização dos impactos negativos sobre o meio
ambiente, dos níveis de segurança na execução das obras e do atendimento às
demais condições contratuais e institucionais (IPPUC, 2010).
A elaboração de material técnico para a fundamentação do trabalho da
supervisão ambiental em obras públicas é muito importante para consolidar lacunas
da legislação ambiental que não são cumpridas pelo desconhecimento dos agentes
envolvidos, além de definir corretas ações e cuidados ambientais.
Este trabalho faz um levantamento de informações e estabelece diretrizes
para a fundamentação de um guia de boas práticas ambientais para execução de
obras públicas. Busca-se, apresentar as informações e orientações de forma
objetiva, sistemática e esclarecedora para que as ações sejam corretas e efetivas.

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2 OBJETIVO

Oportunizar a criação de material técnico, na forma de um guia de boas


práticas ambientais para execução de obras públicas no município de Curitiba.

Os objetivos específicos são:


Identificar as principais dificuldades encontradas em determinados tópicos
abordados no trabalho de supervisão ambiental.
Orientar e esclarecer quanto aos corretos procedimentos administrativos e
ações ambientais dentro de cada tópico levantado.
Estabelecer diretrizes para elaboração de material técnico.

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3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 COLETA DE DADOS

Os dados foram coletados com base em entrevistas com o coordenador da


UTAG-UGP, a coordenadora da equipe ambiental da UTAG-UGP, além de outros
profissionais da área de supervisão ambiental. A finalidade das entrevistas foi buscar
complementação de informações; histórico dos programas anteriores e dos atuais e
proporcionar troca de impressões e de experiências.
Também foram levantados dados de pesquisa de campo, através da análise
de vinte e oito relatórios de supervisão ambiental das obras da Linha Verde Norte-
trecho 1, no período de setembro de 2011 até dezembro de 2013 e treze relatórios
da obra do parque Linear do Rio Barigui, no período de outubro de 2012 até
dezembro de 2013. Além do registro fotográfico no mesmo período.
Também foi realizado o levantamento bibliográfico e consulta de documentos
técnicos como: leis municipais e federais, normas regulatórias, termos de referência,
programas e contratos.

3.2 ÁREA DE ESTUDO

A área de abrangência compreende duas obras distintas no município de


Curitiba, conforme FIGURA 1. Uma das obras é a continuidade do eixo viário
Metropolitano, denominado Linha Verde Norte - trecho 1, abrangendo os bairros do
Cajuru e Cristo Rei, entre a Universidade Federal do Paraná e a Rua Dr. Heitor
Valente. A outra obra é a construção do Parque Linear do Rio Barigui, parte do
Programa Viva Barigui, trechos de obras Vila Rigone e Rua Bernardo Meyer,
abrangendo os bairros da Fazendinha e Cidade Industrial de Curitiba-CIC.

11
FIGURA 1 – Localização das obras supervisionadas no município de Curitiba.

12
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os dados levantados, foram analisados buscando-se definir os tópicos que


apresentavam maiores dificuldades quanto aos corretos procedimentos e ações a
serem tomadas, seja por desconhecimento da legislação ambiental e/ou a falta de
informação.
Foram definidos cinco tópicos que apresentaram maiores dificuldades na
resolução de procedimentos e conflitos, são eles: Licenciamento ambiental,
programa de comunicação social, gerenciamento dos resíduos da construção civil,
aspectos do gerenciamento e supervisão ambiental dos canteiros e das frentes de
obras.
Os temas levantados foram definidos utilizando como base o Programa de
Gerenciamento Ambiental (PGA) proposto pelo BID e o Programa de Gestão
Ambiental e Social, proposto pela AFD.

4.1 ASPECTOS DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL

A obra da Linha Verde Norte apresentou quatorze licenças ambientais


durante o período de obras, sendo a licença de instalação - LI, três Autorizações de
Execução de Obras (AEO), cinco Autorizações de Funcionamento (AFU), duas
Autorizações de Execução de Aterros (ATT) e três Autorizações de corte de
Vegetação (ARV). Já o Parque Linear do Rio Barigui apresentou cerca de dez
licenças ambientais, são elas: a Licença de Instalação (LI), três Autorizações de
Funcionamento (AFU), duas Autorizações de Remoção de Vegetação (ARV) e
quatro Autorizações de Execução de Aterro (ATT).
É de responsabilidade da Secretaria Municipal do Meio Ambiente a
avaliação e aprovação das licenças ambientais no perímetro do município, conforme
a resolução CONAMA N⁰237 de 1997, art⁰6. O processo de licenciamento em geral
foi respeitado em ambas às obras, porém em relação às autorizações ambientais, foi
observada certa resistência das empreiteiras para o cumprimento da legislação e

13
acima de tudo um desconhecimento quanto as corretas autorizações e aos
procedimentos a serem tomados.
Conforme consta nos contratos de licitação das obras, é obrigatória, por
parte da empreiteira executora, a contratação de um profissional na área de meio
ambiente que seja responsável pela retirada de licenças ambientais e da supervisão
ambiental da obra.

4.2 PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

Conforme os dados levantados dos relatórios de supervisão ambiental


mensais das obras, na Linha Verde Norte foram realizadas seis reuniões com grupos
de moradores locais para responder dúvidas como: prazo, projeto final, fluxo de
trânsito e projeto de paisagismo. O trabalho de comunicação social nas obras do
Parque Linear do Rio Barigui foi realizado pela COHAB, previamente a execução
das obras, principalmente porque envolveu a relocação de famílias que estavam em
áreas irregulares. Apesar disso, foram realizadas três reuniões pontuais com
moradores para resolução de conflitos.
Na obra da Linha Verde Norte foram atingidos ao total, cinco imóveis de
propriedade privada e cinco de áreas de invasão, nesse caso, em especial, as
famílias permaneceram nos locais e apenas o alinhamento predial foi recuado. Já no
Parque Linear do Rio Barigui, foram relocadas cerca de doze famílias que estavam
em área irregular. Foram identificadas outras três famílias, para as quais não estava
previsto a desocupação, o que causou atrasos no cronograma da obra.
Em obras de construção civil, é comum o atingimento do projeto em
propriedades particulares e Áreas de Proteção Ambiental geralmente invadidas por
famílias de baixa renda (Besen et al, 2012). Quando os atingimentos já são
previstos, existem recursos para desapropriação ou relocação de famílias, porém
nestas obras, este recurso não existiu, o que veio a atrasar bastante o andamento
das obras. No caso das áreas particulares, foram realizadas reuniões com os
proprietários e representantes da SMAD, para tratar dos procedimentos de
desapropriação e assinatura de um termo de concordância do proprietário para que
as obras pudessem dar andamento antes que o processo todo fosse concluído. Já

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nos casos das invasões irregulares, foram realizadas reuniões com as famílias em
conjunto com a COHAB, para tratar da relocação das famílias ou da desocupação de
parte dos terrenos.
Estavam presentes nestas reuniões o engenheiro civil responsável pela
obra, para responder perguntas de caráter técnico, o fiscal de obras, encarregados
do trecho e os especialistas ambientais. Foram apresentados os projetos e os
materiais de divulgação da obra como folders e panfletos, para esclarecimento da
população. Também foram registradas inúmeras solicitações de correções de não
conformidades ambientais. As reclamações e os problemas foram registrados na
forma de um relatório de não conformidade ambiental definido como comunicado
ambiental. Posteriormente os comunicados ambientais foram repassados ao fiscal
da obra e à empreiteira para tomada de providências. Caso este processo não
gerasse nenhuma ação, era então emitido um relatório de ocorrência ambiental -
ROA, como fator de não emissão do atestado de conformidade ambiental até que as
não conformidades fossem resolvidas.
Os Programas de Gestão Ambiental (BID PROCIDADES) e de Gestão
Ambiental e Social do Parque Linear do Rio Barigui, previam um programa voltado à
comunicação social e outro à educação ambiental para a comunidade e os
trabalhadores da obra. Estes programas em suas diversas etapas (fases pré,
durante e pós obra) buscavam integrar a população nas atividades da obra e inserir
os conceitos de educação ambiental como ação preventiva nas fases de
implantação dos empreendimentos. Embora tenham sido observados esforços da
Prefeitura em cumprir as etapas previstas nas obras, devido a grande demanda de
trabalho e a pouco recurso aplicado, poucas foram concluídas.

4.3 PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

A maior quantidade de resíduos nas obras da Linha Verde Norte e do Parque


Linear do Rio Barigui foram: solo em geral, concreto, asfalto, madeira, resíduos
orgânicos e plástico. Portanto, em sua maioria, resíduos de classe A e B, conforme a
classificação dos resíduos apresentada na resolução N⁰307 do CONAMA.

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Os resíduos de solo quando não puderam ser reaproveitados na própria
obra, foram enviados para áreas de destinação final, devidamente licenciadas pela
SMMA. Em alguns casos eram áreas de interesse de aterro da PMC, como foi o
caso do Parque do Centenário Japonês, na época em execução.
Os resíduos de concreto da Linha Verde Norte foram enviados para uma
empresa recicladora, a qual transforma o resíduo em bloco de concreto novamente,
que pode ser utilizado na construção de casas. Neste caso é importante que o
concreto destinado para a empresa não esteja contaminado com solo e que também
não sejam blocos muito grandes de concreto armado, para que possa ser
processado.
Quando foram realizadas escavações em vias asfaltadas, dificilmente os
resíduos de asfalto eram separados, portanto todo este material escavado foi
destinado para o mesmo local. Nestes casos um dos desafios de se fazer a correta
destinação dos resíduos de asfalto é separar o material, sendo que este se constitui
em finas placas de asfalto que se quebram e se misturam com o solo no momento
da escavação. É importante explicar aos trabalhadores que fazendo a correta
triagem o material poderá ser reutilizado. O ideal é que se crie uma equipe para
executar esta tarefa, inserindo esta atividade no cronograma de execução da obra.
Os resíduos do corte da vegetação assim como restos de formas e
compensados foram destinados para empresas processadoras que transformam o
resíduo em cavaco para fornos de alta temperatura.
Finalmente os resíduos orgânicos, plásticos, papel e outros recicláveis, por
terem sido gerados em menor quantidade são destinados pelo próprio serviço de
coleta de resíduos sólidos da Prefeitura e Curitiba. Em determinados dias da
semana é feita a coleta de lixo orgânico e outro dia o lixo reciclável.
A Resolução Nº 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente(CONAMA) e a
Política Nacional de Resíduos Sólidos(PNRS) atribui responsabilidades
compartilhadas aos geradores, transportadores e gestores municipais quanto ao
gerenciamento dos resíduos da construção civil.

16
4.4 GERENCIAMENTO DO CANTEIRO DE OBRAS

Conforme consta no PGAS do Parque Linear do Rio Barigui, a localização é


um fator de extrema importância para a instalação do canteiro, execução das obras
e diminuição dos impactos ambientais na comunidade do entorno. Nesta obra optou-
se pela instalação de canteiros móveis ao longo das frentes de obras para melhor
suprir as etapas de execução da obra e os trabalhadores.
Já na obra da Linha Verde Norte foi instalado um canteiro de obras central e
três canteiros móveis (contêineres) ao longo da obra. O canteiro central apresenta
as atividades de marcenaria, solda e montagem de armações de ferro. Enquanto
que os canteiros móveis eram mais utilizados para dar suporte aos trabalhadores
com sanitários, refúgios e refeitório.

Conforme consta na norma regulamentadora N⁰18 (Brasil, 2013) os


canteiros de obras são áreas de trabalho fixas e temporárias, onde se desenvolvem
operações de apoio e execução de uma obra. Neles devem conter: instalações
sanitárias, vestiários, alojamento, local de refeições, cozinha, quando houver o
preparo de refeições, lavanderia, área de lazer e ambulatório, quando se tratar de
frentes de obras com mais de 50 trabalhadores.
Por se tratarem de locais com intenso fluxo de pessoas e máquinas é
importante que sejam bem definidas e sinalizadas todas as áreas de serviços,
movimentação e estacionamento de máquinas e passagem de pedestres.
A meta prioritária dos canteiros de obras é a sua implantação de maneira a manter a
qualidade ambiental do entorno das obras, evitar a presença de lixo dentro e fora
dos canteiros, manter a qualidade da água e evitar perturbação do cotidiano da
comunidade vizinha (BID, 2007).

4.5 SUPERVISÃO AMBIENTAL DAS FRENTES DE OBRAS

Foram emitidos vinte e sete comunicados ambientais para a obra da Linha


Verde Norte e treze para a obra do Parque Linear do Rio Barigui. Tendo em vista
17
que o período de supervisão realizado na Linha Verde Norte foi maior. Quanto ao
registro de ocorrência ambiental – ROA, foi emitido um para cada obra. Na Linha
Verde Norte o ROA foi emitido devido ao plantio de grama irregular e fora dos
padrões estabelecidos pela Prefeitura e no Parque Linear estava relacionado ao
impacto ambiental do manuseio de máquinas causado na vegetação nativa.
As não conformidades mais presentes nas frentes de obras foram: falta de
utilização de equipamento de proteção individual – EPI, interferência nos
equipamentos urbanos (rompimento de cabos de luz e principalmente, tubulação de
água e esgoto), presença de solos e/ou materiais inservíveis sem o devido
isolamento, sinalização de obra e excesso de poeira no trecho.
Na Linha Verde Norte foram cortadas cerca de 324 árvores isoladas
(Autorização de Remoção Vegetal N⁰ 12007618 – SMMA). A empreiteira optou por
cortar todas as árvores de uma vez para deixar as frentes de obras livres.
Recomenda-se que este serviço seja realizado paulatinamente, à medida que a
execução avança nas frentes de obras, evitando o corte de árvores que
possivelmente não seriam atingidas.
No Parque Linear do Rio Barigui o levantamento da vegetação foi feito por
área de bosque, já que boa parte da vegetação atingida era de floresta secundária.
Neste caso, foi solicitado que a topografia marcasse o atingimento do projeto na
área de bosque e que esta área fosse devidamente sinalizada com fita zebrada para
evitar o corte de vegetação além do que estava previsto.

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5 DIRETRIZES PARA FORMATAÇÃO DO GUIA DE BOAS PRÁTICAS
AMBIENTAIS

5.1 LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Todo empreendimento de construção civil, dentro dos limites do município de


Curitiba, dependem de prévio licenciamento ambiental, a ser realizado pela
Secretaria Municipal de Meio Ambiente, membro do SISNAMA – Sistema Nacional
de Meio Ambiente (Curitiba B, 2011).
Para que possam iniciar as atividades, as obras de construção civil devem
apresentar Licença Prévia (LP), Licença de Instalação (LI) e Licença de Operação
(LO). As instruções para solicitação destas licenças encontram-se detalhadas na
Portaria N.⁰ 002/2012 da SMMA. A LP, LI e LO poderão ser expedidas isoladas ou
simultaneamente de acordo com a natureza, característica ou fase do
empreendimento, a critério da SMMA. Como geralmente as obras públicas, são de
interesse do município este processo é realizado simultaneamente. Esta fase
caracteriza-se como gerenciamento ambiental.
Após esta primeira etapa do licenciamento ser cumprida, devem ser
apresentadas as Autorizações Ambientais. Entende-se por Autorização ambiental o
ato administrativo pelo qual a SMMA autoriza o funcionamento de atividades, a
execução de obras e intervenções de pequeno potencial de impacto ambiental.
Sendo assim atividades como o canteiro de obras, tanto o móvel quanto o central
devem apresentar uma Autorização de Funcionamento (AFU); áreas públicas de
estocagem de material, conhecidas como bota-espera, devem apresentar uma
Autorização de Execução de Aterro (ATT); corte de árvores deve apresentar uma
Autorização para Remoção Vegetal (ARV) e, finalmente, quando o local atingido
pela obra apresentar vegetação, sejam árvores isoladas ou bosques, área de
preservação permanente (APP) e/ou área de proteção ambiental (APA), este local
deve apresentar uma Autorização de Execução de Obras (AEO).
A Portaria N.⁰ 004/2012 - SMMA instrui sobre a solicitação da AFU, assim
como a Portaria N.⁰ 010/2012, instrui sobre a solicitação de ARV e a Portaria N.⁰
006/2012, instrui sobre a solicitação da AEO. Todos estes documentos podem ser

19
encontrados no endereço eletrônico
http://www.curitiba.pr.gov.br/conteudo/legislacao-smma/347. OQUADRO 1apresenta
um resumo de todas as licenças e autorizações, assim como a lei que instrui o
processo de solicitação à SMMA.

Licença Ambiental Lei Instrutiva Função


Licença Prévia Portaria N.⁰ 002/2012 Estabelece as condições, restrições e
medidas de controle que deverão ser
obedecidas pelo empreendedor,
pessoa física ou jurídica, concedida
na fase preliminar do empreendimento
ou atividade, aprovando sua
localização e concepção, atestando
sua viabilidade ambiental e
estabelecendo os requisitos básicos e
condicionantes a serem atendidos nas
próximas fases de implantação do
empreendimento ou atividade.
Licença Instalação Portaria N.⁰ 002/2012 Autoriza a instalação do
empreendimento ou atividade, de
acordo com as especificações
constantes dos planos, programas e
projetos aprovados, incluindo as
determinações de medidas de
controle ambiental, restrições e
condicionantes.
Licença Operação Portaria N.⁰ 002/2012 Autoriza a operação da atividade,
após a verificação do efetivo
cumprimento do que consta nas
licenças anteriores, com as medidas
de controle ambiental, restrições e
condicionantes determinadas para a
operação.
Autorização de Portaria N.⁰ 004/2012 Autoriza o funcionamento de
Funcionamento - AFU atividades, a execução de obras e

20
intervenções com pequeno potencial
de impacto ambiental.
Autorização de Autoriza a movimentação de solo, tal
Execução de Aterro - como nivelamento e corte de solos,
ATT aterro com a utilização de resíduos da
construção civil pertencentes à classe
A, de acordo com as definições
constates na resolução CONAMA N.⁰
307/2002, ou outras que venham
substituí-la ou complementá-la, em
terrenos públicos ou particulares,
temporários ou definitivos e que sejam
atingidos por área de APP, possuam
vegetação e/ou área de APA.
Autorização de Portaria N.⁰ 010/2012 Autoriza o corte de vegetação, sejam
Remoção Vegetal - ARV árvores isoladas ou bosques.
Autorização de Portaria N.⁰ 006/2012 Autoriza a execução de obras em
Execução de Obras - áreas atingidas por árvores, bosques,
AEO áreas de APP e/ou APA.
QUADRO 1– Apresentam as licenças ou autorizações, suas respectivas leis instrutivas e suas
funções.

Sugere-se que antes do início das obras sejam realizadas visitas técnicas
nas áreas para definição de locais de canteiro, averiguação do atingimento da
vegetação e locais de aterro. É importante que estas visitas sejam realizadas com a
presença dos engenheiros responsáveis, especialistas ambientais, quando houver, e
se possível com a equipe de topografia para locar o atingimento do projeto. Assim
que estes dados tenham sido coletados fica a cargo da empreiteira protocolar os
pedidos de autorizações ambientais o quanto antes para não atrasar o andamento
das obras.

5.2 COMUNICAÇÃO SOCIAL

Com o objetivo de gerar harmonia entre o empreendedor e a comunidade,


evitando transtornos e atrasos nas obras, é importante a correta comunicação,

21
inserindo a comunidade nas etapas de execução da obra. Obras urbanas alteram o
modo de vida dos usuários, além de gerarem expectativas na comunidade,
principalmente quanto a segurança de seu patrimônio, especulação imobiliária,
dúvidas de atingimento das obras e do projeto construtivo.
Audiências públicas são o primeiro passo para esclarecimento de dúvidas e
informação da população. Em seguida, reuniões com multiplicadores, que são
pessoas de grande influência e contato com a comunidade, geralmente líderes
comunitários, líderes religiosos, donos de empreendimentos e comerciantes locais,
também são muito importantes para que as informações da obra atinjam toda a
comunidade. Para que estas reuniões sejam mais efetivas é interessante a criação
de materiais de divulgação como folders com fotos, mapas e croqui da obra.
Inserir placas de identificação do empreendimento trazendo os seguintes
dados: nome do empreendimento, valor da obra, órgão financiador e prazo de
conclusão. Realizar ações de divulgação da obra em parceria com outros órgãos
públicos ou privados (secretarias, associações de moradores, igrejas e etc.)
Quando a atividade a ser realizada utilizar maquinários de grande impacto
sonoro e visual, recomenda-se que os moradores sejam avisados das atividades
com um dia de antecedência. É importante observar o cumprimento dos níveis de
emissões sonoras nos finais de semana. A empreiteira deve comprometer-se em
manter a acessibilidade segura aos usuários, nos locais de obras sempre que
possível e também permitir o acesso de veículos nas residências.

5.3 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

O Decreto Municipal N.⁰1.068 de 2004 (Curitiba, 2004), que institui e


regulamenta o plano integrado de gerenciamento de resíduos da construção civil,
torna obrigatória a criação de um Plano de Gerenciamento de Resíduos da
Construção civil (PGRCC) para obras públicas. Conforme o Art.16 deste mesmo
decreto, os empreendedores de obras que excedam 600 m² (seiscentos metros
quadrados) de área construída, ou demolição com área acima de 100 m² (cem
metros quadrados,) devem apresentar o Projeto de Gerenciamento de Resíduos da
Construção Civil, o qual precisa ser aprovado por ocasião da obtenção do
22
licenciamento ambiental da obra ou da obtenção do alvará de construção, reforma,
ampliação ou demolição.
Entende-se por resíduos da construção civil aqueles provenientes de
construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os
resultantes da preparação e da escavação de terrenos. São eles: tijolos, blocos
cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras
e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros,
plásticos, tubulações, fiação elétrica, etc. (Resolução 307/CONAMA). Eles podem
ser classificados conforme a QUADRO2.

Tipo Qualidade Exemplos


Classe A Resíduos reutilizáveis ou
Resíduos de construção, demolição, reformas, e
recicláveis como agregados
reparos de pavimentação e de outras obras de
infra-estrutura, inclusive solos provenientes de
terraplenagem;
Resíduos de construção, demolição, reformas e
reparos de edificações: componentes cerâmicos
(tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento),
argamassa e concreto;
Resíduos do processo de fabricação ou
demolição de peças pré-moldadas em concreto
(blocos, tubos, meios-fios) produzidas nos
canteiros de obras.

Classe B Recicláveis para outras Plásticos, papel/papelão, metais, vidros,


destinações. madeiras e outros.
Classe C São os resíduos não perigosos Produtos oriundos do gesso.
para os quais não foram
desenvolvidas tecnologias ou
aplicações economicamente
viáveis que permitam a sua
reciclagem/recuperação
Classe D São os resíduos perigosos Tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles
oriundos do processo de contaminados oriundos de demolições, reformas
construção e reparos de clínicas radiológicas, instalações
industriais e outros, bem como telhas e demais
objetos e materiais que contenham amianto ou
outros produtos nocivos à saúde.
QUADRO 2 – Classificação dos resíduos da construção civil

O PGRCC é um documento que apresenta os diferentes resíduos da obra,


classifica quanto à classe, quantifica cada resíduo por m³, define como será
realizado o acondicionamento de cada um e apresenta os locais de destinação final
de cada resíduo, seja uma área licenciada ou, por exemplo, uma empresa de
reciclagem. Este documento traz também informações sobre a empresa responsável
23
pela elaboração do PGRCC, assim como dos profissionais encarregados na
implantação do mesmo. Todas as empresas ou locais de receptação final dos
resíduos devem apresentar licenças ambientais válidas e anexadas no PGRCC.
O município de Curitiba, através do link
http://www.curitiba.pr.gov.br/multimidia/00086388.pdf, apresenta um termo de
referência para elaboração do PGRCC.
O transporte enquadra-se entre um dos itens mais importantes na gestão
dos resíduos. Nenhum caminhão deve transitar carregado, sem a utilização da tela
protetora contra queda de sedimentos. Sugere-se a criação de uma rota de tráfego
dos caminhões no perímetro da obra até a área de destinação final. Caso seja
observado um caminhão em alta velocidade, a empresa deve ser notificada.
A empresa responsável pelo transporte precisa cadastrar-se na Secretaria
Municipal do Meio Ambiente e todo o transporte de resíduos deve apresentar um
manifesto de transporte de resíduos – MTR (CURITIBA, 2004). Este documento é
importante porque apresenta a quantidade que está sendo transportado, assim
como o local de geração e destinação final dos resíduos.
É responsabilidade da empreiteira a manutenção das vias de acesso da
obra, caso o pavimento asfáltico venha a se danificar com a passagem intensa de
caminhões ou máquinas.
Recomenda-se que materiais inservíveis nas frentes de obras como, por
exemplo, restos de caliça, solo, concreto e etc., sejam removidos e armazenados
nos locais de estocagem apropriados conhecidos como bota-esperas. Isto acarreta
na obstrução da passagem de pedestres e oferece risco de segurança aos usuários
e trabalhadores. Caso contrário este material deve ser devidamente organizado e
sinalizado com fita zebrada ou cerquite. Isto se aplica também às matérias primas e
insumos da construção civil, que muitas vezes são dispostos ao longo das frentes de
obras para facilitar a sua utilização. No caso de manilhas, estas devem conter calços
nas laterais e não devem ser empilhadas em mais de três linhas, além da
sinalização de isolamento.

24
5.4 CANTEIROS DE OBRAS

Canteiros de obras devem privar pelo cuidado com o meio ambiente ao seu
entorno, pela saúde, segurança e bem-estar dos trabalhadores e moradores
vizinhos. Desta forma, devem ser providos de estruturas que previnam impactos
ambientais negativos como caixas de coleta de óleos e graxas, lixeiras seletivas e
caixas de lavagem de ferramentas. Também devem apresentar um ambiente limpo e
saudável para os trabalhadores principalmente os sanitários e refeitório.
Todas as áreas de serviço do canteiro de obras devem ser identificadas com
o tipo de atividade que esta sendo realizada, por exemplo, marcenaria, pintura, solda
e etc. Nestas áreas devem também estar identificados os trabalhadores habilitados
para determinadas atividades, principalmente quando se trata de ferramentas
perigosas como motosserras e solda.
Para o correto funcionamento dos canteiros, estes devem ser providos de
insumos como luz, água e esgoto. Desta maneira, a Companhia de iluminação do
Paraná – Copel e a de Saneamento, Sanepar, devem ser acionadas para autorizar
as ligações nos canteiros. No caso dos canteiros móveis, estes devem apresentar
ligação com a rede de esgoto, devidamente autorizadas e devem ser abastecidos
com água potável pela empreiteira, em caso de não haver uma forma de ligação
com a rede de água.

5.5 FRENTES DE OBRAS

As frentes de obras são os locais de grande impacto da obra por


apresentarem atividades como escavação, intensa movimentação de máquinas,
trabalhadores e usuários (carros e pedestres). Portanto, para prevenir impactos
ambientais e acidentes de trabalho é fundamental que todas as partes envolvidas na
obra trabalhem juntas e fiquem atentas nestas áreas.
O correto fluxo de comunicação entre os envolvidos na obra é um fato muito
importante para a resolução de problemas. Portanto, recomenda-se que não
conformidades ambientais sejam tratadas com o encarregado em meio ambiente da
empreiteira, assim como problemas de obra sejam tratados com o encarregado de

25
obras ou o Engenheiro responsável. Em todos os casos, é importante que o fiscal da
obra seja notificado para ficar ciente das ações que estão acontecendo e em alguns
casos aprovar a tomada de atitude. Recomenda-se também definir vistorias
semanais com o especialista ambiental da empreiteira para resolução e
levantamento de não conformidades e estabelecimento de rotinas de trabalho.
Antes de iniciar as obras é importante mapear e marcar o atingimento das
árvores para que não sejam cortadas mais que o necessário. Assim como é
importante ater-se a relevância ecológica (nativa, grande porte, produtora de
sementes, protegida por lei, etc.) de determinada espécie e nestes casos sugerir um
estudo de adaptação do projeto para evitar o corte desta espécie.
Muitas atividades próximas a rios ou corpos d’água podem causar impactos
ambientais, como assoreamento, erosão e contaminação. Recomenda-se a
implantação de estruturas para prevenir estes impactos ambientais como, por
exemplo, contenção de taludes e contenção contra queda de sedimentos nos rios.
As atividades de escavação de solo podem ser bastante impactantes, além
de danificar o sistema radicular de árvores, esta atividade é a que mais danifica
equipamentos urbanos como rede de água, esgoto e fiação elétrica. Desta maneira
é importante que haja um acompanhamento ambiental rigoroso sobre esta atividade.
Recomenda-se que sejam designados profissionais das empresas de
fornecimento (Sanepar, Copel, telefonia, etc.) para prestar um serviço prioritário às
obras, não deixando os moradores sem o serviço por muito tempo. Caso estas
interferências sejam programadas, é fundamental que a população atingida seja
informada da data e tempo estimado da interrupção do serviço.
É fundamental que a empreiteira mantenha o acesso de veículos para os
moradores e os caminhos dos pedestres seguros e sinalizados. Em alguns casos,
como por exemplo, da Linha Verde Norte, onde houve uma escavação de quase
cinco metros em frente às residências, foi impossível manter o acesso de veículos às
casas locais, neste caso a empreiteira alugou um terreno próximo para servir como
estacionamento para estes moradores atingidos.
É muito comum durante as obras o bloqueio de ruas e o desvio de trânsito.
Nestes casos recomenda-se que a empreiteira informe a população sobre os
horários, datas previstas e rotas alternativas de desvio de trânsito, assim como deve
consultar a Secretaria de Trânsito sobre a correta sinalização a ser empregada.

26
Recomenda-se que todas as áreas com serviços já executados ou em
execução devam estar devidamente sinalizadas e adequadas (remoção de materiais
inservíveis, eliminação de buracos e desníveis, etc) para não oferecer riscos aos
usuários. Assim como devam ser implantadas placas de orientação do tipo: obras na
pista, homens trabalhando, risco de acidente, cuidado, entre outras, e também
objetos para bloqueio de pista como: manilhas, blocos de concreto e sinalização
noturna, sem atrapalhar o trânsito.

5.6 PREVENÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS

Alguns impactos ambientais podem ser prevenidos com a implantação de


estruturas simples e de baixo custo. Nas obras da Linha Verde Norte foram
utilizados aparadores de metal para evitar o contato de óleo lubrificante de máquinas
com o solo, nestes casos também poderia ter sido utilizado uma placa de madeira
com areia ou serragem sobre ela. Também foram implantadas caixas de contenção
de óleo e graxa no canteiro central em caso de um grande vazamento de óleo ou na
própria lavagem do canteiro.
Para prevenir o contato de resíduos de concreto com o solo e as redes de
drenagem, sugere-se a criação de um local propício para lavagem de ferramentas e
caminhões concreteiros. Para este fim, uma caixa de decantação, conforme as
FIGURAS 2 e 3, podem ser uma boa opção pelo custo e praticidade. As caixas são
feitas de madeira compensado e forradas com lona preta, assim que estão
preenchidas de resíduos podem ser descartadas de acordo com o PGRCC.

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FIGURA 2 – Caixa de sedimentação de resíduos de concreto para limpeza de ferramentas

FIGURA 3 – Caixa de sedimentação de resíduos de concreto para a limpeza caminhões


concreteiros.

O abastecimento e lubrificação das máquinas e veículos no trecho de obras


devem ser realizados por veículo especializado, provido de bombas e
compartimentos próprios para este fim, além de todo o aparato de segurança caso
haja um acidente. As paradas para abastecimento devem ser planejadas e
realizadas em local próprio e arejado. No ato do abastecimento o veículo deve estar
desligado.
Finalmente, para manter as vias de acesso em bom estado de conservação
e evitar a formação de poeira, todo o excesso de solo do rodado dos caminhões e
máquinas deve ser removido no momento em que eles saem das frentes de obras.
Nestes casos também sugere-se o umedecimento dos caminhos de serviço.
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Quanto ao plantio de mudas e de grama, sugere-se que seja seguido o que
está previsto como padrão pela prefeitura, conforme especificado no manual de
obras da Secretaria Municipal de Obras Públicas (Curitiba, 1999).

6 RECOMENDAÇÕES

Obras de construção civis públicas demandam uma grande quantidade de


recursos naturais (solos, rochas, areia, concreto, etc.), modificam a paisagem
existente, causam impactos ambientais e no cotidiano dos moradores e usuários
durante o período de obras. Por isso, recomenda-se a elaboração de um material
técnico, na forma de um guia de boas práticas ambientais, para nortear profissionais
envolvidos com a execução de obras sobre os corretos procedimentos e ações
ambientais a serem tomados, desta maneira mitigando os impactos ambientais.
A presença de um profissional habilitado e com experiência na função de
supervisor ambiental é muito importante para melhoria da qualidade ambiental das
obras.
Os procedimentos apresentados neste trabalho são adaptáveis para outros
tipos de obras, não só obras públicas.
É importante que a empresa executora da obra esteja de acordo com as
medidas e cuidados ambientais, para que as ações ambientais sejam efetivas e
concretas. Para isso é fundamental que todos os envolvidos na obra estejam cientes
dos trabalhos da supervisão ambiental, colaborando e solicitando apoio quando
necessário.
As atividades de gerenciamento e supervisão ambiental em obras públicas
têm importante papel na manutenção de critérios de qualidade ambiental, saúde e
segurança dos trabalhadores e usuários locais. Portanto, é fundamental a presença
de uma equipe treinada para este fim, em cada obra pública e a aplicação dos
procedimentos apresentados neste trabalho como formas de prevenir acidentes
ambientais, otimizar a utilização de recursos naturais e melhorar a qualidade da
execução das obras.

29
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AFD – Agência Francesa de Desenvolvimento. Programa de gestão ambiental e


social - PGAS. Programa de Recuperação Ambiental e Ampliação da Capacidade
da rede Integrada de Transporte (RIT) – Projeto Qualidade Curitiba. Curitiba,
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AFD. CONTRATO Nº AFD CBR 3005 01K. Contrato de Linha de crédito com a
Agência Francesa de Desenvolvimento. Programa de recuperação ambiental e
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BESEN, G. C; HENKES, J. A. Supervisão e gerenciamento ambiental em obras


rodoviárias: estudo de caso sobre a duplicação da Br-101 sul. R. gest.sust.
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2246/OC-BR. Contrato de Empréstimo com o Banco Interamericano de
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BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento. Plano básico ambiental. BID II -


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BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento. Programa de gestão ambiental –


PGA. BID III - PRÓ CIDADES - Programa Integrado de Desenvolvimento Social e
Urbano do Município de Curitiba. Curitiba, Paraná, 2007.
30
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CURITIBA, PARANÁ. Decreto Municipal N⁰1068.Institui o regulamento do plano


integrado de gerenciamento de resíduos da construção civil do município de Curitiba
e altera disposições do decreto nº 1.120/97. De 18 de novembro de 2004.

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desenvolvimento urbano e social e a unidade técnico-administrativa de
gerenciamento do programa - Utag. Em 27 de outubro de 2009.

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CONTRATO Nº148. Prestação de serviços entre IPPUC – Instituto de Pesquisa

31
e Planejamento Urbano de Curitiba e o consórcio Concremat-Vega. Em 30 de
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IPPUC – INSTITUTO DE PESQUISA E PLANEJAMENTOURBANO DE CURITIBA.


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